Crimes em Agatha
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Sobre este e-book
Uma antologia com contos livremente inspirados no poema contido no livro “E não sobrou nenhum”, da autora Agatha Christie, que torna este livro uma espécie de homenagem a maior escritora de suspense. Com contos diversificando entre o mistério, drama e até o thriller, um total de 20 escritores nacionais e independentes nos oferecem, cada qual, um conto que em nada se relacionam... Opa! Eu disse em nada? Perdão, engano meu! Todos os contos trazem a “Agatha”. “Agatha” quem? Ou seria “Agatha” o que? Isso é respondido nesta antologia! Em cada conto, o leitor se deliciará com contos curtos, ou mais longos, com histórias envolventes, ou intrigantes, uma boa pedida para quem quer conhecer novos escritores, mas sem deixar de mão uma singela homenagem a uma das maiores escritoras que o mundo já leu. Mesmo o projeto sendo totalmente independente, gostaríamos que o leitor entendesse o trabalho realizado por cada autor iniciante, ou não, em se aventurar no gênero e, principalmente, mostrar a sua visão artística sobre o tema sugerido. Desse modo, este se torna mais um projeto único, organizado por Donnefar Skedar e publicado pelo selo independente da Elemental Editoração.
Donnefar Skedar
Nascido na cidade de Santo André – São Paulo, Donnefar Skedar ou Jay Olce publica na internet desde 2009, criador do selo Elemental Editoração pelo qual realiza suas publicações. Atualmente o autor possui 11 livros publicados, dos quais 4 são coletâneas, o mesmo ainda possui diversos contos publicados em formato digital dos quais não fazem parte das coletâneas. Seus livros estão disponíveis de forma internacional, alguns títulos receberam traduções para os idiomas, Inglês, Espanhol, Francês e Italiano, como o livro Dirty Vampires – Revelações, que foi lançado em quatro idiomas. Seu mais recente trabalho é o livro “IV” publicado em 2018.
Leia mais títulos de Donnefar Skedar
Poemas ao fim do dia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDirty Vampires Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNotas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSem Era Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDéjà Vu Nota: 0 de 5 estrelas0 notascoleção Horror Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnima Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRaios de Positividade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaminhos Mágicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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Crimes em Agatha - Donnefar Skedar
Ficha do Livro
Título Original: Crimes em Agatha
Copyright © 2020 Elemental Editoração
Copyright © desta edição: Elemental Editoração, 2020
Organizada por: Donnefar Skedar
Capa: Fernando Lima
Revisão de texto no e Prefácio e Posfácio: Revisão & Etc
Imagens e Vetores: Freepik
ISBN: 9780463045619
Editor: Smashwords, Inc.
Diagramação e Edição: Elemental Editoração
Seloee.weebly.com
1. Ficção 2. Nacional 3. Português 4. Aventura
1. Título 2. Livro Digital
Todos os direitos desta obra se reservam somente ao autor, qualquer forma de reprodução não autorizada por expresso pelo autor, será considerada crime conforme previsto na lei dos direitos autorais.
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998
Índice
Ficha do Livro
Prefácio
...E a Morte se Hospedou em Agatha
As Correspondências do Lorde Negro
Melissa
Mistério do Andar 17
Morte na Joalheria Agatha
O Cabo do Machado
O Corcel Negro
O Novo Mundo
O Sanatório Agatha
Os Dez Visitantes
Os Olhos Tristes de Lucélia Williams
Um Doce para Ceci
Vindima da Morte
Posfácio
Prefácio
Enquanto avaliava os contos para essa antologia, só conseguia pensar no que me falaram sobre os livros de Agatha Christie:
— Os livros dela são bons, mas os nomes dos personagens são difíceis e as palavras, por diversas vezes, necessitam ser verificadas em um dicionário.
Claro que sorri ao ler tais comentários, mas acabei lembrando do detalhe mais importante: não se trata de Agatha Christie, mas sim, do mundo que ela nos mostrou, o atualmente chamado de thriller. Sim, o bom e velho suspense.
Então fui lendo, e em alguns casos relendo, e pude chegar à conclusão de que sim, muitos ainda não têm o domínio sobre o gênero, mas em todos pude ter certeza de que sabem o que estão fazendo.
Alguns contos não foram selecionados por um motivo diferente, não eram ruins, mas não serviam para o que o projeto representa.
Os que ficaram, sim, estes não são o que o edital pediu, mas sim o que esperava que cada escritor mostrasse: a sua própria arte sem que fosse forçado o lado que já existe.
Em cada título que aqui será lido, é possível admirar a forma que cada autor transferiu para o conto o que aprendeu com as leituras oferecidas pelos livros da Agatha Christie. A homenagem, então, se dá a cada um ter criado o seu conto, mas com uma única visão, que foi o poema contido no livro E não sobrou nenhum
, da própria autora.
Ao leitor, é preciso ignorar o que foi comentado anteriormente sobre os nomes e palavras difíceis
, mas ao encontrá-las, lembre-se de que isso enriquecerá não só o seu vocabulário, mas também a sua sede por este gênero em especifico.
Fico por aqui deixando vinte casos com diversos mistérios e cabe a você leitor, julgar o que os Crimes em Agatha lhes representam.
Boa leitura.
Donnefar Skedar,
Organizador.
João Wilson Freitas da Silva
João Wilson Freitas da Silva nasceu em São Paulo–SP, em maio/1956, e graduou-se em Direito pela Universidade de São Paulo — USP. É técnico judiciário no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Nos 16 anos em que trabalhou no extinto Banco do Estado de São Paulo — Banespa participou de cursos e oficinas de teatro amador e de literatura. Crimes em Agatha
é o primeiro concurso de que participa.
