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Conservadorismo nacional

Conservadorismo nacional (também conhecido como nacional-conservadorismo, conservadorismo nacionalista ou nacionalismo conservador) é uma variante nativista do conservadorismo que se concentra em defender a identidade cultural nacional e o papel político da religião. Os nacional-conservadores geralmente combinam o conservadorismo com posições culturalmente nacionalistas, enfatizando valores familiares[1][2][3] e oposição à imigração (de ilegais ou total).[4][5][6] Contudo, entre eles não há consenso quanto a economia, uns defendendo menor e outros maior intervencionismo estatal. Partidos nacional-conservadores muitas vezes têm raízes em ambientes com uma base rural, tradicionalista ou periférica, contrastando com a base de apoio mais urbana dos partidos conservadores liberais.[7]

Ideologicamente, além dos nacional-conservadores se inclinarem ao patriotismo, ao nativismo e ao conservadorismo social,[1][2][3] por vezes tendem ao monoculturalismo, enquanto se opõem ao internacionalismo e ao globalismo, sendo que os mais radicais condenam o multiculturalismo e o pluralismo cultural. Os nacional-conservadores aderem a uma forma de nacionalismo cultural que enfatiza a preservação da identidade cultural nacional.[8][9][10][11][12]

Na Europa, muitos nacional-conservadores adotam um postura eurocética.[13] Na Europa central e oriental pós-comunista, a maioria dos partidos conservadores desde 1989 seguiu uma ideologia nacional-conservadora.[14]

Ideologia

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Políticas de costumes

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Ideologicamente, o conservadorismo nacional não é uma filosofia uniforme, mas os seus adeptos expressaram amplamente o apoio ao nativismo, ao patriotismo, ao assimilacionismo e ao monoculturalismo. Ao mesmo tempo, há oposição expressa ao internacionalismo, à política racial, ao multiculturalismo e ao globalismo.[15] Os conservadores nacionais aderem a uma forma de nacionalismo cultural que enfatiza a preservação da identidade nacional, bem como da identidade cultural. Como resultado, muitos são a favor da assimilação pela cultura dominante, restrições à imigração e políticas rigorosas de lei e ordem.[5]

Os partidos nacional-conservadores apoiam os valores familiares tradicionais, os papéis de gênero e o papel público da religião,[16] sendo críticos da separação entre Igreja e Estado. Segundo a cientista política austríaca Sieglinde Rosenberger, "o conservadorismo nacional elogia a família como um lar e um centro de identidade, solidariedade e tradição".[17] Opõe-se à "agenda de 1968" de emancipação relacionada com o gênero.[18]

Políticas econômicas

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Os partidos nacional-conservadore em diferentes países não partilham necessariamente uma posição comum sobre política econômica. As suas opiniões podem variar desde o apoio à economia mista até uma abordagem mais laissez-faire. No primeiro caso, mais comum, os nacional-conservadores podem ser distinguidos dos conservadores liberais,[19] para os quais as políticas econômicas de mercado livre, a desregulamentação e a restrição de gastos são as principais prioridades. Alguns comentadores identificaram de fato um fosso crescente entre o conservadorismo nacional e o conservadorismo liberalista: "A maioria dos partidos da direita [hoje] são dirigidos por conservadores economicamente liberais que, em vários graus, marginalizaram os conservadores sociais, culturais e nacionais".[19]

O nacional-conservadorismo desenvolveu a sua alternativa ao liberalismo econômico através de representantes políticos na Europa pós-comunista, mais notavelmente na Polônia e na Hungria. Nos anos 1990, os nacional-conservadores eram em grande parte fusionistas.[18]  Os trabalhos de Leo Strauss e Eric Voegelin serviram como blocos de construção para as políticas socioeconômicas do movimento nacional-conservador moderno. A acusação de Strauss do capitalismo como "economicismo" através da redução das necessidades individuais ao consumo desempenhou um papel no pensamento nacional-conservador que defende o solidarismo e um papel crescente do Estado na economia para provocar um "nacionalismo financeiro" moralizante em oposição ao comunismo e o individualismo liberal.[18] Dependendo do país, isso pode incluir maior apoio ao protecionismo, ao aumento dos investimentos sociais, ao conservadorismo "pró-trabalhador" e "pró-família", à nacionalização de bancos e empresas estratégicas e à oposição a incentivos fiscais.[18]

