Chapter 1: Voando para a tempestade
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Damian estava se sentindo ameaçado com a nova revelação feita por seu pai e Kyle a poucos momentos na sala de jantar onde impressionantemente quase toda a bat-familia estava reunida. "Vamos ter um bebê" fora dito pelo caso de seu pai, todos pareciam tão alegres e comemorativos com a afirmação que não notaram a expressão em branco e levemente surpresa da criança de 12 anos, que já vinha se sentindo preocupado com a chegada da nova integrante a família, Cassandra Cain. Ela não era realmente nova, apenas não esteve por perto durante a maior parte de sua estadia na mansão.
Não o entendam mal ele gostava da garota, ela era legal, gentil e silenciosa, diferente do resto dos irmãos, porém ela também era uma exímeo competidora pelo manto do morcego, além de cada dia mais a aprovação e orgulho na voz de seu pai ao falar sobre ou com ela estavam aumentando.
Ele era o herdeiro da cabeça do demônio, sucessor do Batman e o filho de sangue; porém ele já havia perdido o primeiro título, o segundo estava se esvaindo de suas mãos aos poucos e ao que tudo indicava ele logo perderia o último, ele olhou para o rosto do pai que conversava animadamente com Richard e Drake sobre o bebê que logo chegaria a família; ele soria, um sorriso que ele não havia recebido quando chegou e que poderia contar nos dedos da mão as vezes em que recebeu tal olhar.
Durante o jantar todos comiam e riam enquanto o pequeno Wayne analisava a situação em que se encontrava, tão perdido em sua mente que não notou que uma pessoa havia percebido sua incerteza perante a notícia.
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Após o jantar Damian desceu para a bat-caverna sem que ninguém o visse e vestiu seu traje de Robin, seu pai havia dado a ordem ridícula de que hoje não haveria patrulha para que pudessem relaxar juntos, essa seria a melhor oportunidade de ficar sozinho e limpar sua mente de todos os pensamentos que tentavam domina-la.
Quando estava prestes a sair ele ouve uma voz atrás de si que o assusta minimamente já que não tinha percebi a presença da jovem, ele se amaldiçoa internamente por ter perdido a presença de alguém se aproximando.
"Damian? Saindo?"_ era Cain, ela parecia... preocupada?
"Sim, Gotham é perigosa, uma noite sem patrulhas é o suficiente para que ela se torne um pandemônio"_ ele disse sem olhar seus olhos, não querendo ser lido naquele momento. Ele gostava de pensar que tinha um bom controle em sua linguagem corporal e apenas seus olhos poderiam ser lidos.
Ele sabia que ela era melhor do que isso.
"Tudo bem?"_ ela tentou olhar em seus olhos.
"Porque não estaria?"_ ele os desviou mais ainda optando por encarar o chão aos seus pés.
"Você parece um pouco pra baixo depois da notícia do bebê, se precisar conversar estou aqui"_ se ele pudesse teria dado as costas a ela por esta frase, mas precisava ver suas mãos para as frases mais compridas da garota.
"Eu estou bem!"_ ele diz rosnando, ele não precisava de piedade ou pena de ninguém, muito menos de um de seus rivais.
"Eu só quero saber se-"
"Não tem nada no que você precise se meter Cain! E se me der licença tenho que ir"_ querendo acabar com aquela conversa o mais rápido possível ele usa o apito em seu peito e Golias vem em segundos até si, ele sobe nas costas do grande morcego dragão e voa em direção a cidade.
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Ele não pretendia levar Golias em uma patrulha já que o animal poderia chamar atenção nos céus, mas ele também não queria ficar nem mais um segundo naquela lugar, então fora uma faca de dois gumes, enquanto voam, pensamentos voltam a atormenta lo;
'Você é um acidente biológico fruto de uma relação sem consentimento, ele foi desejado e criado com a mulher que ele ama, tera sorte se não for abandonado'
'Isso não é verdade, meu pai me quer... ele prometeu'
'mas não dá pra negar que esse "amor" vem mais pra uns que pra outros, ele sempre sorri e elogia a todos eles, mas para você... você são suspiros e olhos decepcionados'
'Ele foi até Apokolypse para recuperar meu corpo e me trazer de volta a vida, nós podemos ter momentos difíceis as vezes, mas ele não me jogaria fora só por ter mais um filho'
'Mas também não é ele que sempre te trata como uma arma que precisa ser desmontada com cuidado, porque ao menor erro vai explodir e matar a todos? Um animal raivoso que não pode sair da coleira porque se não fere os outros'
Ele não respondeu, apenas agarrou com mais força o pelo de Golias.
'Mas afinal me responda, oque você é sem seus preciosos nomes? Uma criança com o poder de matar? Um vigilante da noite? Um dono de pets? Uma arma esperando um propósito a cumprir? Admita, não é nada, é por isso que está com tanto medo, a única coisa que conecta você a eles é a obrigação, o sangue e o medo. Fora isso eles não desejariam estar com você, ninguém desejaria'
'Você não é um pássaro, é um demônio de penas que envenena pássaros'
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Silêncio, era tudo oque havia restado de um debate interno onde ele havia perdido e agora apenas restava o silencioso vazio de um perdedor em sua alma; o garoto não notou quando o morcego havia pousado em algum telhado ou quando o mesmo havia começado a chamalo com um grunhido baixo, ele apenas saiu de seus pensamentos quando viu uma gosta cair em suas mãos, "vai chover?"
Ele olhou para o céu e surpreendentemente não haviam nuvens carregadas em Gotham, então ele percebeu, a gota que cairá era uma lágrima, uma das várias que saiam de seus olhos, fugindo por debaixo da máscara e percorrendo o caminho por sua bochechas até chegar as luvas, ele removeu a máscara e começou a enxugar todas em meio a alguns soluços baixos que a criança tentava segurar mas acabavam saindo.
Ele desceu das costas do amigo e se sentou na beirada do prédio para se acalmar um pouco.
Era como ter um nó em sua garganta, uma mão apertando seu coração e uma voz em sua cabeça ditando como tudo se tornaria pior dali para frente.
A mãe o castigaria se visse tal demonstração de fraqueza.
Vendo o estado de seu dono Golias foi até ele lambendo as lágrimas e o rosto do amigo, ocasionando algumas risadas por parte do pequeno pássaro, o grande morcego logo se deitou perto dele encostando sua cabeça a seu corpo enquanto Damian a abraçava e passava a mão por seu pelo.
"Morcego idiota" o garoto falou com um pequeno sorriso enquanto pensava no quão grato estava ao seu eu do passado por haver decidido trazer Golias consigo após começar a se sentir melhor.
Interrompendo seu momento de descanso uma forte brisa fria e o barulho das sirenes o lembrarão do porque estavam ali, ele recolocou a máscara e subiu no grande morcego escarlate pronto para chutar a bunda de idiotas.
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Já deveriam haver passado 3 horas desde que a patrulha havia começado, Robin havia parado alguns roubos, batido em alguns vendedores de drogas com a ajuda de Golias e se encontrado com adolescentes gravando o maltrato a um pobre cachorro velho, esses ele fez questão de bater muito enquanto a câmera ainda o gravava, a humilhação deles seria preservada assim como a do ser desmaiado. Após isso ele pegou o pobre animal e levou para um centro de resgate aberto naquela hora para ser cuidada.
Neste momento ambos estavam sobre um prédio velho na parte mais afastada do centro da cidade comendo um hambúrguer vegetariano com refrigerante e alguns peixes frescos que haviam sido comprados em uma lojinha 24 horas ali perto. Ele jamais permitiria que Golias ingerisse qualquer coisa vinda das águas podres de Gotham.
Atrapalhando a brisa fresca e a pausa da dupla de vigilantes o comunicador em seu cinto de utilidades soou, um leve "tt" foi dito ao pegar o aparelho e ver quem o chamava, Drake deveria ter algo melhor para fazer ao invés de o atrapalhar em seu tempo livre.
"Que merda você está fazendo?"_ seu tom era de irritação porém baixo.
"Do que você está falando?"_ disse a criança confusa.
"Porque tem um vídeo de Robin espancando civis comuns sem nenhum motivo aparente na internet?"_ sua voz saiu ainda mais irritada e agitada, e de alguma forma ainda mais baixa.
Seus punhos ceraram e ele entendeu na hora, aquelas escórias de antes deveriam ter pegado o vídeo de sua sura, removido a parte onde machucavam a cadela e postado na internet como se Robin fosse o vilão da história, ele definitivamente faria uma visita para eles após aquela ligação.
"Acredite ou não mas eles estavam praticando um ato hediondo contra um pobre animal indefeso"_ o garoto disse com repúdio na voz só de se lembrar como a cena estava ao chegar lá.
"Não importa oque eles estavam fazendo antes porque você se deixou ser filmado e agora existem um vídeo de um vigilante batendo em um civil até a quase morte"_ Drake deu uma pausa e suspirou cansado_ "B. vai ficar uma fera quando descobrir, ainda mais quando não era pra ninguém patrulhar hoje!"_ ele frisou a parte do 'ninguém' como se de alguma forma as palavras fossem entrar e se fixar na cabeça do piralho.
"Então eu deveria ter simplesmente dado uma bronca neles e os deixado ir sem mais nem menos?"_ os estalos de seus dentes ragendo uns contra os outros poderiam ser ouvidos claramente pela ligação, por mais que a raiva fosse oque se manifestava naquela hora, em seu interior oque predominava era o medo da reação de seu pai, o qual ele preferia cobrir com a raiva antes de deixar alguém nota lo.
"Não estou dizendo isso, você só não deveria ter se deixado ser gravado idiota"_ o estresse e o cansaso do adolescente em ter que lidar com aquilo tudo estavam fazendo sua voz ficar mais alta.
"Quer saber Drake? Não me importo com a porra da opinião de pessoas que não estavam lá e que não entendem a dor de ser maltratado por alguém mais forte sem poder revidar, e isso inclui tantos esses babacas quanto vocês!"_ o nó de sua garganta voltava a se forma, da mesma forma que seu nariz ameaçava começar a fungar.
"Do que você esta falando? Oque tem de errado com você hoje? Isso tudo é por causa do be-"_ antes que a frase pudesse ser terminada o comunicador é desligado e jogado para longe com força, que é logo seguido por seus rastreadores e qualquer outro item em seu corpo que possa ter alguma função semelhante.
Logo quando ele estava se sentindo melhor as coisas pioraram ainda mais e de forma mais rápida do que começaram, e para completar o kit de desgraças do dia de Damian, começou a chover.
Antes de sequer poder pensar em se abrigar com Golias, um barulho de tiros pode ser ouvido em um beco perto.
Parecia que todas as forças de Gotham estavam conspirando contra ele naquele dia.
Saltando até chegar em um telhado perto do local dos tiros Robin vê que haviam três policiais imóveis no chão por causa de uma gosma rosada que os havia prendido ali, e logo a frente deles estava um dos famosos criminosos de Gotham, Charada que em uma mão balançava animadamente uma arma estranha que possuia um frasco com um líquido da mesma cor da gosta acoplado nela e na outra uma arma maior que deveria pertencer a maleta vazia que estava logo atrás do vilão, ela possuia um estranho formato circular e oco no cano, onde uma energia azul escuro com pequenos flashs roxos se concentrava.
O vilão estava tão distraído contando charadas para os policiais inconsientes enquanto saia do local que apenas teve tempo de desviar, ao perceber Robin descendo até ele em cima de uma fera vermelha pouco antes deles tentarem o pegar por trás, dando a chance do vilão fugir correndo por outro beco, eles definitivamente não o deixariam ir tão facilmente.
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Os apertados espaços das ruas daquela parte da cidade somado a chuva forte que caia e a falta de luz no local deram una vantagem grande o suficiente para Charada estar conseguindo fugir de Robin e sua montaria alada, o criminoso de terno verde aponta a arma de gosma para as asas do animal e atira, porém nada sai.
"Parece que as coisas estão começando a melhorar!"_ sorria Robin por debaixo do capuz ao ver que a arma havia parado de funcionar.
Sentindo as pernas fraquejarem e o ar sumindo de seus pulmões, o homem decidiu apostar tudo na outra arma, ele não fazia idéia alguma do que ela fazia, mas se alguém estava lutando por ela significava que deveria ter algum uso.
Ao perceber as intenções do criminoso Robin pega um dos batarangs e o joga no momento em que o homem para, se vira e mira neles. O objeto acerta a arma mas não forte o suficiente para fazer lá cair das mãos dele, e mesmo com o batarang fincado na arma o homem atira e um círculo plano que cobria toda a passagem da rua no tom azul escuro, vários pontos roxos, como estrelas em uma constelação, e bordas brancas é disparado em sua direção a uma velocidade tão rápida que não foi possível desviar.
Tão rápido quanto um piscar de olhos os perseguidores imponentes atrás de sua presa haviam desaparecido. Em quase sincronia, logo após eles, a arma da curto circuito e causa uma pequena explosão nas mãos do vilão, assim o ferindo um pouco. Sem entender oque havia acontecido ali, Charada sai correndo do local antes que o morcego apareça com sua trupe de ajudantes.
Na rua afastada do centro onde uma grande perseguição se prosseguia, apenas a chuva pode ser ouvida.
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A primeira coisa que Damian percebeu ao voltar a consciência foi o cheiro, mesmo de olhos fechados ele ainda conseguia saber que definitivamente estava em uma caçamba de lixo, a segunda coisa que ele percebeu foi como o cheiro de um Golias molhado poderia ser ainda mais forte do que a de um monte de restos de comida e algo que ele julgou ser caixas de pizza engorduradas, e a terceira coisa, de longe a mais estranha de todas, ele notou enquanto abria lentamente os olhos, sentindo um pouco de dor por causa do impacto, percebeu que não estavam mais em Gotham. Não se tratava apenas de sua visão limitada de dentro da caçamba, a atmosfera, os sons, até mesmo as luzes dos postes, tudo era diferente de Gotham.
Saindo de seu local de humm... pouso? Se apoiando em um Golias ainda dormindo, sua primeira reação a tudo aquilo foi procurar por testemunha encheridas ao redor deles, Robin definitivamente não precisava de mais um vídeo seu circulando pela internet naquela noite, e por falar em noite, parece que eles haviam passado mais tempo no lixo do que ele havia pensado, a posição da lua e a coloração do céu mostravam que já eram algo em torno de quatro da manhã.
"Merda."_ proferiu o pequeno assasino com uma roupa colorida demais para tal profisão. Ele ficaria de castigo por pelo menos dois meses dessa vez, ao menos não havia nenhum civil idiota filmando a humilhação do vigilante naquele momento.
O lugar em que estava parecia ser uma rua comercial, cheia se pequenas vendas e lojas, fechadas naquele momento por causa do horário, e mesmo aquele local tão humilde parecia ter uma energia diferente e mais leve do que Gotham.
'Espero que não tenhamos ido muito longe'_ pensou o portador de esmeraldas enquanto andava e saia daquela rua a procura de alguma pessoa.
Seja lá onde estivesse ele precisava voltar para casa logo (antes que alguém percebesse que ele não estava mais na cidade), encontrar Charada e lhe dar uma surra, e então contar a seu pai sobre a arma estranha que ele carregava e assim tentar diminuir seu castigo com aquela informação, e toda essa jornada começaria com um simples ato, obter informações.
Saber onde estava para então traçar o caminho de volta era o primeiro passo, mas já que ele havia se livrado de qualquer coisa que poderia ser utilizada para localiza lo ou localizar, as coisas teriam de ser feitas da forma antiga. Golias não iria acordar tão cedo, e mesmo que o fizesse ele havia sido treinado para conseguir se esconder de olhos destreinados e vir quando chamado, então ele não precisava se preocupar com o amigo naquele momento.
Duas ruas após o local onde ele acordou Damian avistou 4 homens fortes com jaquetas azuis e uma logo de gato na manga direita da roupa, descarregando caixas de um caminhão, com a mesma logo das mangas, em uma loja.
"Olá cidadãos, poderiam me informar o nome do local onde nos encontramos?"_ a postura ereta com os olhos que não tremiam ou hesitavam ao falar enquanto olhava diretamente nos olhos de alguém já o livraram de muitas situações onde seria tratado como criança ignorante, deveria funcionar com esses trabalhadores também.
"Porra!"_ disse um homem de cabelo ruivo bagunçado, ele parecia assustado, na verdade, todos eles fizeram as mesmas feições de surpresa e confusão que o ruivo tinha. Talvez se aproximar silenciosamente, com a pequena quantidade de luz que provinha das lampadas nos postes, não foi a melhor das idéias para efetuar uma aproximação amigável.
"Peço perdão se caso minha aproximação tenha os surpreendido"_ ele não queria ser tão educado, mas as palavras de seu pai sempre ressoam em sua cabeça 'seja educado com civis', ele sempre era repreendido quando não falava assim com eles.
