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Gay Gospel
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E-book138 páginas2 horas

Gay Gospel

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Sobre este e-book

O irmão da sua igreja se assumiu gay?

Qual é a melhor abordagem?

Como lidar com isso?

Saiba o que ele está sentindo.

Um olhar interno e exclusivo da vida de uma pessoa que descobre sua homossexualidade dentro da comunidade evangélica e da transformação, que uma igreja bem estruturada e orientada, pode trazer para sua vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de jan. de 2022
ISBN9788595133136
Gay Gospel

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    Pré-visualização do livro

    Gay Gospel - Estevão Roque

    Dedicatória

    Dedico este livro a todos que de alguma forma moldaram meu caminho até aqui, e desejo que este livro traga luz àqueles que ainda permanecem no escuro.

    Quem tem olhos, que veja!

    Introdução

    A sociedade não quer que você seja quem você é. Ela reclama se mente sobre si mesmo e finge ser outra pessoa, ao mesmo tempo, encontra formas de te oprimir e diminuir seu verdadeiro eu, te oprimindo e criando preconceitos para isso.

    Vivemos seguindo regras que só se aplicam às pessoas quando lhes servem de alguma forma, quando é de seu interesse. Eles estão sempre certos e para isso servem as regras, para dar à maioria a noção de poder e controle sobre as diferenças e para que nada nunca mude desfavorecendo a eles. Mas mesmo assim, nós como bons submissos, os seguimos e os deixamos dizer como viver nossas vidas.

    O gay cristão se priva tanto que se torna muito ingênuo e fácil de enganar quando se adentram neste novo mundo que se abre, quando se assume gay. Muitos nem mesmo podem conhecer ao seu próprio corpo.

    Toda esta repressão acaba desenvolvendo algumas características que incluem: Medo, insegurança, depressão, baixa autoestima entre outras.

    Através das minhas experiências vocês verão como estas características se apresentam e somatizam aos problemas cotidianos comuns de qualquer pessoa.

    No início

    Não é fácil ser um garoto gay, em uma igreja evangélica tradicional, filho dos presidentes do diaconato e vice-presidente da igreja, mas essa foi a minha infância.

    Só para vocês entenderem a pressão, meu destino já estava selado dezesseis anos antes do meu nascimento. Meus pais haviam se casado, mas meu irmão mais velho só nasceu treze anos depois. Nesse meio tempo, minha mãe teve alguns abortos espontâneos. Ela trabalhou algum tempo com radiologia, e, naquela época, não havia a mesma proteção de hoje, o que me faz imaginar que isso a tenha afetado de alguma forma, ou era apenas uma desculpa do destino, pois Deus sabe o tempo certo de tudo. Imagino que teria sido muito mais difícil ser eu naquele tempo.

    Treze anos após seu casamento, já sem expectativas de um filho, minha mãe começou a sentir-se mal, emagreceu e teve diarreias que não passavam. Ela achava que estava com alguma doença ruim, então o enfermeiro, filho de uma amiga, levou sua urina e testou-a. Na noite do culto na igreja, sua amiga deu-lhe o resultado e ela descobriu que estava grávida, esperando meu irmão mais velho. Com meus pais muito agradecidos e totalmente devotos à sua crença, colocaram-lhe um nome bíblico – o filho da promessa a Abraão e Sara –, e seu nome significa riso (o que veio bem a calhar). Isaque é seu nome.

    Meu irmão nasceu com um defeito no pé, que exigiu várias cirurgias durante sua infância, e com isso, meus pais lhe deram demasiada atenção e talvez um pouco mais de mimo. E mesmo com tudo isso, ele sempre foi muito sorridente, divertido, amigável e cheio de amigos, CRENTES, na maioria, pois era basicamente onde viviam, dentro da igreja.

    Isso não acabou por aí, e três anos depois, para a surpresa da família, mais uma vez minha mãe engravidou, e desta vez, viria o filho bonito. Quando ela descobriu já estava com 2 meses, sem apetite, só queria comer lanches, frutas e macarronada, nada de arroz e feijão – só podia ser eu mesmo – nasci com 8 meses e 1,7 kg. Sempre fui muito apressado, não gosto nem de esperar o elevador. Desde o ventre, minha mãe já havia me separado para ser um missionário, pelo menos era isso que ela queria. No pressure!!!

    Os pais sempre imaginam um futuro para seus filhos, baseado em seus ideais e crenças. Alguns acreditam que para ser feliz e bem-sucedido, o filho deve ser médico, advogado ou cantor e por aí vai. Acabam colocando suas expectativas sobre os filhos, e isso pode causar frustrações futuras tanto nos pais quanto nos filhos, mas imagino que nenhum pai fica pensando que seu filho será gay.

    Conforme fui crescendo, não me preocupei muito com nada disso. Minha infância foi tranquila, sempre envolvido em coisas da igreja como teatro infantil, cantatas, aulas e historinhas, e, o melhor de tudo, meus amigos dos quais eu esperava ansiosamente a semana toda para ver. Eu não tinha idade ou cabeça para sentir atração sexual por ninguém.

