Fiscalização Ambiental e Panorama Atual no Brasil
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Sobre este e-book
O livro, desenvolvido por pesquisadores do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental do Instituto Federal Fluminense, foi vocacionado para atender estudantes, professores, pesquisadores e consultores das áreas de Ciências Ambientais, Engenharia Ambiental, Geografia, Biologia, Ecologia, Engenharia Florestal e Geotecnologias, entre outras áreas do conhecimento. Os dados aqui apresentados devem ser vistos como oportunidades de suscitar melhoria geral nas ações de fiscalização e de policiamento ambiental em nível estadual e nacional, bem como de provocar inquietações, trazer o tema para o primeiro plano do debate e lançar luz sobre o trabalho das polícias militares ambientais e o seu papel na conservação da natureza.
Tenha uma boa leitura! Torcemos para que você nos ajude a promover boas ações para a melhoria do ambiente!
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Fiscalização Ambiental e Panorama Atual no Brasil - Eduardo Frederico
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FUNDAMENTOS, POLÍTICAS, PESQUISAS E PRÁTICAS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Os autores agradecem o apoio do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental do Instituto Federal Fluminense; das polícias militares ambientais do Brasil; do Instituto Homem Pantaneiro, pelo fornecimento dos dados de geoespacialização das unidades das PMAm; do ministro do Itamaraty Pedro de Castro da Cunha e Menezes, pelas revisões e correções de rumo na pesquisa; dos editores e revisores anônimos, pelos seus úteis comentários nas versões preliminares, bem como pelo esmero na produção deste livro.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam aos seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo.
(Trecho da carta do cacique Seattle, da tribo Suquamish, do estado de Washington, Estados Unidos da América, enviada ao presidente dos Estados Unidos, Francis Pierce, depois de aquele Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios)
Chefe Seattle
PREFÁCIO
Ao longo da evolução humana no planeta, nossa relação com a natureza foi marcada não só pelo medo, mas também por momentos como aquele em que a humanidade obteve o controle do fogo, conquista que deu início a um período de enfrentamento e domínio das condições naturais adversas. A agricultura marcou definitivamente esse domínio, com a modificação de paisagens e extinção de outras espécies. Na transição entre a condição de Homo sapiens e a de Homo Deus, nossas atitudes mudaram de forma definitiva e fizeram com que a destruição da natureza se tornasse parte da nossa rotina, a ponto de exigir que algo fosse feito para evitar nossa própria extinção. No Brasil, acompanhando uma tendência mundial nos anos 1960/1970, e em meio a uma realidade nacional marcada pelo desmatamento, pela caça e tráfico de animais silvestres e pela destruição de recursos hídricos, surgiu a necessidade de se criar normas para os diferentes usos dos recursos naturais, regras para a proteção do meio ambiente e, ainda, mecanismos de comando e controle.
Nesse contexto, surgiram, dentro das forças de segurança nos estados de São Paulo e do Paraná, as primeiras unidades de proteção ao meio ambiente, destinadas a fazer cumprir os códigos de caça e o código florestal. As unidades nasceram em uma proposta clara de controle, com base nas normas, e o resultado esperado era de haver multas e repressão.
Quando provocamos a primeira reunião das polícias militares florestais no Pantanal, em 1991, já éramos 14 unidades. Na oportunidade, definimos algumas metas importantes, como participar na Conferência Mundial de Meio Ambiente no Rio de Janeiro em 1992, com o objetivo de mostrar nossa existência e iniciar uma cruzada para participarmos do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e ver reconhecida nossa importância como parte do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). Afinal, sabíamos que estávamos fazendo a diferença na proteção da natureza.
A proposta deste livro resgata a história da criação das unidades e do importante papel da Polícia Militar na proteção do meio ambiente, por meio das suas unidades especializadas, hoje distribuídas em todos os estados do país. Nos últimos 20 anos, as polícias militares ambientais, com seus quase 8 mil homens, foram responsáveis por uma redução significativa não somente do desmatamento em todos os biomas, mas também da caça e tráfico de animais silvestres, da pesca predatória e da poluição.
Como proposta principal, o livro nos apresenta, de maneira científica e inteligente, a necessidade de um novo modelo de gestão por meio de um Sistema Nacional de Proteção Ambiental e nos remete à compreensão de que a Segurança Pública só estará completa se contemplar o componente ambiental. Sabemos de forma objetiva que degradação ambiental, miséria e violência estão interligadas.
A revisão proposta do modelo de gestão ambiental faz-se necessária em função de alguns pontos importantes descritos a seguir.
Somos um país megadiverso e estamos de forma irresponsável exaurindo nossos ativos naturais e nosso futuro.
A distribuição geográfica das unidades especializadas no Brasil permite uma maior eficiência nas ações de comando e controle, especialmente na prevenção.
A melhoria na capacidade técnica e na qualificação dos integrantes das polícias militares ambientais pode assegurar uma alta qualidade na atividade de fiscalização.
É limitada e deficiente a estrutura dos órgãos estaduais e federais afins.
Sabemos que, na natureza, as perdas são para sempre. A proposta ora apresentada nos permitirá despertar para uma discussão importante, oportuna e necessária, caso queiramos construir de forma responsável um futuro melhor para o nosso país, em que nossos recursos naturais sejam usados e protegidos de maneira sustentável.
Coronel Angelo Pacelli Cipriano Rabelo
Oficial da Reserva da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (PMMS) e diretor de Relações Institucionais do Instituto Homem Pantaneiro
APRESENTAÇÃO
Os conflitos decorrentes da disputa pelos recursos naturais estão se acirrando, bem como os eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos.
