Aves: diferenças entre revisões
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| período_fóssil = <br />{{período fóssil|72|0|[[Cretáceo Superior]] – [[Holoceno|presente]], 72–0 Ma| | mais antigo=115.5 |ref=<ref name="Field2020">{{citar periódico|título=Late Cretaceous neornithine from Europe illuminates the origins of crown birds|último1=Field|primeiro1=Daniel J.|último2=Benito|primeiro2=Juan|data=março de 2020|publicação=Nature|número=7799|doi=10.1038/s41586-020-2096-0|volume=579|páginas=397–401|issn=0028-0836 |último3=Chen|primeiro3=Albert|último4=Jagt|primeiro4=John W. M.|último5=Ksepka|primeiro5=Daniel T.|pmid=32188952|bibcode=2020Natur.579..397F|s2cid=212937591|url=https://www.repository.cam.ac.uk/handle/1810/303639}}</ref><ref name="DePietriWilaru">{{citar periódico |último1=De Pietri |primeiro1=Vanesa L. |último2=Scofield |primeiro2=R. Paul |último3=Zelenkov |primeiro3=Nikita |último4=Boles |primeiro4=Walter E. |último5=Worthy |primeiro5=Trevor H. |título=The unexpected survival of an ancient lineage of anseriform birds into the Neogene of Australia: the youngest record of Presbyornithidae |publicação=Royal Society Open Science |data=fevereiro de 2016 |volume=3 |número=2 |páginas=150635 |doi=10.1098/rsos.150635 |pmid=26998335 |pmc=4785986 |bibcode=2016RSOS....350635D |doi-access=free | issn = 2054-5703 }}</ref>}}Possível origem do [[Cretácico Inferior]] ou do começo do Cretácico Superior com base no [[relógio molecular]]<ref name="Yonezawa2017">{{citar periódico |autor=Yonezawa, T. |numero-autores=et al |data=2017 |título=Phylogenomics and Morphology of Extinct Paleognaths Reveal the Origin and Evolution of the Ratites |publicação=Current Biology |volume=27 |número=1 |páginas=68–77 |doi=10.1016/j.cub.2016.10.029|pmid=27989673 |doi-access=free |bibcode=2017CBio...27...68Y }}</ref><ref name="kuhl2020">{{citar periódico |primeiro1=H. |último1=Kuhl |primeiro2=C. |último2=Frankl-Vilches |primeiro3=A. |último3=Bakker |primeiro4=G. |último4=Mayr |primeiro5=G. |último5=Nikolaus |primeiro6=S. T. |último6=Boerno |primeiro7=S. |último7=Klages |primeiro8=B. |último8=Timmermann |primeiro9=M. |último9=Gahr |data=2020 |volume=38 |número=1 |páginas=108–127 |url=https://academic.oup.com/mbe/advance-article/doi/10.1093/molbev/msaa191/5891114 |título=An unbiased molecular approach using 3'UTRs resolves the avian family-level tree of life |publicação=Molecular Biology and Evolution |doi=10.1093/molbev/msaa191|pmid=32781465 |pmc=7783168 |hdl=21.11116/0000-0007-B72A-C |hdl-access=free }}</ref><ref name="crouch2022">{{citar periódico |último1=Crouch |primeiro1=N. M. A. |ano=2022 |título=Interpreting the fossil record and the origination of birds |publicação=bioRxiv |doi=10.1101/2022.05.19.492716|s2cid=249047881 }}</ref> |
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| período_fóssil = [[Jurássico Superior]]–[[Holoceno|Recente]], {{período fóssil|150|0}} |
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rect 0 0 333 232 [[Turaco-de-crista-vermelha]] |
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rect 0 696 333 470 [[Columba livia]] |
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rect 0 1160 333 930 [[Pinguim-gentoo]] |
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rect 0 1392 333 1160 [[Minla strigula]] |
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rect 666 0 333 232 [[Bico-de-sapato]] |
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rect 666 232 333 470 [[Grou-coroado-cinzento]] |
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rect 666 696 333 470 [[Calypte anna]] |
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rect 666 928 333 700 [[Trichoglossus]] |
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rect 666 1160 333 930 [[Garça-real-europeia]] |
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rect 666 1392 333 1160 [[Bufo-real]] |
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rect 999 0 666 232 [[Rabo-de-palha-de-bico-laranja]] |
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rect 999 232 666 470 [[Pavão-azul]] |
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rect 999 696 666 470 [[Fradinho]] |
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rect 999 928 666 700 [[Flamingo-americano]] |
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rect 999 1160 666 930 [[Patola-de-pés-azuis]] |
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rect 999 1392 666 1160 [[Tucano-de-peito-amarelo]] |
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| imagem_legenda = Diversidade das aves |
| imagem_legenda = Diversidade das aves |
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| domínio = [[Eukaryota]] |
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| táxon = Aves |
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| autoridade = [[Linnaeus]], [[10.ª edição de Systema Naturae|1758]]<ref>{{citar web| url= http://taxonomicon.taxonomy.nl/TaxonTree.aspx?id=80129&tree=0.1| título=Systema Naturae 2000 / Classification, Class Aves |acessodata=11 de junho de 2012 |último=Brands |primeiro=Sheila |data=14 de agosto de 2008 |publicação=Project: The Taxonomicon }}</ref> |
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| filo = [[Chordata]] |
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| subdivision_ranks = [[Clado]]s existentes |
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| subfilo = [[Vertebrata]] |
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| subdivision = *[[Palaeognathae]] |
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**[[Struthioniformes|Struthionimorphae]] (avestruz) |
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| classe = '''Aves''' |
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**[[Notopalaeognathae]] |
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| classe_autoridade = [[Carolus Linnaeus|Linnaeus]], 1758 |
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*[[Neognathae]] |
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| subdivisão_nome = [[Ordem (biologia)|Ordens]] |
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**[[Pangalloanserae]] |
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| subdivisão = <center>''ver texto''</center> |
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**[[Neoaves]] |
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| sinônimos = * Neornithes <small>[[Hans Friedrich Gadow|Gadow]], 1883</small> |
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'''Aves''' são uma [[Classe (biologia)|classe]] de seres vivos [[vertebrado]]s [[Endotermia|endotérmicos]] caracterizada pela presença de [[pena]]s, um [[bico]] sem [[dente]]s, [[oviparidade]] de [[Casca do ovo|casca rígida]], elevado [[metabolismo]], um [[coração]] com quatro câmaras e um [[Osso pneumático|esqueleto pneumático]] resistente e leve. As aves estão presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho, desde os 5 cm do [[Mellisuga helenae|colibri]] até aos 2,75 m da [[avestruz]]. São a [[Classe (biologia)|classe]] de [[tetrápodes]] com o maior número de espécies vivas, aproximadamente dez mil, das quais mais de metade são [[passeriformes]]. As aves apresentam [[asa]]s, que são mais ou menos desenvolvidas dependendo da espécie. Os únicos grupos conhecidos sem asas são as [[moa]]s e as [[Aepyornithidae|aves-elefante]], ambos extintos. As asas, que evoluíram a partir dos membros anteriores, oferecem às aves a capacidade de voar, embora a [[especiação]] tenha produzido [[aves não voadoras]], como as [[Struthioniformes|avestruzes]], [[Pinguim|pinguins]] e diversas aves [[Endemismo|endémicas]] insulares. Os sistemas [[Sistema digestivo|digestivo]] e [[Sistema respiratório|respiratório]] das aves estão adaptados ao voo. Algumas espécies de aves que habitam em [[Ecossistema aquático|ecossistemas aquáticos]], como os pinguins e a [[Anatidae|família dos patos]], desenvolveram a capacidade de nadar. |
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Algumas aves, especialmente os [[Corvidae|corvos]] e os [[Psittaciforme|papagaios]], estão entre os [[Inteligência animal|animais mais inteligentes]] do planeta. Algumas espécies [[Uso de ferramentas por animais|constroem e usam ferramentas]] e passam o conhecimento entre gerações. Muitas espécies realizam [[Migração de aves|migrações]] ao longo de grandes distâncias. A maioria das aves são [[Animal social|animais sociais]] que comunicam entre si com sinais visuais, [[Vocalização das aves|chamamentos e cantos]], e realizam atividades comunitárias como procriação e caça cooperativa, voo em [[bando]] e grupos de defesa contra [[predador]]es. A grande maioria das espécies de aves são [[monogamia|monogâmicas]], geralmente durante uma época de acasalamento e por vezes durante vários anos, mas raramente durante toda a vida. Outras espécies são [[Poliginia|polígamas]] ou, mais raramente, [[Poliandria|poliândricas]]. As aves reproduzem-se através de [[ovo]]s, que são fertilizados por [[reprodução sexual]] e geralmente colocados num [[Nidificação|ninho]] onde são [[Incubação (ovo)|incubados]] pelos progenitores. A maior parte das aves apresenta um período prolongado de cuidados parentais após a incubação. Algumas aves, como as [[galinha]]s, põem ovos mesmo que não sejam fertilizados, embora esses ovos não produzam descendência. |
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'''Aves''' ([[latim científico]]: ''Aves'') são uma classe de seres vivos [[vertebrado]]s [[Endotermia|endotérmicos]] caracterizada pela presença de [[pena]]s, um [[bico]] sem [[dente]]s, [[oviparidade]] de [[Casca do ovo|casca rígida]], elevado [[metabolismo]], um [[coração]] com quatro câmaras e um [[Osso pneumático|esqueleto pneumático]] resistente e leve. As aves estão presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho, desde os 5 cm do [[Mellisuga helenae|colibri]] até aos 2,75 m da [[avestruz]]. São a [[Classe (biologia)|classe]] de [[tetrápodes]] com o maior número de espécies vivas, aproximadamente dez mil, das quais mais de metade são [[passeriformes]]. As aves apresentam [[asa]]s, que são mais ou menos desenvolvidas dependendo da espécie. Os únicos grupos conhecidos sem asas são as [[moa]]s e as [[Aepyornithidae|aves-elefante]], ambos extintos. As asas, que evoluíram a partir dos membros posteriores, oferecem às aves a capacidade de voar, embora a [[especiação]] tenha produzido [[aves não voadoras]], como as [[Struthioniformes|avestruzes]], [[Pinguim|pinguins]] e diversas aves [[Endemismo|endémicas]] insulares. Os sistemas [[Sistema digestivo|digestivo]] e [[Sistema respiratório|respiratório]] das aves estão adaptados ao voo. Algumas espécies de aves que habitam em ecossistemas aquáticos, como os pinguins ou a [[Anatidae|família dos patos]], desenvolveram a capacidade de nadar. |
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As aves, e em particular os [[fringilídeos de Darwin]], tiveram um papel importante no desenvolvimento da [[teoria da evolução]] por [[seleção natural]] de [[Charles Darwin|Darwin]]. O [[registo fóssil]] indica que as aves são os últimos sobreviventes dos [[dinossauro]]s, tendo evoluído a partir de [[dinossauros emplumados]] dentro do grupo [[Terópoda|terópode]] dos [[saurísquios]]. As primeiras aves apareceram durante o período [[cretácico]], há cerca de 100 milhões de anos,<ref name="brown2011">{{Citar periódico |autor=Brown, J.W. |autor2=Van Tuinen, M. |ano=2011 |título=Evolving Perceptions on the Antiquity of the Modern Avian Tree, in Living Dinosaurs |editora=John Wiley & Sons LtD |doi=10.1002/9781119990475.ch12 |periódico=The Evolutionary History of Modern Birds |páginas=306–324}}</ref> e estima-se que o último [[ancestral comum]] tenha vivido há 95 milhões de anos.<ref>{{Citar web |url=http://news.sciencemag.org/plants-animals/2015/12/asteroid-impact-helped-create-birds-we-know-today |título=Asteroid impact helped create the birds we know today |publicado=Science|acessodata=12 de fevereiro de 2016}}</ref> As evidências de [[ADN]] indicam que as aves se desenvolveram extensivamente durante a [[extinção do Cretáceo-Paleogeno]] que matou os dinossauros não avianos. As aves na [[América do Sul]] sobreviveram a este evento, tendo depois migrado para as várias partes do mundo através de várias passagens terrestres, ao mesmo tempo que se diversificavam em espécies durante os períodos de arrefecimento global.<ref>{{Citar web |url=http://www.sciencedaily.com/releases/2015/12/151211145038.htm | título=Influence of Earth's history on the dawn of modern birds | data=11 de dezembro de 2015 | editora=American Museum of Natural History |acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref> Algumas aves primitivas dentro do grupo ''[[Avialae]]'' datam do período [[Jurássico]].<ref name=divergence/> Muitos destes ancestrais das aves, como o ''[[Archaeopteryx]]'', não tinham plena capacidade de voo e muitos apresentavam ainda características primitivas como [[mandíbula]] em vez de bico e cauda vertebrada.<ref name=divergence/><ref name="Alonso">{{Citar periódico | último = Alonso | primeiro = P. D. | último2 = Milner | primeiro2 = A. C. | último3 = Ketcham | primeiro3 = R. A. | último4 = Cookson | primeiro4 = M. J. | último5 = Rowe | primeiro5 = T. B. | ano= 2004 | título = The avian nature of the brain and inner ear of Archaeopteryx | jornal = [[Nature]] | volume = 430 | número = 7000| páginas = 666–669 | doi = 10.1038/nature02706 | pmid = 15295597 |url=http://wayback.archive.org/web/20060209193641/http://www.ucm.es/info/paleo/personal/patricio/DMKCR-2004.pdf|issn = 0028-0836}}</ref> |
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Algumas aves, especialmente os [[Corvidae|corvos]] e os [[Psittaciforme|papagaios]], estão entre os [[Inteligência animal|animais mais inteligentes]] do planeta. Algumas espécies [[Uso de ferramentas por animais|constroem e usam ferramentas]] e passam o conhecimento entre gerações. Muitas espécies realizam [[Migração de aves|migrações]] ao longo de grandes distâncias. As aves são [[Animal social|animais sociais]] que comunicam entre si com sinais visuais, [[Vocalização das aves|chamamentos e cantos]], e realizam atividades comunitárias como procriação e caça cooperativa, voo em [[bando]] e grupos de defesa contra [[predador]]es. A grande maioria das espécies de aves são [[monogamia|monogâmicas]], geralmente durante uma época de acasalamento e por vezes durante vários anos, mas raramente durante toda a vida. Outras espécies são [[Poliginia|polígamas]] ou, mais raramente, [[Poliandria|poliândricas]]. As aves reproduzem-se através de [[ovo]]s, que são fertilizados por [[reprodução sexual]] e geralmente colocados num [[Nidificação|ninho]] onde são [[Incubação (ovo)|incubados]] pelos progenitores. A maior parte das aves apresenta um período prolongado de cuidados parentais após a incubação. Algumas aves, como as [[galinha]]s, põem ovos mesmo que não sejam fertilizados, embora esses ovos não produzam descendência. |
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Muitas espécies de aves têm importância económica. As aves domesticadas ([[aves de capoeira|de capoeira]]) e não domesticadas (de caça) são fontes importantes de [[Ovo (alimento)|ovos]], carne e penas. As aves canoras e os papagaios são [[animais de estimação]] populares. O [[guano]] é usado como [[fertilizante]]. As aves são um elemento de destaque na cultura. No entanto, desde o {{séc|XVII}} que cerca de 120 a 130 espécies foram extintas devido à ação humana e várias centenas foram extintas nos séculos anteriores. Atualmente existem {{formatnum|1375}} espécies de aves [[espécie ameaçada|ameaçadas]] de [[extinção]], embora haja esforços no sentido de as [[Conservação da natureza|conservar]]. A [[observação de aves]] é uma atividade importante no setor do [[ecoturismo]]. |
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As aves, e em particular os [[fringilídeos de Darwin]], tiveram um papel importante no desenvolvimento da [[teoria da evolução]] por [[seleção natural]] de [[Charles Darwin|Darwin]]. O [[registo fóssil]] indica que as aves são os últimos sobreviventes dos [[dinossauro]]s, tendo evoluído a partir de [[dinossauros emplumados]] dentro do grupo [[Terópoda|terópode]] dos [[saurísquios]]. As primeiras aves apareceram durante o período [[cretácico]], há cerca de 100 milhões de anos,<ref name="brown2011">{{Citar periódico | autor=Brown, J.W. & Van Tuinen, M. | ano=2011 | título=Evolving Perceptions on the Antiquity of the Modern Avian Tree, in Living Dinosaurs | editora=John Wiley & Sons LtD |doi= 10.1002/9781119990475.ch12 | jornal=The Evolutionary History of Modern Birds | páginas=306–324}}</ref> e estima-se que o último [[ancestral comum]] tenha vivido há 95 milhões de anos.<ref>{{Citar web |url=http://news.sciencemag.org/plants-animals/2015/12/asteroid-impact-helped-create-birds-we-know-today |título=Asteroid impact helped create the birds we know today |publicado=Science|acessodata=12 de fevereiro de 2016}}</ref> As evidências de [[ADN]] indicam que as aves se desenvolveram extensivamente durante a [[extinção do Cretáceo-Paleogeno]] que matou os dinossauros não avianos. As aves na [[América do Sul]] sobreviveram a este evento, tendo depois migrado para as várias partes do mundo através de várias passagens terrestres, ao mesmo tempo que se diversificavam em espécies durante os períodos de arrefecimento global.<ref>{{Citar web |url=http://www.sciencedaily.com/releases/2015/12/151211145038.htm | título=Influence of Earth's history on the dawn of modern birds | data=11 de dezembro de 2015 |website=www.sciencedaily.com | editora=American Museum of Natural History |acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref> Algumas aves primitivas dentro do grupo ''[[Avialae]]'' datam do período [[Jurássico]].<ref name=divergence/> Muitos destes ancestrais das aves, como o ''[[Archaeopteryx]]'', não tinham plena capacidade de voo e muitos apresentavam ainda características primitivas como [[mandíbula]] em vez de bico e cauda vertebrada.<ref name=divergence/><ref name="Alonso">{{Citar periódico | último = Alonso | primeiro = P. D. | último2 = Milner | primeiro2 = A. C. | último3 = Ketcham | primeiro3 = R. A. | último4 = Cookson | primeiro4 = M. J. | último5 = Rowe | primeiro5 = T. B. | ano = 2004 | título = The avian nature of the brain and inner ear of Archaeopteryx | url = | jornal = [[Nature]] | volume = 430 | número = 7000| páginas = 666–669 | doi = 10.1038/nature02706 | pmid = 15295597 |url=http://wayback.archive.org/web/20060209193641/http://www.ucm.es/info/paleo/personal/patricio/DMKCR-2004.pdf}}</ref> |
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==''Habitat'', diversidade e distribuição== |
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Muitas espécies de aves têm importância económica. As aves domesticadas ([[aves de capoeira|de capoeira]]) e não domesticadas (de caça) são fontes importantes de [[Ovo (alimento)|ovos]], carne e penas. As aves canoras e os papagaios são [[animais de estimação]] populares. O [[guano]] é usado como [[fertilizante]]. As aves são um elemento de destaque na cultura. No entanto, desde o {{séc|XVII}} que cerca de 120 a 130 espécies foram extintas devido à ação humana e várias centenas foram extintas nos séculos anteriores. Atualmente existem 1200 espécies de aves ameaçadas de [[extinção]], embora haja esforços no sentido de as [[Conservação da natureza|conservar]]. A [[observação de aves]] é uma atividade importante no setor do [[ecoturismo]]. |
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[[File:Erithacus rubecula with cocked head.jpg|thumb|O [[pisco-de-peito-ruivo]] vive em todo o continente europeu, desde a fria [[Escandinávia]] até aos desertos do [[norte de África]].]] |
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A capacidade de voar proporcionou às aves uma diversificação extraordinária, pelo que hoje em dia vivem e reproduzem-se em praticamente todos os ''[[habitat]]s'' terrestres e em todos os sete continentes.<ref name="Britannica" /> O [[Pagodroma nivea|petrel-das-neves]] nidifica em colónias que já foram observadas a distâncias de 440 km do litoral da [[Antártida]].<ref>{{Citar livro| último=Brooke | primeiro=Michael | ano=2004 | título=Albatrosses And Petrels Across The World | local=Oxford | editora=Oxford University Press|isbn=0-19-850125-0}}</ref> A maior [[biodiversidade]] de aves tem lugar nas [[Trópicos|regiões tropicais]]. Anteriormente, pensava-se que esta maior diversidade era o resultado de uma maior velocidade de [[especiação]] nos trópicos. No entanto, estudos mais recentes verificaram que a especiação é superior nas [[latitude]]s mais elevadas, embora a velocidade de [[extinção]] seja também superior à dos trópicos.<ref>{{Citar periódico| último=Weir | primeiro=Jason T. | ano=2007 | título=The Latitudinal Gradient in Recent Speciation and Extinction Rates of Birds and Mammals | jornal=Science |volume=315 | número=5818 | páginas=1574–76 |doi=10.1126/science.1135590 |pmid=17363673 | autor2=Schluter, D}}</ref> Várias famílias de aves evoluíram para se adaptar à vida nos oceanos. Algumas espécies de [[Ave oceânica|aves marinhas]] regressam à costa apenas para nidificar<ref name = "Burger">{{Citar livro| último=Schreiber | primeiro=Elizabeth Anne | autor2=Joanna Burger | ano=2001 | título=Biology of Marine Birds | local=Boca Raton | editora=CRC Press |isbn=0-8493-9882-7}}</ref> e alguns [[Pinguim|pinguins]] são capazes de mergulhar até 300 metros de profundidade.<ref>{{Citar periódico |ultimo1=Sato |primeiro1=Katsufumi |data=1 de maio de 2002 |título=Buoyancy and maximal diving depth in penguins: do they control inhaling air volume? |jornal=Journal of Experimental Biology |volume=205 |número=9 |páginas=1189–1197 |pmid=11948196 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/205/9/1189 |ultimo2=Naito |primeiro2=Y |ultimo3=Kato |primeiro3=A |ultimo4=Niizuma |primeiro4=Y |ultimo5=Watanuki |primeiro5=Y |ultimo6=Charrassin |primeiro6=JB |ultimo7=Bost |primeiro7=CA |ultimo8=Handrich |primeiro8=Y |ultimo9=Le Maho |primeiro9=Y}}</ref> |
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==Evolução e classifcaação== |
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{{AP|Evolução das aves}} |
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[[File:Naturkundemuseum Berlin - Archaeopteryx - Eichstätt.jpg|alt= Pedra com ossos fossilizados e marcas de penas|thumb|A ''[[Archaeopteryx lithographica]]'' é geralmente considerada a mais antiga ave verdadeira conhecida..]] |
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Regra geral, o número de espécies que se reproduz em determinada área é diretamente proporcional ao tamanho dessa área e à diversidade de ''habitats'' disponíveis. O número total de espécies está também relacionado com factores como a posição dessa área em relação às rotas de migração e ao número de espécies que aí passam o inverno. Na [[Europa]] a oeste dos [[montes Urais]], incluindo grande parte da [[Turquia]], vivem cerca de 540 espécies de aves. Na [[Ásia]] vivem {{formatnum|2700}} espécies, o que corresponde a 25% da avifauna mundial, e só na [[Rússia]] vivem cerca de 700. Em [[África]] vivem cerca de {{formatnum|2300}} espécies. Em todo o [[América|continente americano]] vivem cerca de {{formatnum|4400}} espécies, embora em alguns países da América Central e do Sul haja mais de mil espécies. A [[Costa Rica]] é a região com maior número de espécies em relação ao tamanho, com cerca de 800 conhecidas numa área de apenas {{formatnum:51000}} km<sup>2</sup>.<ref name="Britannica" /> |
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A primeira classificação biológica das aves foi publicada por [[Francis Willughby]] e [[John Ray]] em 1676 no volume ''Ornithologiae''.<ref>{{Citar livro| último=del Hoyo | primeiro=Josep | autor2=Andy Elliott| autor3=Jordi Sargatal | título=[[:en:Handbook of Birds of the World|Handbook of Birds of the World]] |volume=1: Ostrich to Ducks | ano=1992 | editora=Lynx Edicions | local=Barcelona |isbn=84-87334-10-5}}</ref> Em 1758, [[Carolus Linnaeus]] modificou essa classificação para o sistema de [[Taxonomia|classificação taxonómica]] em uso na atualidade.<ref>{{Citar livro| último=Linnaeus | primeiro=Carolus |autorlink=Carolus Linnaeus | título=[[Systema Naturae|Systema naturae per regna tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis. Tomus I. Editio decima, reformata]] | editora=Holmiae. (Laurentii Salvii) | ano=1758 | páginas=824 |url=}}</ref> No [[Sistema de Linné]], as aves estão categorizadas na [[Classe (biologia)|classe]] homónima. A [[classificação filogenética]] coloca as aves no clado dos dinossauros [[Terópoda|terópodes]].<ref name="Theropoda">{{Citar periódico | data=Janeiro 2007 | título=Higher-order phylogeny of modern birds (Theropoda, Aves: Neornithes) based on comparative anatomy. II. Analysis and discussion | jornal=[[:en:Zoological Journal of the Linnean SocietyZoological Journal of the Linnean Society]] | volume=149 | número=1 | páginas=1–95 | doi=10.1111/j.1096-3642.2006.00293.x | pmid=18784798 | último=Livezey | primeiro=Bradley C. | último2=Zusi | primeiro2=RL | pmc=2517308}}</ref> |
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Muitas espécies de aves estabeleceram o seu território nas regiões em que foram [[Espécie introduzida|introduzidas]] pelo ser humano. A introdução de algumas espécies foi deliberada, como por exemplo o [[faisão-comum]], que foi introduzido em todo o mundo como ave de caça.<ref>{{Citar livro| último=Hill | primeiro=David | autor2=Peter Robertson | ano=1988 | título=The Pheasant: Ecology, Management, and Conservation | local=Oxford | editora=BSP Professional |isbn=0-632-02011-3}}</ref> Outras introduções foram acidentais, como o [[periquito-monge]], que atualmente está presente em várias cidades norte-americanas como consequência de fugas de cativeiro.<ref>{{Citar web| último=Spreyer | primeiro=Mark F.| autor2=Enrique H. Bucher| ano=1998| título=Monk Parakeet (Myiopsitta monachus), The Birds of North America| editora=Cornell Lab of Ornithology|url=http://bna.birds.cornell.edu/bna/species/322 |doi=10.2173/bna.322 | acessodata=2015-12-13}}</ref> Algumas espécies, como a [[garça-boieira]],<ref>{{Citar periódico| último=Arendt | primeiro=Wayne J. | data=1 de janeiro de 1988| título=Range Expansion of the Cattle Egret, (''Bubulcus ibis'') in the Greater Caribbean Basin | jornal=Colonial Waterbirds |volume=11 | número=2 | páginas=252–62 |doi=10.2307/1521007 |jstor=1521007}}</ref> o [[gavião-carrapateiro]]<ref>{{Citar livro| último=Bierregaard | primeiro=R.O. | ano=1994 | capítulo=Yellow-headed Caracara |editor=Josep del Hoyo, Andrew Elliott and Jordi Sargatal (eds.) | título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]]. Volume 2; New World Vultures to Guineafowl | local=Barcelona | editora=Lynx Edicions |isbn=84-87334-15-6 }}</ref> e a [[Galah|cacatua-galah]],<ref>{{Citar livro| último=Juniper | primeiro=Tony | autor2=Mike Parr | ano=1998 | título=Parrots: A Guide to the Parrots of the World | local=London | editora=[[:en:Helm Identification Guides|Christopher Helm]] |isbn=0-7136-6933-0}}</ref> expandiram-se muito para além do seu território inicial de forma natural, à medida que a [[agricultura]] foi criando novos ''habitats''. |
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===Definição=== |
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==Anatomia e fisiologia== |
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As Aves, bem como o grupo relacionado do clado [[Crocodilia]], são os únicos representantes vivos do clado [[réptil]] dos ''[[Archosauria]]''. Até finais da década de 1990, as aves eram definidas [[Filogenia|filogeneticamente]] como sendo todas descendentes do [[ancestral comum mais recente]] das aves modernas e do ''[[Archaeopteryx lithographica]]''.<ref>{{Citar livro| último=Padian| primeiro=Kevin| autorlink=Kevin Padian | coautor=L.M. Chiappe Chiappe LM |editor=[[:en:Philip J. Currie]], Kevin Padian | título=Encyclopedia of Dinosaurs| ano=1997| editora=Academic Press| local=San Diego| páginas=41–96| capítulo=Bird Origins|isbn=0-12-226810-5}}</ref> No entanto, no {{séc|XXI}} a definição proposta por [[Jacques Gauthier]] foi obtendo apoio significativo e é atualmente usada por muitos cientistas, incluindo os aderentes do [[PhyloCode]]. Gauthier definiu as Aves de forma a incluir apenas o [[grupo coroa]] do conjunto de aves modernas. Isto foi feito excluindo a maior parte dos grupos que só se conhece a partir de fósseis e atribuindo-os, em vez disso, ao clado ''[[Avialae]]''.<ref>{{Citar livro| último=Gauthier | primeiro=Jacques|editor=Kevin Padian | título=The Origin of Birds and the Evolution of Flight|series= Memoirs of the California Academy of Science '''8'''| ano=1986| páginas=1–55| capítulo=Saurischian Monophyly and the origin of birds|isbn=0-940228-14-9 | editora=Published by California Academy of Sciences | local=San Francisco, CA}}</ref> |
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<!--{{AP|Anatomia das aves}}--> |
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[[File:Birdmorphology.svg|thumb|Topografia de uma ave: 1 [[Bico]], 2 Coroa, 3 [[Íris]], 4 [[Pupila]], 5 Manto, 6 Pequenas coberturas, 7 Escapulares, 8 Grandes coberturas, 9 Terciárias, 10 [[Uropígio]], 11 Primárias, 12 [[Cloaca]], 13 Coxa, 14 [[Tornozelo|Articulação tíbiotársica]], 15 [[Tarso (pé)|Tarso]], 16 Pata, 17 [[Tíbia]], 18 Ventre, 19 Flancos, 20 Peito, 21 Garganta, 22 Papada, 23 [[Lista supraciliar]].]] |
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Em comparação com outros [[vertebrado]]s, as aves apresentam um corpo com diversas adaptações invulgares e únicas que lhes permitem voar, mesmo que sejam apenas estruturas vestigiais ou que sejam usadas para deslocação terrestre ou aquática. Embora haja várias particularidades ósseas e anatómicas exclusivas das aves, a presença de penas é a mais proeminente e distintiva característica das aves. As aves possuem também um órgão único entre os animais, a [[siringe]], que lhes permite produzir os [[Aves#Comunicação|cantos e chamamentos]]. A pele das aves é praticamente ausente de quaisquer [[glândula]]s, à exceção da [[glândula uropigial]] que produz um óleo que protege e impermeabiliza as penas.<ref name="Britannica" /> |
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As aves são [[Homeotermia|animais endotérmicos]] que mantêm uma temperatura de aproximadamente 41 °C, podendo ser ligeiramente inferior durante as horas de sono e ligeiramente superior durante os períodos de atividade intensa. As penas e, em algumas espécies, a gordura subcutânea, oferecem isolamento térmico. Como não possuem [[Glândula sudorípara|glândulas sudoríparas]], o excesso de calor é dissipado pela respiração rápida que, em algumas espécies, pode chegar às 300 respirações por minuto. Algumas espécies são capazes de [[Hibernação|hibernar]] temporariamente.<ref name="Britannica" /> |
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Gauthier identificou quatro formas conflitantes de definir o termo "Aves", o que coloca um problema, uma vez que o mesmo nome biológico é usado de quatro formas diferentes. Gauthier propôs uma solução (4º ponto na lista em baixo) que consiste em reservar o termo "Aves" apenas para o grupo coroa, o último ancestral em comum para todas as aves vivas e todos os seus descendentes, atribuindo outros nomes aos restantes grupos.<ref name="gauthier&dequeiroz2001"/> |
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Nas aves voadoras de maior dimensão, os ossos são permeados por cavidades de ar e o sistema respiratório é constituído por sacos de ar, o que contribui para diminuir o seu peso. O [[albatroz]] é a ave voadora com maior envergadura de asas, que pode atingir os 3,5 metros, enquanto o [[cisne-trombeteiro]] pode atingir os 17 kg de peso. A ave mais pequena é o [[Mellisuga helenae|colibri-cubano]], que pode medir 5–6 cm de comprimento e pesar apenas 3 gramas. Quando as aves perdem a capacidade de voar deixam de estar limitadas pelo peso, como é o caso da [[avestruz]], que pode atingir os 2,75 metros de altura e pesar 150 kg.<ref name="Britannica" /> |
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{{Cladograma|legenda=Relações filogenéticas das aves com os principais grupos de répteis vivos. |
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|clados={{clado|style=font-size:75% |
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|1= {{clado |
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|1= {{clado |
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|1= [[Crocodilo]]s |
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|2= '''Aves''' |
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|2= [[Tartaruga]]s |
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|2= [[Lagarto]]s (incluindo [[serpente]]s) |
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===Voo=== |
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# Aves pode significar os [[Archosauria|arcossauros]] mais avançados com penas (em alternativa, o clado [[avifilopluma]]) |
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{{AP|Voo das aves}} |
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# Aves pode significar aqueles que voam (em alternativa, [[Avialae]]) |
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[[File:Restless flycatcher04.jpg|thumb|Movimento descendente das asas de uma ''[[Myiagra inquieta]].'']] |
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# Aves pode significar todos os répteis mais próximos das aves do que dos [[crocodilo]]s (em alternativa [[Avemetatarsalia]]) |
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A maior parte das aves tem a [[Voo das aves|capacidade de voar]], o que as distingue de praticamente todas as outras classes de vertebrados. O voo é a principal forma de deslocação para a maioria das espécies de aves e é usado para a reprodução, alimentação e fuga de predadores.<ref name = "Gill"/> No entanto, cerca de 60 espécies vivas de aves são incapazes de voar, assim como muitas das aves extintas.<ref name="Roots2006">{{Citar livro| último=Roots | primeiro=Clive | ano=2006 | título=Flightless Birds | local=Westport | editora=Greenwood Press |isbn=978-0-313-33545-7}}</ref> A incapacidade de voo ocorre muitas vezes em ilhas isoladas, provavelmente devido aos recursos limitados e à ausência de predadores terrestres.<ref>{{Citar periódico| último=McNab | primeiro=Brian K. | data=Outubro de 1994 | título=Energy Conservation and the Evolution of Flightlessness in Birds | jornal=The American Naturalist |volume=144 | número=4 | páginas=628–42 |doi=10.1086/285697 |jstor=2462941}}</ref> Embora incapazes de voar ou de percorrer grandes distâncias, algumas aves usam a mesma musculatura e movimentos para nadar na água, como é o caso dos [[Pinguim|pinguins]], [[Alcidae|tordas]] ou os [[Melro-d'água|melros-d'água]].<ref>{{Citar periódico| último=Kovacs | primeiro=Christopher E. | ano=2000 | título=Anatomy and histochemistry of flight muscles in a wing-propelled diving bird, the Atlantic Puffin, ''Fratercula arctica'' | jornal=Journal of Morphology |volume=244 | número=2 | páginas=109–25|doi=10.1002/(SICI)1097-4687(200005)244:2<109::AID-JMOR2>3.0.CO;2-0 |pmid=10761049 |autor2=Meyers, RA}}</ref> |
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# Aves pode significar o último ancestral comum de todas as aves existentes e de todos os seus descendentes (um "grupo coroa"; em alternativa [[Neornithes]]) |
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As aves possuem diversas adaptações evolutivas destinadas ao voo, entre as quais ossos pneumáticos e leves, dois grandes músculos de voo (os peitorais – que correspondem a 15% do peso da ave – e o supracoracoide) e um membro anterior modificado (a [[asa]]) que atua simultaneamente como [[aerofólio]] (que sustenta a ave no ar) e como elemento de impulso. Muitas aves alternam entre o voo impulsionado pelo bater de asas e o [[Voo à vela|voo planado]] e usam a cauda para direcionar o voo.<ref name = "Gill"/> A asa é bastante flexível, podendo ser alongada ou recolhida por flexão, as penas das bordas podem ser abertas ou fechadas e o ângulo das asas pode ser ajustado, quer em conjunto, quer individualmente.<ref name="Britannica" /> |
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Perante a quarta definição, o ''Archaeopteryx'' é um membro dos Avialae, e não das Aves. As propostas de Gauthier têm sido adotadas por muitos investigadores no campo da [[paleontologia]] e evolução das aves, embora as definições aplicadas não tenham sido consistentes. O clado Avialae, inicialmente proposto para substituir o conteúdo físsil do grupo das Aves, é muitas vezes usado por estes investigadores como sinónimo do termo vernacular "ave".<ref name=Nature>{{Citar periódico| autor=Pascal Godefroit, Andrea Cau, Hu Dong-Yu, François Escuillié, Wu Wenhao and Gareth Dyke | ano=2013 | título=A Jurassic avialan dinosaur from China resolves the early phylogenetic history of birds | jornal=Nature |volume=in press | número= 7454| páginas= 359–62|doi=10.1038/nature12168 |pmid=23719374}}</ref> |
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[[Imagem:FlightSilhouettes.svg|thumb|O tamanho e a forma das asas estão relacionados com o tipo de voo dessa espécie.]] |
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A maior parte dos cientistas define ''Avialae'' como um clado baseado em ramos, embora as definições precisas possam divergir. Muitos autores têm usado uma definição semelhante a "todos os [[terópode]]s mais perto das aves do que dos ''[[Deinonychus]]''."<ref name="weishampel2004">Weishampel, David B.; Dodson, Peter; Osmólska, Halszka (eds.) (2004). ''The Dinosauria'', Second Edition. University of California Press., 861 pp.</ref><ref name="senter2007">Senter, P. (2007). "A new look at the phylogeny of Coelurosauria (Dinosauria: Theropoda)." ''Journal of Systematic Palaeontology'', ({{doi|10.1017/S1477201907002143}}).</ref> Os Avialae também são por vezes definidos enquanto clado baseado em apomorfia (isto é, um clado baseado em características físicas). [[Jacques Gauthier]], que deu o nome aos ''Avialae'' em 1986, redefiniu-o em 2001 enquanto o conjunto de todos os dinossauros que possuíam asas com penas usadas para voar, e todas as aves que deles descendem.<ref name="gauthier&dequeiroz2001">{{Citar livro |último=Gauthier |primeiro=J. |coautor=de Queiroz, K. |ano=2001|capítulo=Feathered dinosaurs, flying dinosaurs, crown dinosaurs, and the name Aves |páginas=7–41 |título=New perspectives on the origin and early evolution of birds: proceedings of the International Symposium in Honor of John H. Ostrom |editor=J. A. Gauthier e L. F. Gall |editora=Peabody Museum of Natural History, Yale University |local=New Haven, Connecticut}}</ref><ref name="gauthier1986">{{Citar livro |último=Gauthier |primeiro=J. |ano=1986 |capítulo=Saurischian monophyly and the origin of birds |editor=K. Padian |título=The origin of birds and the evolution of flight |local=São Francisco: Califórnia |editora=Acad.Sci. |páginas=1–55}}</ref> |
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O tamanho e forma da asa geralmente está relacionado com o tipo de voo dessa espécie. Por exemplo, os albatrozes, as [[gaivota]]s e outras [[aves marinhas]] apresentam asas compridas e estreitas que tiram partido do [[vento]] sobre o oceano para planar, enquanto que as aves de rapina têm asas amplas para tirar partido das correntes de ar ascendentes e descendentes de montanha. As aves de asa curta, como os [[galináceo]]s, fazem apenas voos curtos. As asas pontiagudas dos [[pato]]s permitem-lhes percorrer rapidamente grandes distâncias. As [[andorinha]]s e os [[estorninho]]s têm asas compridas e pontiagudas que lhes permitem fazer acrobacias aéreas durante horas seguidas. Enquanto algumas aves de grande dimensão, como os [[abutre]]s, planam ao longo de horas e só ocasionalmente batem as asas, outras aves, como os colibris, batem as asas várias vezes por segundo.<ref name="Britannica" /> |
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A velocidade de voo varia imenso entre as espécies. As aves mais pequenas, como os [[Passeridae|pardais]] ou as [[Troglodytidae|carriças]], voam entre 15-30 [[km/h]]. As aves de pequena a média dimensão, como os [[Turdidae|tordos]], [[Rabo-de-quilha|rabos-de-quilha]], [[Sturnidae|estorninhos]] ou [[Andorinhão|andorinhões]], e as aves de grande envergadura de asa, como os [[pelicano]]s e as gaivotas, voam entre 30 e 60 km/h. As aves mais rápidas, como os [[Falcão|falcões]], patos, gansos e pombos voam entre 60 a 100 km/h. A ave que atinge maior velocidade é o [[falcão-peregrino]], que é capaz de realizar voos a pique que atingem os 320 km/h.<ref name="Britannica" /> |
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Muitas aves com pés pequenos, como os [[Andorinhão|andorinhões]], colibris ou [[calau]]s, raramente caminham e usam as patas apenas para se empoleirarem, enquanto outras apresentam patas mais robustas e realizam grande parte dos movimentos a pé, como as [[Rallidae|galinhas de água]]. Os [[papagaio]]s caminham frequentemente ao longo dos ramos, enquanto espécies como os [[melro]]s saltitam no terreno. Muitas espécies usam as asas para se deslocar debaixo de água, como é o caso dos [[Pinguim|pinguins]], embora algumas só nadem à superfície. Algumas aves, como as [[mobêlha]]s, estão tão adaptadas à vida no mar que só vão a terra nidificar. Muitas aves, como o [[pato-real]], são capazes de levantar voo diretamente a partir da superfície da água, embora outras necessitem de fazer uma pequena corrida para ganhar impulso, como os [[Podicipedidae|mergulhões]].<ref name="Britannica" /> |
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===Penas, plumagem e escamas=== |
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{{AP|Pena|Penas de voo}} |
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[[File:Lamprotornis_hildebrandti_-Tanzania-8-2c.jpg|thumb|[[Estorninho-de-hildebrandt]] adulto com penas iridescentes. A plumagem das aves muda regularmente e pode apresentar cores significativamente diferentes conforme a idade, sexo e altura do ano.]] |
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As [[pena]]s são uma característica proeminente e única das aves.{{Nota de rodapé|Embora também tenham estado presentes em [[Dinossauros emplumados|alguns dinossauros]], hoje em dia não são considerados verdadeiras Aves.}} As penas permitem às aves voar, fornecem isolamento que facilita a [[Termorregulação|regulação térmica]] e são usadas como forma de exibicionismo, [[camuflagem]] e comunicação.<ref name="Gill"/> Existem vários tipos de penas, cada um com finalidades específicas. As penas são desenvolvimentos [[Epiderme (pele)|epidérmicos]] ligados à pele e crescem apenas em regiões específicas da pele denominadas pterilas. O padrão de distribuição da implantação das penas em tratos denomina-se pterilose. Aptérios são zonas desprovidas de penas. A distribuição e aparência do conjunto das penas no corpo é denominada [[plumagem]] e é uma das principais características que permitem identificar a espécie de ave. A plumagem pode variar significativamente dentro da própria espécie de acordo com a idade, [[estatuto social]]<ref>{{Citar periódico| último=Belthoff | primeiro=James R. | data=1 de agosto de 1994| título=Plumage Variation, Plasma Steroids and Social Dominance in Male House Finches | jornal=The Condor |volume=96 | número=3 | páginas=614–25 |doi=10.2307/1369464 | autor2=Dufty, | autor3=Gauthreaux,}}</ref> e [[Dimorfismo sexual|sexo]].<ref>{{citar web |último=Guthrie| primeiro=R. Dale|título=How We Use and Show Our Social Organs |publicado=Body Hot Spots: The Anatomy of Human Social Organs and Behavior |url=http://employees.csbsju.edu/lmealey/hotspots/chapter03.htm |acessodata=19 de outubro de 2007| arquivourl = https://web.archive.org/web/20070621225459/http://employees.csbsju.edu/lmealey/hotspots/chapter03.htm |arquivodata = 21 de junho de 2007}}</ref> A cor das penas tem origem em [[pigmento]]s ou na estrutura. Os castanhos e os pretos são causados por [[melanina]]s sintetizadas pela ave e depositados em grânulos, enquanto os amarelos, laranjas e vermelhos são causados por [[carotenoide]]s com origem na dieta e difundidos pela pele e penas. As cores azuis são estruturais e têm origem numa camada fina e porosa de [[queratina]]. Os verdes resultam do acréscimo de pigmento amarelo ao azul estrutural. As cores iridescentes têm origem na estrutura laminada das bárbulas e são realçadas pelos depósitos de melanina.<ref name="Britannica" /> |
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A plumagem das aves [[Ecdise|muda regularmente]]. Geralmente a muda é anual, embora em algumas espécies se observem duas mudas, uma antes da época de reprodução e outra depois, podendo ocorrer variações entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie.<ref>{{Citar livro |último=Ginn |primeiro=HB |autor2=Melville, DS |ano=1983 |título=Moult in birds |editora=British Trusl for Ornilology, Tring Field Guide |páginas=16-21 |isbn=978-0903793025}}</ref> As maiores aves de rapina podem mudar de plumagem apenas uma vez em vários anos. As características da muda variam entre espécies. Em passeriformes, as [[penas de voo]] são substituídas uma de cada vez, sendo as primárias da face inferior substituídas primeiro. Após a substituição da quinta ou sexta primária, começam a cair as terciárias exteriores, seguidas pelas secundárias e pelas outras penas. As grandes coberturas primárias são substituídas ao mesmo tempo das primárias que cobrem. Este processo denomina-se muda centrífuga.<ref name="pettingill">{{Citar livro |autor=Pettingill Jr. OS|ano=1970|título=Ornithology in Laboratory and Field|isbn=0-12-552455-2|editora=Burgess Publishing Co}}</ref> Por outro lado, um pequeno número de espécies, entre as quais os patos e os gansos, perdem todas as penas de voo de uma única vez, ficando temporariamente incapazes de voar.<ref name="debeeretal">{{Citar livro |último=de Beer |primeiro=SJ |autor2=Lockwood GM |autor3=Raijmakers JHFS |autor4=Raijmakers JMH |autor5=Scott WA |autor6=Oschadleus HD |autor7=Underhill LG |ano=2001 |url=http://safring.adu.org.za/downloads/ringers-manual.pdf |título=SAFRING Bird Ringing Manual |coleção=ADU Guide |editora=Universidade da Cidade do Cabo}}</ref> Regra geral, a muda das penas da cauda segue o mesmo padrão da das asas, do interior para o exterior.<ref name="pettingill"/> No entanto, nos ''[[Phasianidae]]'' verifica-se muda centrípeta (de fora para o centro),<ref>{{Citar periódico |último=Gargallo |primeiro=Gabriel |data=1 de junho de 1994|título=Flight Feather Moult in the Red-Necked Nightjar ''Caprimulgus ruficollis'' |jornal=Journal of Avian Biology |volume=25|número=2|páginas=119–24 |doi=10.2307/3677029 |jstor=3677029}}</ref> enquanto que na cauda dos [[pica-pau]]s e das [[Certhiidae|trepadeiras]] a muda começa no segundo par mais interior e acaba no par central de penas, de modo a que a ave possa continuar a trepar.<ref name="pettingill"/><ref>{{Citar periódico| último=Mayr | primeiro=Ernst | ano=1954| título=The tail molt of small owls | jornal=The Auk |volume=71 | número=2 | páginas=172–78 |url=http://www.webcitation.org/6GqJPCQPs |doi=10.2307/4081571}}</ref> |
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As escamas das aves encontram-se principalmente nos dedos e no [[metatarso]], embora em algumas aves estejam presentes acima do tornozelo. À semelhança dos bicos, garras e espigões, são constituídas por [[queratina]]. A maior parte das escamas não se sobrepõe de forma significativa, exceto nos casos do [[guarda-rios]] e do [[pica-pau]]. Pensa-se que as escamas das aves sejam [[Homologia (biologia)|homólogas]] às dos répteis e dos mamíferos.<ref>{{Citar livro| último=Lucas | primeiro=Alfred M. | ano=1972 | título=Avian Anatomy—integument | local=East Lansing, Michigan, US | editora=USDA Avian Anatomy Project, Michigan State University | páginas=67, 344, 394–601}}</ref> |
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===Bico=== |
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{{AP|Bico}} |
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[[Imagem:Bicos de aves horizontal.jpg|thumb|Adaptação do bico a diversas formas de alimentação.]] |
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Embora o tamanho e a forma do [[bico]] das aves varie significativamente de espécie para espécie, a sua estrutura é idêntica. Todos os bicos são constituídos por duas [[mandíbula]]s, superior e inferior. A mandíbula superior está apoiada num osso denominado intermaxilar, cujas ligações permitem que a mandíbula seja flexível e se mova para cima e para baixo. A mandíbula inferior está apoiada num osso denominado osso maxilar inferior.<ref name="Proctor66">{{Citar livro |último=Proctor |primeiro=Noble S. |autor2=Lynch, Patrick J. |ano=1998 |título=Manual of Ornithology: Avian Structure and Function. |local=New Haven |editora=Yale University Press |isbn=0-300-07619-3 |página=66}}</ref> |
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A superfície exterior do bico é constituída por uma camada fina de [[queratina]], denominada ranfoteca.<ref name="Proctor66"/> Entre a ranfoteca e as camadas mais profundas da [[derme]] existe uma camada [[vascular]]izada ligada diretamente aos ossos do bico.<ref name="Samour296">Samour (2000), p. 296.</ref> A ranfoteca forma-se nas células na base de cada mandíbula<ref>Girling (2003), p. 4.</ref> e cresce continuamente na maior parte das aves, enquanto em algumas espécies muda de cor conforme a estação.<ref>{{citar periódico |título=Indentation hardness of the bill keratin of the European Starling| autor=Bonser RHC & Mark S Witter| jornal=The Condor| volume=95| páginas=736–738| ano=1993| url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v095n03/p0736-p0738.pdf| doi=10.2307/1369622}}</ref> |
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As bordas cortantes do bico são denominadas ''tomia''.<ref>Campbell and Lack (1985), p. 598.</ref> Na maior parte das espécies, as bordas variam entre arredondadas e ligeiramente afiadas, embora algumas espécies tenham desenvolvido modificações estruturais que lhes permitem manusear melhor a sua fonte de alimentação.<ref name="Stettenheim">{{citar periódico |jornal=Integrative and Comparative Biology |título=The Integumentary Morphology of Modern Birds—An Overview |primeiro=Peter R. |último=Stettenheim |volume=40 |número=4 |páginas=461–477 |url=http://icb.oxfordjournals.org/content/40/4/461.full.pdf+html |formato=PDF |doi=10.1093/icb/40.4.461 |acessodata=2016-02-29 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120420052438/http://icb.oxfordjournals.org/content/40/4/461.full.pdf%2Bhtml |arquivodata=2012-04-20 |urlmorta=sim }}</ref> Por exemplo, as aves granívoras têm bordas serrilhadas que lhes permitem quebrar a casca de sementes.<ref>{{citar periódico |doi=10.1016/S1055-937X(99)80036-X |título=Avian gastrointestinal anatomy and physiology |ano=1999 |último=Klasing |primeiro=Kirk C. |jornal=Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine |volume=8 |número=2 |páginas=42–50}}</ref> A maior parte dos [[Falcão|falcões]] e alguns papagaios omnívoros apresentam uma projeção na mandíbula superior, de modo a atingir mortalmente as vértebras das presas ou a dilacerar insetos.<ref>{{citar livro |título=Raptors of the World |primeiro=James |último=Ferguson-Lees |autor2=Christie, David A. |editora=Christopher Helm |local=Londres |página=66 |isbn=0-7136-8026-1}}</ref> Algumas espécies que se alimentam de peixe, como os [[Mergus|mergansos]], têm bicos serrilhados que mantêm preso o peixe escorregadio.<ref>Campbell and Lack (1985), p. 48.</ref> Cerca de 30 famílias de aves insetívoras apresentam cerdas muito curtas em toda a mandíbula que aumentam a fricção e lhes permitem segurar insetos de carapaça dura.<ref>{{citar periódico |jornal=The Wilson Bulletin |volume=105 |número=2 |data=Junho de 1993 |páginas=316–324 |título=Scopate Tomia: An Adaptation for Handling Hard-shelled Prey? |primeiro=Kenneth L. |último=Gosner |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/wilson/v105n02/p0316-p0324.pdf }}</ref> |
