Estoque no Sped fiscal: Manual do escritório contábil - desvendando os mistérios dos Blocos K e H.
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Sobre este e-book
Atender às exigências estabelecidas pelo governo para combater a sonegação de impostos é fundamental. As multas para empresas que deixam de cumprir obrigações como Bloco H e Bloco K são altas, e a culpa, em geral, recai sobre os contadores, que em muitos casos podem perder clientes e ter sua reputação afetada no mercado. O grande nó da questão é que a maioria dos pequenos negócios não está preparada para apresentar o que o governo lhe solicita. Por isso, neste livro, você – contador, funcionário, empresário e cliente de um escritório contábil – vai aprender a cumprir essas obrigações de forma segura, evitando multas, contratempos e problemas com o governo.
Antonio Sérgio de Oliveira é contador, administrador de empresas e pós-graduado em Gestão Pública. Atua na área fiscal há mais de 30 anos, tendo sido fiscal do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP) e consultor de ICMS/IPI na IOB. É professor no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont), no Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon), no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e na Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon). Leciona na pós-graduação da Faculdade Trevisan e do Senac, ministra palestras no CRC-SP, Sindcont e Sescon, além de realizar palestras e treinamentos para clientes de escritórios contábeis.
É o coordenador do site tributarioexpert.com.br e criador da metodologia MEP 4C.
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Pré-visualização do livro
Estoque no Sped fiscal - Antonio Sérgio de Oliveira
Módulo 1
Introdução
Visando aperfeiçoar a fiscalização sobre as empresas, o governo criou uma nova obrigação, denominada Bloco K. Antes disso, ao instaurar a obrigação chamada Sped Fiscal para fiscalizar o estoque das empresas, o fisco já havia estabelecido outra: o Bloco H. Com essa nova medida, o governo espera colocar fim à sonegação de impostos por parte de indústrias e demais empresas brasileiras. Trata-se de um registro para controlar a movimentação dos materiais na produção e no estoque de uma empresa.
Antigamente, as informações fiscais que o governo precisava eram registradas em livros manuais, mas a modernidade fez com que o governo passasse a exigir tudo em um formato eletrônico, assim fica muito mais fácil fiscalizar. Essa medida já deveria ter sido adotada há mais tempo, mas o governo, por diversas vezes, prorrogou a data da exigência da apresentação do Bloco K (também conhecido como Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque – Modelo 3). Entretanto, desde 2017, iniciou-se a implantação definida em um calendário onde as empresas foram entrando gradativamente, conforme veremos no decorrer do livro.
Hoje, podemos dizer que o Bloco K já é uma realidade para as empresas. Nossa cultura empresarial acostumou-se durante muito tempo a contar com sucessivas prorrogações de obrigações acessórias seja pelo fato de os contribuintes não estarem preparados, seja pelo fato de o próprio governo estar despreparado também. Mas, a partir de agora, a exigência está colocada e não nos resta alternativa a não ser cumpri-la ou nos sujeitarmos às multas.
O grande nó da questão é que a maioria das pequenas indústrias não está preparada para apresentar aquilo que o governo está pedindo e as multas não são pequenas. O meu objetivo é ajudar você, contador, funcionário, empresário e cliente de um escritório contábil a entender e a cumprir essa nova obrigação de forma segura, evitando multas, contratempos e problemas com o governo.
Vem comigo!
Gravidez não planejada:
de repente, nasce uma empresa
Grande parte das pequenas empresas no Brasil nasce sem um planejamento adequado, assim como uma gravidez não planejada. De repente, meio sem saber como, o indivíduo se vê na cadeira de empresário. Assim como na gravidez não planejada, na criação de muitas empresas, os cuidados necessários também não foram tomados e o planejamento necessário não foi realizado.
A empresa é montada, começa a funcionar e seja o que Deus quiser. Algumas sobrevivem. Muitas não resistem e acabam fazendo parte da triste estatística de mortalidade empresarial. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada no Valor Econômico, em 2017, quase 60% das pequenas empresas fecham suas portas nos cinco primeiros anos de existência.
Recentemente, em um evento na cidade de Salvador, onde fui palestrar sobre o Bloco K, ouvi do professor Gilberto Cunha, palestrante do mesmo evento, uma definição precisa sobre a situação de muitas pequenas empresas que nascem sem planejamento: Toda empresa nasce de um bom vendedor ou de um bom técnico
. É exatamente essa a condição de nascimento de muitas empresas que são formadas a partir de funcionários de sucesso que resolvem empreender. Mas ser um bom vendedor não garante um bom empresário.
No meu entendimento, ser empresário é uma profissão assim como um advogado, um contador, um médico, um engenheiro, um torneiro mecânico. Deveria ser exigido, para abrir uma empresa, que o candidato ou candidata a empreender possuísse uma formação necessária mínima para administrar uma empresa. O desconhecimento da realidade administrativa e burocrática da atividade empresarial leva a conflitos constantes entre o escritório contábil e o cliente.
Empresário versus contador: falta de sintonia
Em minha rotina de trabalho diário junto aos escritórios de contabilidade e seus clientes, vivencio com frequência as reclamações de ambos os lados, contadores e empresários, acerca da difícil relação e da falta de compreensão da parte contrária: os empresários reclamam dos contadores; e os contadores reclamam dos empresários.
Os contadores precisam de informações para trabalhar, e os empresários, muitas vezes, não possuem os controles internos adequados para atender às solicitações dos contadores, as quais nem são exatamente dos contadores, mas sim do governo.
Um dos meus objetivos com este livro é unir essas duas partes, diminuindo o ruído na comunicação entre empresário e contador.
Kinder® Ovo compulsório
Quando se pensa em criar uma empresa, uma das perguntas que se deve fazer é: terei sócios ou criarei minha empresa sozinho? Sócio é a pessoa escolhida por quem vai empreender para dividir as tarefas, os gastos e os benefícios da empresa. Ter um sócio ou sócia é uma opção, é alguém escolhido de livre e espontânea vontade, é alguém com quem vamos dividir os lucros do empreendimento.
Mas um ponto importante, que geralmente não passa pela cabeça de quem vai criar uma empresa, é que a nossa legislação automaticamente inclui na sociedade um sócio que entra de bicão na empresa. Alguém não convidado, mas que vai exercer um poder imenso nas decisões, nos rumos e nos lucros do negócio. Eu costumo dizer que ao criar uma empresa o empresário ganha compulsoriamente um sócio Kinder® Ovo.
Kinder® Ovo é aquele chocolate que vem com uma surpresa dentro, adorado pelas crianças, que se divertem em descobrir o que vai aparecer. É como se o governo dissesse: Surpresa!!! Empresário, você ganhou um sócio Kinder® Ovo!!! Agora você tem que abrir pra ver o que vem dentro…
E o seu sócio é…: o governo, aquele que entra de bicão levando boa parte dos