prólogo
A primeira vez que estive em São Lourenço do Barrocal foi no Verão de 2016. O hotel tinha sido inaugurado há uns meses e a adega recebia as primeiras uvas. [enamoramento com o lugar] Depois, em 2018, na Bienal de Veneza, vi duas enormes fotografias aéreas que mostravam o antes e o depois da recuperação deste monte alentejano por Eduardo Souto de Moura. O arquiteto português era, com este projeto, distinguido com o Leão de Ouro, o mais prestigiado prémio da Biennale. [orgulho]
No início da primavera de 2023, volto à herdade, que segue de forma elevada, inteligente e criativa a sua vocação. [emoção]
Camadas de história
“Barrocal - penedo pequeno, granítico e irregular que, por existir em abundância na paisagem, ajudou a nomear a Herdade São Lourenço do Barrocal”, assim se lê no Glossário A-Z, um pequeno livro presente em todos os quartos do hotel.
Desta geologia evidente, tiraram privilégios os homens do neolítico. Nómadas, tornaram-se agricultores sedentários e com o granito duro erigiram o maior menir da Península Ibérica há 7.000 anos, precisamente no território desta herdade. E 16 dolmens, ordenadores do espaço físico e psicológico dessas comunidades da pré-história.
Estamos no sopé de Monsaraz e no início do séc. XIX estas terras eram área de caça da família real. Manuel Mendes Papança (1818-1886), 1º Conde de Monsaraz, político, advogado e poeta, comprou 9.000 hectares à Casa Real de Bragança, São Lourenço do Barrocal, criando uma exploração agrícola com condições de subsistência e de conforto para os trabalhadores e respetivas famílias se fixarem. Modelo de uma forma de viver autossuficiente, na qual uma comunidade de cerca de 200 pessoas se articulava entre habitações, campos de cultivo, gado, lagar, vinha, cavalariças e celeiros. A escala é a de uma pequena aldeia, com a hierarquização da