“Spinning”
Boas
pessoal!
No início da
semana o mar deu uma pequena quebra a norte, mas apenas dava para pescar ali um
par de horas no aceio da manhã. Como não queria ir lá para pescar ao nascer
do dia apenas, decidi ir na tarde do dia anterior e fazer logo duas investidas
durante a noite em locais distintos virados a sul que ficavam de caminho para aproveitar ao máximo e
assim tentar fazer render os kms da viagem, da melhor maneira possível…
Tudo começou
ao final da tarde/início da noite numa jornada em que acompanhei a vazante,
durante 3h andei a bater uma zona a pente fino num ritual em que trocava de
amostra a cada vez que voltava ao ponto de partida, o resultado foi ZERO…
Enquanto a
maré esteve vazia aproveitei para ir a outro spot que ficava de caminho e desta
vez fiz a enchente, praticamente igual à investida anterior, nada de peixe; nem
pequeno nem médio e muito menos grande, ZERO…
Estava na
hora de rumar ao meu objectivo principal, um laredo da Costa Norte onde por
vezes aparece um Robalo para fazer as delícias de quem gosta de pescar nestes
spots de difícil acesso, escondidos, húmidos e escorregadios…
Já passavam
das 2h da manhã quando cheguei ao local e às 6h queria estar a pé, o tempo para
descansar não era muito, mas como diz o meu amigo “Saco Plástico” (a hora de
deitar não tem nada a ver com a hora de levantar) visto desta maneira até funciona,
abri o vidro da carrinha e ouvi o mar a “rosnar” lá em baixo e pensei (só
espero que desça um pouco pela manhã como dizia a previsão), eram horas de
descansar um bocado…
O sol
timidamente foi aparecendo anunciando assim um novo dia.
Às 6h da
manhã toca o despertador, estava tão bem dentro do saco cama que nem me
apetecia sair dali, abri o vidro e entrou uma aragem de Norte que quase me
congelou o bigode, mas quando as oportunidades de fazer algo especial se
resumem a meia dúzia de vezes por ano como era o caso, não podia perder tal
oportunidade só porque dormi mal nessa noite ou porque estou confortavelmente
bem dentro do saco cama como era o caso, afinal de contas era para isso que ali
estava e oportunidades de spinnar ao Robalo no aceio da manhã virado a Norte durante
o Inverno são muito escassas e oportunidades para dormir tenho todos os dias…
Tenho um
truque infalível para estas ocasiões, o CD mágico que está sempre dentro da
carrinha, CD a tocar quase no máximo e vidros abertos, toca a vestir o fato de neoprene
que estava gelado e lá vou eu com muito cuidado para ver onde punha os pés,
minutos mais tarde estava lá em baixo.
Tal como eu desconfiava o mar ainda
tinha um toque um pouco forte e impossibilitou-me a pesca com amostras tipo
(jerkbait) e tive de me render aos vinis, levo sempre vários tipos de artificiais para os mais diversos cenários, pois nunca sei ao certo o que vou encontrar no "terreno de batalha".
Não demorou muito até ter um belo
Robalo lutador a cabecear lá longe, teimava em ir para fora como que sabendo o
que estava a fazer.
Já tinha
sentido o vinil bater nas pedras e fiquei com receio de perder este Robalo, um
set forte na altura ajudou-me a encosta-lo aos meus pés, aí só tive de
trabalha-lo com a cana e esperar pelo momento
certo para o meter cá fora, visto assim parece fácil mas cheguei a temer o
pior, pescar nestes sítios tem alguns riscos mas quando tudo acaba bem tem um
sabor especial 😊
O Robalo
nesta altura encontra-se mais em modo territorial, o que não que dizer que não
faça umas caçadas se a fome apertar, foi o que aconteceu pois o vinil vinha
completamente dentro da boca deste peixe que certamente era um caçador dos laredos…
Uns gostam
de passear nos centros comerciais, eu gosto de passear aqui…
Nesta vida
não se pode ter tudo…
Havendo fome
qualquer coisa serve, uma sopa dos pobres para confortar o estômago antes da
viagem para casa…
E é neste
estado que se encontram os laredos da Costa Norte, numa Costa linda e
maravilhosa, recentemente invadida por turistas de todo o mundo, considerado
Parque Natural onde a partir do dia 1 de Fevereiro apenas o pescador de cana
está PROIBIDO de apanhar um sargo para comer, enquanto isso pode assistir no
cimo da falésia os barcos a estenderem as redes onde o mar o permite e apanharem Sargos às centenas...
O lixo
marinho esse continua lá em baixo escondido a degradar-se no meio ambiente e fora
do alcance das objectivas que apenas apontam para o por do sol “congelando”
aquele momento lindo e maravilhoso.
Enquanto se
deviam criar equipas especializadas em apanhar lixo nestes locais criam-se
equipas especializadas para apanhar o “Sr.Alberto ou o Ti Joaquim” que foram
apanhar um Sargo para almoçar com a “Maria”
Pelo que
tenho visto posso dizer que 50% do lixo que encontro em praias e laredos é de
pescadores profissionais, 40% é de barcos que passam ao largo da nossa Costa e
10% de pescadores lúdicos e utilizadores das praias…
Eu sozinho
não consigo apanhar todo, mas pelo menos dou o meu contributo quando posso…
Sua
majestade
Sejam conscientes, libertem os juvenis e ajudem a manter a Natureza e o Oceano o mais saudável possível...
Até à
próxima e força aí pessoal.