    Conforme fui crescendo, criei laços mais fortes com algumas amigas com quem sentia que tinha mais em comum, inclusive tinha um crush na filha do pastor, lá por volta de 1998. Chorei muito quando eles saíram da igreja e só a vi de novo mais uma vez quando eu tinha meus 15 anos, em 2004. Aaaah quantas vezes orei para ela gostar de mim (risadas), queria dar um beijo nela, mas morria de vergonha. Lembro que uma vez, brincando de Pocahontas, nós colocamos a mão na boca e beijamos por cima das mãos. Eu era só uma criança conhecendo o mundo, mas era puro e ingênuo. Adorava fazer duetos com ela só para estar perto.

    Ainda na infância, eu tinha uma amiga chamada Laís, com quem costumava brincar todos os dias em sua casa. Jogávamos banco imobiliário e brincávamos com as barbies dela. Na minha cabeça, isso não tinha problema nenhum, nem deveria ter, a não ser pelo fato de a sociedade criticar e acabar colocando um tabu muito forte em cima disso. Também gostei muito da Laís, era minha vizinha e cheguei a ficar confuso sobre a forma que eu gostava dela, mas gostava muito de passar tempo com ela.

    Foram sentimentos confusos para mim naquela época. Algumas pessoas faziam aquela brincadeira dizendo que ela era minha namoradinha e acho que acabei criando a ideia de que talvez sentisse algo diferente de amizade, mas não creio que nesta época isso era possível. De qualquer forma, este contato maior com meninas e jogos femininos era um grande motivo para eu ser zombado.

    Desde criança sempre fui medroso e inseguro, como dizia minha mãe, só é bravo dentro de casa. Meu irmão me irritava e eu vivia batendo nele, mas, do lado de fora, aprendi que se você bate em alguém, ele voltará com uma gangue para te bater. Isso ficou na minha mente e nem sequer costumava me defender, então sempre que sofria bullying aguentava calado ou ficava irritado, o que incentivava mais ainda a caçoarem de mim.

    Para ajudar, eu tinha a voz num tom soprano, eu conseguia cantar as cantatas do coral adulto da igreja tranquilamente em tom soprano agudo, então riam de mim por ter voz de mulherzinha. Beeeem mais para frente, por volta dos meus 12 anos, sofri bullying por ser gordo e porque ao invés de brigar com um colega de classe eu recorria ao diretor ou ao professor, então eu era o cagueta... medo me definia, e cada medo que tinha parecia internalizar dentro de mim algumas verdades, que minha voz era muito aguda, de mulherzinha (até hoje não gosto muito da minha voz), que eu não podia bater em ninguém nem para me defender, que brincar de bonecas era algo exclusivamente feminino, etc. Ser gordo era mais um problema, então sempre andava curvado para esconder o peito que era mais um motivo para chacota e isso acabou acentuando uma cifose na coluna.

    Meu nome e sobrenome eram motivos de piada, por isso não gosto muito deles e sempre quis casar e mudar meu sobrenome haha ainda bem que hoje isso já é possível para homens heteros e gays.

    Dentre todas estas coisas que iam me marcando e me definindo, algumas delas foram mais marcantes na minha mente, e estas coisas me perseguiram por anos, coisas que de certa forma me assombraram por toda a adolescência e o começo da minha vida adulta. Estas coisas influenciaram muito para me relacionar com alguém. Moldaram meus pensamentos por muito tempo. Me apavoravam! Sempre fui uma pessoa que pensa demais, que fica remoendo tudo diversas vezes e imaginando diversos cenários, e, infelizmente, a maioria deles levam para um final não muito bom. As pessoas sempre me acharam pessimista e, talvez, em muitos casos estejam certas. Eu me chamo de realista, e assim como o filósofo Georg W. F. Hegel, acredito que o meio em que vivemos molda nossa realidade. Assim sendo, com base na minha realidade, é difícil pensar em finais felizes. Quando imagino uma situação, tento prever todas as sequências possíveis àquilo, é o famoso e se, e com isso acabava muitas vezes deixando de viver muitas coisas com medo dos resultados. Quando tentava algo e o resultado não era bom, era como se fosse a confirmação de tudo isso. Talvez eu realmente fizesse as coisas acontecerem do jeito errado pelo medo que tinha de que elas acontecessem assim, mas o fato era que geralmente aconteciam como eu imaginava que aconteceria. Penso, logo atraio!

    Já assistiram as visões de Raven? Talvez seja bem parecido. Tentando evitar que as visões dela se realizassem, ela acabava fazendo com que de fato acontecessem. Então, vai ver estas coisas precisavam acontecer para que eu aprendesse com elas e pudesse saber lidar com elas de outra forma, com resiliência. O fato é que se você não aprende, a vida vai te testando até aprender, e aí você repete os erros e as situações de novo e de novo. É como aquelas pessoas que vivem anos num relacionamento abusivo, e quando finalmente se libertam, conhecem o príncipe encantado e descobrem que é a mesma pessoa, mas em outro corpo, e aí esta pessoa se pergunta – por que eu só encontro este tipo de pessoa? – Mas o problema na verdade é ela e só depende dela mudar, mas até lá o ciclo continua.

    Enfim, se vocês leram até aqui é porque estão curiosos para saber o que foi isso que marcou tanto a minha vida, aqui vai...

    Ansiedade

    Eu sempre adorei passear de carro, até que tudo mudou.

    Como eu disse, meu irmão passou por várias cirurgias para corrigir a deformidade no pé, e com isso e a bronquite crônica, minha mãe passou muitos dias com ele em hospitais. Lembro-me de que na última cirurgia dele, eu tinha 11 anos e ele 14. Minha mãe passou dias no hospital e, enquanto

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