Ápices Poéticos
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Ápices Poéticos - Alberto Dos Anjos Costa
Prefácio
EM UM UNIVERSO COMPLEXO com mais de 300 sextilhões de estrelas, mais de 2 trilhões de galáxias, e cruzando a linha dos 7,5 bilhões de seres humanos, seria quase impensável encontramos uma mente tão específica, única e brilhante dentro desse vasto mundo misterioso como se estivéssemos procurando uma gota única, incomparável, dentro de um imenso mar. Mas, é aqui, nesse admirável volume de originalidade incontestável, formado por 31 poemas premiados em várias mídias nacionais, que podemos saber ser possível sim encontrarmos essa partícula, um poeta de nome Alberto dos Anjos Costa.
Quando desde os primeiros contatos com a poesia de Alberto, ao refazer suas antigas publicações de Odisseias Poéticas e posteriormente de todas as suas obras, já tinha notado esse talento incomum de colocar as palavras em seu nível mais elevado. Um simples mortal apenas diria olhar tristonho...
; olhar tristonho, melancólico, sombrio, mas em Alberto a conotação é outra, ele utiliza sorumbático: Sorumbático olhar, visualizando desilusões, com a vontade a quebrantar, pela conquista de aflições!
. (Ver poema Catarse). Sorumbático, périplos, conspurca, plangente, fratricida são algumas das inúmeras palavras que encontramos em seu grande corpo poético. Dos mais excelsos pensamentos, fica evidente já na primeira leitura que sua escrita é para as mentes mais cultas, contudo, quase que em paradigma, ela também tem um objetivo direto de esclarecer os menos favorecidos. Em especial, o proletariado. Embora seja profissional notório do Estado, funcionário público de carreira, o seu lado humano não foi corrompido. E isso o fez ser ainda mais sublime, visto firmar o seu talento artístico, intelectual e poético na formação ética de sua estrutura profissional, podendo receber e atender todo e qualquer cidadão na forma humana que ele merece.
Quanto às suas ideias, podemos sentir facilmente a força como as palavras são expelidas, apresentadas a todos nós como que em erupções de um imenso vulcão,
... pelo seu sistema aniquilador que trata as pessoas como objeto descartável; em que a busca é pelo especioso ter; e não o ser. Em que o ter (matéria) é o mais importante. O ser (digno) é irrelevante, fútil e frívolo.
. . .
Se você for do contra e se rebelar, estarás desempregado e marginalizado! Com sonhos e uma família para sustentar, serás um subserviente martirizado!
Achas que os poderosos, vão querer cair? Até uma guerra poderão fazer, para jamais perder o poder! Pouco importa se para isso, muitos inocentes vão sucumbir!
Os temas são variados, não somente políticos e focados na desmedida social, mas também envolta da fé, da esperança e da mística que permeiam nossas vidas. A vida, afirma ele baseado nas instruções clássicas da ciência, nasceu na água, evoluiu em terra firme e foi consolidada no Universo como algo grandioso. Entre ordem e desordem de um balé planetário, somos em matéria praticamente insignificante, mas espiritualmente dignificantes.
Quanto ao amor, canta com toda a sua força, reverbera as mais íntimas frases e nos faz pensar o porquê de intempestivas paixões que dentro da alma se recobrem de leviandades, de egos que cegam a consciência e nos faz esquecer do amor. Seja onde for, na vida cotidiana e física, ou nas relações hoje cibernéticas, tão conhecidas como virtuais, nos mantemos conectados, plugados e à mercê dos preconceitos. Esse mesmo mundo de relações interpessoais, cria uma áurea de medo e frustrações, mas também podemos nos manter mais próximos daqueles que amamos e se encontram distantes, tipo em uma viagem ou mesmo daqueles que moram em outros países. Mas será que algum dia a tecnologia também poderá nos manter próximos daqueles que já partiram dessa vida? Seja como for, o autor afirma que somos almas em agonia, adornando o mundo por emoções. Somos vulcões adormecidos. Somos detalhes, somos requintes!
Ápices poéticos nasce então como a obra mais madura do autor, desabrochada de sua verve, regada e cultivada por pensamentos ao longo de toda a sua vida, não pode ser encarada apenas como um trabalho poético ao modo clássico estrutural, com seus jargões e versos rimados. Alberto dos Anjos Costa é o poeta rebelde brasileiro mais notório desse século. O Brasil que ele pinta não é refletido pelo espelho, mas visto de dentro, e sua consciência ecoará para todo o sempre.
Sidhney Boreas*
* Sidhney Boreas é autor, editor e designer gráfico. Como pesquisador trabalha com foco na educação mimético-poética e nos estudos sobre o Realismos e Investigações sobre o Insólito. Formado em Filosofia pela Universidade Federal de Sergipe, é autor dos livros: À Beira do Além, e de: Ensinando a Filosofar com Bertrand Russell. Como editor já publicou vários autores em todo o país e todos os livros de Alberto dos Anjos Costa.