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===Visão e audição=== |
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{{AP|Visão das aves}} |
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[[File:Bird blink-edit.jpg|thumb|300px|Olho de um [[Vanellus miles|abibe]] a ser coberto pela [[membrana nictitante]].]] |
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A [[visão]] das aves é geralmente bastante desenvolvida. As aves marinhas apresentam lentes flexíveis, o que lhes permite ver claramente tanto no ar como dentro de água.<ref name = "Gill"/> Algumas espécies têm dupla [[fóvea]]. As aves são [[Tetracromatismo|tetracromáticas]], possuindo [[Cone (célula)|cones]] não só sensíveis à luz [[RGB|verde, vermelha e azul]] como também à luz [[ultravioleta]].<ref>{{Citar periódico| último=Wilkie | primeiro=Susan E. | data=Fevereiro de 1998 | título=The molecular basis for UV vision in birds: spectral characteristics, cDNA sequence and retinal localization of the UV-sensitive visual pigment of the budgerigar (Melopsittacus undulatus) | jornal=[[:en:Biochemical Journal|Biochemical Journal]] |volume=330 | páginas=541–47 |pmid=9461554 | último2=Vissers | primeiro2=PM | último3=Das | primeiro3=D | último4=Degrip | primeiro4=WJ | último5=Bowmaker | primeiro5=JK | último6=Hunt | primeiro6=DM |pmc=1219171| número=Pt 1}}</ref> Muitas aves exibem padrões de plumagem refletora ultravioleta que são invisíveis ao olho humano. Algumas aves cujos sexos aparentam ser iguais apresentam, na realidade, padrões diferenciados. Os machos do [[chapim-azul]], por exemplo, têm uma coroa refletora ultravioleta que é exposta durante a corte ao levantar as penas da nuca.<ref>{{Citar periódico |último=Andersson |primeiro=S.|autor2=J. Ornborg, M. Andersson | título=Ultraviolet sexual dimorphism and assortative mating in blue tits |jornal=[[:en:Proceedings of the Royal Society B|Proceedings of the Royal Society B]] |ano=1998 |volume=265 |número=1395 |páginas=445–50 |doi=10.1098/rspb.1998.0315}}</ref> A luz ultravioleta é também usada na procura de comida. Alguns [[Falcão|falcões]] procuram presas através da deteção dos rastos de urina dos [[roedor]]es, que refletem a luz ultravioleta.<ref>{{Citar periódico| último=Viitala | primeiro=Jussi | ano=1995 | jornal=Nature |volume=373 | número=6513 | páginas=425–27 | título=Attraction of kestrels to vole scent marks visible in ultraviolet light |doi=10.1038/373425a0 | último2=Korplmäki | primeiro2=Erkki | último3=Palokangas | primeiro3=Pälvl | último4=Koivula | primeiro4=Minna}}</ref> |
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As [[pálpebra]]s das aves não são usadas para pestanejar. Em vez disso, o olho é lubrificado por uma terceira pálpebra que se desloca horizontalmente, denominada [[membrana nictitante]].<ref>{{Citar periódico| último=Williams | primeiro=David L. | data=Março de 2003 | título=Symblepharon with aberrant protrusion of the nictitating membrane in the snowy owl (''Nyctea scandiaca'') | jornal=Veterinary Ophthalmology |volume=6 | número=1 | páginas=11–13 |doi=10.1046/j.1463-5224.2003.00250.x |pmid=12641836 | último2=Flach | primeiro2=E}}</ref> Esta membrana também cobre o olho e funciona como uma [[lente de contacto]] em muitas aves marinhas.<ref name = "Gill"/> A [[retina]] das aves tem um sistema irrigatório próprio denominado [[pécten ocular]].<ref name = "Gill"/> A maior parte das aves não consegue mover os olhos, embora haja exceções, como o [[corvo-marinho-de-faces-brancas]].<ref>{{Citar periódico| último=White | primeiro=Craig R. |data=Julho de 2007 | título=Vision and Foraging in Cormorants: More like Herons than Hawks? | jornal=PLoS ONE |volume=2 | número=7 | páginas=e639 |doi=10.1371/journal.pone.0000639 |pmid=17653266 | último2=Day | primeiro2=N | último3=Butler | primeiro3=PJ | último4=Martin | primeiro4=GR |pmc=1919429 | último5=Bennett | primeiro5=Peter|editor-sobrenome1=Bennett|editor-nome1=Peter}}</ref> As aves com olhos nas partes laterais da cabeça têm um grande campo visual, enquanto que as aves com olhos na parte da frente da cabeça têm [[visão binocular]] e são capazes de [[Percepção de profundidade|estimar a profundidade]].<ref>{{Citar periódico| último=Martin | primeiro=Graham R. | ano=1999 | título=Visual fields in Short-toed Eagles, ''Circaetus gallicus'' (Accipitridae), and the function of binocularity in birds | jornal=Brain, Behaviour and Evolution |volume=53 | número=2 | páginas=55–66 |doi=10.1159/000006582 |pmid= 9933782| último2=Katzir | primeiro2=G}}</ref> |
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O alcance auditivo das aves é limitado.<ref name="Britannica">{{Citar web |url=http://www.britannica.com/animal/bird-animal |primeiro=Robert W. |último=Storer |título=Bird |publicado=[[Enciclopédia Britannica]] |data=2016 |acessodata=6 de março de 2016}}</ref> O [[ouvido]] não apresenta [[pavilhão auditivo]] externo, embora o orifício seja revestido por penas. Em algumas [[Strigiformes|aves de rapina]], como as [[Asio (gênero)|corujas, mochos]] ou [[Bubo|bufos]], estas penas formam tufos que se assemelham a orelhas. O [[ouvido interno]] apresenta uma [[cóclea]], mas não em espiral como nos mamíferos.<ref>{{Citar periódico| último=Saito | primeiro=Nozomu | ano=1978 | título=Physiology and anatomy of avian ear | jornal=The Journal of the Acoustical Society of America |volume=64 | número=S1 | páginas=S3 |doi=10.1121/1.2004193}}</ref> |
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===Sistema respiratório e olfato=== |
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{{VT|Sacos aéreos}} |
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[[File:Sistema respiratório das aves.svg|thumb|O sistema respiratório das aves é bastante complexo e responde às exigências do elevado [[metabolismo]].]] |
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As aves têm um dos mais complexos e eficientes [[Sistema respiratório|sistemas respiratórios]] de todos os animais.<ref name = "Gill"/> Devido ao elevado [[Metabolismo|ritmo metabólico]] exigido pelo voo, necessitam de um fornecimento constante de grande quantidade de [[oxigénio]]. Embora possuam [[pulmões]], a ventilação é assegurada em grande parte por [[sacos aéreos]] ligados aos pulmões, que correspondem a 15% do volume do corpo.<ref>{{citar livro |último=Whittow |primeiro=G. Causey |título=Sturkie's Avian Physiology |ano=2000 |editora=Academic Press|isbn=978-0-12-747605-6 |páginas=233–241}}</ref> Embora as paredes dos sacos aéreos não façam [[Hematose|trocas gasosas]], têm a função de atuar como foles para fazer circular o ar pelo sistema respiratório.<ref>{{citar livro |último=Calder|primeiro=William A. |título=Size, Function, and Life History |ano=1996|editora=Courier Dove Publications|local=Mineola, Nova Iorque |isbn=978-0-486-69191-6 |página=91}}</ref> No momento da inalação, apenas 25% do ar inalado vai diretamente para os pulmões; os restantes 75% atravessam os pulmões e passam diretamente para um saco de ar posterior que se estende a partir dos pulmões e está ligado às cavidades de ar nos ossos, as quais preenche com ar. Quando a ave expira, o ar usado sai dos pulmões e o ar fresco do saco de ar posterior é forçado a passar para os pulmões. Desta forma, os pulmões são constantemente fornecidos de ar fresco, quer durante a inalação quer durante a expiração.<ref>{{Citar periódico| último=Maina | primeiro=John N. | data=Novembro de 2006 | título=Development, structure, and function of a novel respiratory organ, the lung-air sac system of birds: to go where no other vertebrate has gone | jornal=Biological Reviews |volume=81 | número=4 | páginas=545–79 |pmid=17038201 |doi=10.1017/S1464793106007111 }}</ref> |
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Os sons das aves são produzidos na [[siringe]], uma câmara muscular constituída por várias [[Membrana timpânica|membranas timpânicas]] que diverge da extremidade inferior da [[traqueia]].<ref name = "Suthers">{{Citar livro| último=Suthers | primeiro=Roderick A. |autor2=Sue Anne Zollinger |capítulo=Producing song: the vocal apparatus |editor=H. Philip Zeigler and Peter Marler (eds.) | ano=2004 | título=Behavioral Neurobiology of Birdsong |series=Annals of the New York Academy of Sciences '''1016''' | local=Nova Iorque | editora=New York Academy of Sciences |isbn=1-57331-473-0 | páginas=109–129 |doi=10.1196/annals.1298.041|pmid=15313772}}</ref> Em algumas espécies, a traqueia é alongada, o que aumenta o volume das vocalizações e a perceção do tamanho da ave.<ref name = "Fitch">{{Citar periódico| último=Fitch | primeiro=W. T. | ano=1999 | título=Acoustic exaggeration of size in birds via tracheal elongation: comparative and theoretical analyses | jornal=Journal of Zoology |volume=248 | páginas=31–48|doi=10.1017/S095283699900504X}}</ref> |
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A maior parte das aves tem [[olfato]] pouco apurado, embora os [[Apteryx australis|quivis]],<ref name="sales2005">{{Citar periódico | último=Sales | primeiro=James | ano=2005 | título=The endangered kiwi: a review | jornal=Folia Zoologica | volume=54 | número=1–2 | páginas=1–20 | url=http://www.ivb.cz/folia/54/1-2/01-20.pdf | acessodata=2016-02-22 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20070926005337/http://www.ivb.cz/folia/54/1-2/01-20.pdf | arquivodata=2007-09-26 | urlmorta=sim }}</ref> os [[Cathartidae|abutres do Novo Mundo]]<ref name="Avian Sense of Smell">{{Citar web| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | autor2=David S. Dobkin| autor3=Darryl Wheye | título=The Avian Sense of Smell |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Avian_Sense.html | ano=1988 |obra=Birds of Stanford | editora=Stanford University | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> e os [[procelariformes]] sejam exceções notáveis.<ref>{{Citar periódico | último=Lequette | primeiro=Benoit |data=1 de agosto de 1989 | título=Olfaction in Subantarctic seabirds: Its phylogenetic and ecological significance | jornal=The Condor | volume=91 | número=3 | páginas=732–35 | doi=10.2307/1368131 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v091n03/p0732-p0735.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6EdpZFz9h?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v091n03/p0732-p0735.pdf | arquivodata=2013-02-23 | autor2=Verheyden, Jouventin | acessodata=2016-02-22 | urlmorta=não }}</ref> A maior parte das aves apresenta duas [[narina]]s externas situadas no bico, geralmente com forma circular, oval ou em corte e ligadas à [[cavidade nasal]] no interior do crânio. As espécies da ordem dos procelariformes, como os albatrozes, apresentam narinas encerradas em dois tubos na mandíbula superior. No entanto, outras espécies, como os [[Sula (género)|gansos-patola]], não têm narinas externas e respiram pela boca. Embora na maior parte das aves as narinas estejam descobertas, em algumas espécies encontram-se cobertas por penas, como nos corvos e nos pica-paus.<ref>{{Citar livro |último=Campbell |primeiro=Bruce |autor2=Lack, Elizabeth |ano=1985 |título=A Dictionary of Birds |local=Carlton |editora=T and A D Poyser |isbn=0-85661-039-9 |páginas=47, 375}}</ref> |
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===Sistema ósseo=== |
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O sistema ósseo das aves é constituído por [[osso]]s extremamente leves com cavidades de ar ligadas ao [[sistema respiratório]] (ossos pneumáticos).<ref>{{Citar web|último=Ehrlich |primeiro=Paul R. |autor2=David S. Dobkin|autor3=Darryl Wheye |título=Adaptations for Flight |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Adaptations.html |ano=1988 |obra=Birds of Stanford |editora=[[Stanford University]] |acessodata=13 de dezembro de 2007}} com base em: {{Citar livro |título=The Birder's Handbook |autor=[[Paul Ehrlich]] |autor2=David Dobkin |autor3=Darryl Wheye |ano=1988 |editora=Simon and Schuster |local=Nova Iorque}}</ref> Nos adultos, os ossos do [[crânio]] estão fundidos entre si e não apresentam [[Sutura (articulação)|suturas cranianas]].<ref name = "Gill">{{Citar livro |último=Gill |primeiro=Frank |ano=1995 |título=Ornithology |editora=WH Freeman and Co |local=Nova Iorque |isbn=0-7167-2415-4 }}</ref> As [[Órbita (anatomia)|órbitas]] são de grande dimensão e separadas por um [[septo nasal]]. A [[coluna vertebral]] divide-se nas vértebras cervicais, torácicas, lombares e caudais. As [[vértebra]]s cervicais (do pescoço), cujo número varia significativamente entre espécies, são particularmente flexíveis. No entanto, o movimento nas [[vértebra torácica|vértebras torácicas]] é limitado e completamente ausente nas vértebras posteriores.<ref>{{Citar web |título=The Avian Skeleton |url=http://www.paulnoll.com/Oregon/Birds/Avian-Skeleton.html |obra=paulnoll.com | último=Noll | primeiro=Paul |acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> As últimas vértebras encontram-se fundidas com a [[pelve]], formando o [[sinsacro]]. As costelas são achatadas. O [[esterno]] apresenta uma [[Quilha (aves)|quilha]] que sustenta os músculos peitorais envolvidos no voo, embora esteja ausente das aves não voadoras. Os membros anteriores encontram-se modificados na forma de asas.<ref name = "Gill"/><ref>{{Citar web| título=Skeleton of a typical bird |url=http://fsc.fernbank.edu/Birding/skeleton.htm |obra=Fernbank Science Center's Ornithology Web | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/10410/1/Osteologia%20das%20aves,%20Rom%C3%A3o%202011.pdf |título=Osteologia das Aves |último=Romão |primeiro=Ricardo |publicado=Universidade de Évora – Departamento de Zoologia |acessodata=15 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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===Sistema digestivo=== |
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[[File:Common Blackbird.jpg|thumb|[[Melro-preto]] a capturar uma minhoca. A digestão das aves é bastante rápida, de modo a não interferir com o voo. Uma vez que não têm dentes, as presas são engolidas inteiras.]] |
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O [[sistema digestivo]] das aves é constituído por um [[papo]], onde é armazenado o conteúdo digestivo, e uma [[moela]] que contém pedras, que as aves engolem para moer os alimentos como forma de compensar a falta de dentes.<ref>{{Citar periódico| último=Gionfriddo | primeiro=James P. | data=1 de Fevereiro de 1995| título=Grit Use by House Sparrows: Effects of Diet and Grit Size | jornal=Condor |volume=97 | número=1 | páginas=57–67 |doi=10.2307/1368983 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v097n01/p0057-p0067.pdf}}</ref> A maior parte das aves apresenta uma digestão bastante rápida, de modo a não interferir com o voo.<ref name = "Attenborough">{{Citar livro| último=Attenborough | primeiro=David |autorlink=David Attenborough | ano=1998 | título=[[:en:The Life of Birds|The Life of Birds]] | local=Princeton | editora=Princeton University Press |isbn=0-691-01633-X}}</ref> Algumas aves migratórias adaptaram-se de modo a usar [[proteína]]s de várias partes do corpo como fonte de energia adicional durante a migração.<ref name="Battley">{{Citar periódico |último=Battley |primeiro=Phil F. |data=Janeiro de 2000 |título=Empirical evidence for differential organ reductions during trans-oceanic bird flight |jornal=Proceedings of the Royal Society B |volume=267 |número=1439 |páginas=191–5 |doi=10.1098/rspb.2000.0986 |pmid=10687826 |autor2=Piersma,T |autor3=Dietz, MW |autor4=Tang, S |autor5=Dekinga, A |autor6=Hulsman, K |pmc=1690512}}</ref> Muitas aves regurgitam [[Plumada|egregófitos]].<ref name="Balgooyen" /> |
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Embora a maior parte das aves necessite de água, as características do seu [[#Sistema excretor|sistema excretor]] e a ausência de [[Glândula sudorípara|glândulas sudoríparas]] fazem com que a quantidade necessária seja reduzida.<ref>{{Citar livro| ano=2005|url=http://irs.ub.rug.nl/ppn/287916626|isbn=90-367-2378-7| último=Engel| primeiro=Sophia Barbara| título=Racing the wind: Water economy and energy expenditure in avian endurance flight| editora=University of Groningen}}</ref> Algumas aves do deserto conseguem satisfazer a necessidade de água exclusivamente a partir da água contida nos alimentos e são tolerantes ao aumento da temperatura corporal, o que lhes permite evitar despender vapor de água em arrefecimento.<ref>{{Citar periódico| título=The role of hyperthermia in the water economy of desert birds| jornal= Physiol. Biochem. Zool.|volume=72| ano=1999| páginas=87–100|doi=10.1086/316640|pmid=9882607| último=Tieleman| primeiro=B.I.| último2=Williams| primeiro2=JB| número=1}}</ref> As aves marinhas estão adaptadas para beber água salgada do mar, possuindo [[glândula de sal|glândulas de sal]] na cabeça que eliminam o excesso de sal através das [[narina]]s.<ref>{{Citar periódico| título=The Salt-Secreting Gland of Marine Birds| último=Schmidt-Nielsen| primeiro=Knut| jornal=Circulation| data=1 de maio de 1960|volume=21| páginas=955–967| número=5|doi=10.1161/01.CIR.21.5.955}}</ref> |
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A maior parte das aves não consegue realizar [[Movimento peristáltico|movimento de sucção]] da água, pelo que recolhe a água no bico e inclina a cabeça de modo a permitir que a água escorra pela garganta. No entanto, algumas espécies, principalmente de regiões áridas, conseguem beber água sem necessidade de inclinar a cabeça, como é o caso das famílias dos [[Columbidae|pombos]], [[Estrildidae|estrilídeos]], [[coliiformes]], [[Turnicidae|toirões]] e [[abetarda]]s.<ref>{{Citar periódico| primeiro=Sara L.| último=Hallager| título=Drinking methods in two species of bustards| jornal=Wilson Bull.|volume=106| número=4| ano=1994| páginas=763–764}}</ref> Algumas aves do deserto dependem da presença de fontes de água, como os [[Cortiçol|cortiçois]], que se agregam à volta de poços de água durante o dia.<ref>{{Citar periódico| título=Water Transport by Sandgrouse| primeiro=Gordon L.| último= MacLean| jornal=BioScience|volume=33| número= 6| data=1 de junho de 1983| páginas=365–369|doi=10.2307/1309104|jstor=1309104}}</ref> Algumas espécies levam água às crias humedecendo as penas, enquanto outras a transportam no [[papo]] ou a regurgitam juntamente com a comida. As famílias dos pombos, dos flamingos e dos pinguins produzem para as crias um líquido nutritivo denominado [[leite de papo]].<ref>{{Citar periódico|autor=Eraud C|autor2=Dorie A|autor3=Jacquet A|autor4=Faivre B|ano=2008|título=The crop milk: a potential new route for carotenoid-mediated parental effects|jornal=Journal of Avian Biology|volume=39|páginas=247–251|doi=10.1111/j.0908-8857.2008.04053.x|número=2}}</ref> |
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===Sistemas reprodutor e urogenital=== |
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[[File:Falnau.jpg|thumb|Durante a [[#Acasalamento|época de acasalamento]], o sistema reprodutor das aves sofre diversas alterações.]] |
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Tal como os [[répteis]], as aves são seres [[Excreção de nitrogênio|uricotélicos]]; isto é, os seus [[Rim|rins]] filtram os resíduos [[Nitrogénio|nitrogenados]] da corrente sanguínea e excretam-nos na forma de [[ácido úrico]] (em vez de [[ureia]] ou [[amoníaco]]) ao longo dos [[uréter]]es até ao intestino. As aves não têm [[bexiga]] nem [[uretra]] exterior, pelo que (à exceção das avestruzes) o ácido úrico é expelido em conjunto com as fezes em dejetos semissólidos.<ref>{{Citar web| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | autor2=David S. Dobkin| autor3=Darryl Wheye | título=Drinking |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Drinking.html | ano=1988 |obra=Birds of Stanford | editora=Stanford University | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Tsahar | primeiro=Ella | título=Can birds be ammonotelic? Nitrogen balance and excretion in two frugivores | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=208 | número=6 | páginas=1025–34 | ano=2005 |pmid=15767304 |doi=10.1242/jeb.01495 | último2=Martínez Del Rio | primeiro2=C | último3=Izhaki | primeiro3=I | último4=Arad | primeiro4=Z }}</ref><ref name=coprodeum>{{Citar periódico | doi= 10.1016/S1095-6433(03)00006-0 | último= Skadhauge | primeiro= E | último2= Erlwanger | primeiro2= KH | último3= Ruziwa | primeiro3= SD | último4= Dantzer | primeiro4= V | último5= Elbrønd | primeiro5= VS | último6= Chamunorwa | primeiro6= JP | título= Does the ostrich (''Struthio camelus'') coprodeum have the electrophysiological properties and microstructure of other birds? | jornal= Comparative biochemistry and physiology. Part A, Molecular & integrative physiology | volume= 134 | número= 4 | páginas= 749–755 | ano= 2003 | pmid = 12814783 }}</ref> No entanto, algumas aves, como o colibri, podem ser [[amoniotélicos]], excretando a maior parte dos resíduos nitrogenados na forma de [[amoníaco]].<ref>{{Citar periódico| último=Preest | primeiro=Marion R. |data=Abril de 1997 | título=Ammonia excretion by hummingbirds | jornal=Nature |volume=386 | número= 6625| páginas=561–62 |doi=10.1038/386561a0 | último2=Beuchat | primeiro2=Carol A.}}</ref> Também excretam [[creatina]], em vez de [[creatinina]] como os [[mamífero]]s.<ref name = "Gill"/> Este material é expulso através da [[cloaca]], em conjunto com os dejetos intestinais.<ref>{{Citar periódico| último=Mora | primeiro=J. | ano=1965 | título=The regulation of urea-biosynthesis enzymes in vertebrates | jornal=[[:en:Biochemical Journal]] |volume=96 | páginas=28–35 | url = http://www.biochemj.org/content/96/1/28.full-text.pdf |pmid=14343146 | último2=Martuscelli | primeiro2=J | último3=Ortiz Pineda | primeiro3=J | último4=Soberon | primeiro4=G |pmc=1206904| número=1}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Packard | primeiro=Gary C.| ano=1966 | título=The Influence of Ambient Temperature and Aridity on Modes of Reproduction and Excretion of Amniote Vertebrates | jornal=[[:en:The American Naturalist]] |volume=100 | número=916 | páginas=667–82 |doi=10.1086/282459 |jstor=2459303}}</ref> A cloaca é um orifício com diversas finalidades. Não só é por aí que são expulsos os dejetos, como a maior parte das aves acasalam juntando as cloacas e é também por aí que as fêmeas depositam os ovos.<ref name="Balgooyen">{{Citar periódico | último=Balgooyen | primeiro=Thomas G. | data=1 de outubro de 1971 | título=Pellet Regurgitation by Captive Sparrow Hawks (''Falco sparverius'') | jornal=[[:en:Condor (journal)|Condor]] | volume=73 | número=3 | páginas=382–85 | doi=10.2307/1365774 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v073n03/p0382-p0385.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOLg1c?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v073n03/p0382-p0385.pdf | arquivodata=24 de maio de 2013 | jstor=1365774 | acessodata=22 de fevereiro de 2016 | urlmorta=não }}</ref> |
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Os machos possuem dois [[testículo]]s internos que durante a época de acasalamento aumentam de tamanho centenas de vezes para produzir [[esperma]].<ref>{{Citar livro |último=Deviche |primeiro=Pierre |autor2=Hurley, Laura L|autor3=Fokidis, H Bobby |doi=10.1016/B978-0-12-374929-1.10002-2 |editora=Academic Press |capítulo=Chapter 2 - Avian Testicular Structure, Function, and Regulation |páginas=27-70 |url=https://www.researchgate.net/publication/236899893_Chapter_2_-_Avian_Testicular_Structure_Function_and_Regulation |título=Hormones and Reproduction of Vertebrates |editor=David Norris, Kristin Lopez |ano=2010 |isbn=9780123749321}}</ref> As fêmeas da maior parte das famílias possuem um único [[ovário]] funcional (o esquerdo), ligado a um [[oviduto]], embora as de algumas espécies tenham dois ovários funcionais.<ref>{{citar periódico |título= The consistent presence of paired ovaries in the Kiwi(Apteryx) with some discussion of this condition in other birds |jornal= Journal of Ornithology |volume =112 | número=3|páginas=334–357| doi= 10.1007/BF01640692| último=Kinsky |primeiro=FC |ano=1971}}</ref> Os machos dos [[Palaeognathae]] (à exceção dos [[Apteryx|quivis]]), dos [[Anseriformes]] (à exceção dos [[Anhimidae]]) e, de forma rudimentar, dos [[Galliformes]] (mas totalmente desenvolvido nos [[Cracidae]]) possuem um [[pénis]], o qual não se observa nas [[Neoaves]].<ref>{{Citar web| último=Yong | primeiro=Ed |url=http://phenomena.nationalgeographic.com/2013/06/06/how-chickens-lost-their-penises-ducks-kept-theirs/ | título=Phenomena: Not Exactly Rocket Science How Chickens Lost Their Penises (And Ducks Kept Theirs) | editora=Phenomena.nationalgeographic.com | acessodata=3 de outubro de 2013}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://bcs.whfreeman.com/gill/bcs-pages/body-right_10.asp?s=10000&n=00010&i=99010.06&v=chapter&o=%7C13000%7C00010%7C&ns=undefined |título=Ornithology, 3rd Edition - Waterfowl: Order Anseriformes |acessodata=3 de outubro de 2013 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150622030534/http://bcs.whfreeman.com/gill/bcs-pages/body-right_10.asp?s=10000&n=00010&i=99010.06&v=chapter&o=%7C13000%7C00010%7C&ns=undefined |arquivodata=22 de junho de 2015 |urlmorta=sim }}</ref> Pensa-se que o comprimento esteja relacionado com a [[competição espermática]].<ref>{{Citar periódico| jornal=The Auk| volume=117| número=3| páginas=820–825| ano=2000| título=The 20-cm Spiny Penis of the Argentine Lake Duck (Oxyura vittata)| autor=McCracken, KG| url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v117n03/p00820-p00825.pdf| arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOOgAu?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v117n03/p00820-p00825.pdf| arquivodata=2013-05-24| doi=10.1642/0004-8038(2000)117[0820:TCSPOT]2.0.CO;2| acessodata=2016-02-22| urlmorta=não}}</ref> Fora do momento da cópula, encontra-se oculto no interior do [[proctodeu]], um compartimento no interior da cloaca. |
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===Sistema circulatório=== |
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O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro câmaras protegido por um [[pericárdio]] fibroso. O pericárdio encontra-se preenchido com fluido seroso que o lubrifica.<ref name=Whittow>{{Citar livro |último=Whittow |primeiro=G. |ano=2000 |título=Sturkie's Avian Physiology |editor=G. Causey Whittow |local=San Diego |editora=Academic Press}}</ref> O coração em si está dividido em duas metades, direita e esquerda, cada uma constituída por uma [[aurícula]] e um [[ventrículo]]. As aurículas e ventrículos de cada lado estão separados entre si por [[Válvula cardíaca|válvulas cardíacas]] que impedem que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o ritmo cardíaco é mantido pelas células marca-passo do [[nó sinusal]] situado na aurícula direita. O coração das aves também apresenta arcos musculares, constituídos por camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o coração das aves é constituído pelas camadas do [[endocárdio]], [[miocárdio]] e [[pericárdio]].<ref name=Whittow /> As paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as paredes ventriculares, devido à intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em comparação com a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior quantidade de sangue de modo a responder às necessidades [[Metabolismo|metabólicas]] associadas ao voo.<ref name="Hoagstrom">{{Citar livro |último=Hoagstrom |primeiro=C.W. |ano=2002 |título= Vertebrate Circulation. |obra=Magill's Encyclopedia of Science: Animal Life |volume=1 |páginas=217-219 |local=Pasadena, Califórnia |editora=Salem Press}}</ref> As principais artérias que transportam o sangue do coração têm origem no [[arco aórtico]] direito, ao contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo que forma esta parte da [[aorta]].<ref name = "Gill"/> A [[veia cava inferior]] recebe o sangue dos membros através do [[sistema venoso portal]]. Também ao contrário dos mamíferos, os [[glóbulos vermelhos]] das aves mantêm o seu [[núcleo celular]].<ref>{{Citar periódico| último=Scott | primeiro=Robert B. | data=Março de 1966 | título=Comparative hematology: The phylogeny of the erythrocyte | jornal=Annals of Hematology |volume=12 | número=6 | páginas=340–51 |doi=10.1007/BF01632827 |pmid=5325853 }}</ref> |
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As aves têm um sistema bastante eficiente de distribuição de oxigénio pelo corpo, uma vez que têm uma superfície de trocas gasosas dez vezes maior do que os mamíferos. Isto faz com que as aves tenham nos [[vasos capilares]] mais sangue por unidade de volume dos pulmões do que um mamífero.<ref name="Hoagstrom" /> As [[artéria]]s das aves são constituídas por músculos elásticos e espessos para resistir à pressão da forte constrição ventricular, que se tornam mais rígidos à medida que se encontram mais afastados do coração. O sangue passa pelas artérias, que sofrem [[vasoconstrição]], em direção às [[arteríola]]s, que distribuem o oxigénio e os [[nutriente]]s a todos os tecidos do corpo. À medida que as arteríolas se encontram mais afastadas do coração e próximas dos órgãos e dos tecidos, são cada vez mais ramificadas de modo a aumentar a área de superfície e diminuir a intensidade da corrente sanguínea. A partir das arteríolas, o sangue desloca-se para os [[vasos capilares]] onde ocorre a troca de oxigénio pelos resíduos de dióxido de carbono. Após a troca gasosa, o sangue desoxigenado passa pelas [[vénula]]s e é transportado pelas [[veia]]s de volta ao coração. Ao contrário das artérias, as veias são finas e rígidas, uma vez que não necessitam de resistir a pressões elevadas.<ref name=Hill>{{Citar livro |último=Hill |primeiro=Richard W. |ano=2012 |título=Animal Physiology |autor2=Gordon A. Wyse, Margaret Anderson. |edição=3ª |páginas=647-678 |editora=Sinauer Associates |local=Sunderland}}</ref> |
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===Defesa e combate=== |
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[[File:Stavenn Eurypiga helias 00.jpg|thumb|A plumagem do [[Eurypyga helias|pavão-do-pará]] imita um grande predador.]] |
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Algumas espécies são capazes de usar defesas químicas contra predadores. Alguns [[Procellariiformes]] projetam um [[óleo estomacal]] desagradável contra agressores,<ref>{{Citar periódico| último=Warham | primeiro=John | data=1 de maio de 1977| título=The incidence, function and ecological significance of petrel stomach oils | jornal=Proceedings of the New Zealand Ecological Society |volume=24 | páginas=84–93 |url=http://www.newzealandecology.org/nzje/free_issues/ProNZES24_84.pdf | número=3}}</ref> enquanto algumas espécies de [[pitohui]]s da [[Nova Guiné]] têm a pele e penas revestidas por uma poderosa [[neurotoxina]].<ref>{{Citar periódico |último=Dumbacher |primeiro=J.P. |data=Outubro de 1992 |título=Homobatrachotoxin in the genus ''Pitohui'': chemical defense in birds? |jornal=Science |volume=258 |número=5083 |páginas=799–801 |doi=10.1126/science.1439786 |pmid=1439786 |autor2=Beehler, BM |autor3=Spande, TF |autor4=Garraffo, HM |autor5=Daly, JW}}</ref> A plumagem de algumas espécies envia sinais intimidatórios a potenciais predadores, como o [[Eurypyga helias|pavão-do-pará]], cujas penas criam a ilusão de um grande predador de modo a afugentar falcões e proteger as crias.<ref name="Unnamed-xX2H-1">{{Citar periódico | último=Thomas | primeiro=Betsy Trent | data=1 de agosto de 1990 | título=Nesting Behavior of Sunbitterns (''Eurypyga helias'') in Venezuela | jornal=The Condor | volume=92 | número=3 | páginas=576–81 | doi=10.2307/1368675 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v092n03/p0576-p0581.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOfkKk?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v092n03/p0576-p0581.pdf | arquivodata=24 de maio de 2013 | autor2=Strahl | acessodata=22 de fevereiro de 2016 | urlmorta=não }}</ref> |
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Ocasionalmente, os combates entre espécies resultam em ferimentos ou morte.<ref name=long>{{Citar periódico | último=Longrich | primeiro=N. R. | último2=Olson | primeiro2=S. L. | título=The bizarre wing of the Jamaican flightless ibis Xenicibis xympithecus: a unique vertebrate adaptation | jornal=Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences | data=5 de janeiro de 2011 |volume=278 | número=1716 | páginas=2333–2337 |doi=10.1098/rspb.2010.2117 |url=http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/278/1716/2333}}</ref> Os [[Anhimidae|anhimídeos]], algumas [[Jacanidae|jaçanãs]], o [[pato-ferrão]], o [[pato-das-torrentes]] e nove espécies de [[Vanellus|abibes]] apresentam um espigão afiado na asa que usam como arma. Os [[Tachyeres|patos-vapor]], os [[Anserinae|cisnes e gansos]], as pombas do ártico, os [[Crax|motum]] e os [[Burhinidae|alcaravões]] apresentam uma protuberância óssea na [[álula]] para esmurrar os oponentes.<ref name=long/> Algumas jaçanãs apresentam um [[Rádio (osso)|rádio]] expandido em forma de lâmina. O extinto [[Xenicibis xympithecus|ibis jamaicano]] apresentava um membro anterior alongado que provavelmente funcionava em combate de forma semelhante a um malho. Outras aves, como os [[Cisne-branco|cisnes]], são capazes de morder ao defender os ovos ou as crias.<ref name=long/> |
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==Comportamento== |
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A maior parte das aves é [[Diurnalidade|diurna]], embora algumas aves sejam [[Noctívago|noctívagas]] ou [[crepuscular]]es, como as corujas, e muitas [[Ave limícola|aves limícolas]] se alimentem de acordo com as [[maré]]s, seja de dia ou de noite.<ref>{{Citar periódico | último=Robert | primeiro=Michel | data=Janeiro de 1989 | título=Conditions and significance of night feeding in shorebirds and other water birds in a tropical lagoon | jornal=The Auk | volume=106 | número=1 | páginas=94–101 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v106n01/p0094-p0101.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOb0Xq?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v106n01/p0094-p0101.pdf | arquivodata=2013-05-24 | doi=10.2307/4087761 | autor2=McNeil, Raymond|autor3=Leduc, Alain | acessodata=2016-02-22 | urlmorta=não }}</ref> A socialização entre indivíduos varia imenso de espécie para espécie. Muitas aves de rapina são solitárias, enquanto outras espécies são vincadamente gregárias, atingindo comunidades de milhares de indivíduos. Durante a época de reprodução, muitas espécies defendem um território. Muitos comportamentos das aves são universais e ocorrem invariavelmente em praticamente todas as espécies de aves, como é o caso dos cuidados com as penas, os movimentos de distensão das pernas, asas ou caudas, os banhos de água e poeira, ou o movimento que sacode o corpo.<ref name="Britannica" /> |
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===Alimentação=== |
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[[File:Alcedo atthis eating a tadpole.jpg|thumb|Algumas espécies, como o [[guarda-rios]], pescam os seus próprios alimentos.]] |
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[[File:Long-billed Curlew eating sand crab.jpg|thumb|As [[aves limícolas]], como os [[maçarico]]s, vasculham a areia à procura de comida.]] |
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As dietas das aves são bastante variadas, podendo incluir [[néctar]], [[fruta]]<nowiki/>s, [[planta]]s, [[semente]]s, [[Carniça|carcaças]] e vários animais de menor dimensão, incluindo outras aves.<ref name = "Gill"/> Uma vez que as aves não têm dentes, o seu [[sistema digestivo]] encontra-se adaptado de modo a processar alimentos engolidos inteiros sem [[Mastigação|mastigar]]. As aves que usam várias estratégias para adquirir comida ou se alimentam de vários alimentos são denominadas generalistas. As que dedicam tempo e esforço na procura de alimentos específicos são denominadas especialistas.<ref name = "Gill"/> As estratégias de alimentação variam de espécie para espécie. Muitas aves simplesmente recolhem insetos, invertebrados, fruta ou sementes. Algumas caçam, surpreendendo insetos com ataques súbitos a partir de ramos de árvores.<ref name="lwa001"/> |
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As aves que se [[Nectarívoro|alimentam do néctar]] das flores, como os [[beija-flor]]es, apresentam línguas longas e especialmente adaptadas para a recolha do néctar e, em muitos casos, os próprios bicos foram se adaptando de forma a encaixar em determinadas flores – fenómeno denominado [[coevolução]].<ref>{{Citar periódico| último=Paton | primeiro=D. C. |data=1 de Abril de 1989| título=Bills and tongues of nectar-feeding birds: A review of morphology, function, and performance, with intercontinental comparisons | jornal=Australian Journal of Ecology |volume=14 | número=4 | páginas=473–506 |doi=10.1111/j.1442-9993.1989.tb01457.x | primeiro2=B. G. | último2=Collins }}</ref> Os [[Apteryx|quivís]] e as [[Ave limícola|aves limícolas]] têm bicos longos que lhes permitem vasculhar o terreno à procura de pequenos invertebrados. Os diferentes comprimentos do bico e diferentes métodos de procura fazem com que as espécies limícolas se encontrem muitas vezes em [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]] distintos.<ref name = "Gill"/><ref>{{Citar periódico| último=Baker | primeiro=Myron Charles | data=1 de abril de 1973| título=Niche Relationships Among Six Species of Shorebirds on Their Wintering and Breeding Ranges | jornal=Ecological Monographs |volume=43 | número=2 | páginas=193–212 |doi=10.2307/1942194 |autor2=Baker, Ann Eileen Miller |jstor=1942194}}</ref> Algumas espécies, como as mobelhas, os [[zarro]]s, os pinguins ou as [[Alcidae|tordas]], perseguem a presa debaixo de água, usando as asas e as patas como meio de propulsão.<ref name = "Burger"/> Os predadores aéreos, como os [[sulídeos]], os [[guarda-rios]] ou as [[Sternidae|andorinhas-do-mar]], mergulham em queda livre atrás das presas. Os [[flamingo]]s, três espécies de priões e alguns patos [[Animal filtrador|filtram os alimentos da água]].<ref>{{Citar periódico|último=Cherel |primeiro=Yves |ano=2002 |título=Food and feeding ecology of the sympatric thin-billed ''Pachyptila belcheri'' and Antarctic ''P. desolata'' prions at Iles Kerguelen, Southern Indian Ocean |jornal=Marine Ecology Progress Series |volume=228 |páginas=263–81 |doi=10.3354/meps228263 |autor2=Bocher, P |autor3=De Broyer, C |autor4=Hobson, KA}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Jenkin | primeiro=Penelope M. | ano=1957 | título=The Filter-Feeding and Food of Flamingoes (Phoenicopteri) | jornal=Philosophical Transactions of the Royal Society B |volume=240 | número=674 | páginas=401–93 |doi=10.1098/rstb.1957.0004 |jstor=92549}}</ref> |
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Algumas espécies, como as [[Fregata|fragatas]], [[Larídeos|gaivotas]]<ref>{{Citar periódico |último=Miyazaki |primeiro=Masamine |data=1 de Julho de 1996 |título=Vegetation cover, kleptoparasitism by diurnal gulls and timing of arrival of nocturnal Rhinoceros Auklets |jornal=The Auk |volume=113 |número=3 |páginas=698–702 |doi=10.2307/3677021 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v113n03/p0698-p0702.pdf |arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOds0W?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v113n03/p0698-p0702.pdf |arquivodata=2013-05-24 |autor2=Kuroki, M |autor3=Niizuma, Y |autor4=Watanuki, Y. |jstor=3677021 |acessodata=2016-02-22 |urlmorta=não}}</ref> ou os [[Stercorariidae|moleiros]]<ref>{{Citar periódico| último=Bélisle | primeiro=Marc | data=1 de agosto de 1995| título=Predation and kleptoparasitism by migrating Parasitic Jaegers | jornal=The Condor |volume=97 | número=3 | páginas=771–781 |doi=10.2307/1369185 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v097n03/p0771-p0781.pdf | autor2=Giroux}}</ref> praticam [[cleptoparasitismo]], roubando comida de outras aves. No entanto, pensa-se que o cleptoparasitismo seja apenas um complemento à comida obtida através da caça, e não a principal fonte de alimentação.<ref>{{Citar periódico | último=Vickery | primeiro=J. A. | data=1 de maio de 1994 | título=The Kleptoparasitic Interactions between Great Frigatebirds and Masked Boobies on Henderson Island, South Pacific | jornal=The Condor | volume=96 | número=2 | páginas=331–40 | doi=10.2307/1369318 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v096n02/p0331-p0340.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOdmur?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v096n02/p0331-p0340.pdf | arquivodata=24 de maio de 2013 | autor2=Brooke, M. De L. | jstor=1369318 | acessodata=22 de fevereiro de 2016 | urlmorta=não }}</ref> Outras espécies são [[Necrófago|necrófagas]]. Entre estas, algumas, como os [[abutre]]s, são especializadas no consumo de [[carniça|carcaças]], enquanto outras, como as gaivotas, [[Corvidae|corvídeos]] ou determinadas aves de rapina, são oportunistas.<ref>{{Citar periódico| último=Hiraldo | primeiro=F.C. | ano=1991 | título=Unspecialized exploitation of small carcasses by birds | jornal=Bird Studies |volume=38 | número=3 | páginas=200–07 |doi=10.1080/00063659109477089 | autor2=Blanco, J. C.|autor3=Bustamante, J.}}</ref> |
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===Cuidados com as penas=== |
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[[File:King Penguins on Saunders Island (5586248389).jpg|thumb|[[Pinguim-rei|Pinguins-rei]] durante a limpeza das penas. O bico remove parasitas e fungos e algumas espécies aplicam uma substância oleosa que impede o crescimento de bactérias.]] |
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As penas exigem manutenção constante. Para além do desgaste físico, as penas são atacadas por [[fungo]]s, parasitas e piolhos.<ref>{{Citar periódico|título=The alterations of plumage of parasitic origin|primeiro=Principato|último=Mario|autor2=Lisi Federica|autor3=Moretta Iolanda|autor4=Samra Nada|autor5=Puccetti Francesco|periódico=Italian Journal of Animal Science|url=http://ijas.pagepress.org/index.php/ijas/article/download/ijas.2005.296/610|volume=4|páginas=296–299|ano=2005|acessodata=2016-02-22|wayb=20130617234727|urlmorta=sim}}</ref> As aves conservam as penas com a limpeza, aplicação de secreções protetoras e banhos de água ou pó. Enquanto algumas aves apenas se banham em água rasa, como bebedouros ou fontes, outras mergulham em águas profundas e algumas espécies arbustivas aproveitam a água da chuva que se acumula nas folhas. As aves de regiões áridas usam o solo para tomar banhos de poeira. Algumas espécies encorajam [[formiga]]s a percorrer as penas, reduzindo o número de ectoparasitas. Muitas espécies abrem frequentemente as asas expondo-as à luz direta do sol, o que diminui o número de parasitas e previne o aparecimento de [[fungo]]s. Algumas aves esfregam as formigas nas penas, o que faz com que libertem [[ácido fórmico]] que mata alguns [[parasita]]s.<ref>{{Citar periódico | último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | ano=1986 | título=The Adaptive Significance of Anting | jornal=The Auk | volume=103 | número=4 | páginas=835 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v103n04/p0835-p0835.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOcicg?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v103n04/p0835-p0835.pdf | arquivodata=2013-05-24 | acessodata=2016-02-22 | urlmorta=não }}</ref><ref>{{Citar periódico| jornal=The Auk |volume=121| número=4| páginas=1262–1268| ano=2004| doi=10.1642/0004-8038(2004)121[1262:BAFAOA]2.0.CO;2| título=Bactericidal and fungicidal activity of ant chemicals on feather parasites: an evaluation of anting behavior as a method of self-medication in songbirds| primeiro=Hannah C. | último=Revis| primeiro2=Deborah A. | último2=Waller}}</ref><ref>{{Citar periódico| jornal=The Open Ornithology Journal| ano=2010| volume=3| páginas=41–71| doi=10.2174/1874453201003010041| título=How Birds Combat Ectoparasites| primeiro=Dale H.| último=Clayton| primeiro2=Jennifer A. H.| último2=Koop| primeiro3=Christopher W.| último3=Harbison| primeiro4=Brett R.| último4=Moyer| primeiro5=Sarah E.| último5=Bush| url=http://darwin.biology.utah.edu/PubsHTML/PDF-Files/Bush24.pdf| acessodata=2016-02-22| arquivourl=https://web.archive.org/web/20170811153758/http://darwin.biology.utah.edu/pubshtml/PDF-Files/Bush24.pdf| arquivodata=2017-08-11| urlmorta=sim}}</ref> |
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As aves limpam, alisam e tratam das penas todos os dias, despendendo neste processo cerca de 9% das horas de atividade.<ref>{{Citar periódico| último=Walther | primeiro=Bruno A. | ano=2005 | título=Elaborate ornaments are costly to maintain: evidence for high maintenance handicaps | jornal=Behavioural Ecology |volume=16 | número=1 | páginas=89–95 |doi=10.1093/beheco/arh135}}</ref> O bico é usado para escovar partículas estranhas e para aplicar secreções de uma substância oleosa produzida pela [[glândula uropigial]] que mantém as penas flexíveis e atua como agente [[antimicrobiótico]] que impede o crescimento de [[bactéria]]s que degradam as penas.<ref>{{Citar periódico| último=Shawkey | primeiro=Matthew D. | ano=2003 | título=Chemical warfare? Effects of uropygial oil on feather-degrading bacteria | jornal=[[:en:Journal of Avian Biology|jornal of Avian Biology]] |volume=34 | número=4 | páginas=345–49 |doi=10.1111/j.0908-8857.2003.03193.x | último2=Pillai | primeiro2=Shreekumar R. | último3=Hill | primeiro3=Geoffrey E.}}</ref> |
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===Migração=== |
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{{AP|Migração de aves}} |
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Muitas espécies de aves migram de forma a tirar partido das diferenças [[Estação do ano|sazonais]] de temperatura que influenciam a disponibilidade de fontes alimentares e dos ''habitats'' de reprodução. Estas migrações variam significativamente entre diferentes grupos. Muitas aves terrestres, aves limícolas e aves marinhas realizam migrações anuais ao longo de grandes distâncias, geralmente iniciadas com a mudança do tempo ou da quantidade das horas de luz. Estas aves geralmente alternam entre uma época de reprodução passada nas regiões de [[clima temperado]] ou [[Região polar|polar]] e outra época não reprodutiva passada em regiões [[Trópico|tropicais]] ou no [[Hemisfério (geografia)|hemisfério]] oposto. Antes da migração, as aves aumentam substancialmente as reservas de gordura corporal e diminuem o tamanho de alguns dos seus órgãos.<ref name = "Battley"/><ref name = "Klaassen">{{Citar periódico| último=Klaassen | primeiro=Marc |data=1 de Janeiro de 1996| título=Metabolic constraints on long-distance migration in birds | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=199 | número=1 | páginas=57–64 |pmid=9317335 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/199/1/57 }}</ref> A migração exige uma elevada quantidade de energia, sobretudo quando as aves atravessam desertos e oceanos sem se poder reabastecer. As aves terrestres têm um alcance de voo de cerca de {{nowrap|2 500 km}} e as aves costeiras até {{nowrap|4 000 km}},<ref name=autogenerated1>{{Citar livro| último=Gill | primeiro=Frank | ano=1995 | título=Ornithology | edição=2ª | local=Nova Iorque | editora=W.H. Freeman |isbn=0-7167-2415-4}}</ref> embora o [[fuselo]] seja capaz de voar {{nowrap|{{formatnum:10200}} km}} sem paragens.<ref>{{Citar web| título=Long-distance Godwit sets new record |url=http://www.birdlife.org/news/news/2007/04/bar-tailed_godwit_journey.html | data=4 de maio de 2007 | publicado=[[:en:BirdLife International|BirdLife International]] | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> Algumas [[Ave marinha|aves marinhas]] realizam também grandes migrações, a mais longa das quais é realizada pela [[pardela-preta]], que nidifica na [[Nova Zelândia]] e no [[Chile]] e durante o verão se alimenta no [[Pacífico]] norte ao largo do [[Japão]], do [[Alasca]] e da [[Califórnia]], viajando por ano {{nowrap|{{formatnum:64000}} km}}.<ref>{{Citar periódico|último=Shaffer |primeiro=Scott A. |ano=2006 |título=Migratory shearwaters integrate oceanic resources across the Pacific Ocean in an endless summer |jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America |volume=103 |número=34 |páginas=12799–802 |doi=10.1073/pnas.0603715103 |pmid=16908846 |autor2=Tremblay, Y |autor3=Weimerskirch, H |autor4=Scott, D |autor5=Thompson, DR |autor6=Sagar, PM |autor7=Moller, H |autor8=Taylor, GA |autor9=Foley, DG |pmc=1568927}}</ref> Outras aves marinhas dispersam-se após a reprodução, viajando significativamente sem uma rota de migração fixa. Por exemplo, os [[albatroz]]es que nidificam no [[Oceano Antártico|Oceano Austral]] realizam viagens circumpolares entre as épocas de acasalamento.<ref>{{Citar periódico |último=Croxall |primeiro=John P. |ano=2005 |título=Global Circumnavigations: Tracking year-round ranges of nonbreeding Albatrosses |jornal=Science |volume=307 |número=5707 |páginas=249–50 |doi=10.1126/science.1106042 |pmid=15653503 |autor2=Silk, JR |autor3=Phillips, RA |autor4=Afanasyev, V |autor5=Briggs, DR}}</ref> |
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[[File:Bar-tailed Godwit migration.jpg|thumb|Rotas de [[Migração das aves|migração]] dos [[fuselo]]s a partir da [[Nova Zelândia]]. Esta espécie realiza a mais longa rota de migração sem paragens que se conhece, voando cerca de {{formatnum:10200}} km.]] |
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Outras espécies realizam migrações mais curtas, viajando apenas o que for necessário para evitar o mau tempo ou obter comida. As espécies irruptivas, como os [[Fringillidae|fringilídeos]] boreais, são um desses grupos, sendo possível que num ano permaneçam em determinado local e no seguinte não. Este tipo de migração está normalmente associado à disponibilidade de comida.<ref>{{Citar periódico | último=Wilson | primeiro=W. Herbert, Jr. | ano=1999 | título=Bird feeding and irruptions of northern finches:are migrations short stopped? | jornal=North America Bird Bander | volume=24 | número=4 | páginas=113–21 | url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/nabb/v024n04/p0113-p0121.pdf | arquivourl=https://www.webcitation.org/6GqJOeqSD?url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/nabb/v024n04/p0113-p0121.pdf | arquivodata=2013-05-24 | acessodata=2016-02-22 | urlmorta=não }}</ref> Algumas espécies podem também viajar apenas dentro da sua área de distribuição, neste caso migrando os indivíduos de maiores latitudes para os locais da sua espécie a menores latitudes. Outras ainda realizam apenas migrações parciais, em que migra apenas uma parte da população, geralmente as fêmeas e os machos subdominantes.<ref>{{Citar periódico| último=Nilsson | primeiro=Anna L. K. | ano=2006 | título=Do partial and regular migrants differ in their responses to weather? | jornal=The Auk |volume=123 | número=2 | páginas=537–47 |doi=10.1642/0004-8038(2006)123[537:DPARMD]2.0.CO;2 | último2=Alerstam | primeiro2=Thomas | último3=Nilsson | primeiro3=Jan-Åke}}</ref> Em algumas regiões, as migrações parciais podem representar uma parte significativa dos movimentos migratórios. Na Austrália, por exemplo, 44% dos não passeriformes e 32% dos passeriformes realizam apenas migrações parciais.<ref>{{Citar periódico| último=Chan | primeiro=Ken | ano=2001 | título=Partial migration in Australian landbirds: a review | jornal=[[Emu (journal)|Emu]] |volume=101 | número=4 | páginas=281–92 |doi=10.1071/MU00034}}</ref> A [[migração altitudinal]] é uma forma de migração de curta distância em que as aves passam a época de reprodução nas altitudes mais elevadas e em condições menos favoráveis migram para zonas mais baixas. Este tipo de migração é desencadeado por alterações na temperatura e quando o [[Território (animal)|território]] normal se torna inóspito devido à falta de comida.<ref>{{Citar periódico| último=Rabenold | primeiro=Kerry N. | ano=1985 | título=Variation in Altitudinal Migration, Winter Segregation, and Site Tenacity in two subspecies of Dark-eyed Juncos in the southern Appalachians | jornal=The Auk|volume=102 | número=4 | páginas=805–19 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v102n04/p0805-p0819.pdf}}</ref> Outras espécies são nómadas, não tendo um território definido e deslocando-se de acordo com o tempo e a disponibilidade de comida.<ref>{{Citar livro|último=Collar |primeiro=Nigel J. |ano=1997|capítulo=Family Psittacidae (Parrots)|título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]], Volume 4: Sandgrouse to Cuckoos |editor=Josep del Hoyo |editor2=Andrew Elliott |editor3=Jordi Sargatal |local=Barcelona |editora=Lynx Edicions |isbn=84-87334-22-9}}</ref> |