"Moleque oque tu tá fazendo aqui? Cadê teus pais?"_ um dos brutamontes, o careca de camisa desabotoada, olhava para todos os lados da rua esperando que em algum momento encontrase os pais daquela criança perdida com fantasia estranha.
"Não se preocupe senhor, pode não estar me reconhecendo mas eu sou Robin, sou mais do que capacitado para cuidar de mim mesmo"_ forçar um sorriso com todos os dentes era a forma que Damian usava para tentar controlar sua explosão de raiva. Como eles ousavam? Chama lo de criança?! Ele, o Robin!! O mais capacitado e habilidoso dos ajudantes de Batman!!!
"Quem caralhos é Robin garoto? Você não devia estar nessa parte da cidade sozinho a uma hora dessas!"_ o homem ruivo abriu a boca novamente com um pouco mais de irritação agora, mas isso não era importante, como assim esses ignorantes não sabiam quem era Robin? Ele até poderia não ter tanta visibilidade quanto o cavaleiro das trevas, mas Robin ainda possuia fama!
"Carl! Você está assustando o garoto. _o maior de todos os homens repreendeu o ruivo por xingar e assustar o pobre garoto perdido.
"Você não é minha mãe Tonny, estão pare de tentar controlar a merda da mimha língua!"_
'Não se preocupe Tonny eu vou ter certeza de concertar essa boca suja com alguns socos'_ antes que pudesse falar qualquer coisa que seria inapropriada para alguém de sua estatura, o homem maior se ajoelha para ficar na altura de seus olhos.
"Criança qual seu nome? Antes você queria saber onde estava não é? "_ ele era musculoso, não tanto quanto seu pai, mas mais alto do que ele certamente, a pele morena e os olhos castanho claro constrastavam um com o outro dando a ele uma boa figura, sua escolha por um cavanhaque poderia ser duvidosa mas não ficava ruim nele, sua voz parecia estar sendo usada no tom mais baixo e calmo possível para não assustar a pequena criança em sua frente, talvez a ação de se ajoelhar também foi feita com isso em mente.
"Como eu havia dito anteriormente, eu sou Robin, parceiro de Batman o protetor de Gotham, e sim, eu gostaria de saber onde me encontro"_ parece que aquele tal de Tonny não era tão idiota e rude quanto Carl, então responde lo de uma maneira calma e normal não feriu tanto o orgulho de Damian.
"De novo com essa história de Robin? E oque são esses Gotham e Batman que ele tá falando?"_ o careca fez uma tentativa desleixada de sussurro (o qual não funcionou já que todos os presentes ali puderam ouvir com clareza), ao quarto homem que tinha o cabelo feito em uma trança com mechas variante em castanho e grisalho e uma tatuagem de uma aranha em uma teia no pescoço, era um designe interessante.
Por um segundo, por um pequeno segundo, o coração de Damian parou.
Oque eles queriam dizer com quem era Batman? Não haveria forma de alguém não saber sobre um dos membros fundadores da Liga da Justiça, ou quem era o homem que lutava contra os criminosos apenas com a inteligência e os punhos, a lenda urbana que ganhará vida para proteger os inocentes. Não havia forma de ele não ser conhecido, a não ser... a não ser que ele tenha ido parar longe demais de casa. O nó em sua garganta voltava a se formar.
"Rick." _ Tonny removeu seus olhos de Damian por alguns segundos para dar ao careca um olhar de reprovação ao perceber que as palavras do amigo mexeram com o pequeno_ " Robin não é? Eu não sei onde esse tal Batman ou Gotham estão, mas eu tenho certeza que vamos conseguir encontra-los, ok?"_ ele sorria para tentar acalma lo ao perceber que Damian parecia um pouco assustado com a frase de Rick, mas isso não funcionou em nada, já que aqueles olhos, aqueles olhos que tentavam passar conforto para si, apenas confirmavam que ele verdadeiramente não sabia sobre quem estava falando.
Merda! Onde ele havia ido parar?
Viagem no tempo? Pulo entre dimensões? Talvez até farsantes tentando o enganar, haviam muitas respostas para sua pergunta. Perdido nas várias possíveis explicações para aquela situação Damian não conseguiu prestar atenção no resto da conversa dos homens, até que sua atenção é puxada bruscamente após ouvir a frase de Tonny.
"Trote, fuga ,loucura ou imaginação fértil, seja lá oque estiver acontecendo, não podemos só deixar lo aqui desamparado e sozinho, Ray liga pra polícia e diz que achamos uma criança perdida".
Enquanto se levantava para olhar para o homem com a tatuagem, Tonny vê de relance quando a pequena criança com fantasia de Halloween, fora da época de Halloween, começava a correr a toda a velocidade para longe deles e entrando em outra rua.
"Merda!"_ Tonny dispara a toda a velocidade atrás do garoto.
"Olha a boca Tonnny!"_ Carl dizia rindo enquanto também seguia Tonny pela rua em que o garoto havia entrado.
"Cala a boca idiota! Ele deve ter se assustado com alguma coisa!"_ eles viraram uma esquina e apenas encontraram mais uma rua vazia, não havia som de passos nem de perto e nem ao longe, os dois começaram a procurar pela rua.
"Isso só prova minha teoria de que o pirralho é um ladrãozinho tentado ganhar algo com a história de maluco com problemas"_ Carl olhava um canto escuro perto de uma lata de lixo enquanto ria da situação.
"Quer por favor cala a porra da boca!!_ a pequena veia no lado esquerdo assim como sua testa enrugada eram sinais de alerta óbvios para que Carl parece de falar se quisesse sair sem um olho roxo dali_ "vem, vamos voltar e ligar para a polícia "
"Porque? Ele não é responsabilidade nossa"
"Porque gênio, 1: o garoto pode ser mesmo uma criança normal confusa e perdida em Nova York e 2: tem câmeras na frente da loja, sabe oque vão ver quando olharem as filmagens? 4 caras gigantes falando com um garoto pequeno fantasiado às 04:30 da manhã sozinho em uma rua vazia e então esse mesmo garoto pequeno simplesmente começa a correr dos 4 caras, dois deles vão atrás e voltam sem ele!_ as veias saltavam cada vez mais ao ter que explicar o porque de tudo.
"Porra"_ Carl chega a compreensão de sua situação atual.
"É, É, vamos logo. Temos muito trabalho a fazer hoje"_ ele esfregava a ponte do nariz numa forma de tentar aliviar as dores de cabeça que se formavam pelo estresse da noite.
Talvez se algum deles tivesse olhado para cima, em uma escada de incêndio no 3 andar de um prédio um pouco acabado, as dores de Tonny teriam tido menos força do que agora.
Lá em cima, onde apenas gatos de rua e jovens usando substâncias suspeitas costumavam ficar; um pequeno, mortal e agora em pânico passarinho se embalava em sua capa tentado afastar o medo e o frio que se encontravam em seu estômago e criavam uma sensação horrível.
'Nova York!? Onde fica isso? Eu nunca ouvi uma cidade com esse nome, talvez seja outro país? Não, o acento deles era americano demais. Viagem dimensional? Elas tendem a mudar as pessoas não os locais'_ perguntas eram feitas e respostas eram cedidas, e cada uma contribuiua no aumento da angústia do herói.
Segundos em sua mente se tornaram minutos e minutos horas, o que o havia tirado daquele transe torturante fora o raio de sol que baterá em seu rosto e anunciou que o manto da escuridão que escondia seu corpo, logo o deixaria desprotegido para os perigos daquele local desconhecido.
Usando as escadas para subir até o terraço do prédio, onde ele pode ter uma visão mais clara da região, Damian usou o apito e esperou pelo companheiro que após dois minutos pousou ao seu lado em uma parte mais coberta do terraço.
'Ao menos não estou sozinho'_ ele suspirava enquanto afagava o pelo de seu melhor e mais antigo amigo. Subindo em suas costas e tendo cuidado por onde iriam voar, eles começam sua busca por um esconderijo seguro temporário.
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Para a sorte de ambos a tal Nova York parecia ter vários prédios abandonados perto daquele bairro onde haviam acordado. Eles se acomodaram em um que ficava ao lado de um ferro velho e longe do local onde Damian havia se encontrado com aqueles homens, já que eles iriam chamar pela polícia e ela certamente iria fazer uma vistoria naquela área a procura dele.
O local estava acabado, não do tipo em que o teto cairia em sua cabeça a qualquer momento, mas do tipo sujo e abandonado, onde apenas sem tetos ou usuários de drogas iriam passar a noite e deixa lo ainda mais bagunçado, ao menos não havia nenhum deles no quarto em que estavam, ele ficava no último andar do prédio, o sexto andar. Golias estava esparramado no local que deveria ser a sala, tirando um cochilo já que todas as janelas do espaço foram fechadas por Damian, e este estava um pouco afastado da fera, fazendo um inventário de tudo oque possuía.
"Uma katana, um gancho, cinco barras de cereal, treze batarangs, duas facas de punho, um canivete, dois pendrives de hackeamento e uma garrafa vazia"_ normalmente os rastreadores e comunicador estariam nessa contagem, mas estes foram previamente descartados na noite anterior.
O computador de pulso parece ter quebrado em algum momento visto que não ligava.
Eram poucos equipamentos após a patrulha, mas ao menos ainda havia alguma coisa para poder se proteger, sentindo o incômodo da fome bater no estômago Damian comeu duas das barras de cereal enquanto pensava noque fazer a seguir.
A ideia mais racional seria sair e arranjar mais comida para si e para seu gigante peludo, e após isso reunir informações sobre o novo ambiente, mas havia um grande problema nisso, ele estava em seu traje e não possuia nenhuma muda de roupas civis, seria como andar pela cidade com holofotes em sua cabeça e um locutor dando ênfase a todo e qualquer movimento seu, fora que a polícia possuiu sua descrição.
Então estava decidido, ele esperaria pela noite e roubaria roupas de alguma loja barata de quinta já que locais maiores teriam mais segurança e isso seria uma perda de tempo e energia. Ele não estava com cabeça para lidar com possíveis inconvenientes.
Ele realmente precisava de roupas novas se quisesse voltar para casa, não havia outra opção.
Seus olhos pessavam e sua cabeça teimava em tombar para trás, parece que toda a adrenalina o havia deixado e os efeitos de passar uma noite de altas emoções correndo para lá e para cá o atingiram.
Dormir em um local desconhecido era pedido de morte certa, Damian havia sido treinado para passar dias sem dormir e estar em ótima forma para lutar não importando o estado de seu corpo ou mente, mas o peso em suas pálpebras era tanto que ele apenas se rendeu e deitou se com a cabeça no braço de Golias, que logo se ajeitou e se emboulou ao redor do corpo menor.
'É quente e seguro, se alguém se próximar Golias certamente vai ouvir... acho que posso tirar um pequeno cochilo então'
Sua mente se esvaiu enquanto ouvia o barulho dos carros e das pessoas conversando nomalmente na rua abaixo deles, sem saber que dois demônios se aninhavam e dormiam profundamente a apenas alguns metros, e pela primeira vez nas últimas horas, tudo parecia estar bem no mundo.
Notes:
Antes que alguém aponte, sim eu sei que Nova York existe no universo da DC, eu só quis escrever desse jeito pra enfatizar mais o quão Damian está.
Chapter 3: Cidade que não dorme
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Parece que dormir mais do que o planejado estava se tornando um hábito agora, Damian havia decidido que tiraria apenas um pequeno cochilo de uma hora, mas aquela uma hora se transformou no dia inteiro e agora a luz do sol estava calmamente se retirando para dar lugar a lua e seu manto estelar.
Antes que a preguiça de querer voltar a dormir o antinja, Damian se levanta do braço de Golias em um único movimento que o faz ficar um pouco tonto e se apoiar neste, que também acordar com as ações repentinas de seu companheiro de soneca, a criança boceja esticando os braços e indo em direção aos raios de luz violetas passando pelas frestas da janela fechada enquanto é seguido pelo olhar da fera que boceja imitando seu dono.
As ruas continuavam movimentadas, vários estabelecimentos estavam fechando, outros continuavam abertos e mais alguns se abriam, as pessoas se cumprimentavam e conversavam normalmente como se a presença da noite não os assustase mas sim os convidasse.
"Talvez esperar a cidade dormir não seja a melhor das idéias"_ disse o garoto entre as mordidas de sua barra de cereal, a qual também estava sendo dividida com uma fera peluda já que já faziam mais horas que este também não comia.
Enquanto ajeitava sua aparência, já que estava esfarrapado e um tanto fedido de suas noites de correria, o pequeno passa a traçar uma lista de afazeres em ordem de cumprimento.
1: achar o lugar mais próximo e arrumar roupas
2: roubar um pouco de comida para ambos
3: reunir informações silenciosamente
4: encontrar uma forma de retornar a casa
Uma lista que poderia parecer simples a olho nu, mas que nas entrelinhas era algo um tanto angustiante, já que certos itens dela não possuíam um tempo certo para sua concretização.
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Escolher o sexto andar como esconderijo não havia sido uma escolha aleatória, além de ser aquele que possui a melhor visão de todos os passantes da rua, também era o ponto mais perto do térreo onde poderiam fazer fugas rápidas para o céu, então tão fácil quanto entraram eles saíram.
Mesmo sendo poucas, as sombras no céu eram suficientes para se tornaram seguras para a dinâmica dupla de ladrões, mas ao contrário das sombras, o número de lojas fechadas a essa hora era bem menor, levando cerca de 67 minutos para conseguirem encontrar algum alvo de furto que ficava fora de sua possível área de busca.
Um centro ajuda havia sido a escolha, sim era um ato horrível e repugnante roubar de um local que ajudava os necessitados, mas aquele era um dos poucos locais que ele havia encontrado que estavam fechados ou não possuíam alguns outro estabelecimento aberto a seu lado, e mesmo outros centros ainda estavam abertos naquela hora. Além de que neste momento ele também pode de certa forma ser considerado um sem teto, mas é melhor não pensar muito nisso.
O local parecia ser grande se comparado a outros de seu tipo, as janelas possuíam grades e estavam acima de um grande letreiro escrito 'centro de ajuda St. Mary' que por sua vez estava entre duas câmeras de segurança viradas em direção a rua com uma terceira apontada para a porta, provavelmente medidas de segurança contra roubos ocorridos no passado. Medidas que agora deixavam o local com a cara de uma nada amigável prisão.
Ao seu lado esquerdo havia uma velha quadra de basquete no momento sem jogadores e a sua direita um terreno vazio contend apenas uma sorveteria pequena fechada. Nenhum dos dois lhe dava cobertura para se aproximar do prédio em descrição.
Muitos pontos negativos e poucos positivos sobre a possibilidade de entrar no local apareciam, normalmente a dificuldade não era algo que o intimidase, porém agora ele estava em território desconhecido, se arriscar era idiotice, no entanto novamente, seu alvo de ataque parecia ser um local que arrecadava mais do que apenas roupas, se não achasse os trajes comuns poderia encontrar comida.
"Dois pássaros num tiro só, nada mal"
Então estava decidido, Damian Wayne herdeiro de sangue e guerreiro de alta patente iria roubar um centro qualquer, suas habilidades de infiltração eram da mais alta excelência, ele entraria e sairia como uma brisa leve de vento, sem ser visto e sem ser percebido, nada poderia dar errado.
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As coisas deram errado. Muito errado.
Sua infiltração havia sido perfeita, tendo destrancado uma porta traseira com algumas ferramentas encontradas ali por perto, os malandros da região deveriam estar muito acostumados a invadirem o local para já deixarem duas ferramentas por perto.
Encontrar o local onde as roupas eram armazenadas também havia sido muito fácil, a criança apenas teve que seguir o cheiro forte de lavanda do amaciante barato que era usado para limpar as roupas das doações. Todas estavam estocadas em uma sala grande que parecia pequena com a quantidade de caixas que se amontoavam por ela, as caixas possuíam categorias em seus lados como 'mulheres de sobre pesso', 'garotos adolescentes' ou 'entrevista de emprego masculino'; foi humilhante mas Damian teve de procurar roupas para si em 'infantil masculino' ao invés 'jovens pequenos', ele definitivamente iria pesquisar sobre métodos de crescimento rápido quando voltasse para casa.
Feita uma trouxa com alguns lençóis contendo as roupas que o garoto julgou estarem em melhor estado e serem menos ridículas, Damian se prontificou a seu próximo objetivo, comida.
A cozinha fora mais difícil de se encontrar, apenas o fazendo por descobrir por acidente onde ficava o refeitório do local, o qual obviamente era ao lado da cozinha. No local haviam grandes panelas de ferro posicionadas em fogões enormes espalhados pelo recinto, todas obviamente vazias e limpas, como um ratinho faminto procurando entre as frestas alguma migalha, a criança procurou por todos os cantos da cozinha até encontrar seu precioso objetivo guardado em vasilhas grandes de plástico e bem escondidas até.
