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O Advogado do Cartel
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O Advogado do Cartel
E-book303 páginas6 horas

O Advogado do Cartel

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Sobre este e-book

Dr. Jason White e Ricky Gold, um ex-professor e um advogado de defesa da cidade de Nova York, encontram-se na lista negra das suas respectivas profissões depois que Jason tem a posse negada e Ricky é expulso da ordem.


O desespero leva ambos a começarem a trabalhar como consultores para um novo cartel mexicano. Rapidamente, suas habilidades acadêmicas ajudam o cartel a ganhar milhões de dólares e a organização criminosa expande suas operações e revoluciona a forma como os negócios são conduzidos no submundo do crime através de dados científicos.


Enquanto isso, o agente da Agência de Combate às Drogas Pedro Gómez tenta derrubar o cartel e os seus associados. Quando descobre que White e Gold podem estar envolvidos com os criminosos, ele começa a investigar seus negócios a fundo. Com a rede se fechando ao seu redor, o quão longe eles estarão dispostos a ir para sobreviver?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2022
ISBN4867476706
O Advogado do Cartel

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    O Advogado do Cartel - Jonathan D. Rosen

    1

    Ouvi os portões da prisão se fecharem bruscamente quando a van do Departamento de Correções entrou na prisão federal de segurança máxima de Nova Jersey. O lugar parecia como os portões do inferno. A prisão tinha um muro manchado que separava um mundo de predadores da liberdade. Em todos os quatro cantos da prisão, guardas com rifles observavam o complexo de cima. Uma placa possuía a seguinte afirmação em negrito: Sem avisos nesse pátio. O novo diretor havia dado permissão aos oficiais para atirar se alguém tentasse escapar ou se uma briga começasse.

    A van da prisão atravessou os portões e o motorista gritou, Calem a boca e permaneçam quietos. Eu desci vestindo meu macacão laranja. As algemas começaram a apertar e as correntes ao redor da minha cintura fizeram barulho, quando dei meu primeiro passo para fora da van. Como diabos terminei aqui como um interno? Eu pensei. Infelizmente, essa não era a minha primeira vez nessa prisão infernal. Na minha vida passada, visitei muitos clientes aqui, que estavam presos sob acusações federais de tráfico de drogas.

    Dois oficiais penitenciários acima do peso saíram para receber os recém-chegados. Certo, rapazes, bem-vindos à casa grande, proclamou um dos guardas. Essa não era uma prisão do colarinho branco onde banqueiros de Wall Street jogavam tênis e serviam sentenças no clube fed. Essa era uma prisão de segurança máxima.

    O outro guarda gritou sobre nossas cabeças, Escutem aqui, internos! Como o oficial Smith falou, nós não toleramos nenhuma idiotice. Vamos nos referir a vocês como internos e qualquer que seja o seu sobrenome. Vocês irão responder sim, senhor, ou sim, senhora. Não é nada difícil.

    Os novos internos da van continuaram para o processo de admissão. Um oficial gritou, Senhores, tirem seus macacões. Vamos checar vocês para contrabando. Se algum de vocês foi estúpido o suficiente para trazer escondido drogas ou armas para dentro dessa prisão, vamos descobrir. Depois do banho, coloquem seus macacões. Nós mandamos aqui, então não tentem nenhuma gracinha.

    O diretor da prisão, o Sr. Humphrey Brown, administrava o sistema prisional do Texas há três décadas. Antes de se tornar diretor, ele havia sido xerife em Amarillo, no Texas. O Sr. Brown, um homem pançudo de um metro e setenta de altura, acreditava que prisões deveriam ser projetadas para punir, e não reabilitar os infratores. O diretor Brown, com os seus chapéus de cowboy, esporas e fivela, havia deixado os confortos do oeste do Texas e se mudado para Newark, a cidade dos tijolos de Nova Jersey. Esse trabalho veio com um grande aumento de salário já que poucas pessoas queriam ser o diretor da prisão mais perigosa de Newark. O governador precisava de alguém para entrar nesse pesadelo de sistema penitenciário e sacudi-lo de cabeça para baixo. Nos últimos quinze meses, a prisão havia passado por três rebeliões e dez esfaqueamentos, incluindo um envolvendo um oficial. O clamor da mídia levou o governador a demitir o último diretor e mais quinze oficiais, que haviam se envolvido em uma série de escândalos, desde tráfico de drogas para dentro da prisão até deixar membros de gangues rivais brigarem nas celas em disputas de territórios das ruas.

