Antônia e a Caça ao Tesouro Cósmico
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Antônia e a Caça ao Tesouro Cósmico - Alan Alves Brito
A Michael Keith Mowat, meu verdadeiro tesouro cósmico.
Aos meus pais, Dona Janice e Seu Daniel, que me legaram mundos possíveis.
Aos meus sobrinhos, Layla, Sara, Daniel, Kayque e Arthur, herdeiros de novas ideias acerca do Universo.
A Pai Idelson, à Mãe Raquel e à ancestralidade do Ilê Axé Ogunjá no Recôncavo da Bahia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, de forma muito especial, ao amigo e colaborador Victor Rocha Rodrigues da Silva, Professor de Física do Colégio Naval, pela leitura crítica e revisão minuciosa, técnica e científica de versões preliminares do texto, apontando sugestões que melhoraram significativamente o resultado final. Toda e qualquer imprecisão é, absolutamente, de minha responsabilidade.
A todos os professores e estudantes da educação básica das escolas públicas de Porto Alegre e de sua região metropolitana. A história contada neste livro teve como inspiração as experiências por mim vividas nesses espaços de poder ao longo de cinco anos. Em particular, agradeço à professora Aline Russo da Silva, da Secretaria Municipal de Educação do Município de Porto Alegre, uma educadora apaixonada, cujo projeto que ajudo a coordenar, Astrofísica para Crianças com Altas Habilidades, é uma verdadeira inspiração para o conteúdo do presente texto.
PREFÁCIO
Trabalhando, desde 2014, com alunos com Altas Habilidades ou Superdotação no município de Porto Alegre, observo que a Astronomia é um assunto de interesse dos jovens, sobre o qual pesquisam, querem saber mais e mais e discutem os curiosos mistérios do Universo, que parecem infindáveis. Foi a partir desse interesse dos jovens e das crianças que chegavam à Sala de Inclusão e Recursos para Altas Habilidades (SIR-AH) que surgiu a rica e frutífera parceria entre o autor desta bela obra e a SIR-AH do município de Porto Alegre, tornando-se uma relação de trabalho, confiança e amizade, assim como, nesta criativa história, a relação entre Antônia e Urânia.
Para além das leituras técnicas sobre a temática AH, o livro Antônia e a Caça ao Tesouro Cósmico conta a história de uma menina apaixonada por Astronomia e que vive em uma cidade do interior do Brasil, estuda em uma escola sem muitos recursos e, nas andanças pelas ruas de sua pequena cidade, acaba encontrando Urânia, uma astrônoma profissional. Por meio dessa relação, Antônia tem a possibilidade de estudar sua área de interesse e aprofundar seus conhecimentos astronômicos. Ela aprende sobre o que tanto ama, tendo a possibilidade de realizar o enriquecimento extracurricular tão importante para as crianças na condição de AH. Caso não sejam encorajadas de forma apropriada, muitas crianças superdotadas, principalmente as de escolas públicas, mais vulneráveis no Brasil, combatem seus talentos e tornam-se adultos frustrados na vida e no trabalho.
Alan Alves Brito traz, com seu livro, uma visibilidade muito importante para essas crianças e jovens com Altas Habilidades ou Superdotação. Poderemos ofertar o atendimento necessário para fazer essas estrelas brilharem somente se conhecermos as características das pessoas nessa condição. Antônia e a Caça ao Tesouro Cósmico contribui grandemente para a nossa sociedade como um todo, pois, segundo estudiosos da área, somente identificando e valorizando esses sujeitos, estaremos oportunizando o surgimento de líderes criativos nas Ciências, Artes e na Política, tendo subsídios para construir pessoas plenas e envolvidas no progresso da nossa sociedade.
Com esta obra e com o seu trabalho, o autor mostra o quão apaixonado e entusiasta é pela Astronomia, além de ser, certamente, um homem com Altas Habilidades ou Superdotação, pois quem o conhece e a sua história percebe os indicadores de capacidade acima da média, o envolvimento com a tarefa e a criatividade.
Não há palavras para descrever tamanha honra em escrever o prefácio desta linda obra de um homem com uma inteligência tão grande, mas que se iguala a outras tantas qualidades suas, como a benevolência, a humildade, a generosidade em compartilhar seu conhecimento e a resistência frente a tantas desigualdades.
Sigamos unidos nesta luta que é educar no Brasil, resistindo para fazer a diferença junto àqueles e àquelas que pudermos alcançar.
Porto Alegre, 11 de maio de 2019.
