A RTIGO DE R EVISÃO
Qualidade em Cardiologia de Intervenção:
Direito, Privilégio, Desafio ou Exigência? [ 90]
P AULO SOUSA
Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa
Rev Port Cardiol 2 0 0 3 ; 22 (9 ) : 1 1 0 9 -1 1 2 2
RESUMO
A cardiologia de intervenção é,
provavelmente, das áreas da medicina onde
se verificaram, num curto espaço de tempo,
desenvolvimentos extremamente importantes.
Nos últimos 26 anos, assistiu-se a um
crescimento exponencial do número de
casos, operadores e centros onde se realiza
este tipo de procedimento.
Paralelamente, a última década foi pródiga
em novos desenvolvimentos ao nível das
técnicas de abordagem, materiais e
protocolos de terapêuticas adjuvantes, que
contribuíram para o alargamento do espectro
de situações com indicação, clínica e
angiográfica, devidamente estabelecidas.
Sempre que se intervém ao nível da
prestação de cuidados de saúde é desejável
que haja benefícios para os doentes, mas,
por vezes, também podem causar danos
indesejáveis.
O conceito de qualidade em saúde
apresenta-se, nos dias de hoje, sob várias
perspectivas, podendo assumir definições
diversas. A Joint Commission on
Accreditation of Healthcare Organizations
(JCAHO), define qualidade como, « O modo
como os serviços de saúde, com o actual
nível de conhecimentos, aumentam a
possibilidade de obter os resultados
desejados e reduzem a possibilidade de
obtenção de resultados indesejados» .
O estabelecimento de padrões de qualidade
baseados nos resultados obtidos é uma forma
racional, fiável e equitativa de diferenciar a
qualidade dos cuidados prestados,
apresentando, no entanto, algumas limitações
devido à enorme diversidade de definições e
formas de registo das variáveis em questão.
AB ST RACT
Quality in Interventional Cardiology:
Towards the Future
Interventional cardiology is an example of a
medical field in which rapid technological
advances have taken place over a short
period of time. In the 26 years since the
inception of interventional cardiology, there
has been an enormous increase in the
volume of cases and the number of operators
and sites performing coronary angioplasty.
Coupled with this, in the last decade we
have witnessed tremendous developments in
the techniques, materials and adjunctive
therapy associated with percutaneous
coronary intervention.
Health care interventions are intended to
benefit patients, but they can also cause
harm. The complex combination of
processes, technologies and human
interaction that constitutes the modern
health care delivery system can bring
significant benefits. However, it also involves
an inevitable risk of adverse events that can,
and too often do, happen.
The Joint Commission on Accreditation of
Healthcare Organizations has defined quality
in health care as “ the degree to which
patient care services increase the probability
of desired patient outcomes and reduce the
possibility of undesired outcomes, given the
current state of knowledge.”
The establishment of quality standards based
on patient outcomes data is a rational means
of differentiating the quality of health care in
the marketplace. Institutional variation in
patients’ baseline clinical risks precludes the
direct comparison of outcomes across
institutions. The application of risk
1109
Recebido para publicação: Setembro de 2003 • Aceite para publicação: Setembro de 2003
Received for publication: September 2003 • Accepted for publication: September 2003
A utilização da metodologia do risco ajustado
para aferir o cálculo das diferenças entre
doentes, no que respeita aos resultados,
torna-se assim um imperativo, na era
moderna da cardiologia de intervenção, para
legitimar a comparação de resultados entre
instituições e para uniformizar a informação,
os critérios e as definições, permitindo desta
forma estabelecer valores de benchmarking
rigorosos e credíveis.
Palavras-Chave
Cardiologia de intervenção; Qualidade; Risco ajustado;
Benchmarking
1110
adjustment methodology to account for
patient differences in these treatment
outcomes is imperative for legitimate
comparison of institutional results in the
modern era of cardiovascular intervention.
