Baía de Todos-os-Santos
Baía de Todos-os-Santos | |
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Imagem de satélite da Baía de Todos-os-Santos em abril de 1997. | |
Localização | Bahia |
Oceanos | Atlântico |
Rios | Rio Jaguaripe Rio Paraguaçu Rio Subaé |
Países | Brasil |
Dimensões | |
Área superficial | 1 233 km² |
Profundidade média | 9 m |
Profundidade máxima | 70 m |
A Baía de Todos-os-Santos (BTS) é uma reentrância da costa litorânea brasileira localizada no estado da Bahia. Estende-se por 1 233 quilômetros quadrados, com profundidade média de 9,8 metros, chegando até 70 metros,[1] com visibilidade de mergulho entre 10 e 20 metros.[2] Ela é a terceira maior baía do Brasil,[3] após a Baía de São Marcos (2 568 quilômetros quadrados) e São José (1 309 quilômetros quadrados), ambas no Maranhão. Porém, também é referida como a maior baía do país[4] e segunda maior do mundo.[5] Em 2014, recebeu da Marinha do Brasil o título de capital da Amazônia Azul.[6]
Dela originou-se o nome da capitania, província e atual estado brasileiro. A unidade federativa, entretanto, manteve a letra 'h' no substantivo, conforme grafia da língua portuguesa da época. A baía era denominada pelos tupinambás de Kirimurê, cujo significado é "grande mar interior".[7]
História
[editar | editar código-fonte]A larga e profunda baía encantou navegadores, piratas e colonizadores, bem como despertou o interesse do governo português por ser um excelente ancoradouro natural, um estratégico sítio defensivo, com águas piscosas e terras com boa fertilidade.
Foi nominada em 1501 quando uma expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos e acompanhada por Américo Vespúcio, cartógrafo e escritor italiano, que daria nome a todo o continente americano, foi enviada para mapear as novas terras, descobertas um ano antes por Pedro Álvares Cabral. Era o dia 1º de novembro, Dia de Todos os Santos na tradição da religião católica. Por costume, nomeava-se todos os acidentes geográficos de acordo com os santos dos dias onde os mesmos eram identificados — cabendo à baía, portanto, este nome.
A relevância estratégica do local, associada à existência de colinas e acidentes geográficos a leste (relevo que permitiria o costume medieval de fortificação das cidades), foram decisivas para que Tomé de Sousa mais tarde escolhesse a região para fundar, por ordens do rei de Portugal, a cidade que seria a sede da primeira capital da colônia portuguesa — Salvador.[8]
A baía de Todos-os-Santos abrigou durante o período colonial um dos maiores portos exportadores do Hemisfério Sul, de onde eram enviados às metrópoles europeias parte do açúcar brasileiro e até prata boliviana, sendo o porto de Salvador um dos que mais receberam escravos africanos no Novo Mundo.[9]
A baía de Todos-os-Santos foi declarada sede da Amazônia Azul (extensão que reúne 4,5 milhões de quilômetros quadrados dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados de costa brasileira) no dia 25 de setembro de 2014, durante o I Fórum Internacional de Gestão de Baías, realizado no Palácio da Associação Comercial da Bahia (ACB), em Salvador. A proposta foi a de estabelecer um marco mundial de debates sobre a economia do mar, inteligência naval e cadeia produtiva.[10]
Geografia
[editar | editar código-fonte]A baía de Todos os Santos é um grande estuário, com circulação forçada principalmente pelas marés, gradientes fisico-químicos entre a sua entrada e seu interior, o que resulta em variados nichos ecológicos, e circulação gravitacional permanentemente estabelecida. Salinidades similares à oceânica promovem a existência de vários recifes de coral entre a Ilha dos Frades e a ponta de Mont Serrat.[3]
Penetrando 80 quilômetros adentro no continente, no limite máximo de ação da maré, a baía de Todos os Santos possui um contorno litorâneo de 300 km, perfazendo os principais limites o Porto da Barra (ao norte, em Salvador) e a Ponta do Garcês (ao sul, em Jaguaripe), sendo na realidade um pequeno golfo composto por três baías, sendo a baía de Aratu, que abriga atualmente as instalações do Porto de Aratu e da Refinaria Landulfo Alves.
Suas margens forneceram uma das maiores reservas de petróleo em terras continentais do Brasil. De uma barra à outra da baía medem-se 14 metros de amplitude, sendo que da Ponta da Penha até a Ponta de Itaparica temos aproximadamente 9 km de extensão.
A borda leste da baía é marcada por uma retilínea e íngreme escarpa tectônica, a escarpa da falha de Salvador, remanescente do período de separação do continente africano há uns 150 milhões de anos atrás. Por possuir muitas vistas panorâmicas do alto da escarpa, a cidade de Salvador é conhecida também como cidade-belvedere.
