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O cárter é um recipiente metálico que protege e assegura a lubrificação de certos mecanismos.

Um molde do bloco do motor de 6 cilindros BMW.

Deve o seu nome ao engenheiro inglês J. Harrison Carter (18161896), que o propôs durante uma exposição das bicicletas Sunbeam em 1889, vindo a ser adaptado pela marca a partir de 1897.[1][2]

Cárter do motor

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O cárter envolve a parte inferior do motor alojando a cambota (virabrequim) e protegendo as partes móveis de objetos estranhos. Tem funções diferentes consoante o tipo de motor em que esteja aplicado.

 
Motor a dois tempos

Motores a dois tempos

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Num motor a dois tempos o cárter está selado pois, com a subida do pistão, tem que se criar um vácuo que leve à entrada de nova quantidade de mistura ar/combustível. Quando o pistão sobe, a mistura passa da zona do cárter para o cilindro.[3]

Distintamente dos motores a quatro tempos o óleo do motor não está no cárter, sendo misturado com o combustível e o ar proporcionando assim a lubrificação das partes móveis.

Motores a quatro tempos

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O cárter assegura a lubrificação das partes móveis do motor e protege a cambota e bielas das agressões do exterior. O chamado cárter superior é fundido juntamente com o bloco do motor e nele se encontram os apoios da cambota.

O cárter inferior é uma espécie de tabuleiro no qual cai o óleo de lubrificação que é espalhado nas áreas móveis do motor.

Cárter úmido

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Este tipo de cárter, o mais frequente em veículos de série, tem uma dimensão adequada (quatro a seis litros) para conter todo o óleo de lubrificação. Na sua superfície inferior possui uma tampa de rosca através da qual é possível esvaziar todo o seu conteúdo.

O óleo aqui armazenado é colocado em circulação através da bomba de óleo que o espalha nas zonas móveis do motor. Dos cilindros e dos apoios da cambota cai novamente para o cárter e volta a ser disperso num ciclo sucessivo.

Nível do óleo
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No seu nível máximo o óleo do cárter não atinge a cambota pois, se o fizesse, a elevada rotação desta provocaria um "borbulhar", que, em última instância, dificultaria a ação da bomba de óleo e poderia provocar sérios danos ao veículo.

Quando o óleo está num nível reduzido, e no caso de curvas a alta velocidade ou travagens bruscas, o óleo pode-se deslocar ao longo do cárter por ação da força centrífuga ou da inércia deixando as entradas dos tubos de aspiração para a bomba de óleo descobertas impedindo esta de o fazer chegar aos locais adequados e podendo provocar graves danos ao motor.

Cárter seco

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No sistema de cárter seco o óleo é armazenado num reservatório exterior sendo aspirado do cárter (que assim pode ter uma dimensão bem menor pois não tem que armazenar o óleo) para esse depósito. Neste sistema há duas bombas de óleo: uma que aspira o óleo do cárter para o reservatório exterior e outra que o coloca em circulação para as zonas adequadas.

Apesar de mais dispendioso, mais pesado e mais complexo, este sistema apresenta algumas vantagens, nomeadamente, face ao menor volume do cárter, permitir colocar o bloco motor numa posição mais próxima do solo diminuindo assim o centro de gravidade da viatura e melhorando a estabilidade aerodinâmica. O depósito exterior pode conter um maior volume de óleo, uma pressão mais estabilizada e sistemas adicionais de arrefecimento do óleo. A ausência de mistura com gases do motor pode ainda significar melhorias na disponibilidade de potência do motor.[4]

Este tipo de cárter é mais frequente nos motores dos veículos de competição.

Ventilação do cárter

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Durante o funcionamento do motor, uma pequena quantidade de combustível não consumido na deflagração no cilindro bem como gases de escape podem atravessar os segmentos dos pistões e chegar ao cárter.[5] Se estes gases se mantiverem e condensarem no interior do cárter provocarão a diluição do óleo e diminuindo assim as suas propriedades lubrificantes. A presença de água pode ainda provocar a oxidação de algumas das peças do motor.

Para contrariar esta situação há um sistema de ventilação do cárter que lhe fornece ar fresco do filtro de ar e que sai, atravessando uma válvula especial colocada no próprio cárter, para o colector de admissão. Este, estando a uma menor pressão do que o cárter, tem um efeito de sucção sobre os gases presentes impedindo a sua concentração.

Motores antigos ou danificados podem gerar fugas significativas de vapores através dos segmentos dos pistões para o cárter, fugas essas que o sistema de escoamento do ar não consiga aspirar. Em consequência pode haver perda de potência e ser necessário retificar o motor. [5]

Cárter da distribuição

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As correntes e engrenagens do sistema de distribuição do motor, que assegura a transmissão do movimento da cambota à árvore de cames quando está situada à cabeça e a outros mecanismos estão protegidas por uma tampa metálica chamada cárter de distribuição.

Referências
  1. «Museu de Wolverhampton sobre J. Harrison Carter». www.localhistory.scit.wlv.ac.uk. Consultado em 15 de maio de 2007. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2009 
  2. * Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa: Circulo dos Leitores, 2002. Tomo II. ISBN 972-42-2873-8
  3. «Ciclo de compressão em motores a dois tempos em HowStuffWorks». science.howstuffworks.com 
  4. «Porque alguns motores usam o cárter seco em Howstuffworks». auto.howstuffworks.com 
  5. a b «Questão sobre a passagem de vapor para o cárter no "Car Talk"». www.cartalk.com. Consultado em 15 de maio de 2007. Arquivado do original em 31 de agosto de 2006 
  • ARIAS-PAZ, Manuel. Manual de Automóveis, São Paulo : Editora Mestre Jou, 1970
  • Vários. Lexicoteca-Moderna Enciclopédia Universal, Lisboa: Círculo de leitores, 1985. Tomo IV

Ligações externas

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