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As aves têm a capacidade de regressar exatamente à mesma localização de onde partiram, mesmo após percorrerem grandes distâncias.<ref>{{Citar periódico| último=Matthews | primeiro=G. V. T. |data=1 de setembro de 1953| título=Navigation in the Manx Shearwater | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=30 | número=2 | páginas=370–96 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/30/3/370 }}</ref> Durante a migração, as aves navegam através de diversos métodos. Os migrantes diurnos orientam-se pelo [[Sol]] durante o dia e pelas [[estrela]]s durante a noite. As que usam o sol compensam a deslocação do astro usando um [[Cronobiologia|relógio interno]],<ref name = "Gill"/> enquanto que a orientação pelas estrelas depende da posição das [[Constelação|constelações]] que circundam a [[Polaris|estrela polar]].<ref>{{Citar periódico| último=Mouritsen | primeiro=Henrik | data=15 de novembro de 2001| título=Migrating songbirds tested in computer-controlled Emlen funnels use stellar cues for a time-independent compass | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=204 | número=8 | páginas=3855–65 |pmid= 11807103 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/204/22/3855 }}</ref> Para além disto, algumas espécies têm a capacidade de sentir o [[geomagnetismo]] terrestre através de [[fotorrecetor]]es especiais.<ref>{{Citar periódico| último=Deutschlander | primeiro=Mark E. | data=15 de abril de 1999| título=The case for light-dependent magnetic orientation in animals | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=202 | número=8 | páginas=891–908 |pmid= 10085262 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/202/8/891}}</ref> |
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===Comunicação=== |
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{{VT|Vocalização das aves}} |
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{{Escute|arquivo=Troglodytes aedon - House Wren - XC79974.ogg| título=Canto da curruíra |descrição=<small>A [[curruíra]] é um pássaro comum no Continente Americano</small>|posição=direita}} |
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As aves [[Comunicação animal|comunicam]] principalmente através de sinais visuais e auditivos. Muitas espécies usam a plumagem para procurar ou reafirmar o estatuo social,<ref>{{Citar periódico| último=Möller | primeiro=Anders Pape | ano=1988 | título=Badge size in the house sparrow ''Passer domesticus''| jornal=[[:en:Behavioral Ecology and Sociobiology|Behavioral Ecology and Sociobiology]] |volume=22 | número=5 | páginas=373–78|doi=10.1007/BF00295107}}</ref> para mostrar que se encontram na época de acasalamento ou para enviar sinais intimidatórios aos predadores.<ref name="Unnamed-xX2H-1"/> As variações na plumagem também permitem identificar as aves e diferenciar espécies. Os rituais de exibição fazem também parte da comunicação visual entre as aves, podendo ser usados para demonstrar agressão, submissão ou como forma de criar laços entre indivíduos.<ref name = "Gill"/> Os rituais mais sofisticados ocorrem durante o [[cortejo sexual]] e são acompanhados por danças de movimentos complexos.<ref>{{Citar periódico| último=Pickering | primeiro=S. P. C. | ano=2001 | título=Courtship behaviour of the Wandering Albatross ''Diomedea exulans'' at Bird Island, South Georgia | jornal=Marine Ornithology |volume=29 | número=1 | páginas=29–37 |url=http://www.marineornithology.org/PDF/29_1/29_1_6.pdf}}</ref> O êxito do macho em acasalar pode depender da qualidade destes rituais.<ref>{{Citar periódico| último=Pruett-Jones | primeiro=S. G. | data=1 de maio de 1990| título=Sexual Selection Through Female Choice in Lawes' Parotia, A Lek-Mating Bird of Paradise | jornal=[[:en:Evolution (journal)|Evolution]] |volume=44 | número=3 | páginas=486–501 |doi=10.2307/2409431 | autor2=Pruett-Jones}}</ref> |
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Os [[Vocalização das aves|cantos e chamamentos]] são o principal meio de comunicação sonoro das aves e podem ser bastante complexos. Os sons são produzidos na [[siringe]]. Algumas espécies conseguem usar os dois lados da siringe de forma independente, o que lhes permite produzir dois sons diferentes em simultâneo.<ref name = "Suthers"/> Os chamamentos são usados para as mais diversas finalidades, entre as quais a atração do macho durante a época de reprodução,<ref name = "Gill"/> a avaliação de potenciais parceiros,<ref>{{Citar periódico | doi=10.1080/08927014.1994.9522988 | último=Genevois | primeiro=F. | ano=1994 | último2=Bretagnolle | primeiro2=V. | título=Male Blue Petrels reveal their body mass when calling | jornal=Ethology Ecology and Evolution | volume=6 | número=3 | páginas=377–83 | url=http://ejour-fup.unifi.it/index.php/eee/article/view/667/613 | acessodata=2016-02-22 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20080526095342/http://ejour-fup.unifi.it/index.php/eee/article/view/667/613 | arquivodata=2008-05-26 | urlmorta=sim }}</ref> a criação de laços afetivos, a reivindicação e manutenção territorial<ref name = "Gill"/> e identificação de outros indivíduos (como quando os progenitores procuram as crias nas colónias ou quando os parceiros se reúnem no início da época de reprodução),<ref>{{Citar periódico| último=Jouventin | primeiro=Pierre | data=Junho de 1999 | título=Finding a parent in a king penguin colony: the acoustic system of individual recognition | jornal=Animal Behaviour |volume=57 | número=6 | páginas=1175–83 |doi=10.1006/anbe.1999.1086 |pmid=10373249 | autor2=Aubin, T|autor3=Lengagne, T}}</ref> e aviso às outras aves de potenciais predadores, por vezes com informação específica sobre a natureza da ameaça.<ref>{{Citar periódico| último=Templeton | primeiro=Christopher N. | ano=2005 | título=Allometry of Alarm Calls: Black-Capped Chickadees Encode Information About Predator Size | jornal=Science |volume=308 | número=5730 | páginas=1934–37 |doi=10.1126/science.1108841 |pmid=15976305 | autor2=Greene, E|autor3=Davis, K}}</ref> Algumas espécies também usam sons mecânicos para comunicar. As narcejas neo-zelandesas produzem sons fazendo o ar circular por entre as penas,<ref name = "Miskelly">{{Citar periódico| último=Miskelly | primeiro=C. M. | data=Julho de 1987 | título=The identity of the hakawai | jornal=Notornis |volume=34 | número=2 | páginas=95–116}}</ref> os pica-paus tamboreiam de forma territorial<ref name = "Attenborough"/> e as [[Probosciger aterrimus|cacatuas-das-palmeiras]] usam instrumentos de percussão.<ref>{{Citar periódico| último=Murphy | primeiro=Stephen | ano=2003 | título=The breeding biology of palm cockatoos (''Probosciger aterrimus''): a case of a slow life history | jornal=[[:en:Journal of Zoology|Journal of Zoology]] |volume=261 | número=4 | páginas=327–39 |doi=10.1017/S0952836903004175 | autor2=Legge, Sarah|autor3=Heinsohn, Robert}}</ref> |
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===Comportamento de grupo=== |
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[[File:Red-billed quelea flocking at waterhole.jpg|thumb|Os [[Quelea quelea|tecelões-de-bico-vermelho]] são a espécie de ave mais comum no mundo<ref name = "flycatcher">{{Citar livro| último=Sekercioglu | primeiro=Cagan Hakki | ano=2006 | capítulo=Foreword | título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]] |volume=11: Old World Flycatchers to Old World Warblers|editor=Josep del Hoyo, Andrew Elliott and David Christie | local=Barcelona | editora=Lynx Edicions |isbn=84-96553-06-X| páginas=48}}</ref> e formam bandos que chegam às dezenas de milhar de indivíduos.]] |
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Enquanto algumas aves são essencialmente territoriais ou vivem em pequenos grupos familiares, outras aves formam [[bando]]s de grande dimensão. Os principais benefícios dos bandos são a segurança pelo número e a maior eficácia na procura de comida.<ref name = "Gill"/> A defesa contra eventuais predadores é especialmente relevante em ''habitats'' fechados, como nas [[floresta]]s, em que é a [[Predador de emboscada|predação por emboscada]] é comum e um grupo grande aumenta a vigilância. Existem também bandos dedicados à procura de comida que juntam várias espécies que, embora ofereçam segurança, também aumentam a competição pelos recursos.<ref>{{Citar periódico| último=Terborgh | primeiro=John | ano=2005 | título=Mixed flocks and polyspecific associations: Costs and benefits of mixed groups to birds and monkeys | jornal=American Journal of Primatology |volume=21 | número=2| páginas=87–100 |doi=10.1002/ajp.1350210203}}</ref> |
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No entanto, o agrupamento em bando também potência o assédio, a dominância de algumas aves em relação a outras e, em alguns casos, uma diminuição na eficácia da procura por comida.<ref>{{Citar periódico| último=Hutto | primeiro=Richard L. | data=Janeiro de 1988| título=Foraging Behavior Patterns Suggest a Possible Cost Associated with Participation in Mixed-Species Bird Flocks | jornal=[[:en:Oikos (journal)|Oikos]] |volume=51 | número=1 | páginas=79–83 |doi=10.2307/3565809 |jstor=3565809}}</ref> |
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As aves por vezes também formam associações com espécies não aviárias. Algumas aves marinhas que caçam por mergulho associam-se a [[golfinho]]s e [[Atum|atuns]] que empurram os cardumes de peixe em direção à superfície.<ref name = "AU">{{Citar periódico| último=Au | primeiro=David W. K. | data=1 de agosto de 1986| título=Seabird interactions with Dolphins and Tuna in the Eastern Tropical Pacific | jornal=The Condor |volume=88 | número=3 | páginas=304–17 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v088n03/p0304-p0317.pdf |doi=10.2307/1368877}}</ref> Os [[calau]]s têm uma relação [[Mutualismo (biologia)|mutualista]] com os [[Helogale parvula|mangustos-anão]], na qual caçam em conjunto e avisam-se entre si em relação a [[aves de rapina]] e outros predadores.<ref>{{Citar periódico| último=Anne | primeiro=O. | data=Junho de 1983 | título=Dwarf mongoose and hornbill mutualism in the Taru desert, Kenya | jornal=Behavioral Ecology and Sociobiology |volume=12 | número=3 | páginas=181–90 |doi=10.1007/BF00290770 | autor2=Rasa, E.}}</ref> |
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===Repouso e empoleiramento=== |
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[[File:Caribbean Flamingo2 (Phoenicopterus ruber) (0424) - Relic38.jpg|thumb|Muitas aves, como este [[flamingo-americano]], repousam a cabeça nas costas ao dormir.]] |
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O elevado [[metabolismo]] das aves durante a parte ativa do dia é compensado pelo repouso no restante tempo. Ao dormir, as aves incorrem num tipo de sono denominado "sono de vigília", em que os períodos de descanso são intercalados com rápidas "espreitadelas" de olhos abertos, o que lhes permite aperceber de eventuais distúrbios e rapidamente escapar de ameaças.<ref>{{Citar periódico| último=Gauthier-Clerc | primeiro=Michael | ano=2000 | título=Sleep-Vigilance Trade-off in Gadwall during the Winter Period | jornal=The Condor |volume=102 | número=2 | páginas=307–13 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v102n02/p0307-p0313.pdf | arquivourl=https://web.archive.org/web/20041227194439/http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v102n02/p0307-p0313.pdf | arquivodata=27 de dezembro de 2004 |doi=10.1650/0010-5422(2000)102[0307:SVTOIG]2.0.CO;2 | autor2=Tamisier, Alain|autor3=Cézilly, Frank|jstor=1369642}}</ref> Tem sido sugerido que possa haver determinados tipos de sono que são possíveis até mesmo durante o voo.<ref>{{Citar periódico| último=Rattenborg| primeiro=Niels C. | ano=2006 | título=Do birds sleep in flight? | jornal=Die Naturwissenschaften |volume=93 | número=9 | páginas=413–25 |doi=10.1007/s00114-006-0120-3|pmid=16688436}}</ref> Por exemplo, acredita-se que os [[Andorinhão|andorinhões]] sejam capazes de dormir em pleno voo, e as observações de [[radar]] sugerem que se orientam na direção do vento durante o sono.<ref>{{Citar periódico| jornal=The Journal of Experimental Biology|volume=205| páginas=905–910| data=1 de abril de 2002| título=Harmonic oscillatory orientation relative to the wind in nocturnal roosting flights of the swift ''Apus apus''| primeiro=Johan| último=Bäckman|url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/205/7/905|pmid=11916987| número=7| autor2=A}}</ref> Algumas aves têm também demonstrado a capacidade de ter de forma alternada apenas um dos [[Hemisfério cerebral|hemisférios cerebrais]] em sono profundo, o que permite ao olho oposto ao hemisfério que está a dormir continuar vigilante. As aves tendem a exercer esta capacidade quando estão nas orlas dos bandos.<ref>{{Citar periódico| último=Milius | primeiro=S. | data=6 de fevereiro de 1999| título=Half-asleep birds choose which half dozes | jornal=Science News Online |volume=155 | número= 6| páginas=86 |doi=10.2307/4011301 |jstor=4011301 }}</ref> O [[empoleiramento comunitário]] é comum, uma vez que diminui a [[Termorregulação|perda de calor corporal]] e diminui os riscos associados com os predadores.<ref>{{Citar periódico| último=Beauchamp | primeiro=Guy | ano=1999 | título=The evolution of communal roosting in birds: origin and secondary losses | jornal=Behavioural Ecology |volume=10 | número=6 | páginas=675–87 |url=http://beheco.oxfordjournals.org/cgi/content/full/10/6/675 |doi=10.1093/beheco/10.6.675 }}</ref> Os locais de poleiro são geralmente escolhidos tendo em conta a segurança e regulação de calor.<ref>{{Citar periódico| último=Buttemer | primeiro=William A.| ano=1985 | título=Energy relations of winter roost-site utilization by American goldfinches (''Carduelis tristis'') | jornal=[[:Oecologia|Oecologia]] |volume=68 | número=1 | páginas=126–32 |url=http://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/2027.42/47760/1/442_2004_Article_BF00379484.pdf |doi=10.1007/BF00379484 }}</ref> |
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Durante o sono, muitas aves dobram a cabeça e o pescoço sobre as costas e enfiam o bico nas penas do dorso, enquanto outras o fazem nas penas do peito. Muitas aves descansam apoiadas apenas numa perna, enquanto algumas puxam as pernas para baixo das penas, especialmente no inverno. Os [[pássaro]]s apresentam um mecanismo que bloqueia o [[tendão]] que os ajuda a manterem-se no poleiro enquanto dormem. Muitas aves que vivem junto ao solo, como as [[codorniz]]es e os [[Faisão|faisões]], empoleiram-se nas árvores. Alguns papagaios do género ''[[Loriculus]]'' empoleiram-se de cabeça para baixo.<ref>{{Citar periódico| último=Buckley | primeiro=F. G. |data=1 de Janeiro de 1968| título=Upside-down Resting by Young Green-Rumped Parrotlets (''Forpus passerinus'') | jornal=The Condor |volume=70 | número=1 | páginas=89 |doi=10.2307/1366517 }}</ref> Mais de uma centena de espécies, como o colibri ou [[Caprimulgidae|noitibó]], descansam num estado de [[torpor]] acompanhado de uma diminuição do metabolismo.<ref>{{Citar periódico| último=Carpenter | primeiro=F. Lynn | ano=1974 | título=Torpor in an Andean Hummingbird: Its Ecological Significance | jornal=Science |volume=183 | número=4124 | páginas=545–47 |doi=10.1126/science.183.4124.545 |pmid=17773043 }}</ref> Uma espécie, o [[noitibó-de-nuttall]], chega a entrar num estado de [[hibernação]].<ref>{{Citar periódico|último=McKechnie |primeiro=Andrew E. |ano=2007 |título=Torpor in an African caprimulgid, the freckled nightjar ''Caprimulgus tristigma'' |jornal=Journal of Avian Biology |volume=38 |número=3 |páginas=261–66 |doi=10.1111/j.2007.0908-8857.04116.x |autor2=Ashdown, Robert A. M. |autor3=Christian, Murray B. |autor4=Brigham, R. Mark}}</ref> |
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===Reprodução=== |
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{{VT|Sexualidade animal}} |
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As aves têm dois sexos: macho e fêmea. O sexo das aves é determinado pelos [[Sistema ZW de determinação do sexo|cromossomas Z e W]], em vez dos cromossomas X e Y presentes nos mamíferos. Os machos têm dois cromossomas Z (ZZ) e as fêmeas um cromossoma W e um Z (WZ).<ref name = "Gill"/> |
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====Acasalamento==== |
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{{VT|Cortejo sexual|seleção sexual}} |
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[[File:Pair of mandarin ducks.jpg|thumb|[[Dimorfismo sexual]] de tamanho, cor e ornamentos sexuais entre o macho (esquerda) e fêmea (direita) do [[Aix galericulata|pato-mandarim]].]] |
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[[File:Pair of Merops apiaster feeding.jpg|thumb|A fêmea de um casal de [[Merops apiaster|abelharucos]] aguarda pela oferta de comida de um macho. O acasalamento de maior parte das espécies envolve [[Cortejo sexual|rituais de corte]].]] |
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As aves apresentam diversos comportamentos de [[Cópula (biologia)|acasalamento]], estando identificados muitos tipos de [[seleção sexual]] entre as aves. Na seleção intersexual é a fêmea que escolhe o parceiro, enquanto na competição intrassexual os indivíduos do sexo mais abundante competem entre si pelo privilégio de acasalar.<ref name="burton1985">{{Citar livro| último=Burton| primeiro=R| ano=1985| título=Bird Behavior| editora=Alfred A. Knopf, Inc|isbn=0-394-53957-5}}</ref> O acasalamento da maior parte das espécies envolve alguma forma de [[Cortejo sexual|corte sexual]], geralmente por parte do macho.<ref>{{Citar livro| último=Short| primeiro=Lester L.| ano=1993| título=Birds of the World and their Behavior| editora=Henry Holt and Co| local=Nova Iorque |isbn=0-8050-1952-9}}</ref> A maior parte dos rituais de acasalamento são bastante simples e envolvem apenas algum tipo de [[Vocalização das aves|canto]]. No entanto, alguns são coreografias bastante complexas e, dependendo da espécie, podem incluir dança, bater de asas ou cauda, voos aéreos ou ''[[acasalamento lek|lek]]'' comunitário.<ref name="burton1985" /> Após a escolha do parceiro, muitas espécies fazem ofertas de objetos entre os parceiros ou juntam os bicos em sinal de afeto.<ref name = "Attenborough"/> |
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Os ornamentos de seleção sexual muitas vezes evoluem para se tornar mais pronunciados em situações de competição, até ao ponto em que começam a limitar a agilidade do indivíduo. O elevado custo dos comportamentos e ornamentos sexuais exagerados assegura que apenas os indivíduos de melhor qualidade os conseguem apresentar.<ref name=doutrelant2012>{{Citar periódico|último=Doutrelant|primeiro=C|autor2=Grégoire, A|autor3=Midamegbe, A|autor4=Lambrechts, M|autor5=Perret, P|titulo=Female plumage coloration is sensitive to the cost of reproduction. An experiment in blue tits.|jornal=Journal of Animal Ecology|data=Janeiro de 2012|volume=81|número=1|páginas=87–96|pmid=21819397|doi=10.1111/j.1365-2656.2011.01889.x}}</ref> A cauda do [[pavão]] é provavelmente o exemplo mais conhecido de um ornamento sexual em aves. Os [[Dimorfismo sexual|dimorfismos sexuais]], como a diferença de tamanho e de cor, são bastante comuns entre as aves e um indicador de forte competição reprodutiva.<ref name=edwards2012>{{Citar periódico| último=Edwards| primeiro=DB| título=Immune investment is explained by sexual selection and pace-of-life, but not longevity in parrots (Psittaciformes).| jornal=PLOS ONE| ano=2012|volume=7| número=12| páginas=e53066 |pmid=23300862|doi=10.1371/journal.pone.0053066}}</ref> |
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Noventa e cinco por cento das espécies de aves são socialmente [[Monogamia|monógamas]]. Os casais destas espécies estão juntos pelo menos durante uma época de reprodução ou, em alguns casos, durante vários anos ou até à morte de um dos parceiros.<ref>{{Citar periódico| último=Freed| primeiro=Leonard A.| ano=1987| título=The Long-Term Pair Bond of Tropical House Wrens: Advantage or Constraint?| jornal=[[The American Naturalist]]|volume=130| número=4| páginas=507–25|doi=10.1086/284728}}</ref> A monogamia permite que o pai também cuide das crias, o que é fundamental nas espécies em que as fêmeas necessitam da assistência dos machos durante a incubação.<ref>{{Citar periódico| último=Gowaty| primeiro=Patricia A.| título=Male Parental Care and Apparent Monogamy among Eastern Bluebirds (''Sialia sialis'')| jornal=[[:en:The American Naturalist|The American Naturalist]]|volume=121| número=2| páginas=149–60| ano=1983|doi=10.1086/284047}}</ref> No entanto, entre as muitas espécies monógamas a infidelidade é comum.<ref>{{Citar periódico| último=Westneat| primeiro=David F.| ano=2003| título=Extra-pair paternity in birds: Causes, correlates, and conflict|url=http://arjournals.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev.ecolsys.34.011802.132439 |doi=10.1146/annurev.ecolsys.34.011802.132439| jornal=[[:en:Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics|Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics]]|volume=34| páginas=365–96| autor2=Stewart, Ian R.K.}}</ref> Este comportamento verifica-se geralmente entre os machos dominantes e as fêmeas de machos subordinados, embora possa também ser o resultado de cópula forçada em [[pato]]s e outros [[Anatidae|anatídeos]].<ref>{{Citar periódico| último=Gowaty| primeiro=Patricia A.| ano=1998| título=Ultimate causation of aggressive and forced copulation in birds: Female resistance, the CODE hypothesis, and social monogamy| jornal=[[:en:American Zoologist|American Zoologist]]|volume=38| número=1| páginas=207–25|doi=10.1093/icb/38.1.207| autor2=Buschhaus, Nancy}}</ref> As fêmeas das aves têm mecanismos de armazenamento de [[esperma]] que permitem que o esperma do macho se mantenha viável durante bastante tempo depois da cópula, chegando a 100 dias em algumas espécies,<ref>{{Citar periódico| título=Sexual selection and the temporal separation of reproductive events: sperm storage data from reptiles, birds and mammals| último=Birkhead| primeiro=T.R.| autor2=Møller, P. |doi=10.1111/j.1095-8312.1993.tb00933.x | jornal=Biological Journal of the Linnean Society| ano=1993|volume=50| páginas=295–311}}</ref> e que haja [[Competição espermática|competição entre o esperma]] de vários machos. Para as fêmeas, entre os possíveis benefícios da cópula entrapar está a possibilidade de melhores [[gene]]s para a prole e garantia contra uma eventual [[infertilidade]] do parceiro.<ref>{{Citar periódico| último=Sheldon| primeiro=B| ano=1994| título=Male Phenotype, Fertility, and the Pursuit of Extra-Pair Copulations by Female Birds| jornal=[[Proceedings of the Royal Society B]]|volume=257| número=1348| páginas=25–30|doi=10.1098/rspb.1994.0089}}</ref> Os machos das espécies que praticam cópula extra-par vigiam de perto a companheira de modo a garantir a paternidade da prole que criam.<ref>{{Citar periódico| último=Wei| primeiro=G| ano=2005| título=Copulations and mate guarding of the Chinese Egret |doi=10.1675/1524-4695(2005)28[527:CAMGOT]2.0.CO;2| jornal=Waterbirds|volume=28| número=4| páginas=527–30| autor2=Zuo-Hua, Yin|autor3=Fu-Min, Lei}}</ref> Nos restantes 5% de espécies verificam-se vários [[Sistema de acasalamento|sistemas de acasalamento]], incluindo [[poliginia]], [[poliandria]], [[poligamia]], [[poliginandria]] e [[promiscuidade]]. O acasalamento polígamo ocorre quando as fêmeas são capazes de criar a prole sem a ajuda dos machos.<ref name = "Gill"/> Foi também observado [[Homossexualidade no reino animal|comportamento homossexual]] em machos ou fêmeas de várias espécies de aves, incluindo cópula, formação de pares e nos cuidados com as crias.<ref>{{Citar livro |último=Bagemihl |primeiro=Bruce |título=Biological exuberance: Animal homosexuality and natural diversity |local=Nova Iorque |editora=St. Martin's |ano=1999 |páginas=479–655}}</ref> |
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====Territórios, nidificação e incubação==== |
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{{VT|Nidificação}} |
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[[File:Golden-backed Weaver.jpg|thumb|Os machos dos [[Ploceus jacksoni|Tecelões-de-dorso-dourado]] constroem ninhos suspensos a partir de erva.]] |
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[[File:Willie wagtail in nest.jpg|thumb|Fêmea de [[Rhipidura leucophrys|cauda-de-leque]] durante a [[incubação]], que tem a finalidade de normalizar a temperatura de desenvolvimento da cria no ovo.]] |
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Durante a época de reprodução, muitas aves defendem ativamente um território de outros indivíduos da mesma espécie, assegurando assim fontes de comida para as suas crias. As espécies que não são territoriais, como as [[aves marinhas]] ou os [[Andorinhão|andorinhões]], geralmente reproduzem-se em [[Colónia de aves marinhas|colónias]] que oferecem proteção contra predadores. As aves coloniais defendem apenas o ninho, embora a competição pelos melhores locais para construir o ninho possa ser intensa.<ref>{{Citar periódico | último = Kokko | primeiro = H | autor2 = Harris, M|autor3 = Wanless, S | ano= 2004 | título = Competition for breeding sites and site-dependent population regulation in a highly colonial seabird, the common guillemot ''Uria aalge'' | jornal = Journal of Animal Ecology | volume = 73 | número = 2| páginas = 367–76 | doi = 10.1111/j.0021-8790.2004.00813.x }}</ref> |
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As aves geralmente põem os ovos num [[ninho]]. A maior parte das espécies constrói ninhos bastante elaborados, que podem ser em forma de chávena, de prato, em montículo ou dentro de uma toca.<ref name = "Hansell">{{Citar livro |último=Hansell |primeiro=M |ano=2000 |título=Bird Nests and Construction Behaviour |editora=University of Cambridge Press |isbn=0-521-46038-7}}</ref> No entanto, alguns ninhos são extremamente primitivos. O ninho do [[albatroz]], por exemplo, pouco mais é do que alguma terra e ramos secos no chão. A maior parte das aves constrói ninhos em locais abrigados ou escondidos para evitar predadores, embora as aves coloniais ou de grande dimensão, que têm maior capacidade de defesa, possam construir ninhos abertos. Os materiais de construção do ninho variam imenso, incluindo pequenas pedras, lama, ervas, galhos, folhas, algas e fibras de plantas, sendo usados tanto isoladamente como em conjunto. Algumas aves procuram também materiais de origem animal, como penas, pelo de cavalos ou pele de cobras. Os materiais podem ser entrançados, cosidos ou unidos com lama.<ref name="Britannica" /> Algumas espécies procuram plantas com determinadas toxinas que impedem a propagação de parasitas, de modo a aumentar a sobrevivência das crias,<ref>{{Citar periódico | último = Lafuma | primeiro = L | autor2 = Lambrechts, M|autor3 = Raymond, M | ano= 2001 | título = Aromatic plants in bird nests as a protection against Hematophagy -blood-sucking flying insects? |periódico= Behavioural Processes | volume = 56 | número = 2| páginas = 113–20 | doi = 10.1016/S0376-6357(01)00191-7 }}</ref> e penas, que oferecem isolamento térmico.<ref name = "Hansell"/> Algumas espécies não fazem ninho; por exemplo, o [[airo]] põe os ovos na rocha nua e os [[Pinguim-imperador|pinguins-imperador]] mantêm os ovos entre o corpo e as patas.<ref>{{Citar livro |último=Williams |primeiro=Tony D. |ano=1995 |título=The Penguins |local=Oxford |editora=Oxford University Press |isbn=0-19-854667-X |página=157}}</ref> |
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Todas as aves põem [[Amniota|ovos amnióticos]] de casca dura, constituída principalmente por [[carbonato de cálcio]].<ref name = "Gill"/> O número de ovos postos em cada [[ninhada]] varia entre 1 e cerca de 20, dependendo da espécie. Algumas espécies põem invariavelmente o mesmo número de ovos por ninhada, embora a maioria das aves ponha um número variável. O número de ovos tende a ser menor nas espécies de regiões tropicais do que nas de regiões mais frias.<ref name="Britannica" /> As espécies que constroem o ninho enterrado ou em buracos tendem a pôr ovos brancos ou claros, enquanto as espécies de ninho aberto põem ovos [[Camuflagem|camuflados]]. No entanto, existem muitas exceções a este padrão; por exemplo, os [[Caprimulgidae|noitibós]], que colocam os ovos no chão, têm ovos claros e a camuflagem é oferecida pelas próprias penas. As espécies que são vítimas de [[parasitas de ninhada]] têm ovos de várias cores de modo a aumentar a probabilidade de detetar o ovo de um parasita, o que obriga as fêmeas parasitas a fazer corresponder os seus ovos com os dos seus hospedeiros.<ref>{{Citar periódico | último = Booker | primeiro = L | autor2 = Booker, M | ano= 1991 | título = Why Are Cuckoos Host Specific? | jornal = [[:en:Oikos (journal)|Oikos]] | volume = 57 | número = 3| páginas = 301–09 | doi = 10.2307/3565958 | jstor=3565958}}</ref> |
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Antes da [[nidificação]], as fêmeas de muitas espécies desenvolvem uma [[placa de incubação]], perdendo penas no abdómen. A pele desta região é bastante irrigada com vasos sanguíneos, o que ajuda a ave durante a [[Incubação (ovo)|Incubação]].<ref>{{Citar periódico| último=Turner | primeiro=J. Scott | ano=1997 | título=On the thermal capacity of a bird's egg warmed by a brood patch | jornal=Physiological Zoology |volume=70 | número=4 | páginas=470–80 |doi=10.1086/515854 |pmid=9237308 }}</ref> A [[Incubação (ovo)|incubação]] dos ovos tem início após a postura do último ovo e tem como finalidade normalizar a temperatura de desenvolvimento da cria.<ref name = "Gill"/> Em espécies monogâmicas a tarefa de incubação é geralmente partilhada entre o casal, enquanto que nas espécies polígamas só um dos progenitores é responsável pela incubação. O calor dos progenitores passa para o ovo através das [[placa de incubação|placas de incubação]] – áreas de pele no abdómen ou peito das aves, ricas em vasos sanguíneos. A incubação pode ser um processo exigente em termos energéticos; por exemplo, um albatroz adulto chega a perder 83 g de peso por dia durante a incubação.<ref name="wartham">{{Citar livro |último=Warham |primeiro=J. |ano=1990 |título=The Petrels: Their Ecology and Breeding Systems |local=Londres |editora=Academic Press |isbn=0-12-735420-4}}</ref> No entanto, os [[Megapodiidae|megápodes]] aquecem os ovos com energia do sol, da decomposição orgânica ou aproveitando a [[energia geotérmica]].<ref>{{Citar livro |último=Jones |primeiro=DN |autor2=Dekker, René WRJ |autor3=Roselaar, Cees S |ano=1995 |título=The Megapodes |coleção=Bird Families of the World |volume=3 |editora=Oxford University Press |local=Oxford |isbn= 0-19-854651-3}}</ref> Os períodos de incubação variam entre os 10 dias (nos [[pica-pau]]s, [[Cuculidae|cucos]] e [[passeriformes]]) e os 80 dias (em albatrozes e quivís).<ref name = "Gill"/> |
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====Cuidados parentais e crias==== |
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[[File:Ficedula hypoleuca-chicks2.jpg|thumb|Crias [[Altricial|altriciais]] de [[Ficedula hypoleuca|papa-moscas-preto]].]] |
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[[File:Calliope-nest edit.jpg|thumb|Fêmea de [[Selasphorus calliope|colibri calíope]] a alimentar as crias, já plenamente desenvolvidas.]] |
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No momento da [[eclosão]] dos ovos, dependendo da espécie, as crias apresentam vários estádios de desenvolvimento, desde completamente indefesas até perfeitamente independentes. As crias indefesas são denominadas [[Altricial|altriciais]] e tendem a nascer pequenas, [[Cegueira|cegas]], imóveis e ainda sem penas. As crias que nascem já com autonomia, mobilidade e penas são denominadas [[Precocial|precociais]] ou nidífugas. As crias altriciais necessitam de ajuda para regular a temperatura do corpo e são cuidadas durante mais tempo do que as precociais. As crias que não se enquadram nestes extremos podem ser semiprecociais ou semialtriciais.<ref>{{Citar web |url=https://web.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Precocial_and_Altricial.html |título=Precocial and Altricial Young |último=Ehrlich |primeiro=Paul R. |autor2= Dobkin, David S.|autor3= Wheye, Darryl |publicado=Stanford.edu |acessodata=25 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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A natureza e duração dos cuidados parentais variam significativamente entre as diferentes ordens e espécies. Num dos extremos, os cuidados parentais nos [[megápode]]s terminam no momento da eclosão. As crias saem do ovo e escavam sozinhas o caminho para fora do montículo que serve de ninho, começando imediatamente a alimentar-se por si mesmas.<ref>{{Citar livro |último=Elliot |primeiro=A |ano=1994 |capítulo=Family Megapodiidae (Megapodes) |título=Handbook of the Birds of the World |volume=2; New World Vultures to Guineafowl |editor=del Hoyo J |editor2=Elliott A |editor3=Sargatal J |editora=Lynx Edicions |local=Barcelona |isbn=84-87334-15-6}}</ref> No outro extremo, muitas aves marinhas prestam cuidados parentais ao longo de um grande período de tempo. O mais longo é o da [[Fregata minor|fragata-grande]], cujas crias levam seis meses até estarem prontas a voar e são alimentadas pelos progenitores ainda por mais 14 meses.<ref>{{Citar livro |último=Metz |primeiro=VG |autor2=Schreiber, EA |ano=2002 |capítulo=Great Frigatebird (''Fregata minor'') |título=The Birds of North America, No 681 |editor=Poole, A. |editor2=Gill, F. |editora=The Birds of North America Inc |local=Philadelphia}}</ref> O período de guarda é o período imediatamente a seguir à eclosão, em que um dos adultos está permanentemente presente no ninho. O propósito principal deste período é ajudar as crias a regular a temperatura e protegê-las dos predadores.<ref>{{Citar livro |último=Young |primeiro=Euan |título=Skua and Penguin. Predator and Prey |editora=Cambridge University Press |ano=1994 |página=453}}</ref> |
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Em muitas espécies, são ambos os progenitores que cuidam das crias. Noutras, os cuidados são da responsabilidade de apenas um dos sexos. Em algumas espécies, outros membros da mesma espécie ajudam a criar a prole, geralmente parentes próximos do casal, como um descendente de uma ninhada anterior.<ref>{{Citar periódico | último = Ekman | primeiro = J | ano= 2006 | título = Family living amongst birds |periódico=Journal of Avian Biology | volume = 37 | número = 4| páginas = 289–98 | doi = 10.1111/j.2006.0908-8857.03666.x }}</ref> Este comportamento é particularmente comum entre os [[corvídeo]]s,<ref>{{Citar livro|autor=Cockburn A|editor=Floyd R|editor2=Sheppard A|editor3=de Barro P|título=Frontiers in Population Ecology|ano=1996|editora=CSIRO|local=Melbourne|páginas=21–42|capítulo=Why do so many Australian birds cooperate? Social evolution in the Corvida}}</ref> embora tenha também sido observado em espécies tão diversas como a [[Acanthisitta chloris|carriça-da-nova-zelândia]] ou o [[milhafre-real]]. Embora na maioria dos animais sejam raros os cuidados parentais por parte do macho, nas aves são bastante comuns e mais do que em qualquer outra classe de vertebrados.<ref name = "Gill"/> Embora a defesa do território, do ninho, a incubação e a alimentação das crias sejam geralmente tarefas partilhadas entre o casal, por vezes verifica-se uma divisão do trabalho, em que um dos parceiros realiza toda ou grande parte de determinada tarefa.<ref>{{Citar periódico| último=Cockburn| primeiro=Andrew| ano=2006| título=Prevalence of different modes of parental care in birds |doi=10.1098/rspb.2005.3458| jornal=[[:en:Proceedings of the Royal Society B|Proceedings of the Royal Society B]]|volume=273| número=1592| páginas=1375–83|pmid=16777726|pmc=1560291}}</ref> |
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O momento em que as penas e os músculos das crias estão suficientemente desenvolvidos para permitir voar varia de forma muito significativa. As crias das [[Synthliboramphus|tordas]] abandonam o ninho na noite imediatamente a seguir à eclosão dos ovos, seguindo os progenitores em direção ao mar, onde são criados fora do alcance de predadores terrestres.<ref>{{Citar livro |último=Gaston |primeiro=AJ |ano=1994 |capítulo=Ancient Murrelet (''Synthliboramphus antiquus''). |título=The Birds of North America |número=132 |editor=A. Poole, F. Gill |local=Philadelphia |editora= The Academy of Natural Sciences}}</ref> Mas na maior parte das espécies as crias abandonam o ninho imediatamente antes ou pouco depois de serem capazes de voar. O período de cuidados parentais após as crias conseguirem voar varia. Por exemplo, enquanto as crias de albatroz abandonam o ninho por elas próprias e não recebem mais ajuda, outras espécies continuam a alimentar as crias.<ref>{{Citar periódico |último=Schaefer |primeiro=HC |autor2=Eshiamwata, GW |autor3=Munyekenye, FB |autor4=Böhning-Gaese, K |ano=2004 |título=Life-history of two African ''Sylvia'' warblers: low annual fecundity and long post-fledging care |periódico=[[:en:Ibis (journal)|Ibis]] |volume=146 |número=3|páginas=427–37 |doi=10.1111/j.1474-919X.2004.00276.x }}</ref> As crias de algumas espécies migratórias seguem os pais ao longo da sua primeira migração.<ref>{{Citar periódico |último=Alonso |primeiro=JC |autor2=Bautista, LM|autor3=Alonso, JA |ano=2004 |título=Family-based territoriality vs flocking in wintering common cranes ''Grus grus'' |periódico=Journal of Avian Biology |volume=35 |número=5|páginas=434–44 |doi=10.1111/j.0908-8857.2004.03290.x }}</ref> |
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====Parasitismo de ninhada==== |
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{{AP|Parasitismo de ninhada}} |
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[[File:Eastern Phoebe-nest-Brown-headed-Cowbird-egg.jpg|thumb|Ninho de um [[Sayornis phoebe|piuí]] ocupado por um ovo de [[Chopim|chopim-mulato]], um [[parasita de ninhada]].]] |
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O [[parasitismo de ninhada]], ou nidoparasitismo, descreve o comportamento de algumas espécies que põem os ovos nas ninhadas de outras espécies. Este comportamento é mais comum entre aves em comparação com outros animais.<ref name = "brood">{{Citar livro |último=Davies |primeiro=N |ano=2000 |título=Cuckoos, Cowbirds and other Cheats |editora=T. & A. D. Poyser |local=Londres |isbn=0-85661-135-2}}</ref> Após a ave parasita ter posto os ovos no ninho de outra ave, esses ovos são muitas vezes aceites e cuidados pelo hospedeiro e com prejuízo para a sua própria ninhada. Os nidoparasitas dividem-se entre os que o fazem por necessidade, uma vez que são incapazes de criar as suas próprias crias, e os ocasionais, que apesar de serem capazes de criar a prole põem ovos em ninhos de espécies [[Coespecífico|coespecíficas]] para aumentar a sua capacidade reprodutora.<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1093/beheco/8.2.153 | último = Sorenson | primeiro = M | ano= 1997 | título = Effects of intra- and interspecific brood parasitism on a precocial host, the canvasback, ''Aythya valisineria'' | url = http://beheco.oxfordjournals.org/cgi/reprint/8/2/153.pdf | jornal = Behavioral Ecology | volume = 8 | número = 2| páginas = 153–61 }}</ref> Entre os parasitas ocasionais estão mais de cem espécies de aves, incluindo espécies das famílias ''[[Indicatoridae]]'', ''[[Icteridae]]'' e o [[Heteronetta atricapilla|pato-de-cabeça-preta]], embora o exemplo mais conhecido sejam os [[Cuculidae|cucos]].<ref name = "brood"/> Algumas crias de nidoparasitas eclodem antes das crias dos hospedeiros, o que lhes permite destruir os ovos, empurrando-os para fora do ninho ou matando as crias. Isto assegura que toda a comida levada para o ninho servirá para alimentar as crias dos nidoparasitas.<ref>{{Citar periódico| último=Spottiswoode| primeiro=C. N.| último2=Colebrook-Robjent| primeiro2=J. F.R.| título=Egg puncturing by the brood parasitic Greater Honeyguide and potential host counteradaptations| jornal=Behavioral Ecology| volume=18| páginas=792–799| ano=2007| doi=10.1093/beheco/arm025| número=4}}</ref> |
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==Ecologia== |
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[[File:Colibri-thalassinus-001.jpg|thumb|Algumas aves [[Nectarívoro|nectarívoras]], como o colibri, são [[Polinização|polinizadoras]] de determinadas plantas.]] |
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As aves ocupam uma ampla variedade de posições ecológicas.<ref name = "flycatcher"/> Enquanto algumas aves são generalistas, outras são especializadas em relação ao ''[[habitat]]'' ou à alimentação. Mesmo num único ''habitat'', como por exemplo numa floresta, os [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]] ocupados pelas diferentes espécies variam. Enquanto algumas espécies vivem no [[dossel florestal]], outras vivem nos estratos intermédios e outras ainda junto ao solo. Cada um destes grupos pode conter aves [[insetívora]]s, [[frugívora]]s e [[nectarívora]]s. As aves aquáticas geralmente alimentam-se da pesca, de plantas ou por cleptoparasitismo. As aves de rapina especializam-se na caça de pequenos mamíferos ou outras aves, enquanto os abutres são [[necrófago]]s especializados.<ref name=Burton>{{citar livro |título=Birds of Prey|primeiro=Philip|último=Burton|editora=Gallery Books|ano=1989|isbn=0-8317-6381-7|página=8}}</ref> Alguns nectarívoros são [[polinizador]]es importantes e muitos frugívoros são essenciais para a dispersão de sementes.<ref name = "Clout">{{Citar periódico | último = Clout | primeiro = M | último2 = Hay | primeiro2 = J | ano= 1989 | título = The importance of birds as browsers, pollinators and seed dispersers in New Zealand forests | url = http://www.newzealandecology.org/nzje/free_issues/NZJEcol12_s_27.pdf | jornal = New Zealand Journal of Ecology | volume = 12 | páginas = 27–33 }}</ref> As plantas e as aves polinizadoras muitas vezes [[Coevolução|coevoluem]],<ref>{{Citar periódico | último=Gary Stiles | primeiro=F. | título=Geographical Aspects of Bird-Flower Coevolution, with Particular Reference to Central America | jornal=Annals of the Missouri Botanical Garden | volume=68 | número=2 | páginas=323–51 | ano=1981 |doi= 10.2307/2398801 | jstor=2398801}}</ref> e, em alguns casos, o principal polinizador de determinada flor é a única espécie de ave capaz de alcançar o seu néctar.<ref>{{Citar periódico | último = Temeles | primeiro = E | último2 = Linhart | primeiro2 = Y | último3 = Masonjones | primeiro3 = M | último4 = Masonjones | primeiro4 = H | ano= 2002 | título = The Role of Flower Width in Hummingbird Bill Length–Flower Length Relationships | url = http://www.amherst.edu/~ejtemeles/Temeles%20et%20al%202002%20biotropica.pdf | jornal = Biotropica | volume = 34 | número = 1| páginas = 68–80 | doi=10.1111/j.1744-7429.2002.tb00243.x}}</ref> |
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As aves são particularmente importantes para a ecologia das ilhas. Tendo sido capazes de migrar para ilhas às quais os mamíferos não conseguiram chegar, as aves podem desempenhar papéis ecológicos que nos continentes são geralmente realizados por animais de maior porte. Por exemplo, as extintas [[moa]]s tiveram de tal forma impacto no ecossistema da [[Nova Zelândia]], assim como têm o [[kereru]] ou o [[kokako]] na atualidade,<ref name = "Clout"/> pelo que ainda hoje as plantas da ilha mantêm as adaptações defensivas que as protegiam das moas.<ref>{{Citar periódico | último=Bond | primeiro=William J. | último2=Lee | primeiro2=William G. | último3=Craine | primeiro3=Joseph M. | título=Plant structural defences against browsing birds: a legacy of New Zealand's extinct moas | jornal=Oikos | volume=104 | páginas=500–08 | ano=2004 | doi = 10.1111/j.0030-1299.2004.12720.x | número=3}}</ref> Durante a nidação, as aves marinhas também afetam significativamente a ecologia das ilhas e do mar envolvente, principalmente devido à concentração de grandes quantidades de [[guano]] que enriquece o solo da região.<ref>{{Citar periódico | último = Wainright | primeiro = S | último2 = Haney | primeiro2 = J | último3 = Kerr | primeiro3 = C | último4 = Golovkin | primeiro4 = A | último5 = Flint | primeiro5 = M | ano= 1998 | título = Utilization of nitrogen derived from seabird guano by terrestrial and marine plants at St. Paul, Pribilof Islands, Bering Sea, Alaska | url = http://www.springerlink.com/index/DN8D70RYM7TUF42P.pdf | jornal = Marine Ecology | volume = 131 | número = 1| páginas = 63–71 | doi=10.1007/s002270050297}}</ref><ref>{{Citar periódico | doi = 10.3354/meps032247 | último = Bosman | primeiro = A | autor2 = Hockey, A | ano= 1986 | título = Seabird guano as a determinant of rocky intertidal community structure | url = http://www.int-res.com/articles/meps/32/m032p247.pdf | jornal = Marine Ecology Progress Series | volume = 32 | páginas = 247–57 }}</ref> |
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==Relação com o ser humano== |
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Algumas aves têm bastante visibilidade e são animais comuns com os quais o ser humano tem uma estreita relação desde o início da Humanidade.<ref>{{Citar livro| último=Bonney| primeiro=Rick | autor2 = Rohrbaugh, Ronald| título=Handbook of Bird Biology| local= Princeton, NJ| editora=Princeton University Press| ano=2004| edição = 2ª|isbn=0-938027-62-X}}</ref> Em alguns casos, estas relações são [[Mutualismo (biologia)|mutualistas]], como na recolha de [[mel]] conjunta entre os ''[[Indicatoridae]]'' e alguns povos africanos, como os [[Boranas]].<ref>{{Citar periódico |último=Dean |primeiro=W |autor2=Siegfried R, MacDonald I |ano=1990 |título=The Fallacy, Fact, and Fate of Guiding Behavior in the Greater Honeyguide |jornal=Conservation Biology |volume=4 |número=1 |páginas=99–101 |url=http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1523-1739.1990.tb00272.x |acessodata=2016-02-25 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20191017041233/http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1523-1739.1990.tb00272.x |arquivodata=2019-10-17 |urlmorta=sim }}</ref> Noutros casos, as relações podem ser [[Comensalismo|comensais]], como o benefício que o [[pardal-doméstico]] tira das atividades humanas.<ref>{{Citar periódico | último= Singer | primeiro= R. | último2= Yom-Tov | primeiro2= Y. | título= The Breeding Biology of the House Sparrow Passer domesticus in Israel | jornal= Ornis Scandinavica | volume= 19 | número= 2 | páginas= 139–44 | ano= 1988 |doi= 10.2307/3676463 | jstor=3676463}}</ref> No entanto, as aves podem também ser [[Vetor (epidemiologia)|vetores]] que propagam ao longo de grandes distâncias doenças como a [[ornitose]], [[salmonelose]], [[campilobacteriose]], [[Mycobacterium|micobacteriose]] ([[tuberculose]] aviária), [[gripe das aves]], [[giardiose]] ou [[criptosporidíase]]. Algumas destas são [[Zoonose|doenças zoonóticas]] que podem também ser transmitidas para os seres humanos.<ref>{{Citar periódico |doi=10.3121/cmr.1.1.5 |último=Reed |primeiro=KD |autor2=Meece, JK |autor3=Henkel, JS |autor4=Shukla, SK |título=Birds, Migration and Emerging Zoonoses: West Nile Virus, Lyme Disease, Influenza A and Enteropathogens |jornal=Clinical medicine & research |volume=1 |número=1 |páginas=5–12 |ano=2003 |pmid=15931279 |pmc=1069015}}</ref> |
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===Importância económica=== |
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{{VT|Ave de criação}} |
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[[File:House Sparrow mar08.jpg|thumb|Muitas espécies de aves, como o [[pardal-doméstico]], são criadas como [[animais de estimação]].]] |
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As [[Ave de capoeira|aves de criação]] são a principal fonte de [[proteína]]s animais consumida pelo ser humano. Em 2003, foram consumidos 76 milhões de toneladas de aves de criação e produzidas 61 milhões de toneladas de ovos em todo o mundo.<ref>{{Citar livro | último=Brown| primeiro=Lester| título=Outgrowing the Earth: The Food Security Challenge in an Age of Falling Water Tables and Rising Temperatures |url= http://www.earth-policy.org/datacenter/xls/book_ote_ch3_2.xls| ano=2005| editora=earthscan |isbn=978-1-84407-185-2| capítulo=3: Moving Up the Food Chain Efficiently. }}</ref> Os [[frango]]s representam a maior parte do consumo de aves, embora o [[peru-doméstico|peru]], o [[Pato#Espécies domésticas|pato]] e os gansos domesticados sejam também comuns. Muitas espécies de aves são também caçadas para comida. A caça de aves é essencialmente uma atividade recreativa, exceto em regiões bastante subdesenvolvidas. As aves de caça mais comuns são os patos selvagens, faisões, [[Peru selvagem|perus selvagens]], [[perdiz]]es, [[Columbidae|pombos]], tetrazes, [[Scolopacidae|maçaricos]] e [[galinhola]]s.<ref>{{Citar periódico | último = Simeone | primeiro = A | último2 = Navarro | primeiro2 = X | ano= 2002 | título = Human exploitation of seabirds in coastal southern Chile during the mid-Holocene | url=http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-078X2002000200012&lng=es&nrm=iso&tlng=en | jornal = Rev. Chil. Hist. Nat | volume = 75 | número = 2| páginas = 423–31 | doi = 10.4067/S0716-078X2002000200012 }}</ref> Embora alguma caça possa ser [[Sustentabilidade|sustentável]], a caça no geral tem provocado a extinção ou colocado em risco dezenas de espécies.<ref>{{Citar periódico | último=Keane | primeiro=Aidan | autor2=Brooke, M.de L.|autor3=McGowan, P.J.K. | título=Correlates of extinction risk and hunting pressure in gamebirds (Galliformes) | jornal=Biological Conservation | volume=126 | páginas=216–33 | ano=2005 |doi= 10.1016/j.biocon.2005.05.011 | número=2}}</ref> Entre os outros produtos avícolas com valor comercial estão as penas, especialmente as dos gansos e patos, que são usadas como isolamento em casacos e na roupa de cama, e o [[guano]] (fezes de aves marinhas), que é uma fonte valiosa de [[fósforo]] e [[nitrogénio]]. A [[Guerra do Pacífico (século XIX)|Guerra do Pacífico]] foi travada devido em parte ao controlo dos depósitos de guano.<ref>{{Citar web|url= http://www.zum.de/whkmla/military/19cen/guanowar.html| título= The Guano War of 1865–1866| publicado= World History at KMLA| acessodata=18 de dezembro de 2007}}</ref> |
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As espécies que se alimentam de [[Praga (organismo)|pragas]] são muitas vezes usadas em programas de [[controlo biológico]].<ref name="lwa001">{{citar web |url=http://lwa.gov.au/files/products/land-water-and-wool/pf061365/pf061365.pdf |título=Birds on New England wool properties – A woolgrower guide |acessodata=17 de julho de 2010 |publicado=Australian Government – Land and Water Australia |obra=Land, Water & Wool Northern Tablelands Property Fact Sheet |autor=N Reid |ano=2006 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110315005353/http://lwa.gov.au/files/products/land-water-and-wool/pf061365/pf061365.pdf |arquivodata=15 de março de 2011 |urlmorta=sim }}</ref> Por outro lado, algumas espécies tornaram-se elas próprias pragas agrícolas de elevado custo económico,<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1111/j.1474-919X.1990.tb01048.x | último = Dolbeer | primeiro = R | ano= 1990 | título = Ornithology and integrated pest management: Red-winged blackbirds ''Agleaius phoeniceus'' and corn | jornal = [[:en:Ibis (journal)|Ibis]] | volume = 132 | número = 2| páginas = 309–22 }}</ref> enquanto outras constituem [[Risco aviário|riscos para a aviação]].<ref>{{Citar periódico | último = Dolbeer | primeiro = R | autor2 = Belant, J|autor3 = Sillings, J | ano= 1993 | título = Shooting Gulls Reduces Strikes with Aircraft at John F. Kennedy International Airport | jornal = Wildlife Society Bulletin | volume = 21 | páginas = 442–50 }}</ref> |