Nela estão localizadas 56 ilhas,[2] dentre as quais a maior e mais importante é a de Itaparica. Outras ilhas importantes da baía são: ilha dos Frades, ilha de Maré, Ilha Bimbarras, ilha de Bom Jesus e a estação ecológica da Ilha do Medo. Outras ilhas importantes, que compõem roteiros turísticos, são Madre de Deus, Matarandiba, Saraíba, Cajaíba, São João, Mutá, Olho Amarelo, Caraíbas, Malacaia, Porcos, Carapitubas, Canas, Ponta Grossa, Fontes, Paty, Santos, Coqueiros, Itapipuca, Grande, Pequena, Madeira, Chegado, Topete, Guarapira, Monte Cristo, Coroa Branca e Uruabo.[11]
Turismo
[editar | editar código-fonte]A região é bastante procurada para a prática de esportes náuticos, como vela, remo, regata e canoagem, sendo por isso realizada muitas competições do tipo em suas águas calmas também propícias para o mergulho e stand up paddle. Também ocorre por lá a tradicional procissão marítima do Bom Jesus dos Navegantes, no primeiro dia do Ano Novo.[12] A região possui uma grande diversidade natural, formada por mata Atlântica, bananais, manguezais, coqueirais e recifes de corais.
Proteção ambiental
[editar | editar código-fonte]A baía foi considerada alvo de medida de proteção ambiental, através do Decreto Estadual 7 595, de 5 de junho de 1999, como área de proteção ambiental — a Área de Preservação Ambiental da Baía de Todos-os-Santos. Nela estão incluídas as águas da baía e suas ilhas. Abrange os municípios de Cachoeira, Candeias, Itaparica, Jaguaripe, Madre de Deus, Maragogipe, Salinas da Margarida, Salvador, Santo Amaro, São Francisco do Conde, Saubara, Simões Filho e Vera Cruz.[13][14][15]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Recôncavo baiano
- Baía de Aratu
- Baía de Camamu
- Baía do Iguape
- Baía do Pontal
- Lista de baías do Brasil
- Geografia da Bahia
- ↑ OCEANOGRAPHIC CHARACTERISTICS OF BAIA DE TODOS OS SANTOS, BRAZIL
- ↑ a b «Baía de Todos os Santos». Consultado em 9 de novembro de 2008. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2008
- ↑ a b Lessa, Guilherme C.; Santos, Felipe M.; Souza Filho, Pedro W.; Corrêa-Gomes, Luiz César (2018). Lana, Paulo da Cunha; Bernardino, Angelo Fraga, eds. «Brazilian Estuaries: A Geomorphologic and Oceanographic Perspective». Cham: Springer International Publishing (em inglês): 1–37. ISBN 978-3-319-77778-8. doi:10.1007/978-3-319-77779-5_1. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ BA*, Do G1 (1 de novembro de 2014). «Maior baía do país tem ilhas, esconde naufrágios e é retrato da desigualdade». Bahia. Consultado em 27 de maio de 2021
- ↑ www.beeweb.com.br, BeeWeb Agência Digital-. «Baía de Todos os Santos | ABIH - Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - Bahia». Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia - ABIH - BAHIA - BRASIL. Consultado em 27 de maio de 2021
- ↑ BA, Henrique MendesDo G1 (25 de setembro de 2014). «Baía de Todos-os-Santos é declarada como sede da 'Amazônia Azul' no país». Bahia. Consultado em 27 de maio de 2021
- ↑ Oiticica, Ciro; Oswaldo-Cruz, Elisa (24 de agosto de 2010). «De Kirimurê à Baía de Todos os Santos». Consultado em 28 de julho de 2013. Arquivado do original em 17 de julho de 2015
- ↑ BUENO, Eduardo. A Coroa, a cruz e a espada: lei, ordem e corrupção no Brasil Colônia, 1548-1558. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006. 275p.
- ↑ Milton Moura. «A larga barra da baía» (PDF). SciELO. Consultado em 24 de março de 2017
- ↑ «Baía de Todos-os-Santos é declarada como sede da 'Amazônia Azul' no país». G1. 25 de setembro de 2014. Consultado em 1 de novembro de 2014
- ↑ «Baía de Todos os Santos». Secretaria de Turismo da Bahia. Consultado em 1 de dezembro de 2008. Cópia arquivada em 6 de março de 2009
- ↑ «:: Salvador Cultura Todo Dia ::». www.culturatododia.salvador.ba.gov.br. Consultado em 3 de novembro de 2022
- ↑ «APA». Cópia arquivada em 18 de outubro de 2008 - descrição em página oficial do Governo do Estado (acesso em novembro de 2008).
- ↑ INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS. «APA Baía de Todos os Santos». Consultado em 4 de maio de 2014
- ↑ «BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS | BAHIA». Consultado em 3 de novembro de 2022
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Hatje, Vanessa; de Andrade, Jailson B (2009). Baía de Todos os Santos: aspectos oceanográficos (PDF). Salvador: EDUFBA. pp. 306 p. ISBN 9788523205973. Consultado em 12 de Setembro de 2015
- Pereira, Lívia F. Castello Branco; de Camargo, Sandro Luiz; Lima, Ulysses Fontes; Heleno, Carlos Alberto de Carvalho (junho de 2011). «A contribuição do Programa Bahia Azul na Gestão Ambiental da Baía de Todos-os-Santos» (PDF). 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Consultado em 12 de setembro de 2015
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Maior baía do país tem ilhas, esconde naufrágios e é retrato da desigualdade, G1.
- Baia de Todos os Santos é declarada pela Associação Comercial da Bahia como Sede Natural da Amazônia Azul
- Informações no Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA)
- Informações do Observatório de Unidades de Conservação- WWF Brasil.