As áreas de parques, florestas nacionais, mosaicos florestais e as unidades de conservação (UC) são espaços essenciais, tanto social quanto economicamente, por conservarem a sociobiodiversidade e promoverem serviços ambientais. Estes por serem espaços de produção do principal bem da vida – a água – e de impedimento da emissão de bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Atualmente, é senso comum a necessidade de proteção ao meio ambiente, não somente para a preservação de recursos naturais para as futuras gerações, mas também para a manutenção do suporte e da qualidade de vida da presente geração. Entretanto, as ações antrópicas vêm provocando cada vez mais danos à natureza sem que os instrumentos de comando e controle tenham capacidade de dar uma resposta em tempo hábil, a fim de impedir ou mitigar a degradação ambiental.
As disputas pelos recursos naturais também foram responsáveis por iniciar ou alimentar boa parte de todos os conflitos intranacionais e transnacionais nas últimas décadas. A maioria das ações promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) foram desencadeadas para controlar, remediar e mediar essas rivalidades.
No Brasil, embora não haja histórico recente de guerras externas, a disputa pelos recursos naturais tem sido responsável pelo acirramento das tensões internas, promovendo crimes e crises sociais com reflexos diretos na ordem pública e, consequentemente, nas ações de sustentabilidade ambiental. Neste livro, foi abordada a temática organizada em cinco capítulos.
No primeiro capítulo, apresentou-se o conceito de Sistema de Segurança Ambiental
. Demonstrou-se didaticamente como o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) se interconecta com o Sistema de Prevenção da Criminalidade e como cada ente integrante desses sistemas se influencia mutuamente. Ademais, foi demonstrada a dupla função que as polícias militares ambientais têm, a de polícia de segurança pública e a de polícia de segurança ambiental.
No segundo capítulo, foi apresentado o cenário atual das polícias militares ambientais no Brasil por mesorregião. Seus efetivos, suas estruturas e suas organizações, bem como foram apresentados os seus resultados operacionais e a relevância dessas instituições na proteção do meio ambiente.
A fiscalização ambiental pela Polícia Militar Ambiental do Estado do Rio de Janeiro foi apresentada no terceiro capítulo deste livro. Nessa parte do livro, foi apresentada uma série de mapas temáticos com as diversas tipologias de crimes ambientais mais atendidos pelo Comando de Polícia Ambiental entre os anos 2014 e 2016, que se constitui em uma importante fonte de dados para servir como suporte à tomada de decisões por gestores públicos e privados, pela própria Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e pela sociedade.
No capítulo quatro, foi avaliado como estava se desenvolvendo a fiscalização ambiental na região da Amazônia Legal. Abordou-se o seu processo de colonização e conceitos inerentes, além da geoespacialização das unidades de polícia militar ambiental dos estados integrantes daquela região. Nesse capítulo, buscou-se abordar o debate contemporâneo e oportuno, em função das grandes polêmicas a respeito desse bioma em 2019. Apresentou-se a visão dos autores a respeito da sua importância para as mudanças climáticas, para a economia brasileira e do Cone Sul, e para a biodiversidade, permitindo que os leitores alcancem suas próprias opiniões.
Finalmente, no último capítulo, tratou-se das geotecnologias aplicadas na fiscalização ambiental. Nesse capítulo, foram apresentadas duas tecnologias inovadoras, o uso da plataforma vant (veículo aéreo não tripulado) e o mapeamento geocolaborativo. Além disso, foram realizadas pesquisas sobre as origens, emprego e a aplicabilidade dessas duas geotecnologias.
Deseja-se que os dados, as informações e os debates apresentados neste livro possam subsidiar futuras pesquisas, servir de suporte para a tomada de decisão pelos administradores públicos e pelas polícias militares ambientais, auxiliar a sociedade brasileira a compreender a extensão do risco a que nosso patrimônio natural está sujeito, bem como lançar luz sobre a atuação de uma força de proteção do meio ambiente pouco conhecida, mas de relevantes trabalhos realizados por todos os seus integrantes que, não raro, chegam a pagar com a vida para proteger a natureza.
Boa leitura!
Os autores.
Sumário
1
SISTEMA DE SEGURANÇA AMBIENTAL E POLÍCIAS MILITARES AMBIENTAIS NO BRASIL
1.1 SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
1.1.1 Teoria Geral dos Sistemas
1.1.2 Sistema de justiça criminal
1.1.3 Sistema de prevenção da criminalidade
1.1.4 Sistema Nacional de Meio Ambiente
1.1.5 Sistema de segurança ambiental
1.2 AS POLÍCIAS MILITARES AMBIENTAIS
1.2.1 Do policiamento ostensivo ao policiamento ambiental
1.2.2 Polícia de segurança pública e polícia de segurança ambiental
1.2.3 Internalização dos custos ambientais na segurança pública
1.2.4 Desafios na fiscalização ambiental
1.2.5 Financiamento em meio ambiente
2
POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL NO BRASIL: PANORAMA ATUAL
2.1 EFETIVO, DISTRIBUIÇÃO REGIONAL E ORGANIZAÇÃO
2.2 ESTRUTURA LOGÍSTICO-OPERACIONAL
2.3 EMPREGO DE GEOTECNOLOGIAS NO PLANEJAMENTO OPERACIONAL
2.4 INTEGRAÇÃO COM OUTROS ÓRGÃOS
2.5 RESULTADOS OPERACIONAIS
2.5.1 Natureza das ocorrências
2.5.2 Apreensões
2.5.3 Autuações administrativas e educação ambiental
2.5.4 Emprego de aplicativo (software) para o gerenciamento de ocorrências
2.6 ANÁLISE DAS REGIÕES GEOGRÁFICAS
2.7 ANÁLISE SWOT DAS POLÍCIAS MILITARES AMBIENTAIS
3
FISCALIZAÇÃO