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As aves são domesticadas pelo ser humano, não só como [[Animal de estimação|animais de estimação]] mas também para efeitos utilitários. Muitas aves com cores exóticas, como os [[papagaio]]s ou as [[arara]]s, são criadas em [[cativeiro]] ou vendidas como animais de companhia. No entanto, isto também tem feito crescer o tráfico ilegal de várias [[Espécie ameaçada|espécies ameaçadas]].<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1017/S0030605306000056 | último = Cooney | primeiro = R | último2 = Jepson | primeiro2 = P | ano= 2006 | título = The international wild bird trade: what's wrong with blanket bans? | url = http://journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=409231 | jornal = Oryx | volume = 40 | número = 1| páginas = 18–23 }}</ref> A [[falcoaria]] e a pesca com a assistência de [[Phalacrocoracidae|corvos marinhos]] são tradições milenares. Os [[Pombo-correio|pombos-correio]], usados pelo menos desde o {{séc|I|AC}}, foram essenciais nas comunicações até à [[II Guerra Mundial]], No entanto, hoje em dia estas atividades são mais comuns como passatempo ou atração turística.<ref>{{Citar periódico |doi=10.2307/4140937 |último=Manzi |primeiro=M |último2=Coomes |ano=2002 |primeiro2=O. T. |título=Cormorant fishing in Southwestern China: a Traditional Fishery under Siege. (Geographical Field Note) |jornal=Geographic Review |volume=92 |número=4 |páginas=597–603 |jstor=4140937}}</ref> Existem milhões de entusiastas amadores que apreciam a [[observação de aves]], ou ''birdwatching'', uma vertente significativa do [[ecoturismo]].<ref>{{Citar livro |último=Pullis La Rouche |primeiro=G. |ano=2006 |capítulo=Birding in the United States: a demographic and economic analysis. |título=Waterbirds around the world |editor=G.C. Boere |editor2=C.A. Galbraith |editor3=D.A. Stroud |editora=The Stationery Office |local=Edimburgo |páginas=841–46. |url=http://www.jncc.gov.uk/PDF/pub07_waterbirds_part6.2.5.pdf |acessodata=2016-02-25 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110304124708/http://www.jncc.gov.uk/PDF/pub07_waterbirds_part6.2.5.pdf |arquivodata=2011-03-04 |urlmorta=sim }}</ref> Muitos proprietários constroem [[Alimentador de pássaros|alimentadores de pássaros]] perto de casa para atrair várias espécies.<ref>{{Citar periódico |doi=10.1111/j.1474-919x.2005.00430.x |último=Chamberlain |primeiro=DE |autor2=Vickery, JA |autor3=Glue, DE |autor4=Robinson, RA |autor5=Conway, GJ |autor6=Woodburn, RJW |autor7=Cannon, AR |ano=2005 |título=Annual and seasonal trends in the use of garden feeders by birds in winter |url=http://www.blackwell-synergy.com/doi/pdf/10.1111/j.1474-919x.2005.00430.x |jornal=[[Ibis (revista)|Ibis]] |volume=147 |número=3 |páginas=563–75 |acessodata=2016-02-25 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20190115132504/http://www.blackwell-synergy.com/doi/pdf/10.1111/j.1474-919x.2005.00430.x |arquivodata=2019-01-15 |urlmorta=sim }}</ref> |
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===Religião, folclore e cultura=== |
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[[File:Bubo bubo portrait.jpg|thumb|As percepções culturais sobre as espécies de aves diferem de cultura para cultura. Enquanto em África as [[coruja]]s são associadas a má sorte e bruxaria, na Europa são associadas ao conhecimento.]] |
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As aves têm um papel de relevo no [[folclore]], na [[religião]] e na [[cultura popular]] e vários dos seus atributos, reais ou imaginários, são usados de forma simbólica na arte e na literatura.<ref name="Britannica" /><ref>{{Citar periódico | último=Meighan | primeiro=C. W. | título=Prehistoric Rock Paintings in Baja California | jornal=American Antiquity | volume=31 | número=3 | páginas=372–92 | ano=1966 |doi= 10.2307/2694739 | jstor=2694739}}</ref> Desde as [[Gravura rupestre|gravuras rupestres]] da época [[pré-histórica]] que são um motivo frequente de representação artística e, o longo dos séculos, foram usadas como motivo nas mais diversas formas de arte sacra ou simbólica, como por exemplo o [[Trono do Pavão]] dos imperadores [[Império Mogol|mogois]] e [[História do Irão|persas]].<ref>{{Citar periódico | último = Clarke | primeiro = CP | ano= 1908 | título = A Pedestal of the Platform of the Peacock Throne | jornal = The Metropolitan Museum of Art Bulletin | volume = 3 | número = 10| páginas = 182–83 | doi = 10.2307/3252550 | jstor=3252550}}</ref> As [[Fábulas de Esopo]] contêm várias [[Personificação|personificações]] de aves. Os [[fisiólogo]]s e os [[bestiário]]s medievais contêm lições de moral que usam as aves como símbolos para transmitir ideias.<ref name="Britannica" /> O tema central do ''[[The Rime of the Ancient Mariner|Conto do Velho Marinheiro]]'', de [[Samuel Taylor Coleridge|S. T. Coleridge]], é a relação entre um albatroz e um marinheiro.<ref>{{Citar periódico | último= Lasky | primeiro= E. D. | título= A Modern Day Albatross: The Valdez and Some of Life's Other Spills | jornal= The English Journal | volume= 81 | número= 3 | páginas= 44–46 | ano= 1992 |doi= 10.2307/820195 | jstor=820195}}</ref> Algumas metáforas na linguagem têm origem no comportamento das aves, como a associação de investidores ou fundos predatórios aos [[abutre]]s necrófagos.<ref>{{Citar periódico | último = Carson | primeiro = A | ano= 1998 | título = Vulture Investors, Predators of the 90s: An Ethical Examination | url = http://www.springerlink.com/index/W676R8803NL06L38.pdf | jornal = Journal of Business Ethics | volume = 17 | número = 5| páginas = 543–55 | doi = 10.1023/A:1017974505642 }}</ref> As aves são também um tema importante na [[poesia]]. [[Homero]] escreveu sobre os [[Rouxinol|rouxinóis]] na [[Odisseia]], enquanto [[Cátulo]] usou um [[pardal]] como símbolo [[Erotismo|erótico]] nos seus poemas.<ref>{{Citar periódico | último = Chandler | primeiro = A | ano= 1934 | título = The Nightingale in Greek and Latin Poetry |periódico= The Classical Journal | volume = 30 | número = 2| páginas = 78–84 | jstor = 3289944 }}</ref> |
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Na religião, as aves são muitas vezes associadas a mensageiros, sacerdotes ou líderes de determinada [[divindade]]. No [[Cristianismo]], as aves simbolizam a transcendência da alma e, na iconografia medieval, uma ave envolta em folhas simbolizava a alma envolvida pelo materialismo do mundo [[Secularismo|secular]].<ref name="Britannica" /> Na [[Panteão nórdico|mitologia nórdica]], [[Hugin e Munin]] são dois [[Corvus corax|corvos]] que deram a volta ao mundo para trazer notícias ao deus [[Odin]]. Em várias civilizações da [[História da Itália|Antiguidade italiana]], principalmente na [[mitologia etrusca]] e na [[Religião na Roma Antiga|religião romana]], os sacerdotes praticavam [[Áugure|auguria]], interpretando as palavras das aves, enquanto o ''auspex''{{Nota de rodapé|De onde deriva a palavra "auspício"}} as usava para fazer previsões sobre o futuro.<ref>{{Citar livro |último=Ingersoll |primeiro=Ernest |ano=1923 |url=https://archive.org/details/birdsinlegendfab00inge |título=Birds in legend, fable and folklore |local=Longmans |editora=Green and co. |página=214}}</ref> As aves podem também servir como símbolos religiosos, como no caso de [[Jonas]] (hebraico: '''יוֹנָה''', [[pomba]]), que simbolizava o medo, passividade, pesar e beleza tradicionalmente associados às pombas.<ref>{{Citar periódico| último= Hauser| primeiro= A. J.| título= Jonah: In Pursuit of the Dove| jornal= Journal of Biblical Literature| volume= 104| número= 1| páginas= 21–37| ano= 1985 |doi= 10.2307/3260591| jstor=3260591}}</ref> As próprias aves são muitas vezes deificadas, como no caso do [[Pavão-indiano|pavão-comum]], que os [[Dravidianos]] vêm como a Terra-Mãe.<ref>{{Citar periódico | último=Thankappan Nair | primeiro=P. | título=The Peacock Cult in Asia | jornal=Asian Folklore Studies | volume=33 | número=2 | páginas=93–170 | ano=1974 |doi=10.2307/1177550 | jstor=1177550}}</ref> Algumas aves são também vistas como monstros, incluindo o mitológico [[Pássaro Roca|Roc]] e o lendário [[Poukai]], uma ave gigante que para os [[Maoris]] é capaz de raptar seres humanos.<ref>{{Citar livro |último=Tennyson |primeiro=A |autor2=Martinson P |ano=2006 |título=Extinct Birds of New Zealand |editora=Te Papa Press |local=Wellington |isbn=978-0-909010-21-8}}</ref> |
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Os [[Civilização Maia|maias]] e os [[Astecas]] veneravam o [[quetzal-resplandecente]], que hoje em dia dá nome à moeda da Guatemala e é um motivo popular na arte, tecidos e joalharia. As [[águia]]s são símbolo de poder e prestígio em muitas partes do mundo, incluindo na Europa, onde são frequentemente motivos [[Heráldica|heráldicos]]. Os [[Povos ameríndios|povos nativos norte-americanos]] usavam frequentemente penas de águia em rituais religiosos, como ornamento pessoal e eram oferecidas aos convidados como símbolo de paz e amizade.<ref name="Britannica" /> No [[Makemake (mitologia)|culto do Makemake]] os ''[[tangata manu]]'' (homens-pássaro) da [[ilha de Páscoa]] eram nomeados líderes.<ref>{{Citar periódico | último = Routledge | primeiro = S | autor2 = Routledge, K | ano= 1917 | título = The Bird Cult of Easter Island | jornal = Folklore | volume = 28 | número = 4| páginas = 337–55 | doi = 10.1080/0015587X.1917.9719006 }}</ref> Os povos indígenas dos [[Andes]] contam lendas de pássaros que atravessam mundos metafísicos. Em imagens religiosas dos impérios [[Inca]] e Tiwanaku, as aves são representadas a transgredir a fronteira entre o reino terrestre e o reino espiritual subterrâneo.<ref name="Smith2011Tiwanaku">{{Citar periódico | autor=Smith, S. | ano=2011 | título=Generative landscapes: the step mountain motif in Tiwanaku iconography. | jornal=Ancient America |volume=12 | páginas=1–69 |url=http://www.precolumbia.com/bearc/CAAS/AA12.pdf | formato=Automatic PDF download}}</ref><ref name="Dransart2002Earth">{{Citar livro | autor=Dransart, P. | ano=2002 | título=Earth, Water, Fleece and Fabric: An Ethnography and Archaeology of Andean Camelid Herding | editora= Routledge | páginas=64, 79 }}</ref> |
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As percepções culturais sobre diversas espécies de aves são muitas vezes diferentes de cultura para cultura. Por exemplo, enquanto em [[África]] e na mitologia norte-americana as [[coruja]]s são associadas a má sorte, [[bruxaria]] e morte,<ref>{{Citar livro |último=Enriquez |primeiro=PL |autor2=Mikkola H |ano=1997 |capítulo=Comparative study of general public owl knowledge in Costa Rica, Central America and Malawi, Africa |páginas=160–66 |editor=J.R. Duncan |editor2=D.H. Johnson |editor3=T.H. Nicholls |título=Biology and conservation of owls of the Northern Hemisphere. General Technical Report NC-190 |editora=USDA Forest Service |local=Minnesota }}</ref> na [[Europa]] são vistas como sábias.<ref>{{Citar web |autor=Lewis DP |ano=2005 |url=http://www.owlpages.com/articles.php?section=Owl+Mythology&title=Myth+and+Culture |publicado=Owlpages.com |título=Owls in Mythology and Culture |acessodata=15 de setembro de 2007}}</ref> As [[Poupa-eurasiática|poupas]], consideradas sagradas no [[Antigo Egito]] e símbolo de virtude na [[Pérsia]], são no entanto vistas como ladras em grande parte da Europa e como presságio de guerra na [[Escandinávia]].<ref>{{Citar periódico | último = Dupree | primeiro = N | ano= 1974 | título = An Interpretation of the Role of the Hoopoe in Afghan Folklore and Magic | jornal = Folklore | volume = 85 | número = 3| páginas = 173–93 | jstor = 1260073 | doi = 10.1080/0015587X.1974.9716553 }}</ref> |
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===Conservação=== |
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{{VT|Ornitologia|Lista de aves extintas|Lista de aves ameaçadas do Brasil}} |
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[[File:California-Condor3-Szmurlo edit.jpg|thumb|O [[condor-da-califórnia]], outrora restrito a apenas 22 indivíduos, conta hoje com 330 graças a medidas de conservação.]] |
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Embora a presença humana tenha facilitado a expansão de algumas espécies, como a [[Hirundo rustica|andorinha-das-chaminés]] ou o [[estorninho-comum]], foi também a causa da [[extinção]] ou diminuição da população de muitas outras espécies. Embora em tempos históricos tenham sido extintas mais de cem espécies de aves,<ref>{{Citar livro |último=Fuller |primeiro=E |ano=2000 |título=Extinct Birds |editora=[[Oxford University Press]] |local=Oxford |isbn=0-19-850837-9}}</ref> a mais dramática das extinções de aves causadas pelo ser humano, que erradicou entre 750 e {{formatnum|1800}} espécies, ocorreu durante a colonização humana das ilhas da [[Melanésia]], [[Polinésia]] e [[Micronésia]].<ref>{{Citar livro |último=Steadman |primeiro=D |ano=2006 |título=Extinction and Biogeography in Tropical Pacific Birds |editora=University of Chicago Press |isbn=978-0-226-77142-7}}</ref> Muitas populações de aves em todo o mundo encontram-se em declínio, com {{formatnum|1375}} espécies listadas como [[Espécie ameaçada|ameaçadas]] pela [[BirdLife International]] e pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] em 2015.<ref>{{Citar web| título=Spotlight on threatened birds | publicado=[[BirdLife International]] |ano=2015 |url=http://www.birdlife.org/datazone/sowb/spotthreatbirds | acessodata=6 de março de 2015}}</ref> |
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A ameaça humana às aves mais comum é a [[Destruição de habitat|destruição dos ''habitats'']].<ref>{{Citar livro |último=Norris |primeiro=K |autor2=Pain D |ano=2002 |título=Conserving Bird Biodiversity: General Principles and their Application |editora=Cambridge University Press. |isbn=978-0-521-78949-3}}</ref> Entre as outras ameaças estão a caça em excesso, mortalidade acidental devido a [[Risco aviário|colisões aéreas]] ou [[Fauna acompanhante|captura acessória]] na pesca,<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1016/0006-3207(91)90031-4 | último = Brothers | primeiro = NP | ano= 1991 | título = Albatross mortality and associated bait loss in the Japanese longline fishery in the southern ocean |periódico= Biological Conservation | volume = 55 | número = 3| páginas = 255–68 }}</ref> [[poluição]] (incluindo [[Maré negra|marés negras]] e uso de [[pesticida]]s),<ref>{{Citar periódico | último = Wurster | primeiro = D | autor2 = Wurster, C|autor3 = Strickland, W | ano= 1965 | título = Bird Mortality Following DDT Spray for Dutch Elm Disease | jornal = Ecology | volume = 46 | número = 4| páginas = 488–99 | doi =10.2307/1934880 }}</ref><ref>{{Citar periódico | doi= 10.1126/science.148.3666.90 | título= Bird Mortality after Spraying for Dutch Elm Disease with DDT | ano= 1965 | último= Wurster | primeiro= C. F. | autor2= Wurster, D. H.|autor3= Strickland, W. N. | jornal= Science | volume= 148 | número= 3666 | páginas= 90–91 | pmid= 14258730 }}</ref> e competição e predação de espécies invasoras.<ref>{{Citar periódico |último=Blackburn |primeiro=T |autor2=Cassey, P |autor3=Duncan, R |autor4=Evans, K |autor5=Gaston, K |ano=2004 |título=Avian Extinction and Mammalian Introductions on Oceanic Islands |periódico=[[Science]] |volume=305 |número=5692 |páginas=1955–58 |doi=10.1126/science.1101617 |pmid=15448269}}</ref> Os governos e os [[Biologia da conservação|conservacionistas]] trabalham em conjunto para proteger as aves, criando legislação que promova a conservação ou o [[Restauração ecológica|restauro]] dos ''habitats'' ou [[Conservação ex-situ|criando populações de cativeiro]] para futura reintrodução nos ''habitats''. Um estudo estimou que o esforço de conservação salvou da extinção 16 espécies de aves entre 1994 e 2004, como o [[condor-da-califórnia]] ou o [[Cyanoramphus cookii|periquito-de-Norfolk]].<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1017/S0030605306000950 | último = Butchart | primeiro = S | autor2 = Stattersfield, A|autor3 = Collar, N | ano= 2006 | título = How many bird extinctions have we prevented? | url = http://www.birdlife.org/news/news/2006/08/butchart_et_al_2006.pdf | jornal = Oryx | volume = 40 | número = 3| páginas = 266–79 }}</ref> |
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==Evolução e classificação== |
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{{AP|Evolução das aves}} |
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[[File:NHM - Archaeopteryx lithographica Fossil.jpg|alt= Pedra com ossos fossilizados e marcas de penas|thumb|O ''[[Archaeopteryx lithographica]]'' é geralmente considerada a mais antiga ave verdadeira conhecida.]] |
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A primeira classificação taxonómica das aves foi publicada por [[Francis Willughby]] e [[John Ray]] em 1676 no volume ''Ornithologiae''.<ref>{{Citar livro| último=del Hoyo | primeiro=Josep | autor2=Andy Elliott| autor3=Jordi Sargatal | título=[[:en:Handbook of Birds of the World|Handbook of Birds of the World]] |volume=1: Ostrich to Ducks | ano=1992 | editora=Lynx Edicions | local=Barcelona |isbn=84-87334-10-5}}</ref> Em 1758, [[Carolus Linnaeus]] modificou essa classificação para o sistema de [[Taxonomia|classificação taxonómica]] em uso na atualidade.<ref>{{Citar livro| último=Linnaeus | primeiro=Carolus |autorlink=Carolus Linnaeus | título=[[Systema Naturae|Systema naturae per regna tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis. Tomus I. Editio decima, reformata]] | editora=Holmiae. (Laurentii Salvii) | ano=1758 | páginas=824 }}</ref> No [[Sistema de Linné]], as aves estão categorizadas na [[Classe (biologia)|classe]] homónima das Aves. A [[classificação filogenética]] coloca as aves no clado dos dinossauros [[Terópoda|terópodes]].<ref name="Theropoda">{{Citar periódico |data=Janeiro de 2007 | título=Higher-order phylogeny of modern birds (Theropoda, Aves: Neornithes) based on comparative anatomy. II. Analysis and discussion | jornal=[[:en:Zoological Journal of the Linnean SocietyZoological Journal of the Linnean Society]] | volume=149 | número=1 | páginas=1–95 | doi=10.1111/j.1096-3642.2006.00293.x | pmid=18784798 | último=Livezey | primeiro=Bradley C. | último2=Zusi | primeiro2=RL | pmc=2517308}}</ref> As Aves, bem como o grupo relacionado do clado [[Crocodilia]], são os únicos representantes vivos do clado [[réptil]] dos ''[[Archosauria]]''. Em termos [[Filogenia|filogenéticos]], as Aves são geralmente definidas como todos os descendentes do [[ancestral comum mais recente]] das aves modernas e do ''[[Archaeopteryx lithographica]]''.<ref>{{Citar livro| último=Padian| primeiro=Kevin|autorlink=Kevin Padian | autor2=L.M. Chiappe Chiappe LM |editor=[[:en:Philip J. Currie]], Kevin Padian | título=Encyclopedia of Dinosaurs| ano=1997| editora=Academic Press| local=San Diego| páginas=41–96| capítulo=Bird Origins|isbn=0-12-226810-5}}</ref> Segundo esta definição, a ave mais antiga que se conhece é o ''Archaeopteryx'', que viveu na idade do [[Kimmeridgiano]] do [[Jurássico Superior]], há 155-150 milhões de anos.<ref name="Gauthier" /> |
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No entanto, outros paleontólogos, entre os quais [[Jacques Gauthier]] e os aderentes do sistema [[PhyloCode]], definiram Aves de modo a incluir apenas os grupos de aves modernas, excluindo a maior parte dos grupos conhecidos apenas a partir de fósseis, os quais atribuíram ao grupo [[Avialae]].<ref name="Gauthier">{{citar livro |último= Gauthier |primeiro= Jacques|editor= Kevin Padian |título= The Origin of Birds and the Evolution of Flight|coleção= Memoirs of the California Academy of Science '''8'''|ano= 1986|páginas= 1–55|capítulo= Saurischian Monophyly and the origin of birds|isbn=0-940228-14-9}}</ref> Segundo esta definição, o ''Archaeopteryx'' é um membro dos Avialae, e não das Aves. As propostas de Gauthier têm sido adotadas por muitos investigadores no campo da [[paleontologia]] e evolução das aves, embora as definições aplicadas não tenham sido consistentes. O clado Avialae, inicialmente proposto para substituir o conteúdo fóssil do grupo das Aves, é muitas vezes usado por estes investigadores como sinónimo do termo vernacular "ave".<ref name=Nature>{{Citar periódico|ultimo1=Godefroit |primeiro1=Pascal |ultimo2=Cau |primeiro2=Andrea |ultimo3=Hu |primeiro3=Dong-Yu |ultimo4=Escuillié |primeiro4=François |ultimo5=Wenhao |primeiro5=Wu |ultimo6=Dyke |primeiro6=Gareth |ano=2013 |título=A Jurassic avialan dinosaur from China resolves the early phylogenetic history of birds |jornal=Nature |volume=in press |número=7454 |páginas=359–62 |doi=10.1038/nature12168 |pmid=23719374}}</ref> |
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===Dinossauros e a origem das aves=== |
===Dinossauros e a origem das aves=== |
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Com base em evidências fósseis e biológicas, a maior parte dos cientistas aceita que as aves são um subgrupo especializado dos [[dinossauro]]s [[terópode]]s |
Com base em evidências fósseis e biológicas, a maior parte dos cientistas aceita que as aves são um subgrupo especializado dos [[dinossauro]]s [[terópode]]s<ref>{{Citar periódico| último=Prum| primeiro=Richard O. Prum| título=Who's Your Daddy| jornal=Science|volume=322| páginas=1799–1800| ano=2008|doi=10.1126/science.1168808|pmid=19095929| número=5909}}</ref> e, mais especificamente, que são membros dos [[Maniraptora]], um grupo de terópodes que inclui os [[Dromaeosauridae|dromeossaurídeos]] e os [[Oviraptoridae|oviraptorídeos]], entre outros.<ref>{{Citar livro| último=Paul | primeiro=Gregory S. | capítulo=Looking for the True Bird Ancestor | ano=2002 | título=Dinosaurs of the Air: The Evolution and Loss of Flight in Dinosaurs and Birds | local=Baltimore| editora=Johns Hopkins University Press |isbn=0-8018-6763-0| páginas=171–224}}</ref> À medida que os cientistas foram descobrindo mais terópodes estreitamente relacionados com as aves, a distinção anteriormente clara entre aves e não aves foi se esbatendo. As descobertas recentes na província chinesa de [[Liaoning]] de vários [[dinossauros emplumados]] terópodes de pequena dimensão vieram contribuir para esta ambiguidade.<ref>{{Citar livro| último=Norell | primeiro=Mark | autor2=Mick Ellison | ano=2005 | título=Unearthing the Dragon: The Great Feathered Dinosaur Discovery | local=New York| editora=Pi Press |isbn=0-13-186266-9}}</ref><ref name="AP-20140731">{{citar web |último=Borenstein |primeiro=Seth |título=Study traces dinosaur evolution into early birds |url=http://apnews.excite.com/article/20140731/us-sci-shrinking-dinosaurs-a5c053f221.html |data=31 de julho de 2014 |publicado=Associated Press |acessodata=3 de agosto de 2014 }}</ref><ref name="SCI-20140731">{{Citar periódico | título=Sustained miniaturization and anatomical innovation in the dinosaurian ancestors of birds |url=http://www.sciencemag.org/content/345/6196/562 | data=1 de agosto de 2014 | jornal=[[Science]] |volume=345 | número=6196 | páginas=562–566 |doi=10.1126/science.1252243 | acessodata=2 de agosto de 2014 | último=Lee | primeiro=Michael S. Y. | primeiro2=Andrea| último2=Cau | primeiro3=Darren| último3=Naish| primeiro4=Gareth J.| último4=Dyke}}</ref> |
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O consenso na [[paleontologia]] contemporânea é de que os terópodes voadores, ou ''[[Avialae]]'', são os parentes mais próximos dos [[Deinonychosauria|deinonicossauros]], grupo que inclui os dromeossaurídeos e os [[Troodontidae|troodontídeos]].<ref name=Xiaotingia>{{Citar periódico | título=An ''Archaeopteryx''-like theropod from China and the origin of Avialae |url=http://www.nature.com/nature/journal/v475/n7357/full/nature10288.html | |
O consenso na [[paleontologia]] contemporânea é de que os terópodes voadores, ou ''[[Avialae]]'', são os parentes mais próximos dos [[Deinonychosauria|deinonicossauros]], grupo que inclui os dromeossaurídeos e os [[Troodontidae|troodontídeos]].<ref name=Xiaotingia>{{Citar periódico | título=An ''Archaeopteryx''-like theropod from China and the origin of Avialae |url=http://www.nature.com/nature/journal/v475/n7357/full/nature10288.html |data=28 de Julho de 2011 | jornal=Nature |volume=475 | páginas=465–470 |doi=10.1038/nature10288 | número=7357 |autor=Xing Xu |autor2=Hailu You |autor3=Kai Du |autor4=Fenglu Han |pmid=21796204}}</ref> Em conjunto, estes formam um grupo designado [[Paraves]]. Alguns membros [[Basal (filogenética)|basais]] deste grupo, como o ''[[Microraptor]]'', apresentam características que lhes podem ter permitido planar ou voar. A maior parte dos deinocossauros basais eram muito pequenos. Estas evidências aumentam a possibilidade de que o ancestral de todos os ''paraves'' possa ter sido [[arborícola]], ter sido capaz de planar, ou ambos.<ref name="AHTetal07">{{Citar periódico|último=Turner |primeiro=Alan H. |ano=2007 |título=A basal dromaeosaurid and size evolution preceding avian flight |url=http://www.sciencemag.org/cgi/reprint/317/5843/1378.pdf |jornal=[[Science]] |volume=317 |páginas=1378–1381 |doi=10.1126/science.1144066 |pmid=17823350 | número=5843 |autor2=Pol, D |autor3=Clarke, JA |autor4=Erickson, GM |autor5=Norell, MA}}</ref><ref name="xuetal2003">{{Citar periódico| ano=2003| título=Four-winged dinosaurs from China| jornal=[[Nature (journal)|Nature]]|volume=421| número=6921| páginas=335–340|doi=10.1038/nature01342|pmid=12540892| último=Xu| primeiro=X| último2=Zhou| primeiro2=Z| último3=Wang| primeiro3=X| último4=Kuang| primeiro4=X| último5=Zhang| primeiro5=F| último6=Du| primeiro6=X}}</ref> Ao contrário do ''Archaeopteryx'' e dos dinossauros emplumados não avianos, que comiam principalmente carne, os estudos mais recentes sugerem que os primeiros avianos eram [[omnívoro]]s.<ref>{{Citar web | url=http://the-scientist.com/2011/07/27/on-the-origin-of-birds | título=On the Origin of Birds | acessodata=11 de junho de 2012 | autor=Luiggi, Christina | data=Julho de 2011 | editora=The Scientist | arquivourl=https://web.archive.org/web/20120616171500/http://the-scientist.com/2011/07/27/on-the-origin-of-birds/ | arquivodata=16 de junho de 2012 | urlmorta=sim }}</ref> |
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O ''Archaeopteryx'', que viveu no [[Jurássico Superior]], foi um dos primeiros [[Fóssil de transição|fósseis de transição]] descobertos, tendo sido uma das bases para a [[teoria da evolução]] em finais do {{séc|XIX}}. O ''Archaeopteryx'' foi o primeiro fóssil a exibir não só características claramente de réptil, como os dentes, garras e uma cauda comprida semelhante a um lagarto, mas também asas com penas adaptadas ao voo semelhantes às das aves modernas. No entanto, não é considerado um ancestral direto das aves, embora esteja possivelmente relacionado com o verdadeiro ancestral.<ref name="mayretal2007">{{Citar periódico | doi = 10.1111/j.1096-3642.2006.00245.x | último = Mayr | primeiro = G. | último2 = Pohl | primeiro2 = B. | último3 = Hartman | primeiro3 = S. | último4 = Peters | primeiro4 = D.S. | ano= 2007 | título = The tenth skeletal specimen of ''Archaeopteryx''| jornal = Zoological Journal of the Linnean Society | volume = 149 | páginas = 97–116 }}</ref> |
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[[File:Confuciusornis sanctus (2).jpg|thumb|alt= Laje de pedra com rachas e o fóssil de penas e ossos de uma ave, incluindo penas de cauda compridas|''[[Confuciusornis sanctus]]'', uma ave do [[Cretácico]] descoberta na China.]] |
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O ''Archaeopteryx'', que viveu no [[Jurássico Superior]], foi um dos primeiros [[Fóssil de transição|fósseis de transição]] descobertos, tendo sido uma das bases para a [[teoria da evolução]] em finais do {{séc|XIX}}. O ''Archaeopteryx'' foi o primeiro fóssil a exibir não só características claramente de réptil, como os dentes, garras e uma cauda comprida semelhante a um lagarto, mas também asas com penas adaptadas ao voo semelhantes às das aves modernas. No entanto, não é considerado um ancestral direto das aves, embora esteja possivelmente relacionado com o verdadeiro ancestral.<ref name="mayretal2007">{{Citar periódico | doi = 10.1111/j.1096-3642.2006.00245.x | último = Mayr | primeiro = G. | último2 = Pohl | primeiro2 = B. | último3 = Hartman | primeiro3 = S. | último4 = Peters | primeiro4 = D.S. | ano = 2007 | título = The tenth skeletal specimen of ''Archaeopteryx''| jornal = Zoological Journal of the Linnean Society | volume = 149 | páginas = 97–116 }}</ref> |
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===Evolução inicial=== |
===Evolução inicial=== |
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{{VT|Lista de aves fósseis}} |
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{{Cladograma|legenda=Cladograma segundo os resultados do estudo filogenético de Lefèvre et al., 2014.<ref name=curvipes2014>{{Citar periódico |
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| doi = 10.1111/bij.12343 | título = A new long-tailed basal bird from the Lower Cretaceous of north-eastern China | jornal = Biological Journal of the Linnean Society | volume = 113 | número = 3 | páginas = 790–804 | ano |
| doi = 10.1111/bij.12343 | título = A new long-tailed basal bird from the Lower Cretaceous of north-eastern China | jornal = Biological Journal of the Linnean Society | volume = 113 | número = 3 | páginas = 790–804 | ano= 2014 | último = Lefèvre | primeiro = U. | último2 = Hu | primeiro2 = D. | último3 = Escuillié | primeiro3 = F. O. | último4 = Dyke | primeiro4 = G. | último5 = Godefroit | primeiro5 = P. }}</ref>|clados= |
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Os mais antigos fósseis avianos conhecidos são provenientes da [[Formação de Tiaojishan]], na China, e estão datados do estágio [[Oxfordiano]] do período [[Jurássico Superior]], há cerca de 160 milhões de anos.<ref name=Nature/> As espécies avianas deste período incluem o ''[[Anchiornis huxleyi]]'', ''[[Xiaotingia zhengi]]'' e o ''[[Aurornis xui]]''. O aviano mais conhecido, ''Archaeopteryx'', data de rochas jurássicas alemãs ligeiramente posteriores, de há cerca de 155 milhões de anos. Muitos destes primeiros avianos partilhavam entre si características anatómicas invulgares que podem ter sido ancestrais das aves modernas, mas que foram mais tarde perdidas durante a evolução das aves. Estas características incluem uma garra maior no segundo dedo e asas posteriores que cobriam os membros e pés posteriores e que podem ter sido usadas para manobras no ar.<ref name=zhengetal2013>{{Citar periódico | último = Zheng | primeiro = X. | último2 = Zhou | primeiro2 = Z. | último3 = Wang | primeiro3 = X. | último4 = Zhang | primeiro4 = F. | último5 = Zhang | primeiro5 = X. | último6 = Wang | primeiro6 = Y. | último7 = Wei | primeiro7 = G. | último8 = Wang | primeiro8 = S. | último9 = Xu | primeiro9 = X. | ano |
Os mais antigos fósseis avianos conhecidos são provenientes da [[Formação de Tiaojishan]], na China, e estão datados do estágio [[Oxfordiano]] do período [[Jurássico Superior]], há cerca de 160 milhões de anos.<ref name=Nature/> As espécies avianas deste período incluem o ''[[Anchiornis huxleyi]]'', ''[[Xiaotingia zhengi]]'' e o ''[[Aurornis xui]]''. O aviano mais conhecido, ''Archaeopteryx'', data de rochas jurássicas alemãs ligeiramente posteriores, de há cerca de 155 milhões de anos. Muitos destes primeiros avianos partilhavam entre si características anatómicas invulgares que podem ter sido ancestrais das aves modernas, mas que foram mais tarde perdidas durante a evolução das aves. Estas características incluem uma garra maior no segundo dedo e asas posteriores que cobriam os membros e pés posteriores e que podem ter sido usadas para manobras no ar.<ref name=zhengetal2013>{{Citar periódico | último = Zheng | primeiro = X. | último2 = Zhou | primeiro2 = Z. | último3 = Wang | primeiro3 = X. | último4 = Zhang | primeiro4 = F. | último5 = Zhang | primeiro5 = X. | último6 = Wang | primeiro6 = Y. | último7 = Wei | primeiro7 = G. | último8 = Wang | primeiro8 = S. | último9 = Xu | primeiro9 = X. | ano= 2013 | título = Hind Wings in Basal Birds and the Evolution of Leg Feathers | jornal = Science | volume = 339 | número = 6125| páginas = 1309–1312 | doi = 10.1126/science.1228753 | pmid=23493711}}</ref> |
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Durante o [[Cretácico]], os avianos diversificaram-se numa ampla variedade de formas.<ref name="chiappe2007">{{Citar livro| último=Chiappe | primeiro=Luis M. | ano=2007 | título=Glorified Dinosaurs: The Origin and Early Evolution of Birds | local=Sydney | editora=University of New South Wales Press |isbn=978-0-86840-413-4}}</ref> Muitos grupos mantiveram as [[Sinapomorfia|características primitivas]], como as asas com garras e os dentes. Estes últimos acabaram por se perder em vários grupos avianos, incluindo as aves modernas, embora de forma independente entre si. Enquanto os avianos mais antigos, como o ''Archaeopteryx'' e o ''[[Shenzhouraptor sinensis]]'', mantiveram as caudas ósseas dos seus ancestrais,<ref name="chiappe2007"/> as caudas de avianos mais avançados foram sendo encurtadas após o aparecimento dos ossos [[pigóstilo]]s no grupo ''[[Pygostylia]]''. No Cretácico superior, há cerca de 95 milhões de anos, o ancestral de todas as aves modernas desenvolveu também o sentido do olfato.<ref>{{Citar web| url=http://archive.cosmosmagazine.com/news/birds-survived-dino-extinction-with-keen-senses/ | título=Birds survived dino extinction with keen senses | acessodata=11 Junho de 2012 | autor=Agency France-Presse |
Durante o [[Cretácico]], os avianos diversificaram-se numa ampla variedade de formas.<ref name="chiappe2007">{{Citar livro| último=Chiappe | primeiro=Luis M. | ano=2007 | título=Glorified Dinosaurs: The Origin and Early Evolution of Birds | local=Sydney | editora=University of New South Wales Press |isbn=978-0-86840-413-4}}</ref> Muitos grupos mantiveram as [[Sinapomorfia|características primitivas]], como as asas com garras e os dentes. Estes últimos acabaram por se perder em vários grupos avianos, incluindo as aves modernas, embora de forma independente entre si. Enquanto os avianos mais antigos, como o ''Archaeopteryx'' e o ''[[Shenzhouraptor sinensis]]'', mantiveram as caudas ósseas dos seus ancestrais,<ref name="chiappe2007"/> as caudas de avianos mais avançados foram sendo encurtadas após o aparecimento dos ossos [[pigóstilo]]s no grupo ''[[Pygostylia]]''. No Cretácico superior, há cerca de 95 milhões de anos, o ancestral de todas as aves modernas desenvolveu também o sentido do olfato.<ref>{{Citar web | url=http://archive.cosmosmagazine.com/news/birds-survived-dino-extinction-with-keen-senses/ | título=Birds survived dino extinction with keen senses | acessodata=11 de Junho de 2012 | autor=Agency France-Presse |data=Abril de 2011 | editora=Cosmos Magazine | arquivourl=https://web.archive.org/web/20150402124421/http://archive.cosmosmagazine.com/news/birds-survived-dino-extinction-with-keen-senses/ | arquivodata=2015-04-02 | urlmorta=sim }}</ref> |
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===Diversificação inicial dos ancestrais das aves=== |
===Diversificação inicial dos ancestrais das aves=== |
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{{Cladograma|legenda=Filogenia das aves durante o [[Mesozoico]], simplificada de acordo com a análise filogenética de Wang ''et al'' de 2015.<ref name=Wang2015>{{Citar periódico | |
{{Cladograma|legenda=Filogenia das aves durante o [[Mesozoico]], simplificada de acordo com a análise filogenética de Wang ''et al'' de 2015.<ref name=Wang2015>{{Citar periódico |doi=10.1038/ncomms7987 |pmid=25942493 |título=The oldest record of ornithuromorpha from the early cretaceous of China |jornal=Nature Communications |volume=6 |páginas=6987 |ano=2015 |último=Wang |primeiro=M. |autor2=Zheng, X. |autor3=o’Connor, J. K. |autor4=Lloyd, G. T. |autor5=Wang, X. |autor6=Wang, Y. |autor7=Zhang, X. |autor8=Zhou, Z.}}</ref> |
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A primeira grande e diversificada linhagem de avianos de cauda curta a evoluir foram os ''[[enantiornithes]]'', ou "opostos às aves", assim designados porque a construção dos ossos dos ombros se apresenta invertida em relação às aves modernas. Os ''enantiornithes'' ocupavam um vasto conjunto de [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]], desde os que vasculhavam as areias nas zonas costeiras, passando pelos que se alimentavam de peixe, até aos que viviam nas árvores e se alimentavam de sementes. Embora tenham sido o grupo dominante dentro dos avianos durante o período Cretácico, os enantiornithes extinguiram-se no fim do [[Mesozoico]], a par de muitos outros grupos de dinossauros.<ref name="chiappe2007"/> |
A primeira grande e diversificada linhagem de avianos de cauda curta a evoluir foram os ''[[enantiornithes]]'', ou "opostos às aves", assim designados porque a construção dos ossos dos ombros se apresenta invertida em relação às aves modernas. Os ''enantiornithes'' ocupavam um vasto conjunto de [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]], desde os que vasculhavam as areias nas zonas costeiras, passando pelos que se alimentavam de peixe, até aos que viviam nas árvores e se alimentavam de sementes. Embora tenham sido o grupo dominante dentro dos avianos durante o período Cretácico, os enantiornithes extinguiram-se no fim do [[Mesozoico]], a par de muitos outros grupos de dinossauros.<ref name="chiappe2007"/> |
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A segunda grande linhagem aviana a desenvolver-se foram os ''[[Euornithes]]'', ou "aves verdadeiras", assim designados porque incluem os ancestrais das aves modernas. Muitas das espécies deste grupo eram |
A segunda grande linhagem aviana a desenvolver-se foram os ''[[Euornithes]]'', ou "aves verdadeiras", assim designados porque incluem os ancestrais das aves modernas. Muitas das espécies deste grupo eram semiaquáticas e especializadas na captura de peixe e outros organismos marinhos. Ao contrário dos ''enantiornithes'', que dominavam os ''habitats'' terrestres e arbustivos, à maior parte dos primeiros ''euornithes'' faltavam adaptações que lhes permitissem empoleirar, pelo que neste grupo se observam sobretudo espécies adaptadas às regiões costeiras ou capazes de nadar e mergulhar. Entre as que possuíam esta última característica estão os [[hesperornithiformes]], que se tornaram de tal forma especializados na pesca de peixe em ambientes marinhos que perderam a capacidade de voar e se tornaram aquáticos.<ref name="chiappe2007"/> Os primeiros ''euornithes'' também assistiram ao desenvolvimento de várias características associadas às aves modernas, como osso esterno com [[Quilha (aves)|quilha]], ausência de dentes e partes da mandíbula em forma de bico. No entanto, a maior parte dos ''euornithes'' manteve dentes noutras partes da mandíbula.<ref name=louchart2011>{{Citar periódico | último = Louchart | primeiro = A. | último2 = Viriot | primeiro2 = L. | ano = 2011 | título = From snout to beak: the loss of teeth in birds | url = http://198.81.200.84/trends/ecology-evolution/abstract/S0169-5347%2811%2900264-3?switch=standard | jornal = Trends In Ecology & Evolution | volume = 26 | número = 12 | páginas = 663–673 | doi = 10.1016/j.tree.2011.09.004 | acessodata = 2016-02-22 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20140728053547/http://198.81.200.84/trends/ecology-evolution/abstract/S0169-5347%2811%2900264-3?switch=standard | arquivodata = 2014-07-28 | urlmorta = sim }}</ref> O grupo dos ''euornithes'' também inclui os primeiros avianos a desenvolver um verdadeiro [[pigóstilo]] e um conjunto completo de penas de cauda,<ref name=yixianornis>{{Citar periódico | último = Clarke | primeiro = J. A. | último2 = Zhou | primeiro2 = Z. | último3 = Zhang | primeiro3 = F. | ano= 2006 | título = Insight into the evolution of avian flight from a new clade of Early Cretaceous ornithurines from China and the morphology of ''Yixianornis grabaui'' | jornal = Journal of Anatomy | volume = 208 | número = 3| páginas = 287–308 | doi=10.1111/j.1469-7580.2006.00534.x | pmid=16533313 | pmc=2100246}}</ref> o qual pode ter substituído as asas posteriores como principal meio de manobrabilidade e desaceleração em voo.<ref name=zhengetal2013/> |
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===Diversificação das aves modernas=== |
===Diversificação das aves modernas=== |
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Todas as aves modernas pertencem ao [[grupo coroa]] |
Todas as aves modernas pertencem ao [[grupo coroa]] das Aves (ou, em alternativa, ''Neornithes''), o qual tem duas subdivisões: os ''[[Paleognathae]]'', em que se incluem os [[Struthioniformes|ratitas]] não voadores (como a [[avestruz]]), os [[tinamiformes]] e o extremamente diversificado grupo dos ''[[Neognathae]]'', que contém todas as outras aves.<ref name="Theropoda"/> A estas duas subdivisões dá-se muitas vezes a [[Classificação científica|categoria taxonómica]] de [[Ordem (biologia)|superordem]].<ref name="Theropoda"/><ref>{{Citar web|url=http://people.eku.edu/ritchisong/birdbiogeography1.htm | título=Bird biogeography | último= Ritchison| primeiro=Gary | acessodata=10 de Abril de 2008 |obra=Avian Biology| editora=Eastern Kentucky University}}</ref> Dependendo do ponto de vista taxonómico, o número de espécies de aves vivas conhecidas varia entre {{formatnum|9800}}<ref>{{Citar livro|título=[[:en:The Clements Checklist of Birds of the World|he Clements Checklist of Birds of the World]] |primeiro=James F. |último=Clements |edição=6ª |autorlink=James Clements |local=Ithaca |editora=Cornell University Press |ano=2007 |isbn=978-0-8014-4501-9}}</ref> e {{formatnum:10050}}.<ref>{{Citar livro |último=Gill |primeiro=Frank |autorlink=:en:Frank Gill (ornithologist) |ano=2006 |título=Birds of the World: Recommended English Names |local=Princeton |editora=Princeton University Press |isbn=978-0-691-12827-6}}</ref> Devido em grande parte à descoberta do ''[[Vegavis]]'', um membro neognato da linhagem dos [[pato]]s, sabe-se que o grupo Aves se dividiu em várias linhagens modernas por volta do fim da era do [[Mesozoico]].<ref>{{Citar periódico| último=Clarke | primeiro=Julia A. | ano=2005 | título=Definitive fossil evidence for the extant avian radiation in the Cretaceous | jornal=[[Nature (journal)|Nature]] |volume=433 | número= 7023| páginas=305–308 |doi=10.1038/nature03150 |pmid=15662422 |url=http://www.digimorph.org/specimens/Vegavis_iaai/nature03150.pdf | último2=Tambussi | primeiro2=CP | último3=Noriega | primeiro3=JI | último4=Erickson | primeiro4=GM | último5=Ketcham | primeiro5=RA}} [http://www.nature.com/nature/journal/v433/n7023/suppinfo/nature03150.html Nature.com], Informação adicional]</ref> Alguns estudos estimaram que a origem efetiva das aves modernas terá provavelmente ocorrido mais cedo do que os fósseis conhecidos mais antigos, provavelmente a meio do período Cretácico.<ref name=divergence>{{Citar periódico | último = Lee | primeiro = Michael SY | último2 = Cau | primeiro2 = Andrea | último3 = Darren | primeiro3 = Naish | último4 = Gareth J. | primeiro4 = Dyke | ano= 2013 | título = Morphological Clocks in Paleontology, and a Mid-Cretaceous Origin of Crown Aves | jornal = Systematic Biology | editora = Oxford Journals | doi = 10.1093/sysbio/syt110 | volume=63 | páginas=442–449 | pmid=24449041}}</ref> |
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Há um consenso de que as Aves se desenvolveram durante o Cretácico e que a divisão dos Galloanseri dos outros neognatos ocorreu antes da [[extinção do Cretáceo-Paleogeno]], embora haja diferentes opiniões sobre se a radiação evolutiva dos restantes neognatos ocorreu antes ou depois da extinção dos restantes dinossauros.<ref name="Ericson">{{Citar periódico |ultimo1=Ericson |primeiro1=Per G.P. |ano=2006 |título=Diversification of Neoaves: integration of molecular sequence data and fossils |jornal=Biology Letters |volume=2 |número=4 |páginas=543–547 |doi=10.1098/rsbl.2006.0523 |pmid=17148284 |url=http://www.senckenberg.de/files/content/forschung/abteilung/terrzool/ornithologie/neoaves.pdf |formato=PDF |ultimo2=Anderson |primeiro2=CL |ultimo3=Britton |primeiro3=T |ultimo4=Elzanowski |primeiro4=A |ultimo5=Johansson |primeiro5=US |ultimo6=Källersjö |primeiro6=M |ultimo7=Ohlson |primeiro7=J |ultimo8=Parsons |primeiro8=TJ |ultimo9=Zuccon |primeiro9=D |pmc=1834003 |acessodata=2016-02-22 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090325235703/http://www.senckenberg.de/files/content/forschung/abteilung/terrzool/ornithologie/neoaves.pdf |arquivodata=2009-03-25 |urlmorta=sim}}</ref> Esta discordância deve-se em parte a uma divergência nas evidências. Os dados moleculares sugerem uma radiação durante o Cretácico, enquanto as evidências fósseis sugerem uma radiação durante o [[Cenozoico]]. As tentativas para reconciliar as evidências moleculares e fósseis têm-se revelado controversas,<ref name="Ericson"/><ref>{{Citar periódico| último=Brown | primeiro=Joseph W. | data=Junho de 2007 | título=Nuclear DNA does not reconcile 'rocks' and 'clocks' in Neoaves: a comment on Ericson et al. | jornal=Biology Letters |volume=3 | número=3 | páginas=257–259 |doi=10.1098/rsbl.2006.0611 |pmid=17389215 | último2=Payne | primeiro2=RB | último3=Mindell | primeiro3=DP |pmc=2464679}}</ref> embora resultados recentes mostrem que todos os grupos existentes de aves tenham tido origem num pequeno grupo de espécies que sobreviveu à extinção do Cretáceo-Paleogeno.<ref>{{Citar web |url=http://www.sci-news.com/biology/science-avian-tree-life-03326.html |título=Ornithologists Publish Most Comprehensive Avian Tree of Life |data=9 de outubro de 2015 |publicado=Sci-news.com |acessodata=14 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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Devido em grande parte à descoberta do ''[[Vegavis]]'', um membro neognato da linhagem dos [[pato]]s, sabe-se que o grupo Aves se dividiu em várias linhagens modernas por volta do fim da era do [[Mesozoico]].<ref>{{Citar periódico| último=Clarke | primeiro=Julia A. | ano=2005 | título=Definitive fossil evidence for the extant avian radiation in the Cretaceous | jornal=[[Nature (journal)|Nature]] |volume=433 | número= 7023| páginas=305–308 |doi=10.1038/nature03150 |pmid=15662422 |url=http://www.digimorph.org/specimens/Vegavis_iaai/nature03150.pdf| formato=PDF | último2=Tambussi | primeiro2=CP | último3=Noriega | primeiro3=JI | último4=Erickson | primeiro4=GM | último5=Ketcham | primeiro5=RA}} [http://www.nature.com/nature/journal/v433/n7023/suppinfo/nature03150.html Nature.com], Informação adicional]</ref> Alguns estudos estimaram que a origem efetiva das aves modernas terá provavelmente ocorrido mais cedo do que os fósseis conhecidos mais antigos, provavelmente a meio do período Cretácico.<ref name=divergence>{{Citar periódico | último = Lee | primeiro = Michael SY | último2 = Cau | primeiro2 = Andrea | último3 = Darren | primeiro3 = Naish | último4 = Gareth J. | primeiro4 = Dyke | ano = 2013 | título = Morphological Clocks in Paleontology, and a Mid-Cretaceous Origin of Crown Aves | jornal = Systematic Biology | editora = Oxford Journals | doi = 10.1093/sysbio/syt110 | volume=63 | páginas=442–449 | pmid=24449041}}</ref> |
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A divergência mais antiga dentro dos Neognathes foi a dos [[Galloanserae]], a superordem que contém os [[Anseriformes]] (patos, [[ganso]]s, [[cisne]]s e [[Anhimidae]]) e os [[Galliformes]] ([[Faisão|faisões]], [[tetraz]]es e respetivos aliados, em conjunto com os [[Megapodiidae]], o guano e respetivos aliados). O mais antigo registo fóssil das aves verdadeiras tem origem no possível galliforme ''[[Austinornis lentus]]'', datado de há cerca de 85 milhões de anos,<ref>{{Citar periódico | último = Clarke | primeiro = J.A. | ano = 2004 | título = Morphology, phylogenetic taxonomy, and systematics of ''Ichthyornis'' and ''Apatornis'' (Avialae: Ornithurae) | url = http://digitallibrary.amnh.org/dspace/bitstream/handle/2246/454/B286.?sequence=1 | jornal = Bulletin of the American Museum of Natural History | volume = 286 | número = | páginas = 1–179 | doi=10.1206/0003-0090(2004)286<0001:mptaso>2.0.co;2}}</ref> embora as datas para a divisão efetiva sejam alvo de debate entre os cientistas. Há um consenso de que as Aves se desenvolveram durante o Cretácico e que a divisão dos Galloanseri dos outros neognatos ocorreu antes da [[extinção do Cretáceo-Paleogeno]], embora haja diferentes opiniões sobre se a radiação evolutiva dos restantes neognatos ocorreu antes ou depois da extinção dos restantes dinossauros.<ref name="Ericson">{{Citar periódico| último=Ericson | primeiro=Per G.P. | ano=2006 | título=Diversification of Neoaves: integration of molecular sequence data and fossils | jornal=Biology Letters |volume=2 | número=4 | páginas=543–547 |doi=10.1098/rsbl.2006.0523 |pmid=17148284 |url=http://www.senckenberg.de/files/content/forschung/abteilung/terrzool/ornithologie/neoaves.pdf|formaot=PDF |coautor=Anderson, CL; Britton, T; Elzanowski, A; Johansson, US; Källersjö, M; Ohlson, J; Parsons, TJ; Zuccon, D |pmc=1834003}}</ref> Esta discordância deve-se em parte a uma divergência nas evidências. Os dados moleculares sugerem uma radiação durante o Cretácico, enquanto as evidências fósseis sugerem uma radiação durante o [[Cenozoico]]. As tentativas para reconciliar as evidências moleculares e fósseis têm-se revelado controversas,<ref name="Ericson"/><ref>{{Citar periódico| último=Brown | primeiro=Joseph W. | data=Junho de 2007 | título=Nuclear DNA does not reconcile 'rocks' and 'clocks' in Neoaves: a comment on Ericson et al. | jornal=Biology Letters |volume=3 | número=3 | páginas=257–259 |doi=10.1098/rsbl.2006.0611 |pmid=17389215 | último2=Payne | primeiro2=RB | último3=Mindell | primeiro3=DP |pmc=2464679}}</ref> embora resultados recentes mostrem que todos os grupos existentes de aves tenham tido origem num pequeno grupo de espécies que sobreviveu à extinção do Cretáceo-Paleogeno.<ref>{{Citar web |url=http://www.sci-news.com/biology/science-avian-tree-life-03326.html |título=Ornithologists Publish Most Comprehensive Avian Tree of Life |data=9 de outubro de 2015 |publicado=Sci-news.com |acessodata=14 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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===Classificação das ordens das aves=== |
===Classificação das ordens das aves=== |
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[[Cladograma]] das relações entre aves modernas com base em Jarvis, E.D. et al. (2014),<ref name=Jarvis2014>{{citar periódico | último = Jarvis | primeiro = E.D. |numero-autores=et al | ano= 2014 | título = Whole-genome analyses resolve early branches in the tree of life of modern birds | url = http://www.sciencemag.org/content/346/6215/1320.abstract | jornal = Science | volume = 346 | número = 6215| páginas = 1320–1331 | doi=10.1126/science.1253451 | pmid=25504713}}</ref> com alguns nomes de [[clado]]s segundo Yury, T. et al. (2013).<ref>{{citar periódico | último = Yuri | primeiro = T. |numero-autores=et al| ano= 2013 | título = Parsimony and Model-Based Analyses of Indels in Avian Nuclear Genes Reveal Congruent and Incongruent Phylogenetic Signals | jornal = Biology | volume = 2 | número = 1| páginas = 419–444 | doi = 10.3390/biology2010419 }}</ref> |
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{{VT|Lista de aves}} |
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[[Cladograma]] das relações entre aves modernas com base em Jarvis, E.D. et al. (2014),<ref name=Jarvis2014>{{citar periódico | último = Jarvis | primeiro = E.D. | coautor = et al | ano = 2014 | título = Whole-genome analyses resolve early branches in the tree of life of modern birds | url = http://www.sciencemag.org/content/346/6215/1320.abstract | jornal = Science | volume = 346 | número = 6215| páginas = 1320–1331 | doi=10.1126/science.1253451 | pmid=25504713}}</ref> com alguns nomes de [[clado]]s segundo Yury, T. et al. (2013).<ref>{{citar periódico | último = Yuri | primeiro = T. |coautor=et al| ano = 2013 | título = Parsimony and Model-Based Analyses of Indels in Avian Nuclear Genes Reveal Congruent and Incongruent Phylogenetic Signals | url = | jornal = Biology | volume = 2 | número = 1| páginas = 419–444 | doi = 10.3390/biology2010419 }}</ref> |