Após saciar sua fome comendo algumas fatias de pão seco do local e bebendo a precisosa água gelada encontrada numa geladeira, o pequeno ser decidiu levar consigo dois potes, um para si cheio de sopa de vegetais fria e outro com macarrão e ovos cozidos para seu amigo e piloto de fuga que o esperava lá fora, assim como alguns outros potes menores e mais leves, ele gostaria de levar uma quantidade maior mas o peso dos itens e de seus crimes não o permitiam pegar mais.
Quando já estava pronto e prestes a sair, ele ouve, sons de passos lento e calmo pelo refeitório, 3 homens e uma mulher, adultos, que por seus passos carregam armas, seguindo seus padrões de movimento provavelmente eram policiais.
'Merda! Merda! Merda!' Proferiu a mente do pequeno rato que agora tentava nas sombras se refugiar de seus predadores que se aproximavam lentamente.
Um local que possuía tantas medidas de segurança obviamente também possuiria alarmes, dada a resposta dentro do tempo de 10 minutos e a falta de pessoas ali, isso significava que a invasão havia sido informado remotamente, talvez isso explique as ferramentas próximas a porta traseira, uma armadilha calculada para os garotos de rua que pensassem ter se dado bem. Nem as sirenes ou as luzes dos carros foram ligadas, os passos dos servidores da lei eram calmos e sem ruídos, eles nem mesmo se batiam contra algo na pouca luz que o refeitório possuia, já estavam acostumados a esse tipo de ocorrência.
Damian Wayne o assasino mais jovem e perigoso do mundo havia caído nas estratégias de policiais de rua comuns.
Se esconder não era uma opção. Lutar não era uma opção. Se entregar não era uma opção.
'Merda! Merda! Merda'_ ele precisava de uma saída e precisava agora! Não se importanto com coisas vãs como consequências e segurança, Damian pega alguns fósforos junto de alguns panos pequenos e dispara em direção ao armário do zelador que havia visto mais cedo naquela noite. Os sons alertam os homens que percebendo que já haviam sido notados partem para uma resposta mais direta, perseguir a toda força o invasor.
A criança chegou rapidamente no armário, graças a sua mente afiada que poderia facilmente memorizar qualquer planta e pernas ágeis como uma lebre em fuga, cortesias de seu treinamento na Liga.
Dentro do armário havia qualquer coisa você esperasse de um local assim, vassouras, esfregões, produtos de limpeza, lixeiras vazias, sacos de lixos novos, e dentro de um carrinho de limpeza utilizado para locomover os objetos estava seu objetivo, álcool. O garoto não compreendia o porque de algo assim estar entre os objetos de limpeza, afinal nunca limpava, isso sempre foi trabalho os servos da Liga ou Alfred; eliminando estes pensamentos distrativos da mente, o pequeno rapidamente pegou três garrafas e pos se a começar a correr novamente, desta vez em direção ao que ele supunha ser a entrada, já que nunca havia checado aquela parte do local.
E assim como seu fugitivo, os homens da lei mudaram seu rumo ao ouvir sua mudança em seus passos, porém algo estava estranho, mesmo havendo 4 pessoas com treinamento, experiência e habilidade ali, nenhum dos quatro conseguirá alcançar o invasor desconhecido até agora, sempre tendo o fora do alcance de seus olhos e lanternas, estas que haviam sido ligadas após a percepção de que já haviam sido descobertos.
O rato apenas virava e virava nos corredores, passando várias vezes pelo mesmo local mas nunca encontrando a saída, ele estava perdido, e está era a chance perfeita de captura lo.
"Separem se! Richard pressione ele para o refeitório"_ comandou Brenda, a mais experiente ali, por seu comunicador, a seu parceiro.
"Richard vai pelo corredor norte, Charlie leste, John comigo pelo oeste!"_ Brenda planejava fazer essa apreensão limpa e rápida, já era hora de seu turno acabar e queria ir logo para casa. O intruso não havia tentado reagir ou atacar em nenhum momento, significava que não possuía arma, provavelmente apenas um garoto de rua tentando conseguir algo para sobreviver, ela não planejava pegar pessado com ele, mas isto mudou no momento que essa perseguição se transformou em 6 minutos de corrida por todo o lugar. Ela ao menos teria certeza de dar alguma pressão nele por fugir.
"Ele tá indo Brenda!"_ alertou Richard após ter certeza de sua trajetória.
"Pegamos ele."_ exclamou a mulher com um sorriso de vitória em seus lábios.
E assim que os quatro se encontraram no meio do local, perceberam algo de errado, o jovem não estava ali, aliás, Richard não estava ali, nem mesmo seus passos podiam ser ouvidos de algum corredor perto dali.
"Mas que por_".
KABOOOMMM!!!
Um alto som de explosão do lado de fora do complexo interrompe a discussão que iria se seguir, rapidamente todos se abaixam atrás das mesas e empunharam suas armas.
'o garoto era de uma gangue?' se indaga Brenda enquanto chama pelo rádio seu parceiro desaparecido temendo pelo motivo de ele não estar ali. "Richard! Pode me ouvir?" Silêncio. "Richard responda." Novamente apenas silêncio. "Richard!" O olhar de todos começa a escurecer de apreensão e raiva.
"Aqui, argh... meus ouvidos"_ para o alívio de tidos finalmente há uma resposta, ele não parecia estar completamente bem, mas estava vivo, eles teriam de ir até seu encontro e ajuda lo logo.
"Oque aconteceu?"
"O garoto fez um molotov Jonh, ele explodiu a viatura de vocês"_ isso era um problema_ "eu tava perto e a explosão... os estilhaços me atingiram, ele fugiu"_ isso se tornou um grande problema_ "desculpa Brenda"
"Não se culpe Richard, não tinha como alguém saber que ele ia fazer isso"_ disse Charlie andando rapidamente até onde seu colega estava enquanto Jonh chamava por uma ambulância e reforços.
"Você está vivo e isso já é uma vitória, vamos pega lo na próxima"_ Brenda conforta seu colega enquanto ouve o som das chamas vindo ao fundo, ela faria questão de revirar a cidade para encontra lo.
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Algo estranho aconteceu, algo muito estranho.
Num momento ele havia ludibriado os policiais para pensarem que ele estava perdido, uma tática clássica sobre falsificar as informações que seu adversário tem sobre você, tudo estava indo bem, ele havia se livrado de três deles rapidamente e o último o havia perdido após ele pular pela janela. O apito de Golias havia sido soado e seu amigo já estava lá, usaria um dos molotov preparados para incendiar uma lixeira ali perto e distrai los de sua figura pelos céus.
Porém quando a criança estava prestes a jogar a garrafa na lixeira, um grito abaixo de si o faz perceber que seu último perseguidor não era tão lento e idiota quanto ele pensava. Na verdade ele apontava uma arma para eles.
'Porra! Ele nos viu!'_ o pânico tomou conta de todo o corpo da criança, tão grande que o permitiu ver o futuro que os aguardava, vigia constante no céu, patrulhas para encontrar o esconderijo da fera, o medo da população que insita o desejo de eliminar tudo oque é desconhecido e estranho.
O homem aponta mais alto, na direção das asas, e então ele se lembra de um fato muito simples e fundamental, um alvo maior é mais fácil de se acertar. A ansiedade da as mãos a angústia e fazem uma caminhada pelos ossos do garoto. Golias ia ser ferido e isso era sua culpa, ele seria abatido e capturado enquanto sangrava no chão.
O medo se alastra por suas veias como uma infecção viral, deixando seu corpo frio e trêmulo, o pensamento de Golias ser usado como cobaia passa por sua mente, ele não consegue respirar, ele não consegue ouvir, ele não consegue se mover, ele só pensa, ele tem que fazer algo, precisa proteger seu único amigo deste mundo desconhecido, ele tem que, ele tem que
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E em menos de um piscar de olhos eles estavam lá, casa, não a verdadeira, mas a temporária, feita em um local que mais se colocava na classificação ruínas antigas do que de prédio. Ele poder ter detestado o papel de parede de espigas de milho em seu primeiro momento, mas nossa, ele estava a um passo de abraçar a parede de mal gosto por poder voltar a vê la novamente.
Mas não era hora de relaxar ainda, de alguma forma ainda desconhecida eles haviam sido teleportados até lá, isso podia significar que alguém os ajudou, algo que apenas deixava o pequeno desconcertado já que isso significaria que o desconhecido o estava vigiando durante seu furto, é pior, ele sabia onde era sua base. Eles deveriam se mudar? Talvez se preparar para um ataque ou confrontação naquele momento!?
Minutos e nada acontecia, a preocupação e o temor se infiltravam por em si, cravando e esfriando todo seu corpo. Parecia que nenhuma postura de defesa poderia protege lo do que quer que estivesse vindo. Ele apenas esperou e esperou.
Seus pensamentos estavam a mil e um por hora, encontrando respostas e respostas para aquela situação, mas um barulho alto o tira de seus pensamentos, alguém estava com fome e ele sabia exatamente quem.
"Desculpa parceiro, acabei esquecendo"_ Damian acariciou um pouco o rosto de seu amigo.
Felizmente os itens que trouxera consigo haviam vindo com ele, tudo menos as garrafas de molotov que havia preparado antes. Talvez seu benfeitor desconhecido não deseje que ele possa retalia lo em algum encontro futuro, a criança decidiu não pensar muito nisso já que ele permitirá que o mais importante pudesse vir.
Damian usou alguns pratos velhos que encontrará no local para colocar a comida, afinal ele sabia muito bem que se não o fizesse era provável que a enorme bola de pelos coma a vasilha junto.
Golias devora a refeição enquanto Damian se senta em uma poltrona velha do local e come sua sopa. Pensando bem o apartamento ainda possui várias coisas lá, que mesmo abandonadas e sujas, ainda estavam em condições aceitáveis.
Talvez fosse uma boa idéia limpar o local, afinal parece que ficaria ali por um bom tempo. E bem, se o desconhecido que o ajudou já sabe a localização de sua base provisória, então ele deveria o estar vigiando tanto antes como agora, não faria diferença alguma se mudar, ele o seguiria afinal.
Certo.
Agora, limpar e reforçar a segurança da casa.
Amanhã, sair de incógnito e averiguar as informações deles vazadas ao público.
Chapter Text
A organização do esconderijo havia se mostrado algo muito produtivo, tornando o ambiente muito mais agradável de se residir.
O sexto andar era formado de um corredor com 6 apartamentos, um elevador, que deveria estar quebrado no primeiro andar, e um par de escadas ao lado, com instruções bem claras sobre a da esquerda devendo ser utilizada para a descer e a da direita para subir. Seguindo a lógica do sexto andar o prédio deveria conter ao todo 36 a 30 quartos, o apartamento que eles estavam usando era o 3E.
Pelo momento Damian criou barricadas nas escadas com algumas mobílias, velhas demais para terem uso, para impedir que alguém subisse até lá. O elevador não foi um problemas visto que o cabo que deveria segura lo não estava ali.
Os outros andares ainda estavam inexplorados, apenas seriam checados uma vez que o garoto trocasse para roupas comuns e entrasse pela porta da frente, algo para outro momento. As escadas de incêndio ao lado de fora também não seriam um problema, estavam caídas logo ao lado do prédio, enferrujando ali, tendo apenas a sacada destas ainda pressas a parede.
Era até surpreendente a quantidade de itens que haviam sido deixados para trás pelos antigos donos dos apartamentos, havia uma variedade de coisas, que após a limpeza, feita com uma vassoura e panos velhos encontrados no local, foram levados e organizados para o 3E.
Após horas de trabalho tudo estava pronto, não era uma Mansão Wayne, muito menos uma casa Kent, mas era algo, e isso já era o suficiente no momento.
Agora a sala possuia não apenas uma poltrona, como dois sofás, uma mesinha de centro, um banquinho ao lado da poltrona onde se encontrava um rádio a pilha sem pilhas, uma estante com livros que ainda deveriam ser verificados e grandes cortinas púrpura sobre as janelas, cobrindo as tábuas que ali estavam, ele queria ter certeza de que nada seria visto lá dentro.
A cozinha era bem próxima a sala, lá se encontravam o fogão, os armários com pratos e talheres, uma mesa normal e 1 cadeira.
No quarto maior uma cama de casal com um amontoado de panos, que trouxera do abrigo, e travesseiros sobre si era a nova cama dos dois, não haviam muita cobertas ali então para não passar frio a criança teria de dormir sendo esmagada por um abraço peludo, não que ele se importasse muito, na verdade ele gostava. A bagunça de panos antes era uma cama feita perfeitamente, mas seu companheiro de quarto decidirá que daquela forma desordenada era mais confortável, então assim seria deixado.
No quarto menor estavam a maior parte dos itens, eles poderiam ser utilizados no futuro então foram guardados.
O banheiro não havia sido tocado além de uma leve limpeza, o local ainda possuia água mas está não estava própria para o consumo humano.
Ainda haviam mais itens aleatórios espalhados pelo andar, mas trazer todos apenas consumiria energia, e mesmo com Golias ajudando ainda havia sido uma tarefa cansativa. Apenas o necessário havia sido movido e limpo.
Neste momento eles estavam comendo outra porção de comida que haviam roubado mais cedo naquela noite, desta vez estavam na cozinha, se fosse para os restos de comida atraíram insetos que fosse na cozinha e não nos outros cômodos.
Ainda faltavam algo como 4 horas para o amanhecer, seria uma boa ideia sair e procurar por uma fonte de água, Damian ainda poderia aguentar mais alguns dias, fora treinado para isso, mas Golias era um gigante que estava trabalhando sem parar desde que saíram para patrulhar a 1 dia, ele deveria estar sedento neste momento.
"1 dia hm..."_ a criança ponderou com seu olhar preso em seu garfo. Sua família estaria preocupada? Ele tem certeza de que seus animais estavam sentido sua falta agora. E talvez seu pai esteja revirando cada canto de Gotham para encontra lo, talvez sua mãe tenha descobrido seu desaparecimento e talvez seus irmãos estejam chutando os vilões por qualquer rastro seu. Ele queria acreditar que todos estariam preocupados, mas uma parte de si o diz que eles não notaram sua ausência.
Um silêncio amargo se instaura na mente da criança.
Mudando de assunto. Vilões, ele ainda não havia tido tempo com todos os eventos nos últimos dias para pensar sobre isso, mas no que Charada estava metido?
A primeira vista ele pensara que ele apenas havia roubado algum projeto de alguma empresa tecnológica, mas isso não fazia sentido, projetos como aqueles são transportados com escoltas armadas e treinadas, não em uma maleta por um beco, muito menos por policiais de rua comum, se é que eles eram policiais reais.
Ele também poderia estar trabalhando junto com eles para atrair a atenção de alguém do clã de Batman, mas isso também não parecia certo por sua surpresa e medo quando o viu. Certo, Charada estava limpo, por mais surpreendente que pareça.
Também havia a possibilidade dos policiais estarem relacionados a pessoa misteriosa que o ajudou, uma arma com habilidades de viagem dimensional poderia criar alianças dimensionais. Era uma teoria a se averiguar no futuro. Bem lembrado, no futuro, agora ele precisava focar sua mente em água.
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Havia um grande parque na cidade, um muito grande por sinal, conseguiram vê lo na primeira vez que mergulharam naquele céu desconhecido, enquanto procuravam por um esconderijo, sua magnitude ultrapassava a de qualquer um que ele já havia visto.
Haviam diversas coisas interessantes na floresta domesticada por torres de metal, desde um zoológico, estátuas muito intrigantes, museus a um ringue de patinação. Ele definitivamente passaria por ali de dia.
Também parecia que havia um anfiteatro pelo que viram quando voavam, parecia um lugar interessante, ele tentaria ver mais depois.
Voltando ao assunto principal, Golias estava no momento se fartando com a água do lago enquanto Damian enchia sua garrafinha com água de um bebedouro. Seu amigo ainda não havia terminado então dele decidirá dar uma olhada ao redor.
Uma floresta com toques humanos que ainda assim não perderá sua vida. Era relaxante. Ele se sentou perto de Golias e apenas ouviu os sons da noite que corriam pela brisa fria.
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A cidade era grande, talvez maior que Gotham, mas diferente de certo modo. Onde as luzes, sons de carros e pessoas a todo momento apenas vivendo suas vidas não o deixava parar de comparar sua atmosfera a de Gotham, ela também tinha sua movimentação e vida, mas era algo mais cinza e ordenado, nada tão vivido como aquela.
"Não dá pra ser muito animado numa cidade com um psicopata a cada esquina"
As pessoas estavam tão absortas em suas próprias ações e barulhos que não tinham tempo de ver o demônio vermelho no céu, voando e passando por entre os prédios, entrando em seus pontos cegos mais vulneráveis e indo tão rápido como chegou, nunca dando lhes a chance de sentir os arrepios na nuca indicando a presença iminente.