Aline Russo da Silva
Professora da Educação Básica
Coordenadora da Sala de Inclusão e Recursos para Altas Habilidades
Escola Jean Piaget, Zona Norte de Porto Alegre-RS
APRESENTAÇÃO
O principal objetivo deste livro é fomentar a curiosidade por Ciências e levar, para a sala de aula e também para a vida das pessoas portadoras ou não de indicadores de altas habilidades, perguntas científicas e ideias sobre como a Natureza é e funciona. Em particular, aspectos básicos de Astronomia (movimento da Terra e da Lua, fases da Lua, estações do ano, eclipses, sistemas planetários, gravidade, vida no Universo, entre outros), Física, História e Filosofia da Ciência, além de aspectos essencialmente humanos e identitários da vida da personagem principal são abordados de maneira simples e objetiva. Em geral, o livro é dividido em quatro momentos dialógicos que levam seus leitores a um passeio por grandes questões do Universo. Em um primeiro momento, apresenta-se a família de Antônia e, na sequência, a sua escola. O encontro de Antônia e Urânia potencializa e concretiza o terceiro momento da história. O quarto e último momento, que se estende por vários capítulos, materializa-se na busca pelo tesouro cósmico. Ao longo do texto, os leitores terão a oportunidade de acompanhar os desdobramentos, as reflexões e os desabafos de Antônia em seu diário: poderá Antônia ter as respostas que procura? Qual é o papel de Urânia na vida dela? De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui? Há vida lá fora? Estamos sozinhos no Universo? Essas são algumas das perguntas mais fundamentais sobre as quais os leitores terão a chance de refletir por meio dos olhos, dos pensamentos e das aventuras da menina Antônia.
O Autor
Sumário
Capítulo I
A Casa 15
Capítulo II
A Escola 23
Capítulo III
A Tempestade 27
Capítulo IV
Urânia 31
Capítulo V
Noite de Pijamas 41
Capítulo VI
As Quatro Estações 51
Capítulo VII
A Gincana 59
Capítulo VIII
Gás e Poeira 69
Capítulo IX
Rochas e Metais 79
Capítulo X
Gelo e Poeira 89
Capítulo XI
Pequenos Corpos 95
Capítulo XII
Outros Mundos Possíveis 101
Sugestões de Leitura 107
Capítulo I
A Casa
Teçá, que significa olhos atentos
em Tupi-Guarani, é o tipo de cidade do interior onde o tempo parece não passar. As nuvens no céu, os cachorros nas ruas, os pássaros nas árvores, a brisa do rio… para onde quer que eu olhe tudo é lembrança. Essa cidade abrigou os meus ancestrais. Nas paredes do meu quarto, na Rua do Arame, vejo, projetadas pela luz do Sol, nuvens e sombras que invadem o quarto pelas frestas do telhado. De relance, por meio das irregularidades entre uma telha e outra e com um pouco de luz morna no rosto, observo o Sol marcar posição no céu. Pela intensidade da luz e pelas formas das sombras projetadas na parede, estimo que são por volta das sete horas da manhã. Quando desponta no horizonte, o Sol caminha ao longo do dia, lentamente a marcar o tempo, de um lado para o outro no céu, por uma linha imaginária, como se fosse o ponteiro do relógio antigo da sala de estar de vovó. À tarde, do lado oposto do horizonte por onde vejo o Sol despontar de manhãzinha, este se descolore e esconde-se aos passos de uma tartaruga. Esse movimento diário do Sol – de nascer de um lado da minha casa, mover-se ao longo do dia para finalmente se pôr do outro lado da rua, como se fosse um garoto a brincar de esconde-esconde – é recorrente no céu. Eu não o vejo nascer, nem se pôr, dia após dia, no mesmo lugar. Confesso que o movimento diário do Sol é um mistério para mim. Como pode o Sol se mover? É o que vejo diariamente. E o pior é que, como num baile de máscaras de Carnaval, eu não posso olhar diretamente para ele; sei que ele está lá fora todos os dias, mas a sua luz intensa impede-me de olhá-lo diretamente, pois, do contrário, teria a retina dos meus olhos queimada rapidamente.
Depois que o Sol se esconde por detrás do horizonte, as minhas pernas tremem e o meu coração dispara. A minha respiração acelera como se estivesse numa montanha-russa. O espetáculo acima da minha cabeça é ainda mais bonito. Vejo, com a alegria de um palhaço, aparecer a Lua e as estrelas no céu – umas mais fracas e outras mais brilhantes. Vejo também corpos que não cintilam à primeira vista, como as estrelas. Identifico a estrela D’Alva
que vovô primeiro mostrou-me do quintal da minha casa no meu aniversário de 5 anos. Foi ele quem me disse que a estrela D’Alva
não cintilava. Hoje vejo