    Enquanto tirava minhas roupas, tomava banho e colocava o novo macacão, um oficial de admissão perguntou se eu pensava em fazer mal a mim mesmo: Você quer se machucar? Tem estado triste ultimamente?.

    Eu queria responder, Estou vindo servir vinte e cinco anos em uma prisão federal. É, eu estou depressivo, seu idiota.

    Outro oficial veterano me reconheceu e disse, Ricky Gold. Ei, irmão. Imagina ver você desse lado da lei. Eu acho que representar canalhas e traficantes de drogas durante todos esses anos finalmente pegou você.

    Bom ver você também, oficial, eu respondi.

    O oficial respondeu, Oficial Joseph, seu imbecil, você não lê os jornais. O bonitão Ricky Gold aqui foi pego com algum cartel mexicano e trabalhou para alguns membros de gangue. Ele costumava ser um rebelde na corte.

    Bem-vindo ao inferno, Ricky bonitão. Essa não é uma prisão do colarinho branco, filho. Não estamos bancando babás dos banqueiros de Wall Street aqui, respondeu o oficial Joseph.

    Fui mandado para uma cela no bloco leste. O oficial jogou um lençol e um travesseiro.

    Interno Gold! Fique calado e me siga. Vou levá-lo até a sua cela.

    Se você nunca esteve dentro de uma prisão antes – bom para você – existe um cheiro constante de desinfetante, já que os internos estão sempre limpando. Prisões são barulhentas do momento no qual você entra e ouve as pesadas portas de metal se fechando atrás de você. O barulho pode ser esmagador. A ideia de ter que lidar com isso durante anos me deixou nervoso.

    Meus anos como advogado criminal me ensinaram que o sistema penitenciário nos Estados Unidos evoluiu com o passar do tempo. Richard Nixon lançou a guerra contra as drogas dos E.U.A em 1971 e Ronald Reagan implementou a fase moderna da guerra contra as drogas durante os anos oitenta. O presidente Bill Clinton sancionou a Lei do Crime de 1994 com o seu famoso discurso três chances e você está fora. Pessoas que cometessem três crimes receberiam um mínimo obrigatório de vinte e cinco anos, podendo chegar à prisão perpétua. A guerra contra as drogas resultou em um aumento da população carcerária. Hoje, existem mais de dois milhões de pessoas na cadeia ou na prisão. Os Estados Unidos prendem mais pessoas do que qualquer outro país no mundo. Nós prendemos mais pessoas do que a China, Rússia e até mesmo a África do Sul no auge do apartheid. Viciados em drogas de baixo escalão enchem o sistema penitenciário, o que custa aos pagadores de impostos por volta de oito bilhões de dólares por ano.

    A prisão federal em Newark, entretanto, não era uma prisão na qual as pessoas serviam pena por posse de drogas ou por passarem cheques sem fundo. Essa era uma prisão de segurança máxima, com dúzias de líderes do alto escalão de cartéis que foram extraditados do México para os Estados Unidos. O interno mais famoso, o filho de Joaquín Cabrera, o antigo líder do cartel de Sinaloa, foi condenado por traficar mais de três milhões de dólares em drogas entre o México e os Estados Unidos. Os promotores de justiça nunca conseguiam condená-lo pelos assassinatos que cometia porque ninguém nunca queria testemunhar. Entretanto, a Agência Norte-Americana Antidrogas, a agência federal responsável por combater o tráfico, cooperou com o governo mexicano e ajudou os promotores a construírem um caso de sucesso contra um dos filhos do traficante de drogas mais poderoso do mundo.

    Esse é o mundo no qual eu entrei. Um mundo com o qual me familiarizei trabalhando como advogado de defesa. Enquanto percorria o longo corredor, os internos batiam nas grades e gritavam, Bem-vindo ao inferno, bonitão. Eu vou ser o seu pior pesadelo.

    Outro interno assobiou e gritou, É melhor você ficar esperto aqui, cara. Mal posso esperar pra ver você no pátio. É melhor começar a fazer algumas flexões. Tenha cuidado quando levantar pesos, cara. Eu vou te pegar, bonitão.

    Eu não olhei para eles ou respondi. Prisões são como um parquinho para os predadores. Os fracos viram alimento dos lobos e os internos farejam o medo. Amigos, esposas e outros familiares podem mandar dinheiro para os internos para a loja da cantina. Os internos mais fortes extorquem os mais fracos pelo dinheiro para comprarem doces, noodles e outros lanches na loja da prisão. O dinheiro também pode ser usado para comprar drogas.

