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Soberania de Vestfália

conceito político dos estados-nações europeus

Soberania de Vestfália ou soberania vestfaliana é um princípio diplomático, segundo o qual cada Estado é soberano apenas no seu território, sendo que política externa e interna são separadas.[1] Os direitos das nações passam então a ser protegidos até os dias do século XXI através da ONU que permanece com esse princípio original.[2]

O princípio surge na Paz de Vestfália[3][4][5][6] apesar de nem a Suécia, nem a França terem as suas soberanias respeitadas nos tratados subsequentes.[7]

História

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O acordo foi reivindicado como vitória tanto pelo lado protestante como pelo católico[1] e isso foi absolvido pela jurisprudência internacional do século XIX.[8] Esse sistema encontrou limitações no século XIX com o colonialismo[9] e o discurso imperialista da pax americana abandona de vez esse princípio para se beneficiar com guerras humanitárias[2][10] e isso só é limitado pelo veto russo-chinês na ONU.[11]

O princípio vestfaliano se erodiu com a abertura econômica do pós-guerra fria e com a crise da teoria realista das relações internacionais que não apoiava com vigor a democracia e os direitos humanos na opinião da NATO.[12][13][14][15][16] Segundo Tony Blair, o poder estaria sendo transplantado para instituições transnacionais desde o poder local.[17]

Enquanto o DAESH é declarado um governo pós-vestfaliano[18] a globalização que tem como protagonista a União Europeia implica em também implodir aqueles que são categorizados como Estados-nação.[19]

O princípio humanitário das guerras da Índia em Bengala e do Vietnã no Camboja tem sido debatido.[20] O neoconservadorismo responde a estas questões declarando a democracia um direito humano a ser protegido para que se garantisse o futuro da humanidade[21] apesar disso ter gerado estados falidos.[22] A China e Rússia protestaram contra as guerras do Século XXI e analistas alertaram da necessidade de se voltar aos princípios westifalianos.[23][11][1][24]

Referências
  1. a b c Kissinger, Henry (2014). World Order. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-698-16572-4 
  2. a b «To protect sovereignty, or to protect lives?». The Economist (em inglês). 15 de maio de 2008 
  3. Osiander, Andreas (2001), «Sovereignty, International Relations, and the Westphalian Myth», International Organization, 55 (2): 251–287, doi:10.1162/00208180151140577.  Here: p. 251.
  4. Gross, Leo (janeiro de 1948), «The Peace of Westphalia» (PDF), The American Journal of International Law, 42 (1): 20–41, JSTOR 2193560, doi:10.2307/2193560. 
  5. Jackson, R.H.; P. Owens (2005) "The Evolution of World Society" in: John Baylis; Steve Smith (eds.). The Globalization of World Politics: An Introduction to International Relations. Oxford: Oxford University Press, p. 53. ISBN 1-56584-727-X.
  6. Croxton, Derek (1999), «The Peace of Westphalia of 1648 and the Origins of Sovereignty», International History Review, 21 (3): 569–591, JSTOR 40109077, doi:10.1080/07075332.1999.9640869 
  7. Osiander, op. cit., p. 267. For a different view, see D. Philpott, Revolutions in Sovereignty (2001).
  8. Krasner, Stephen D. (2010). «The durability of organized hypocrisy». In: Kalmo, Hent; Skinner, Quentin. Sovereignty in Fragments: The Past, Present and Future of a Contested Concept. Cambridge University Press 
  9. Leurdijk, 1986
  10. Chomsky, Noam. «Lecture to the United Nations: The Responsibility to Protect» 
  11. a b Charbonneau, Louis (8 de fevereiro de 2012). «Russia U.N. veto on Syria aimed at crushing West's crusade». Reuters. But while Western governments and human rights groups welcomed enforcement of the concept of the “responsibility to protect” civilians, Moscow and Beijing did not hide their disdain for an idea they equate with violating states’ sovereignty, which the United Nations was founded to protect. 
  12. Camilleri and Falk, The End of Sovereignty?, 1992.
  13. Solana, Javier (12 de novembro de 1998), Securing Peace in Europe, North Atlantic Treaty Organization, consultado em 21 de maio de 2008 
  14. Bellamy, Alex, and Williams, Paul, Understanding Peacekeeping, Polity Press 2010, p. 37
  15. Harris, Mike, "Why is Tony Blair lending credibility to Kazakhstan's dictator?", The Telegraph, February 2, 2012
  16. Cutler, A. Claire (2001), «Critical Reflections on the Westphalian Assumptions of International Law and Organization: A Crisis of Legitimacy», Review of International Studies, 27 (2): 133–150, doi:10.1017/S0260210500001339. 
  17. Fischer, Joschka (12 de maio de 2000), From Confederacy to Federation – Thoughts on the Finality of European Integration, Auswärtiges Amt, consultado em 6 de julho de 2008, cópia arquivada em 2 de maio de 2002 
  18. Berman, Yaniv (1 de abril de 2004), Exclusive – Al-Qa'ida: Islamic State Will Control the World, The Media Line, consultado em 6 de julho de 2008, cópia arquivada em 10 de junho de 2004 
  19. «Resources». www.isn.ethz.ch. Consultado em 20 de setembro de 2016 
  20. Michael Akehurst, "Humanitarian Intervention," in H. Bull, ed., Intervention in World Politics, Oxford Univ. Press, 1984.
  21. Olivier, Michèle (3 de outubro de 2011). «Impact of the Arab Spring: Is democracy emerging as a human right in Africa?». Rights in focus discussion paper. Consultancy Africa Intelligence. Consultado em 16 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 29 de outubro de 2013 
  22. The Washington Quarterly, Volume 25, Issue 3, 2002 "The new nature of nation‐state failure" Robert I. Rotberg
  23. Campbell, Polina. «The Role of International Organisations in the Russia-China Relationship». Culture Mandala: The Bulletin of the Centre for East-West Cultural and Economic Studies. 12 (1) 
  24. Walt, Stephen M. (14 de novembro de 2016). «Could There Be a Peace of Trumphalia?». Foreign Policy (em inglês). Is there a foreign-policy formula that is consistent with Trumpism yet not wholly destructive of the current international order? I think there is. That old idea is “Westphalian sovereignty.” ... But will he follow this sensible course? 