The aim of this paper is promote reflection
on the importance of quality in interventional
cardiology and, simultaneously, to emphasize
the role of health professionals in this
regard, in daily practice and through their
investigations. Another aim is encourage the
inclusion of risk adjustment methodology to
account for patient differences, and
consequently, to make an accurate
assessment of the results obtained by
different operators and institutions.
K ey words
Interventional cardiology; Quality; Adjusted risk;
Benchmarking
INTRODUÇÃO
INTRODUCTION
D
T
ificilmente, nos dias de hoje, se conhecem
intervenç ões na área da saúde, ou que
sob re ela inc idam, q ue não teç am
c onsideraç ões, questionem ou manifestem
preocupação sobre a qualidade em saúde, seja
numa perspectiva global e genérica, seja nas
suas diferentes dimensões e atributos.
Surgindo da exigênc ia, mais ou menos
visível, de todos os ac tores envolvidos, a
q ualidade
c onstitui
uma
dimensão
inc ontornável na saúde e na prestaç ão de
c uidados, sendo c onsiderada, muitas vezes,
como um direito, um privilégio, um desafio ou
uma exigência (1) .
O grup o d e trab al ho q ue e l ab o ro u o
relatório da Primavera do Ob servatório
Português para os Sistemas de Saúde 2003 –
Saúde que rupturas?, na sua reflexão sobre as
questões da qualidade em saúde, fez uma
análise objec tiva da situaç ão em Portugal e
refere q ue no nosso país, « ... milhares e
milhares de pessoas rec ebem c uidados de
saúde de qualidade. E de ano para ano são
melhores. A grande maioria destes cuidados
segue padrões de alta qualidade e falhas
graves são raras, tendo em c onta o grande
volume dos cuidados prestados em cada dia
nos hospitais...» (2).
Esta parec e ser, c ada vez mais, uma
verdade insofismável, princ ipalmente se
pensarmos no caso das doenças do aparelho
c irc ulatório q ue, c omo é amplamente
here are nowadays few aspec ts of health
care in which quality is not a concern, both
generally and in specific details. As quality is
to a greater or lesser extent demanded by all
those involved, it is an essential element in
health care provision, and can be considered
as a right, a privile ge , a c halle nge o r a
requirement(1).
The working group that prepared the Spring
2003 Report of the Portuguese Health System
Monitoring Unit, “ Saúde que rupturas?” , in
their examination of questions of quality in
health care, carried out an objective analysis
of the situation in Portugal and stated that
“ many thousands of people rec eive quality
health care that improves from year to year.
Most of this care is of a high standard and serious failings are rare, c onsidering the large
number of people treated every day in the
hospitals.” (2).
This judgement appears to be ac c urate,
partic ularly in the c ase of diseases of the
c irc ulatory system whic h, as is well known,
have for some time been the principal cause of
death and disab ility in the developed
countries.
Implications of atherosclerotic
coronary disease
Despite the advanc es of rec ent years in
diagnosis and therapy, cardiovascular disease,
conhecido, constituem, de algum tempo a esta
parte, a princ ipal c ausa de mortalidade e
inc apac idade nos países denominados
desenvolvidos.
Implicações da doença coronária
aterosclerótica
Apesar dos avanços verificados nos últimos
anos, ao nível do diagnóstico e da terapêutica,
as doenças cardiovasculares, particularmente
as de natureza aterosclerótica, continuam a ser
a princ ipal c ausa de morte, em ambos os
sexos, no nosso país (3, 4) . Por exemplo, no ano
de 1999, as doenças do aparelho circulatório
foram responsáveis por 39 % dos óbitos, sendo
52 % destes por doença cerebrovascular e 22 %
por cardiopatia isquémica. Estes dois grupos
c onstituem a terc eira e q uarta c ausas
principais de anos potenciais de vida perdidos
e um sério problema de saúde públic a que
urge investigar e reflectir.
