Eu & Os Gatos: Histórias Felinas do Subúrbio Carioca
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Eu & Os Gatos - Márcia Leitão
APRESENTAÇÃO
Um leitor desavisado pode imaginar que está diante de uma obra ficcional ou talvez uma publicação técnico-científica sobre o Felis silvestris catus: o gato caseiro, urbano ou doméstico. Afinal, em meio a aventuras felinas contadas com certo lirismo e bom humor, o amigo leitor encontrará informações relevantes sobre os cuidados e a saúde desses companheiros felinos tão adaptáveis à vida moderna. Porém… ledo engano.
Este não é um manual ou um guia de como cuidar do seu pet ou mesmo uma visão romantizada do convívio com esses animais. É, sim, uma biografia sobre felinos que com um simples ronronar ou um esfregar de pescoço conseguem mudar hábitos, pessoas e espaços urbanos.
Partindo de histórias ocorridas no subúrbio carioca, a autora tenta refletir sobre sua experiência pessoal, mas também coletiva, de amor e solidariedade, que marca o dia a dia de uma tutora de gato
, ou mãe gateira
, como gosta de ser chamada.
O local em que se desenrolam as histórias também é importante para a narrativa. Ao longo dos anos, o subúrbio carioca deixou de ser um circuito de residências proletárias, unifamiliares (casas e sobrados), onde moravam os trabalhadores das grandes fábricas instaladas no entorno, para transformar-se em bairros dormitórios
, ocupados por altos prédios, conjuntos habitacionais, condomínios e comunidades.
Da esquizofrenia de enfrentar longas horas em igualmente longos trajetos para o local de trabalho, do pouco tempo para curtir a vizinhança em passeios e conversas na calçada, surgiu uma icônica prática no subúrbio: adotar gatos. Esses animais não precisam de um amplo quintal para sentirem-se livres. Sua liberdade pode ser exercida numa prateleira alta, numa janela telada ou em sofás de braços espaçosos, que mais do que usar para dormir, eles farão questão de arranhar e, quiçá, destruir.
Só não pense que a brejeirice e/ou a malemolência do subúrbio perderam-se na correria e nas dificuldades da sociedade moderna. Os relacionamentos entre humanos e gatos no subúrbio fazem florescer todos os dias uma vida de trocas e compartilhamentos que acentuam a nossa civilidade.
Capítulo a capítulo, o leitor descobrirá que gatos (pets, de modo geral, mas principalmente os gatos) aproximam pessoas, criam correntes de solidariedade e empurram seus tutores para propósitos que transformam suas vidas.
Capítulo 1
Meu destino é cuidar. Será?
Ao longo da minha vida sempre achei que o meu destino era cuidar. Ainda muito pequena, com 8 ou 9 anos de idade, minha mãe perguntou-me por que eu sempre me cercava de crianças mais novas e eu respondi, confiante:
— Porque eu posso cuidar delas, ora.
Lógico que minha mãe achou estranho, mas os anos se passaram e ela entendeu que cuidar
era um vício que marcaria minha vida.
Cuidei dos meus avós maternos até a morte de cada um deles. Zelei também pela saúde da minha mãe, de tios, de vizinhos, de amigos e parentes vários. Porém bichos entravam e saíam da minha vida sem grandes cuidados. Quem me conheceu na infância ou na adolescência jamais me definiria como uma protetora de animais
.
Como muitas crianças do subúrbio carioca, trocava garrafas por pintos coloridos, que criava na varanda do apartamento do Conjunto Habitacional em que morava com minha mãe, irmãos e avós. Alguns pintos morriam logo em virtude do sereno ou do frio da noite. Outros chegavam a virar frangos, mas aí vinha a ordem de despejo da minha avó materna. Ela logo dizia:
— Dá logo esse bicho para Dona Isabel, pois está sujando a varanda toda.
Dona Isabel morava no mesmo prédio, só que no andar térreo. Assim, era praticamente dona
da área dos fundos do bloco de apartamentos. Tinha sido criada na roça e por isso ainda gostava de criar galinhas e plantar batata-doce no terreno.
Era normal acordarmos com galos cantando debaixo de nossas janelas,