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O Prêmio Deutsch de la Meurthe, ou simplesmente Prêmio Deutsch, foi um prêmio, de cem mil francos, oferecido por Henri Deutsch para a primeira máquina aérea capaz de realizar uma viagem de ida e volta do Parc de Saint-Cloud até a Torre Eiffel em Paris e retornar em menos de trinta minutos. O prêmio esteve disponível de 1 de maio de 1900 até 1 de outubro de 1903.[1]

Santos Dumont contornando a Torre Eiffel com o dirigível número 5, em 13 de julho de 1901. Esta fotografia é frequente e erroneamente identificada como sendo do dirigível número 6. Foto cortesia da Smithsonian Institution (SI Neg. No. 85-3941).

História

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Em março de 1900, Henri Deutsch de la Meurthe, um empresário francês conhecido como "magnata do petróleo da Europa",[2] buscando impulsionar a locomoção aérea, enviou ao presidente do Aéro-Club de France uma carta, na qual oferecia um prêmio de cem mil francos (equivalente a 582 mil dólares em 2006)[3] para a pessoa que fosse capaz de realizar uma viagem do Parc de Saint-Cloud, sede do clube, até a Torre Eiffel e voltasse em um certo limite de tempo.[4] O tempo limite inicial era de uma hora, porém, durante a publicação do desafio na imprensa, o limite passou para trinta minutos.[4]

Para continuar a incentivar inovações tecnológicas na França, Deutsch ofereceu, em 1904, um novo prêmio, desta vez de cinquenta mil francos, para o primeiro aviador que fosse capaz de manter voo por pelo menos um quilômetro.[5]

Participação de Santos Dumont

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Ao saber do prêmio, Dumont publicou uma nota ao povo de Paris, avisando que pretendia participar da competição, para provar que era seguro dirigir um balão. Na nota, disse também que o dinheiro do prêmio, caso vencesse, seria dividido igualmente entre seus mecânicos e operários que ajudarem na criação do dirigível.[6]

Para vencer o prêmio, Santos Dumont realizou experiências no seu dirigível mais recente, o Santos-Dumont n. 4, o qual possuía um motor Buchet de sete cavalos de potência.[7] Para a competição, Santos Dumont decidiu construir o Santos-Dumont n. 5, um dirigível maior que o anterior e com um motor mais potente, de 16 cavalos.[7] Santos Dumont realizou uma série de testes antes de atentar o prêmio, incluindo um no dia 12 de julho de 1901, quando realizou a viagem do clube até a Torre Eiffel e de volta, a qual demorou mais de uma hora devido a uma interrupção causada pela ruptura de uma corda do leme.[8]

No dia seguinte, 13 de julho de 1901, o aeronauta tentou o primeiro voo oficial, em frente a membros do Aeroclube, porém ele foi interrompido por uma pane.[6] No dia 8 de agosto do mesmo ano, Santos Dumont tentou novamente, mas o dirigível começou a perder hidrogênio. Começou a descer e estava incapaz de passar do telhado do Hotel Trocadero. Santos-Dumont ficou pendurado na cesta do lado do hotel. Com ajuda dos bombeiros de Paris, ele desceu do telhado sem ferimentos.[9]

Em 19 de outubro de 1901, depois de várias tentativas e testes, Santos-Dumont lançou dirigível seu Número 6 as 2:30 pm. Depois de apenas nove minutos de voo, Santos Dumont circunavegou a Torre Eiffel, mas então sofreu uma pane no motor. Para reiniciá-lo, ele teve de escalar a gôndola sem equipamento de segurança. A tentativa foi bem sucedida e ele cruzou a linha de chegada em 29m30s. Entretanto, teve um curto atraso antes do seu guide rope ser segurado e no primeiro momento o comitê responsável recusou-lhe o prêmio, apesar de que la Meurthe, que estava presente, declarar-se satisfeito. Isso causou tanto reação pública quanto da imprensa. Entretanto, um acordo foi atingido e Santos-Dumont foi premiado. Num gesto de caridade, ele deu metade do prêmio para sua equipe e a outra metade para os pobres de Paris.[10]

Referências
  1. Airship Deutsch Prize - 1901, The Airship Z-Prize official website Arquivado em 2009-01-01 no Wayback Machine
  2. Howard, Fred, Wilbur & Orville: A Biography, Dover Publications. 1988
  3. Masters, William A.; Delbecq, Benoit. Accelerating Innovation with Prize Rewards: History and Typology of Technology Prizes and a New Contest Design for Innovation in African Agriculture. [S.l.]: Intl Food Policy Res Inst. p. 22. 34 páginas 
  4. a b Visoni, Rodrigo Moura; Canalle, João Batista Garcia. Como Santos Dumont inventou o avião. Rev. Bras. Ensino Fís., n. 3, v. 31, São Paulo, jul./set. 2009.
  5. Mouton, Sophie (2009). «From aviation to the Cité universitaire. Philanthropy and patriotism among the Deutsch of Meurthe». Jewish Archives: 105-117. Consultado em 21 de agosto de 2020 
  6. a b Barros, Henrique Lins de. Santos Dumont: o voo que mudou a história da aviação. Parcerias Estratégicas, n. 17, v. 8, [s.l.], 2010, p. 303-337.
  7. a b Barros, Henrique Lins de. Alberto Santos-Dumon: pioneiro da aviação. Exacta, n. 1, v. 4, São Paulo, jan./jun. 2006, p. 35-46.
  8. Bizerra, Erivelton Alves. Santos Dumont e o desenvolvimento da dirigibilidade de balões. 2008. 106 f. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
  9. Chapter 13
  10. The Times: M. Santos Dumont's Balloon. Segunda, 21 de outubro de 1901. Pag: 4. issue=36591. Coluna=A. Seção: Notícias