Banda desenhada da Disney
Banda desenhada Disney refere-se às bandas desenhadas protagonizadas por personagens da Walt Disney Company.
A primeira banda desenhada Disney era protagonizada pelo Mickey e foi publicada nos jornais no formato de tiras cómicas diárias em 1930, sendo distribuída pela King Features. no ano seguinte, a David McKay lançou a primeira revista de banda desenhada do Mickey.[1]
Nas últimas décadas, a banda desenhada Disney teve um declínio de popularidade no seu país de origem. Em muitos outros países, a banda desenhada Disney tem tido bastante sucesso, especialmente na Europa e no Brasil.
Nos EUA
[editar | editar código-fonte]Tiras
[editar | editar código-fonte]As primeiras bandas desenhadas Disney foram publicadas nos jornais no formato de tiras diárias, produzidas pelo departamento de tiras do estúdio Disney e distribuídas pela King Features. A primeira tira diária do Rato Mickey começou a ser publicada a 13 de janeiro de 1930 [2]. Lost on a Desert Island teve argumento do próprio Walt Disney, sendo as primeiras 24 tiras desenhadas por Ub Iwerks e as restantes 43 por Win Smith, que tinha realizado a arte-final das primeiras tiras.[1] Em língua portuguesa, esta história foi publicada com diferentes títulos: Mickey Contra os Canibais, Mickey na Ilha Misteriosa e Mickey Contra os Piratas. Nesta primeira banda desenhada, o Mickey surge como um jovem rato otimista e ansioso por viver aventuras.
A partir de 5 de maio de 1930, Floyd Gottfredson fica responsável pelo desenho da tira diária e poucos dias depois também pelo argumento ou supervisão do mesmo[1][3]. Gottfredson produziu a tira até 1975.
A primeira tira dominical Disney, novamente do Mickey, surgiu em 10 de janeiro de 1932, sendo da autoria de Earl Duvall [4]. No entanto, Gottfredson seria responsável pelas seguintes.
A tira dominical do Mickey apresentava um topper, uma tira secundária que a acompanhava. Tratava-se de Silly Symphony. [5] A primeira banda desenhada intitula-se Bucky Makes His Name e é a primeira aparição do personagem Bichinho Bucky (Bucky Bug, no original), o primeiro personagem Disney a surgir na banda desenhada [6]. Para além das histórias do Bichinho Bucky, a tira Silly Symphony adaptou para a banda desenhada as animações da série Silly Symphonies, tendo ainda sido dedicada a histórias com o Pluto, Pequeno Havita e adaptações de Branca de Neve e Pinóquio. A partir dos finais de 1935, a tira deixou de ser necessariamente uma tira acompanhante da tira dominical do Mickey, sendo autónoma e ocupando meia-página.
O Pato Donald fez a sua primeira aparição na banda desenhada na tira Silly Symphony na adaptação da curta-metragem animada da Disney de 1934 The Wise Little Hen, a qual foi publicada entre 16 de setembro e 16 de dezembro de 1934 [7]. Em língua portuguesa, essa BD tem o título A Galinha Sábia. Com o crescimento da popularidade do Donald, ele tornou-se o protagonista da tira Silly Symphony, entre agosto de 1936 e dezembro de 1937, passando a ter a sua tira diária a partir de 7 de fevereiro de 1938 [8]. A tira dominical do Donald iniciou-se em 10 de dezembro de 1939.