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|2=†[[Aepyornithiformes]] (aves-elefante)[[Imagem:Elephant bird skeleton.png|50 px]] |
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|1=[[Galliformes]] (galinhas, tetrazes, perus, etc.)[[Imagem:Red jungle fowl white background.png|50 px]] |
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|2=[[Accipitriformes]] (gaviões, águias, abutres do Velho Mundo, etc.)[[Imagem:Gyps fulvus -Basque Country-8 white background.jpg|50 px]][[Imagem:Maakotka (Aquila chrysaetos) by Jarkko Järvinen white background.jpg|50 px]] |
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|1=[[Trogoniformes]] (surucuá)[[Imagem:Trogon surrucura brazil white background.jpg|40 px]] |
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|2=[[Piciformes]] (pica-paus, tucanos, etc.)[[Imagem:Dendrocopos major -Durham, England -female-8 white background.jpg|50 px]][[Imagem:Ramphastos toco -Stadtgärtnerei Zürich - 20100919 white background.jpg|50 px]] |
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|1=[[Cariamiformes]] (sariemas, etc)[[Imagem:Seriema (Cariama cristata) white background.jpg|50 px]][[Imagem:Phorusrhacid skeleton white background.jpg|50 px]] |
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|1=[[Falconiformes]] (falcões)[[Imagem:Male Peregrine Falcon (7172188034) white background.jpg|50 px]] |
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|1=[[Psittaciformes]] (papagaios, araras, catatuas etc.)[[Imagem:Cockatiel Parakeet (Nymphicus hollandicus)9 white background.jpg|50 px]] |
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|2=[[Passeriformes]] (aves canoras)[[Imagem:Gorrion alfeizar Habana white background.jpg|50 px]][[Imagem:Carrion crow 20090612 white background.png|50 px]] |
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A classificação das aves é um tema controverso. A publicação ''Phylogeny and Classification of Birds'' (1990), da autoria de [[Charles Sibley]] e [[Jon Ahlquist]], é uma das principais obras de referência na classificação das aves,<ref>{{Citar livro| último=Sibley | primeiro=Charles | |
A classificação das aves é um tema controverso. A publicação ''Phylogeny and Classification of Birds'' (1990), da autoria de [[Charles Sibley]] e [[Jon Ahlquist]], é uma das principais obras de referência na classificação das aves,<ref>{{Citar livro| último=Sibley | primeiro=Charles | autor2=Jon Edward Ahlquist | ano=1990 | título=Phylogeny and classification of birds | local=New Haven | editora=Yale University Press |isbn=0-300-04085-7}}</ref> embora seja frequentementemente discutida e continuamente revista. A maior parte das evidências sugere que a distribuição das ordens é correta,<ref>{{Citar livro| último=Mayr | primeiro=Ernst | autor2=Short, Lester L.| título=Species Taxa of North American Birds: A Contribution to Comparative Systematics |series=Publications of the Nuttall Ornithological Club, no. 9 | ano=1970 | editora=Nuttall Ornithological Club| local=Cambridge, Mass. |oclc=517185}}</ref> embora os cientistas discordem entre si quanto às relações entre as ordens. Apesar de a discussão contar com evidências da anatomia das aves modernas, ADN e registos fósseis, ainda não há um consenso determinante. Recentemente, a descoberta de novos fósseis e a obtenção de evidências moleculares está a contribuir para uma panorâmica cada vez mais clara da evolução das ordens de aves modernas. A investigação mais recente tem-se focado na [[sequenciação]] de [[genoma]]s completos de 48 espécies representativas.<ref name=Jarvis2014/> |
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==Distribuição== |
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[[File:House sparrow04.jpg|thumb|alt= pequeno pássaro com barriga esbranquiçada e padrões nas ass e cabeça, pousado sobre cimento |O território do [[pardal-doméstico]] foi significativamente alargado devido à atividade humana.<ref>{{Citar livro| último=Newton | primeiro=Ian| ano=2003 | título=The Speciation and Biogeography of Birds | local=Amsterdam | editora=Academic Press |isbn=0-12-517375-X| páginas=463}}</ref>]] |
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As aves vivem e reproduzem-se na maior parte dos [[habitat]]s terrestres e em todos os sete continentes. O [[Pagodroma nivea|petrel-das-neves]] nidifica em colónias que já foram observadas a distâncias de 440 km do litoral da [[Antártida]].<ref>{{Citar livro| último=Brooke | primeiro=Michael | ano=2004 | título=Albatrosses And Petrels Across The World | local=Oxford | editora=Oxford University Press|isbn=0-19-850125-0| páginas=}}</ref> A maior [[biodiversidade]] de aves tem lugar nas [[Trópicos|regiões tropicais]]. Anteriormente, pensava-se que esta maior diversidade era o resultado de uma maior velocidade de [[especiação]] nos trópicos. No entanto, estudos mais recentes verificaram que a especiação é superior nas [[latitude]]s mais elevadas, embora a velocidade de [[extinção]] seja também superior à dos trópicos.<ref>{{Citar periódico| último=Weir | primeiro=Jason T. | ano=2007 | título=The Latitudinal Gradient in Recent Speciation and Extinction Rates of Birds and Mammals | jornal=Science |volume=315 | número=5818 | páginas=1574–76 |doi=10.1126/science.1135590 |pmid=17363673 | coautor=Schluter, D}}</ref> Várias famílias de aves evoluíram para se adaptar à vida nos oceanos. Algumas espécies de [[Ave oceânica|aves marinhas]] regressam à costa apenas para nidificar<ref name = "Burger">{{Citar livro| último=Schreiber | primeiro=Elizabeth Anne | coautor=Joanna Burger | ano=2001 | título=Biology of Marine Birds | local=Boca Raton | editora=CRC Press |isbn=0-8493-9882-7| páginas=}}</ref> e alguns [[Pinguim|pinguins]] são capazes de mergulhar até 300 metros de profundidade.<ref>{{Citar periódico |último=Sato |primeiro=Katsufumi |data=1 de maio de 2002 |título=Buoyancy and maximal diving depth in penguins: do they control inhaling air volume? |jornal=Journal of Experimental Biology |volume=205 |número=9 |páginas=1189–1197 |pmid=11948196 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/205/9/1189 |coautor=Y Naito, A Kato, Y Niizuma, Y Watanuki, JB Charrassin, CA Bost, Y Handrich, Y Le Maho}}</ref> |
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Muitas espécies de aves estabeleceram o seu território nas regiões em que foram [[Espécie introduzida|introduzidas]] pelo ser humano. A introdução de algumas espécies foi deliberada, como por exemplo o [[faisão-comum]], que foi introduzido em todo o mundo como ave de caça.<ref>{{Citar livro| último=Hill | primeiro=David | autor2=Peter Robertson | ano=1988 | título=The Pheasant: Ecology, Management, and Conservation | local=Oxford | editora=BSP Professional |isbn=0-632-02011-3| páginas=}}</ref> Outras introduções foram acidentais, como o [[periquito-monge]] que atualmente está presente em várias cidades norte-americanas como consequência de fugas de cativeiro.<ref>{{Citar web| último=Spreyer | primeiro=Mark F.| coautor=Enrique H. Bucher| ano=1998| título=Monk Parakeet (Myiopsitta monachus), The Birds of North America| editora=Cornell Lab of Ornithology|url=http://bna.birds.cornell.edu/bna/species/322 |doi=10.2173/bna.322 | acessodata=2015-12-13}}</ref> Algumas espécies, como a [[garça-boieira]],<ref>{{Citar periódico| último=Arendt | primeiro=Wayne J. | data=1 de janeiro de 1988| título=Range Expansion of the Cattle Egret, (''Bubulcus ibis'') in the Greater Caribbean Basin | jornal=Colonial Waterbirds |volume=11 | número=2 | páginas=252–62 |doi=10.2307/1521007 |jstor=1521007}}</ref> o [[gavião-carrapateiro]]<ref>{{Citar livro| último=Bierregaard | primeiro=R.O. | ano=1994 | capítulo=Yellow-headed Caracara |editor=Josep del Hoyo, Andrew Elliott and Jordi Sargatal (eds.) | título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]]. Volume 2; New World Vultures to Guineafowl | local=Barcelona | editora=Lynx Edicions |isbn=84-87334-15-6| páginas=}}</ref> e a [[Galah|cacatua-galah]]<ref>{{Citar livro| último=Juniper | primeiro=Tony | autor2=Mike Parr | ano=1998 | título=Parrots: A Guide to the Parrots of the World | local=London | editora=[[:en:Helm Identification Guides|Christopher Helm]] |isbn=0-7136-6933-0| páginas=}}</ref> expandiram-se muito para além do seu território inicial de forma natural, à medida que a [[agricultura]] foi criando novos habitats. |
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==Anatomia e fisiologia== |
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{{AP|Anatomia das aves}} |
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[[Ficheiro:Birdmorphology-PT.svg|thumb|300px|alt= |Topografia de uma ave ([[Vanellus|Vanellus malabaricus]]).]] |
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Em comparação com outros vertebrados, as aves apresentam um corpo com diversas adaptações invulgares destinadas a permitir o voo. |
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===Sistema ósseo=== |
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O sistema ósseo das aves é constituído por [[osso]]s extremamente leves com cavidades de ar ligadas ao [[sistema respiratório]] (ossos pneumáticos).<ref>{{Citar web| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | autor2=David S. Dobkin| autor3=Darryl Wheye | título=Adaptations for Flight |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Adaptations.html | ano=1988 |work=Birds of Stanford | editora=[[Stanford University]] | acessodata=13 de dezembro de 2007}} com base em: {{Citar livro |título=The Birder's Handbook |autor= [[:en:Paul Ehrlich|Paul Ehrlich]], David Dobkin, e Darryl Wheye |ano=1988 |editora=Simon and Schuster |local=Nova Iorque}}</ref> Nos adultos, os ossos do [[crânio]] estão fundidos entre si e não apresentam [[Sutura (articulação)|suturas cranianas]].<ref name = "Gill">{{Citar livro |último=Gill |primeiro=Frank |ano=1995 |título=Ornithology |editora=WH Freeman and Co |local=Nova Iorque |isbn=0-7167-2415-4 |páginas=}}</ref> As [[Órbita (anatomia)|órbitas]] são de grande dimensão e separadas por um [[septo nasal]]. A [[coluna vertebral]] divide-se nas vértebras cervicais, torácicas, lombares e caudais. As [[vértebra]]s cervicais (do pescoço), cujo número varia significativamente entre espécies, são particularmente flexíveis. No entanto, o movimento nas [[vértebra torácica|vértebras torácicas]] é limitado e completamente ausente nas vértebras posteriores.<ref>{{Citar web |título=The Avian Skeleton |url=http://www.paulnoll.com/Oregon/Birds/Avian-Skeleton.html |work=paulnoll.com | último=Noll | primeiro=Paul |acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> As últimas vértebras encontram-se fundidas com a [[pelve]], formando o [[sinsacro]]. As costelas são achatadas. O [[esterno]] apresenta uma [[Quilha (aves)|quilha]] que sustenta os músculos peitorais envolvidos no voo, embora esteja ausente das aves não voadoras. Os membros anteriores encontram-se modificados na forma de asas.<ref>{{Citar web| título=Skeleton of a typical bird |url=http://fsc.fernbank.edu/Birding/skeleton.htm |work=Fernbank Science Center's Ornithology Web | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref><ref name = "Gill"/><ref>{{Citar web |url=https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/10410/1/Osteologia%20das%20aves,%20Rom%C3%A3o%202011.pdf |título=Osteologia das Aves |último=Romão |primeiro=Ricardo |publicado=Universidade de Évora – Departamento de Zoologia | formato=PDF |acessodata=15 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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===Sistemas excretor e digestivo=== |
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Tal como os [[répteis]], as aves são seres [[Excreção de nitrogênio|uricotélicos]]; isto é, os seus [[Rim|rins]] filtram os resíduos [[Nitrogénio|nitrogenados]] da corrente sanguínea e excretam-no na forma de [[ácido úrico]] (em vez de [[ureia]] ou [[amoníaco]]) ao longo dos [[uréter]]es até ao intestino. As aves não têm [[bexiga]] nem [[uretra]] exterior, pelo que (à exceção das avestruzes) o ácido úrico é expelido em conjunto com as fezes em dejetos semi-sólidos.<ref>{{Citar web| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | autor2=David S. Dobkin| autor3=Darryl Wheye | título=Drinking |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Drinking.html | ano=1988 |work=Birds of Stanford | editora=Stanford University | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Tsahar | primeiro=Ella | título=Can birds be ammonotelic? Nitrogen balance and excretion in two frugivores | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=208 | número=6 | páginas=1025–34 | ano=2005 |pmid=15767304 |doi=10.1242/jeb.01495 | último2=Martínez Del Rio | primeiro2=C | último3=Izhaki | primeiro3=I | último4=Arad | primeiro4=Z }}</ref><ref name=coprodeum>{{Citar periódico | doi= 10.1016/S1095-6433(03)00006-0 | último= Skadhauge | primeiro= E | último2= Erlwanger | primeiro2= KH | último3= Ruziwa | primeiro3= SD | último4= Dantzer | primeiro4= V | último5= Elbrønd | primeiro5= VS | último6= Chamunorwa | primeiro6= JP | título= Does the ostrich (''Struthio camelus'') coprodeum have the electrophysiological properties and microstructure of other birds? | jornal= Comparative biochemistry and physiology. Part A, Molecular & integrative physiology | volume= 134 | número= 4 | páginas= 749–755 | ano= 2003 | pmid = 12814783 }}</ref> No entanto, algumas aves, como o colibri, podem ser [[amoniotélicos]], excretando a maior parte dos resíduos nitrogenados na forma de [[amoníaco]].<ref>{{Citar periódico| último=Preest | primeiro=Marion R. | data=Abril 1997 | título=Ammonia excretion by hummingbirds | jornal=Nature |volume=386 | número= 6625| páginas=561–62 |doi=10.1038/386561a0 | último2=Beuchat | primeiro2=Carol A.}}</ref> Também excretam [[creatina]], em vez de [[creatinina]] como os [[mamífero]]s.<ref name = "Gill"/> Este material é expulso através da [[cloaca]], em conjunto com os dejetos intestinais.<ref>{{Citar periódico| último=Mora | primeiro=J. | ano=1965 | título=The regulation of urea-biosynthesis enzymes in vertebrates | jornal=[[:en:Biochemical Journal]] |volume=96 | páginas=28–35 | url = http://www.biochemj.org/content/96/1/28.full-text.pdf |pmid=14343146 | último2=Martuscelli | primeiro2=J | último3=Ortiz Pineda | primeiro3=J | último4=Soberon | primeiro4=G |pmc=1206904| número=1}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Packard | primeiro=Gary C.| ano=1966 | título=The Influence of Ambient Temperature and Aridity on Modes of Reproduction and Excretion of Amniote Vertebrates | jornal=[[The American Naturalist]] |volume=100 | número=916 | páginas=667–82 |doi=10.1086/282459 |jstor=2459303}}</ref> A cloaca é um orifício com diversas finalidades. Não só é por aí que são expulsos os dejetos, como maior parte das aves acasalam juntando as cloacas e é também por aí que as fêmeas depositam os ovos. Muitas aves também regurgitam [[Plumada|egregófitos]].<ref>{{Citar periódico| último=Balgooyen | primeiro=Thomas G. | data=1 de outubro de 1971| título=Pellet Regurgitation by Captive Sparrow Hawks (''Falco sparverius'') | jornal=[[:en:Condor (journal)|Condor]] |volume=73 | número=3 | páginas=382–85 |doi=10.2307/1365774 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v073n03/p0382-p0385.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOLg1c | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF |jstor=1365774 }}</ref> Os machos dos [[Palaeognathae]] (à exceção dos [[Apteryx|quivis]]), dos [[Anseriformes]] (à exceção dos [[Anhimidae]]) e, de forma rudimentar, dos [[Galliformes]] (mas totalmente desenvolvido nos [[Cracidae]]) possuem um [[pénis]], o qual não se observa nas [[Neoaves]].<ref>{{Citar web| último=Yong | primeiro=Ed |url=http://phenomena.nationalgeographic.com/2013/06/06/how-chickens-lost-their-penises-ducks-kept-theirs/ | título=Phenomena: Not Exactly Rocket Science How Chickens Lost Their Penises (And Ducks Kept Theirs) | editora=Phenomena.nationalgeographic.com | acessodata=3 de outubro de 2013}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://bcs.whfreeman.com/gill/bcs-pages/body-right_10.asp?s=10000&n=00010&i=99010.06&v=chapter&o=%7C13000%7C00010%7C&ns=undefined | título=Ornithology, 3rd Edition - Waterfowl: Order Anseriformes | acessodata=3 de outubro de 2013}}</ref> Pensa-se que o comprimento esteja relacionado com a [[competição espermática]].<ref>{{Citar periódico| jornal= The Auk |volume=117| número=3| páginas=820–825| ano= 2000| título=The 20-cm Spiny Penis of the Argentine Lake Duck (Oxyura vittata)| autor=McCracken, KG|url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v117n03/p00820-p00825.pdf| arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOOgAu| arquivodata=2013-05-24|doi= 10.1642/0004-8038(2000)117[0820:TCSPOT]2.0.CO;2}}</ref> Fora do momento da cópula, encontra-se oculto no interior do [[proctodeu]], um compartimento no interior da cloaca. O [[sistema digestivo]] das aves é constituído por um [[papo]], onde é armazenado o conteúdo digestivo, e uma [[moela]] que contém pedras, que as aves engolem para moer os alimentos como forma de compensar a falta de dentes.<ref>{{Citar periódico| último=Gionfriddo | primeiro=James P. | data=1 Fevereiro de 1995| título=Grit Use by House Sparrows: Effects of Diet and Grit Size | jornal=Condor |volume=97 | número=1 | páginas=57–67 |doi=10.2307/1368983 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v097n01/p0057-p0067.pdf| formato=PDF}}</ref> A maior parte das aves apresenta uma digestão bastante rápida, de modo a não interferir com o voo.<ref name = "Attenborough">{{Citar livro| último=Attenborough | primeiro=David | autorlink=David Attenborough | ano=1998 | título=[[The Life of Birds]] | local=Princeton | editora=Princeton University Press |isbn=0-691-01633-X| páginas=}}</ref> Algumas aves migratórias adaptaram-se de modo a usar [[proteína]]s de várias partes do corpo como fonte de energia adicional durante a migração.<ref name = "Battley">{{Citar periódico |último=Battley |primeiro=Phil F. |data=Janeiro de 2000 |título=Empirical evidence for differential organ reductions during trans-oceanic bird flight |jornal=Proceedings of the Royal Society B |volume=267 |número=1439 |páginas=191–5 |doi=10.1098/rspb.2000.0986 |pmid=10687826 |coautor=Piersma,T; Dietz, MW; Tang, S; Dekinga, A; Hulsman, K |pmc=1690512}}</ref> |
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===Sistema respiratório=== |
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As aves têm um dos mais complexos [[Sistema respiratório|sistemas respiratórios]] de todos os animais.<ref name = "Gill"/> No momento da inalação, apenas 25% do ar inalado vai diretamente para os pulmões, enquanto que o restante 75% atravessa os pulmões e passa diretamente para um saco de ar posterior que se estende a partir dos pulmões e está ligado às cavidades de ar nos ossos, as quais preenche com ar. Quando a ave expira, o ar usado sai dos pulmões e o ar fresco do saco de ar posterior é forçado a passar para os pulmões. Desta forma, os pulmões são constantemente fornecidos de ar fresco, quer durante a inalação quer durante a expiração.<ref>{{Citar periódico| último=Maina | primeiro=John N. | data=Novembro de 2006 | título=Development, structure, and function of a novel respiratory organ, the lung-air sac system of birds: to go where no other vertebrate has gone | jornal=Biological Reviews |volume=81 | número=4 | páginas=545–79 |pmid=17038201 |doi=10.1017/S1464793106007111 }}</ref> A produção de sons é feita através da [[siringe]], uma câmara muscular constituída por várias membranas timpânicas que diverge da extremidade inferior da [[traqueia]].<ref name = "Suthers">{{Citar livro| último=Suthers | primeiro=Roderick A. |coautor=Sue Anne Zollinger |capítulo=Producing song: the vocal apparatus |editor=H. Philip Zeigler and Peter Marler (eds.) | ano=2004 | título=Behavioral Neurobiology of Birdsong |series=Annals of the New York Academy of Sciences '''1016''' | local=Nova Iorque | editora=New York Academy of Sciences |isbn=1-57331-473-0 | páginas=109–129 |doi=10.1196/annals.1298.041|pmid=15313772}}</ref> Em algumas espécies, a traqueia é alongada, o que aumenta o volume das vocalizações e a perceção do tamanho da ave.<ref name = "Fitch">{{Citar periódico| último=Fitch | primeiro=W. T. | ano=1999 | título=Acoustic exaggeration of size in birds via tracheal elongation: comparative and theoretical analyses | jornal=Journal of Zoology |volume=248 | páginas=31–48|doi=10.1017/S095283699900504X}}</ref> |
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===Sistema circulatório=== |
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O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro câmaras protegido por um [[pericárdio]] fibroso. O pericárdio encontra-se preenchido com fluido seroso que o lubrifica.<ref name=Whittow>{{Citar livro |último=Whittow |primeiro=G. |ano=2000 |título=Sturkie's Avian Physiology |editor=G. Causey Whittow |local=San Diego |editora=Academic Press}}</ref> O coração em si está dividido em duas metades, direita e esquerda, cada uma constituída por uma [[aurícula]] e um [[ventrículo]]. As aurículas e vetrículos de cada lado estão separados entre si por [[Válvula cardíaca|válvulas cardíacas]] que impedem que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o ritmo cardíaco é mantido pelas células marca-passo do [[nó sinusal]] situado na aurícula direita. O coração das aves é também apresenta arcos musculares, constituídos por camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o coração das aves é constituído pelas camadas do [[endocárdio]], [[miocárdio]] e [[pericárdio]].<ref name=Whittow /> As paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as paredes ventriculares, devido à intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em comparação com a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior quantidade de sangue de modo a responder às necessidades [[Metabolismo|metabólicas]] associadas ao voo.<ref name="Hoagstrom">{{Citar livro |último=Hoagstrom |primeiro=C.W. |ano=2002 |título= Vertebrate Circulation. |obra=Magill's Encyclopedia of Science: Animal Life |volume=1 |páginas=217-219 |local=Pasadena, Califórnia |editora=Salem Press}}</ref> As principais artérias que transportam o sangue do coração têm origem no [[arco aórtico]] direito, ao contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo que forma esta parte da [[aorta]].<ref name = "Gill"/> A [[veia cava inferior]] recebe o sangue dos membros através do [[sistema venoso portal]]. Também ao contrário dos mamíferos, os [[glóbulos vermelhos]] das aves mantêm o seu [[núcleo celular]].<ref>{{Citar periódico| último=Scott | primeiro=Robert B. | data=Março de 1966 | título=Comparative hematology: The phylogeny of the erythrocyte | jornal=Annals of Hematology |volume=12 | número=6 | páginas=340–51 |doi=10.1007/BF01632827 |pmid=5325853 }}</ref> |
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As aves têm um sistema bastante eficiente de distribuição de oxigénio pelo corpo, uma vez que têm uma superfície de trocas gasosas dez vezes maior do que os mamíferos. Isto faz com que as aves tenham nos [[vasos capilares]] mais sangue por unidade de volume dos pulmões do que um mamífero.<ref name="Hoagstrom" /> As [[artéria]]s das aves são constituídas por músculos elásticos e espessos para resistir à pressão da forte constrição ventricular, que se tornam mais rígidos à medida que se encontram mais afastados do coração. O sangue passa pelas artérias, que sofrem [[vasoconstrição]], em direção às [[arteríola]]s, que distribuiem o oxigénio e os [[nutriente]]s a todos os tecidos do corpo. À medida que as arteríolas se encontram mais afastadas do coração e próximas dos órgãos e dos tecidos, são cada vez mais ramificadas de modo a aumentar a área de superfície e diminuir a intensidade da corrente sanguínea. A partir das arteríolas, o sangue desloca-se para os [[vasos capilares]] onde ocorre a troca de oxigénio pelos resíduos de dióxido de carbono. Após a troca gasosa, o sangue deoxigenado passa pelas [[vénula]]s e é transportado pelas []veia]]s de volta ao coração. Ao contrário das artérias, as veias são finas e rígidas, uma vez que não necessitam de resistir a pressões elevadas.<ref name=Hill>{{Citar livro |último=Hill |primeiro=Richard W. |ano=2012 |título=Animal Physiology |coautor=Gordon A. Wyse, Margaret Anderson. |edição=3ª |páginas=647-678 |editora=Sinauer Associates |local=Sunderland}}</ref> |
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===Sistema nervoso, olfato, visão e audição=== |
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[[File:Bird blink-edit.jpg|thumb|300px|Olho de um [[Vanellus miles|abibe]] a ser coberto pela [[membrana nictitante]].]] |
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A parte mais desenvolvida do cérebro das aves é a que controla as funções relativas ao voo. O [[cerebelo]] coordena o movimento e o [[telencéfalo]] controla os padrões de comportamento, navegação, acasalamento e [[nidificação]]. A maior parte das aves tem [[olfato]] pouco apurado, embora os [[Kiwi|quivis]],<ref>{{Citar periódico| último=Sales | primeiro=James | ano=2005 | título=The endangered kiwi: a review | jornal=Folia Zoologica |volume=54 | número=1–2 | páginas=1–20 |url=http://www.ivb.cz/folia/54/1-2/01-20.pdf| formato=PDF}}</ref> os [[Cathartidae|abutres do Novo Mundo]]<ref name="Avian Sense of Smell">{{Citar web| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | autor2=David S. Dobkin| autor3=Darryl Wheye | título=The Avian Sense of Smell |url=http://www.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Avian_Sense.html | ano=1988 |work=Birds of Stanford | editora=Stanford University | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> e os [[Procellariiformes]] sejam exceções notáveis.<ref>{{Citar periódico| último=Lequette | primeiro=Benoit | data=1 de agosto 1989| título=Olfaction in Subantarctic seabirds: Its phylogenetic and ecological significance | jornal=The Condor |volume=91 | número=3 | páginas=732–35 |doi=10.2307/1368131 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v091n03/p0732-p0735.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6EdpZFz9h | arquivodata=2013-02-23| formato=PDF | coautor=Verheyden, Jouventin}}</ref> |
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A [[visão]] das aves é geralmente bastante desenvolvida. As aves marinhas apresentam lentes flexíveis, o que lhes permite ver claramente tanto no ar como dentro de água.<ref name = "Gill"/> Algumas espécies têm dupla [[fóvea]]. As aves são [[Tetracromatismo|tetracromáticas]], possuindo [[Cone (célula)|cones]] não só sensíveis à luz [[RGB|verde, vermelha e azul]] como também à luz [[ultravioleta]].<ref>{{Citar periódico| último=Wilkie | primeiro=Susan E. | data=Fevereiro de 1998 | título=The molecular basis for UV vision in birds: spectral characteristics, cDNA sequence and retinal localization of the UV-sensitive visual pigment of the budgerigar (Melopsittacus undulatus) | jornal=[[:en:Biochemical Journal|Biochemical Journal]] |volume=330 | páginas=541–47 |pmid=9461554 | último2=Vissers | primeiro2=PM | último3=Das | primeiro3=D | último4=Degrip | primeiro4=WJ | último5=Bowmaker | primeiro5=JK | último6=Hunt | primeiro6=DM |pmc=1219171| número=Pt 1}}</ref> |
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Muitas aves exibem padrões de plumagem refletora ultravioleta que são invisíveis ao olho humano. Algumas aves cujos sexos aparentam ser iguais apresentam, na realidade, padrões diferenciados. Os machos do [[chapim-azul]], por exemplo, têm uma coroa refletora ultravioleta que é exposta durante a corte ao levantar as penas da nuca.<ref>{{Citar periódico |último=Andersson |primeiro=S.|coautor=J. Ornborg, M. Andersson | título=Ultraviolet sexual dimorphism and assortative mating in blue tits |jornal=[[:en:Proceedings of the Royal Society B|Proceedings of the Royal Society B]] |ano=1998 |volume=265 |número=1395 |páginas=445–50 |doi=10.1098/rspb.1998.0315}}</ref> A luz ultravioleta é também usada na procura de comida. Alguns [[Falcão|falcões]] procuram presas através da deteção dos rastos de urina dos [[roedor]]es, que refletem a luz ultravioleta.<ref>{{Citar periódico| último=Viitala | primeiro=Jussi | ano=1995 | jornal=Nature |volume=373 | número=6513 | páginas=425–27 | título=Attraction of kestrels to vole scent marks visible in ultraviolet light |doi=10.1038/373425a0 | último2=Korplmäki | primeiro2=Erkki | último3=Palokangas | primeiro3=Pälvl | último4=Koivula | primeiro4=Minna}}</ref> |
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As [[pálpebra]]s das aves não são usadas para pestanejar. Em vez disso, o olho é lubrificado por uma terceira pálpebra que se desloca horizontalmente, denominada [[membrana nictitante]].<ref>{{Citar periódico| último=Williams | primeiro=David L. | data=Março de 2003 | título=Symblepharon with aberrant protrusion of the nictitating membrane in the snowy owl (''Nyctea scandiaca'') | jornal=Veterinary Ophthalmology |volume=6 | número=1 | páginas=11–13 |doi=10.1046/j.1463-5224.2003.00250.x |pmid=12641836 | último2=Flach | primeiro2=E}}</ref> Esta membrana também cobre o olho e funciona como uma [[lente de contacto]] em muitas aves marinhas.<ref name = "Gill"/> A [[retina]] das aves tem um sistema irrigatório próprio denominado [[pécten ocular]].<ref name = "Gill"/> A maior parte das aves não consegue mover os olhos, embora haja exceções, como o [[corvo-marinho-de-faces-brancas]].<ref>{{Citar periódico| último=White | primeiro=Craig R. | data=Julho 2007 | título=Vision and Foraging in Cormorants: More like Herons than Hawks? | jornal=PLoS ONE |volume=2 | número=7 | páginas=e639 |doi=10.1371/journal.pone.0000639 |pmid=17653266 | último2=Day | primeiro2=N | último3=Butler | primeiro3=PJ | último4=Martin | primeiro4=GR |pmc=1919429 | último5=Bennett | primeiro5=Peter|editor1-last=Bennett|editor1-first=Peter}}</ref> As aves com olhos nas partes laterais da cabeça têm um grande campo visual, enquanto que as aves com olhos na parte da frente da cabeça têm [[visão binocular]] e são capazes de estimar a [[profundidade de campo]].<ref>{{Citar periódico| último=Martin | primeiro=Graham R. | ano=1999 | título=Visual fields in Short-toed Eagles, ''Circaetus gallicus'' (Accipitridae), and the function of binocularity in birds | jornal=Brain, Behaviour and Evolution |volume=53 | número=2 | páginas=55–66 |doi=10.1159/000006582 |pmid= 9933782| último2=Katzir | primeiro2=G}}</ref> |
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O [[ouvido]] das aves não apresenta [[pavilhão auditivo]] externo, embora o orifício seja revestido por penas. Em algumas [[Strigiformes|aves de rapina]], como as [[Asio (gênero)|corujas, mochos]] ou [[Bubo|bufos]], estas penas formam tufos que se assemelham a orelhas. O [[ouvido interno]] apresenta uma [[cóclea]], mas não em espiral como nos mamíferos.<ref>{{Citar periódico| último=Saito | primeiro=Nozomu | ano=1978 | título=Physiology and anatomy of avian ear | jornal=The Journal of the Acoustical Society of America |volume=64 | número=S1 | páginas=S3 |doi=10.1121/1.2004193}}</ref> |
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===Defesa e combate=== |
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Algumas espécies são capazes de usar defesas químicas contra predadores. Alguns [[Procellariiformes]] projetam um [[óleo estomacal]] desagradável contra agressores,<ref>{{Citar periódico| último=Warham | primeiro=John | data=1 de maio de 1977| título=The incidence, function and ecological significance of petrel stomach oils | jornal=Proceedings of the New Zealand Ecological Society |volume=24 | páginas=84–93 |url=http://www.newzealandecology.org/nzje/free_issues/ProNZES24_84.pdf | formato=PDF | número=3}}</ref> enquanto algumas espécies de [[pitohui]]s da [[Nova Guiné]] têm a pele e penas revestidas por uma poderosa [[neurotoxina]].<ref>{{Citar periódico| último=Dumbacher | primeiro=J.P. | data=Outubro de 1992 | título=Homobatrachotoxin in the genus ''Pitohui'': chemical defense in birds? | jornal=Science |volume=258 | número=5083 | páginas=799–801 |doi=10.1126/science.1439786 |pmid=1439786 |coautor=Beehler, BM; Spande, TF; Garraffo, HM; Daly, JW}}</ref> |
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Ocasionalmente, os combates entre espécies resultam em ferimentos ou morte.<ref name=long>{{Citar periódico | último=Longrich | primeiro=N. R. | último2=Olson | primeiro2=S. L. | título=The bizarre wing of the Jamaican flightless ibis Xenicibis xympithecus: a unique vertebrate adaptation | jornal=Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences | data=5 de janeiro de 2011 |volume=278 | número=1716 | páginas=2333–2337 |doi=10.1098/rspb.2010.2117 |url=http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/278/1716/2333}}</ref> Os [[Anhimidae|anhimídeos]], algumas [[Jacanidae|jaçanãs]], o [[pato-ferrão]], o [[pato-das-torrentes]] e nove espécies de [[Vanellus|abibes]] apresentam um espigão afiado na asa que usam como arma. Os [[Tachyeres|patos-vapor]], os [[Anserinae|cisnes e gansos]], as pombas do ártico, os [[Crax|motum]] e os [[Burhinidae|alcaravões]] apresentam uma protuberância óssea na [[álula]] para esmurrar os oponentes.<ref name=long/> Algumas jaçanãs apresentam um [[Rádio (osso)|rádio]] expandido em forma de lâmina. O extinto [[Xenicibis xympithecus|ibis jamaicano]] apresentava um membro anterior alongado que provavelmente funcionava em combate de forma semelhante a um malho. Outras aves, como os [[Cisne-branco|cisnes]], são capazes de morder ao defender os ovos ou as crias.<ref name=long/> |
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===Cromossomas=== |
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As aves têm dois sexos: macho e fêmea. O sexo das aves é determinado pelos [[Sistema ZW de determinação do sexo|cromossomas Z e W]], em vez dos cromossomas X e Y presentes nos mamíferos. Os machos têm dois cromossomas Z (ZZ) e as fêmeas um cromossoma W e um Z (WZ).<ref name = "Gill"/> |
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===Penas, plumagem e escamas=== |
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{{AP|Pena|Penas de voo}} |
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[[File:African Scops owl.jpg|thumb|A plumagem do [[Mocho-de-orelhas-africano]] permite-lhe camuflar nos troncos das árvores.]] |
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[[File:Red feather pigments.jpg|thumb|As cores das penas são o resultado de diferentes pigmentos. <br/>'''Esquerda:''' [[turacina]] (vermelho) e [[turacoverdina]] (verde, com tons [[Iridescência|iridescentes]] de azul na extremidade inferior) numa asa de [[Tauraco bannermani|turaco-de-bannerman]].<br/>'''Direita:''' [[carotenoide]]s (vermelho) e [[melanina]]s (negro) nas asas de um ''[[tiê-sangue]]'']] |
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As [[pena]]s são uma característica única e proeminante das aves.{{Nota de rodapé|Embora também tenham estado presentes em [[Dinossauros emplumados|alguns dinossauros]], hoje em dia não são considerados verdadeiras Aves.}} As penas permitem às aves voar, fornecem isolamento que facilita a [[Termorregulação|regulação térmica]] e são usadas como forma de exibicionismo, [[camuflagem]] e comunicação.<ref name="Gill"/> Existem vários tipos de penas, cada um com finalidades específicas. As penas são desenvolvimentos [[Epiderme (pele)|epidérmicos]] ligados à pele e crescem apenas em regiões específicas da pele denominadas pterilas. O padrão de distribuição da implantação das penas em tratos denomina-se pterilose. Aptérios são zonas desprovidas de penas. A distribuição e aparência do conjunto das penas no corpo é denominado [[plumagem]] e é uma das principais características que permitem identificar a espécie de ave. A plumagem pode variar significativamente dentro da própria espécie de acordo com a idade, [[estatuto social]]<ref>{{Citar periódico| último=Belthoff | primeiro=James R. | data=1 de agosto de 1994| título=Plumage Variation, Plasma Steroids and Social Dominance in Male House Finches | jornal=The Condor |volume=96 | número=3 | páginas=614–25 |doi=10.2307/1369464 | autor2=Dufty, | autor3=Gauthreaux,}}</ref> e [[Dimorfismo sexual|sexo]].<ref>{{citar web |último=Guthrie| primeiro=R. Dale|título=How We Use and Show Our Social Organs |publicado=Body Hot Spots: The Anatomy of Human Social Organs and Behavior |url=http://employees.csbsju.edu/lmealey/hotspots/chapter03.htm |acessodata=19 de outubro de 2007| arquivourl = https://web.archive.org/web/20070621225459/http://employees.csbsju.edu/lmealey/hotspots/chapter03.htm |arquivodata = 21 de junho de 2007}}</ref> |
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A plumagem das aves [[Ecdise|muda regularmente]]. Geralmente a muda é anual, embora em algumas espécies se observem duas mudas, uma antes da época de reprodução e outra depois, podendo ocorrer variações entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie.<ref>{{Citar livro |último=Ginn |primeiro=HB |coautor=Melville, DS |ano=1983 |título=Moult in birds |editora=British Trusl for Ornilology, Tring Field Guide |páginas=16-21 |isbn=978-0903793025}}</ref> As maiores aves de rapina podem mudar de plumagem apenas uma vez em vários anos. As características da muda variam entre espécies. Em passariformes, as [[penas de voo]] são substituídas uma de cada vez, sendo as primárias da face inferior substituídas primeiro. Após a substituição da quinta ou sexta primária, começam a cair as terciárias exteriores, seguidas pelas secundárias e pelas outras penas. As grandes coberturas primárias são substituídas ao mesmo tempo das primárias que cobrem. Este processo denomina-se muda centrífuga.<ref name="pettingill">{{Citar livro |autor=Pettingill Jr. OS|ano=1970|título=Ornithology in Laboratory and Field|isbn=0-12-552455-2|editora=Burgess Publishing Co}}</ref> Por outro lado, um pequeno número de espécies, entre as quais os patos e os gansos, perdem todas as penas de voo de uma única vez, ficando temporariamente incapazes de voar.<!--curiosidade--><ref name="debeeretal">{{Citar livro |último=de Beer |primeiro=SJ |coautor=Lockwood GM, Raijmakers JHFS, Raijmakers JMH, Scott WA, Oschadleus HD, Underhill LG |ano=2001 |url=http://safring.adu.org.za/downloads/ringers-manual.pdf |título=SAFRING Bird Ringing Manual |coleção=ADU Guide |editora=Universidade da Cidade do Cabo}}</ref> |
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Regra geral, a muda das penas da cauda segue o mesmo padrão da das asas, do interior para o exterior.<ref name="pettingill"/> No entanto, nos ''[[Phasianidae]]'' verifica-se muda centrípeta (de fora para o centro),<ref>{{Citar periódico |último=Gargallo |primeiro=Gabriel |data=1 de junho de 1994|título=Flight Feather Moult in the Red-Necked Nightjar ''Caprimulgus ruficollis'' |jornal=Journal of Avian Biology |volume=25|número=2|páginas=119–24 |doi=10.2307/3677029 |jstor=3677029}}</ref> enquanto que na cauda dos [[pica-pau]]s e das [[Certhiidae|trepadeiras]] começa a muda começa no segundo par mais interior e acaba no par central de penas, de modo a que a ave possa continuar a trepar.<ref name="pettingill"/><ref>{{Citar periódico| último=Mayr | primeiro=Ernst | ano=1954| título=The tail molt of small owls | jornal=The Auk |volume=71 | número=2 | páginas=172–78 |url=http://www.webcitation.org/6GqJPCQPs | formato=PDF|doi=10.2307/4081571}}</ref> |
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Antes da [[nidificação]], as fêmeas de muitas espécies desenvolvem uma [[placa de incubação]], perdendo penas no abdómen. A pele desta região é bastante irrigada com vasos sanguíneos, o que ajuda a ave durante a [[Incubação (ovo)|Incubação]].<ref>{{Citar periódico| último=Turner | primeiro=J. Scott | ano=1997 | título=On the thermal capacity of a bird's egg warmed by a brood patch | jornal=Physiological Zoology |volume=70 | número=4 | páginas=470–80 |doi=10.1086/515854 |pmid=9237308 }}</ref> |
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As escamas das aves encontram-se principalmente nos dedos e no [[metatarso]], embora em algumas aves estejam presentes acima do tornozelo. À semelhança dos bicos, garras e espigões, são constituídas por [[queratina]]. A maior parte das escamas não se sobrepõe de forma significativa, exceto nos casos do [[guarda-rios]] e do [[pica-pau]]. Pensa-se que as escamas das aves sejam [[Homologia (biologia)|homólogas]] às dos répteis e dos mamíferos.<ref>{{Citar livro| último=Lucas | primeiro=Alfred M. | ano=1972 | título=Avian Anatomy—integument | local=East Lansing, Michigan, US | editora=USDA Avian Anatomy Project, Michigan State University | páginas=67, 344, 394–601}}</ref> |
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===Voo=== |
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{{AP|Voo das aves}} |
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[[File:Restless flycatcher04.jpg|thumb|Movimento descendente das asas de uma ''[[Myiagra inquieta]]'']] |
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A maior parte das aves tem a [[Voo das aves|capacidade de voar]], o que as distingue de praticamente todas as outras classes de vertebrados. O voo é a principal forma de deslocação para a maioria das espécies de aves e é usado para a reprodução, alimentação e fuga de predadores. As aves possuem diversas adaptações evolutivas que lhes permitem voar, entre as quais ossos pneumáticos e leves, dois grandes músculos de voo (os peitorais, que correspondem a 15% do peso da ave, e o supracoracoide) e um membro anterior modificado (a [[asa]]) que atua como [[aerofólio]].<ref name = "Gill"/> O tamanho e forma da asa geralmente determina o tipo de voo dessa espécie. Muitas aves alternam entre o voo impulsionado pelo bater de asas e o [[Voo à vela|voo planado]]. No entanto, cerca de 60 espécies vivas de aves são incapazes de voar, assim como muitas das aves extintas.<ref>{{Citar livro| último=Roots | primeiro=Clive | ano=2006 | título=Flightless Birds | local=Westport | editora=Greenwood Press |isbn=978-0-313-33545-7| páginas=}}</ref> A incapacidade de voo ocorre muitas vezes em ilhas isoladas, provavelmente devido aos recursos limitados e à ausência de predadores terrestres..<ref>{{Citar periódico| último=McNab | primeiro=Brian K. | data=Outubro de 1994 | título=Energy Conservation and the Evolution of Flightlessness in Birds | jornal=The American Naturalist |volume=144 | número=4 | páginas=628–42 |doi=10.1086/285697 |jstor=2462941}}</ref> Embora incapazes de voar ou de percorrer grandes distâncias, algumas aves usam a mesma musculatura e movimentos para nadar na água, como é o caso dos [[Pinguim|pinguins]], [[Alcidae|tordas]] ou os [[Melro-d'água|melros-d'água]].<ref>{{Citar periódico| último=Kovacs | primeiro=Christopher E. | ano=2000 | título=Anatomy and histochemistry of flight muscles in a wing-propelled diving bird, the Atlantic Puffin, ''Fratercula arctica'' | jornal=Journal of Morphology |volume=244 | número=2 | páginas=109–25|doi=10.1002/(SICI)1097-4687(200005)244:2<109::AID-JMOR2>3.0.CO;2-0 |pmid=10761049 |coautor=Meyers, RA}}</ref> |
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==Comportamento== |
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A maior parte das aves é [[Diurnalidade|diurna]], embora algumas aves sejam [[Noctívago|noctívagas]] ou [[crepuscular]]es, como as corujas, e muitas [[Ave limícola|aves limícolas]] se alimentem de acordo com as [[maré]]s, seja de dia ou de noite.<ref>{{Citar periódico| último=Robert | primeiro=Michel | data=Janeiro de 1989 | título=Conditions and significance of night feeding in shorebirds and other water birds in a tropical lagoon | jornal=The Auk |volume=106 | número=1 | páginas=94–101 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v106n01/p0094-p0101.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOb0Xq | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF|doi=10.2307/4087761|coautor=McNeil, Raymond; Leduc, Alain}}</ref> |
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===Alimentação=== |
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[[File:Birds1.jpg|thumb|upright|right|Adaptação do bico a diversas formas de alimentação.]] |
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As dietas das aves são bastante variadas, podendo incluir [[néctar]], [[fruta]], [[planta]]s, [[semente]]s, [[Carniça|carcaças]] e vários animais de menor dimensão, incluindo outras aves.<ref name = "Gill"/> Uma vez que as aves não têm dentes, o seu [[sistema digestivo]] encontra-se adaptado de modo a processar alimentos engolidos inteiros sem [[Mastigação|mastigar]]. As aves que usam várias estratégias para adquirir comida ou se alimentam de vários alimentos são denominadas generalistas. As que dedicam tempo e esforço na procura de alimentos específicos são denominadas especialistas.<ref name = "Gill"/> As estratégias de alimentação variam de espécie para espécie. Muitas aves simplesmente recolhem insetos, invertebrados, fruta ou sementes. Algumas caçam, surpreendendo insetos com ataques súbitos a partir de ramos de árvores.<ref name="lwa001"/> |
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As aves que se alimentam do néctar das flores, como os [[beija-flor]]es, apresentam línguas longas e especialmente adaptadas para a recolha do néctar e, em muitos casos, os próprios bicos foram-se adaptando de forma a encaixar em determinadas flores – fenómeno denominado [[coevolução]].<ref>{{Citar periódico| último=Paton | primeiro=D. C. | data=1 Abril 1989| título=Bills and tongues of nectar-feeding birds: A review of morphology, function, and performance, with intercontinental comparisons | jornal=Australian Journal of Ecology |volume=14 | número=4 | páginas=473–506 |doi=10.1111/j.1442-9993.1989.tb01457.x | primeiro2=B. G. | último2=Collins }}</ref> Os [[Apteryx|quivís]] e as [[Ave limícola|aves limícolas]] têm bico longos que lhes permitem vasculhar o terreno à procura de pequenos invertebrados. Os diferentes comprimentos do bico e diferentes métodos de procura fazem com que as espécies limícolas se encontrem muitas vezes em [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]] distintos.<ref name = "Gill"/><ref>{{Citar periódico| último=Baker | primeiro=Myron Charles | data=1 de abril de 1973| título=Niche Relationships Among Six Species of Shorebirds on Their Wintering and Breeding Ranges | jornal=Ecological Monographs |volume=43 | número=2 | páginas=193–212 |doi=10.2307/1942194 |coautor=Baker, Ann Eileen Miller |jstor=1942194}}</ref> Algumas espécies, como as mobelhas, os [[zarro]]s, os pinguins ou as [[Alcidae|tordas]], perseguem a presa debaixo de água, usando as asas e as patas como meio de propulsão.<ref name = "Burger"/> Os predadores aéreos, como os [[sulídeos]], os [[guarda-rios]] ou as [[Sternidae|andorinhas-do-mar]] mergulham em queda livre atrás das presas. Os [[flamingo]]s, três espécies de priões e alguns patos são [[Animal filtrador|filtram os alimentos da água]].<ref>{{Citar periódico| último=Cherel | primeiro=Yves | ano=2002 | título=Food and feeding ecology of the sympatric thin-billed ''Pachyptila belcheri'' and Antarctic ''P. desolata'' prions at Iles Kerguelen, Southern Indian Ocean | jornal=Marine Ecology Progress Series |volume=228 | páginas=263–81 |doi=10.3354/meps228263 | coautor=Bocher, P; De Broyer, C; Hobson, KA}}</ref><ref>{{Citar periódico| último=Jenkin | primeiro=Penelope M. | ano=1957 | título=The Filter-Feeding and Food of Flamingoes (Phoenicopteri) | jornal=Philosophical Transactions of the Royal Society B |volume=240 | número=674 | páginas=401–93 |doi=10.1098/rstb.1957.0004 |jstor=92549}}</ref> |
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Algumas espécies, como as [[Fregata|fragatas]], [[Larídeos|gaivotas]],<ref>{{Citar periódico| último=Miyazaki | primeiro=Masamine | data=1 Julho 1996| título=Vegetation cover, kleptoparasitism by diurnal gulls and timing of arrival of nocturnal Rhinoceros Auklets | jornal=The Auk |volume=113 | número=3 | páginas=698–702 |doi=10.2307/3677021 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v113n03/p0698-p0702.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOds0W | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF | coautor=Kuroki, M; Niizuma, Y; Watanuki, Y. |jstor=3677021}}</ref> ou os [[Stercorariidae|moleiros]]<ref>{{Citar periódico| último=Bélisle | primeiro=Marc | data=1 de agosto de 1995| título=Predation and kleptoparasitism by migrating Parasitic Jaegers | jornal=The Condor |volume=97 | número=3 | páginas=771–781 |doi=10.2307/1369185 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v097n03/p0771-p0781.pdf| formato=PDF | autor2=Giroux}}</ref> praticam [[cleptoparasitismo]], roubando comida de outras aves. No entanto, pensa-se que o cleptoparasitismo seja apenas um complemento à comida obtida através da caça, e não a principal fonte de alimentação.<ref>{{Citar periódico| último=Vickery | primeiro=J. A. | data=1 de maio de 1994| título=The Kleptoparasitic Interactions between Great Frigatebirds and Masked Boobies on Henderson Island, South Pacific | jornal=The Condor |volume=96 | número=2 | páginas=331–40 |doi=10.2307/1369318 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v096n02/p0331-p0340.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOdmur | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF | coautor=Brooke, M. De L. |jstor=1369318}}</ref> Outras espécies são [[Necrófago|necrófagas]]. Entre estas, algumas, como os [[abutre]]s, são especializadas no consumo de [[carniça|carcaças]], enquanto outras, como as gaivotas, [[Corvidae|corvídeos]] ou determinadas aves de rapina, são oportunistas.<ref>{{Citar periódico| último=Hiraldo | primeiro=F.C. | ano=1991 | título=Unspecialized exploitation of small carcasses by birds | jornal=Bird Studies |volume=38 | número=3 | páginas=200–07 |doi=10.1080/00063659109477089 | Coautor=Blanco, J. C.; Bustamante, J.}}</ref> |
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===Consumo de água=== |
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Embora a maior parte das aves necessite de água, as características do seu [[#Sistema excretor|sistema excretor]] e a ausência de [[Glândula sudorípara|glândula sudoríparas]] diminuem a quantidade necessária.<ref>{{Citar livro| ano=2005|url=http://irs.ub.rug.nl/ppn/287916626|isbn=90-367-2378-7| último=Engel| primeiro=Sophia Barbara| título=Racing the wind: Water economy and energy expenditure in avian endurance flight| editora=University of Groningen}}</ref> Algumas aves do deserto conseguem satisfazer a necessidade de água exclusivamente a partir da água contida nos alimentos e são tolerantes ao aumento da temperatura corporal, o que lhes permite evitar dispender vapor de água em arrefecimento.<ref>{{Citar periódico| título=The role of hyperthermia in the water economy of desert birds| jornal= Physiol. Biochem. Zool.|volume=72| ano=1999| páginas=87–100|doi=10.1086/316640|pmid=9882607| último=Tieleman| primeiro=B.I.| último2=Williams| primeiro2=JB| número=1}}</ref> As aves marinhas estão adaptadas para beber água salgada do mar, possuindo [[glândula de sal|glândulas de sal]] na cabeça que eliminam o excesso de sal através das [[narina]]s.<ref>{{Citar periódico| título=The Salt-Secreting Gland of Marine Birds| último=Schmidt-Nielsen| primeiro=Knut| jornal=Circulation| data=1 de maio de 1960|volume=21| páginas=955–967| número=5|doi=10.1161/01.CIR.21.5.955}}</ref> |