Apresentação do Autor
A REALIDADE COTIDIANA consignou a sublime inspiração para a feitura deste livro, que como um rebento, foi gerado com grande ansiedade, amor e sentimento. De forma despretensiosa procurei ensejar a reflexão ao leitor, diante de temas atuais e realistas.
É uma obra singela, com poesias em rima, tornando a leitura prazerosa, retratando a vida numa linguagem simples, direta e sincera, espelhando-se na incerteza da vivência humana com suas luzes e sombras; lágrimas e sorrisos; vitórias e derrotas; desesperos e esperanças; vicissitudes que consolidam o cabal aprendizado para a maturidade humana nesta magnificente odisseia que é o viver.
Espero que os amigos leitores, aos quais também dedico este livro, possam sentir a aura de lirismo, que modestamente procurei fixar.
A boa acolhida pelo público de meus outros trabalhos poéticos, trouxe-me grande incentivo para a realização deste, titulado Ápices Poéticos
; seguindo a mesma linha poética, aborda assuntos diferenciados, procurando transmitir aos leitores, a semente da introspecção, refletindo sobre a eterna luta da sobrevivência em nosso mundo.
Procurei apresentar de forma autêntica, as inerentes imperfeições humanas; o bem e o mal permeando o paraíso; as aflições na realidade do dia a dia; a natureza cada vez mais vilipendiada; a vida e suas paixões. Apesar de revelar dissabores telúricos, procurei alentar a confiança, o otimismo, a resiliência no viver; o acreditar de um mundo melhor pelo arbítrio de nossa consciência. Pois, como disse o preclaro poeta Augusto dos Anjos, Toda razão sem luz dorme infecunda. E é na consciência lúcida e profunda que vibra o campo da verdade eterna
, muito embora vivenciamos um mundo de triste inversão de valores, onde aquele que é honesto é taxado de idiota e estúpido e o que se utiliza de meios fraudulentos é rotulado de empresário bem sucedido e respeitado pelos bens que possui, sem se importarem, se esses meios foram ilícitos. Dizia o sapiente Ruy Barbosa – De tanto triunfarem as injustiças; crescer a desonra; agigantar-se o poder nas mãos dos maus; - O homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, e a ter vergonha de ser honesto
. Hoje na atual sociedade o que importa é o ter e não o ser; infelizmente esta inversão é o que causa a falta de moralidade na sociedade como um todo; fomenta a desigualdade e exclusão social, incitando muitas vezes na pobreza, a corrosão de nobres valores e dissemina a iniciação pelo ganho mais fácil, com pequenos roubos e futuros grandes assaltos na absorção em paralelo de uso e comércio de drogas, comércio de armas e latrocínios, os quais estarão amparados pela impunidade e pela lei processual pusilânime e retrógrada, que estimula e motiva a prática de novos crimes, pois, não existe nenhum processo de reinserção e ressocialização daquele infrator, não há investimentos neste sentido, pois, para os políticos, o processo de modernização do sistema penal, não produzem votos eleitorais para seus candidatos de seu Partido Político, que hoje se assemelha mais à Cosa Nostra
, do que um verdadeiro Partido idealista, o qual deveria ter a brasilidade em sua essência. Por isso o sistema prisional brasileiro já está defasado e ultrapassado em 80 anos e quem o custeia é o povo, através do pagamento de seus impostos, pois, hoje o gasto com cada preso do sistema carcerário, custa aos cofres públicos cerca de R$ 2.400,00 por mês. Neste país, em que o poder aquisitivo muitas vezes é quem manda, é bom ressaltar que se existisse a pena de morte, noventa e nove por cento seriam para os pobres, que não tem condições financeiras para contratar um bom advogado (apesar da lei lhe oferecer um defensor público), pois, o rico, tem ótimos advogados e posses para torná-lo impune perante a justiça. Pelo contrário, o homem preso, acaba sendo o alimento, o sustento para advogados, policiais, promotores, juízes, assistentes sociais, médicos, delegados e serventuários da justiça. Verificamos impactados e com toda naturalidade diariamente a hipocrisia e demagogia, nos vereadores, deputados, senadores e presidentes, e nisto somos grandes culpados, pois, foram escolhidos pelo povo, pelo cidadão que em sua repugnância à política (apolíticos em sua natureza), herança de uma cultura estulta, ignóbil, especiosa e anacrônica, não analisa, não pesquisa, não procura conhecer quem será seu representante na área municipal, estadual ou federal. Outorga poderes aos políticos e nem se lembra em quem votou; mais é capaz de saber a formação completa de seu time de futebol, pois, isso é o relevante para ele. Pão, circo, demagogia, dissimulações, teatralidade, arbitrariedades e engodo; este é o jogo num país que teria tudo para ser uma potência, pelas suas reservas naturais, pela sua riqueza em