Montanismo
O montanismo foi um movimento cristão fundado por Montano por volta de 156–157 (ou 172), que se organizou e difundiu em comunidades na Ásia Menor, em Roma e no Norte de África. Por ter se originado na região da Frígia, Eusébio de Cesareia relata em sua História Eclesiástica (V.14–16) que ela era chamada de "Heresia Frígia" na época.
História
editarCitando Apolinário de Hierápolis,[1] Eusébio afirma que Montano teria nascido na Frígia (Ásia Menor Romana, hoje Turquia), Montano afirmava possuir o dom da profecia, e que havia sido enviado por Jesus Cristo para inaugurar a era do Paráclito. Duas mulheres que o acompanhavam, Priscila (ou Prisca) e Maximila,[2] afirmavam que o Espírito Santo falava através delas.[1] Durante os seus êxtases anunciavam o fim iminente do mundo, conclamando os cristãos a reunirem-se na cidade de Pepusa, na Frígia, onde surgiria a Jerusalém celeste, uma vez que uma nova era cristã se iniciava com esta nova revelação divina.[3]
O seu adepto mais famoso foi Tertuliano (c. 170-212), um dos primeiros doutores da Igreja, autor de inúmeras obras em defesa da Cristandade. Em torno de 210, insatisfeito com o pensamento cristão e suas práticas, uniu-se ao montanismo, sendo considerado herético, embora não haja evidências concretas de que tenha fundado uma seita própria.
As perseguições à igreja aumentaram sensivelmente durante o governo do imperador Constantino I, que contra ela expediu severos decretos imperiais. O movimento perdurou, entretanto, até ao século VIII.
Características
editarO movimento caracterizou-se como uma volta ao profetismo, pretendendo revalorizar elementos esquecidos da mensagem cristã primitiva, sobretudo a esperança escatológica. Propunha um rigoroso ascetismo, visando à preparação para o momento final, preceituando-se a castidade durante o casamento e proibindo-se as segundas núpcias. No plano alimentar instituiu-se o jejum durante duas semanas por ano e a xerofagia (consumo de alimentos secos), sem o consumo de carne. Negavam a absolvição aos réus de pecados graves (mesmo após o batismo com confissão e arrependimento). As mulheres eram obrigadas ao uso de véu nas funções sagradas. Recomendava-se aos fiéis que não fugissem às perseguições e que se oferecessem voluntariamente ao martírio.[3]
Os montanistas viviam separados da igreja ortodoxa, denominando-se como "pneumáticos" (inspirados pelo sopro do espírito), em oposição aos demais cristãos, considerados "psíquicos" ou racionalistas.
Os primeiros sínodos ocuparam-se do montanismo e vários apologistas o atacaram, uma vez que se temia a violência anti-romana da seita, cuja busca deliberada pelo martírio era percebida como um perigo para a paz entre a cristandade e o Estado. A Igreja, então já suficientemente organizada, reprimia ainda a inspiração profética que terminou se refugiando entre as seitas. A resistência que o montanismo impunha à instituição eclesiástica, tornava-o perturbador à hierarquia, uma vez que o movimento respondia às necessidades e anseios de largas camadas cristãs, desiludidas ante o retardamento da parusia, razão de sua rápida expansão. Considera-se por fim, que as violentas oposições que suscitou no meio cristão romano demonstram que não se tratava apenas de uma simples resistência à heresia, mas sim de um conflito teológico entre a igreja de Roma (Ocidente) e a Asiática (Oriente), da qual o montanismo surgia como um desenvolvimento natural.
- ↑ a b «16». História Eclesiástica. The Circumstances related of Montanus and his False Prophets. (em inglês). V. [S.l.: s.n.]
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sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - ↑ «14». História Eclesiástica. The False Prophets of the Phrygians. (em inglês). V. [S.l.: s.n.]
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em Authors list (ajuda) - ↑ a b «18». História Eclesiástica. The Manner in which Apollonius refuted the Phrygians, and the Persons whom he Mentions. (em inglês). V. [S.l.: s.n.]
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em Authors list (ajuda)