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A maior parte das aves recolhe a água no bico e inclina a cabeça de modo a permitir que a água escorra pela garganta. No entanto, algumas espécies, principalmente de regiões áridas, conseguem beber água sem necessidade de inclinar a cabeça, como é o caso das famílias dos [[Columbidae|pombos]], [[Estrildidae|estrilídeos]], [[coliiformes]], [[Turnicidae|toirões]] e [[abetarda]]s.<ref>{{Citar periódico| primeiro=Sara L.| último=Hallager| título=Drinking methods in two species of bustards| jornal=Wilson Bull.|volume=106| número=4| ano=1994| páginas=763–764}}</ref> Algumas aves do deserto dependem da presença de fontes de água, como os [[Cortiçol|cortiçois]], que se agregam à volta de poços de água durante o dia.<ref>{{Citar periódico| título=Water Transport by Sandgrouse| primeiro=Gordon L.| último= MacLean| jornal=BioScience|volume=33| número= 6| data=1 de junho de 1983| páginas=365–369|doi=10.2307/1309104|jstor=1309104}}</ref> Algumas espécies levam água às crias humedecendo as penas, enquanto outras a transportam no [[papo]] ou a regurgitam juntamente com a comida. As famílias dos pombos, dos flamingos e dos pinguins produzem para as crias um líquido nutritivo denominado [[leite de papo]].<ref>{{Citar periódico| autor=Eraud C| coautor=Dorie A, Jacquet A, Faivre B | ano=2008| título= The crop milk: a potential new route for carotenoid-mediated parental effects| jornal= Journal of Avian Biology| volume=39| páginas= 247–251| doi= 10.1111/j.0908-8857.2008.04053.x| número=2}}</ref> |
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===Cuidados com as penas=== |
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[[File:Red Lory (Eos bornea)-6.jpg|alt=|thumb|[[Papagaio-escarlate]] durante o alisamento e limpeza das penas.]] |
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As penas exigem manutenção constante. Para além do desgaste físico, as penas são atacadas por [[fungo]]s, parasitas e piolhos.<ref>{{Citar periódico| título=The alterations of plumage of parasitic origin| primeiro=Principato | último=Mario| coautor=Lisi Federica, Moretta Iolanda, Samra Nada, Puccetti Francesco | jornal=Italian Journal of Animal Science |url=http://ijas.pagepress.org/index.php/ijas/article/download/ijas.2005.296/610|volume=4| páginas=296–299| ano=2005}}</ref> As aves conservam as penas com a limpeza, aplicação de secreções protetoras e banhos de água ou pó. Enquanto algumas aves apenas se banham em água rasa, como bebedouros ou fontes, outras mergulham em águas profundas e e algumas espécies arbustivas aproveitam a água da chuva que se acumula nas folhas. As aves de regiões áridas usam o solo para tomar banhos de poeira. Algumas espécies encorajam [[formiga]]s a percorrer as penas, reduzindo o número de ectoparasitas. Muitas espécies abrem frequentemente as asas expondo-as à luz direta do sol, o que diminui o número de parasitas e previne o aparecimento de [[fungo]]s.Algumas aves esfregam as formigas nas penas, o que faz com que libertem [[ácido fórmico]] que mata alguns [[parasita]]s.<ref>{{Citar periódico| último=Ehrlich | primeiro=Paul R. | ano=1986 | título=The Adaptive Significance of Anting | jornal=The Auk |volume=103 | número=4 | páginas=835 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v103n04/p0835-p0835.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOcicg | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF}}</ref><ref>{{Citar periódico| jornal=The Auk |volume=121| número=4| páginas=1262–1268| ano=2004| doi=10.1642/0004-8038(2004)121[1262:BAFAOA]2.0.CO;2| título=Bactericidal and fungicidal activity of ant chemicals on feather parasites: an evaluation of anting behavior as a method of self-medication in songbirds| primeiro=Hannah C. | último=Revis| primeiro2=Deborah A. | último2=Waller}}</ref><ref>{{Citar periódico| jornal=The Open Ornithology Journal| ano=2010| volume=3| páginas=41–71|doi=10.2174/1874453201003010041 | título=How Birds Combat Ectoparasites| primeiro=Dale H.| último=Clayton| primeiro2= Jennifer A. H.| último2=Koop| primeiro3=Christopher W.| último3=Harbison| primeiro4=Brett R. | último4=Moyer| primeiro5=Sarah E. | último5=Bush|url=http://darwin.biology.utah.edu/PubsHTML/PDF-Files/Bush24.pdf}}</ref> |
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As aves limpam, alisam e tratam das penas todos os dias, despendendo neste processo cerca de 9% das horas de atividade.<ref>{{Citar periódico| último=Walther | primeiro=Bruno A. | ano=2005 | título=Elaborate ornaments are costly to maintain: evidence for high maintenance handicaps | jornal=Behavioural Ecology |volume=16 | número=1 | páginas=89–95 |doi=10.1093/beheco/arh135}}</ref> O bico é usado para escovar partículas estranhas e para aplicar secreções de uma substância oleosa produzida pela [[glândula uropigial]] que mantém as penas flexíveis e atua como agente [[antimicrobiótico]] que impede o crescimento de [[bactéria]]s que degradam as penas.<ref>{{Citar periódico| último=Shawkey | primeiro=Matthew D. | ano=2003 | título=Chemical warfare? Effects of uropygial oil on feather-degrading bacteria | jornal=[[:en:Journal of Avian Biology| jornal of Avian Biology]] |volume=34 | número=4 | páginas=345–49 |doi=10.1111/j.0908-8857.2003.03193.x | último2=Pillai | primeiro2=Shreekumar R. | último3=Hill | primeiro3=Geoffrey E.}}</ref> |
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===Migração=== |
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{{AP|Migração de aves}} |
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Muitas espécies de aves migram de forma a tirar partido das diferenças [[Estação do ano|sazonais]] de temperatura que influenciam a disponibilidade de fontes alimentares e dos habitats de reprodução. Estas migrações variam significativamente entre diferentes grupos. Muitas aves terrestres, aves limícolas e aves marinhas realizam migrações anuais ao longo de grandes distâncias, geralmente iniciadas com a mudança do tempo ou da quantidade das horas de luz. Estas aves geralmente alternam entre uma época de reprodução passada nas regiões de [[clima temperado]] ou [[Região polar|polar]] e outra época não reprodutiva passada em regiões [[Trópico|tropicais]] ou no [[Hemisfério (geografia)|hemisfério]] oposto. Antes da migração, as aves aumentam substancialmente as reservas de gordura corporal e diminuem o tamanho de alguns dos seus órgãos.<ref name = "Battley"/><ref name = "Klaassen">{{Citar periódico| último=Klaassen | primeiro=Marc | data=1 Janeiro 1996| título=Metabolic constraints on long-distance migration in birds | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=199 | número=1 | páginas=57–64 |pmid=9317335 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/199/1/57 }}</ref> A migração exige uma elevada quantidade de energia, sobretudo quando as aves atravessam desertos e oceanos sem se poder reabastecer. As aves terrestres têm um alcance de voo de cerca de {{nowrap|2500 km}} e as aves costeiras até {{nowrap|4000 km}},<ref name=autogenerated1>{{Citar livro| último=Gill | primeiro=Frank | ano=1995 | título=Ornithology | edição=2ª | local=Nova Iorque | editora=W.H. Freeman |isbn=0-7167-2415-4| páginas=}}</ref> embora o [[fuselo]] seja capaz de voar {{nowrap|{{formatnum:10200}} km}} sem paragens.<ref>{{Citar web| título=Long-distance Godwit sets new record |url=http://www.birdlife.org/news/news/2007/04/bar-tailed_godwit_journey.html | data=4 de maio de 2007 | publicado=[[:en:BirdLife International|BirdLife International]] | acessodata=13 de dezembro de 2007}}</ref> Algumas [[Ave marinha|aves marinhas]] realizam também grandes migrações, a mais longa das quais é realizada pela [[pardela-preta]], que nidifica na [[Nova Zelândia]] e no [[Chile]] e durante o verão se alimenta no [[Pacífico]] norte ao largo do [[Japão]], do [[Alasca]] e da [[Califórnia]], viajando por ano {{nowrap|{{formatnum:64000}} km}}.<ref>{{Citar periódico| último=Shaffer | primeiro=Scott A. | ano=2006 | título=Migratory shearwaters integrate oceanic resources across the Pacific Ocean in an endless summer | jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America |volume=103 | número=34 | páginas=12799–802 |doi=10.1073/pnas.0603715103 |pmid= 16908846 | coautor=Tremblay, Y; Weimerskirch, H; Scott, D; Thompson, DR; Sagar, PM; Moller, H; Taylor, GA; Foley, DG |pmc=1568927 }}</ref> Outras aves marinhas dispersam-se após a reprodução, viajando significativamente sem uma rota de migração fixa. Por exemplo, os [[albatroz]]es que nidificam no [[Oceano Antártico|Oceano Austral]] realizam viagens circumpolares entre as épocas de acasalamento.<ref>{{Citar periódico| último=Croxall | primeiro=John P. | ano=2005 | título=Global Circumnavigations: Tracking year-round ranges of nonbreeding Albatrosses | jornal=Science |volume=307 | número=5707 | páginas=249–50 |doi=10.1126/science.1106042 |pmid=15653503 | coautor=Silk, JR; Phillips, RA; Afanasyev, V; Briggs, DR}}</ref> |
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[[File:Bar-tailed Godwit migration.jpg|thumb|Rotas de [[Migração das aves|migração]] dos [[fuselo]]s a partir da [[Nova Zelândia]]. Esta espécie realiza a mais longa rota de migração sem paragens que se conhece, voando cerca de {{formatnum:10200}} km.]] |
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Outras espécies realizam migrações mais curtas, viajando apenas o que for necessário para evitar o mau tempo ou obter comida. As espécies irruptivas, como os [[Fringillidae|fringilídeos]] boreais, são um desses grupos, sendo possível que num ano permaneçam em determinado local e no seguinte não. Este tipo de migração está normalmente associado à disponibilidade de comida.<ref>{{Citar periódico| último=Wilson | primeiro=W. Herbert, Jr. | ano=1999 | título=Bird feeding and irruptions of northern finches:are migrations short stopped? | jornal=North America Bird Bander |volume=24 | número=4| páginas=113–21 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/nabb/v024n04/p0113-p0121.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOeqSD | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF}}</ref> Algumas espécies podem também viajar apenas dentro da sua área de distribuição, neste caso migrando os indivíduos de maiores latitudes para os locais da sua espécie a menores latitudes. Outras ainda realizam apenas migrações parciais, em que migra apenas uma parte da população, geralmente as fêmeas e os machos subdominantes.<ref>{{Citar periódico| último=Nilsson | primeiro=Anna L. K. | ano=2006 | título=Do partial and regular migrants differ in their responses to weather? | jornal=The Auk |volume=123 | número=2 | páginas=537–47 |doi=10.1642/0004-8038(2006)123[537:DPARMD]2.0.CO;2 | último2=Alerstam | primeiro2=Thomas | último3=Nilsson | primeiro3=Jan-Åke}}</ref> Em algumas regiões, as migrações parciais podem representar uma parte significativa dos movimentos migratórios. Na Austrália, por exemplo, 44% dos não passeiriformes e 32% dos passeiriformes realizam apenas migrações parciais.<ref>{{Citar periódico| último=Chan | primeiro=Ken | ano=2001 | título=Partial migration in Australian landbirds: a review | jornal=[[Emu (journal)|Emu]] |volume=101 | número=4 | páginas=281–92 |doi=10.1071/MU00034}}</ref> A [[migração altitudinal]] é uma forma de migração de curta distância em que as aves passam a época de reprodução nas altitudes mais elevadas e em condições menos favoráveus migram para zonas mais baixas. Este tipo de migração é desencadeado por alterações na temperatura e quando o [[Território (animal)|território]] normal se torna inóspito devido à falta de comida.<ref>{{Citar periódico| último=Rabenold | primeiro=Kerry N. | ano=1985 | título=Variation in Altitudinal Migration, Winter Segregation, and Site Tenacity in two subspecies of Dark-eyed Juncos in the southern Appalachians | jornal=The Auk|volume=102 | número=4 | páginas=805–19 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/auk/v102n04/p0805-p0819.pdf| formato=PDF}}</ref> Outras espécies são nómadas, não tendo um território definido e deslocando-se de acordo com o tempo e a disponibilidade de comida.<ref>{{Citar livro| último=Collar | primeiro=Nigel J. | ano=1997| capítulo=Family Psittacidae (Parrots)| título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]], Volume 4: Sandgrouse to Cuckoos |editor=Josep del Hoyo, Andrew Elliott, Jordi Sargatal | local=Barcelona | editora=Lynx Edicions |isbn=84-87334-22-9| páginas=}}</ref> |
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As aves têm a capacidade de regressar exatamente à mesma localização de onde partiram, mesmo após percorrem grandes distâncias.<ref>{{Citar periódico| último=Matthews | primeiro=G. V. T. | data=1 setembro 1953| título=Navigation in the Manx Shearwater | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=30 | número=2 | páginas=370–96 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/30/3/370 }}</ref> Durante a migração, as aves navegam através de diversos métodos. Os migrantes diurnos orientam-se pelo [[Sol]] durante o dia e pelas [[estrela]]s durante a noite. As que usam o sol compensam a deslocação do astro usando um [[Cronobiologia|relógio interno]],<ref name = "Gill"/> enquanto que a orientação pelas estrelas depende da posição das [[Constelação|constelações]] que circundam a [[Polaris|estrela polar]].<ref>{{Citar periódico| último=Mouritsen | primeiro=Henrik | data=15 de novembro de 2001| título=Migrating songbirds tested in computer-controlled Emlen funnels use stellar cues for a time-independent compass | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=204 | número=8 | páginas=3855–65 |pmid= 11807103 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/204/22/3855 }}</ref> Para além disto, algumas espécias têm a capacidade de sentir o [[geomagnetismo]] terrestre através de [[fotorrecetor]]es especiais.<ref>{{Citar periódico| último=Deutschlander | primeiro=Mark E. | data=15 de abril de 1999| título=The case for light-dependent magnetic orientation in animals | jornal=Journal of Experimental Biology |volume=202 | número=8 | páginas=891–908 |pmid= 10085262 |url=http://jeb.biologists.org/cgi/reprint/202/8/891}}</ref> |
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===Comunicação=== |
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{{VT|Vocalização das aves}} |
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[[File:Stavenn Eurypiga helias 00.jpg|thumb|A plumagem do [[Eurypyga helias|pavão-do-pará]] imita um grande predador.]] |
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{{Escute|arquivo=Troglodytes aedon - House Wren - XC79974.ogg| título=Canto da curruíra |descrição=<small>A [[curruíra]] é um pássaro comum na América do Norte</small>|posição=direita}} |
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As aves [[Comunicação animal|comunicam]] principalmente através de sinais visuais e auditivos. Muitas espécies usam a plumagem para procurar ou reafirmar o estauto social,<ref>{{Citar periódico| último=Möller | primeiro=Anders Pape | ano=1988 | título=Badge size in the house sparrow ''Passer domesticus''| jornal=[[:en:Behavioral Ecology and Sociobiology|Behavioral Ecology and Sociobiology]] |volume=22 | número=5 | páginas=373–78|doi=10.1007/BF00295107}}</ref> para mostrar que se encontram na época de acasalamento ou para enviar sinais intimidatórios, como a imitação por parte do [[Eurypyga helias|pavão-do-pará]] de um grande predador, que é capaz de afugentar falcões e proteger as crias.<ref>{{Citar periódico| último=Thomas | primeiro=Betsy Trent | data=1 de agosto de 1990| título=Nesting Behavior of Sunbitterns (''Eurypyga helias'') in Venezuela | jornal=The Condor |volume=92 | número=3 | páginas=576–81 |doi=10.2307/1368675 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v092n03/p0576-p0581.pdf | arquivourl=http://www.webcitation.org/6GqJOfkKk | arquivodata=2013-05-24| formato=PDF | autor2=Strahl}}</ref> As variações na plumagem também permitem identificar as aves e diferenciar espécies. Os rituais de exibição fazem também parte da comunicação visual entre as aves, podendo ser usados para demonstrar agressão, submissão ou como forma de criar laços entre indivíduos.<ref name = "Gill"/> Os rituais mais sofisticados ocorrem durante o [[cortejo sexual]] e são acompanhados por danças de movimentos complexos.<ref>{{Citar periódico| último=Pickering | primeiro=S. P. C. | ano=2001 | título=Courtship behaviour of the Wandering Albatross ''Diomedea exulans'' at Bird Island, South Georgia | jornal=Marine Ornithology |volume=29 | número=1 | páginas=29–37 |url=http://www.marineornithology.org/PDF/29_1/29_1_6.pdf| formato=PDF}}</ref> O êxito do macho em acasalar pode depender da qualidade destes rituais.<ref>{{Citar periódico| último=Pruett-Jones | primeiro=S. G. | data=1 de maio de 1990| título=Sexual Selection Through Female Choice in Lawes' Parotia, A Lek-Mating Bird of Paradise | jornal=[[:en:Evolution (journal)|Evolution]] |volume=44 | número=3 | páginas=486–501 |doi=10.2307/2409431 | coautor=Pruett-Jones}}</ref> |
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Os [[Vocalização das aves|cantos e chamamentos]] são o principal meio de comunicação sonoro das aves e podem ser bastante complexos. Os sons são produzidos na [[siringe]]. Algumas espécies conseguem usar os dois lados da siringe de forma indepedente, o que lhes permite produzir dois sons diferentes em simultâneo.<ref name = "Suthers"/> Os chamamentos são usados para as mais diversas finalidades, entre as quais a atração do macho,<ref name = "Gill"/> avaliação de potenciais parceiros,<ref>{{Citar periódico|doi=10.1080/08927014.1994.9522988 | último=Genevois | primeiro=F. | ano=1994| último2=Bretagnolle| primeiro2=V. | título=Male Blue Petrels reveal their body mass when calling | jornal=Ethology Ecology and Evolution |volume=6 | número=3 | páginas=377–83 |url=http://ejour-fup.unifi.it/index.php/eee/article/view/667/613}}</ref> criação de laços afetivos, reivindicação e manutenção territorial,<ref name = "Gill"/> identificação de outros indivíduos (como quando os progenitores procuram as crias nas colónias ou quando os parceiros se reúnem no início da época de reprodução),<ref>{{Citar periódico| último=Jouventin | primeiro=Pierre | data=Junho de 1999 | título=Finding a parent in a king penguin colony: the acoustic system of individual recognition | jornal=Animal Behaviour |volume=57 | número=6 | páginas=1175–83 |doi=10.1006/anbe.1999.1086 |pmid=10373249 | coautor=Aubin, T; Lengagne, T}}</ref> e aviso às outras aves de potenciais predadores, por vezes com informação específica sobre a natureza da ameaça.<ref>{{Citar periódico| último=Templeton | primeiro=Christopher N. | ano=2005 | título=Allometry of Alarm Calls: Black-Capped Chickadees Encode Information About Predator Size | jornal=Science |volume=308 | número=5730 | páginas=1934–37 |doi=10.1126/science.1108841 |pmid=15976305 | coautor=Greene, E; Davis, K}}</ref> Algumas espécies também usam sons mecânicos para comunciar. As narcejas neo-zelandesas produzem sons fazendo o ar circular por entre as penas,<ref name = "Miskelly">{{Citar periódico| último=Miskelly | primeiro=C. M. | data=Julho de 1987 | título=The identity of the hakawai | jornal=Notornis |volume=34 | número=2 | páginas=95–116}}</ref> os pica-paus tamboreiam de forma territorial,<ref name = "Attenborough"/> e as [[Probosciger aterrimus|cacatuas-das-palmeiras]] usam instrumentos de percussão.<ref>{{Citar periódico| último=Murphy | primeiro=Stephen | ano=2003 | título=The breeding biology of palm cockatoos (''Probosciger aterrimus''): a case of a slow life history | jornal=[[:en:Journal of Zoology|Journal of Zoology]] |volume=261 | número=4 | páginas=327–39 |doi=10.1017/S0952836903004175 | coautor=Legge, Sarah; Heinsohn, Robert}}</ref> |
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===Comportamento de grupo=== |
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[[File:Red-billed quelea flocking at waterhole.jpg|thumb|As [[Quelea quelea|queleas-de-bico-vermelho]] são a espécie de ave mais comum no mundo<ref name = "flycatcher">{{Citar livro| último=Sekercioglu | primeiro=Cagan Hakki | ano=2006 | capítulo=Foreword | título=[[:en:Handbook of the Birds of the World|Handbook of the Birds of the World]] |volume=11: Old World Flycatchers to Old World Warblers|editor=Josep del Hoyo, Andrew Elliott and David Christie | local=Barcelona | editora=Lynx Edicions |isbn=84-96553-06-X| páginas=48}}</ref> e formam bandos que chegam às dezenas de milhar de indivíduos.]] |
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Enquanto algumas aves são essencialmente territoriais ou vivem em pequenos grupos familiares, outras aves formam <!-- criar artigo-->[[bando]]s de grande dimensão. Os principais benefícios dos bandos são a segurança pelo número e a maior eficácia na procura de comida.<ref name = "Gill"/> A defesa contra eventuais predadores é especialmente relevante em habitats fechados, como nas [[floresta]]s, em que é a [[Predador de emboscada|predação por emboscada]] é comum e um grupo grande aumenta a vigilância. Existem também bandos dedicados à procura de comida que juntam várias espécies que, embora ofereçam segurança, também aumentam a competição pelos recursos.<ref>{{Citar periódico| último=Terborgh | primeiro=John | ano=2005 | título=Mixed flocks and polyspecific associations: Costs and benefits of mixed groups to birds and monkeys | jornal=American Journal of Primatology |volume=21 | número=2| páginas=87–100 |doi=10.1002/ajp.1350210203}}</ref> |
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No entanto, o agrupamento em bando também potencia o assédio, a dominância de algumas aves em relação a outras e, em alguns casos, uma diminuição na eficácia da procura por comida.<ref>{{Citar periódico| último=Hutto | primeiro=Richard L. | data=Janeiro de 1988| título=Foraging Behavior Patterns Suggest a Possible Cost Associated with Participation in Mixed-Species Bird Flocks | jornal=[[:en:Oikos (journal)|Oikos]] |volume=51 | número=1 | páginas=79–83 |doi=10.2307/3565809 |jstor=3565809}}</ref> |
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As aves por vezes também formam associações com espécies não aviárias. Algumas aves marinhas que caçam por mergulho associam-se a [[golfinho]]s e [[Atum|atuns]] que empurram os cardumes de peixe em direção à superfície.<ref name = "AU">{{Citar periódico| último=Au | primeiro=David W. K. | data=1 de agosto de 1986| título=Seabird interactions with Dolphins and Tuna in the Eastern Tropical Pacific | jornal=The Condor |volume=88 | número=3 | páginas=304–17 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v088n03/p0304-p0317.pdf |doi=10.2307/1368877| formato=PDF}}</ref> Os [[calau]]s têm uma relação [[Mutualismo (biologia)|mutualista]] com os [[Helogale parvula|mangustos-anão]], na qual caçam em conjunto e avisam-se entre si em relação a [[aves de rapina]] e outros predadores.<ref>{{Citar periódico| último=Anne | primeiro=O. | data=Junho de 1983 | título=Dwarf mongoose and hornbill mutualism in the Taru desert, Kenya | jornal=Behavioral Ecology and Sociobiology |volume=12 | número=3 | páginas=181–90 |doi=10.1007/BF00290770 | coautor=Rasa, E.}}</ref> |
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===Repouso e empoleiramento=== |
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[[File:Caribbean Flamingo2 (Phoenicopterus ruber) (0424) - Relic38.jpg|thumb|Muitas aves, como este [[flamingo-americano]], repousam a cabeça nas costas ao dormir.]] |
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O elevado [[metabolismo]] das aves durante a parte ativa do dia é compensado pelo repouso no restante tempo. Ao dormir, as aves incorrem num tipo de sono denominado "sono de vigília", em que os períodos de descanso são intercalados com rápidas "espreitadelas" de olhos abertos, o que lhes permite aperceber de eventuais distúrbios e rapidamente escapar de ameaças.<ref>{{Citar periódico| último=Gauthier-Clerc | primeiro=Michael | ano=2000 | título=Sleep-Vigilance Trade-off in Gadwall during the Winter Period | jornal=The Condor |volume=102 | número=2 | páginas=307–13 |url=http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v102n02/p0307-p0313.pdf | arquivourl=https://web.archive.org/web/20041227194439/http://sora.unm.edu/sites/default/files/journals/condor/v102n02/p0307-p0313.pdf | arquivodata=27 de dezembro de 2004 |doi=10.1650/0010-5422(2000)102[0307:SVTOIG]2.0.CO;2| formato=PDF | coautor=Tamisier, Alain; Cézilly, Frank|jstor=1369642}}</ref> Tem sido sugerido que possa haver determinados tipos de sono que são possíveis até mesmo durante o voo.<ref>{{Citar periódico| último=Rattenborg| primeiro=Niels C. | ano=2006 | título=Do birds sleep in flight? | jornal=Die Naturwissenschaften |volume=93 | número=9 | páginas=413–25 |doi=10.1007/s00114-006-0120-3|pmid=16688436}}</ref> Por exemplo, acredita-se que os [[Andorinhão|andorinhões]] sejam capazes de dormir em pleno voo, e as observações de [[radar]] sugerem que se orientam na direção do vento durante o sono.<ref>{{Citar periódico| jornal=The Journal of Experimental Biology|volume=205| páginas=905–910| data=1 de abril de 2002| título=Harmonic oscillatory orientation relative to the wind in nocturnal roosting flights of the swift ''Apus apus''| primeiro=Johan| último=Bäckman|url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/205/7/905|pmid=11916987| número=7| autor2=A}}</ref> Algumas aves têm também demonstrado a capacidade de ter de forma alternada apenas um dos [[Hemisfério cerebral|hemisférios cerebrais]] em sono profundo, o que permite ao olho oposto ao hemisfério que está a dormir continuar vigilante. As aves tendem a exercer esta capacidade quando estão nas orlas dos bandos.<ref>{{Citar periódico| último=Milius | primeiro=S. | data=6 de fevereiro de 1999| título=Half-asleep birds choose which half dozes | jornal=Science News Online |volume=155 | número= 6| páginas=86 |doi=10.2307/4011301 |jstor=4011301 }}</ref> O [[empoleiramento comunitário]] é comum, uma vez que diminui a [[Termorregulação|perda de calor corporal]] e diminui os riscos associados com os predadores.<ref>{{Citar periódico| último=Beauchamp | primeiro=Guy | ano=1999 | título=The evolution of communal roosting in birds: origin and secondary losses | jornal=Behavioural Ecology |volume=10 | número=6 | páginas=675–87 |url=http://beheco.oxfordjournals.org/cgi/content/full/10/6/675 |doi=10.1093/beheco/10.6.675 }}</ref> Os locais de poleiro são geralmente escolhidos tendo em conta a segurança e regulação de calor.<ref>{{Citar periódico| último=Buttemer | primeiro=William A.| ano=1985 | título=Energy relations of winter roost-site utilization by American goldfinches (''Carduelis tristis'') | jornal=[[:Oecologia|Oecologia]] |volume=68 | número=1 | páginas=126–32 |url=http://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/2027.42/47760/1/442_2004_Article_BF00379484.pdf |doi=10.1007/BF00379484 | formato=PDF}}</ref> |
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Duranmte o sono, muitas aves dobram a cabeça e o pescoço sobre as costas e enfiam o bico nas penas do dorso, enquanto outras o fazem nas penas do peito. Muitas aves descansam apoiadas apenas numa perna, enquanto algumas puxam as pernas para baixo das penas, especialmente no inverno. Os [[pássaro]]s apresentam um mecanismo que bloqueia o [[tendão]] que os ajuda a manterem-se no poleiro enquanto dormem. Muitas aves que vivem junto ao solo, como as [[codorniz]]es e os [[Faisão|faisões]], empoleiram-se nas árvores. Alguns papagaios do género ''[[Loriculus]]'' empoleiram-se de cabeça para baixo.<ref>{{Citar periódico| último=Buckley | primeiro=F. G. | data=1 Janeiro 1968| título=Upside-down Resting by Young Green-Rumped Parrotlets (''Forpus passerinus'') | jornal=The Condor |volume=70 | número=1 | páginas=89 |doi=10.2307/1366517 }}</ref> Mais de uma centena de espécies, como o colibri ou [[Caprimulgidae|noitibó]], descansam num estado de [[torpor]] acompanhado de uma diminuição do metabolismo.<ref>{{Citar periódico| último=Carpenter | primeiro=F. Lynn | ano=1974 | título=Torpor in an Andean Hummingbird: Its Ecological Significance | jornal=Science |volume=183 | número=4124 | páginas=545–47 |doi=10.1126/science.183.4124.545 |pmid=17773043 }}</ref> Uma espécie, o [[noitibó-de-nuttall]], chega a entrar num estado de [[hibernação]].<ref>{{Citar periódico| último=McKechnie | primeiro=Andrew E. | ano=2007 | título=Torpor in an African caprimulgid, the freckled nightjar ''Caprimulgus tristigma'' | jornal=Journal of Avian Biology |volume=38 | número=3 | páginas=261–66 |doi=10.1111/j.2007.0908-8857.04116.x | coautor=Ashdown, Robert A. M.; Christian, Murray B.; Brigham, R. Mark}}</ref> |
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===Reprodução=== |
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{{VT|Sexualidade animal}} |
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====Acasalamento==== |
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{{VT|Cortejo sexual|seleção sexual}} |
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[[File:Raggiana Bird-of-Paradise wild 5.jpg|thumb|Tal como outros membros da sua família, os machos da [[Paradisaea raggiana|ave-do-paraíso-de-raggi]] apresenta uma plumagem de acasalemento exuberante com o intuito de impressionar as fêmeas.<ref>{{Citar periódico|doi=10.1071/MU9810193| último=Frith| primeiro=C.B| título=Displays of Count Raggi's Bird-of-Paradise ''Paradisaea raggiana'' and congeneric species| jornal=Emu|volume=81| número = 4| páginas=193–201| url=http://www.publish.csiro.au/paper/MU9810193.htm| ano=1981}}</ref>]] |
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As aves apresentam diversos comportamentos de [[Cópula (biologia)|acasalamento]], estando identificados muitos tipos de [[seleção sexual]] entre as aves. Na seleção intersexual é a fêmea que escolhe o parceiro, enquanto na competição intrasexual os indivíduos do sexo mais abundante competem entre si pelo privilégio de acasalar,<ref name="burton1985">{{Citar livro| último=Burton| primeiro=R| ano=1985| título=Bird Behavior| editora=Alfred A. Knopf, Inc|isbn=0-394-53957-5}}</ref> como é o caso dos [[falaropos]], em que os machos que escolhem as fêmeas de cor mais vibrante.<ref>{{Citar periódico| último=Schamel| primeiro=D| ano=2004| título=Mate guarding, copulation strategies and paternity in the sex-role reversed, socially polyandrous red-necked phalarope ''Phalaropus lobatus''| jornal=Behaviour Ecology and Sociobiology|volume=57| número=2| páginas=110–18|url=http://www.springerlink.com/index/8BE48GKGYF2Q40LT.pdf|doi=10.1007/s00265-004-0825-2| formato=PDF| coautor=Tracy, Diane M.; Lank, David B.; Westneat, David F.}}</ref> |
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Os ornamentos de seleção sexual muitas vezes evoluem para se tornar mais pronunciados em situações de competição, até ao ponto em que começam a limitar a agilidade do indivíduo. O elevado custo dos comportamentos e ornamentos sexuais exagerados assegura que apenas os indvíduos de melhor qualidade os conseguem apresentar.<ref name=doutrelant2012>{{Citar periódico| último=Doutrelant| primeiro=C| coautor=Grégoire, A; Midamegbe, A; Lambrechts, M; Perret, P; Female plumage coloration is sensitive to the cost of reproduction. An experiment in blue tits.| jornal=[[:en:Journal of Animal Ecology|Journal of Animal Ecology]]| data=Janeiro de 2012|volume=81| número=1| páginas=87–96|pmid=21819397|doi=10.1111/j.1365-2656.2011.01889.x}}</ref> A cauda do [[pavão]] é provavelmente o exemplo mais conhecido de um ornamento sexual em aves. Os [[Dimorfismo sexual|dimorfismos sexuais]], como a diferença de tamanho e de cor, são bastante comuns entre as aves e um indicador de forte competição reprodutiva.<ref name=edwards2012>{{Citar periódico| último=Edwards| primeiro=DB| título=Immune investment is explained by sexual selection and pace-of-life, but not longevity in parrots (Psittaciformes).| jornal=PLOS ONE| ano=2012|volume=7| número=12| páginas=e53066|pmid=23300862|doi=10.1371/journal.pone.0053066}}</ref> |
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O acasalamento de maior parte das espécie envolve alguma forma de [[Cortejo sexual|corte sexual]], geralmente por parte do macho.<ref>{{Citar livro| último=Short| primeiro=Lester L.| ano=1993| título=Birds of the World and their Behavior| editora=Henry Holt and Co| local=Nova Iorque |isbn=0-8050-1952-9}}</ref> A maior parte dos rituais de acasalamento são bastante simples e envolvem apenas algum tipo de [[Vocalização das aves|canto]]. No entanto, alguns são coreografias bastante complexas e, dependendo da espécie, podem incluir dança, bater de asas ou cauda, voos aéreos ou ''[[lek]]'' comunitário.<ref name="burton1985" /> Após a escolha do parceiro, muitas espécies fazem ofertas de objetos entre os parceiros ou juntam os bicos em sinal de afeto.<ref name = "Attenborough"/> |
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Noventa e cinco por cento das espécies de aves são socialmente [[Monogamia|monógamas]]. Os casais destas espécies estão juntos pelo menos durante uma época de reprodução ou, em alguns casos, durante vários anos ou até à morte de um dos parceiros.<ref>{{Citar periódico| último=Freed| primeiro=Leonard A.| ano=1987| título=The Long-Term Pair Bond of Tropical House Wrens: Advantage or Constraint?| jornal=[[The American Naturalist]]|volume=130| número=4| páginas=507–25|doi=10.1086/284728}}</ref> A monogamia permite que o pai também cuide das crias, o que é fundamental nas espécies em que as fêmeas necessitam da assistência dos machos durante a incubação.<ref>{{Citar periódico| último=Gowaty| primeiro=Patricia A.| título=Male Parental Care and Apparent Monogamy among Eastern Bluebirds (''Sialia sialis'')| jornal=[[:en:The American Naturalist|The American Naturalist]]|volume=121| número=2| páginas=149–60| ano=1983|doi=10.1086/284047}}</ref> No entanto, entre as muitas espécies monógamas a infidelidade é comum.<ref>{{Citar periódico| último=Westneat| primeiro=David F.| ano=2003| título=Extra-pair paternity in birds: Causes, correlates, and conflict|url=http://arjournals.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev.ecolsys.34.011802.132439 |doi=10.1146/annurev.ecolsys.34.011802.132439| jornal=[[:en:Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics|Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics]]|volume=34| páginas=365–96| coautor=Stewart, Ian R.K.}}</ref> Este comportamento verifica-se geralmente entre os machos dominantes e as fêmeas de machos subordinados, embora possa também ser o resultado de cópula forçada em [[pato]]s e outros [[Anatidae|anatídeos]].<ref>{{Citar periódico| último=Gowaty| primeiro=Patricia A.| ano=1998| título=Ultimate causation of aggressive and forced copulation in birds: Female resistance, the CODE hypothesis, and social monogamy| jornal=[[:en:American Zoologist|American Zoologist]]|volume=38| número=1| páginas=207–25|doi=10.1093/icb/38.1.207| coautor=Buschhaus, Nancy}}</ref> As fêmeas das aves têm mecanismos de armazenamento de [[esperma]] que permitem que o esperma do macho se mantenha viável durante bastante tempo depois da cópula, chegando a 100 dias em algumas espécies,<ref>{{Citar periódico| título=Sexual selection and the temporal separation of reproductive events: sperm storage data from reptiles, birds and mammals| último=Birkhead| primeiro=T.R.| coautor=Møller, P. |doi=10.1111/j.1095-8312.1993.tb00933.x | jornal=Biological Journal of the Linnean Society| ano=1993|volume=50| páginas=295–311}}</ref> e que haja [[Competição espermática|competição entre o esperma]] de vários machos. Para as fêmeas, entre os possíveis benefícios da cópula extra-par está a possibilidade de melhores [[gene]]s para a prole e garantia contra uma eventual [[infertilidade]] do parceiro.<ref>{{Citar periódico| último=Sheldon| primeiro=B| ano=1994| título=Male Phenotype, Fertility, and the Pursuit of Extra-Pair Copulations by Female Birds| jornal=[[Proceedings of the Royal Society B]]|volume=257| número=1348| páginas=25–30|doi=10.1098/rspb.1994.0089}}</ref> Os machos das espécies que praticam cópula extra-par vigiam de perto a companheira de modo a garantir a paternidade da prole que criam.<ref>{{Citar periódico| último=Wei| primeiro=G| ano=2005| título=Copulations and mate guarding of the Chinese Egret |doi=10.1675/1524-4695(2005)28[527:CAMGOT]2.0.CO;2| jornal=Waterbirds|volume=28| número=4| páginas=527–30| coautor=Zuo-Hua|, Yin; Fu-Min, Lei}}</ref> Nos restantes 5% de espécies verificam-se vários [[Sistema de acasalamento|sistemas de acasalamento]], incluindo [[poliginia]], [[poliandria]], [[poligamia]], [[poliginandria]] e [[promiscuidade]]. O acasalamento polígamo ocorre quando as fêmeas são capazes de criar a prole sem a ajuda dos machos.<ref name = "Gill"/> Foi também observado [[Homossexualidade no reino animal|comportamento homossexual]] em machos ou fêmeas de várias espécies de aves, incluindo cópula, formação de pares e nos cuidados com as crias.<ref>{{Citar livro |último=Bagemihl |primeiro=Bruce |título=Biological exuberance: Animal homosexuality and natural diversity |local=Nova Iorque |editora=St. Martin's |ano=1999 |páginas=479–655}}</ref> |
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====Territórios, nidificação e incubação==== |
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{{VT|Nidificação}} |
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[[File:Golden-backed Weaver.jpg|thumb|Os machos dos [[Ploceus jacksoni|Tecelões-de-dorso-dourado]] constroem ninhos suspensos a partir de erva.]] |
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Durante a época de reprodução, muitas aves defendem ativamente um território de outros indivíduos da mesma espécie, assegurando assim fontes de comida para as suas crias. As espécies que não são territoriais, como as [[aves marinhas]] ou os [[Andorinhão|andorinhões]], geralmente reproduzem-se em [[Colónia de aves marinhas|colónias]] que oferecem proteção contra predadores. As aves coloniais defendem apenas o ninho, embora a competição pelos melhores locais para construir o ninho possa ser intensa.<ref>{{Citar periódico | último = Kokko | primeiro = H | coautor = Harris, M; Wanless, S | ano = 2004 | título = Competition for breeding sites and site-dependent population regulation in a highly colonial seabird, the common guillemot ''Uria aalge'' | jornal = Journal of Animal Ecology | volume = 73 | número = 2| páginas = 367–76 | doi = 10.1111/j.0021-8790.2004.00813.x }}</ref> |
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Todas as aves põem [[Amniota|ovos amnióticos]] de casca dura, constituída principalmente por [[carbonato de cálcio]].<ref name = "Gill"/> As espécies que constrem o ninho enterrado ou em buracos tendem a por ovos brancos ou claros, enquanto as espécies de ninho aberto põem ovos [[Camuflagem|camuflados]]. No entanto, existem muitas exceções a este padrão; por exemplo, os [[Caprimulgidae|noitibós]], que colocam os ovos no chão, têm ovos claros e a camuflagem é oferecida pelas próprias penas. As espécies que são vítimas de [[parasitas de ninhada]] têm ovos de várias cores de modo a aumentar a probabilidade de detetar o ovo de um parasita, o que obriga as fêmeas parasitas a fazer corresponder os seus ovos com os dos seus hospedeiros.<ref>{{Citar periódico | último = Booker | primeiro = L | coautor = Booker, M | ano = 1991 | título = Why Are Cuckoos Host Specific? | jornal = [[:en:Oikos (journal)|Oikos]] | volume = 57 | número = 3| páginas = 301–09 | doi = 10.2307/3565958 | jstor=3565958}}</ref> |
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As aves geralmente põem os ovos num [[ninho]]. A maior parte das espécies constrói ninhos bastante elaborados, que podem ser em forma de chávena, de prato, em montículo ou dentro de uma toca.<ref name = "Hansell">{{Citar livro |último=Hansell |primeiro=M |ano=2000 |título=Bird Nests and Construction Behaviour |editora=University of Cambridge Press |isbn=ISBN 0-521-46038-7}}</ref> No entanto, alguns ninhos são extremamente primitivos. O ninho do [[albatroz]], por exemplo, pouco mais é do alguma terra e ramos secos no chão. A maior parte das aves constrói ninhos em locais abrigados ou escondidos para evitar predadores, embora as aves coloniais ou de grande dimensão, que têm maior capacidade de defesa, possam construir ninhos abertos. Para a construção do ninho, algumas espécies procuram plantas com determinadas toxinas que impedem a propagação de parasitas, de modo a aumentar a sobrevivência das crias,<ref>{{Citar periódico | último = Lafuma | primeiro = L | coautor = Lambrechts, M; Raymond, M | ano = 2001 | título = Aromatic plants in bird nests as a protection against Hematophagy|blood-sucking flying insects? | journal = Behavioural Processes | volume = 56 | número = 2| páginas = 113–20 | doi = 10.1016/S0376-6357(01)00191-7 }}</ref> e penas, que pferecem isolamento térmico.<ref name = "Hansell"/> Algumas espécies não fazem ninho; por exemplo, o [[airo]] põe os ovos na rocha nua e os [[Pinguim-imperador|pinguins-imperador]] mantêm os ovos entre o corpo e as patas.<ref>{{Citar livro |último=Williams |primeiro=Tony D. |ano=1995 |título=The Penguins |local=Oxford |editora=Oxford University Press |isbn=0-19-854667-X |página=157}}</ref> |
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[[File:Eastern Phoebe-nest-Brown-headed-Cowbird-egg.jpg|thumb|Ninho de um [[Sayornis phoebe|piuí]] ocupado por um ovo de [[Chopim|chopim-mulato]], um [[parasita de ninhada]].]] |
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A [[Incubação (ovo)|incubação]] dos ovos tem início após a postura do último ovo e tem como finalidade normalizar a temperatura de desenvolvimento da cria.<ref name = "Gill"/> Em espécies monogâmicas a tarefa de incubação é geralmente partilhada entre o casal, enquanto que nas espécies polígamas só um dos progenitores é que é responsável pela incubação. O calor dos progenitores passa para o ovo através de [[placa de incubação|placas de incubação]] – áreas de pele no abdómen ou peito das aves ricas em vasos sanguíneos. A incubação pode ser um processo exigente em termos energéticos; por exemplo, um albatroz adulto chega a perder 83 g de peso por dia durante a incubação.<ref name="wartham">{{Citar livro |último=Warham |primeiro=J. |ano=1990 |título=The Petrels: Their Ecology and Breeding Systems |locla=Londres |editora=Academic Press |isbn=0-12-735420-4}}</ref> No entanto, os [[Megapodiidae|megápodes]] aquecem os ovos com energia do sol, da decomposição orgânica ou aproveitando a [[energia geotérmica]].<ref>{{Citar livro |último=Jones |primeiro=DN |coautor=Dekker, René WRJ, Roselaar, Cees S |ano=1995 |título=The Megapodes |coleção=Bird Families of the World |volume=3 |editora=Oxford University Press |local=Oxford |isbn=ISBN 0-19-854651-3}}</ref> Os períodos de incubação variam entre os 10 dias (nos [[pica-pau]]s, [[Cuculidae|cucos]] e [[passeriformes]]) e os 80 dias (em albatrozes e quivís).<ref name = "Gill"/> |
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====Cuidados parentais e crias==== |
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[[File:Ficedula hypoleuca-chicks2.jpg|thumb|Crias [[Altricial|altriciais]] de [[Ficedula hypoleuca|papa-moscas-preto]].]] |
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[[File:Calliope-nest edit.jpg|thumb|Fêmea de [[Selasphorus calliope|colibri calíope]] a alimentar as crias, já plenamente desenvolvidas.]] |
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No momento da [[eclosão]] dos ovos, dependendo da espécie, as crias apresentam vários estádios de desenvolvimento, desde completamente indefesas até perfeitamente independentes. As crias indefesas são denominadas [[Altricial|altriciais]] e tendem a nascer pequenas, [[Cegueira|cegas]], imóveis e ainda sem penas. As crias que nascem já com autonomia, mobilidade e penas são denominadas [[Precocial|precociais]] ou nidífugas. As crias altriciais necessitam de ajuda para regular a temperatura do corpo e são cuidadas durante mais tempo do que as precociais. |
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As crias que não se enquadram nestes extremos podem ser semi-precociais ou semi-altriciais.<ref>{{Citar web |url=https://web.stanford.edu/group/stanfordbirds/text/essays/Precocial_and_Altricial.html |título=Precocial and Altricial Young |último=Ehrlich |primeiro=Paul R. |coautor= Dobkin, David S.; Wheye, Darryl |publicado=Stanford.edu |acessodata=25 de fevereiro de 2016}}</ref> |
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A natureza e duração dos cuidados parentais variam sinificativamente entre as diferentes ordens e espécies. Num dos extremos, os cuidados parentais nos [[megápode]]s terminam no momento da eclosão. As crias saem do ovo e escavam sozinhas o caminho para fora do montículo que serve de ninho, começando imediatamente a alimentar-se por si mesmas.<ref>{{Citar livro |último=Elliot |primeiro=A |ano=1994 |capítulo=Family Megapodiidae (Megapodes) |título=Handbook of the Birds of the World |volume=2; New World Vultures to Guineafowl |editores=del Hoyo J, Elliott A, Sargatal J |editora=Lynx Edicions |local=Barcelona |isbn=84-87334-15-6}}</ref> No outro extremo, muitas aves marinhas prestam cuidados parentais ao longo de um grande período de tempo. O mais longo é o da [[Fregata minor|fragata-grande]], cujas crias levam seis meses até estarem prontas a voar e são alimentadas pelos progenitores ainda por mais 14 meses.<ref>{{Citar livro |último=Metz |primeiro=VG |coautor=Schreiber, EA |ano=2002 |capítulo=Great Frigatebird (''Fregata minor'') |título=The Birds of North America, No 681 |editor=Poole, A.; Gill, F. |editora=The Birds of North America Inc |local=Philadelphia}}</ref> O período de guarda é o período imediatamente a seguir à eclosão em que um dos adultos está permanentemente presente no ninho. O propósito principal deste período é ajudar as crias a regular a temperatura e protegê-las dos predadores.<ref>{{Citar livro |último=Young |primeiro=Euan |título=Skua and Penguin. Predator and Prey |editora=Cambridge University Press |ano=1994 |página=453}}</ref> |
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Em muitas espécies, são ambos os progenitores que cuidam das crias. Noutras, os cuidados são da responsabilidade de apenas um dos sexos. Em algumas espécies, outros membros da mesma espécie ajudam a criar a prole, geralmente parentes próximos do casal, como um descendente de uma ninhada anterior.<ref>{{Citar periódico | último = Ekman | primeiro = J | ano = 2006 | título = Family living amongst birds | journal = [[:en:Journal of Avian Biology|Journal of Avian Biology]] | volume = 37 | número = 4| páginas = 289–98 | doi = 10.1111/j.2006.0908-8857.03666.x }}</ref> Este comportamento é particularmente comum entre os [[corvídeo]]s,<ref>{{Citar livro| autor=Cockburn A|editor=Floyd R, Sheppard A, de Barro P| título=Frontiers in Population Ecology| ano=1996| editora=CSIRO| local=Melbourne| páginas=21–42| capítulo=Why do so many Australian birds cooperate? Social evolution in the Corvida}}</ref> embora tenha também sido observada em espécies tão diversas como a [[Acanthisitta chloris|carriça-da-nova-zelândia]] ou o [[milhafre-real]]. Embora na maioria dos animais sejam raros os cuidados parentais por parte do macho, nas aves são bastante comuns e mais do que em qualquer outra classe de vertebrados.<ref name = "Gill"/> Embora a defesa do território, do ninho, a incubação e a alimentação das crias sejam geralmente tarefas partilhadas entre o casal, por vezes verifica-se uma divisão do trabalho, em que um dos parceiros realiza toda ou grande parte de determinada tarefa.<ref>{{Citar periódico| último=Cockburn| primeiro=Andrew| ano=2006| título=Prevalence of different modes of parental care in birds |doi=10.1098/rspb.2005.3458| jornal=[[:en:Proceedings of the Royal Society B|Proceedings of the Royal Society B]]|volume=273| número=1592| páginas=1375–83|pmid=16777726|pmc=1560291}}</ref> |
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O momento em que as penas e os músculos das crias estão suficientemente desenvolvidos para permitir voar varia de forma muito significativa. As crias das [[Synthliboramphu|tordas]] abandonam o ninho na noite imediatamente a seguir à eclosão dos ovos, seguindo os progenitores em direção ao mar, onde são criados fora do alcance de predadores terrestres.<ref>{{Citar livro |último=Gaston |primeiro=AJ |ano=1994 |capítulo=Ancient Murrelet (''Synthliboramphus antiquus''). |título=The Birds of North America |número=132 |editor=A. Poole, F. Gill |local=Philadelphia |editora= The Academy of Natural Sciences}}</ref> Mas na maior parte das espécies as crias abandonam o ninho imediatamente antes ou pouco depois de serem capazes de voar. O período de cuidados parentais após as crias conseguirem voar varia. Por exemplo, enquanto as crias de albatroz abandonam o ninho por elas próprias e não recebem mais ajuda, outras espécies continuam a alimentar as crias.<ref>{{Citar periódico | último = Schaefer | primeiro = HC | coautor = Eshiamwata, GW; Munyekenye, FB; Böhning-Gaese, K | ano = 2004 | título = Life-history of two African ''Sylvia'' warblers: low annual fecundity and long post-fledging care | journal = [[:en:Ibis (journal)|Ibis]] | volume = 146 | número = 3| páginas = 427–37 | doi = 10.1111/j.1474-919X.2004.00276.x }}</ref> As crias de algumas espécies migratórias seguem os pais ao longo da sua primeira migração.<ref>{{Citar periódico | último = Alonso | primeiro = JC | coautor = Bautista, LM; Alonso, JA | ano = 2004 | título = Family-based territoriality vs flocking in wintering common cranes ''Grus grus'' | journal = [[:en:Journal of Avian Biology|Journal of Avian Biology]] | volume = 35 | número = 5| páginas = 434–44 | doi = 10.1111/j.0908-8857.2004.03290.x }}</ref> |
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====Parasitismo de ninhada==== |
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{{AP|Parasitismo de ninhada}} |
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[[File:Reed warbler cuckoo.jpg|thumb|Uma [[Acrocephalus (ave)|felosa]] a criar um [[Cuco-canoro|cuco]], uma espécie [[parasita de ninhada]].]] |
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O [[parasitismo de ninhada]], ou nidoparasitismo, descreve o comportamento de algumas espécies que põem os ovos nas ninhadas de outras espécies. Este comportamento é mais comum entre aves em comparação com outros animais.<ref name = "brood">{{Citar livro |último=Davies |primeiro=N |ano=2000 |título=Cuckoos, Cowbirds and other Cheats |editora=T. & A. D. Poyser |locla=Londres |isbn=0-85661-135-2}}</ref> Após a ave parasita ter posto os ovos no ninho de outra ave, esses ovos são muitas vezes aceites e cuidados pelo hospedeiro e com prejuízo para a sua própria ninhada. Os nidoparasitas dividem-se entre os que o fazem por necessidade, uma vez que são incapazes de criar as suas próprias crias, e os ocasionais, que apesar de serem capazes de criar a prole põem ovos em ninhos de espécies [[Coespecífico|coespecíficas]] para aumentar a sua capacidade reprodutora.<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1093/beheco/8.2.153 | último = Sorenson | primeiro = M | ano = 1997 | título = Effects of intra- and interspecific brood parasitism on a precocial host, the canvasback, ''Aythya valisineria'' | url = http://beheco.oxfordjournals.org/cgi/reprint/8/2/153.pdf | jornal = Behavioral Ecology | volume = 8 | número = 2| páginas = 153–61 }}</ref> Entre os parasitas ocasionais estão mais de cem espécies de aves, incluindo espécies das famílias ''[[Indicatoridae]]'', ''[[Icteridae]]'' e o [[Heteronetta atricapilla|pato-de-cabeça-preta]], embora o exemplo mais conhecido sejam os [[Cuculidae|cucos]].<ref name = "brood"/> Algumas crias de nidoparasitas eclodem antes das crias dos hospedeiros, o que lhes permite destruir os ovos, empurrando-os para fora do ninho ou matando as crias. Isto assegura que toda a comida levada para o ninho servirá para alimentar as crias dos nidoparasitas.<ref>{{Citar periódico| último=Spottiswoode| primeiro=C. N.| último2=Colebrook-Robjent| primeiro2=J. F.R.| título=Egg puncturing by the brood parasitic Greater Honeyguide and potential host counteradaptations| jornal=Behavioral Ecology| volume=18| páginas=792–799| ano=2007| doi=10.1093/beheco/arm025| número=4}}</ref> |
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==Ecologia== |
