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Fluoxetina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Não confundir com Fluvoxamina.
Fluoxetina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC (±)-N-methyl-3-phenyl-3-[4- (trifluoromethyl)phenoxy]propan-1-amine
Identificadores
Número CAS 54910-89-3
PubChem 3386
DrugBank APRD00530
ChemSpider 56589
Código ATC N06AB03
DCB n° 04176
Primeiro nome comercial ou de referência Prozac (20 mg); Prozac Durapac (90 mg); Daforin (10 mg, 20 mg, 20 mg/mL)
Propriedades
Fórmula química C17H18F3NO
Massa molar 309.32 g mol-1
Farmacologia
Biodisponibilidade 72%
pico em 6-8 horas
Metabolismo hepático
Meia-vida biológica 1-3 dias (aguda); 4-6 dias (crônica);
Ligação plasmática 94,5%
Excreção rins 80%, intestino 15%
Classificação legal

Lista de substâncias sujeitas a controle especial - Lista C1 (BR)



Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Fluoxetina é um medicamento antidepressivo da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina.[1][2] A fluoxetina foi descoberta por Eli Lilly and Company, em 1972, e entrou em uso médico em 1986. Está na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS.

Suas principais indicações são para uso em depressão moderada a grave,[3] transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno alimentar,[4] transtorno do pânico e de ansiedade.[5] É utilizado na forma de cloridrato de fluoxetina, como cápsulas ou em solução oral.

Foi sintetizada e comercializada inicialmente pela companhia farmacêutica Eli Lilly com o nome Prozac®.[6] Atualmente é comercializada no Brasil e em Portugal por vários laboratórios como medicamento genérico, estando sujeita a receita médica (ou até mesmo a retenção da receita).

A patente da Eli Lilly sob o Prozac expirou em agosto de 2001,[7] despertando um influxo de genéricos ao mercado. Só nos Estados Unidos, mais de 19 milhões de prescrições genéricas foram efetuadas em 2006, colocando-a na terceira posição entre os antidepressivos mais receitados, após a sertralina e o escitalopram.[8]

Cápsulas de fluoxetina 20 mg

O trabalho que levou à descoberta da fluoxetina começou na Eli Lilly em 1970, com a colaboração entre Bryan Molloy e Robert Rathburn.[6] Era sabido na altura que o anti-histamínico difenidramina tinha alguns efeitos antidepressivos, pelo que o composto 3-fenoxi-3-fenilpropilamina, estruturalmente similar à difenidramina, foi usado como ponto de partida. Molloy sintetizou dúzias de derivados, e os testes dos efeitos fisiológicos destes fármacos em ratos resultaram na descoberta da nisoxetina, um inibidor selectivo da recaptação da noradrenalina amplamente utilizado em experiências bioquímicas hoje em dia.[6]

Mais tarde, na esperança de descobrir um derivado que inibisse apenas a recaptação de serotonina, Wong propôs que se voltasse a testar esses compostos in-vitro quanto ao seu efeito sobre a recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina. Este teste, realizado por Jong-Sir Horng em Maio de 1972,[6]mostrou que um composto (mais tarde nomeado fluoxetina) era o mais potente inibidor da serotonina da série.[9]

Gerou-se uma controvérsia após investigadores da Lilly publicarem um artigo intitulado "Prozac (fluoxetine, Lilly 110140), the first selective serotonin uptake inhibitor and an antidepressant drug"[6](em português, Prozac, o primeiro inibidor seletivo da recaptação da serotonina e um fármaco antidepressivo), implicitamente afirmando que a fluoxetina era o primeiro inibidor selectivo da recaptação da serotonina (SSRI). Após dois anos, tiveram que publicar uma correção admitindo que o primeiro SSRI era a zimelidina, desenvolvida por Arvid Carlosson e os seus colegas.[10] A fluoxetina estreou-se no mercado belga em 1986[11] e foi aprovado pela FDA nos Estados Unidos em Dezembro de 1987.[12] A fluoxetina foi o quarto SSRI a surgir no mercado, após a indalpina, zimelidina e fluvoxamina. Contudo, os primeiros dois foram retirados devido a efeitos laterais, e uma campanha vigorosa de marketing pela Eli Lilly garantiu que na cultura popular, a fluoxetina fosse vista como um avanço tecnológico e associada com o título de primeiro SSRI.

A fluoxetina também é muito usada para tratar depressão e ansiedade em animais.[13]

A fluoxetina está aprovada em Portugal para o tratamento de episódios depressivos maior, perturbação obsessivo-compulsiva e bulimia nervosa e transtorno bipolar.[14] Outras indicações incluem ainda a síndrome do pânico,[15] e o transtorno obsessivo-compulsivo.