    As pessoas no lado de fora acreditam que prisões servem como um lugar no qual os internos podem ser reabilitados. Alguém pode achar que os internos passando por um detox de drogas terão vários anos para superar o vício através de sessões de aconselhamento e de aulas sobre abuso de substâncias. Essa prisão, assim como várias outras nos Estados Unidos, era conhecida como um epicentro para drogas e crime. Você pode conseguir qualquer droga que quiser se estiver disposto a pagar o preço. Os internos têm uma coisa sobrando nas mãos: tempo. Tempo sem fim.

    A prisão de segurança máxima de Newark trouxe agentes federais para fazer a limpa depois que várias rebeliões violentas deixaram quatro internos mortos e dúzias feridos. As autoridades começaram a vasculhar as celas e aparentemente encontraram pilhas de facas caseiras, conhecidas como bicudas. Os internos podem fazer uma bicuda com qualquer coisa, de escovas de dente até as hastes da ventilação.

    Enquanto andava pelos corredores da prisão, tentei não demonstrar medo, mas meu coração desceu para o estômago. Eu pensei, Como terminei nesse lugar? Por que não fui mais esperto?

    Continuamos andando até que chegamos à minha nova casa. O guarda gritou, Pare. Aqui está, interno. Aproveite.

    Os portões da cela se abriram e o oficial começou a se afastar. Um homem forte, escondido nas sombras, sorriu. Ele tinha por volta de um metro e oitenta de altura, e oitenta e três quilos de puro músculo. Estava sem camisa. Tinha a frase El Payaso, que significa O Palhaço em espanhol, tatuada acima do umbigo em grandes letras verdes. As letras M e S estavam tatuadas em cada um dos seus peitorais.

    Como vai Ricky? Engraçado encontrar você aqui, disse El Payaso, cujo nome verdadeiro é Juan Cruz.

    Ei, cara. É ótimo ver você. Bom, não é ótimo ver você nesse inferno. Felizmente, os guardas e as autoridades da prisão são burros demais para perceber que a gente se conhece.

    Eu havia representado Juan Cruz em várias acusações na minha antiga vida como advogado. Cruz veio de um passado difícil e era um grande nome nas ruas para a gangue conhecida como Mara Salvatrucha, ou MS-13. As autoridades nunca conseguiram pegá-lo com nenhuma acusação séria, porque as testemunhas não queriam contrariar o Palhaço, que havia matado várias pessoas e se tornado um especialista em extorsão. A Agência Antidrogas se envolveu e ajudou autoridades locais a construírem um caso contra ele. Os três casos anteriores não foram adiante porque o Palhaço ameaçou matar todas as testemunhas e suas famílias se testemunhassem contra ele. Ele traficava cocaína, metanfetamina e maconha, entre os diferentes bairros de Nova Jersey e Nova York. Os promotores federais finalmente o pegaram por tráfico de drogas e extorsão. O juiz o sentenciou a cinco anos na prisão federal.

    Nós nos safamos por muitos anos, meu amigo, eu disse a Juan. Engraçado que acabamos juntos na mesma cela. Eu nunca canso de me surpreender como as autoridades são idiotas. Eles nunca pensariam que você, e um gringo como eu, nos conhecíamos do lado de fora.

    Juan sorriu. É, cara. Tudo que esses oficiais fazem aqui é servir suas oito horas e sair pelo portão. Eles são tão preguiçosos, é inacreditável. Não espere que eles ajudem você.

    Como vai a família?

    Você sabe. Tem sido difícil.

    É, eu posso imaginar. Temos muito tempo aqui para colocar tudo em dia. Eu não vou a lugar nenhum tão cedo.

    Tô sabendo, irmão. Olha, eu vou tomar conta de você nesse lugar. Obviamente, não podemos nos associar fora da cela.

    Juan não podia se associar comigo atrás das grades devido ao código racial não-verbal. Racismo é muito pior dentro do que fora do sistema prisional. As prisões nos Estados Unidos são divididas por linhas raciais. Os afro-americanos andam com os afro-americanos, brancos com brancos, e hispânicos ou latinos com o seu próprio grupo. Os prisioneiros podem ficar no pátio, um espaço aberto com quadras de basquete, pista de corrida e pesos. Os internos se mantêm separados nele, que vira um grande campo de batalha para as gangues.

