Romanos 13.1-10

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REFLEXÃO PARA O DOMINGO 8 DE SETEMBRO DE 2024 | Romanos 13.1-10 | Antonio Carlos Oliveira |

Governar segundo a vontade de Deus

Não é uma tarefa fácil tratar do tema da autoridade em nosso cenário político atual. Isso porque em meio às polarizações político partidárias corre-se o risco, independente do que for dito, de ser mal compreendido por parte das pessoas ouvintes. A realidade vivida nos últimos anos na política brasileira deixou marcas profundas no emocional e nas relações entre as pessoas, também em nossas comunidades e famílias. Certamente você viveu ou sabe de algum caso de discussão por questões políticas envolvendo pessoas próximas. Novas eleições, em âmbito municipal, se aproximam neste ano. Como nos comportaremos dessa vez? Será que aprendemos algo nos últimos anos ou continuaremos com as mesmas atitudes? O que vimos e vivemos nos últimos tempos é preocupante, desrespeito, intolerância e violência não podem se tornar a regra para nossos relacionamentos pessoais e sociais. Principalmente, uma pessoa que se define como cristã e que participada da vida comunitária precisa ter como ética pessoal o respeito às demais pessoas e mesmo que não concorde com suas opiniões políticas tratá-las com dignidade. Infelizmente não é isso que presenciamos no dia, principalmente nessas épocas de eleições. O que vemos são debates exacerbados sobre ideias políticas, ofensas entre grupos políticos, agressões verbais e tentativas de desqualificar oponentes. O que se assiste nos programas de televisão e nas redes sociais da internet é levado para as conversas em encontros da família, muitas vezes criando discussões e brigas. Nesse sentido perguntamo-nos: Até que ponto nós queremos continuar com isso?

Paulo na carta aos Romanos reflete sobre a questão das autoridades levando em consideração a importância da vida em comunidade. Esse é ponto que leva o apóstolo a indicar o respeito às autoridades e inclusive a submissão aos governantes. O que está em jogo, nesse sentido, é a própria existência da comunidade e sua relação com autoridades do império romano e líderes religiosos judaicos.

Na compreensão bíblica Deus tem três características. Deus é onipotente (todo poderoso), onisciente (tudo sabe), onipresente (está em todos os lugares). Nesse sentido, pode-se afirmar que, nada pode existir sem o conhecimento ou sem a permissão de Deus. Portanto, todos os dons e talentos provêm de Deus, todas as habilidades e oportunidades para liderar e governar são dadas segundo à vontade de Deus. Se Deus vocaciona as pessoas para liderar a Igreja, Ele também chama e capacita pessoas com dons e talentos para liderar e governar as cidades, os estados e as nações. Neste ponto, podemos entender que toda a autoridade é dada por Deus, isso é o mesmo que dizer que Deus tem um propósito com cada autoridade colocada em cada lugar e que é segundo à vontade divina que cada pessoa governará pelo tempo permitido por Deus.

A maioria das pessoas compreende que um bom governo e uma boa administração estão a serviço das necessidades e dos interesses do povo. Inversamente um mau governo utiliza-se do poder para ganhos pessoais, interesses individuais ou partidários. O autoritarismo de regimes políticos, como no caso da ditadura militar vivida no Brasil entre os anos 1964 e 1985, são expressões de governos que impõem suas regras sobre à vontade da maioria da população. Dessa forma, não é mais o povo que escolhe seus representantes democraticamente, mas a liderança é imposta totalitariamente através do uso da força e das armas.

Existem governantes bons e governantes ruins? Esta avaliação depende muitas vezes do lado onde você se encontra. Vejamos um exemplo, o faraó no Egito no tempo de Moisés, conforme o livro bíblico de Êxodo. Se fôssemos do povo hebreu, escravizado e oprimido, certamente odiaríamos o faraó, seu exército e os líderes do povo egípcio. Já, em outro sentido, se fôssemos egípcios nossa opinião poderia variar, podendo chegar até a concordar e apoiar o governo. Se fosse esse o caso, teríamos que fechar os olhos para o massacre de inocentes e a exploração desumana de pessoas obrigadas a trabalhos forçados. Talvez ouvíssemos a justificativa de que essas atrocidades são para um bem maior ou visando o bem estar e o progresso da nossa nação.