seu subsolo, pelo seu espaço continental e pelo seu povo com um histórico tão pungente, hospitaleiro e trabalhador. Mais não podemos olvidar e de enfatizar que são os latifundiários; grandes usineiros, (a antiga oligarquia, que hoje recebem bilhões de Euros e Dólares de capitalistas estrangeiros na compra de ações); acionistas internacionais que buscam aqui em nosso país (esquemas de fraudes com laranjas e testas de ferro), para que eles (acionistas e donos de empresas), não sejam identificados. São estes que dominam o Poder e faz a pobreza ser necessária para que esse Poder nunca perca sua riqueza e ostentação. A pobreza, a miséria se faz mister para que o povo assuma a forma subserviente, para que sejam espoliados e oprimidos, alimentando com suas priva-ções a classe mais abastada. Aqui, não existe nenhuma crítica ou censura para com o capitalismo, para quem são ricos ou milionários; apenas, em minha singela opinião, acredito eu, que não deveriam ser hipnotizados pelos lucros, lucros e mais lucros e que deveria existir um processo mais humano, mais solidário, mais equânime; uma parte destes lucros deveriam obrigatoriamente serem revertidos em obras sociais, filantropia e auxílio à comunidade. Encontraríamos agora muitos questionamentos, dizendo que, isto é obrigação do Estado, do Governo Federal! Sim, poderíamos responder. (Estado que pratica diariamente a extorsão, com impostos, impostos e mais impostos, a maioria deles abusivos; e se estes impostos fossem investidos para o bem do povo; revertidos de forma justa para quem os paga, se não fossem desviados sorrateiramente para vereadores, prefeitos, deputados, senadores e presidentes corruptos, com certeza, teríamos um transporte profícuo; uma educação exemplar; uma saúde correta; umas segurança em confiança; uma alimentação saudável e uma moradia condizente ao respeito que o contribuinte é merecedor. Mais onde está o Poder Fiscalizador para essas fraudes (maracutaias) que o povo é obrigado a engolir? Se o Estado não cumpre seu papel Constitucional, o ônus não deveria recair sobre o mais fraco, sobre o mais pobre, sobre aquele que procura a sobrevivência. Sem o capitalismo selvagem, todos ganhariam, e ganharia a nação, pois um sistema humanizado faz forte e alicerça a brasilidade e o patriotismo, hoje tão desprezado, desprestigiado e esquecido (pois, o socialismo já fez mostra de sua falibilidade, do que o homem é capaz, em destruir aquele ideal que quiçá fosse bom; instituindo em seu sistema: o sórdido, o execrável através de sua inerente imperfeição, como a cobiça, a ganância, a entronização de ostentar o poder, priorizando o individualismo, quando o correto seria o coletivo); mais acredito que os ricos, milionários, deveriam se sentir envergonhados e constrangidos (o que me parece utopia) de serem tão ricos num país de humilhados pela pobreza, e que a igualdade social arregimentaria um país mais justo, com um controle e um desenvolvimento para o próprio país; e que estes mesmos ricos e milionários não precisariam ficar reféns daquilo que criam, estimulam, incitam e promovem, como a desestrutura social em um país, que por mais que se esforce, continua sendo retrógrado e injusto em muitos setores sociais. A Constituição da República Federativa do Brasil é um bom exemplo, apesar de ser moderna e uma das mais avançadas do mundo, anuncia expressamente um salário mínimo que atenda às necessidades dos cidadãos brasileiros, como: moradia, educação, transporte, saúde, segurança e alimentação. Mas os políticos, eleitos pelo povo, são na maioria das vezes financiados em suas eleições, por bilhões de reais da elite (Industriais, Latifundiários, Usineiros, Pecuaristas, vindo dinheiro até do exterior), para depois, receberem sua recompensa, porque este investimento não é de graça; e nesta situação é que por conveniência é aprovado o salário mínimo que não atende ao seu propósito; na realidade é um salário mínimo confrangedor, incongruente, procaz, burlesco, contraproducente e dissentido; fora do escopo constitucional, divergindo de forma peremptória o que preceitua e determina Erga Omnes
, (perante todos) , a Lei Magna; nossa Constituição; que deveria ser a consolidação em plenitude, da equidade, da dignidade e de um melhor viver, para os cidadãos da nação brasileira. Vivificar a poesia é dar-lhe sentido, no amor, no romantismo, nas fantasias, nas imaginações, na utopia, no sonhar; mais também cantar o real, o verídico, o atual; os dissabores e infortúnios que martirizam diariamente a nossa gente. Podemos afirmar que o legado que nos foi dado, foi o legado da corrupção, da vantagem a qualquer preço. Parece-me que este mal institucionalizado hoje, veio desde o tempo que as naus portuguesas ancoraram em nossas águas e desembarcando em terra e já