    Mesmo se os próprios prisioneiros não são racistas, eles seguem o código não-verbal sobre o que os internos devem fazer e com quem eles devem falar. Já que as prisões são cheias de predadores, um erro, mesmo algo pequeno como aceitar comida de um interno de cor diferente, pode resultar em uma briga ou até mesmo em morte.

    Siga o código, Juan me disse. Nunca quebre o código.

    A prisão é o único lugar no mundo onde você pode ver homens de quarenta ou cinquenta anos entrando em uma gangue por proteção. Vários estudos de acadêmicos mostram que existe uma relação entre idade e crime. Gangues são um fenômeno da juventude no lado de fora. Nos Estados Unidos, a maioria das pessoas supera a vida de gangue e deixa isso para trás na vida adulta. Já na prisão, existe poder nos números, forçando as pessoas, mesmo homens de meia-idade, a se unir em busca de proteção.

    "Quantos caras se passando por advogado têm nesse lugar? Você vai ser o único advogado de verdade aqui dentro. Ya sabes lo que la gente dice: ‘En tierra de ciegos, el tuerto es rey.’" ¹ Juan riu.

    Fico feliz em saber que três anos de escola de Direito não foram uma completa perda de tempo. Sabe às vezes eu penso, eu disse, sorrindo. Eu realmente preciso pagar minhas multas.

    Na prisão, todo mundo se esforça para fazer um dinheiro extra. Se você quer drogas, precisa trocar objetos ou serviços por elas. Embora pistolas de tatuagem sejam ilegais atrás das grades, toda cadeia tem seu próprio tatuador. Alguns são melhores do que outros. Dado quantas pessoas estão apelando seus casos, sempre existe um interno que pode servir como conselheiro e cobrar honorários por representação legal. Um advogado de cadeia pode ajudar os internos, que não têm advogados no lado de fora, a dar entrada em apelações e escrever cartas para diferentes organizações pedindo por conselhos legais.

    As pessoas no lado de fora facilmente esquecem que alguém sentenciado à prisão precisa pagar restituição e outras multas do tribunal. Eu me envolvi nos crimes que cometi porque precisava de dinheiro. Agora preciso pagar seiscentos mil dólares ao Estado. Como você espera que eu faça isso enquanto estou encarcerado, possivelmente pelo resto da minha vida? Portanto, não é surpresa que as pessoas revertam às habilidades que adquiriram nas ruas para batalhar e fazer dinheiro atrás das grades.

    Hora de me acomodar, eu pensei.

    Esse será um longo caminho. Comecei a arrumar as coisas na minha nova casa, que tinha uma privada e duas camas, uma em cima da outra. Realmente, bem-vindo ao inferno.

    1 N.T. Você sabe o que as pessoas dizem. Em terra de cego, quem tem um olho é rei.

    2

    Eu cresci em Carle Place, no estado de Nova York, que fica a cerca de quarenta minutos da cidade de Nova York. Meu pai costumava me dizer que era apenas uma rápida viagem de trem de quarenta e um minutos da cidade, quando ele queria que eu fosse visitá-lo. Os nova iorquinos a chamam de a cidade, como se só existisse uma cidade no país inteiro. Qualquer nova iorquino dirá que NYC é a melhor cidade do mundo. O orgulho deles pode irritar pessoas de partes diferentes do país.

    Meu pai, Peter, cresceu no Brooklyn. Meus pais se mudaram da Polônia e chegaram a Nova York para escapar da Segunda Guerra Mundial. Meu velho trabalhou duro e tentou prover o melhor que podia para a sua família. Ele trabalhou como gerente para um grupo de neurocirurgiões. Quando meu pai era criança, sua mãe ficou doente e ele deixou a faculdade para trabalhar no negócio da família. Sua mãe morreu de câncer, com cinquenta e poucos anos, o levando a cair na depressão e começar a beber.

    Eventualmente, meu pai conseguiu ajuda e parou de beber depois de um período na reabilitação. Ele continuou a trabalhar no negócio da família e terminou a graduação em Finanças tendo aulas durante a noite na Universidade de Long Island. Depois de quase uma década, ele ganhou seu diploma de bacharel em finanças e completou um MBA em negócios, destinado a profissionais do mercado.

    O terapeuta do meu pai disse que talvez fosse saudável deixar o negócio da família, uma vez que ele tinha um relacionamento tóxico com o seu próprio pai. Meu pai sempre me disse, Meu velho era difícil. E você tem sorte de eu ser muito mais mole.

    Meu avô cresceu durante a Grande Depressão e sempre teve medo de perder tudo. Ele nunca gastava um centavo com nada. Na verdade, ele viveu na mesma casa por quase seis décadas e salvou cada dólar que tinha.