Os heróis da noite se encontravam sobre uma grande catedral, possuindo gárgulas em si para afastar os demônios que o rondavam e um sino que marcava o abrir dos portões de uma nova hora. Era de certa forma reconfortante estar no alto de uma estrutura durante a noite cercado por gárgulas, o lembrava de casa, das noites de patrulha junto ao pai e irmãos, as paradas para o lanche feitas sobre a cabeça de um demônio de pedra. Estar acima de todos, vendo a magnitude de tudo, um vício do qual ele não se importava em tentar perder.
O vento logo o chama de volta a seus pensamentos, lembrando o que logo a estrela do amanhã nasceria e sua jornada de vigia teria fim. Ele se pergunta quando começou a observar a movimentação lá em baixo procurando por algum problema, um instinto marcado nele pelos anos na Liga e as noites de vigilante, ele nem mesmo notava mais quando começava a fazer isso.
Então ele ouve.
'Bamf'
Um som estranho que ele nunca havia presenciado em vida soa e junto dele o cheiro de enxofre se instala no ar. E tão rapido quanto o surgimento dos sinais de perigo, eles desaparecem, Golias nas sombras do teto do sino da igreja e Damian atrás da sombra de uma gárgula de 4 chifres.
"Porque o Professor não acredita em mim? Não foi minha culpa, eu não fiz nada de errado"_ o intruso parecia estar se lamentando por algum mal entendido que havia ocorrido com seu superior.
"Eu não mexi no holoprojetor, eu não fiz nada."_ ele começava a se fungar em murmúrios agora, enquanto o som do que seria mãos enchugando os olhos era identificado pelo garoto. Ele sabia como era esse sentimento, o de ser acusado de um erro cujo não havia cometido, Damian poderia até sentir empatia ou melancolia, se ele não estivesse focando sua mente agora nas novas informações obtidas.
A aparição repentina desta pessoa significava que este mundo é como o seu, tendo pessoas com poderes, e pelas falas do mesmo, uma instituição com alunos e ao menos um professor com poderes.
Também havia a questão do teleporte, talvez está pessoa, que ele ainda não havia conseguido ver por estar escondido, tivesse algum envolvimento com sua vinda para esta Terra desconhecida, talvez seu drama emocional fosse apenas um pretexto para Damian abaixar sua guarda por empatia a este e no momento mais oportuno ser atacado. Se isso se provasse certo então mais uma preocupação surgia, a do mestre de toda essa situação conhecer sua vida bem o suficiente pra saber que isso o afetaria.
Ele havia decidido.
Capturar e interrogar o suspeito.
Seu pai o havia ensinado, 'quando lidando com jumpers a melhor forma de se vencer é desestabilizando o cérebro e tornam suas reações lentas, tempo suficiente para atacar'. Ele não possuia um aparelho pra isso, mas talvez o destino pudesse o prover um plano distinto, o relógio de ponteiro em um dos pilares que sustentava o pequeno teto acima do sino dizia 02:58, em dois minutos o cino tocaria a toda força.
Mas, se este é o primeiro local que este meta pensa para afundar suas mágoas, então é um local que ele se sente a salvo dos problemas, um local que ele conhecia muito bem, deveria saber o horário das badaladas, por isso o ataque surpresa seria feito no momento das badaladas, encobertando sua aproximação do ser.
Golias o encarava com total atenção, desde que se esconderam ele estava lá, o olhando, apenas em espera para seu próximo comando.
Damian com movimentos ágeis de mãos sinaliza a ordem a Golias, seus anos de convivência e treinamento os permitiam se entenderem por esta línguagem silenciosa como ninguém mais conseguia. Golias vai rasteiro até sua posição, onde a visão de ambos seu amigo e seu alvo eram possíveis, e ele esperou.
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Touuuuunnnnn
Touuuuuunnnn
A ordem foi confirmada, com uma pequena mão que aparecia por trás das asas de pedra, ele não pensa, apenas faz.
Antes do baque do som de costas batendo com o concreto do chão se quer poder ser registrado, o grito de temor ecoou pelos pulmões do ser que estava preso pela gola da camisa nas garras da besta escarlate, enquanto este voava o mais rápido que podia para cima, girando e girando durante o processo de subida.
Mesmo tonto e desnorteado, a criança nas costas da besta ainda conseguia maner seu olhar firme o suficiente para identificar a criatura em sua posse.
'Ao menos acertei que ele era jovem, ou talvez não?' O jovem com as garras de um Golias ameaçador em seu peito não parecia um humano, não o convencional ao menos, na verdade ele parecia mais demônio do que humano.
Corpo coberto com pelagem azul índigo, olhos preenchidos de um amarelo brilhante sem pupilas, três dedos anormais em cada mão e apenas dois em cada pé, orelhas pontudas e cauda longa com uma seta na ponta, presas de tamanho médio. O ser era maior que ele porém muito menor que Golias, pensando bem ele até se parecia bastante com Golias, talvez fosse uma variante mais inteligente de morcegos dragão desse mundo ao invés de um meta?
Ele utilizava uma roupa colante com oque parecia ser um grande peitoral vermelho, mãos e pés em branco se destacando do preto do uniforme. Vestimentas que o remetiam aos trajes de heróis, é, seja lá quem o demônio azul fosse ele não era apenas um cidadão normal confuso.
"Quem é você?"_ o interrogatório começa. Eles já haviam parado de subir, estando agora parados a alguns quilômetros do chão e próximos a algumas nuvens, o ar era frio e as gotículas de água que o molhavam apenas tornavam a situação pior. 'Seria uma boa ideia utilizar as nuvens como fonte de água?' Uma ideia a se estudar depois.
Golias rosnava ferozmente para o ser índigo, que impressionantemente adquiriu um tom mais claro no rosto pelo medo extremo, se Golias seria o policial mau então ele talvez devesse ser o bom, ele nunca era o bom...
"Responda me. Quem você é e quem o mandou?"_ o demônio azul continuava tremendo sem responder nada, isso estava começando a dar nos nervos da criança.
"Sabe acho que depois de voar tanto Golias está começando a ficar cansado, não acha isso amigo?"_ e enquanto passava a mão pelo pelo do animal com um sorriso que se não estivesse sendo escondido pelo capuz seria dito como zombeteiro, Golias remove três de seus dedos da camisa do estranho, pendurando apenas por uma garra.
O choque da súbita perca de estabilidade e a presença de uma queda iminente trazem seu detento de volta a realidade, já que agora ele segurava o braço vermelho com as duas mãos e gritava nãos desesperados.
"Voltou a falar! Que ótimo. Agora me responda."
◇◇◇◇◇◇
O dia estava sendo um lixo, desastre poderia descreve lo também, mas merda era talvez o mais apropriado.
Kurt sabia que se mudar para um oceano de distância de sua casa seria estressante, que ele teria que se acostumar com viver com estranhos e ainda mais estudar em um lugar com costumes totalmente diferentes dos seus, ele só não esperava que todos esses sentimentos não sumiriam nem pelos próximos dois meses!
Como nunca havia estado em uma escola antes o professor decidiu que ele estudaria na mansão até alcançar o básico da série que ele deveria estar agora, o arranjo se mostrou bastante eficiente já que ele era um aprendiz rápido.
Então duas semanas atrás ele pode começar a frequentar a escola!
Um lugar onde ele poderia ser como todos, aprender coisas novas, fazer amigos, ter aventuras juvenis e até encontrar um romance, seu coração palpitação de emoção ao imaginar viver assim.
Seu entusiasmo morreu logo no primeiro dia.
Ele logo percebeu que o Instituto tinha uma fama estranha com os colegas, o "para jovens especiais" na propaganda do lugar os fez pensar em deficiência mental, por mais que eles estivessem usando palavras bem mais pejorativas para sussurar em suas costas.
Jean e Scott eram populares então ninguém realmente falava isso na cara deles, Vampira era assustadora e totalmente te daria uma surra só por olhar torto. Isso deixava Kurt, Kitty e Spyke, que sempre tentava se defender, como imãs de babacas.
Adolescentes maldosos e professores quase apáticos. Perfeito para acabar com o espírito de alguém, mas não Kurt Wagner!
O elfo azul, como seus amigos o apelidaram, aguentou e se adaptou a essa nova vida. Se ele conseguia lidar com robôs gigantes cuspidores de fogo e treinamentos com o senhor Logan, então consegue aguentar alguns idiotas desagradáveis.
E falando em treinamento.
Estava dando frutos, ele já era muito bom com seus poderes antes, mas agora, com uma dieta reforçada e exercícios orientados, ele estava no melhor ponto de seus 14 anos de vida.
Depois de um tempo ele até consegui encontrar alguns bons amigos naquele lugar.
Tudo estava melhorando, ele estava vivendo o sonho daquela criança assustada que o circo denominava de demônio azul.
Mas...
Por algum motivo ele continuava se sentindo deslocado, algo dentro de si apenas se sentia errado e ele não sabia como lidar com isso.
...
Talvez as palavras tenham chegado mais fundo do que ele acreditou.
Koby Woods fez questão de que seu nome fosse gravado na mente de Kurt, ele nem era o mais criativo, mas diferente dos outros ele mirava na aparência.
Os pequenos comentários repetitivos o fizeram duvidar de si mesmo, era um holograma, mas ainda continuava sendo ele, com a aparência que ele quis.
Incomodava.
Então sim, talvez ele tenha começado a mexer um pouco no holoprojetor.
Talvez ele tenha começado a escorregar nas aulas.
Talvez ele teve sua quase morte durante o treinamento na sala do perigo na noite de sexta. Ele repetiu uma e outra vez que sentiu algo estranho, como um cobertor quente nas costas que o desorientou, mas o professor resolveu descartar isso e acreditar que o estresse estava cobrando Kurt.
Ele se sentia deslocado.
E o incidente de sábado só deixou tudo ainda mais errado.
Evan e Kurt estavam comprando hotdogs de uma barraquinha ali perto da pista de skate, junk food nunca tinha hora errada.
Era divertido sair aos sábados para ver Spyke na rampa, Evan sempre tentava convencê lo a andar de skate e ele sempre recusava.
Um dia alegre e normal, ou ao menos deveria ter sido. Tudo estaria bem se aquele maldito relógio não escolhesse aquele momento para falhar.
Kurt nem teve tempo de comer, quando ouviu o grito horrorizado junto dos olhares de medo, ele desapareceu mais rápido do que conseguia pensar.
O sentimento da inadequação o impediu de tentar voltar ao Instituto, ele apenas ficou lá em um armazém sujo qualquer relembrando cada reação ruim ao seu eu verdadeiro.
Scott o encontrou muito tempo depois, parece que Spyke havia ligado imediatamente para o Professor, e como não havia nenhum registro de mídia de sua aparição, foi relativamente fácil a "limpeza". Tudo estava bem agora.
Ao menos tudo para esconder a existência dos mutantes, porque ele ainda teve que levar uma bronca.
Todos os atuais três professores do lugar se juntaram em seu quarto para falar sobre como era irresponsável da sua parte continuar bagunçando o relógio, que foi provavelmente isso que o levou a falhar.
O adolescente ansioso tentou explicar que não estava mexendo no equipamento, mas apenas soou como uma mentira, era muito fácil perceber as diferenças no holograma a cada novo dia.
Mas aí que estava. Ele não estava mentindo! Já fazia um tempo que ele não mexia no holoprojetor, dois para ser exato. Porque tudo oque ele fazia pareceria desagradar os outros, ele não queria mais sentir isso, essa parte nunca seria confiada a ninguém.
A discussão continuou mesmo após a explicação de Kurt, até que...
Ele sentiu novamente, aquela coisa que o tirou de si sexta a noite, dessa vez um pouco menos quente então ele conseguiu voltar a si mais rápido. Logan, Ororo e o Professor Xavier perceberam e o fizeram sentar rapidamente, as repreensões morrendo também.
Ororo estava preocupada que sua saúde mental estava afetando sua saúde física(não deveria, mas o fez lembrar dos comentários na escola), Logan concordou e o Professor sugeriu voltar a estudar em tempo integral no Instituto. As paredes se fechavam ao seu redor.
Ele não sabia mais oque fazer, então foi pelo caminho mais fácil.
Ele fugiu.
Para a catedral que o remetia a pequena igreja que o acolheu em seu pior.
Com um padre que ensiniu o ensinou compaixão, ele sentia falta do padre Colin.
Então aqui estava ele, no apogeu de sua desgraça, a vários quilômetros do chão sendo ameaçado por um monstro enorme e um minúsculo.
"Seu nome e afiliação. Agora."_ a voz era fria e ameaçadora, deixando claro que agora o silêncio teria consequências.
"Noturno!"_ não tinha como ele estragar a segurança de seus amigos duas vezes no mesmo dia. O nome de incógnita seria então.
"Hummf, vamos com isso então"_ ele soou resignado_ "Me diga Noturno, foi você ou dos seus colegas que me trouxe aqui?"
"Oque? E-eu não..."_ isso era muita coisa para assimilar.
"Golias"_ ao comando a fera voadora se aproximou e rosnou como um predador encarando sua próxima refeição. Kurt só conseguia encarar paralisado os dentes enormes que facilmente engoliriam sua cabeça.
"Vamos tentar novamente. Quem me trouxe aqui?
"N-não sei!"_ lágrimas começaram a cair sem parar.
"Quem é seu líder?"
"O professor- diretor da escola!"_ ele quase escorregou o Xavier na resposta.
"Por que estou aqui?"
"Eu não sei!"
"Você é um demônio ou meta?"
"Mutante!"
A figura coberta pelo capuz trava por um breve instante antes de continuar. Se Kurt não estivesse tão hiperconscinte não teria notado.
"Onde você estava hoje entre às 19:00 e 20:00?"
"Na escola tomando bronca!"
"Isso foi uma mentira"_ o mascarado disse com diversão na voz. Pelo amor de Deus, qual era a de todo mundo o chamando de mentiroso.
...
Ele parou novamente, mais perceptível dessa vez. O medo gélido percorreu a coluna do adolescente.
"Você sabe quem eu sou?"_ toda a diversão anterior havia desaparecido, o encapuzado tinha uma aura mortal.
"N-n-nã-o..."_ a resposta veio fraca diferente das outras, Kurt podia sentir a bile queimar em sua garganta.
Outro silêncio preenchido por nada além do bater das asas nos susuros do vento. Desa vez foi ele quem o quebrou.
"P-por favor eu não sei de nada. Eu juro!"
"Tt, você percebe que apenas negar tudo não te faz parecer inocente, não é?"_ ele ficou irritado e a fera rosnou em seu pescoço.
"Por favor não me mat-"_um soluço corta sua frase, dizer isso em voz alta solidificava a possibilidade de realmente morrer aqui. Tudo oque ele podia fazer era suplicar.
...
Seu interrogador ficou em silêncio por um doloroso tempo antes de dar dois tapinhas no captor.
Era isso. Kurt tinha cavado a própria cova, caindo e caindo até virar uma poça irreconhecível no chão. Ou talvez devorado ali mesmo onde seus gritos se perderiam nas correntes do vento.
O monstro vermelho lentamente começou a baixar após o comando do desconhecido em seus ombros, e bem mais gentil do que antes o depositou no telhado da igreja.
O medo ainda corria vividamente em si então suas pernas estavam fracas demais para sustentar seu peso, fazendo o desabar quando sentiu a superfície sob seus pés.
O adolescente estava ofegante tentando acalmar seu coração do que poderia ser o momento mais assustador de sua vida, apenas sua respiração alta era ouvida enquanto o mutante e o desconhecido se encaravam sem palavras.
Ele deveria ter se teleportado no exato momento em que a fera havia liberado seu aperto de si, mas ele não conseguia, estava tudo muito confuso e rápido em sua mente para a lógica poder trabalhar.
Antes que ele se quer possa pensar em fazer algo o encapuzado se adianta.
Sua audição melhorada pode capturar o murmúrio de 'sinto muito' antes da criatura gigante se virar e alçar voo novamente, desaparecendo rapidamente entre os edifícios.
Kurt ficou lá por mais alguns minutos tentando sem sucesso entender oque havia acontecido ali, apenas quando seus batimentos voltaram a seu padrão normal ele teve controle em seu corpo novamente e pode se teleportar de volta para a segurança do Instituto.
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'Qual o meu problema!?'
No momento em que a voz estridente começou a falar Damian sentiu algo novamente, parecido com oque o havia alertado sobre a presença que iria chegar mais cedo, mas um pouco diferente.
Foi como um formigamento quente no meio do peito, bem aonde a espada do clone rasgou seu coração, bem aonde as mãos do pai ficaram o fragmento do caos.
Algo o dizia que o ser índigo a sua frente era sem sombra de dúvidas honesto e livre de qualquer trama maluca que o tinha levado a aquele mundo.