Entre 1943 e 1944, Paul Murry ilustra as tiras dominicais[9] de personagens criados para os filmes Saludos Amigos e The Three Caballeros: Zé Carioca e Panchito, ainda em 1944, passa a ilustrar as tiras do Mickey, roteirizadas por Bill Walsh.[10]
Revistas de banda desenhada
[editar | editar código-fonte]Em 1931, a editora David McKay lançou a primeira revista de banda desenhada Disney, trazendo reimpressões das tiras cómicas dos jornais,[1] em 1940, a Dell Comics, em parceria com a Western Publishing, lança a revista Walt Disney's Comics and Stories,[11], em 1942, publica Donald Duck finds Pirate Gold, primeira história de banda desenhada Disney criada exclusivamente para uma revista (comic book) na nona edição da revista Four Color, a história foi ilustrada por Jack Hannah e Carl Barks, ambos os oriundos dos estúdios de animação da Disney, logo em seguida, Barks também passaria a roteirizar as histórias, criando os personagens Tio Patinhas, Gastão, Professor Pardal, Irmãos Metralha, Maga Patalójika, entre outros.[12]
Em 1946, Paul Murry passa a ilustrar histórias do Coelho Quincas publicadas na revista Four Color.[10] Em 1962, a Western desfaz a parceria com a Dell e cria o selo Gold Key Comics, que assume as publicações da Disney e outras franquias licenciadas, [13] entre 1962 e 1990, várias histórias foram produzidas para serem comercializadas no mercado externo.[14][15]
Itália
[editar | editar código-fonte]As tiras de Mickey Mouse começaram a ser publicadas no país em 30 de março de 1930 no jornal Illustrazione del Popolo,[16] em 1931, Guglielmo Guastaveglia cria as primeiras histórias italianas para o Il Popolo di Roma, nela, o rato contracena com Mio Miao, nome dado ao Gato Felix de Pat Sullivan,[17] em 1932, a editora Nerbini lança a revista Topolino[18] (nome pelo qual Mickey é conhecido na Itália) em formato tabloide, em 1935, a revista é assumida pela Mondadori, que publica histórias de Antonio Rubino e Federico Pedrocchi.[19]
Em abril de 1949, surge uma nova versão da revista em formatinho.[20]
No Brasil
[editar | editar código-fonte]As tiras de Mickey, produzidas por Walt Disney e Ub Iwerks estrearam no Brasil em 1930 na revista O Tico-Tico, o artista J. Carlos foi o primeiro artista do país a ilustrar o personagem em capas e em peças publicitarias.[19] Em 1934, os personagens Disney passaram a ser publicados no Suplemento Juvenil do jornalista Adolfo Aizen,[1] logo em seguida, foram publicados nas revistas O Lobinho, Mirim, O Guri, Gibi[19] e O Globo Juvenil.[21]
Em 1946, é lançada a revista Seleções Coloridas da EBAL (Editora Brasil-América Ltda.), editora fundada por Adolfo Aizen, as 13 das 17 edições publicadas trouxeram histórias de banda desenhada Disney produzidas por Carl Barks e pelo argentino Luís Destuet,[19] a revista foi publicada em parceria com a Editorial Abril da argentina, fundada pelo italo-americano César Civita, em 1950, o irmão de Cesar, Victor Civita lança no Brasil a revista O Pato Donald, a editora de Victor também chamou Abril.[22] O argentino Luís Destuet produziu capas e histórias para a Editora Abril,[9] em dezembro de 1959, a editora publica a primeira história ilustrada por um brasileiro: "Papai Noel por acaso", desenhada por Jorge Kato.[19]
Em 1961, Zé Carioca ganha uma revista própria com a numeração iniciando no 479, a revista dividia a numeração com O Pato Donald, enquanto o papagaio ficava com os números ímpares, o pato ficava com os pares.[23] A partir de 1989, as revistas são publicadas pela divisão Abril Jovem.[24] Em maio de 2018, a editora suspende coleções de luxo de Carl Barks, Don Rosa e Floyd Gottfredson[25] em julho do mesmo ano, a editora deixa de publicar banda desenhada da Disney após 68 anos.[26] em dezembro do mesmo,[27] foi divulgado que a editora gaúcha Culturama irá assumir os títulos Disney em março de 2019 com cinco revistas Mickey, Pato Donald, Tio Patinhas, Pateta e Aventuras Disney.[28] Em setembro de 2019, a Panini Comics assume a publicação das coleções de luxo: Os anos de ouro de Mickey, Biblioteca Don Rosa e Tio Patinhas por Carl Barks.[29] Em 2020, a editora inicia a produção de histórias do Zé Carioca, trazendo os desenhistas Carlos Edgard Herrero, Moacir Rodrigues Soares e Luiz Podavin; o roteirista Arthur Faria Júnior; a colorista Cris Alencar; e o roteirista, desenhista e arte-finalista Fernando Ventura, a primeira história foi publicada na edição 18 da revista Aventuras Disney (setembro de 2020).[30][31]
Em Portugal
[editar | editar código-fonte]Produção
[editar | editar código-fonte]Em Portugal, a editora Edimpresa foi responsável pela publicação da única banda desenhada Disney portuguesa produzida. A BD O Roubo da Taça Euro tem argumento de Paulo Ferreira, o então diretor das edições Disney da editora, sendo os desenhos realizados pelo estúdio barcelonês Comicup Studio [32]. Foi publicada na revista portuguesa Edição Especial Euro 2004.