Na Europa as doenç as c ardiovasc ulares
c onstituem uma das princ ipais c ausas de
mortalidade e de morb ilidade, c om
c onsideráveis c ustos soc iais e ec onómic os
assoc iados. Nos países do leste da Europa a
mortalidade
assoc iada
às
doenç as
c ardio vasc ulare s é de c e rc a de 9 / 1 0 0 0
habitantes, por ano, valor três vezes superior
ao verificado na Europa Ocidental (5) .
A s taxas de mortalidade por doenç a
isquémica cardíaca têm vindo a diminuir no
nosso país, ainda q ue de forma menos
pronunc iada do q ue o verific ado c om as
doenç as c erebrovasc ulares. É importante
referir que Portugal é um dos país da União
Europeia c om taxas de mortalidade mais
baixas por c ardiopatia isquémic a c ardíac a,
embora, princ ipalmente na populaç ão c om
menos de 65 anos, ainda sejam possíveis obter
ganhos c omparativos c om outros estados
membros (3) .
Nas últimas déc adas, a par de grandes
progressos tec nológic os no diagnóstic o das
doenças cardíacas, com especial relevo para a
ecocardiografia e para a expansão das técnicas
angiográficas, assistiu-se à introdução de um
vasto c onjunto de novos dispositivos e de
fármac os que revoluc ionaram o tratamento
destes doentes, c ontribuindo não só para o
alívio do sofrimento c omo para o
prolongamento da vida, em anos e em
qualidade.
O desenvolvimento da cirurgia cardíaca, a
par c om o aparec imento das primeiras
unidades de c uidados intensivos c oronários,
tornou possível a resolução de situações não
particularly atherosclerosis, remains the main
cause of death in both sexes in Portugal (3, 4).
For example, in 1 9 9 9 , diseases of the
circulatory system were responsible for 39 % of
de aths, o f whic h 5 2 %
were from
c e re b ro vasc ular dise ase and 22 % from
ischemic heart disease. These two groups are
the third and fourth leading cause of loss of
life years and c onstitute a serious health
problem that requires urgent investigation.
In Europe, cardiovascular disease is one of
the principal causes of mortality and morbidity,
with considerable social and economic costs.
In Eastern Europe mortality from
c ardiovasc ular disease is around 9 per
thousand population per year, three times
higher than in Western Europe (5) .
Mortality rates from ischemic heart disease
have fallen in Portugal, although less markedly
than from cerebrovascular disease. It should
be noted that Portugal has one of the lowest
mortality rates from ischemic heart disease in
the European Union, although further gains
could still be made relative to other memberstates, particularly in those aged under 65 (3).
In recent years, in parallel with the great
technological progress in the diagnosis of heart
disease, especially through developments in
ec hoc ardiography and angiography, a large
number of devic es and drugs have been
introduc ed that have revolutionized the
treatment of these patients, not only in terms of
relieving their suffering but also by increasing
life expectancy and quality of life.
Developments in heart surgery, together
with the establishment of the first c oronary
intensive care units, made it possible to treat
conditions that were not amenable to drug therapy and that up to the 1960s affected a large
number of cardiac patients in Portugal (6).
Improvements in c ardiac c atheterization
techniques have made it possible to intervene
in the intrac ardiac struc tures, notably the
c oronary arteries, using new instruments and
different approac hes. This has led to the
c reation of a new spec ialism, interventional
cardiology.
This has resulted in rec ent years in an
exponential rise in the number of c ardiac
catheterizations, for diagnostic and especially
therapeutic purposes, with millions of suc h
procedures performed annually worldwide (7).
Diagnostic and therapeutic catheterization is
now an essential part of the study and
1111
acessíveis à terapêutica farmacológica e que
até aos anos sessenta vitimavam, entre nós,
grande número de doentes cardíacos (6) .