Ele continuou mesmo assim.
Ele sabia que o adolescente era inocente mas mesmo assim continuou a pressionar, seja por seu orgulho ou teimosia, ele continuou a atormentar alguém que não havia feito nada de errado além de possuir habilidades de teleporte.
Ele continuou até aquele olhar de desespero lhe implorar que não o matasse. Isso o assustou, porque não importa o quanto precionasse, Batman não matava, logo Robin não matava, era algo que todos sabiam.
Ele havia se esquecido momentaneamente que não estava em casa, ninguém sabia qual era o limite da criança demônio.
Damian não queria ser visto como um assassino, amedrontar por violência? Claro! Mas não por morte. Isso o fez ficar enjoado.
Ele não fazia mais isso, não queria mais fazer isso!
Então ele fugiu, como um covarde, após jogar o pedido de desculpas mais pobre que já existiu.
Ele fugiu com o rabo entre as pernas por causa de uma situação que ele mesmo criou com as próprias mãos.
Ótimo. Agora ele estava hiperventilado.
Seus ombros tremiam e seus pensamentos corriam soltos.
Por que ele não consegue parar de machucar as pessoas?
Por que ele não pode passar um dia sem colocar a vida de alguém em risco?
Por que é tão difícil para ele apenas ser bom?
'Você tem veneno nas suas veias'_ sua mente cantou.
...
Por que ele ainda acredita que pode mudar.
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A lua iluminava, as estrelas brilhavam, o céu cantava e o oceano rugia.
Notes:
Esses eram todos os capítulos que eu tinha guardados.
A trama já está pronta na minha cabeça, o problema é escrever ksksjksj
Chapter 5: Perdidos na luz
Chapter Text
Voltar ao prédio abandonado para trocar de roupa e deixar seu companheiro escondido foi rápido, sua mente no piloto automático o comandou perfeitamente durante sua crise, assim como o bom soldado funcional que ele foi feito para ser.
Seu pânico ainda batia forte em seus ouvidos, mas havia se acalmado o bastante para a agora criança completamente normal e totalmente não um vigilante treinado em várias formas de combate e assassinato, estar se movendo entre as pessoas comuns.
Seu consciente nem estava coletando informações ou mapeando a geografia, seu corpo e mente imploravam para não ficar parado e era isso que ele estava fazendo agora. Seu inconsciente se encarregaria do caminho de volta, ele sempre fazia.
Quando as coisas começaram a não ser mais apenas um borrão de formas e vozes ele deu uma olhada melhor em tudo.
Neste momento Damian vestia um suéter verde claro estampado com vários dinossauros cartoonizados, calças jeans escuras comum, um conjunto de tênis brancos com uma logotipo em formato de A ao lado e para completar o visual um boné preto com uma grande mão verde fechada bordado nele. Era certamente muito infantil, mas nem de longe a pior combinação que sua mente agitada poderia ter escolhido.
Ele ainda usava o computador de pulso quebrado com a tecnologia de camuflagem da Wayne Enterprises, qual o sentido de um equipamento de espionagem se qualquer um pode vê lo, foi mais por hábito de sempre leva lo do que uma necessidade.
O apito estava sob o suéter, guardado firmemente próximo a seu coração.
Conforme as horas passavam Damian aprendeu muitas coisas novas, primeiro as pessoas de Nova York eram bem parecidas com gothamitas, apressados e com aquela atitude de ignorar tudo que não lhe afetava, tornava fácil passar desapercebido na multidão.
Segundo este mundo possuía super heróis, com menos ênfase no super. Eles tinham poder sim, mas nada no nível Mulher Maravilha ou Superman.
Esses Vingadores pareciam bem incompetentes, apenas ouvir as pessoas conversando em um ponto de ônibus o fez chegar a imagem do quão dividida era a opinião pública sobre eles.
Heróis ou ameaças?
Sokovia era um nome mencionado muito, que sempre fazia o "Batalha de Nova York" também ser levantado como contra ponto imediatamente. Ele não fazia ideia do que essas coisas deveriam significar, mas pareciam ser pontos chaves para entender essa divisão.
No meio das informações ele descobriu o maior absurdo desse universo desconhecido, as identidades civis dos heróis eram públicas. Damian quase pensou que ao invés da conversa de estranhos aleatórias que ele ouvia, eram na verdade de espiões secretos com informações confidenciais, esse pensamento se desfez ao encontrar ainda mais pessoas que sabiam das identidades e uma ou outra propaganda contendo oque ele supôs serem os mesmos.
Era certamente enervante, nem em seus delírios ele conseguiu imaginar um mundo de heróis públicos onde tudo não havia ido pelos ares ou recebiam dezenas de ataques de vilões a cada 15 minutos, que claramente resultariam em morte.
Mas aqui está o mundo, ali estão os heróis e bem ali um homem despreocupado em sua loja de esquina vendendo um sanduíche gordurosamente horrendo, tudo simplesmente continuou como se realmente estivesse bem. Como se fosse uma opção desde o início.
Damian quase conseguia ver o olhar de 'você está delirando?' que seu pai lhe daria se sugerisse a ideia de tal mundo.
Independente de suas opiniões as coisas nesse mundo pareciam bem mais controladas do que ele esperaria, de alguma forma era até um pouco menos caótico que o mundo dele. O fazia querer investigar e entender mais este lugar.
Ele não houviu nada sobre meta humanos ou mutantes até agora, parece que nem todas as cartas da mesa estão reveladas. Não que ele não pudesse compreender o porque, os metas de seu mundo enfrentavam bastante adversidade com alienígenas sequestradores e cientistas loucos brotando como ervas daninhas.
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Quem poderia imaginar que chegaria o dia em que ele sentiria falta das icônicas nuvens escuras sempre rondando Gotham.
Damian teve que lutar muito contra sua natureza lhe implorando para ir por algum beco escuro e suspeito, qualquer lugar com menos áreas abertas e pessoas, mas ele conseguiu se controlar, sua missão era obter informações gerais públicas, se esgueirar pelas ruas de trás certamente não lhe daria isso.
Neste ponto a luz do sol parecia drenar sua força vital, ele estava sendo dramático ou era realmente algo da bola de fogo desse universo? Ok talvez as teorias estejam indo um pouco longe demais, ele era um morcego, não um teorista da conspiração.
Suas pernas continuaram levando o pela cidade, de rua em rua, de pessoa maluca em pessoa maluca.
Normalmente os esquisitões de Gotham são apenas os vilões maníacos ou os podres de rico entediados, Nova York parecia ter um maluco a cada esquina.
Falando em esquina ele teve que acelerar o passo quando a polícia veio levar o homem pintado de azul utilizando apenas uma sunga vermleha que estava andando de quatro e latindo para as pessoas. Ele tentou morder um policial e acabou levando um taser nas costas.
O garoto ainda não havia ouvido nada sobre um monstro vermelho saqueador ou uma criança colorida louca por aí, ele desejava poder acreditar que não haviam sido denunciados mas sabia melhor que a falta de informação era devido a sua distância as áreas mencionadas.
Ele não possuía dinheiro para poder entrar em alguma venda de esquina e comprar qualquer coisa, oque lhe daria a chance de talvez assistir em uma televisão a algum programa local e encontrar tais informações. Ele provavelmente seria chutado por vadiagem.
Sua fuga o levou a um dos pontos que ele mais havia tentado encontrar sem realmente pedir informações as pessoas, uma biblioteca! Ótimo local para se descobrir as diferenças dos mundos pelos livros e com alguma sorte um computador funcional para pesquisar coisas mais recentes. Está não era Gotham então ele se permitiu ter a esperança de encontrar alguma máquina ainda inteira.
A bibliotecária que o cumprimentou lhe deu um sorriso distante quando ele entrou, ela não disse nada mas ele removeu o boné, tornando seu sorriso bem mais simpático. Hilary Cart ou Sra. Cart como ela se apresentou, alegremente o indicou onde ficavam os computadores quando ele perguntou.
Por um milagre todos os computadores não apenas funcionavam mas estavam em boas condições, oque o permitiu escolher onde se sentar, no canto mais longe e isolado da sala. Agora que ele pensa, talvez Gotham tenha abaixado demais sua barra de expectativas.
Seu plano original era primeiro livros e depois internet, mas as notícias sobre si mesmo ganharam na competição de urgência. Ele não sabia o nome do bairro em que estava então apenas pesquisava tudo com um "Nova York" no final.
Parece que nem todos decidiram pela rota de identidade pública.
"Demônio vermelho" resultou em algumas notícias sobre uma Hell's Kitchen e seu justiceiro chamado Demolidor, elas relatavam a inflexibilidade e extrema violência que o mesmo utilizava com os criminosos, por algum milagre todos viviam, alguns como vegetais, mas ainda viviam. Capuz Vermelho teria gostado do cara.
"Ameça vermelha", "mutante vermelho" e "Monstro vermelho" todos acabavam nas notícias do Clarim Diário e suas várias opiniões sobre o vigilante Homem Aranha, ele era um perigo para a cidade de Nova York e deveria ser preso imediatamente.
A repetição do nome J.Jonah Jemeson nas notícias o fez pensar que talvez fossem um pouco parciais, pesquisando por "Homem Aranha" ele percebeu que eram muito parciais. Em todos os outros resultados o heróis era descrito como um "amigo da vizinhança" e "super herói do povo", ajudando a pessoa comum do dia a dia, não apenas derrubando vilões e criminosos. Oque ele fazia támbem.
Por isso era sempre bom buscar por mais opiniões, ele poderia ter sido bem mais hostil com o vigilante caso se encontrassem algum dia tudo por causa de informações incorretas.
A aranha no moletom o recordou à tatuagem no pescoço de Ray. Uma homenagem talvez?
Outras variações da palavra vermelho o levaram a Feiticeira Escarlate e Deadpool, a primeira uma nova adição ao grupo principal de heróis do mundo e o último um mercenário insano e violento com poderes de regeneração. A mulher era quase escassa de informações e o anti herói tinha até demais, seu canal do YouTube foi recomendado na pesquisa, os títulos eram basicamente receitas de comida e os vídeos tudo menos receitas.
'Como ele ainda não foi derrubado?'
Nada nas notícias recentes o levou a algo sequer próximo a si, não havia nem mesmo algo sobre a invasão da noite passada. Operação escondida ou a armadilha para jovens delinquentes, seja lá o motivo do silêncio ele decidiu deixar o assunto de lado.
O proximo passo foi entender os Vingadores, a Liga da Justiça daqui. O time foi fundado a alguns anos quando 6 indivíduos uniram forças para parar um alienígena e seu exército, salvando assim a cidade de Nova York e o mundo da invasão. Haviam muitas fotos, vídeos, relatos e notícias da época, a destruição tinha sido enorme mas relativamente simples quando ele pensava no time que enfrentou a ameaça.
Tony Stark - Homem de ferro: gênio bilionário dono da Stark Industries, revolucionária no campo da tecnologia. Fugiu de seus sequestradores no Afeganistão criando uma armadura tecnológica em uma caverna enquanto seu coração era ligado a uma bateria de carro. Após sua fuga removeu sua empresa do ramo das armas e vem atuando como o Homem de ferro desde então. Parece que ele começou toda a coisa de revelar identidades, seu coração pulou uma batida enquanto ele assistia ao vídeo da tão famosa coletiva de imprensa.
Steve Rogers - Capitão América: único sujeito de testes do Projeto Renascimento realizado durante a Segunda Guerra Mundial. Líder e estrategista, foi responsável pelo grande feito de resgatar 400 homens de uma base nazista, herói de guerra que se sacrificou pelo mundo ao afundar em águas congeladas com o avião do inimigo. O super soldado foi encontrado e removido do gelo 70 anos depois e agora luta pelos valores da verdade e justiça no mundo moderno ao lado dos Vingadores.
Thor - apenas Thor: príncipe de uma raça alienígena que humanos nórdicos passaram a cultuar como deuses, o deus do trovão ajudou a derrotar seu irmão Loki e seu exército Chitauri. Ele vai e vem do planeta de acordo a sua vontade.
Bruce Banner - Hulk: cientista renomado com sete PhDs em várias áreas da ciência. O doutor trabalhava em um experimento para um novo tratamento médico quando foi exposto a raios gama, resultado no nascimento do monstro verde incontrolável Hulk. O grandão sempre aparece quando o doutor está estressado ou em perigo, sua capacidade mental é estimada baixa já que ele sempre age por impulso e instinto, sendo extremamente emocional e até infantil, causando destruição por onde quer que passe.
Clint Barton - Gavião arqueiro: atirador de elite e lutador habilidoso, o arqueiro do time nunca errou um alvo em sua longa carreira de agente especial. Não haviam muitas informações sobre seu passado.
Natasha Romanoff - Viúva negra: assassina, espiã e mestre nas artes marciais, sendo uma das melhores do mundo inteiro. Deserdou para o lado dos bons, se tornando uma das agentes mais eficientes do ramo e ajudando o mundo quando ele precisa. Damian consegue simpatizar um pouco com ela.
Para seu horror só agora Damian percebeu que estava usando mercadorias de heróis, ele deve parecer uma criança estúpida com idolatria a supers aos olhos de outros.
Então o mistério de Sokovia lhe foi revelado. Meu Deus, era nestes momentos que ele entendia a importância de alguém com poder de segurar milhares de toneladas fazia, se fosse em seu mundo Superman teria descido o país até o chão lento o suficiente para não haver mortos, feridos apenas se Flash não estivesse por perto para fazer a evacuação, na verdade seu pai e outros da liga teriam impedido o android assassino antes disso.
Não era nem sobre uma competição entre as habilidades e competência dos heróis de cada mundo, Damian estava apenas angustiado pensando em diversos outros caminhos que poderiam ter sido tomados, com ou sem as pessoas de sua Terra natal, afinal está era sua natureza, encontrar os erros e analisar decisões, pois Damian Al Ghul e Damian Wayne foram ensinados a sempre melhorar, sempre aperfeiçoar. Nunca cometer o mesmo erro duas vezes.
E... talvez seja porque ele também se sentiu triste por todos os relatos de vítimas do país.
Após Sokovia o time original se desfez, Thor voltou para casa, Banner desapareceu, Stark se afastou e Barton se aposentou. A Viúva e o Capitão continuaram atuando, liderando os novos membros Falcão, Feiticeira Escarlate e Visão. Honestamente eles pareciam bem mais fracos agora sem pesos pesados.
Wanda Maximoff parecia instável e pouco treinada nos únicos três vídeos que haviam sobre ela e suas habilidades, ele não conseguia identificar se ela era realmente uma usuária de magia ou outra coisa.
Samuel Wilson tinha um histórico para comprovar suas habilidades, mas ainda era um homem comum em um traje tecnológico, semelhante ao caso de Stark mas com menos poder de fogo, velocidade e defesa, nada muito impressionante.
Visão foi de certa forma informático e misterioso ao mesmo tempo, sempre aberto mas muito confuso. Ele decidiu deixar o assunto por enquanto.
A repetição do nome S.H.I.E.L.D o intrigou e a breve palavra escrita na barra de pesquisas o levou para uma toca de coelho.
Porque nazistas tinham que existir em todo universo?
A organização que havia sido criada para proteger este país contra grupos terroristas se deixou ser infiltrada até a raiz por um grupo terrorista, um grupo terrorista nazista ainda por cima. Como ninguém notou? A quantos anos isso vem acontecendo? É sério como ninguém percebeu que alguns missões se alinharam demais com os valores da Hydra?
Ele leu sobre como o mundo veio a saber essa informação.
Se antes sua fé nos heróis desse mundo era pouca então agora era inexistente.
Damian se perguntava se ele pensava demais ou os outros de menos, pois ele conseguia pensar em inúmeras outras formas de parar os hellicariers sem derruba-los em uma área populosa, tantas outras formas de eliminar os agentes infiltrados sem simplesmente jogar tudo na internet. Pois a Hydra era uma inimiga mas não era a única, muitos agentes reais da Shield ficaram a mercê de qualquer um em qualquer missão que estivessem no momento, suas verdadeiras identidades livres para qualquer um ver.
Ele nem queria pensar em quantos agentes e suas famílias foram queimados durante isso.
Mesmo pulando todos os documentos contendo a identidade de agentes do passado e presente, ativos e inativos, ainda haviam centenas de outros contendo missões, esquemas de armas, perfis, contabilidade, experimentos, espionagem, assassinato, interrogatórios, depoimentos, sabotagem, etc. Em um ponto ele se indagou se as pessoas desse mundo conseguiam traçar a linha entre as duas organizações, pois ele certamente não conseguia.
Sua pele coçava para ler toda e cada uma das páginas. Mas ele sabe que não deve se deixar levar por seu lado investigativo.
'Não vai mudar nada agora'_ ele lembrou a si mesmo.
Ele deveria ter levado algum dos pendrives.
