Desenho na educação infantil
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Sobre este e-book
Neste volume da coleção, Rosa Iavelberg oferece ao leitor categorias que lançam luz sobre o desenho da criança até os 6 anos de idade, permitindo vê-lo como produção a ser analisada de forma séria. Apresenta ainda uma série de orientações didáticas sem perder de vista que os pequenos jogam e se projetam enquanto desenham.
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Desenho na educação infantil - Rosa Iavelberg
criação.
Capítulo 1
O desenho infantil e sua história
A criança pré-escolar aprende de modo mais ativo que passivo, isto é, sua interação real com o meio, o tocar, ver e manipular fazem parte do seu progresso total, estando intimamente ligados ao seu desenvolvimento cognitivo e perceptivo. Neste período a criança apresenta escasso conceito de tempo; em grande parte, o mundo, para ela, tem pouco passado ou futuro, melhor dizendo, o mundo é.¹
Os professores que conhecem o desenho infantil têm respeito pela criança e permitem que ela seja protagonista dos seus trabalhos. O desenho não é um ato que ocorre sem intervenção de fatores do meio, da própria criança e da educação. Seu ensino é regido pela formação dos professores e sua cultura se dá no âmbito de uma didática do desenho.
O interesse pelo desenho infantil e sua valorização são recentes na história do ensino; temos pouca documentação de desenhos infantis antigos, mas alguns estudiosos dessa história nos brindam com exemplos maravilhosos de um passado pouco registrado.
Conhecer a história do ensino do desenho para crianças muda nossa concepção do grafismo infantil contemporâneo. Observamos que a datação histórica não mostra apenas números que marcam o tempo, mas é acompanhada de imagens que imprimem características das concepções de criança, educação, época e sociedade onde os desenhos foram gerados.
O desenho que vamos abordar é aquele que hoje identificamos como produção artística autoral da criança. Ele não é isento de aprendizagem, da qual a criança depende para se aperfeiçoar; sua autoria não se perde quando o desenhista dialoga com desenhos de outros, sejam artistas, sejam crianças.
Na segunda metade do século XIX, passou-se a reconhecer que a criança não precisa copiar desenhos de adultos ou treinar habilidades para conseguir alcançá-los e fazê-los exatamente como são. Esse foi o modo como se orientou o ensino de desenho na escola tradicional. Na escola moderna, cuja didática do desenho visava à autoexpressão, buscou-se a defesa dos modos possíveis de manifestação da criança e das transformações nos desenhos ao longo do seu desenvolvimento.
A ideia de desenho infantil na educação moderna acompanha os estilos dos movimentos artísticos de cada época, que desde meados do século XIX, a partir do Impressionismo, do Expressionismo e de outros movimentos modernos não querem reapresentar o real nas imagens da arte.
O desenho deixa de ser o que está dentro de uma moldura, como se esta fosse uma janela por intermédio da qual se vê o mundo. É o que vemos na imagem cubista de Lasar Segall (figura 1).
Acervo do Museu Lasar Segall – IBRAM/MinC
Figura 1. Pintura de Lasar Segall: Autorretrato II (Vilna 1831-São Paulo 1957), 1919, óleo sobre tela (68 x 58,5 cm).
Hoje, prender a criança à reapresentação do real é colocá-la aquém de suas possibilidades em duplo sentido: por desconsiderar seus modos de desenhar e por afastar seus desenhos da arte como é concebida na contemporaneidade. O desenho da criança dialoga com a arte adulta, não para copiá-la, mas para dela aprender e assimilar conteúdos artísticos.
As diferenças entre o desenho infantil e o do artista adulto são indiscutíveis, mas podemos observar uma gênese que parte da infância e chega à arte adulta, podendo amadurecer continuamente. Nesse percurso, a criança se alimenta, entre outras fontes, da arte adulta a que tem acesso, que se configura como devir de seu trabalho a partir de um caminho próprio que ela mesma desenvolve. Esse caminho é de desenvolvimento e de aprendizagem do desenho, e tem a mesma natureza qualitativa em todo o percurso. O que se transforma no viver o desenho como prática autoral
são as mudanças físicas e cognitivas do crescimento da criança e a experiência do desenhista, que se articulam nesse processo até a idade adulta, quando as estruturas do pensamento alcançam a inteligência formal. Se assim for, a criação seguirá sempre com o desenhista.