As evoluções que se verificaram na técnica
de cateterização cardiovascular permitiram a
intervenç ão nas estruturas intrac ardíac as,
nomeadamente, nas artérias c oronárias,
utilizando novos instrumentos e formas de
abordagem diferenciadas, criando uma nova
área de actuação, a cardiologia de intervenção.
Como consequência, assistimos nos últimos
anos ao aumento exponenc ial do número de
c ate te rismo s c ardíac o s, de diagnó stic o e
principalmente terapêuticos, com milhões de
procedimentos realizados anualmente em todo
o mundo (7 ) . Os c ateterismos c ardíac os,
diagnósticos e de intervenção terapêutica, são
c o mpo ne nte s fundame ntais no e studo e
tratamento da doenç a aterosc lerótic a das
artérias coronárias.
Intervenção coronária
percutânea-casuística
Nas últimas duas décadas tem-se assistido,
um pouco por todo o mundo, ao incremento do
to tal de c ate te rismo s re alizado s, se ndo
estimado que nos Estados Unidos da América,
em 1997, 1.194.000 doentes tenham sido
submetidos a este exame diagnóstic o, dos
q uais, 5 0 0 .0 0 0 realizaram intervenç ão
coronária percutânea (ICP) (8) .
Na Europa, segundo os dados do European
Registry of Cardiac Catheter Intervention 1997,
recentemente publicados (9), correspondendo a
igual pe río do de análise , re alizaram- se
1 .2 4 8 .4 3 5 c ateterismos c ardíac os, sendo
405.939 ICP, verific ando-se um aumento, a
e ste níve l, de 24 % em relaç ão ao ano de
1996.
Em Portugal (9, 10), durante o ano de 1997,
realizaram-se 13.963 cateterismos cardíacos,
sendo 3 .0 1 7 ICP, o q ue c orresponde ao
aumento, face ao ano anterior, de 30 % neste
tipo de procedimentos, acompanhando assim o
perfil de c resc imento médio dos restantes
países europeus.
Principais desenvolvimentos na ICP
1112
Já passaram mais de 25 anos desde que
A ndreas Gruentzig realizou a primeira
angioplastia coronária transluminal percutânea.
De então para c á a angioplastia c oronária
evoluiu de procedimento de investigação para
téc nic a de intervenç ão terapêutic a c om
indicações ampla e consensualmente aceites.
Inic ialme nte limitada à té c nic a de
treatment of atherosc lerotic c oronary artery
disease.
Percutaneous coronary intervention
In the last two decades, there has been a
worldwide increase in the number of catheterizations performed. It is estimated that in the
USA in 1997, 1,194,000 patients underwent
diagnostic catheterization, of whom 500,000
received percutaneous coronary intervention
(PCI) (8). In Europe, according to the recently
pub lished European R egistry of Cardiac
Catheter Intervention 1997 (9), which covers the
same period, 1,248,435 catheterizations were
performed, of whic h 405,939 were for PCI,
representing a rise of 24 % compared to 1996.
In Portugal (9, 10), 13,963 c atheterizations
were performed during 1997, of which 3,017
were for PCI, an increase of 30 % over the previous year, which is in line with the average rise
in other European countries.
Main developments in PCI
It is now over 25 years sinc e A ndreas
Gruentzig performed the first perc utaneous
transluminal coronary angioplasty. In that time,
c oronary angioplasty has evolved from an
investigative procedure to a technique for therapeutic intervention, with wide and generally
ac c epted indic ations. Initially limited to
angioplasty, PCI now includes a whole range of
new devices designed to reverse the narrowing
of the arteries c aused by the deposition of
atherosclerotic material.
The latest version of the clinical guidelines
of the American College of Cardiology and the
A meric an Heart A ssoc iation (A CC/A HA ) (8 )
inc ludes under the definition of PCI
atherectomy (rotational and directional), laser
angioplasty and the implantation of
intracoronary stents and other devices to treat
atherosclerotic disease of the coronary arteries.