Porém, a Bíblia em muitos casos também faz uma avaliação dos reis e governantes. A partir disso, percebemos que é preciso ser um bom líder também aos olhos de Deus. Na passagem do êxodo do Egito lemos que Deus escutou o clamor do povo hebreu, seu grito de socorro e enviou Moisés, um líder que libertou o seu povo. Deus escolheu estar ao lado do povo que sofre, escolheu estar ao lado das pessoas que têm seus direitos violados, escolheu estar ao lado da gente escravizada. Deus faz isso capacitando pessoas para liderar segundo à sua vontade para o bem do povo.

Imagens para a prédica

Você já ouviu a expressão “Fulano tem autoridade para falar desse assunto”. A frase se refere a um conhecimento a respeito de algo específico ou uma longa experiência com determinada questão, o que lhe faz ser uma referência nesse assunto.  Em outras situações nós nos referimos a profissionais como autoridades públicas, como no caso de pessoas da política, policiais, soldados, bombeiros, juízes, governantes. Estas são autoridades que prestam um serviço ao povo e têm a função de dirigir determinadas questões na sociedade, legislar e fazer cumprir a lei para o bem e a ordem social.

O papel ideal das autoridades deve se basear no exemplo do próprio Jesus Cristo que se compara a um bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (conforme João 10. 14-18). Nesse sentido, a autoridade é recebida pelo líder (pastor) para cuidar das pessoas (ovelhas) e prover oportunidade de sustento e bem estar para o rebanho. O que vemos é que a regra que vale na comunidade de fé com lideranças eclesiásticas e comunitárias também para o apóstolo Paulo deveria valer para as lideranças públicas na sociedade. Deus demonstra através de sua palavra que é seu desejo que exista uma sociedade, com leis e regras, com normas e ordenamentos para serem seguidos pelas pessoas. Porém, quando a autoridade se torna injusta ou perversa, é papel da pessoa cristã também se opor a ela, reivindicar direitos e mudar leis injustas. Nesse sentido, como indicado em Atos 5.29, compete obedecer mais a Deus do que as autoridades. 

Subsídios litúrgicos

Dinâmica: A melhor organização possível.

Material necessário: Caixas de papelão de tamanhos e cores diferentes. Uma das caixas deve ter algum alimento (chocolates, doces, etc.) que possa ser distribuído entre as pessoas.

Primeira parte: Diante do grupo organize as caixas de alguma forma (empilhadas, em linha, em grupos, etc.). Peça que observem e pergunte se concordam com essa organização. Modifique para alguma outra forma e torne a perguntar. Depois, ao final, abra a caixa contendo o alimento e distribua igualmente entre as pessoas. Então pergunte: Qual das organizações vocês acharam melhor? É possível que elas indiquem que foi a forma na qual os alimentos foram distribuídos.

Reflexão: Deus gosta de organização e organiza o mundo, com todos os seus maravilhosos detalhes, conforme o relato da criação em Gênesis. Deus também cria o ser humano como seu colaborador, aos homens e mulheres lhes dá essa tarefa de organizar e administrar as coisas. Logo é necessário que existam autoridades e estruturas que devem ser seguidas para o bom desenvolvimento da vida. No caso dos governantes de uma cidade, as pessoas elegem e apoiam os que consideram a melhor proposta política. Para isso, é preciso olhar para dentro das “caixas” e tentar conhecer as intenções que estão por trás dos discursos. Precisamos pensar que todas as pessoas precisam viver com respeito, liberdade, tendo o necessário para sobreviver com dignidade.

Hino: Livro de Canto 532 ou Hinos do Povo de Deus 486 – Arrumando o mundo.

P. Antonio Carlos de Oliveira

Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul (Brasilien)

antonio.ieclb@gmail.com