Se ao menos o computador de pulso ainda funcionasse ele poderia facilmente acessar os arquivos em um lugar menos público, na verdade não teria nem precisado começar toda essa jornada pela cidade.
Ele voltou a pesquisar palavras chaves na barra de pesquisas, de vez em quando adicionando um "Hydra" ou "Shield" para conseguir partes específicas do arquivo.
Nada sobre usuários de magia milenares ou qualquer tipo de conhecimento mágico.
Eles não tinham alguém que pudesse criar portais místicos para outro universo.
Nada sobre versões alternativas de outras dimensões fazendo uma visita.
Eles não tinham conhecimento de como mandar alguém de volta para casa.
As brechas em seu coração lentamente se fechavam, a esperança parava de pingar delas.
Ele não teria ajuda ou conhecimento, o apoio de casa só chegaria quando percebessem sua falta, ele poderia estar morto antes disso devido a sua incrível capacidade de colecionar inimigos merecidos, ele não duvidava que havia feito alguns ontem, e tudo isso sem contar seu provável observador que não havia se mostrado, deixando seu status como neutro até agora.
"...porra"
Ele apagou todo o histórico de pesquisa.
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Damian tentou racionalizar enquanto voltava a se movimentar pela cidade. A biblioteca se tornou fria demais, ou talvez apenas ele se sentia assim, então ele apenas saiu.
Só porque não era informação pública não significa que não exista.
Ele confirmou que os meta humanos claramente existem e não havia nada na internet, nem mesmo um arquivo do info dump da Shyldra.
Talvez em algum lugar do mundo exista uma ordem de feiticeiros com suas artes místicas secretas.
Ele só precisava encontra-los!
E novamente o despejo de informações que ele viu parecia incompleto, períodos de tempo grandes e pequenos onde não havia qualquer atividade registrada, uma organização tão grande não simplesmente para, sempre está com algum esquema a ser cumprido. Seguramente ainda haviam informações secretas guardadas.
A internet é um lugar de desinformação, por que ele sequer estava levando tudo escrito lá como absoluto?
Não havia motivo para o desespero, ou as respirações em chiados, ou batimentos irregulares, nada de suor frio escorrendo pela testa.
Nada estava perdido. Por que ele se sentia perdido?
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Só um pouco de paz, era tudo que ele precisava. Sem sol, sem multidões e definitivamente sem tantas vozes ao seu redor.
Ele encontrou a décima oitava melhor opção, no parquinho que ele avistou não muito longe de si havia uma casinha de brinquedo interligada a três caminhos que davam em um escorrega, túnel e rede de cordas para escalar. Seu lugar de interesse era completamente fechado e provavelmente vazio, e mesmo se houvesse alguém ele os enxotaria.
Só... só por alguns minutos. Era tudo que ele precisava para se recuperar.
A criança nem percebeu quando havia chegado lá, seu cérebro apenas voltando a registrar seus arredores quando encostou a cabeça na janela de plástico da casinha, na única extremidade sem um caminho para algum brinquedo.
Era difícil controlar a respiração, entrava e saia em grandes proporções mas nunca era o suficiente.
Estes foram certamente os três dias bem cansativos de sua vida, tantas perdas de controle em tão pouco tempo. Ele era patético, indigno de ser o herdeiro de qualquer coisa, fraco demais para sequer manter a cabeça acima da água. Por que o pai havia tido tanto trabalho para trazer de volta sua maior falha?
Deveria ser tão fácil quanto respirar, trancar todas as emoções em uma caixa e nunca abri la, era tão fácil antes. Agora era como apagar chamas com guardanapos de papel.
Damian inútil, conseguiu desaprender uma lição aprendida por anos.
Seus devaneios depreciativos foram interrompidos por um toque em seu braço direito, que em algum momento se entrelasou ao esquerdo abraçando suas pernas, que estavam bem coladas ao seu peito enquanto seu rosto era precisando nos joelhos. Talvez foi por isso que respirar fosse tão difícil.
Como um animal encurralado, algo que ele era no momento, Damian se jogou violentamente contra a janela de plásticos, dando sua completa atenção ao que agora ele percebeu ser uma criança, uma garota provavelmente mais nova que ele. Como ele tinha perdido alguém se aproximando? Estúpido Damian.
Era uma criança normal, cabelo e olhos castanhos. Vestia uma camisa rosa com estampa de borboletas brancas, um casaco jeans com vários botons diferentes na esquerda, calças cinzas e sandalias roxas. Um dos dentes da frente faltava, mas Damian não era ninguém para apontar isso.
Ela parecia ter se assustado um pouco com o movimento repentino mas não recuou ainda. Sua mão, que ainda estava estendida, caiu prontamente quando ele rosnou para ela.
"Você tá bem?"_ preocupada e apreensiva, mas sem nenhuma indicação que sairia correndo.
"Oque isso te importa?"_ ele disse ríspido, tudo oque ele menos queria agora era alguém presenciando seu... momento ruim.
"Você tá chorando"_ compassivel e calma ela falava com ele, como se isso fosse motivo o suficiente para se importar.
As pontas dos dedos foram levadas até sua bochecha onde encontram umidade escorrendo.
Ele nem tinha percebido que estava chorando, ele era tão tolo que uma criança civil aleatória queria conforta lo, tudo porque ele era errado demais para se controlar.
Tão desligado que não notava nada. Estúpido!
Dramático! Era isso que ele era!
Sua respiração voltou a ficar errática, assustando um pouco a menina a sua frente. Ela parecia estar tentando dizer algo mas tudo parecia muito confuso agora, sua única resposta foi um rosnar quando sua mão ameaçou se aproximar novamente.
Ela ficou ali o encarando antes de sair rapidamente do brinquedo.
Era oque ele esperava mas ainda sim machucou um pouco. Todo mundo sempre ia embora porque ele não merecia ter ajuda, ele matou e feriu muita gente, ele merecia cada experiência ruim que a vida lhe dava.
Ele devia parar de se surpreender, ninguém nunca ficaria, já estava na hora de entender isso.
Niguem nunca volta.
Oque poderia apenas ser descrito como fugitivo de algum círculo do inferno apareceu em seu campo de visão. Era o coelho de pelúcia mais horrendo que ele já tinha visto, e olha que ele vivia em Gotham.
Seu olhar se voltou para a garota que havia retornado, ela empurrava a coisa em sua direção. Seu olhar de indagação deve ter sido percebido.
"Abraça"_ ela disse simplesmnete_ "me ajuda quando eu tenho um pesadelo"
'Talvez porque isso devore eles'_ mesmo pensando isso Damian aceitou, algum conforto poderia ajuda lo agora, mesmo que vindo de um dos filhos do diabo.
"Eu não quero estar aqui"_ ele admitiu em um sussurro quebrado, sua própria voz soava forasteira aos ouvidos.
"Onde você quer ir?"_ ela havia se sentado no outro canto do brinquedo, lhe dando completa atenção.
"Casa"_ soava tão simples.
"Então vamos"_ ela disse.
"Não posso"_ ele retrucou.
"Por que?"_ a pergunta de um milhão de dólares, algo que ele não deveria compartilhar com uma criança civil mas ainda se viu fazendo isso.
Maldita seja sua boca, traidor nefasto expondo as mais profundas lacerações em seu âmago, ele não consegue mais segurar sua língua.
"Porque- porque minha casa não fica neste universo. Porque este não é meu universo original. Porque eu estou preso nesta dimensão sem poder voltar para casa. Porque ninguém nesse planeta de merda parece ter conhecimento de como me ajudar. Porque todos os heróis daqui são ineptos e tapados. Porque eu impulsivo demais para chamar reforços para um vilão conhecido."_ soluços quebraram sua sequência de frases, mas ele continuou_ "Porque eu não sou um herói, apenas um fracassado. Porque eu nem sei se alguém está me procurando. Porque eu agora que meu pai vai ter um novo filho ele não precise mais de mim. Porque eu sou inútil demais para poder me salvar sozinho. Porque eu não quero estar aqui!"_ ele gritou a última frase.
Ele acabou de fazer uma birra infantil, era incrível como sua dignidade tinha sido jogada no lixo com tanta facilidade.
E assim como se foi, a respiração errática retornou pela quadragésima vez só naqueles minutos. As lágrimas nunca pararam, apenas se fortaleceram.
A outra criança ficou lá, apenas o encarando, enquanto ele tinha sua crise e abraçava a pelúcia feia. Ele nunca admitiria que fazer isso estava ajudando um pouco.
Ela abriu os braços e o encarou apreensiva.
Ele não rosnou dessa vez. Oque foi permissão o suficiente para ela avançar e abraça-lo.
Ele não parava de tremer e chorar.
Rompendo o abraço, olhos castanhos cheios de fogo encararam os verdes derrotados.
"Eu vou te ajudar"
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Ela o convenceu a sair do brinquedo após alguns minutos de apenas respirar e abraçar o coelho. Quando ele tentou devolver a monstruosidade ela aceitou.
"Aliás qual seu nome?"_ ela pergunta depois de andar um pouco.
"Damian"_ não havia necessidade de um aliás falso, sua identidade não carregava peso algum aqui.
"Legal, eu sou Cassie Lang"_ ela estendeu a mão alegremente, Damian aceitou o aperto com um olhar cautelosamente.
"Me recuso a te chamar de Lang"_ era simplesmente ridículo.
"Então me chama de Cassie"_ ela disse como se fosse uma resposta óbvia que ele não estava vendo.
"Não somos tão próximos"
"Então me chama de Lang"
"Não"_ ele estava resoluto nisso.
"Por que não?"
"Porque é ridículo"
"Por que é ridículo?"
"Você gosta bastante de perguntas não é?"_ essa criança não sabia responder sem pergunta?
"Como eu aprendo algo se não pergunto?"
"De fato"_ ele apenas concordou já que ela não estava completamente errada.
"Você fala como um velho"_ ela riu.
"Falo com maturidade você quer dizer"_ ele retrucou.
"Dá na mesma"_ nenhuma de suas respostas curtas parecia tirar a alegria dela.
"Não é"_ ele retrucou de novo, parecia um loop agora.
"Quantos anos você tem?"
"Doze. E você?"_ ele decidiu tentar manter a conversa viva.
"Onze... Você é mais velho"_ ela disse com espanto.
"Percebi. Oque me torna mais maduro que você"_ Damian zombou vitorioso.
"Mas ainda é mais baixo"_ ela sorriu divertida com a carreta de ofensa dele.
A ladainha desenfreada de... Cassie removeu os últimos resquícios de ansiedade em si. Ele ainda se sentia envergonhado pela pirraça anterior, mas não mais com... medo. Foi difícil admitir isso para si mesmo.
Eles caminhavam normalmente pelo que agora ele viu ser uma praça, menor que a que ele e Golias buscaram por água, mas ainda tendo um bom tamanho.
Cassie parou para comprar dois sorvetes, ele tentou dizer que não queria nenhum mas ela simplesmente o ignorou e seguiu em frente, dois minutos depois ela voltou estendendo suas duas aquisições em seu rosto, uma casquinha de baunilha e outra de chocolate, ele aceitou a de baunilha.
Eles voltaram a andar por aí, dando pausas para apontar algum esquilo que algum deles avistasse. Quando os sorvetes acabaram ele percebeu algo.
"Onde estão seus pais?"_ agora que ele teve mais tempo para pensar percebeu que não viu nenhum adulto acompanhando a garota.
"No hotel. Nossa casa quebrou então mamãe, Pax e eu ficamos lá agora. Mamãe disse que é só até concertar"_ ela apontava para um prédio tanto afastado mas ainda visível dali.
"Isso não responde porque eles não estão aqui"_ Damian apontou.
"É perto então eu posso sair sozinha"_ ela abaixou os olhos para o sapato_ "e eu támbem queria ficar sozinha"_ ele não teria ouvido o sussurro triste se não fosse treinado a ouvir cada som ao seu redor, mesmo que ele não tivesse feito uso disso nas últimas horas.
Ele queria perguntar o porque.
Ela o havia ajudado em seu momento ruim, então mais do que dever era seu desejo ajudar.
"O que-"_ sua frase foi perdida com o esbarro que ele sofreu de outra pessoa. Ele quase caiu com a força.
Damian estava prestes a mostrar oque era um ghotamita irritado quando olhou para cima.
Então tudo congelou.
Chapter 6: Gárgulas a se olhar
Chapter Text
Era apenas um adolescente genérico qualquer.
Camiseta branca com mangas magenta, calça escura desgastada nos joelhos e sapatos marrom fosco com tiras brancas. Um Ctrl+C Ctrl+V de todo adolescente que ele já viu em suas visitas a uma escola.
Eles não eram nem remotamente parecidos, o antônimo um do outro.
Ter o mesmo relógio no braço esquerdo não significa nada. Apenas uma coincidência!... Quem ele está tentando enganar?
De alguma forma ele sabia.
Aquele sentimento estranho que o levou a confiar em Cassie, o mesmo que o fez perceber a honestidade do meta hunano azul, aquela coisa que o avisou sobre uma chegada iminente a catedral. Aquilo borbulhava novamente.
Era ele mesmo, a pessoa inocente que ele intimidou e atacou.
O outro também deve ter notado pois agora ambos travavam uma batalha de olhares inexpressivos, ambas as poker faces tendo sido sustentadas por bem mais do que a norma social aconselhava.
Cassie começou olhar entre um e outro enquanto tentava compreender o comportamento estranho de seu novo amigo.
Decidida a terminar com aquele momento estranho a garota sempre energética decidiu por falar primeiro.
"Oi! Meu nome é Cassie Lang e este é meu amigo Damian!"_ com um aceno alegre de mãos a garota apresenta a si mesma e a seu amigo que mesmo sendo mais velho era mais baixo que ela.
Damian ficou mortificado.
Qual o problema dela? Os pais dessa criança intrometida não a ensinaram sobre nunca revelar informações importantes a desconhecidos!?
Antes que Damian pudesse forçar suas cordas vocais a responderem o adolescente fala.
"Olá! Eu sou Kurt Wagner!"_ o nervosismo em sua voz fica bem claro com sua incapacidade em controlar as notas altas que saíram na frase curta.
O que esse idiota estava fazendo agora!!?
◇◇◇◇◇
O que ele estava fazendo agora????
Após o incidente na catedral Kurt voltou imediatamente para o Instituto, já passava muito do toque de recolher que o Professor estabeleceu desde o primeiro dia.
Como esperado os adultos estavam esperando no hall de entrada, cada um com uma nuvem cinzenta sobre a cabeça, literalmente no caso de Ororo.
Ele deve ter parecido bem mais abatido do que pensava, pois as caras fechadas se transformaram em preocupação num instante, ao invés de uma bronca colossal tudo oque o recebeu na volta a casa foi um pedido para que fosse dormir e uma promessa de que conversarião amanhã.
O sol raiou e com ele as leves sugestões sobre seu destino se tornaram decisões imutáveis, ele estava fora da escola e ficaria um tempo sem treinamento, não é uma punição eles disseram, certamente parecia uma; dois meses de sua vida gastos em esforço e dedicação jogados fora num instante. Surpreendentemente ele não tinha ficado de castigo, ainda podia ir e vir contanto que respeitasse o toque de recolher, coisa que ele não fez ontem, mas também não foi realmente mencionado além de uma leve reprimenda.
Ninguém também perguntou oque aconteceu durante suas horas fora do radar, facilitando manter seu silêncio.
Ele deveria ter contado oque aconteceu na noite de sábado, dito algo sobre sua vida sendo ameaçada a quilômetros do solo, mas por qualquer que seja o motivo ele não o fez.
Talvez por não querer causar mais problemas do que já tinha feito, talvez para não ouvir outro sermão, talvez ele apenas não quisesse continuar sendo tratado como vidro frágil. Ele podia pensar em vários motivos lógicos para o porque não ter dito nada, mas no silêncio de sua mente o verdadeiro motivo era reconhecido, medo.
Ele sonhou com o vermelho, tanto o que voava no céu quanto o que caia de suas entranhas.
Bem no fundo ele sabia que contar era decisão correta, que nenhum dos residentes da casa teriam problemas em enfrentar os desconhecidos de ontem, mesmo que separados. Mas ele ainda não conseguia, a ideia de suas cordas vocais transmitirem algum som fez seu coração falhar.
Era aquela coisa estúpida de você ser maior que a barata mas ainda ter muito mais medo dela.
No café da manhã, como o extrovertido que era, Kurt teve sua ausência de palavras percebida instantaneamente, pelo canto do olho ele podia ver seus amigos lhe enviando olhares preocupados, ninguém tentou iniciar um interrogatório sobre a súbita mudança, cada um aceitando qualquer que fosse a história que algum dos professores contou.
Seu estômago revirou, estar sob os olhares fazia sua pele coçar, como se ele fosse errado. Ele murmurou algo que não se lembrava para Logan enquanto saia da cozinha engolindo uma panqueca.
