Uma passagem pelo Celler de Can Roca, em Girona, a duas horas ao norte de Barcelona, ajuda a compreender a alta gastronomia por meio de um trabalho sólido e inquieto, erguido e lapidado no decorrer dos últimos 38 anos. Sua origem familiar e despretensiosa desaguou em um restaurante que não envelhece, mas alcança maturidade conceitual e vigor criativo.
Permanentemente provocado, o posto de melhor do mundo, ocupado em 2013 e em 2015, não o fez estacionar. Pelo contrário, atiçou-o para ser ainda mais sensível ao construir uma cozinha que passeia por várias dimensões e é atravessada por conceitos como a poesia, o humor e a liberdade – eles aparecem dispostos em uma mandala criativa, composta por outros elementos, como inovação, magia e ousadia.
“Quando falamos de poesia, falamos de uma linguagem que chega aonde as palavras não chegam; falamos de insinuação, evocação, beleza, sedução, símbolos que expressam ideias”, dizem os irmãos Roca.