Assim, o desenho que a criança faz com ela seguirá e se expandirá se ela quiser; para isso, é necessário que aqueles que são responsáveis por sua educação saibam qual é o significado, e quais são os desafios e os benefícios, do desenho infantil.
Pressupostos teóricos
Escrevemos este livro na esteira da concepção de desenho cultivado, presente em nossos textos e livros anteriores²: desde a Educação Infantil, observamos o desenho como ação criativa que é influenciada pela cultura desenhista do meio ao qual a criança pertence. Essa concepção, de modo resumido, foi construída a partir de pesquisa por nós realizada na qual investigamos as formas de aprendizagem em desenho, analisando ações e falas das crianças sobre o seu desenho e os desenhos que conhece.
O trabalho feito levou-nos à desconstrução da divisão do desenho infantil em fases que vão da garatuja ao realismo; da ideia do desenho da criança como ação espontânea e universal, igual em todos os lugares do mundo; e, sobretudo, do desenho da criança que não dialoga com o desenho de outras crianças e de adultos.
As fases do desenho infantil foram descritas e nomeadas de diferentes maneiras pelos pesquisadores, conforme resume o quadro 1.
Quadro 1. Fases do desenho infantil.³
Esse quadro foi estruturado a partir de nossa pesquisa de mestrado. Nele se podem ver, alinhadas em correspondência, as nomeações no tempo atribuídas às fases do desenho infantil por diferentes autores, e sua descrição em momentos conceituais, que elaboramos para situar em outra perspectiva a aprendizagem do desenho.
Afirmamos que, ao desenhar, a criança passa por diferentes momentos conceituais que representam a gênese das aprendizagens em desenho, construída a partir das suas experiências, tanto fora quanto dentro da escola. Essa experiência não é alienada das imagens que se veem e da educação que se recebe, e propicia à criança condições para construir ideias sobre o que é desenho, o que pode aparecer no desenho e para que serve desenhar. Evidentemente são ideias, hipóteses, que podem ser lidas nas suas ações e falas. A criança desenha regida pelo que concebe sobre desenho e, para isso, depende de interação com um meio onde o desenho é validado como ação infantil.
Ordenamos em nosso trabalho cinco momentos conceituais sucessivos e inter-relacionados – não divididos por faixa etária nem pelo desenvolvimento cognitivo –, que estão em correspondência com o que a criança pode saber e fazer sobre desenho. Nesse sentido, associamos as oportunidades educativas às possibilidades construtivas e expressivas das crianças.
Figura 2. Os cinco momentos conceituais do desenho infantil.⁴
Precisamos aqui apresentar os momentos conceituais do desenho sucintamente porque a eles nos referiremos ao longo do texto. Preferimos representá-los numa estrela de cinco pontas, em que cada ponta indica um momento. Esse formato representa melhor nossa concepção do desenho do que um quadro linear, porque afasta a ideia de degraus que se superam em fases distintas. Os momentos conceituais representam um conjunto de ações e ideias que agrupam desenhistas cujo fazer e pensar sobre desenho apresentam semelhanças e aproximações, que serão transportadas para o momento seguinte, que por sua vez reunirá, além delas, um conjunto mais avançado de ações e ideias. E assim sucessivamente, integrando a primeira à quinta ponta da estrela.
Desse modo, na ponta superior da estrela colocamos o primeiro momento, o desenho de ação; em sentido horário, na segunda ponta situamos o desenho de imaginação I; na terceira, o desenho de imaginação II; na quarta, o desenho de apropriação; e na quinta, o desenho de proposição.
O conceito de desenho cultivado tem base em teorias do