    Meu pai começou a administrar o escritório de um médico e as coisas estavam dando certo para ele, até que a minha mãe ficou doente. Minha mãe teve um AVC e precisava de cuidados vinte e quatro horas por dia. Embora meu pai tivesse um plano de saúde decente, os cuidados médicos domiciliares quase o levaram a falência. Ele não conseguia lidar com o stress e entrou em depressão depois de ver minha mãe sofrendo tanto. Começou a beber novamente. Tentamos convencê-lo a voltar para a reabilitação, mas ele disse que não podia pagar.

    Meu pai entrou no carro, em uma tarde de domingo, depois de tomar algumas cervejas a mais no bar perto de casa enquanto assistia os New York Giants jogarem. A polícia o prendeu por dirigir embriagado. Ele passou a noite na cadeia já que não tínhamos dinheiro para a fiança.

    Meu pai perdeu o emprego após a prisão. Ele me contou essa história várias vezes e insistiu que eu nunca bebesse e dirigisse.

    Meu patrão disse que precisava me demitir porque as minhas ações refletiam negativamente para o escritório. Por sorte, eu não matei ninguém, mas perdi tudo. Um erro, filho. Aquilo acabou com ele. Um erro, ele repetiu. Um erro e eu perdi tudo. Quem vai me contratar agora que tenho ficha na polícia? Sou um homem de meia-idade com um MBA e uma foto bonita nos arquivos da polícia.

    Depois de procurar emprego por semanas sem sucesso, meu pai caiu em uma depressão profunda e não saía mais de casa. Ele finalmente encontrou emprego como gerente de um restaurante local. O salário era baixo e o stress do trabalho fez com que ele ganhasse vinte quilos.

    Quando chegou a hora de eu ir para faculdade, meu pai dependia de mim para tomar conta da família. Como estudante, eu tinha o sonho de ir para a faculdade na Califórnia. Eu nunca havia estado no Oeste e queria experimentar algo diferente. Devido às circunstâncias da minha família, fiquei mais perto de casa e fui para a Universidade de Hofstra, uma faculdade privada a apenas alguns quilômetros de onde eu cresci. Também fui para Hofstra porque ganhei uma bolsa de setenta e cinco por cento.

    Eu queria estudar Literatura Inglesa. No verão, eu lia quatro ou cinco livros por semana quando criança. A literatura me proporcionou um caminho para escapar da realidade da minha vida. Quando bebia, meu pai podia se tornar abusivo. Ele me bateu em várias ocasiões, me deu até mesmo um olho roxo. Depois ele se desculpava, dizendo, Desculpe, filho. Não consigo controlar meu temperamento quando bebo. Por mais que as coisas fossem ruins, eu sempre podia correr e escapar para outro país ou universo através dos meus livros.

    Eu achei que talvez poderia me tornar um escritor. Meu pai destruiu meus planos rapidamente.

    Garoto, você não vai se tornar o próximo grande novelista. Tire a sua cabeça das nuvens. É como dizer que você vai jogar na NBA. Olha onde a gente vive. Olhe para a sua vida.

    Mas uma graduação em inglês vai me ensinar como escrever. Todo empregador precisa ter alguém que sabe como pensar, ler e escrever.

    Não seja um espertalhão, filho. Ler e escrever livros são um hobby. Nós não somos da realeza. Você não pode ficar sentado e viver da fortuna da família. Por quê? Porque você não tem uma, gritou ele.

    Tudo bem, pai, eu resmunguei. O que você quer que eu estude?

    Olha garoto, vire um médico ou algum tipo de profissional. Algo com o qual você possa ganhar dinheiro e sustentar a sua família. Nós estamos com problemas, eu não posso pagar para você se tornar um escritor faminto. Você vai acabar trabalhando na cafeteria do bairro.

    Eu nunca fui bom em ciências. Odiava estudar química e física no colégio.

    Eu racionalizei o que o meu pai me disse e decidi me formar em Negócios e ter aulas eletivas em inglês. Achei que uma graduação em negócios me ensinaria habilidades que me ajudariam a conseguir um emprego. É muito difícil se tornar escritor. Ler e escrever seriam apenas um hobby.

    Na Hofstra eu me inscrevi em um curso de Direito em Negócios. Nunca vou esquecer meu professor, Mark Burns. Ele tinha um sotaque nova iorquino forte e contava histórias sobre seu tempo trabalhando como advogado corporativo em Nova

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