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As aves ocupam uma ampla variedade de posições ecológicas.<ref name = "flycatcher"/> Enquanto algumas aves são generalistas, outras são especializadas em relação ao [[habitat]] ou à alimentação. Mesmo num único habitat, como por exemplo numa floresta, os [[Nicho ecológico|nichos ecológicos]] ocupados pelas diferentes espécies variam. Enquanto algumas espécies vivem no [[dossel florestal]], outras vivem nos estratos intermédios e outras ainda junto ao solo. Cada um destes grupos pode conter aves insetívoras, frugívoras e nectarívoras. As aves aquáticas geralmente alimentam-se da pesca, de plantas ou por cleptoparasitismo. As aves de rapina especializam-se na caça de pequenos mamíferos ou outras aves, enquanto os abutres são [[necrófago]]s especializados.<!-- fontes --> Alguns nectarívoros são [[polinizador]]es importantes e muitos frugívoros são essenciais para a dispersão de sementes.<ref name = "Clout">{{Citar periódico | último = Clout | primeiro = M | último2 = Hay | primeiro2 = J | ano = 1989 | título = The importance of birds as browsers, pollinators and seed dispersers in New Zealand forests | url = http://www.newzealandecology.org/nzje/free_issues/NZJEcol12_s_27.pdf | jornal = New Zealand Journal of Ecology | volume = 12 | páginas = 27–33 }}</ref> As plantas e as aves polinizadoras muitas vezes [[Coevolução|coevoluem]],<ref>{{Citar periódico | último=Gary Stiles | primeiro=F. | título=Geographical Aspects of Bird-Flower Coevolution, with Particular Reference to Central America | jornal=Annals of the Missouri Botanical Garden | volume=68 | número=2 | páginas=323–51 | ano=1981 |doi= 10.2307/2398801 | jstor=2398801}}</ref> e, em alguns casos, o principal polinizador de determinada flor é a única espécie de ave capaz de alcançar o seu néctar.<!-- repetição--><ref>{{Citar periódico | último = Temeles | primeiro = E | último2 = Linhart | primeiro2 = Y | último3 = Masonjones | primeiro3 = M | último4 = Masonjones | primeiro4 = H | ano = 2002 | título = The Role of Flower Width in Hummingbird Bill Length–Flower Length Relationships | url = http://www.amherst.edu/~ejtemeles/Temeles%20et%20al%202002%20biotropica.pdf | jornal = Biotropica | volume = 34 | número = 1| páginas = 68–80 | doi=10.1111/j.1744-7429.2002.tb00243.x}}</ref> |
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As aves são importantes para a ecologia das ilhas. Tendo sido capazes de migrar para ilhas às quais os mamíferos não conseguiram chegar, as aves podem desempenhar papéis ecológicos geralmente realizados por animais de maior porte. Por exemplo, as extintas [[moa]]s tiveram de tal forma impacto no ecossistema da [[Nova Zelândia]], assim como têm o [[kereru]] ou o [[kokako]] na atualidade,<ref name = "Clout"/> pelo que ainda hoje as plantas da ilha mantêm as adaptações defensivas que as protegiam das moas.<ref>{{Citar periódico | último=Bond | primeiro=William J. | último2=Lee | primeiro2=William G. | último3=Craine | primeiro3=Joseph M. | título=Plant structural defences against browsing birds: a legacy of New Zealand's extinct moas | jornal=Oikos | volume=104 | páginas=500–08 | ano=2004 | doi = 10.1111/j.0030-1299.2004.12720.x | número=3}}</ref> Durante a nidação, as aves marinhas também afetam significativamente a ecologia das ilhas e do mar envolvente, principalmente devido à concentração de grandes quantidades de [[guano]] que enriquece o solo da região.<ref>{{Citar periódico | último = Wainright | primeiro = S | último2 = Haney | primeiro2 = J | último3 = Kerr | primeiro3 = C | último4 = Golovkin | primeiro4 = A | último5 = Flint | primeiro5 = M | ano = 1998 | título = Utilization of nitrogen derived from seabird guano by terrestrial and marine plants at St. Paul, Pribilof Islands, Bering Sea, Alaska | url = http://www.springerlink.com/index/DN8D70RYM7TUF42P.pdf | jornal = Marine Ecology | volume = 131 | número = 1| páginas = 63–71 | doi=10.1007/s002270050297}}</ref><ref>{{Citar periódico | doi = 10.3354/meps032247 | último = Bosman | primeiro = A | coautor = Hockey, A | ano = 1986 | título = Seabird guano as a determinant of rocky intertidal community structure | url = http://www.int-res.com/articles/meps/32/m032p247.pdf | jornal = Marine Ecology Progress Series | volume = 32 | páginas = 247–57 }}</ref> |
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==Relação com o ser humano== |
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[[File:Industrial-Chicken-Coop.JPG|thumb|Criação intensiva de [[frango]]s num [[aviário]] industrial.]] |
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Algumas aves têm bastante visibilidade e são animais comuns com os quais o ser humano tem uma estreita relação desde o início da Humanidade.<ref>{{Citar livro| último=Bonney| primeiro=Rick | coautor = Rohrbaugh, Ronald| título=Handbook of Bird Biology| local= Princeton, NJ| editora=Princeton University Press| ano=2004| edição = 2ª|isbn=0-938027-62-X}}</ref> Em alguns casos, estas relações são [[Mutualismo (biologia)|mutualistas]], como na recolha de [[mel]] conjunta entre os ''[[Indicatoridae]]'' e alguns povos africanos, como os [[Boranas]].<ref>{{Citar periódico |último=Dean |primeiro=W |coautor=Siegfried R, MacDonald I |ano=1990 |título=The Fallacy, Fact, and Fate of Guiding Behavior in the Greater Honeyguide |jornal=Conservation Biology |volume=4 |número=1 |páginas=99–101 |url=http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1523-1739.1990.tb00272.x }}</ref> Noutros casos, as relações podem ser [[Comensalismo|comensais]], como o benefício que o [[pardal-doméstico]] tira das atividades humanas.<ref>{{Citar periódico | último= Singer | primeiro= R. | último2= Yom-Tov | primeiro2= Y. | título= The Breeding Biology of the House Sparrow Passer domesticus in Israel | jornal= Ornis Scandinavica | volume= 19 | número= 2 | páginas= 139–44 | ano= 1988 |doi= 10.2307/3676463 | jstor=3676463}}</ref> |
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As espécies que se alimentam de [[Praga (organismo)|pragas]] são usadas em programas de [[controlo biológico]].<ref name="lwa001">{{citar web|url=http://lwa.gov.au/files/products/land-water-and-wool/pf061365/pf061365.pdf |título=Birds on New England wool properties – A woolgrower guide | acessodata=17 de julho de 2010 |publicado=Australian Government – Land and Water Australia |obra=Land, Water & Wool Northern Tablelands Property Fact Sheet |autor=N Reid | formato=PDF |ano=2006 |arquivourl=https://web.archive.org/20110315005353/http://lwa.gov.au/files/products/land-water-and-wool/pf061365/pf061365.pdf |arquivodata=15 de março de 2011 }}</ref> Por outro lado, algumas espécies tornaram-se elas próprias pragas agrícolas de elevado custo económico,<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1111/j.1474-919X.1990.tb01048.x | último = Dolbeer | primeiro = R | ano = 1990 | título = Ornithology and integrated pest management: Red-winged blackbirds ''Agleaius phoeniceus'' and corn | jornal = [[:en:Ibis (journal)|Ibis]] | volume = 132 | número = 2| páginas = 309–22 }}</ref> enquanto outras constituem [[Risco aviário|riscos para a aviação]].<ref>{{Citar periódico | último = Dolbeer | primeiro = R | coautor = Belant, J; Sillings, J | ano = 1993 | título = Shooting Gulls Reduces Strikes with Aircraft at John F. Kennedy International Airport | jornal = Wildlife Society Bulletin | volume = 21 | páginas = 442–50 }}</ref> As aves podem também ser [[Vetor (epidemiologia)|vetores]] que propagam ao longo de grandes distâncias doenças como a [[ornitose]], [[salmonelose]], [[campilobacteriose]], [[Mycobacterium|micobacteriose]] ([[tuberculose]] aviária), [[gripe das aves]], [[giardiose]] ou [[criptosporidíase]]. Algumas destas são [[Zoonose|doenças zoonóticas]] que podem também ser transmitidas para os seres humanos.<ref>{{Citar periódico | doi = 10.3121/cmr.1.1.5 | último = Reed | primeiro = KD | coautor = Meece, JK; Henkel, JS; Shukla, SK | título = Birds, Migration and Emerging Zoonoses: West Nile Virus, Lyme Disease, Influenza A and Enteropathogens | jornal = Clinical medicine & research | volume = 1 | número = 1 | páginas = 5–12 | ano = 2003 | pmid = 15931279 | pmc = 1069015 }}</ref> |
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===Importância económica=== |
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[[File:FishingCormorants.jpg|thumb|A utilização de [[Phalacrocoracidae|corvos marinhos]] por pescadores asiáticos encontra-se em acentuado declínio e é hoje em dia apenas uma tração turística.]] |
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As [[Ave de capoeira|aves de criação]] são a principal fonte de [[proteína]]s animais consumida pelo ser humano. Em 2003, foram consumidos 76 milhões de toneladas de aves de criação e produzidas 61 milhões de toneladas de ovos em todo o mundo.<ref>{{Citar livro | último=Brown| primeiro=Lester| título=Outgrowing the Earth: The Food Security Challenge in an Age of Falling Water Tables and Rising Temperatures |url= http://www.earth-policy.org/datacenter/xls/book_ote_ch3_2.xls| ano=2005| editora=earthscan |isbn=978-1-84407-185-2| capítulo=3: Moving Up the Food Chain Efficiently. }}</ref> Os [[frango]]s representam a maior parte do consumo de aves, embora o [[peru-doméstico|peru]], o [[Pato#Espécies_domésticas|pato]] e os gansos domesticados sejam também comuns. Muitas espécies de aves são também caçadas para comida. A caça de aves é essencialmente uma atividade recreativa, exceto em regiões bastante subdesenvolvidas. As aves de caça mais comuns são os patos selvagens, faisões, [[Peru selvagem|perus selvagens]], [[perdiz]]es, [[Columbidae|pombos]], tetrazes, [[Scolopacidae|maçaricos]] e [[galinhola]]s.<ref>{{Citar periódico | último = Simeone | primeiro = A | último2 = Navarro | primeiro2 = X | ano = 2002 | título = Human exploitation of seabirds in coastal southern Chile during the mid-Holocene | url=http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-078X2002000200012&lng=es&nrm=iso&tlng=en | jornal = Rev. Chil. Hist. Nat | volume = 75 | número = 2| páginas = 423–31 | doi = 10.4067/S0716-078X2002000200012 }}</ref> Embora alguma caça possa ser [[Sustentabilidade|sustentável]], a caça no geral tem provocado a extinção ou colocado em risco dezenas de espécies.<ref>{{Citar periódico | último=Keane | primeiro=Aidan | coautor=Brooke, M.de L.; McGowan, P.J.K. | título=Correlates of extinction risk and hunting pressure in gamebirds (Galliformes) | jornal=Biological Conservation | volume=126 | páginas=216–33 | ano=2005 |doi= 10.1016/j.biocon.2005.05.011 | número=2}}</ref> Entre os outros produtos avícolas com valor comercial estão as penas, especialmente as dos gansos e patos, que são usadas como isolamento em casacos e na roupa de cama, e o [[guano]] (fezes de aves marinhas), que é uma fonte valiosa de [[fósforo]] e [[nitrogénio]]. A [[Guerra do Pacífico (século XIX)|Guerra do Pacífico]] foi travada devido em parte ao controlo dos depósitos de guano.<ref>{{Citar web|url= http://www.zum.de/whkmla/military/19cen/guanowar.html| título= The Guano War of 1865–1866| publicado= World History at KMLA| acessodata=18 de dezembro de 2007}}</ref> |
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As aves são domesticadas pelo ser humano, não só como [[Animal de estimação|animais de estimação]] mas também para efeitos utilitários. Muitas aves com cores exóticas, como os [[papagaio]]s ou as [[arara]]s, são criadas em [[cativeiro]] ou vendidas como animais de companhia. No entanto, isto também tem feito crescer o tráfico ilegal de várias [[Espécie ameaçada|espécies ameaçadas]].<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1017/S0030605306000056 | último = Cooney | primeiro = R | último2 = Jepson | primeiro2 = P | ano = 2006 | título = The international wild bird trade: what's wrong with blanket bans? | url = http://journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=409231 | jornal = Oryx | volume = 40 | número = 1| páginas = 18–23 }}</ref> A [[falcoaria]] e a pesca com a assistência de [[Phalacrocoracidae|corvos marinhos]] são tradições milenares. Os [[Pombo-correio|pombos-correio]], usados pelo menos desde o {{séc|I|AC}}, foram essenciais nas comunicações até à [[II Guerra Mundial]], No entanto, hoje em dia estas atividades são mais comuns como passatempo ou atração turística.<ref>{{Citar periódico | doi = 10.2307/4140937 | último = Manzi | primeiro = M | último2 = Coomes | ano = 2002 | primeiro2 = O. T. | título = Cormorant fishing in Southwestern China: a Traditional Fishery under Siege. (Geographical Field Note) | jornal = Geographic Review | volume = 92 | número = 4| páginas = 597–603 | jstor = 4140937 }}</ref> Existem milhões de entusiastas amadores que apreciam a [[observação de aves]], ou ''birdwatching'', uma vertente significativa do [[ecoturismo]].<ref>{{Citar livro |último=Pullis La Rouche |primeiro=G.|ano=2006 |capítulo=Birding in the United States: a demographic and economic analysis. |título=Waterbirds around the world |editor=G.C. Boere, C.A. Galbraith, D.A. Stroud |editora=The Stationery Office |local=Edimburgo |páginas=841–46. |url=http://www.jncc.gov.uk/PDF/pub07_waterbirds_part6.2.5.pdf JNCC.gov.uk |formato=PDF}}</ref> Muitos proprietários constroem [[Alimentador de pássaros|alimentadores de pássaros]] perto de casa para atrair várias espécies.<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1111/j.1474-919x.2005.00430.x | último = Chamberlain | primeiro = DE | coautor = Vickery, JA; Glue, DE; Robinson, RA; Conway, GJ; Woodburn, RJW; Cannon, AR | ano = 2005 | título = Annual and seasonal trends in the use of garden feeders by birds in winter | url = http://www.blackwell-synergy.com/doi/pdf/10.1111/j.1474-919x.2005.00430.x | jornal = [[:en:Ibis (journal)|Ibis]] | volume = 147 | número = 3| páginas = 563–75 }}</ref> |
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===Religião, folclore e cultura=== |
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As aves têm diversos papéis de relevo no [[folclore]], na [[religião]] e na [[cultura popular]]. Na religião, as aves são muitas vezes associadas a mensageiros, sacerdotes ou líderes de determinada [[divindade]]. No [[Makemake (mitologia)|culto do Makemake]] os ''[[tangata manu]]'' (homens-pássaro) da [[ilha de Páscoa]] eram nomeados líderes.<ref>{{Citar periódico | último = Routledge | primeiro = S | coautor = Routledge, K | ano = 1917 | título = The Bird Cult of Easter Island | jornal = Folklore | volume = 28 | número = 4| páginas = 337–55 | doi = 10.1080/0015587X.1917.9719006 }}</ref> Na [[Panteão nórdico|mitologia nórdica]], [[Hugin e Munin]] são dois [[Corvus corax|corvos]] que deram a volta ao mundo para trazer notícias ao deus [[Odin]]. Em várias civilizações da [[História da Itália|Antiguidade italiana]], principalmente na [[mitologia etrusca]] e na [[Religião na Roma Antiga|religião romana]], os sacerdotes praticavam [[Áugure|auguria]], interpretando as palavras das aves enquanto o ''auspex''{{Nota de rodapé|De onde deriva a palavra "auspício"}} as usava para fazer previsões sobre o futuro.<ref>{{Citar livro |último=Ingersoll |primeiro=Ernest |ano=1923 |url=https://archive.org/details/birdsinlegendfab00inge |título=Birds in legend, fable and folklore |local=Longmans |editora=Green and co. |página=214}}</ref> As aves podem também servir como símbolos religiosos, como no caso de [[Jonas]] (hebraico: '''יוֹנָה''', [[pomba]]) que simbolizava o medo, passividade, pesar e beleza tradicionalmente associados às pombas.<ref>{{Citar periódico| último= Hauser| primeiro= A. J.| título= Jonah: In Pursuit of the Dove| jornal= Journal of Biblical Literature| volume= 104| número= 1| páginas= 21–37| ano= 1985 |doi= 10.2307/3260591| jstor=3260591}}</ref> As próprias aves são muitas vezes deificadas, como no caso do [[Pavão-indiano|pavão-comum]], que os [[Dravidianos]] vêm como a Terra-Mãe.<ref>{{Citar periódico | último=Thankappan Nair | primeiro=P. | título=The Peacock Cult in Asia | jornal=Asian Folklore Studies | volume=33 | número=2 | páginas=93–170 | ano=1974 |doi=10.2307/1177550 | jstor=1177550}}</ref> Algumas aves são também vistas como monstros, incluindo o mitológico [[Pássaro Roca|Roc]] e o lendário [[Poukai]], uma ave gigante que para os [[Maoris]] é capaz de raptar seres humanos.<ref>{{Citar livro |último=Tennyson |primeiro=A |coautor=Martinson P |ano=2006 |título=Extinct Birds of New Zealand |editora=Te Papa Press |local=Wellington |isbn=978-0-909010-21-8}}</ref> Os povos indígenas dos [[Andes]] contam lendas de pássaros que atravessam mundos metafísicos. Em imagens religiosas dos impérios [[Inca]] e Tiwanaku, as aves são representadas a transgredir a fronteira entre o reino terrestre e o reino espiritual subterrâneo.<ref name="Smith2011Tiwanaku">{{Citar periódico | autor=Smith, S. | ano=2011 | título=Generative landscapes: the step mountain motif in Tiwanaku iconography. | jornal=Ancient America |volume=12 | páginas=1–69 |url=http://www.precolumbia.com/bearc/CAAS/AA12.pdf | formato=Automatic PDF download}}</ref><ref name="Dransart2002Earth">{{Citar livro | autor=Dransart, P. | ano=2002 | título=Earth, Water, Fleece and Fabric: An Ethnography and Archaeology of Andean Camelid Herding | editora= Routledge | páginas=64, 79 }}</ref> |
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[[File:17.6-24-1974-Cuerda-seca-flisepanel.jpg|thumb|[[Azulejo]] pintado com motivos de aves da [[Dinastia Qajar]]]] |
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As aves têm sido representadas na arte e na cultura popular desde as [[Gravura rupestre|gravuras rupestres]] da época [[Pré-histórica|pré-histórica]]<ref>{{Citar periódico | último=Meighan | primeiro=C. W. | título=Prehistoric Rock Paintings in Baja California | jornal=American Antiquity | volume=31 | número=3 | páginas=372–92 | ano=1966 |doi= 10.2307/2694739 | jstor=2694739}}</ref> Ao longo dos séculos, foram usadas como motivo nas mais diversas formas de arte sacra ou simbólica, como por exemplo o [[Trono de Pavão]] dos imperadores [[Império Mogol|mogois]] e [[História do Irão|persas]].<ref>{{Citar periódico | último = Clarke | primeiro = CP | ano = 1908 | título = A Pedestal of the Platform of the Peacock Throne | jornal = The Metropolitan Museum of Art Bulletin | volume = 3 | número = 10| páginas = 182–83 | doi = 10.2307/3252550 | jstor=3252550}}</ref> O despertar do interesse científico nas aves levou a que começassem a ser requisitadas ilustrações para livros em grande número. Um dos mais notáveis destes ilustradores de aves foi [[John James Audubon]], cujas gravuras de aves norte-americanas fizeram sucesso na Europa e deu o nome à [[National Audubon Society]].<ref>{{Citar periódico | último=Boime | primeiro=Albert | título=John James Audubon: a birdwatcher's fanciful flights | jornal=Art History | volume=22 | páginas=728–55 | ano=1999 |doi= 10.1111/1467-8365.00184 | número=5}}</ref> As aves são também um tema importante na [[poesia]]. [[Homero]] escreveu sobre os [[Rouxinol|rouxinóis]] na [[Odisseia]], enquanto [[Cátulo]] usou um [[pardal]] como símbolo [[Erotismo|erótico]] nos seus poemas.<ref>{{Citar periódico | último = Chandler | primeiro = A | ano = 1934 | título = The Nightingale in Greek and Latin Poetry | journal = The Classical Journal | volume = 30 | número = 2| páginas = 78–84 | jstor = 3289944 }}</ref> O tema central do ''[[The Rime of the Ancient Mariner|Conto do Velho Marinheiro]]'', de [[Samuel Taylor Coleridge|S. T. Coleridge]] é a relação entre um albatroz e um marinheiro.<ref>{{Citar periódico | último= Lasky | primeiro= E. D. | título= A Modern Day Albatross: The Valdez and Some of Life's Other Spills | jornal= The English Journal | volume= 81 | número= 3 | páginas= 44–46 | ano= 1992 |doi= 10.2307/820195 | jstor=820195}}</ref> Algumas metáforas na linguagem têm origem no comportamento das aves, como a associação de investidores ou fundos predatórios aos [[abutre]]s necrófagos.<ref>{{Citar periódico | último = Carson | primeiro = A | ano = 1998 | título = Vulture Investors, Predators of the 90s: An Ethical Examination | url = http://www.springerlink.com/index/W676R8803NL06L38.pdf | jornal = Journal of Business Ethics | volume = 17 | número = 5| páginas = 543–55 | doi = 10.1023/A:1017974505642 }}</ref> |
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As percepções culturais sobre diversas espécies de aves são muitas vezes diferentes de cultura para cultura. Por exemplo, enquanto em [[África]] as [[coruja]]s são associadas a má sorte, [[bruxaria]] e morte,<ref>{{Citar livro |último=Enriquez |primeiro=PL |coautor=Mikkola H |ano=1997 |capítulo=Comparative study of general public owl knowledge in Costa Rica, Central America and Malawi, Africa |páginas=160–66 |editor=J.R. Duncan, D.H. Johnson, T.H. Nicholls |título=Biology and conservation of owls of the Northern Hemisphere. General Technical Report NC-190 |editora=USDA Forest Service |local=Minnesota |páginas=635}}</ref> na [[Europa]] são vistas como sábias.<ref>{{Citar web |autor=Lewis DP |ano=2005 |url=http://www.owlpages.com/articles.php?section=Owl+Mythology&title=Myth+and+Culture |publicado=Owlpages.com |título=Owls in Mythology and Culture |acessodata=15 de setembro de 2007}}</ref> As [[Poupa-eurasiática|poupas]], consideradas sagradas no [[Antigo Egito]] e símbolo de virtude na [[Pérsia]], são no entanto vistas como ladras em grande parte da Europa e como presságio de guerra na [[Escandinávia]].<ref>{{Citar periódico | último = Dupree | primeiro = N | ano = 1974 | título = An Interpretation of the Role of the Hoopoe in Afghan Folklore and Magic | jornal = Folklore | volume = 85 | número = 3| páginas = 173–93 | jstor = 1260073 | doi = 10.1080/0015587X.1974.9716553 }}</ref> |
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===Conservação=== |
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[[File:California-Condor3-Szmurlo edit.jpg|thumb|O [[condor-da-califórnia]], outrora restrito a apenas 22 indivíduos, conta hoje com 330 graças a medidas de conservação.]] |
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Embora a presença humana tenha facilitado a expansão de algumas espécies, como a [[Hirundo rustica|andorinha-das-chaminés]] ou o [[estorninho-comum]], foi também a causa da [[extinção]] ou diminuição da população de muitas outras espécies. Embora em tempos históricos tenham sido extintas mais de cem espécies de aves,<ref>{{Citar livro |último=Fuller |primeiro=E |ano=2000 |título=Extinct Birds |editora=[[Oxford University Press]] |locla=Oxford |isbn=0-19-850837-9}}</ref> a mais dramática das extinções de aves causada pelo ser humano, que erradicou entre 750 e 1800 espécies, ocorreu durante a colonização humana das ilhas da [[Melanésia]], [[Polinésia]] e [[Micronésia]].<ref>{{Citar livro |último=Steadman |primeiro=D |ano=2006 |título=Extinction and Biogeography in Tropical Pacific Birds |editora=University of Chicago Press |isbn=978-0-226-77142-7}}</ref> Muitas populações de aves em todo o mundo encontram-se em declínio, com 1227 espécies listadas como [[Espécie ameaçada|ameaçadas]] pela [[BirdLife International]] e pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] em 2009.<ref>{{Citar web| título=BirdLife International announces more Critically Endangered birds than ever before | publicado=[[BirdLife International]] | data=14 de maio de 2009 |url=http://www.birdlife.org/news/pr/2009/05/red_list.html | acessodata=15 de maio de 2009}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/8045971.stm | primeiro=Mark | último=Kinver | título=Birds at risk reach record high | publicado= BBC News Online | data=13 de maio de 2009 | acessodata=15 de maio de 2009}}</ref> |
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A ameaça humana às aves mais comum é a [[Destruição de habitat|destruição dos habitats]].<ref>{{Citar livro |último=Norris |primeiro=K |coautor=Pain D |ano=2002 |título=Conserving Bird Biodiversity: General Principles and their Application |editora=Cambridge University Press. |isbn=978-0-521-78949-3}}</ref> Entre as outras ameaças estão a caça em excesso, mortalidade acidental devido a [[Risco aviário|colisões aéreas]] ou [[Fauna acompanhante|captura acessória]] na pesca,<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1016/0006-3207(91)90031-4 | último = Brothers | primeiro = NP | ano = 1991 | título = Albatross mortality and associated bait loss in the Japanese longline fishery in the southern ocean | journal = Biological Conservation | volume = 55 | número = 3| páginas = 255–68 }}</ref> [[poluição]] (incluindo [[Maré negra|marés negras]] e uso de [[pesticida]]s),<ref>{{Citar periódico | último = Wurster | primeiro = D | coautor = Wurster, C; Strickland, W | ano = 1965 | título = Bird Mortality Following DDT Spray for Dutch Elm Disease | jornal = Ecology | volume = 46 | número = 4| páginas = 488–99 | doi =10.2307/1934880 }}</ref><ref> {{Citar periódico | doi= 10.1126/science.148.3666.90 | título= Bird Mortality after Spraying for Dutch Elm Disease with DDT | ano= 1965 | último= Wurster | primeiro= C. F. | coautor= Wurster, D. H.; Strickland, W. N. | jornal= Science | volume= 148 | número= 3666 | páginas= 90–91 | pmid= 14258730 }}</ref> e competição e predação de espécies invasoras.<ref>{{Citar periódico | último = Blackburn | primeiro = T | coautor = Cassey, P; Duncan, R; Evans, K; Gaston, K | ano = 2004 | título = Avian Extinction and Mammalian Introductions on Oceanic Islands | journal = [[Science (journal)|Science]] | volume = 305 | número = 5692| páginas = 1955–58 | doi = 10.1126/science.1101617 | pmid=15448269}}</ref> Os governos e os [[Biologia da conservação|conservacionistas]] trabalham em conjunto para proteger as aves, criando legislação que promove a conservação ou o [[Restauração ecológica|restauro]] dos habitats ou [[Conservação ex-situ|criando populações de cativeiro]] para futura reintrodução nos habitats. Um estudo estimou que o esforço de conservação salvou da extinção 16 espécies de aves entre 1994 e 2004, como o [[condor-da-califórnia]] ou o [[Cyanoramphus cookii|periquito-de-Norfolk]].<ref>{{Citar periódico | doi = 10.1017/S0030605306000950 | último = Butchart | primeiro = S | coautor = Stattersfield, A; Collar, N | ano = 2006 | título = How many bird extinctions have we prevented? | url = http://www.birdlife.org/news/news/2006/08/butchart_et_al_2006.pdf | jornal = Oryx | volume = 40 | número = 3| páginas = 266–79 }}</ref> |
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== Ver também == |
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Edição atual tal como às 18h06min de 17 de outubro de 2024
Aves | |
---|---|
Diversidade das aves | |
Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Superclasse: | Tetrapoda |
Clado: | Reptiliomorpha |
Clado: | Amniota |
Clado: | Sauropsida |
Clado: | Avemetatarsalia |
Clado: | Ornithurae |
Classe: | Aves Linnaeus, 1758[6] |
Clados existentes | |
Sinónimos | |
|
Aves são uma classe de seres vivos vertebrados endotérmicos caracterizada pela presença de penas, um bico sem dentes, oviparidade de casca rígida, elevado metabolismo, um coração com quatro câmaras e um esqueleto pneumático resistente e leve. As aves estão presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho, desde os 5 cm do colibri até aos 2,75 m da avestruz. São a classe de tetrápodes com o maior número de espécies vivas, aproximadamente dez mil, das quais mais de metade são passeriformes. As aves apresentam asas, que são mais ou menos desenvolvidas dependendo da espécie. Os únicos grupos conhecidos sem asas são as moas e as aves-elefante, ambos extintos. As asas, que evoluíram a partir dos membros anteriores, oferecem às aves a capacidade de voar, embora a especiação tenha produzido aves não voadoras, como as avestruzes, pinguins e diversas aves endémicas insulares. Os sistemas digestivo e respiratório das aves estão adaptados ao voo. Algumas espécies de aves que habitam em ecossistemas aquáticos, como os pinguins e a família dos patos, desenvolveram a capacidade de nadar.
Algumas aves, especialmente os corvos e os papagaios, estão entre os animais mais inteligentes do planeta. Algumas espécies constroem e usam ferramentas e passam o conhecimento entre gerações. Muitas espécies realizam migrações ao longo de grandes distâncias. A maioria das aves são animais sociais que comunicam entre si com sinais visuais, chamamentos e cantos, e realizam atividades comunitárias como procriação e caça cooperativa, voo em bando e grupos de defesa contra predadores. A grande maioria das espécies de aves são monogâmicas, geralmente durante uma época de acasalamento e por vezes durante vários anos, mas raramente durante toda a vida. Outras espécies são polígamas ou, mais raramente, poliândricas. As aves reproduzem-se através de ovos, que são fertilizados por reprodução sexual e geralmente colocados num ninho onde são incubados pelos progenitores. A maior parte das aves apresenta um período prolongado de cuidados parentais após a incubação. Algumas aves, como as galinhas, põem ovos mesmo que não sejam fertilizados, embora esses ovos não produzam descendência.
As aves, e em particular os fringilídeos de Darwin, tiveram um papel importante no desenvolvimento da teoria da evolução por seleção natural de Darwin. O registo fóssil indica que as aves são os últimos sobreviventes dos dinossauros, tendo evoluído a partir de dinossauros emplumados dentro do grupo terópode dos saurísquios. As primeiras aves apareceram durante o período cretácico, há cerca de 100 milhões de anos,[7] e estima-se que o último ancestral comum tenha vivido há 95 milhões de anos.[8] As evidências de ADN indicam que as aves se desenvolveram extensivamente durante a extinção do Cretáceo-Paleogeno que matou os dinossauros não avianos. As aves na América do Sul sobreviveram a este evento, tendo depois migrado para as várias partes do mundo através de várias passagens terrestres, ao mesmo tempo que se diversificavam em espécies durante os períodos de arrefecimento global.[9] Algumas aves primitivas dentro do grupo Avialae datam do período Jurássico.[10] Muitos destes ancestrais das aves, como o Archaeopteryx, não tinham plena capacidade de voo e muitos apresentavam ainda características primitivas como mandíbula em vez de bico e cauda vertebrada.[10][11]
Muitas espécies de aves têm importância económica. As aves domesticadas (de capoeira) e não domesticadas (de caça) são fontes importantes de ovos, carne e penas. As aves canoras e os papagaios são animais de estimação populares. O guano é usado como fertilizante. As aves são um elemento de destaque na cultura. No entanto, desde o século XVII que cerca de 120 a 130 espécies foram extintas devido à ação humana e várias centenas foram extintas nos séculos anteriores. Atualmente existem 1 375 espécies de aves ameaçadas de extinção, embora haja esforços no sentido de as conservar. A observação de aves é uma atividade importante no setor do ecoturismo.
Habitat, diversidade e distribuição
[editar | editar código-fonte]A capacidade de voar proporcionou às aves uma diversificação extraordinária, pelo que hoje em dia vivem e reproduzem-se em praticamente todos os habitats terrestres e em todos os sete continentes.[12] O petrel-das-neves nidifica em colónias que já foram observadas a distâncias de 440 km do litoral da Antártida.[13] A maior biodiversidade de aves tem lugar nas regiões tropicais. Anteriormente, pensava-se que esta maior diversidade era o resultado de uma maior velocidade de especiação nos trópicos. No entanto, estudos mais recentes verificaram que a especiação é superior nas latitudes mais elevadas, embora a velocidade de extinção seja também superior à dos trópicos.[14] Várias famílias de aves evoluíram para se adaptar à vida nos oceanos. Algumas espécies de aves marinhas regressam à costa apenas para nidificar[15] e alguns pinguins são capazes de mergulhar até 300 metros de profundidade.[16]
Regra geral, o número de espécies que se reproduz em determinada área é diretamente proporcional ao tamanho dessa área e à diversidade de habitats disponíveis. O número total de espécies está também relacionado com factores como a posição dessa área em relação às rotas de migração e ao número de espécies que aí passam o inverno. Na Europa a oeste dos montes Urais, incluindo grande parte da Turquia, vivem cerca de 540 espécies de aves. Na Ásia vivem 2 700 espécies, o que corresponde a 25% da avifauna mundial, e só na Rússia vivem cerca de 700. Em África vivem cerca de 2 300 espécies. Em todo o continente americano vivem cerca de 4 400 espécies, embora em alguns países da América Central e do Sul haja mais de mil espécies. A Costa Rica é a região com maior número de espécies em relação ao tamanho, com cerca de 800 conhecidas numa área de apenas 51 000 km2.[12]
Muitas espécies de aves estabeleceram o seu território nas regiões em que foram introduzidas pelo ser humano. A introdução de algumas espécies foi deliberada, como por exemplo o faisão-comum, que foi introduzido em todo o mundo como ave de caça.[17] Outras introduções foram acidentais, como o periquito-monge, que atualmente está presente em várias cidades norte-americanas como consequência de fugas de cativeiro.[18] Algumas espécies, como a garça-boieira,[19] o gavião-carrapateiro[20] e a cacatua-galah,[21] expandiram-se muito para além do seu território inicial de forma natural, à medida que a agricultura foi criando novos habitats.
Anatomia e fisiologia
[editar | editar código-fonte]Em comparação com outros vertebrados, as aves apresentam um corpo com diversas adaptações invulgares e únicas que lhes permitem voar, mesmo que sejam apenas estruturas vestigiais ou que sejam usadas para deslocação terrestre ou aquática. Embora haja várias particularidades ósseas e anatómicas exclusivas das aves, a presença de penas é a mais proeminente e distintiva característica das aves. As aves possuem também um órgão único entre os animais, a siringe, que lhes permite produzir os cantos e chamamentos. A pele das aves é praticamente ausente de quaisquer glândulas, à exceção da glândula uropigial que produz um óleo que protege e impermeabiliza as penas.[12]
As aves são animais endotérmicos que mantêm uma temperatura de aproximadamente 41 °C, podendo ser ligeiramente inferior durante as horas de sono e ligeiramente superior durante os períodos de atividade intensa. As penas e, em algumas espécies, a gordura subcutânea, oferecem isolamento térmico. Como não possuem glândulas sudoríparas, o excesso de calor é dissipado pela respiração rápida que, em algumas espécies, pode chegar às 300 respirações por minuto. Algumas espécies são capazes de hibernar temporariamente.[12]
Nas aves voadoras de maior dimensão, os ossos são permeados por cavidades de ar e o sistema respiratório é constituído por sacos de ar, o que contribui para diminuir o seu peso. O albatroz é a ave voadora com maior envergadura de asas, que pode atingir os 3,5 metros, enquanto o cisne-trombeteiro pode atingir os 17 kg de peso. A ave mais pequena é o colibri-cubano, que pode medir 5–6 cm de comprimento e pesar apenas 3 gramas. Quando as aves perdem a capacidade de voar deixam de estar limitadas pelo peso, como é o caso da avestruz, que pode atingir os 2,75 metros de altura e pesar 150 kg.[12]
Voo
[editar | editar código-fonte]A maior parte das aves tem a capacidade de voar, o que as distingue de praticamente todas as outras classes de vertebrados. O voo é a principal forma de deslocação para a maioria das espécies de aves e é usado para a reprodução, alimentação e fuga de predadores.[22] No entanto, cerca de 60 espécies vivas de aves são incapazes de voar, assim como muitas das aves extintas.[23] A incapacidade de voo ocorre muitas vezes em ilhas isoladas, provavelmente devido aos recursos limitados e à ausência de predadores terrestres.[24] Embora incapazes de voar ou de percorrer grandes distâncias, algumas aves usam a mesma musculatura e movimentos para nadar na água, como é o caso dos pinguins, tordas ou os melros-d'água.[25]
As aves possuem diversas adaptações evolutivas destinadas ao voo, entre as quais ossos pneumáticos e leves, dois grandes músculos de voo (os peitorais – que correspondem a 15% do peso da ave – e o supracoracoide) e um membro anterior modificado (a asa) que atua simultaneamente como aerofólio (que sustenta a ave no ar) e como elemento de impulso. Muitas aves alternam entre o voo impulsionado pelo bater de asas e o voo planado e usam a cauda para direcionar o voo.[22] A asa é bastante flexível, podendo ser alongada ou recolhida por flexão, as penas das bordas podem ser abertas ou fechadas e o ângulo das asas pode ser ajustado, quer em conjunto, quer individualmente.[12]
O tamanho e forma da asa geralmente está relacionado com o tipo de voo dessa espécie. Por exemplo, os albatrozes, as gaivotas e outras aves marinhas apresentam asas compridas e estreitas que tiram partido do vento sobre o oceano para planar, enquanto que as aves de rapina têm asas amplas para tirar partido das correntes de ar ascendentes e descendentes de montanha. As aves de asa curta, como os galináceos, fazem apenas voos curtos. As asas pontiagudas dos patos permitem-lhes percorrer rapidamente grandes distâncias. As andorinhas e os estorninhos têm asas compridas e pontiagudas que lhes permitem fazer acrobacias aéreas durante horas seguidas. Enquanto algumas aves de grande dimensão, como os abutres, planam ao longo de horas e só ocasionalmente batem as asas, outras aves, como os colibris, batem as asas várias vezes por segundo.[12]
A velocidade de voo varia imenso entre as espécies. As aves mais pequenas, como os pardais ou as carriças, voam entre 15-30 km/h. As aves de pequena a média dimensão, como os tordos, rabos-de-quilha, estorninhos ou andorinhões, e as aves de grande envergadura de asa, como os pelicanos e as gaivotas, voam entre 30 e 60 km/h. As aves mais rápidas, como os falcões, patos, gansos e pombos voam entre 60 a 100 km/h. A ave que atinge maior velocidade é o falcão-peregrino, que é capaz de realizar voos a pique que atingem os 320 km/h.[12]
Muitas aves com pés pequenos, como os andorinhões, colibris ou calaus, raramente caminham e usam as patas apenas para se empoleirarem, enquanto outras apresentam patas mais robustas e realizam grande parte dos movimentos a pé, como as galinhas de água. Os papagaios caminham frequentemente ao longo dos ramos, enquanto espécies como os melros saltitam no terreno. Muitas espécies usam as asas para se deslocar debaixo de água, como é o caso dos pinguins, embora algumas só nadem à superfície. Algumas aves, como as mobêlhas, estão tão adaptadas à vida no mar que só vão a terra nidificar. Muitas aves, como o pato-real, são capazes de levantar voo diretamente a partir da superfície da água, embora outras necessitem de fazer uma pequena corrida para ganhar impulso, como os mergulhões.[12]
Penas, plumagem e escamas
[editar | editar código-fonte]As penas são uma característica proeminente e única das aves.[nota 1] As penas permitem às aves voar, fornecem isolamento que facilita a regulação térmica e são usadas como forma de exibicionismo, camuflagem e comunicação.[22] Existem vários tipos de penas, cada um com finalidades específicas. As penas são desenvolvimentos epidérmicos ligados à pele e crescem apenas em regiões específicas da pele denominadas pterilas. O padrão de distribuição da implantação das penas em tratos denomina-se pterilose. Aptérios são zonas desprovidas de penas. A distribuição e aparência do conjunto das penas no corpo é denominada plumagem e é uma das principais características que permitem identificar a espécie de ave. A plumagem pode variar significativamente dentro da própria espécie de acordo com a idade, estatuto social[26] e sexo.[27] A cor das penas tem origem em pigmentos ou na estrutura. Os castanhos e os pretos são causados por melaninas sintetizadas pela ave e depositados em grânulos, enquanto os amarelos, laranjas e vermelhos são causados por carotenoides com origem na dieta e difundidos pela pele e penas. As cores azuis são estruturais e têm origem numa camada fina e porosa de queratina. Os verdes resultam do acréscimo de pigmento amarelo ao azul estrutural. As cores iridescentes têm origem na estrutura laminada das bárbulas e são realçadas pelos depósitos de melanina.[12]
A plumagem das aves muda regularmente. Geralmente a muda é anual, embora em algumas espécies se observem duas mudas, uma antes da época de reprodução e outra depois, podendo ocorrer variações entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie.[28] As maiores aves de rapina podem mudar de plumagem apenas uma vez em vários anos. As características da muda variam entre espécies. Em passeriformes, as penas de voo são substituídas uma de cada vez, sendo as primárias da face inferior substituídas primeiro. Após a substituição da quinta ou sexta primária, começam a cair as terciárias exteriores, seguidas pelas secundárias e pelas outras penas. As grandes coberturas primárias são substituídas ao mesmo tempo das primárias que cobrem. Este processo denomina-se muda centrífuga.[29] Por outro lado, um pequeno número de espécies, entre as quais os patos e os gansos, perdem todas as penas de voo de uma única vez, ficando temporariamente incapazes de voar.[30] Regra geral, a muda das penas da cauda segue o mesmo padrão da das asas, do interior para o exterior.[29] No entanto, nos Phasianidae verifica-se muda centrípeta (de fora para o centro),[31] enquanto que na cauda dos pica-paus e das trepadeiras a muda começa no segundo par mais interior e acaba no par central de penas, de modo a que a ave possa continuar a trepar.[29][32]
As escamas das aves encontram-se principalmente nos dedos e no metatarso, embora em algumas aves estejam presentes acima do tornozelo. À semelhança dos bicos, garras e espigões, são constituídas por queratina. A maior parte das escamas não se sobrepõe de forma significativa, exceto nos casos do guarda-rios e do pica-pau. Pensa-se que as escamas das aves sejam homólogas às dos répteis e dos mamíferos.[33]
Bico
[editar | editar código-fonte]Embora o tamanho e a forma do bico das aves varie significativamente de espécie para espécie, a sua estrutura é idêntica. Todos os bicos são constituídos por duas mandíbulas, superior e inferior. A mandíbula superior está apoiada num osso denominado intermaxilar, cujas ligações permitem que a mandíbula seja flexível e se mova para cima e para baixo. A mandíbula inferior está apoiada num osso denominado osso maxilar inferior.[34]
A superfície exterior do bico é constituída por uma camada fina de queratina, denominada ranfoteca.[34] Entre a ranfoteca e as camadas mais profundas da derme existe uma camada vascularizada ligada diretamente aos ossos do bico.[35] A ranfoteca forma-se nas células na base de cada mandíbula[36] e cresce continuamente na maior parte das aves, enquanto em algumas espécies muda de cor conforme a estação.[37]
As bordas cortantes do bico são denominadas tomia.[38] Na maior parte das espécies, as bordas variam entre arredondadas e ligeiramente afiadas, embora algumas espécies tenham desenvolvido modificações estruturais que lhes permitem manusear melhor a sua fonte de alimentação.[39] Por exemplo, as aves granívoras têm bordas serrilhadas que lhes permitem quebrar a casca de sementes.[40] A maior parte dos falcões e alguns papagaios omnívoros apresentam uma projeção na mandíbula superior, de modo a atingir mortalmente as vértebras das presas ou a dilacerar insetos.[41] Algumas espécies que se alimentam de peixe, como os mergansos, têm bicos serrilhados que mantêm preso o peixe escorregadio.[42] Cerca de 30 famílias de aves insetívoras apresentam cerdas muito curtas em toda a mandíbula que aumentam a fricção e lhes permitem segurar insetos de carapaça dura.[43]
Visão e audição
[editar | editar código-fonte]A visão das aves é geralmente bastante desenvolvida. As aves marinhas apresentam lentes flexíveis, o que lhes permite ver claramente tanto no ar como dentro de água.[22] Algumas espécies têm dupla fóvea. As aves são tetracromáticas, possuindo cones não só sensíveis à luz verde, vermelha e azul como também à luz ultravioleta.[44] Muitas aves exibem padrões de plumagem refletora ultravioleta que são invisíveis ao olho humano. Algumas aves cujos sexos aparentam ser iguais apresentam, na realidade, padrões diferenciados. Os machos do chapim-azul, por exemplo, têm uma coroa refletora ultravioleta que é exposta durante a corte ao levantar as penas da nuca.[45] A luz ultravioleta é também usada na procura de comida. Alguns falcões procuram presas através da deteção dos rastos de urina dos roedores, que refletem a luz ultravioleta.[46]
As pálpebras das aves não são usadas para pestanejar. Em vez disso, o olho é lubrificado por uma terceira pálpebra que se desloca horizontalmente, denominada membrana nictitante.[47] Esta membrana também cobre o olho e funciona como uma lente de contacto em muitas aves marinhas.[22] A retina das aves tem um sistema irrigatório próprio denominado pécten ocular.[22] A maior parte das aves não consegue mover os olhos, embora haja exceções, como o corvo-marinho-de-faces-brancas.[48] As aves com olhos nas partes laterais da cabeça têm um grande campo visual, enquanto que as aves com olhos na parte da frente da cabeça têm visão binocular e são capazes de estimar a profundidade.[49]
O alcance auditivo das aves é limitado.[12] O ouvido não apresenta pavilhão auditivo externo, embora o orifício seja revestido por penas. Em algumas aves de rapina, como as corujas, mochos ou bufos, estas penas formam tufos que se assemelham a orelhas. O ouvido interno apresenta uma cóclea, mas não em espiral como nos mamíferos.[50]
Sistema respiratório e olfato
[editar | editar código-fonte]As aves têm um dos mais complexos e eficientes sistemas respiratórios de todos os animais.[22] Devido ao elevado ritmo metabólico exigido pelo voo, necessitam de um fornecimento constante de grande quantidade de oxigénio. Embora possuam pulmões, a ventilação é assegurada em grande parte por sacos aéreos ligados aos pulmões, que correspondem a 15% do volume do corpo.[51] Embora as paredes dos sacos aéreos não façam trocas gasosas, têm a função de atuar como foles para fazer circular o ar pelo sistema respiratório.[52] No momento da inalação, apenas 25% do ar inalado vai diretamente para os pulmões; os restantes 75% atravessam os pulmões e passam diretamente para um saco de ar posterior que se estende a partir dos pulmões e está ligado às cavidades de ar nos ossos, as quais preenche com ar. Quando a ave expira, o ar usado sai dos pulmões e o ar fresco do saco de ar posterior é forçado a passar para os pulmões. Desta forma, os pulmões são constantemente fornecidos de ar fresco, quer durante a inalação quer durante a expiração.[53]
Os sons das aves são produzidos na siringe, uma câmara muscular constituída por várias membranas timpânicas que diverge da extremidade inferior da traqueia.[54] Em algumas espécies, a traqueia é alongada, o que aumenta o volume das vocalizações e a perceção do tamanho da ave.[55]
A maior parte das aves tem olfato pouco apurado, embora os quivis,[56] os abutres do Novo Mundo[57] e os procelariformes sejam exceções notáveis.[58] A maior parte das aves apresenta duas narinas externas situadas no bico, geralmente com forma circular, oval ou em corte e ligadas à cavidade nasal no interior do crânio. As espécies da ordem dos procelariformes, como os albatrozes, apresentam narinas encerradas em dois tubos na mandíbula superior. No entanto, outras espécies, como os gansos-patola, não têm narinas externas e respiram pela boca. Embora na maior parte das aves as narinas estejam descobertas, em algumas espécies encontram-se cobertas por penas, como nos corvos e nos pica-paus.[59]
Sistema ósseo
[editar | editar código-fonte]O sistema ósseo das aves é constituído por ossos extremamente leves com cavidades de ar ligadas ao sistema respiratório (ossos pneumáticos).[60] Nos adultos, os ossos do crânio estão fundidos entre si e não apresentam suturas cranianas.[22] As órbitas são de grande dimensão e separadas por um septo nasal. A coluna vertebral divide-se nas vértebras cervicais, torácicas, lombares e caudais. As vértebras cervicais (do pescoço), cujo número varia significativamente entre espécies, são particularmente flexíveis. No entanto, o movimento nas vértebras torácicas é limitado e completamente ausente nas vértebras posteriores.[61] As últimas vértebras encontram-se fundidas com a pelve, formando o sinsacro. As costelas são achatadas. O esterno apresenta uma quilha que sustenta os músculos peitorais envolvidos no voo, embora esteja ausente das aves não voadoras. Os membros anteriores encontram-se modificados na forma de asas.[22][62][63]
Sistema digestivo
[editar | editar código-fonte]O sistema digestivo das aves é constituído por um papo, onde é armazenado o conteúdo digestivo, e uma moela que contém pedras, que as aves engolem para moer os alimentos como forma de compensar a falta de dentes.[64] A maior parte das aves apresenta uma digestão bastante rápida, de modo a não interferir com o voo.[65] Algumas aves migratórias adaptaram-se de modo a usar proteínas de várias partes do corpo como fonte de energia adicional durante a migração.[66] Muitas aves regurgitam egregófitos.[67]
Embora a maior parte das aves necessite de água, as características do seu sistema excretor e a ausência de glândulas sudoríparas fazem com que a quantidade necessária seja reduzida.[68] Algumas aves do deserto conseguem satisfazer a necessidade de água exclusivamente a partir da água contida nos alimentos e são tolerantes ao aumento da temperatura corporal, o que lhes permite evitar despender vapor de água em arrefecimento.[69] As aves marinhas estão adaptadas para beber água salgada do mar, possuindo glândulas de sal na cabeça que eliminam o excesso de sal através das narinas.[70]
A maior parte das aves não consegue realizar movimento de sucção da água, pelo que recolhe a água no bico e inclina a cabeça de modo a permitir que a água escorra pela garganta. No entanto, algumas espécies, principalmente de regiões áridas, conseguem beber água sem necessidade de inclinar a cabeça, como é o caso das famílias dos pombos, estrilídeos, coliiformes, toirões e abetardas.[71] Algumas aves do deserto dependem da presença de fontes de água, como os cortiçois, que se agregam à volta de poços de água durante o dia.[72] Algumas espécies levam água às crias humedecendo as penas, enquanto outras a transportam no papo ou a regurgitam juntamente com a comida. As famílias dos pombos, dos flamingos e dos pinguins produzem para as crias um líquido nutritivo denominado leite de papo.[73]
Sistemas reprodutor e urogenital
[editar | editar código-fonte]Tal como os répteis, as aves são seres uricotélicos; isto é, os seus rins filtram os resíduos nitrogenados da corrente sanguínea e excretam-nos na forma de ácido úrico (em vez de ureia ou amoníaco) ao longo dos uréteres até ao intestino. As aves não têm bexiga nem uretra exterior, pelo que (à exceção das avestruzes) o ácido úrico é expelido em conjunto com as fezes em dejetos semissólidos.[74][75][76] No entanto, algumas aves, como o colibri, podem ser amoniotélicos, excretando a maior parte dos resíduos nitrogenados na forma de amoníaco.[77] Também excretam creatina, em vez de creatinina como os mamíferos.[22] Este material é expulso através da cloaca, em conjunto com os dejetos intestinais.[78][79] A cloaca é um orifício com diversas finalidades. Não só é por aí que são expulsos os dejetos, como a maior parte das aves acasalam juntando as cloacas e é também por aí que as fêmeas depositam os ovos.[67]
Os machos possuem dois testículos internos que durante a época de acasalamento aumentam de tamanho centenas de vezes para produzir esperma.[80] As fêmeas da maior parte das famílias possuem um único ovário funcional (o esquerdo), ligado a um oviduto, embora as de algumas espécies tenham dois ovários funcionais.[81] Os machos dos Palaeognathae (à exceção dos quivis), dos Anseriformes (à exceção dos Anhimidae) e, de forma rudimentar, dos Galliformes (mas totalmente desenvolvido nos Cracidae) possuem um pénis, o qual não se observa nas Neoaves.[82][83] Pensa-se que o comprimento esteja relacionado com a competição espermática.[84] Fora do momento da cópula, encontra-se oculto no interior do proctodeu, um compartimento no interior da cloaca.