...E a Morte se Hospedou em Agatha
O vento forte baixou sobre as árvores fazendo-as bailar ao som do zunido que anos antes teria assustado Cecília. Ela não era mais uma criança, pensou, e, acionando o mecanismo de fechamento da janela do táxi, sorriu ao se lembrar dos tempos não tão distantes de sua adolescência.
— Ainda bem que tirou o rosto da janela, Cecília – disse o homem sisudo e corpulento sentado na outra ponta do banco traseiro do carro —, com esse frio você poderia pegar um resfriado e sua tia seria bem capaz de me culpar por isso.
Cecília continuou em silêncio. Tio Deodato era um bom homem, mas ambos não tinham muito o que conversar. Com a diferença de idade e a falta de maior envolvimento de um com o outro ao longo dos últimos seis anos, ficava patente a falta de afinidade entre eles, porém sem antipatias.
Anoiteceu rapidamente. Cecília olhou para fora, para o alto. Já era possível ver a super-lua que se arredondava, gigantesca como nunca, banhando a estrada de terra de intensa luz prateada. Lua azul ou lua de sangue? Olho de Deus
, diria tia Edna. Deodato comentou com o motorista que tal luar dispensaria o acendimento dos faróis do automóvel, que chacoalhava ao transpor o terreno acidentado e estreito, cercado de mata fechada.
— Essa lua é sinal de que não chove, mesmo com toda essa ventania, seu
Deodato. Seria péssimo rodar por aqui, em estrada de barro encharcado...
O táxi alcançou enorme portão situado no meio de muro também muito alto. Deodato desembarcou, apertando o botão de campainha instalado à direita daquela entrada, a qual fazia a curiosidade de Cecília aguçar-se. Cães começaram a latir, ao longe. Logo já estavam próximos do portão, agitados, tendo atrás deles um homem magro, de estatura mediana, que, atravessando o jardim a manejar desajeitadamente um chaveiro, aproximou-se e, depois de tentar inutilmente três chaves diferentes, aos resmungos, conseguiu destrancar a passagem, quando só então Cecília desceu do automóvel. Retiradas as malas, o homem chamou os cachorros avisando que eram mansos, e ajudou Deodato a pegar a bagagem. Cecília manteve à mão sua frasqueira e agradou um dos animais que faziam verdadeira e bulhenta festa, como se lhes fossem servir deliciosa ração. Cecília preferiu acreditar que eles simpatizaram com os recém-chegados e estavam dando as boas-vindas. Cães veem a alma das pessoas!
– mais uma da tia Edna. Cercados pela matilha, em que Cecília contou sete cães, os três humanos andaram por um caminho de pares de pedras colocadas simetricamente no rumo de um velho casarão de dois andares, tendo à frente uma larga varanda, com cerca coberta de trepadeiras e acessível por pequena escada de quatro degraus, na qual Deodato tropeçou como sinal de cansaço. O vento ainda uivava, as plantas se agitavam. Uma mulher gorda, usando longo avental, veio cumprimentá-los. Sorridente, apresentou-se, ao contrário do que fizera o atrapalhado homem do molho de chaves:
— Sou a Zulmira. Rui e eu somos os donos desta pensão. Mas entrem, está muito frio!
Duas mesas pequenas, com vasos contendo miniaturas de buquês de flores artificiais, e várias cadeiras preenchiam a varanda. No chão, ao lado esquerdo da porta que dava acesso ao interior da casa, uma placa um tanto desgastada trazia escrito: Pensão Agatha
, e no espaço abaixo, em letras menores, Um plácido lugar
.
Reparando que os visitantes voltavam os olhos para a placa, Zulmira, sempre sorrindo, esclareceu que na semana anterior houvera forte tempestade e o letreiro, antes encimando o portão, caíra estrepitosamente. Empurrando a porta, Zulmira acendeu a luz da sala. Todos entraram. A sala, na verdade, era formada por um vestíbulo, que fazia as vezes de recepção da pensão, e, em seguida, por dois salões, um com três poltronas cheias de almofadas, algumas banquetas, cadeiras e uma televisão, então desligada. O outro, com uma imensa mesa retangular cercada por doze cadeiras, tinha à esquerda uma cristaleira e à direita um móvel que fazia as vezes de barzinho. Mais adiante, um corredor penetrava o casarão levando a um banheiro e, adiante, à cozinha. Da cozinha abria-se outra porta para o quintal, um imenso quintal. Quadros de paisagens em quase todas as paredes. Mas um, no primeiro salão, chamou a atenção de Cecília em especial. Havia nele, sim, uma paisagem de fundo, mas, à frente, destacava-se uma mulher de pé, quase de perfil, vestida ao estilo greco-romano, túnica esvoaçante, de negros cabelos presos, com uma tiara de flores na cabeça, olhando na direção do observador com uma expressão sarcástica e dura. Seu sorriso apertava-se numa aparentemente forçada, mal concluída e contraditória expansão dos lábios, traduzindo nítida raiva. A mão esquerda apontava o observador do quadro e a outra, um pouco abaixada, apertava três rosas contra a cintura. A mão, penetrada pelos espinhos, sangrava, manchando a túnica. Cecília, com permissão de Zulmira, aproximou-se e pensou em voz alta: que quadro bonito, mas estranho!
Enquanto Deodato e Rui levavam as malas para o andar de cima, Zulmira aproximou-se de Cecília, explicando:
— O título desse quadro é Ira
, está escrito atrás. O pintor, já falecido também, foi o pai de um dos nossos hóspedes de hoje. E essa pintura já estava aqui quando me casei e mudei para esta casa. O Rui não deixou que tirássemos da parede, pois a modelo do quadro foi minha sogra.