A fluoxetina mostrou ser eficaz na depressão em ensaios de seis semanas com controle e dupla ocultação, onde também alivou a ansiedade e melhorou o sono. A fluoxetina foi melhor que o placebo na prevenção da recorrência de depressão quando pacientes que originalmente tinham respondido à fluoxetina foram tratados durante mais 38 semanas. A eficácia no tratamento da depressão geriátrica assim como pediátrica foi também demonstrada em estudos com placebo.[15]

Estudos recentes sugerem que uma parte significante da resistência aos SSRIs paroxetina e citalopram pode ser explicada por variações genéticas do transportador Pgp. A paroxetina e o citalopram são activamente transportados para fora do cérebro por esta proteína, enquanto que a fluoxetina parece não estar sujeita a este mecanismo, pelo que seria benéfico a administração de paroxetina em doentes resistentes à terapêutica.[16][17]

O transtorno obsessivo-compulsivo foi tratado com sucesso pela fluoxetina em dois estudos com adultos e um com crianças com a duração de 13 semanas, com sucesso de 47%, enquanto que o placebo teve 11%.[18]

Dose recomendada de 20 a 80mg/dia.

Em alguns países da Europa cerca de 3 a 7% da população faz uso de algum antidepressivo. Cerca de 80% do consumo é por mulheres.[19] No Brasil, segundo a ANVISA, o consumo cresceu cerca de 44% entre 2005 e 2009 movimentando cerca de um bilhão de reais por ano.[20] O consumo é alto no Centro-Sul (especialmente Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo) e mais de dez vezes menor no Norte-Nordeste.[21]

Pacientes com alto risco de suicídio devem ser acompanhados de forma atenta por um especialista. Sendo um medicamento sem indicações para uso pediátrico, outras formas de tratamento devem ser encontradas ao invés do uso de fluoxetina. O uso em pacientes com histórico de crises convulsivas deve ser cuidadosamente avaliado. Podem ocorrer em pacientes sensíveis a coceiras, urticária (com febre), leucocitose, artralgias, edema e até linfadenopatias.[22]

Não é recomendado seu uso somente para reduzir o apetite, exceto em obesos com transtornos de ansiedade, alimentares ou do humor. Um efeito colateral possível em pessoas saudáveis é o aumento do apetite e do peso e agravamento de problemas cardiovasculares, urológicos, neurológicos e respiratórios. Entre 5 a 21% dos pacientes são metabolizadores lentos da fluoxetina e sofrem com efeitos colaterais mais sérios.[23]

Descontinuação

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Ao se parar o uso de fluoxetina, podem ocorrer nervosismo, insônia, e isolamento acompanhado de tristeza sem explicação.

Síndrome de descontinuação de ISRS

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Capsulas com 20 mg de fluoxetina

Pode ocorrer em função da interrupção repentina, do esquecimento de doses ou da descontinuação de qualquer Inibidor seletivo da recaptação da serotonina. Os sintomas mais comuns são: ansiedade, agitação motora, insônia, tonturas, vertigens, fadiga, náuseas, dores musculares, coriza, mal-estar, perturbações sensoriais e agravamento da depressão.[24] Iniciam 12 a 48 horas após a última dose, durando em geral até duas semanas. Ocorre com mais frequência na descontinuação da paroxetina, seguida do citalopram, da sertralina e da fluvoxamina.

Reações adversas

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Os efeitos colaterais mais comuns (mais de 1%)[19]:

Em geral são efeitos que surgem no início do tratamento e diminuem ou desaparecem com o tempo. Podem ocorrer, mas não são comuns: diarreia, secura na boca, hiperprolactinemia. Episódio maníaco (aceleração do pensamento e impulsividade), confusão mental, ideias de suicídio, discinesias(sensações táteis sem estímulos externos), trombocitopenias (redução do número de plaquetas no sangue), ginecomastia(aumento dos seios), mastodinia(dor nas mamas), dismenorreia (problema menstrual) e sangramento vaginal.

Como a maioria dos serotoninérgicos, pode causar diminuição do desejo sexual (libido), diminuição do prazer sexual (anorgasmia) e atraso na ejaculação.[25] Associação com buspirona ou bupropiona podem amenizar esses efeitos colaterais. Caso não seja suficiente, existem diversas outras opções de medicamentos antidepressivos.[19]

Interações medicamentosas

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Não é recomendado em associação com[19]:

Quando usado em associação com anticoagulantes como aspirina aumenta a chance de sangramentos.[carece de fontes?]