Antes que alguém reagisse ele estava fora, felizmente ninguém tentou impedi lo, provável que pensassem que ele precisava de tempo para digerir tudo oque vinha acontecendo.
Andando ele se viu perdido em pensamentos, comprando um hotdog ele continuou a transitar.
"Entender a origem é como entendemos o agora, pois é no passado que nascem as respostas" seu pai sempre dizia, levar suas palavras coladas ao coração era como ele lidava com a dor de não ver sua família por tanto tempo. Eles sempre faziam vídeo chamadas quando possível, tanto pelo fuso horário quanto pela rotina ocupada de ambas as partes, seus pais ficaram fora do mercado de trabalho por muito tempo e seguir um circo itinerante pelos últimos 12 anos não é a melhor das referências para colocar no currículo.
Eles nunca perderam sequer uma chamada, mesmo quando o cansaço de correr para aprender novas qualificações era visível em seus rostos. Seus pais que após encontrarem um bebê mutante flutuando no rio o amaram incondicionalmente a ponto de abandonar suas vidas para seu filho ter uma chance de viver sem se esconder, mesmo que fosse em um circo. Não houve um momento sequer em sua vida que ele duvidou do amor de seus pais.
Kurt pensou sobre tudo, sua infância, o circo, o fogo, a igreja, as palavras, o confronto, o Instituto, a escola e por fim ontem.
No final ele chegou a uma conclusão, a resposta final para o dilema de sua vida.
Ele nun-!
De repente alguém esbarrou nele, uma criança pequena que antes de cair no chão recobrou seu equilíbrio. Sendo o mais velho e maior da situação Kurt foi rápido em querer se desculpar, com medo de que o garoto começasse a chorar.
Pena que sua ação foi interrompida por seus instintos lhe clamando para correr dali, de início ele não entendeu a sensação, mas então o menino começou a encara-lo irritado com aqueles brilhantes olhos verdes cobertos pela sombra do boné e então travou. Naquele exato momento, de alguma forma, ele percebeu quem era.
Ele deveria ter corrido mas seu corpo congelou, assim como o do seu até então quase assassino. Antes que seu cérebro descongelasse ele estava de alguma forma se apresentando para a menina que acompanhava o garoto.
Seriamente o que ele estava fazendo???
"Ah! Quase me esqueci. Este é Halphas!_ Cassie, como havia se apresentado, agora lhe introduzia com um sorriso de orelha a orelha ao coelho de pelúcia mais horroroso que ele já tinha visto. Kurt teve que se esforçar para não transmitir sua opinião sobre a coisa em seu rosto.
Ele foi salvo de dizer algo por uma voz atordoada. Damian, como Cassie o havia apresentado.
"Deu o nome de um demônio para a sua pelúcia?"_ se antes Kurt teve dúvidas, todas elas se foram agora, era mesma voz de ontem, um pouco mais aguda mas ainda a mesma voz.
"O coelho é meu, posso dar o nome que eu quiser"
"Sim. Mas esse não é o ponto. Você sabia ou não a origem do nome?"
"Claro que sabia, eu pesquisei!
Damian ficou em silêncio apenas encarando a garota com uma expressão de resignação.
"Você é uma criança estranha"_ ele concluiu com um leve aceno de cabeça.
"Obrigada!"_ ela levantou mais o queixo, escolhendo levar aquilo como um elogio.
Observando a interação, o estado de espírito do adolescente estava dividido entre humilhação e confusão. Ele se sentia constrangido por ser dominado por uma criança de o que? Dez anos? Porque não foi só o monstro vermelho que o aterrorizou, foi uma grande parte mas não tudo, o pouco do brilho verde que escapava das sombras fez seu corpo paralisar ao mesmo tempo que desejava fugir o mais rápido possível. Assim como agora.
"Espere!"_ o garoto gritou quando percebeu Kurt se movendo, oque o fez parar de forma brusca, traços do medo da noite passada reaparecendo com a voz autoritária. O garoto deve ter percebido pois abaixou tanto sua voz quanto seu olhar para as próximas falas.
"Eu quero pedir desculpas"_ ele começou_ "agi com base em suposições infundadas, ataquei e aterrorizei de forma desgovernada, coloquei sua segurança em risco. Peço perdão por machuca-lo Wagner"_ olhos verdes deixaram o chão até encontrar oque agora, graças ao holoprojetor, eram olhos castanhos. Determinação e arrependimento brilhavam na mesma intensidade ali.
Kurt sentiu como se tivesse ficado mudo.
"Machucar?"_ a pergunta saiu incerta e confusa. Ela não estava concluio com ele?
"Eu... usei de violência contra ele no dia de ontem. Deixei meus conceitos prévios tomarem conta antes de analizar a situação a fundo"_ por mais difícil que fosse Damian não negou seus erros, ele foi ensinado a nunca encobertar suas imperfeições, ele as cometeu e agora precisava aguentar a vergonha que trouxe a si mesmo.
"Por que?"
"Acreditei que ele fazia parte de alguma conspiração relacionada à minha situação atual"_ Wagner se mexeu um pouco de seu lugar de estátua imóvel, não que ele tenha visto já que não ousou desviar seus olhos do rosto de Cassie.
"... Então ele sabe que você é de outro universo?"_ foi a única coisa que ela pescou de toda a conversa, seus olhos se tornaram estrelados com a perspectiva de mais alguém conhecendo o segredo.
"Outro universo?" Kurt interrogou ao mesmo tempo que Damian disse "Você acreditou em mim?". Ele soou completamente pasmo.
"Por que eu não acreditaria?"
Isso o deixou sem palavras, era desconcertante ter sua palavra validada sem precisar de mil provas e motivos, também o fazia se preocupar com o quão fácil alguém poderia enganar Cassie.
"Além de que, cara... seus olhos tão brilhando"_ a bomba foi deixada calmamente_ "Primeiro eu achei que era só a a luz batendo nos seus olhos, mas aí eu lembrei que bonés são feitos pra impedir isso"_ ela gesticulou para o rosto.
Isso explica muito da instabilidade recente, na verdade explica tudo.
O sintoma mais conhecido e duradouro de se usar os Poços de Lazarus, a febre de Lazarus. Um estado mental desestabilizado onde o usufruidor das águas se perde em violência, sede de sangue, descontrole, raiva desenfreada e histeria, uma queda a loucura que todos passam após se levantar dos poços.
Sanidade era o preço cobrado aos moribundos para ter de volta seu caminhar entre os vivos.
Com o tempo a febre baixava mas nunca deixava o usuário, sempre aparecendo em momentos de emoções fortes, oque comprometia ainda mais o raciocínio lógico no cenário.
Como um Al Ghul que nasceu com os olhos do demônio Damian era capaz de resistir e até negar esses efeitos até certo ponto. Como um herdeiro Damian aprendeu a submeter esse descontrole, as vezes ele até esquecia que essa coisa existia... como nos últimos dias.
"Faz a coisa de outro universo não ser impossível"_ Cassie deu de ombros.
...
Ele se sentia exposto.
"Isso é normal?"_ o silêncio prolongado de Damian estava começando a preocupa la, com medo de recoloca lo naquele estado assustado de antes.
'Algo em mim é normal?' não foi dito.
"Acontece quando minhas... quando minhas emoções sobrepassam meu controle"_ as pontas dos dedos deslizavam pelo lado direito da cabeça, querendo que de repente algum interruptor aparecesse ali e ele pudesse desligar esse problema.
"Todo mundo no seu universo faz isso?"
"É mais uma sequela de algo..."
Damian não parecia querer aprofundar mais sua explicação então seu alvo de interesse se voltou ao adolescente que estava em silêncio até agora.
"Você quer nos ajudar?"_ ela se virou para encara lo.
"Com o que?"_ ele parecia perdido.
"Damian precisa ir para casa!"_ ele não estava prestando atenção em nada do que eles falaram até agora!?
Ele permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar se movendo entre ambas as crianças.
"Tá... claro. Eu fasso isso"_ a garota sorriu radiante enquanto o garoto o olhou com dúvida.
Se alguém perguntasse Kurt diria que apenas concordou antes de pensar duas vezes, se alguém apontasse a óbvia mentira então ele diria que realmente tinha pensado duas- não, quatro vezes antes de concordar.
A sua frente haviam duas crianças, uma que tentou assasina lo e uma que tentava ajudar dito assassino.
A questão era, Damian era perigoso e Cassie não parecia saber a extensão disso, ele podia estar tremendo de medo mas nunca deixaria uma criança pequena em perigo, mesmo que esse perigo fosse outra criança pequena.
Além de que quanto mais rápido ele voltasse para casa mais Kurt poderia relaxar, saber que ameaças não pairavam a cada sombra seria confortável.
Ele até pensou em questiona a coisa de outro universo mas aí se lembrou que era um mutante demônio azul que vivia em uma cidade com super heróis que salvaram a mesma cidade de alienígenas no passado, a ideia não era tão insana agora.
"A gente tá aqui de pé a algum tempo. Vamos sentar ali!"_ ela apontou para uma árvore rodeada por grama em um canto da praça. Haviam vários bancos e até mesmo os balanços para eles se sentarem mas é claro que ela escolheu o chão com sujeira e provavelmente insetos.
Ninguém realmente reclamou.
Cassie parecia ter um dom em fazer recém conhecidos fazerem exatamente oque ela queria.
Eles caminharam sem qualquer tentativa de iniciar uma conversa, seja pela falta de necessidade ou clima tenso que ainda havia entre os dois garotos, esses poucos momentos deram a Damian tempo para praticar sua respiração e limpar sua mente, agora que ele sabia qual era o problema ele podia trabalhar na solução.
"Eles ainda brilham?"_ ele perguntou após chegarem ao seu destino.
Wagner negou em silêncio enquanto Cassie respondia "Tudo apagado".
Isso foi um alívio, com um problema a menos ele se concentrou em encontrar alguma presença que pudesse bisbilhotar em sua conversa de alto segredo. Quando não conseguiu encontrar nada ele olhou de volta ao grupo e percebeu que Cassie.
Ela continuou a encara-lo, suas sobrancelhas franzidas pareciam estudar algo em seu rosto.
"O que?"
"Seus olhos são bem calmantes quando não tão brilhando"
"Obrigado?"
Sua única resposta foi um positivo com a mão. O sorriso naturalmente retornando a sua face enquanto todos se sentavam na grama rala.
"Vamos pelo começo. Como você chegou aqui?"_ como o mais velho ele se sentiu na obrigação de tomar o controle da situação.
"Como foi declarado previamente me encontro apartado de meu universo de ascendência"_ Wagner acenava ligeiramente com a cabeça enquanto Cassie parecia tentar decifrar um enigma.
"Cara, palavras simples"_ ela disse exasperada.
Ele fingiu ignora-la enquanto seguia seu pedido e continuou a narrar sua história.
"Em meu universo de origem eu sou um vigilante, aprendi nesse meio tempo que eles existem aqui também então não há necessidade de explicar oque são"_ ninguém interveio então ele continuou.
"Na noite de sexta-feira avistei um vilão conhecido de onde vivo, decidi enfrenta lo antes que qualquer plano seu tivesse início. Como um covarde ele fugiu oque me fez ter de ir atrás dele, durante a perseguição o vilão usou uma arma estranha que tinha acabado de roubar para me neutralizar... derrubar para termos mais simples"
"Eu sei oque é isso"_ ela parecia um pouco irritada.
"Como eu poderia saber? Você nem sabia oque apartado significava"_ seu rosto era impassível, mas diversão pingava de sua voz. Se vingar das piadas de mais cedo era animador.
Antes que eles pudessem iniciar sua troca de insultos o adolescente até então apenas um ouvinte falou.
"E-e aquela coisa?... A vermelha?"_ ele parecia temeroso, com medo de qualquer palavra o coloque em problemas.
"Aquele era Golias, meu associado. Ele estava comigo durante a patrulha de ontem e veio comigo para cá"
"Golias?"_ Cassie questionou.
"Meu morcego dragão"
"Isso soa muito maneiro"_ as estrelas nos olhos retornaram.
"Ele é-"
"Então foi a arma que te trouxe aqui!?"_ antes que eles se aprofundarem no assunto Kurt retornou rapidamente ao foco da conversa. Ele parecia um tanto eufórico então ninguém comentou nada sobre isso.
"Sim, acordei no lixo após oque presumo ser um intervalo de algumas horas, ou talvez apenas alguns minutos com o tempo em ambos universos correndo de maneira diferente. Não tenho como descobrir isso"
Todos ficaram em silêncio, cada um tentando encontrar um novo ângulo e uma nova pergunta a se fazer. Kurt foi o mais rápida, sugerindo a opção mais sensata.
"Isso não é algo que os Vingadores podem te ajudar?"
"Tive um tempo para fazer minhas próprias pesquisas sobre esse mundo. Sua inabilidade e aparente falta de conhecimento no multiverso não me passaram confiança"
"Ainda não é melhor do que nada?"_ ela disse confusa.
Ele abaixou seu olhar para sua mão que brincava com a grama, o silêncio se estendeu antes de Damian suspirar e voltar a responder a pergunta.
"Não há garantia de que alguém acredite em mim, ou que não tente nos conter para obter informações. Não importa oque ocorre comigo mas não vou deixar Golias se tornar um animal de laboratório de algum cientista mequetrefe!"
Ele estava resoluto, nada o faria mudar de opinião e se algum deles tentasse ele apenas iria embora. Para sua sorte ninguém pareceu discordar.
"Por que você achou que ele tinha a ver com isso?"_ seu polegar apontou na direção de Kurt enquanto este endireitava sua postura, sua atenção redobrando para a razão de seu incidente.
Ele trocou um olhar com Wagner procurando sua opinião sobre o assunto, algo que pareceu surpreender o adolescente, sua imagem estava realmente no lixo aos olhos do outro, não que fosse uma surpresa depois de tudo oque ele fez.
Kurt pensou um pouco antes de acenar, Cassie parecia ter levado bem a coisa dos olhos brilhantes então talvez também não reagisse mau a seus poderes, porque eles falariam apenas sobre seus poderes, nem todo mundo estava pronto para sua aparência, era desanimador mas ele sabia disso.
"Eu tenho poderes de teleporte"_ ele disse a garota que pareceu ter recebido um presente na manhã de Natal.
Seu olhar de admiração com alegria mau contida para o adolescente foi imediato, uma corrente elétrica passava por seu corpo, tudo oque ela conseguia fazer era olhar boquiaberta.
"Na noite de sábado outro incidente ocorreu, em um momento nós estávamos em perigo no ar e no outro nos encontramos no esconderijo temporário"_ Damian continuou.
"Espera, você foi teleportado na sexta e no sábado?"
"Sim, foi oque eu acabei de dizer"
"Que horas mais ou menos?"_ ele tinha um palpite mas precisava ter certeza sobre isso.
"Algo como depois das 23 na sexta e entre as 19 e 20 no sábado"
"Cara... acho que posso ter sentido quando você foi teleportado?..."_ suas sobrancelhas estavam franzidas, nem ele mesmo entendi oque estava dizendo.
"Como assim?"_ Damian também as franzia agora.
"Tipo nessa mesma hora em ambos os dias eu senti algo estranho. Foi avassalador na sexta, quando você chegou, e mais fraco no sábado, quando aconteceu de novo"
"Tem certeza disso?"
"Não, mas é improvável que tanta coincidência ocorra assim... nunca senti algo como isso antes"
"Interessanate"_ seus braços se cruzam sobre seu peito, seu olhar muda dos prédios a árvore enquanto ele tenta raciocinar.
Kurt estava da mesma forma, uma mão no queixo e outra brincando com a barra da camisa.
Ambos tentando entender oque isso deveria significar.
Recuperada de seu momento de super fã, Cassie retornou a conversa.
"Isso não significa que pode ter sido você?"
Eles a encararam como se estivesse dizendo algo absurdo, ou talvez não entendendo nada, parecia uma mistura dos dois então era difícil saber.
"Tipo que foi você quem fez o teleporte?"
"Como assim?"
"Oque te trouxe aqui foi a arma. Mas ela tá no seu mundo, não aqui. Oque quer dizer que algo diferente te fez puff ontem"_ sua mãos fizeram o efeito de uma explosão_ "Você foi a única coisa daqui que chegou perto da arma, não pode significar que você absorveu a energia e agora pode fazer isso?"_ seus olhos brilhavam com sua própria teoria.
"E antes que digam que alguém pode ter levado a arma pra cá é bom lembrar que Kurt só sentiu duas viagens, as duas que você fez!"
Ambos travaram pensado no que foi dito.
"Parece ingênuo mas plausível de certo modo"_ Cassie sorriu com orgulho para as palavras de Kurt.
"Não não é. Absorver energia aleatória e então ganhar poderes não é lógico ou científico"_ Damian disse exaurido.