Política externa

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Os nacional-conservadores geralmente apoiam uma política externa que defende os interesses da sua nação. Inclinam-se para o militarismo, o unilateralismo e o isolacionismo. Rejeitam o internacionalismo e o multilateralismo que caracterizaram a era global moderna.[20][21] Muitas vezes têm uma visão negativa da ONU, sentindo que a sua agenda globalista corrói a sua identidade nacional, bem como a UE e outras organizações internacionais.[22]

Referências
  1. a b ANDREW., HEYWOOD, (2018). ESSENTIALS OF POLITICAL IDEAS : for a level. (em inglês). [S.l.]: PALGRAVE. ISBN 1137611677. OCLC 1005867754 
  2. a b Varieties of conservatism in America (em inglês). Berkowitz, Peter, 1959-. Stanford, California: Hoover Institution Press. 2004. ISBN 0817945725. OCLC 839305105 
  3. a b Mediations of social life in the 21st century (em inglês). Dahms, Harry F., First ed. Bingle, UK: [s.n.] ISBN 9781784412227. OCLC 896728569 
  4. Sibarium, Aaron (15 de agosto de 2019). «National Conservatism: A Guide for the Perplexed». The American Interest (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  5. a b Gallagher, Brenden (11 de agosto de 2019). «The national conservatism movement just began—does it have a future?». The Daily Dot (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  6. Littlejohn, Brad (2023). «National Conservatism, Then and Now». National Affairs (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  7. Vít Hloušek; Lubomír Kopecek (2010). Origin, Ideology and Transformation of Political Parties: East-Central and Western Europe Compared (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 178. ISBN 978-1-317-08503-4 
  8. ANDREW., HEYWOOD (2018). ESSENTIALS OF POLITICAL IDEAS : for a level. (em inglês). [S.l.]: PALGRAVE. ISBN 978-1137611673. OCLC 1005867754 
  9. Berkowitz, Peter, ed. (2004). Varieties of conservatism in America (em inglês). Stanford, Calif.: Hoover Institution Press. ISBN 0817945725. OCLC 839305105 
  10. Dahms, Harry F., ed. (7 de novembro de 2014). Mediations of social life in the 21st century (em inglês). Bingle, UK: [s.n.] ISBN 9781784412227. OCLC 896728569 
  11. «National Conservatism: A Guide for the Perplexed» (em inglês). 15 de agosto de 2019 
  12. «The national conservatism movement just began—does it have a future?». The Daily Dot (em inglês). 11 de agosto de 2019 
  13. Traynor, Ian, The EU's weary travellers Arquivado em 7 abril 2006 no Wayback Machine The Guardian, 4 de abril de 2006
  14. Bakke, Elisabeth (2010). «Central and East European party systems since 1989». Cambridge University Press. Central and Southeast European Politics Since 1989: 79 
  15. Ferraresi, Mattia (10 de abril de 2020). «Nationalists Claim They Want to Redefine Conservatism, but They're Not Sure What It Is». Foreign Policy (em inglês). Graham Holdings Company 
  16. Rosenberger, Sieglinde, Europe is swinging towards the right - What are the effects on women? Arquivado em 28 setembro 2011 no Wayback Machine (em inglês), University of Vienna, 2002. Consultado em 6 de dezembro de 2010.
  17. Rosenberger, Sieglinde, Europe is swinging towards the right - What are the effects on women? Arquivado em 28 setembro 2011 no Wayback Machine (em inglês), University of Vienna, 2002. Consultado em 6 December 2010.
  18. a b c d Varga, Mihai; Buzogány, Aron (setembro de 2022). «The Two Faces of the 'Global Right': Revolutionary Conservatives and National-Conservatives». SAGE Publications. Critical Sociology (em inglês). 48 (6): 1089–1107. ISSN 0896-9205. doi:10.1177/08969205211057020Acessível livremente  
  19. a b National Questions, National Review (em inglês), Vol. 49, Issue 12, 30 June 1997, pp. 16-17
  20. Littlejohn, Brad. «National Conservatism, Then and Now». National Affairs (em inglês). United States: National Affairs, Inc. 
  21. Dueck, Colin (22 de janeiro de 2021). «Conservative Nationalism and US Foreign Policy». AEI (em inglês). American Enterprise Institute 
  22. «"National conservatives" are forging a global front against liberalism»Subscrição paga é requerida . The Economist (em inglês). 15 de fevereiro de 2024. Consultado em 21 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2024 
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