Referências
  1. Neto, Alfredo Cataldo (9 de novembro de 2017). «Psiquiatria para estudantes de medicina». EDIPUCRS – via Google Books 
  2. Americana, AssociaÇÃo MÉdica. «Guia Essencial Da Depressao». AQUARIANA – via Google Books 
  3. P.R. Vade-mécum ABIMIP 2006/2007
  4. Psicosite. «Acompanhamento prolongado da Bulimia Nervosa». Consultado em 11 de janeiro de 2010 
  5. Alvarenga, Galeno. «Fluoxetina (Prozac)». Galeno Alvarenga 
  6. a b c d e Wong, DT; Bymaster FP, Engleman EA (1995). «Prozac (fluoxetine, Lilly 110140), the first selective serotonin uptake inhibitor and an antidepressant drug: twenty years since its first publication». Life Sci. 57 (5): 411-41. PMID 7623609. doi:10.1016/0024-3205(95)00209-O 
  7. «Patent Expiration Dates for Common Brand-Name Drugs». Consultado em 20 de julho de 2007 
  8. Top 200 Generic Drugs by Units in 2006 PDF (19.4 KiB). Drug Topics (March 5, 2007). Retrieved on April 14, 2007.
  9. Wong D, Horng J, Bymaster F, Hauser K, Molloy B (1974). «A selective inhibitor of serotonin uptake: Lilly 110140, 3-(p-trifluoromethylphenoxy)-N-methyl-3-phenylpropylamine». Life Sci. 15 (3): 471–9. PMID 4549929 
  10. Carlsson A, Wong DT (1997). «A note on the discovery of selective serotonin reuptake inhibitors». Life Sci. 61 (12). 1203 páginas. PMID 9315511. doi:10.1016/S0024-3205(97)00662-0 
  11. Swiatek, Jeff (2 de agosto de 2001). «Prozac's profitable run coming to an end for Lilly». The Indianapolis Star. Consultado em 10 de Março de 2008. Arquivado do original em 18 de Agosto de 2007 
  12. «Electronic Orange Book». Food and Drug Administration. Abril de 2007. Consultado em 24 de maio de 2007 
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 24 de outubro de 2012. Arquivado do original em 1 de fevereiro de 2009 
  14. http://www.infarmed.pt/prontuario/framepesactivos.php?palavra=fluoxetina&x=0&y=0 Arquivado em 15 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine. Prontuário terapêutico - Fluoxetina (acesso: 10-03-2008)
  15. a b «Prozac prescribing information» (PDF). Eli Lilly. 21 de junho de 2007. Consultado em 9 de janeiro de 2008 
  16. Uhr M, Tontsch A, Namendorf C, Ripke S, Lucae S, Ising M, Dose T, Ebinger M, Rosenhagen M, Kohli M, Kloiber S, Salyakina D, Bettecken T, Specht M, Pütz B, Binder EB, Müller-Myhsok B, Holsboer F (2008). «Polymorphisms in the Drug Transporter Gene ABCB1 Predict Antidepressant Treatment Response in Depression». Neuron. 57 (2): 203–9. PMID 18215618. doi:10.1016/j.neuron.2007.11.017 
  17. Kato M, Fukuda T, Serretti A, Wakeno M, Okugawa G, Ikenaga Y, Hosoi Y, Takekita Y, Mandelli L, Azuma J, Kinoshita T (2008). «ABCB1 (MDR1) gene polymorphisms are associated with the clinical response to paroxetine in patients with major depressive disorder». Prog. Neuropsychopharmacol. Biol. Psychiatry. 32 (2): 398–404. PMID 17913323. doi:10.1016/j.pnpbp.2007.09.003 
  18. «Prozac Label» (PDF). FDA. 2014. Consultado em 5 de abril de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 4 de março de 2016 
  19. a b c d «ANTIDEPRESSIVOS (ISRS) - Escitalopram, Fluoxetina, Sertralina... » MD.Saúde». mdsaude.com. 1 de abril de 2010 
  20. «Cópia arquivada». Consultado em 24 de outubro de 2012. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2013 
  21. [1]
  22. «Untitled Document». www.psicosite.com.br 
  23. Carlini, Elisaldo A.; Noto, Ana Regina; Nappo, Solange Aparecida; Sanchez, Zila van der Meer; Franco, Vera Lúcia da Silva; Silva, Luiz Carlos Franco; Santos, Vilmar Ezequiel dos; Alves, Décio de Castro. «Fluoxetine: indication of inadequate use». Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 58 (2): 97–100. doi:10.1590/S0047-20852009000200005 – via SciELO 
  24. Wilson E, Lader M (Dezembro de 2015). «A review of the management of antidepressant discontinuation symptoms». Therapeutic Advances in Psychopharmacology. 5 (6): 357–68. PMC 4722507Acessível livremente. PMID 26834969. doi:10.1177/2045125315612334 
  25. Costa, Claudio Giulliano Alves da. «Revista NutriWeb - Medicamentos para Emagrecer : Indicações, Opções e Riscos». www.nutriweb.org.br 

Ligações externas

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Artigos científicos e médicos

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Web-endereços comerciais

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Outras ligações

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