Sistema circulatório
[editar | editar código-fonte]O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro câmaras protegido por um pericárdio fibroso. O pericárdio encontra-se preenchido com fluido seroso que o lubrifica.[85] O coração em si está dividido em duas metades, direita e esquerda, cada uma constituída por uma aurícula e um ventrículo. As aurículas e ventrículos de cada lado estão separados entre si por válvulas cardíacas que impedem que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o ritmo cardíaco é mantido pelas células marca-passo do nó sinusal situado na aurícula direita. O coração das aves também apresenta arcos musculares, constituídos por camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o coração das aves é constituído pelas camadas do endocárdio, miocárdio e pericárdio.[85] As paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as paredes ventriculares, devido à intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em comparação com a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior quantidade de sangue de modo a responder às necessidades metabólicas associadas ao voo.[86] As principais artérias que transportam o sangue do coração têm origem no arco aórtico direito, ao contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo que forma esta parte da aorta.[22] A veia cava inferior recebe o sangue dos membros através do sistema venoso portal. Também ao contrário dos mamíferos, os glóbulos vermelhos das aves mantêm o seu núcleo celular.[87]
As aves têm um sistema bastante eficiente de distribuição de oxigénio pelo corpo, uma vez que têm uma superfície de trocas gasosas dez vezes maior do que os mamíferos. Isto faz com que as aves tenham nos vasos capilares mais sangue por unidade de volume dos pulmões do que um mamífero.[86] As artérias das aves são constituídas por músculos elásticos e espessos para resistir à pressão da forte constrição ventricular, que se tornam mais rígidos à medida que se encontram mais afastados do coração. O sangue passa pelas artérias, que sofrem vasoconstrição, em direção às arteríolas, que distribuem o oxigénio e os nutrientes a todos os tecidos do corpo. À medida que as arteríolas se encontram mais afastadas do coração e próximas dos órgãos e dos tecidos, são cada vez mais ramificadas de modo a aumentar a área de superfície e diminuir a intensidade da corrente sanguínea. A partir das arteríolas, o sangue desloca-se para os vasos capilares onde ocorre a troca de oxigénio pelos resíduos de dióxido de carbono. Após a troca gasosa, o sangue desoxigenado passa pelas vénulas e é transportado pelas veias de volta ao coração. Ao contrário das artérias, as veias são finas e rígidas, uma vez que não necessitam de resistir a pressões elevadas.[88]
Defesa e combate
[editar | editar código-fonte]Algumas espécies são capazes de usar defesas químicas contra predadores. Alguns Procellariiformes projetam um óleo estomacal desagradável contra agressores,[89] enquanto algumas espécies de pitohuis da Nova Guiné têm a pele e penas revestidas por uma poderosa neurotoxina.[90] A plumagem de algumas espécies envia sinais intimidatórios a potenciais predadores, como o pavão-do-pará, cujas penas criam a ilusão de um grande predador de modo a afugentar falcões e proteger as crias.[91]
Ocasionalmente, os combates entre espécies resultam em ferimentos ou morte.[92] Os anhimídeos, algumas jaçanãs, o pato-ferrão, o pato-das-torrentes e nove espécies de abibes apresentam um espigão afiado na asa que usam como arma. Os patos-vapor, os cisnes e gansos, as pombas do ártico, os motum e os alcaravões apresentam uma protuberância óssea na álula para esmurrar os oponentes.[92] Algumas jaçanãs apresentam um rádio expandido em forma de lâmina. O extinto ibis jamaicano apresentava um membro anterior alongado que provavelmente funcionava em combate de forma semelhante a um malho. Outras aves, como os cisnes, são capazes de morder ao defender os ovos ou as crias.[92]
Comportamento
[editar | editar código-fonte]A maior parte das aves é diurna, embora algumas aves sejam noctívagas ou crepusculares, como as corujas, e muitas aves limícolas se alimentem de acordo com as marés, seja de dia ou de noite.[93] A socialização entre indivíduos varia imenso de espécie para espécie. Muitas aves de rapina são solitárias, enquanto outras espécies são vincadamente gregárias, atingindo comunidades de milhares de indivíduos. Durante a época de reprodução, muitas espécies defendem um território. Muitos comportamentos das aves são universais e ocorrem invariavelmente em praticamente todas as espécies de aves, como é o caso dos cuidados com as penas, os movimentos de distensão das pernas, asas ou caudas, os banhos de água e poeira, ou o movimento que sacode o corpo.[12]
Alimentação
[editar | editar código-fonte]As dietas das aves são bastante variadas, podendo incluir néctar, frutas, plantas, sementes, carcaças e vários animais de menor dimensão, incluindo outras aves.[22] Uma vez que as aves não têm dentes, o seu sistema digestivo encontra-se adaptado de modo a processar alimentos engolidos inteiros sem mastigar. As aves que usam várias estratégias para adquirir comida ou se alimentam de vários alimentos são denominadas generalistas. As que dedicam tempo e esforço na procura de alimentos específicos são denominadas especialistas.[22] As estratégias de alimentação variam de espécie para espécie. Muitas aves simplesmente recolhem insetos, invertebrados, fruta ou sementes. Algumas caçam, surpreendendo insetos com ataques súbitos a partir de ramos de árvores.[94]
As aves que se alimentam do néctar das flores, como os beija-flores, apresentam línguas longas e especialmente adaptadas para a recolha do néctar e, em muitos casos, os próprios bicos foram se adaptando de forma a encaixar em determinadas flores – fenómeno denominado coevolução.[95] Os quivís e as aves limícolas têm bicos longos que lhes permitem vasculhar o terreno à procura de pequenos invertebrados. Os diferentes comprimentos do bico e diferentes métodos de procura fazem com que as espécies limícolas se encontrem muitas vezes em nichos ecológicos distintos.[22][96] Algumas espécies, como as mobelhas, os zarros, os pinguins ou as tordas, perseguem a presa debaixo de água, usando as asas e as patas como meio de propulsão.[15] Os predadores aéreos, como os sulídeos, os guarda-rios ou as andorinhas-do-mar, mergulham em queda livre atrás das presas. Os flamingos, três espécies de priões e alguns patos filtram os alimentos da água.[97][98]
Algumas espécies, como as fragatas, gaivotas[99] ou os moleiros[100] praticam cleptoparasitismo, roubando comida de outras aves. No entanto, pensa-se que o cleptoparasitismo seja apenas um complemento à comida obtida através da caça, e não a principal fonte de alimentação.[101] Outras espécies são necrófagas. Entre estas, algumas, como os abutres, são especializadas no consumo de carcaças, enquanto outras, como as gaivotas, corvídeos ou determinadas aves de rapina, são oportunistas.[102]
Cuidados com as penas
[editar | editar código-fonte]As penas exigem manutenção constante. Para além do desgaste físico, as penas são atacadas por fungos, parasitas e piolhos.[103] As aves conservam as penas com a limpeza, aplicação de secreções protetoras e banhos de água ou pó. Enquanto algumas aves apenas se banham em água rasa, como bebedouros ou fontes, outras mergulham em águas profundas e algumas espécies arbustivas aproveitam a água da chuva que se acumula nas folhas. As aves de regiões áridas usam o solo para tomar banhos de poeira. Algumas espécies encorajam formigas a percorrer as penas, reduzindo o número de ectoparasitas. Muitas espécies abrem frequentemente as asas expondo-as à luz direta do sol, o que diminui o número de parasitas e previne o aparecimento de fungos. Algumas aves esfregam as formigas nas penas, o que faz com que libertem ácido fórmico que mata alguns parasitas.[104][105][106]
As aves limpam, alisam e tratam das penas todos os dias, despendendo neste processo cerca de 9% das horas de atividade.[107] O bico é usado para escovar partículas estranhas e para aplicar secreções de uma substância oleosa produzida pela glândula uropigial que mantém as penas flexíveis e atua como agente antimicrobiótico que impede o crescimento de bactérias que degradam as penas.[108]
Migração
[editar | editar código-fonte]Muitas espécies de aves migram de forma a tirar partido das diferenças sazonais de temperatura que influenciam a disponibilidade de fontes alimentares e dos habitats de reprodução. Estas migrações variam significativamente entre diferentes grupos. Muitas aves terrestres, aves limícolas e aves marinhas realizam migrações anuais ao longo de grandes distâncias, geralmente iniciadas com a mudança do tempo ou da quantidade das horas de luz. Estas aves geralmente alternam entre uma época de reprodução passada nas regiões de clima temperado ou polar e outra época não reprodutiva passada em regiões tropicais ou no hemisfério oposto. Antes da migração, as aves aumentam substancialmente as reservas de gordura corporal e diminuem o tamanho de alguns dos seus órgãos.[66][109] A migração exige uma elevada quantidade de energia, sobretudo quando as aves atravessam desertos e oceanos sem se poder reabastecer. As aves terrestres têm um alcance de voo de cerca de 2 500 km e as aves costeiras até 4 000 km,[110] embora o fuselo seja capaz de voar 10 200 km sem paragens.[111] Algumas aves marinhas realizam também grandes migrações, a mais longa das quais é realizada pela pardela-preta, que nidifica na Nova Zelândia e no Chile e durante o verão se alimenta no Pacífico norte ao largo do Japão, do Alasca e da Califórnia, viajando por ano 64 000 km.[112] Outras aves marinhas dispersam-se após a reprodução, viajando significativamente sem uma rota de migração fixa. Por exemplo, os albatrozes que nidificam no Oceano Austral realizam viagens circumpolares entre as épocas de acasalamento.[113]
Outras espécies realizam migrações mais curtas, viajando apenas o que for necessário para evitar o mau tempo ou obter comida. As espécies irruptivas, como os fringilídeos boreais, são um desses grupos, sendo possível que num ano permaneçam em determinado local e no seguinte não. Este tipo de migração está normalmente associado à disponibilidade de comida.[114] Algumas espécies podem também viajar apenas dentro da sua área de distribuição, neste caso migrando os indivíduos de maiores latitudes para os locais da sua espécie a menores latitudes. Outras ainda realizam apenas migrações parciais, em que migra apenas uma parte da população, geralmente as fêmeas e os machos subdominantes.[115] Em algumas regiões, as migrações parciais podem representar uma parte significativa dos movimentos migratórios. Na Austrália, por exemplo, 44% dos não passeriformes e 32% dos passeriformes realizam apenas migrações parciais.[116] A migração altitudinal é uma forma de migração de curta distância em que as aves passam a época de reprodução nas altitudes mais elevadas e em condições menos favoráveis migram para zonas mais baixas. Este tipo de migração é desencadeado por alterações na temperatura e quando o território normal se torna inóspito devido à falta de comida.[117] Outras espécies são nómadas, não tendo um território definido e deslocando-se de acordo com o tempo e a disponibilidade de comida.[118]
As aves têm a capacidade de regressar exatamente à mesma localização de onde partiram, mesmo após percorrerem grandes distâncias.[119] Durante a migração, as aves navegam através de diversos métodos. Os migrantes diurnos orientam-se pelo Sol durante o dia e pelas estrelas durante a noite. As que usam o sol compensam a deslocação do astro usando um relógio interno,[22] enquanto que a orientação pelas estrelas depende da posição das constelações que circundam a estrela polar.[120] Para além disto, algumas espécies têm a capacidade de sentir o geomagnetismo terrestre através de fotorrecetores especiais.[121]
Comunicação
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As aves comunicam principalmente através de sinais visuais e auditivos. Muitas espécies usam a plumagem para procurar ou reafirmar o estatuo social,[122] para mostrar que se encontram na época de acasalamento ou para enviar sinais intimidatórios aos predadores.[91] As variações na plumagem também permitem identificar as aves e diferenciar espécies. Os rituais de exibição fazem também parte da comunicação visual entre as aves, podendo ser usados para demonstrar agressão, submissão ou como forma de criar laços entre indivíduos.[22] Os rituais mais sofisticados ocorrem durante o cortejo sexual e são acompanhados por danças de movimentos complexos.[123] O êxito do macho em acasalar pode depender da qualidade destes rituais.[124]
Os cantos e chamamentos são o principal meio de comunicação sonoro das aves e podem ser bastante complexos. Os sons são produzidos na siringe. Algumas espécies conseguem usar os dois lados da siringe de forma independente, o que lhes permite produzir dois sons diferentes em simultâneo.[54] Os chamamentos são usados para as mais diversas finalidades, entre as quais a atração do macho durante a época de reprodução,[22] a avaliação de potenciais parceiros,[125] a criação de laços afetivos, a reivindicação e manutenção territorial[22] e identificação de outros indivíduos (como quando os progenitores procuram as crias nas colónias ou quando os parceiros se reúnem no início da época de reprodução),[126] e aviso às outras aves de potenciais predadores, por vezes com informação específica sobre a natureza da ameaça.[127] Algumas espécies também usam sons mecânicos para comunicar. As narcejas neo-zelandesas produzem sons fazendo o ar circular por entre as penas,[128] os pica-paus tamboreiam de forma territorial[65] e as cacatuas-das-palmeiras usam instrumentos de percussão.[129]
Comportamento de grupo
[editar | editar código-fonte]Enquanto algumas aves são essencialmente territoriais ou vivem em pequenos grupos familiares, outras aves formam bandos de grande dimensão. Os principais benefícios dos bandos são a segurança pelo número e a maior eficácia na procura de comida.[22] A defesa contra eventuais predadores é especialmente relevante em habitats fechados, como nas florestas, em que é a predação por emboscada é comum e um grupo grande aumenta a vigilância. Existem também bandos dedicados à procura de comida que juntam várias espécies que, embora ofereçam segurança, também aumentam a competição pelos recursos.[131]
No entanto, o agrupamento em bando também potência o assédio, a dominância de algumas aves em relação a outras e, em alguns casos, uma diminuição na eficácia da procura por comida.[132]
As aves por vezes também formam associações com espécies não aviárias. Algumas aves marinhas que caçam por mergulho associam-se a golfinhos e atuns que empurram os cardumes de peixe em direção à superfície.[133] Os calaus têm uma relação mutualista com os mangustos-anão, na qual caçam em conjunto e avisam-se entre si em relação a aves de rapina e outros predadores.[134]
Repouso e empoleiramento
[editar | editar código-fonte]O elevado metabolismo das aves durante a parte ativa do dia é compensado pelo repouso no restante tempo. Ao dormir, as aves incorrem num tipo de sono denominado "sono de vigília", em que os períodos de descanso são intercalados com rápidas "espreitadelas" de olhos abertos, o que lhes permite aperceber de eventuais distúrbios e rapidamente escapar de ameaças.[135] Tem sido sugerido que possa haver determinados tipos de sono que são possíveis até mesmo durante o voo.[136] Por exemplo, acredita-se que os andorinhões sejam capazes de dormir em pleno voo, e as observações de radar sugerem que se orientam na direção do vento durante o sono.[137] Algumas aves têm também demonstrado a capacidade de ter de forma alternada apenas um dos hemisférios cerebrais em sono profundo, o que permite ao olho oposto ao hemisfério que está a dormir continuar vigilante. As aves tendem a exercer esta capacidade quando estão nas orlas dos bandos.[138] O empoleiramento comunitário é comum, uma vez que diminui a perda de calor corporal e diminui os riscos associados com os predadores.[139] Os locais de poleiro são geralmente escolhidos tendo em conta a segurança e regulação de calor.[140]
Durante o sono, muitas aves dobram a cabeça e o pescoço sobre as costas e enfiam o bico nas penas do dorso, enquanto outras o fazem nas penas do peito. Muitas aves descansam apoiadas apenas numa perna, enquanto algumas puxam as pernas para baixo das penas, especialmente no inverno. Os pássaros apresentam um mecanismo que bloqueia o tendão que os ajuda a manterem-se no poleiro enquanto dormem. Muitas aves que vivem junto ao solo, como as codornizes e os faisões, empoleiram-se nas árvores. Alguns papagaios do género Loriculus empoleiram-se de cabeça para baixo.[141] Mais de uma centena de espécies, como o colibri ou noitibó, descansam num estado de torpor acompanhado de uma diminuição do metabolismo.[142] Uma espécie, o noitibó-de-nuttall, chega a entrar num estado de hibernação.[143]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]As aves têm dois sexos: macho e fêmea. O sexo das aves é determinado pelos cromossomas Z e W, em vez dos cromossomas X e Y presentes nos mamíferos. Os machos têm dois cromossomas Z (ZZ) e as fêmeas um cromossoma W e um Z (WZ).[22]
Acasalamento
[editar | editar código-fonte]As aves apresentam diversos comportamentos de acasalamento, estando identificados muitos tipos de seleção sexual entre as aves. Na seleção intersexual é a fêmea que escolhe o parceiro, enquanto na competição intrassexual os indivíduos do sexo mais abundante competem entre si pelo privilégio de acasalar.[144] O acasalamento da maior parte das espécies envolve alguma forma de corte sexual, geralmente por parte do macho.[145] A maior parte dos rituais de acasalamento são bastante simples e envolvem apenas algum tipo de canto. No entanto, alguns são coreografias bastante complexas e, dependendo da espécie, podem incluir dança, bater de asas ou cauda, voos aéreos ou lek comunitário.[144] Após a escolha do parceiro, muitas espécies fazem ofertas de objetos entre os parceiros ou juntam os bicos em sinal de afeto.[65]
Os ornamentos de seleção sexual muitas vezes evoluem para se tornar mais pronunciados em situações de competição, até ao ponto em que começam a limitar a agilidade do indivíduo. O elevado custo dos comportamentos e ornamentos sexuais exagerados assegura que apenas os indivíduos de melhor qualidade os conseguem apresentar.[146] A cauda do pavão é provavelmente o exemplo mais conhecido de um ornamento sexual em aves. Os dimorfismos sexuais, como a diferença de tamanho e de cor, são bastante comuns entre as aves e um indicador de forte competição reprodutiva.[147]
Noventa e cinco por cento das espécies de aves são socialmente monógamas. Os casais destas espécies estão juntos pelo menos durante uma época de reprodução ou, em alguns casos, durante vários anos ou até à morte de um dos parceiros.[148] A monogamia permite que o pai também cuide das crias, o que é fundamental nas espécies em que as fêmeas necessitam da assistência dos machos durante a incubação.[149] No entanto, entre as muitas espécies monógamas a infidelidade é comum.[150] Este comportamento verifica-se geralmente entre os machos dominantes e as fêmeas de machos subordinados, embora possa também ser o resultado de cópula forçada em patos e outros anatídeos.[151] As fêmeas das aves têm mecanismos de armazenamento de esperma que permitem que o esperma do macho se mantenha viável durante bastante tempo depois da cópula, chegando a 100 dias em algumas espécies,[152] e que haja competição entre o esperma de vários machos. Para as fêmeas, entre os possíveis benefícios da cópula entrapar está a possibilidade de melhores genes para a prole e garantia contra uma eventual infertilidade do parceiro.[153] Os machos das espécies que praticam cópula extra-par vigiam de perto a companheira de modo a garantir a paternidade da prole que criam.[154] Nos restantes 5% de espécies verificam-se vários sistemas de acasalamento, incluindo poliginia, poliandria, poligamia, poliginandria e promiscuidade. O acasalamento polígamo ocorre quando as fêmeas são capazes de criar a prole sem a ajuda dos machos.[22] Foi também observado comportamento homossexual em machos ou fêmeas de várias espécies de aves, incluindo cópula, formação de pares e nos cuidados com as crias.[155]
Territórios, nidificação e incubação
[editar | editar código-fonte]Durante a época de reprodução, muitas aves defendem ativamente um território de outros indivíduos da mesma espécie, assegurando assim fontes de comida para as suas crias. As espécies que não são territoriais, como as aves marinhas ou os andorinhões, geralmente reproduzem-se em colónias que oferecem proteção contra predadores. As aves coloniais defendem apenas o ninho, embora a competição pelos melhores locais para construir o ninho possa ser intensa.[156]
As aves geralmente põem os ovos num ninho. A maior parte das espécies constrói ninhos bastante elaborados, que podem ser em forma de chávena, de prato, em montículo ou dentro de uma toca.[157] No entanto, alguns ninhos são extremamente primitivos. O ninho do albatroz, por exemplo, pouco mais é do que alguma terra e ramos secos no chão. A maior parte das aves constrói ninhos em locais abrigados ou escondidos para evitar predadores, embora as aves coloniais ou de grande dimensão, que têm maior capacidade de defesa, possam construir ninhos abertos. Os materiais de construção do ninho variam imenso, incluindo pequenas pedras, lama, ervas, galhos, folhas, algas e fibras de plantas, sendo usados tanto isoladamente como em conjunto. Algumas aves procuram também materiais de origem animal, como penas, pelo de cavalos ou pele de cobras. Os materiais podem ser entrançados, cosidos ou unidos com lama.[12] Algumas espécies procuram plantas com determinadas toxinas que impedem a propagação de parasitas, de modo a aumentar a sobrevivência das crias,[158] e penas, que oferecem isolamento térmico.[157] Algumas espécies não fazem ninho; por exemplo, o airo põe os ovos na rocha nua e os pinguins-imperador mantêm os ovos entre o corpo e as patas.[159]
Todas as aves põem ovos amnióticos de casca dura, constituída principalmente por carbonato de cálcio.[22] O número de ovos postos em cada ninhada varia entre 1 e cerca de 20, dependendo da espécie. Algumas espécies põem invariavelmente o mesmo número de ovos por ninhada, embora a maioria das aves ponha um número variável. O número de ovos tende a ser menor nas espécies de regiões tropicais do que nas de regiões mais frias.[12] As espécies que constroem o ninho enterrado ou em buracos tendem a pôr ovos brancos ou claros, enquanto as espécies de ninho aberto põem ovos camuflados. No entanto, existem muitas exceções a este padrão; por exemplo, os noitibós, que colocam os ovos no chão, têm ovos claros e a camuflagem é oferecida pelas próprias penas. As espécies que são vítimas de parasitas de ninhada têm ovos de várias cores de modo a aumentar a probabilidade de detetar o ovo de um parasita, o que obriga as fêmeas parasitas a fazer corresponder os seus ovos com os dos seus hospedeiros.[160]
Antes da nidificação, as fêmeas de muitas espécies desenvolvem uma placa de incubação, perdendo penas no abdómen. A pele desta região é bastante irrigada com vasos sanguíneos, o que ajuda a ave durante a Incubação.[161] A incubação dos ovos tem início após a postura do último ovo e tem como finalidade normalizar a temperatura de desenvolvimento da cria.[22] Em espécies monogâmicas a tarefa de incubação é geralmente partilhada entre o casal, enquanto que nas espécies polígamas só um dos progenitores é responsável pela incubação. O calor dos progenitores passa para o ovo através das placas de incubação – áreas de pele no abdómen ou peito das aves, ricas em vasos sanguíneos. A incubação pode ser um processo exigente em termos energéticos; por exemplo, um albatroz adulto chega a perder 83 g de peso por dia durante a incubação.[162] No entanto, os megápodes aquecem os ovos com energia do sol, da decomposição orgânica ou aproveitando a energia geotérmica.[163] Os períodos de incubação variam entre os 10 dias (nos pica-paus, cucos e passeriformes) e os 80 dias (em albatrozes e quivís).[22]
Cuidados parentais e crias
[editar | editar código-fonte]No momento da eclosão dos ovos, dependendo da espécie, as crias apresentam vários estádios de desenvolvimento, desde completamente indefesas até perfeitamente independentes. As crias indefesas são denominadas altriciais e tendem a nascer pequenas, cegas, imóveis e ainda sem penas. As crias que nascem já com autonomia, mobilidade e penas são denominadas precociais ou nidífugas. As crias altriciais necessitam de ajuda para regular a temperatura do corpo e são cuidadas durante mais tempo do que as precociais. As crias que não se enquadram nestes extremos podem ser semiprecociais ou semialtriciais.[164]
A natureza e duração dos cuidados parentais variam significativamente entre as diferentes ordens e espécies. Num dos extremos, os cuidados parentais nos megápodes terminam no momento da eclosão. As crias saem do ovo e escavam sozinhas o caminho para fora do montículo que serve de ninho, começando imediatamente a alimentar-se por si mesmas.[165] No outro extremo, muitas aves marinhas prestam cuidados parentais ao longo de um grande período de tempo. O mais longo é o da fragata-grande, cujas crias levam seis meses até estarem prontas a voar e são alimentadas pelos progenitores ainda por mais 14 meses.[166] O período de guarda é o período imediatamente a seguir à eclosão, em que um dos adultos está permanentemente presente no ninho. O propósito principal deste período é ajudar as crias a regular a temperatura e protegê-las dos predadores.[167]
Em muitas espécies, são ambos os progenitores que cuidam das crias. Noutras, os cuidados são da responsabilidade de apenas um dos sexos. Em algumas espécies, outros membros da mesma espécie ajudam a criar a prole, geralmente parentes próximos do casal, como um descendente de uma ninhada anterior.[168] Este comportamento é particularmente comum entre os corvídeos,[169] embora tenha também sido observado em espécies tão diversas como a carriça-da-nova-zelândia ou o milhafre-real. Embora na maioria dos animais sejam raros os cuidados parentais por parte do macho, nas aves são bastante comuns e mais do que em qualquer outra classe de vertebrados.[22] Embora a defesa do território, do ninho, a incubação e a alimentação das crias sejam geralmente tarefas partilhadas entre o casal, por vezes verifica-se uma divisão do trabalho, em que um dos parceiros realiza toda ou grande parte de determinada tarefa.[170]
O momento em que as penas e os músculos das crias estão suficientemente desenvolvidos para permitir voar varia de forma muito significativa. As crias das tordas abandonam o ninho na noite imediatamente a seguir à eclosão dos ovos, seguindo os progenitores em direção ao mar, onde são criados fora do alcance de predadores terrestres.[171] Mas na maior parte das espécies as crias abandonam o ninho imediatamente antes ou pouco depois de serem capazes de voar. O período de cuidados parentais após as crias conseguirem voar varia. Por exemplo, enquanto as crias de albatroz abandonam o ninho por elas próprias e não recebem mais ajuda, outras espécies continuam a alimentar as crias.[172] As crias de algumas espécies migratórias seguem os pais ao longo da sua primeira migração.[173]
Parasitismo de ninhada
[editar | editar código-fonte]O parasitismo de ninhada, ou nidoparasitismo, descreve o comportamento de algumas espécies que põem os ovos nas ninhadas de outras espécies. Este comportamento é mais comum entre aves em comparação com outros animais.[174] Após a ave parasita ter posto os ovos no ninho de outra ave, esses ovos são muitas vezes aceites e cuidados pelo hospedeiro e com prejuízo para a sua própria ninhada. Os nidoparasitas dividem-se entre os que o fazem por necessidade, uma vez que são incapazes de criar as suas próprias crias, e os ocasionais, que apesar de serem capazes de criar a prole põem ovos em ninhos de espécies coespecíficas para aumentar a sua capacidade reprodutora.[175] Entre os parasitas ocasionais estão mais de cem espécies de aves, incluindo espécies das famílias Indicatoridae, Icteridae e o pato-de-cabeça-preta, embora o exemplo mais conhecido sejam os cucos.[174] Algumas crias de nidoparasitas eclodem antes das crias dos hospedeiros, o que lhes permite destruir os ovos, empurrando-os para fora do ninho ou matando as crias. Isto assegura que toda a comida levada para o ninho servirá para alimentar as crias dos nidoparasitas.[176]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]As aves ocupam uma ampla variedade de posições ecológicas.[130] Enquanto algumas aves são generalistas, outras são especializadas em relação ao habitat ou à alimentação. Mesmo num único habitat, como por exemplo numa floresta, os nichos ecológicos ocupados pelas diferentes espécies variam. Enquanto algumas espécies vivem no dossel florestal, outras vivem nos estratos intermédios e outras ainda junto ao solo. Cada um destes grupos pode conter aves insetívoras, frugívoras e nectarívoras. As aves aquáticas geralmente alimentam-se da pesca, de plantas ou por cleptoparasitismo. As aves de rapina especializam-se na caça de pequenos mamíferos ou outras aves, enquanto os abutres são necrófagos especializados.[177] Alguns nectarívoros são polinizadores importantes e muitos frugívoros são essenciais para a dispersão de sementes.[178] As plantas e as aves polinizadoras muitas vezes coevoluem,[179] e, em alguns casos, o principal polinizador de determinada flor é a única espécie de ave capaz de alcançar o seu néctar.[180]
As aves são particularmente importantes para a ecologia das ilhas. Tendo sido capazes de migrar para ilhas às quais os mamíferos não conseguiram chegar, as aves podem desempenhar papéis ecológicos que nos continentes são geralmente realizados por animais de maior porte. Por exemplo, as extintas moas tiveram de tal forma impacto no ecossistema da Nova Zelândia, assim como têm o kereru ou o kokako na atualidade,[178] pelo que ainda hoje as plantas da ilha mantêm as adaptações defensivas que as protegiam das moas.[181] Durante a nidação, as aves marinhas também afetam significativamente a ecologia das ilhas e do mar envolvente, principalmente devido à concentração de grandes quantidades de guano que enriquece o solo da região.[182][183]
Relação com o ser humano
[editar | editar código-fonte]Algumas aves têm bastante visibilidade e são animais comuns com os quais o ser humano tem uma estreita relação desde o início da Humanidade.[184] Em alguns casos, estas relações são mutualistas, como na recolha de mel conjunta entre os Indicatoridae e alguns povos africanos, como os Boranas.[185] Noutros casos, as relações podem ser comensais, como o benefício que o pardal-doméstico tira das atividades humanas.[186] No entanto, as aves podem também ser vetores que propagam ao longo de grandes distâncias doenças como a ornitose, salmonelose, campilobacteriose, micobacteriose (tuberculose aviária), gripe das aves, giardiose ou criptosporidíase. Algumas destas são doenças zoonóticas que podem também ser transmitidas para os seres humanos.[187]
Importância económica
[editar | editar código-fonte]As aves de criação são a principal fonte de proteínas animais consumida pelo ser humano. Em 2003, foram consumidos 76 milhões de toneladas de aves de criação e produzidas 61 milhões de toneladas de ovos em todo o mundo.[188] Os frangos representam a maior parte do consumo de aves, embora o peru, o pato e os gansos domesticados sejam também comuns. Muitas espécies de aves são também caçadas para comida. A caça de aves é essencialmente uma atividade recreativa, exceto em regiões bastante subdesenvolvidas. As aves de caça mais comuns são os patos selvagens, faisões, perus selvagens, perdizes, pombos, tetrazes, maçaricos e galinholas.[189] Embora alguma caça possa ser sustentável, a caça no geral tem provocado a extinção ou colocado em risco dezenas de espécies.[190] Entre os outros produtos avícolas com valor comercial estão as penas, especialmente as dos gansos e patos, que são usadas como isolamento em casacos e na roupa de cama, e o guano (fezes de aves marinhas), que é uma fonte valiosa de fósforo e nitrogénio. A Guerra do Pacífico foi travada devido em parte ao controlo dos depósitos de guano.[191]
As espécies que se alimentam de pragas são muitas vezes usadas em programas de controlo biológico.[94] Por outro lado, algumas espécies tornaram-se elas próprias pragas agrícolas de elevado custo económico,[192] enquanto outras constituem riscos para a aviação.[193]
As aves são domesticadas pelo ser humano, não só como animais de estimação mas também para efeitos utilitários. Muitas aves com cores exóticas, como os papagaios ou as araras, são criadas em cativeiro ou vendidas como animais de companhia. No entanto, isto também tem feito crescer o tráfico ilegal de várias espécies ameaçadas.[194] A falcoaria e a pesca com a assistência de corvos marinhos são tradições milenares. Os pombos-correio, usados pelo menos desde o século I, foram essenciais nas comunicações até à II Guerra Mundial, No entanto, hoje em dia estas atividades são mais comuns como passatempo ou atração turística.[195] Existem milhões de entusiastas amadores que apreciam a observação de aves, ou birdwatching, uma vertente significativa do ecoturismo.[196] Muitos proprietários constroem alimentadores de pássaros perto de casa para atrair várias espécies.[197]
Religião, folclore e cultura
[editar | editar código-fonte]As aves têm um papel de relevo no folclore, na religião e na cultura popular e vários dos seus atributos, reais ou imaginários, são usados de forma simbólica na arte e na literatura.[12][198] Desde as gravuras rupestres da época pré-histórica que são um motivo frequente de representação artística e, o longo dos séculos, foram usadas como motivo nas mais diversas formas de arte sacra ou simbólica, como por exemplo o Trono do Pavão dos imperadores mogois e persas.[199] As Fábulas de Esopo contêm várias personificações de aves. Os fisiólogos e os bestiários medievais contêm lições de moral que usam as aves como símbolos para transmitir ideias.[12] O tema central do Conto do Velho Marinheiro, de S. T. Coleridge, é a relação entre um albatroz e um marinheiro.[200] Algumas metáforas na linguagem têm origem no comportamento das aves, como a associação de investidores ou fundos predatórios aos abutres necrófagos.[201] As aves são também um tema importante na poesia. Homero escreveu sobre os rouxinóis na Odisseia, enquanto Cátulo usou um pardal como símbolo erótico nos seus poemas.[202]
Na religião, as aves são muitas vezes associadas a mensageiros, sacerdotes ou líderes de determinada divindade. No Cristianismo, as aves simbolizam a transcendência da alma e, na iconografia medieval, uma ave envolta em folhas simbolizava a alma envolvida pelo materialismo do mundo secular.[12] Na mitologia nórdica, Hugin e Munin são dois corvos que deram a volta ao mundo para trazer notícias ao deus Odin. Em várias civilizações da Antiguidade italiana, principalmente na mitologia etrusca e na religião romana, os sacerdotes praticavam auguria, interpretando as palavras das aves, enquanto o auspex[nota 2] as usava para fazer previsões sobre o futuro.[203] As aves podem também servir como símbolos religiosos, como no caso de Jonas (hebraico: יוֹנָה, pomba), que simbolizava o medo, passividade, pesar e beleza tradicionalmente associados às pombas.[204] As próprias aves são muitas vezes deificadas, como no caso do pavão-comum, que os Dravidianos vêm como a Terra-Mãe.[205] Algumas aves são também vistas como monstros, incluindo o mitológico Roc e o lendário Poukai, uma ave gigante que para os Maoris é capaz de raptar seres humanos.[206]
Os maias e os Astecas veneravam o quetzal-resplandecente, que hoje em dia dá nome à moeda da Guatemala e é um motivo popular na arte, tecidos e joalharia. As águias são símbolo de poder e prestígio em muitas partes do mundo, incluindo na Europa, onde são frequentemente motivos heráldicos. Os povos nativos norte-americanos usavam frequentemente penas de águia em rituais religiosos, como ornamento pessoal e eram oferecidas aos convidados como símbolo de paz e amizade.[12] No culto do Makemake os tangata manu (homens-pássaro) da ilha de Páscoa eram nomeados líderes.[207] Os povos indígenas dos Andes contam lendas de pássaros que atravessam mundos metafísicos. Em imagens religiosas dos impérios Inca e Tiwanaku, as aves são representadas a transgredir a fronteira entre o reino terrestre e o reino espiritual subterrâneo.[208][209]
As percepções culturais sobre diversas espécies de aves são muitas vezes diferentes de cultura para cultura. Por exemplo, enquanto em África e na mitologia norte-americana as corujas são associadas a má sorte, bruxaria e morte,[210] na Europa são vistas como sábias.[211] As poupas, consideradas sagradas no Antigo Egito e símbolo de virtude na Pérsia, são no entanto vistas como ladras em grande parte da Europa e como presságio de guerra na Escandinávia.[212]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Embora a presença humana tenha facilitado a expansão de algumas espécies, como a andorinha-das-chaminés ou o estorninho-comum, foi também a causa da extinção ou diminuição da população de muitas outras espécies. Embora em tempos históricos tenham sido extintas mais de cem espécies de aves,[213] a mais dramática das extinções de aves causadas pelo ser humano, que erradicou entre 750 e 1 800 espécies, ocorreu durante a colonização humana das ilhas da Melanésia, Polinésia e Micronésia.[214] Muitas populações de aves em todo o mundo encontram-se em declínio, com 1 375 espécies listadas como ameaçadas pela BirdLife International e pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais em 2015.[215]
A ameaça humana às aves mais comum é a destruição dos habitats.[216] Entre as outras ameaças estão a caça em excesso, mortalidade acidental devido a colisões aéreas ou captura acessória na pesca,[217] poluição (incluindo marés negras e uso de pesticidas),[218][219] e competição e predação de espécies invasoras.[220] Os governos e os conservacionistas trabalham em conjunto para proteger as aves, criando legislação que promova a conservação ou o restauro dos habitats ou criando populações de cativeiro para futura reintrodução nos habitats. Um estudo estimou que o esforço de conservação salvou da extinção 16 espécies de aves entre 1994 e 2004, como o condor-da-califórnia ou o periquito-de-Norfolk.[221]
Evolução e classificação
[editar | editar código-fonte]A primeira classificação taxonómica das aves foi publicada por Francis Willughby e John Ray em 1676 no volume Ornithologiae.[222] Em 1758, Carolus Linnaeus modificou essa classificação para o sistema de classificação taxonómica em uso na atualidade.[223] No Sistema de Linné, as aves estão categorizadas na classe homónima das Aves. A classificação filogenética coloca as aves no clado dos dinossauros terópodes.[224] As Aves, bem como o grupo relacionado do clado Crocodilia, são os únicos representantes vivos do clado réptil dos Archosauria. Em termos filogenéticos, as Aves são geralmente definidas como todos os descendentes do ancestral comum mais recente das aves modernas e do Archaeopteryx lithographica.[225] Segundo esta definição, a ave mais antiga que se conhece é o Archaeopteryx, que viveu na idade do Kimmeridgiano do Jurássico Superior, há 155-150 milhões de anos.[226]
No entanto, outros paleontólogos, entre os quais Jacques Gauthier e os aderentes do sistema PhyloCode, definiram Aves de modo a incluir apenas os grupos de aves modernas, excluindo a maior parte dos grupos conhecidos apenas a partir de fósseis, os quais atribuíram ao grupo Avialae.[226] Segundo esta definição, o Archaeopteryx é um membro dos Avialae, e não das Aves. As propostas de Gauthier têm sido adotadas por muitos investigadores no campo da paleontologia e evolução das aves, embora as definições aplicadas não tenham sido consistentes. O clado Avialae, inicialmente proposto para substituir o conteúdo fóssil do grupo das Aves, é muitas vezes usado por estes investigadores como sinónimo do termo vernacular "ave".[227]
Dinossauros e a origem das aves
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Cladograma segundo o estudo filogenético de Godefroit et al., 2013.[227] |
Com base em evidências fósseis e biológicas, a maior parte dos cientistas aceita que as aves são um subgrupo especializado dos dinossauros terópodes[228] e, mais especificamente, que são membros dos Maniraptora, um grupo de terópodes que inclui os dromeossaurídeos e os oviraptorídeos, entre outros.[229] À medida que os cientistas foram descobrindo mais terópodes estreitamente relacionados com as aves, a distinção anteriormente clara entre aves e não aves foi se esbatendo. As descobertas recentes na província chinesa de Liaoning de vários dinossauros emplumados terópodes de pequena dimensão vieram contribuir para esta ambiguidade.[230][231][232]
O consenso na paleontologia contemporânea é de que os terópodes voadores, ou Avialae, são os parentes mais próximos dos deinonicossauros, grupo que inclui os dromeossaurídeos e os troodontídeos.[233] Em conjunto, estes formam um grupo designado Paraves. Alguns membros basais deste grupo, como o Microraptor, apresentam características que lhes podem ter permitido planar ou voar. A maior parte dos deinocossauros basais eram muito pequenos. Estas evidências aumentam a possibilidade de que o ancestral de todos os paraves possa ter sido arborícola, ter sido capaz de planar, ou ambos.[234][235] Ao contrário do Archaeopteryx e dos dinossauros emplumados não avianos, que comiam principalmente carne, os estudos mais recentes sugerem que os primeiros avianos eram omnívoros.[236]
O Archaeopteryx, que viveu no Jurássico Superior, foi um dos primeiros fósseis de transição descobertos, tendo sido uma das bases para a teoria da evolução em finais do século XIX. O Archaeopteryx foi o primeiro fóssil a exibir não só características claramente de réptil, como os dentes, garras e uma cauda comprida semelhante a um lagarto, mas também asas com penas adaptadas ao voo semelhantes às das aves modernas. No entanto, não é considerado um ancestral direto das aves, embora esteja possivelmente relacionado com o verdadeiro ancestral.[237]
Evolução inicial
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Cladograma segundo os resultados do estudo filogenético de Lefèvre et al., 2014.[238] |
Os mais antigos fósseis avianos conhecidos são provenientes da Formação de Tiaojishan, na China, e estão datados do estágio Oxfordiano do período Jurássico Superior, há cerca de 160 milhões de anos.[227] As espécies avianas deste período incluem o Anchiornis huxleyi, Xiaotingia zhengi e o Aurornis xui. O aviano mais conhecido, Archaeopteryx, data de rochas jurássicas alemãs ligeiramente posteriores, de há cerca de 155 milhões de anos. Muitos destes primeiros avianos partilhavam entre si características anatómicas invulgares que podem ter sido ancestrais das aves modernas, mas que foram mais tarde perdidas durante a evolução das aves. Estas características incluem uma garra maior no segundo dedo e asas posteriores que cobriam os membros e pés posteriores e que podem ter sido usadas para manobras no ar.[239]
Durante o Cretácico, os avianos diversificaram-se numa ampla variedade de formas.[240] Muitos grupos mantiveram as características primitivas, como as asas com garras e os dentes. Estes últimos acabaram por se perder em vários grupos avianos, incluindo as aves modernas, embora de forma independente entre si. Enquanto os avianos mais antigos, como o Archaeopteryx e o Shenzhouraptor sinensis, mantiveram as caudas ósseas dos seus ancestrais,[240] as caudas de avianos mais avançados foram sendo encurtadas após o aparecimento dos ossos pigóstilos no grupo Pygostylia. No Cretácico superior, há cerca de 95 milhões de anos, o ancestral de todas as aves modernas desenvolveu também o sentido do olfato.[241]
Diversificação inicial dos ancestrais das aves
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Filogenia das aves durante o Mesozoico, simplificada de acordo com a análise filogenética de Wang et al de 2015.[242] |
A primeira grande e diversificada linhagem de avianos de cauda curta a evoluir foram os enantiornithes, ou "opostos às aves", assim designados porque a construção dos ossos dos ombros se apresenta invertida em relação às aves modernas. Os enantiornithes ocupavam um vasto conjunto de nichos ecológicos, desde os que vasculhavam as areias nas zonas costeiras, passando pelos que se alimentavam de peixe, até aos que viviam nas árvores e se alimentavam de sementes. Embora tenham sido o grupo dominante dentro dos avianos durante o período Cretácico, os enantiornithes extinguiram-se no fim do Mesozoico, a par de muitos outros grupos de dinossauros.[240]
A segunda grande linhagem aviana a desenvolver-se foram os Euornithes, ou "aves verdadeiras", assim designados porque incluem os ancestrais das aves modernas. Muitas das espécies deste grupo eram semiaquáticas e especializadas na captura de peixe e outros organismos marinhos. Ao contrário dos enantiornithes, que dominavam os habitats terrestres e arbustivos, à maior parte dos primeiros euornithes faltavam adaptações que lhes permitissem empoleirar, pelo que neste grupo se observam sobretudo espécies adaptadas às regiões costeiras ou capazes de nadar e mergulhar. Entre as que possuíam esta última característica estão os hesperornithiformes, que se tornaram de tal forma especializados na pesca de peixe em ambientes marinhos que perderam a capacidade de voar e se tornaram aquáticos.[240] Os primeiros euornithes também assistiram ao desenvolvimento de várias características associadas às aves modernas, como osso esterno com quilha, ausência de dentes e partes da mandíbula em forma de bico. No entanto, a maior parte dos euornithes manteve dentes noutras partes da mandíbula.[243] O grupo dos euornithes também inclui os primeiros avianos a desenvolver um verdadeiro pigóstilo e um conjunto completo de penas de cauda,[244] o qual pode ter substituído as asas posteriores como principal meio de manobrabilidade e desaceleração em voo.[239]
Diversificação das aves modernas
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Divergências basais das aves modernas com base na Taxonomia de Sibley-Ahlquist |
Todas as aves modernas pertencem ao grupo coroa das Aves (ou, em alternativa, Neornithes), o qual tem duas subdivisões: os Paleognathae, em que se incluem os ratitas não voadores (como a avestruz), os tinamiformes e o extremamente diversificado grupo dos Neognathae, que contém todas as outras aves.[224] A estas duas subdivisões dá-se muitas vezes a categoria taxonómica de superordem.[224][245] Dependendo do ponto de vista taxonómico, o número de espécies de aves vivas conhecidas varia entre 9 800[246] e 10 050.[247] Devido em grande parte à descoberta do Vegavis, um membro neognato da linhagem dos patos, sabe-se que o grupo Aves se dividiu em várias linhagens modernas por volta do fim da era do Mesozoico.[248] Alguns estudos estimaram que a origem efetiva das aves modernas terá provavelmente ocorrido mais cedo do que os fósseis conhecidos mais antigos, provavelmente a meio do período Cretácico.[10]
Há um consenso de que as Aves se desenvolveram durante o Cretácico e que a divisão dos Galloanseri dos outros neognatos ocorreu antes da extinção do Cretáceo-Paleogeno, embora haja diferentes opiniões sobre se a radiação evolutiva dos restantes neognatos ocorreu antes ou depois da extinção dos restantes dinossauros.[249] Esta discordância deve-se em parte a uma divergência nas evidências. Os dados moleculares sugerem uma radiação durante o Cretácico, enquanto as evidências fósseis sugerem uma radiação durante o Cenozoico. As tentativas para reconciliar as evidências moleculares e fósseis têm-se revelado controversas,[249][250] embora resultados recentes mostrem que todos os grupos existentes de aves tenham tido origem num pequeno grupo de espécies que sobreviveu à extinção do Cretáceo-Paleogeno.[251]
Classificação das ordens das aves
[editar | editar código-fonte]Cladograma das relações entre aves modernas com base em Jarvis, E.D. et al. (2014),[252] com alguns nomes de clados segundo Yury, T. et al. (2013).[253]
A classificação das aves é um tema controverso. A publicação Phylogeny and Classification of Birds (1990), da autoria de Charles Sibley e Jon Ahlquist, é uma das principais obras de referência na classificação das aves,[254] embora seja frequentementemente discutida e continuamente revista. A maior parte das evidências sugere que a distribuição das ordens é correta,[255] embora os cientistas discordem entre si quanto às relações entre as ordens. Apesar de a discussão contar com evidências da anatomia das aves modernas, ADN e registos fósseis, ainda não há um consenso determinante. Recentemente, a descoberta de novos fósseis e a obtenção de evidências moleculares está a contribuir para uma panorâmica cada vez mais clara da evolução das ordens de aves modernas. A investigação mais recente tem-se focado na sequenciação de genomas completos de 48 espécies representativas.[252]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ Embora também tenham estado presentes em alguns dinossauros, hoje em dia não são considerados verdadeiras Aves.
- ↑ De onde deriva a palavra "auspício"
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «SPEA: Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves»
- «Aves de Portugal»
- «Aves do Brasil»
- «Avibase - the world bird database» (em inglês)
- «Aves, na Encyclopedia of Life» (em inglês)
- «SORA: Searchable Ornithological Research Archive» (em inglês)
- «Essays on bird biology, Universidade de Stanford» (em inglês)
- «BirdLife International» (em inglês)
- «Ornithology.com» (em inglês)
- «Dinossauros com penas em www.dinosaur-world.com» (em inglês)