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Miniatura (iluminura)

A pintura da Idade Média pode ser considerada sob três formas distintas segundo o fim a que se destina, pelas dimensões e pela técnica: pintura de manuscritos (pictura codicum); pintura a fresco (pictura in pariete); e pintura em tábua (pictura in tabula). A miniatura ou iluminura (termos que podem ser empregados indistintamente) tem por objetivo a ilustração de livros; a pintura a fresco a decoração de edifícios; e a pintura em tábua, pela sua natureza essencialmente móvel, destina-se a este ou àquele lugar. Quanto às dimensões, a miniatura é uma pintura em ponto pequeno, reduzida às proporções de uma inicial ou de uma vinheta e que, em nenhum caso, ultrapassa o formato de um in-fólio. A pintura mural atinge proporções monumentais, cobrindo, por vezes, paredes de muitos metros quadrados. A pintura em tábua é o meio termo entre as duas e pode ir do pequeno oratório ao grande retábulo de altar. [1]

A técnica é um terceiro elemento que distingue as três modalidades da pintura medieval. A miniatura e o fresco adotam o processo da pintura à base de água: guache ou têmpera, ao passo que a pintura de quadros de cavalete emprega a tinta a óleo, a partir do século XV. O estudo da pintura da Idade Média mostra que a miniatura (ou iluminura) precedeu muitos séculos a pintura a óleo.

Um exemplo de miniaturaː o mês de janeiro representado no livro As mui ricas horas do duque de Berry, dos Irmãos Limbourg. Museu Condé, Chantilly, ms.65, f.1v, c. 1411-1416.

A miniatura pode simplesmente designar uma pintura figurativa independente, não ligada a uma letra inicial no âmbito de uma iluminura de um livro, e geralmente é destinada a ilustrar o texto. O termo é também empregado para denominar retratos pintados sobre pequenas placas de marfim.

No contexto histórico, é importante entender a origem dos termos miniatura e iluminura com que se designa indistintamente a ornamentação policroma dos velhos pergaminhos e dos in-fólios manuscritos. O termo miniatura designando uma pintura de pequenas dimensões, executada a guache sobre pergaminho acompanhando o texto, é completamente estranho à linguagem da Idade Média. Somente aparece na França no fim do século XVI e passava ainda por neologismos na Itália no séc. XVII, segundo Leonne Allaci que escrevia na sua obra "De Libris Eclesiasticis Graecorum" , publicado em Paris, em 1645, o seguinte: Picturam (codicum manuscriptorum) recentiores miniaturam vocant. A palavra miniatura deriva do latim minium, cor de sulfeto de mercúrio, chamado também cinábrio ou vermelhão que se usava para destacar as iniciais dos manuscritos. Como pouco a pouco se começaram a introduzir figuras e mesmo pequenas cenas dentro das iniciais traçadas a minium, passou a se aplicar a tais pinturas o nome de miniatura.[1]

A ansiedade de uma exuberante decoração dos manuscritos não deixou que a arte seguisse com tão poucos recursos. Descobre-se assim a aplicação nas folhas pergamináceas do ouro em pó ou em lâmina, da prata e de cores do gênero do guache. Chega-se assim a autêntica arte de iluminar, Ars Iluminandi, pois esses ornatos policromos e brilhantes eram como a luz e a iluminação. Foi esta a origem metafórica da palavra iluminura.[1]

Ver também

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Referências
  1. a b c Teixeira, Lucas (1952). Conferência proferida no Salão Nobre da Câmara Municipal de Santo Tirso, em 23 de setembro de 1951, no encerramento da exposição de iluminuras do artista.. «A arte da iluminura». Porto. Separata de O Conselho de Santo Tirso - Boletim Cultural, v. 1, n. 2.