Publicação
[editar | editar código-fonte]- O Primeiro de Janeiro
O jornal portuense O Primeiro de Janeiro publicou banda desenhada Disney desde os anos 30 do século XX e na revista infantil ilustrada Mickey.
- Abril / Abril Morumbi / Abril Jovem
Em 1980, a editora brasileira Abril, com a designação de Editora Morumbi, começou a editar em Portugal algumas das suas revistas Disney que anteriormente exportava para Portugal. A primeira foi a revista mensal Mickey, à qual se seguiu a mensal Almanaque do Patinhas e as quinzenais Pato Donald e Pateta.
Ao longo da sua atividade em Portugal foi alterando a sua designação para Editora Abril Morumbi, Abril Jovem ou simplesmente Abril, até se fundir na Abril/Controljornal, uma empresa no qual o capital era repartido em três partes iguais pela portuguesa Impresa Publishing, pelo brasileiro Grupo Abril e pela suiça Edipresse, com cada empresa a deter 33,33% do capital da companhia [34].
- Abril/Controljornal
Esta editora deu continuidade ao trabalho iniciado pela Abril, quanto à publicação de BD Disney.
- Agência Portuguesa de Revistas
Editou a revista Rato Mickey no anos 50 do século XX.
- Difusão Verbo
Editou alguns álbuns em capa dura nos anos 80 do século XX, nomeadamente as séries As Grandes Aventuras e As Melhores Histórias do Tio Patinhas.
- Edimpresa
Em 2002, com a saída da Abril Jovem Investments, do grupo brasileiro Abril, do capital da Abril/Controljornal, surge a Edimpresa, editora controlada pela portuguesa Impresa e a suiça Edipresse [34].
A banda desenhada Disney foi cancelada em 2006, não existindo publicações interiamente dedicadas à banda desenhada Disney em Portugal até 2013.
- Edinter
Editou alguns álbuns em capa dura nos anos 80 do século XX, nomeadamente as séries As Mais Belas Histórias, Mickey Através dos Séculos e Donald Através dos Séculos.
- Goody
A editora Goody publica diversas revistas de banda desenhada Disney de origem italiana desde 2012.[35]
Os títulos atuais são a revista quinzenal Disney Comix (de periodicidade semanal nos primeiros anos) e as revistas mensais Hiper Disney e Disney Especial. Publica ainda as revistas infantojuvenis com banda desenhada Carros, Disney Princesas, Frozen e Jake e os Piratas na Terra do Nunca.
Editou ainda as revistas especiais de banda desenhada Hiper Disney Especial, Disney Comix Record, Disney Violetta e Goooolo Brasil 2014.