Bibliografia

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  • John Agnew, Globalization and Sovereignty (2009)
  • T. Biersteker and C. Weber (eds.), State Sovereignty as Social Construct (1996)
  • Wendy Brown, Walled States, Waning Sovereignty (2010)
  • Hedley Bull, The Anarchical Society (1977)
  • Joseph Camilleri and Jim Falk, The End of Sovereignty?: The Politics of a Shrinking and Fragmenting World, Edward Elgar, Aldershot (1992)
  • Derek Croxton, "The Peace of Westphalia of 1648 and the Origins of Sovereignty," The International History Review vol. 21 (1999)
  • A. Claire Cutler, "Critical Reflections on the Westphalian Assumptions of International Law and Organization," Review of International Studies vol. 27 (2001)
  • M. Fowler and J. Bunck, Law, Power, and the Sovereign State (1995)
  • S. H. Hashmi (ed.), State Sovereignty: Change and Persistence in International Relations (1997)
  • F. H. Hinsley, Sovereignty (1986)
  • K. J. Holsti, Taming the Sovereigns (2004)
  • Robert Jackson, The Global Covenant (2000)
  • Henry Kissinger, World Order (2014)
  • Stephen Krasner, Sovereignty: Organized Hypocrisy (1999)
  • Stephen Krasner (ed.), Problematic Sovereignty (2001)
  • J.H. Leurdijk, Intervention in International Politics, Eisma BV, Leeuwarden, Netherlands (1986)
  • Andreas Osiander, "Sovereignty, International Relations, and the Westphalian Myth," International Organization vol. 55 (2001)
  • Daniel Philpott, Revolutions in Sovereignty (2001)
  • Cormac Shine, 'Treaties and Turning Points: The Thirty Years' War', History Today (2016)
  • Hendrik Spruyt, The Sovereign State and Its Competitors (1994)
  • Phil Williams, Violent Non-State Actors and National and International Security, ISN, 2008
  • Wael Hallaq, "The Impossible State: Islam, Politics, and Modernity's Moral Predicament" (2012)