"O Hulk absorveu coisas radioativas e agora tem poderes. Por que não pode ser assim com você?"
Ele não tinha uma resposta para isso, era fora da lógica mas muitas coisas eram, na verdade não era tão absurdo quanto várias das que já se provaram verdades em seu tempo de vida.
Mas ainda parecia incoerente.
"Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia"_ Wagner citou.
Suspirando ele olhou para o céu enquanto admitia.
"... não tenho uma refutação para isso"
"Então tá decidido, eu ganhei!"_ pelo som ela deve ter batido as palmas.
"Não era uma competição"_ seu olhar ainda não se desviou do azul infinito.
"Pra você talvez"
O riso de Wagner acompanhado pela diversão de Cassie o fizeram abaixar a cabeça.
"Então oque agora?"
"Kurt te ensina a teleportar!"_ ele concordou com um sorriso para ela.
"Vale a pena tentar"_ o adolescente lhe disse.
"Se, e estou frisando isso, se sua teoria for correta, não podemons simplesmente testar isso em um lugar tão aberto"_ Damian ainda não havia aceitado isso mas ia tentar de qualquer forma.
O lugar estava vazio mas não desértico, ninguém estava perto da árvore mas ainda era possível ver pessoas espalhadas na praça e transeuntes ao longe.
"Sei o lugar perfeito pra Isso!"_ Cassie continuou animada.
"Me diga que não é um armazém abandonado na parte mais afastada da cidade"_ seria clichê e gothamita demais para sua paciência.
"O que? Não. É uma loja fechada que eu e mamãe sempre passamos em frente quando vamos comer"
"Não é muito longe não é?"_ Kurt estava incerto sobre ir com Damian para um lugar com menos pessoas, só porque ele iria ajuda lo não significava que estava tudo para trás.
"Pertinho!"
"Contanto que não seja um armazém..."
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O local não era tão perto assim, mas não longe o suficiente para ser preocupante o tempo da caminhada de volta. Era um velho estabelecimento abandonado, segundo a placa desbotada uma cafeteria, apenas as janelas do comércio, no primeiro andar, estavam bloqueadas com tábuas de madeira desgatadas, no segundo, terceiro e quarto algumas estavam com rachaduras mas completamente livres de madeira.
A porta da frente obviamente estava trancada então eles arodearam até encontrar uma janela com as tábuas e o vidro quebrado. Só para ter certeza Damian usou uma vassoura quebrada que encontrou ali para quebrar os pedaços do vidro que ainda restavam.
Ao entrar eles puderam ter um vislumbre melhor do que já foi o Bob's Cakes.
A luz que passava entre as frestas da madeira permitiam uma visão adequada dali.
Como esperado o lugar estava completamente abandonado, com algumas plantas crescendo nas rachaduras do chão e paredes. A poeira assentava em todas as superfícies que ainda restavam no lugar, como as mesas e bancos de canto que provavelmente só não foram levadas por serem presas ao chão.
Alguns quadros permaneciam nas paredes, eram coisas aleatórias como um trem, arte abstrata e uma propaganda vintage de café.
"Olhem a cozinha e despensa, vou verificar lá em cima"_ Damian saiu sem deixar espaço para protestos.
O segundo nível parecia ser uma continuação da cafeteria, algumas mesas e quadros velhos espalhados pelo lugar, mas com muito mais luz do que o primeiro. O terceiro e quarto estavam igualmente vazios, sem algo deixado para trás era mais difícil julgar o que havia sido, mas por seu palpite eram respectivamente um escritório e habitação comum.
Sem convidados indesejados ele retornou para baixo para encontrar Cassie e Wagner sentados em uma das mesas, especificamente a mais afastada das janelas.
Ele optou por se sentar ao lado de Cassie.
"Humm. Deixa- deixa eu pensar um pouco"_ Kurt apoiou as mãos em frente ao rosto tentando encontrar uma forma de ensinar algo natural para si.
"Certo. Para conseguir teleportar eu preciso de uma imagem clara de onde estou indo, porque posso acabar aparecendo onde já existe um objeto ou entrando dentro do chão. Isso nunca aconteceu antes mas é melhor prevenir do que remediar, então só vou para lugares que consigo ver ou conheço muito bem"
"Também precisa de concentração, porque se sua mente se dispersa você pode acabar se confundindo e parando no lugar errado"
"Por exemplo"_ ele se levantou da mesa_ "eu quero ir para o Bob's Cakes, eu poderia aparecer aqui, ou aqui ou ali"_ Kurt aparece e desaparece em uma fumaça em três pontos diferentes na sala, Cassie bate palmas ao ver a demonstração.
"Obrigado"_ ele diz meio sem jeito para ela, se ele não fosse coberto de pelos ele certamente poderiam ver o rubor em seu rosto_ "e isso foi só neste andar, eu poderia ir para os outros lá em cima e ter menos certeza ainda de onde vou acabar. Eu posso pensar no lugar em si e acabar em qualquer lugar, até mesmo do lado de fora a 13 metros de altura"_ ele retorna a sua explicação.
"Então é isso, concentração e imagem clara. Basicamente tudo oque você precisa"_ ele concluiu sua explicação e volta a se sentar.
"Quando tiver certeza que vai ir para onde você quer, então faça isso! É como um interruptor psicológico, você liga e deixa acontecer"
"Um gatilho para ser mais específico!"
"Qual o seu?"_ ela perguntou.
"Minha fumaça aparecendo e desaparecendo"
A explicação foi inexperiente e esparsa, mas boa o suficiente para transmitir as informações. Damian levanta e se dirige ao meio da sala.
"Tente começar com algo pequeno, um metro a sua esquerda por exemplo. Ir escalando a distância é o melhor jeito"_ Wagner comentou a distância, recebendo um aceno de cabeça firme de Damian.
Após gravar o ambiente em sua mente Damian fecha os olhos e se concentra em sua respiração, sentindo o fluxo de vento seus ombros relaxam, ele visualiza seu destino e... nada acontece.
Pelos próximos dez minutos ele não faz nada além de respirar, visualizar e falhar pateticamente. Wagner acrescenta um cometário aqui e ali assegurando de que a primeira vez é difícil e que ele só precisa de tempo.
"Talvez o interruptor não tenha sido o melhor exemplo, tente pensar em algo diferente como gatilho"_ só levou mais dois minutos para seu discurso otimista ser mudado para algo mais realista.
"Tipo um sino?"_ Cassie sugeriu.
"Como a droga de um animal"_ ele disse sarcasticamente, seus nervos estavam começando a florescer com o fracasso contínuo. Ele nem se importou com o suspiro dramático de Cassie com "uma palavra proibida".
"Qualquer coisa que te deixe mais confortável"_ o adolescente levantou as mãos de forma apaziguadora.
Wagner não parecia com medo de seu tom, mas sim compreensível com sua frustração. Isso o fez se forçar a controlar sua irritação antes que dissesse algo ruim para as pessoas que apenas tentavam ajuda lo.
'Um gatilho diferente...' algo repentino e imediato deveria servir.
Ele tentou imaginar raios cortando o céu, pedras se quebrando, a chuva colidindo em superfícies e até mesmo um ovo quebrando. Nada sequer deu algum indício de funcionar.
"É, é um fracasso. Não tenho novos poderes para me levar para casa"_ ele disse derrotado, por mais que tivesse negado que isso funcionaria, uma parte de si ainda tinha esperanças, foi triste e previsível ter essa parte esmagada.
"Algo tá faltando"_ ela cruza os braços refletindo.
"O que você quer dizer?"
"E se você for apenas metade da chave?"
"O que?..."
"Não foi só você quem foi atingido naquela noite, o Golias que você mencionou também foi atingido. E se cada um absorveu metade da energia e agora os dois precisam estar juntos pra funcionar"
...
"Você tem um grande talento para criar respostas mais ou menos coerentes sem qualquer base racional adequeada"_ as palavras escolhidas não ajudavam mas aquilo foi um elogio.
"Obrigado. Sou muito boa em achar respostas sem realmente ter ideia de como as coisas funcionam. Meus professores odeiam isso!"_ o positivo idiota voltou as suas mãos junto do sorriso orgulhoso.
"Então oque estamos esperando? Vamos até o seu amigo vermelho!"_ Cassie estava entusiasmada para descobrir oque um morcego dragão era.
O rosto de Damian fechou imediatamente, mudando abruptamente o clima da conversa.
"Não faço ideia da localização de nosso esconderijo, além de que não posso simplesmente arrastar vocês pela cidade, seus pais vão ficar preocupados"
Antes que o desânimo da garota pudesse ser expressado ele continuou.
"Possuo uma forma de convoca lo até mim. Mas ainda é de dia e isso é uma metrópole alguém certamente o vera, se essa coisa de nós dois somos necessários para teleportar não for real apenas estarei colocando um alvo maior nas costas"_ para eles seu olhar tinha ido para a barra do suéter onde suas mãos agarraram, mas na verdade ele estava preso no apito escondido em seu peito.
"Golias é treinado e não tenho dúvidas que ele pode chegar até aqui, mas não seu oque vai acontecer no depois se falharmos"
A incerteza nublou o ambiente, pela primeira vez desde o início de sua aventura a seriedade da situação foi expressada, o silêncio pairava enquanto cada um tentava achar as palavras certas, mesmo que não houvessem.
"O que você vai fazer?"_ Wagner foi o primeiro a quebrar a quietude.
"Gostaria de seguir com o plano e arriscar, certamente existem planos mais seguros mas eles são desconhecidos agora"_ seu olhar muda para os de Wagner_ "mas somente se você estiver de acordo com a presença dele aqui"
Kurt trava novamente, por alguns segundos ele pensa em tudo oque ocorreu entre eles neste dia. O pedido de desculpas retorna a sua mente, talvez não fosse tão vazio quanto ele pensou a princípio.
Era algo mas não era tudo, arrependimento não pode mudar algo de um momento para o outro, ainda mais quando esse algo foi tão recente e assutador.
Reunindo toda a bravata que lhe sobrava Kurt endireitou sua postura.
"Ele vai atacar?"_ o medo ainda estava lá mas ofuscado pela severidade
"Apenas sob o meu comando"
"Você vai?"
"Não"_ ele disse resoluto.
Wagner perfurou sua alma com olhos duros, procurando por algo que talvez nem ele saiba oque. Damian não conseguiu se impedir de imaginar o dourado sobre a ilusão vasculhando cada sujeira em seu âmago.
Seja lá oque ele procurava dever ter encontrado, pois com um suspiro de derrota Wagner o permitiu chamar a besta de seus pesadelos.
Ele retira o apito sinistro de seu esconderijo e o assopra, nenhum som sai aos ouvidos humano ou animal, os únicos com permissão de ouvir sua melodia sendo aqueles que sangraram nele.
"Tem certeza que ele vai vir?"_ ela pergunta incerta após toda aquela troca.
"Sim. É mágico, seu alcance é muito maior do que você imaginaria. Só temos que esperar"
.
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Quando Cassie pensou em perguntar se o tal apito mágico não estava quebrado o som alto de uma janela quebrando foi ouvido, junto de passos pesados e fortes.
Cassie e Kurt se encolheram enquanto Damian marchava escada a cima. Após alguns segundos para se recuperar do choque ambos seguiram atrás.
Nada em sua imaginação se assemelhou ao que os aguardava no terceiro andar. Era enorme, vermelho, peludo e... estava lambendo o rosto de Damian?
"Golias não!"_ ele protestava em vão Já que a criatura continuava a lamber.
Foi bem fofo e engraçado, oque ajudou a quebrar um pouco da imagem assustadora e a deu coragem para se aproximar.
"Posso tocar?"_ ela apontou timidamente ainda mantendo distância.
"Sim, mas não me responsabilizo por nenhuma lambida"_ ele soava mais dramático do que mau humorado de verdade enquanto se afastava.
Estendendo a mão com cuidado os dedos tocaram no pelo carmesim, era bem mais fofo e macio do que ela esperava.
Quando percebeu a mão estrangeira Golias a encarou com olhos brilhantes antes de cheira la, para logo então empurrar sua cabeça em ambas as mãos da garota.
Cassie se apaixonou instantaneamente pelo morcego dragão, coçando sua cabeça enquanto falava animadamente com ele.
Uma cena feliz da qual Kurt fez questão de permanecer alguns pés afastados, o enervava ver Cassie tão próxima a aqueles dentes afiados, mas ele ainda era covarde demais para chegar mais perto.
Por mais que Wagner tentasse controlar seus tremores eles ainda eram bem perceptíveis, suas pernas pareciam que iam falhar a qualquer momento.
'Minha culpa...' ele se lembrou.
"Se isso te deixa mais confortável vocês podem se afastar e segurar as mãos"_ ele aponta para ao lado oposto da sala enquanto volta ao lado de Golias.
"Por que?"_ Cassie interroga.
"Ele só está aqui por sua causa. Eu sou perigoso e você indefesa. No momento em que eu me demonstrar violento ele vai fugir daqui com você"_ ele explica calmante em um tom compreensivo.
"Como você sabia?"_ assombro coloria suas palavras.
"Meu pai é o maior detetive do mundo, aprendi muito com ele"
"Damian não é perigoso"_ ela protesta.
"Essa é a sua opinião e você não pode força-lo a sentir algo diferente, é apenas como as coisas funcionam. Agora por favor se afaste um pouco e segure a mão de Wagner"
Ela ainda parecia querer discutir, seu olhar mudando entre ambos os garotos, Damian resolveu jogar baixo e partir para o sentimentalismo.
"Você não está indo embora, apenas vai ajudar Wagner a se sentir mais seguro, assim como você me ajudou mais cedo"_ sua teimosia estava cedendo, um último golpe e pronto_ "entendo que você quer proteger meus sentimentos então saiba que é preciso muito mais para feri los. Ele precisa de você perto agora. Ele está com medo agora, não eu"
Sedendo eles dão as mãos e se afastam alguns metros, os ombros de Kurt relaxam visivelmente com essas poucas ações.
Subindo nas costas de Golias o processo recomeça.
Respire, visualize, foque e gatilho... nada.
Ele repete o processo pensando em outros gatilhos, como Wagner havia mencionado. Dando o seu máximo para ignorar as vozes na sala ele persevera.
"Lembra, um metro para a esquerda"
'O crepitar das chamas'
"Ou talvez dois para a direita"
'Uma bala perfurando'
"Não parece tá funcionando..."
'O estalo da madeira'
"Acha que ele tá mudando o gatilho?"
'A luz falhando'
"Provável"
'Gelo rachando'
"Talvez matemática seja a solução?"
'Um osso quebrando'
"Pareço *alguém* que sabe matemática?"
'O bater de um coração'
"Talvez um adulto"
'Uma mordida na maçã'
"Sem Vingadores"
'Um grito cortado'
"Existem outros adultos além dos Vingadores"
'Um último suspiro'
"Só porque é um adulto não significa que *saiba* oque fazer"
'O corte de uma espada'
"É melhor do que quer que ele está *fazendo*"
'Uma estrela piscando'
.
.
.
A teoria de Cassie se provou verdadeira no momento em que seus olhos se abriram e a compreensão de que seu entorno mudou se instalou.
Damian tombou sobre Golias, seus braços se tornaram incapazes de sustentar seu peso, ele se sentia cansado mas não o suficiente para dormir. Parece que teleportar tinha seu preço.
Grande parte da fadiga o abandonou depois de alguns segundos, o dando clareza o suficiente para perceber as vozes preocupadas de Cassie e Wagner o chamando.
Com suas forças ele desceu de Golias, tropeçando quando seus pés encontraram o chão, antes que ele caise Cassie o ajudou a se firmar. Wagner também se aproximou mas ainda manteve sua distância.
'Eles também vieram?' Isso não fazia sentido.
Examinando seu redor seus olhos pousaram em uma nova presença.
Uma garota negra os encarava do outro lado do que ele reconheceu ser um laboratório, a adolescente estava surpreendentemente calma para alguém que presenciou três pessoas e um morcego dragão vermelho gigante aparecerem do nada.
Ela usava uma camiseta amarela sobre uma camiseta de manga comprida com listras roxas e lilases, uma saia branca, tênis de cano alto preto e brincos de argola. A pulseira em seu pulso esquerdo chamou sua atenção, talvez porque era bonita.
"Eu sou Cassie Lang, estes são Damian, Kurt Wagner, o grandão aqui é Golias e este é Halphas!"_ Cassie apontou para cada um enquanto os apresentava quando percebeu a garota. Kurt deu um aceno desajeitado com um sorriso ainda mais falho enquanto ela levantava alegremente a boneca infernal.
Normalmente Damian teria ficado irritado novamente pelas apresentações sem consentimento, mas ele decidiu não dizer nada, deixar o membro evidente mais inofensivel do grupo falar primeiro desarmaria a tensão da situação.
"Shuri"_ ela disse facilmente, contrário a sua aparência sua voz saiu atordoada.