Em 2014, foram cancelada as revista Real Life e Disney Violetta (baseada em uma série de televisão de mesmo nome),[36] no ano seguinte, foi cancelada a revista Minnie & Amigos,[37] em 2017, restaram apenas os títulos Mickey, Tio Patinhas e Donald, que foram suspensas em novembro do mesmo ano.[38] Em junho de 2018, a editora retorna a publicação de Disney no país.[39]
Outras edições
[editar | editar código-fonte]Nos anos 60 e 70 do século XX foram publicadas tiras de BD Disney na revista Crónica Feminina da editora Aguiar & Dias.
Nos anos 80 foram publicadas tiras de BD Disney no corpo do jornal Correio da Manhã e bandas desenhadas no seu suplemento.
Nos anos 80, foram publicadas bandas desenhadas Disney na revista TV Guia.
Nos anos 80, a Porto Editora publicou a série de álbuns de BD Disney A BD dos 3-7 Anos.
Nos anos 80, a editora Meribérica dedicou alguns dos álbuns da coleção Dargaud 16/22 à banda desenhada Disney, nomeadamente volumes dedicados às personagens Superpateta, Lobo Mau e Mickey.
Nos anos 90, foram publicadas bandas desenhadas Disney no suplemento BD Expresso do semanário Expresso, editado pela Publimedia.
Nos anos 90, a editora RBA editou a série Disney em Banda Desenhada.
Em 2004, a coleção da Panini Os Clássicos da Banda Desenhada teve 4 volumes dedicados respetivamente ao Mickey, Donald, Tio Patinhas e Pateta. Esta editora encontra-se a publicar a revista infantojuvenil Club Penguin, a qual conteém alguma banda desenhada Disney.
Entre 2013 e 2014, a editora Zero a Oito publicou a revista infantojuvenil Phineas & Ferb, a qual continua alguma banda desenhada Disney. Publicou também a revista Disney Junior, bem como um número especial dedicado a Aviões e outro a Frozen.[40]
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- ↑ Adolfo Garcia. «El horror en los cómics de Dell y Gold Key». Tebeosfera
- ↑ Production in USA (Foreign market stories)
- ↑ Disney no Brasil - Retorno aos bons tempos
- ↑ Illustrazione del popolo No. 3013
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- ↑ A Idade de Ouro dos Quadrinhos no Brasil - Entretenimento, Propaganda, Ideologia e Civismo durante a II GM
- ↑ a b c d e Roberto Elísio dos Santos (13 de Janeiro de 2010). «80 anos de quadrinhos Disney». Omelete
- ↑ Marcus Ramone (13 de abril de 2009). «Disney Itália: revista Topolino completa 60 anos». Universo HQ. Consultado em 21 de maio de 2010
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- ↑ Gonçalo Júnior. In: Editora Companhia das Letras. A Guerra dos Gibis - a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-1964. [S.l.: s.n.].ISBN 978853590582,
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- ↑ Abril suspende publicação de Biblioteca Don Rosa, Coleção Carl Barks e outros títulos Disney
- ↑ Abril confirma, em comunicado a assinantes, o fim dos quadrinhos Disney na editora
- ↑ Após Abril interromper distribuição, HQs da Disney voltam a ser lançadas no Brasil em 2019
- ↑ Culturama divulga capas e outros detalhes das novas revistas Disney
- ↑ Panini retoma coleções da Disney canceladas pela Editora Abril
- ↑ «Zé Carioca ganha novas histórias por meio da editora caxiense Culturama». Pioneiro. Consultado em 29 de julho de 2020
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- ↑ http://coa.inducks.org/issue.php?c=pt/EE++E04#p007
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- ↑ Pedro Cleto (5 de dezembro de 2012 "Revistas Disney regressam a Portugal" Jornal de Notícias
- ↑ Real Life, Violetta e as tiragens da Disney
- ↑ O Adeus da Minnie e as revistas Disney de Julho de 2015
- ↑ BD Disney da Goody estão suspensas (temporariamente?)
- ↑ Novidade: As BD Disney voltaram
- ↑ http://coa.inducks.org/country.php?c=pt&view=2
Ligações externas
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