There have recently been great advances in
PCI, including a widening of the range of situations in which clinical and angiographic findings indicate its use. PCI is nowadays performed in sub groups of high- risk patients in
situations previously c onsidered as c ontraindicated, such as in the elderly, in lesions of
the left main artery or diffuse disease, and in
patients in cardiogenic shock (11-16) .
However, the benefits of such procedures in
these subgroups may be partially outweighed
by the higher rate of c omplic ations arising
angioplastia, a intervenç ão c oronária
pe rc utâne a inc lui, ac tualme nte , to do um
c onjunto de novos dispositivos c apazes de
diminuir o aperto das artérias c oronárias
pro vo c ado pe lo de pó sito de mate rial
aterosclerótico.
Segundo a última actualização das normas
de orientação clínica do American College of
Cardiology e da American Heart Association
(A CC/ A HA ) (8 ) as téc nic as de aterec tomia
(rotacional e direccional), angioplastia laser e
implantaç ão de stents intrac oronários, bem
como outros dispositivos para tratamento da
doença aterosclerótica das artérias coronárias,
são considerados componentes da ICP.
Nos últimos tempos, assistiu-se a enormes
progressos na ICP, que se traduziram pelo
alargamento do espec tro de situaç ões c om
indicação, clínica e angiográfica devidamente
estabelecidas. Actualmente a ICP é realizada
em sub - grupos de doentes de alto risc o,
situações outrora consideradas como contraindic aç ões relativas, c omo sejam os idosos,
lesões do tronc o c omum, doenç a difusa e
doentes em choque cardiogénico (11-16).
Não obstante, os benefícios deste tipo de
proc edimento nestes subgrupos podem ser
parc ialmente amortec idos pelo aumento da
taxa de c omplic aç ões inerente ao risc o
ac resc ido. A avaliaç ão dos potenc iais
benefícios e riscos torna-se, deste modo, factor
c ruc ial para a de finiç ão da e straté gia
terapêutica a adoptar.
Ac tualmente, as téc nic as de intervenç ão
coronária percutânea encontram-se em fase de
maturidade e têm o seu papel c laramente
definido ao nível da gestão da doenç a
coronária.
Nos últimos anos foram vários os factores
que contribuíram para a melhoria, em termos
glo b ais, das taxas de suc e sso e de
complicações inerentes aos procedimentos de
intervenç ão c oronária. Neles se destac am o
aumento da experiênc ia dos operadores, a
optimização dos materiais inerentes à técnica
(balões, fios guia, etc..), o desenvolvimento de
novos instrumentos de intervenç ão ( stents,
aterótomo, etc .), e de novos protoc olos de
terapêutica farmacológica (17-19).
Estes avanç os c ontribuíram para que se
alargasse o conjunto de indicações para este
tipo de intervenção, nomeadamente a situações
de maior c omplexidade e risc o, a lesões de
difíc il abordagem, por razões morfológic as e
topográficas, e a doentes com comorbilidades.
Devido ao c resc imento exponenc ial do
número de procedimentos realizados, a par da
from the increased risk. It is thus essential to
assess the potential benefits and risks in order
to determine whic h therapeutic strategy to
adopt.
The techniques of percutaneous coronary
intervention are now mature, and have a clearly defined role in the management of coronary
disease. In recent years various factors have
helped to improve overall success rates and to
reduce the complications arising from coronary
intervention proc edures. A mong them are
inc reasingly
experienc ed
operators,
improvements in the materials used in the
tec hnique (balloons, guidewires, etc .), the
development of new devices such as stents and
atherotomes, and new drug therapy protocols (1719)
.
These advances have led to a widening of
the indications for this type of intervention,
particularly in situations of greater complexity
and risk, lesions that are difficult to access for
anatomic al reasons, and patients with
comorbidities.
The exponential increase in the number of
proc edures, together with the variety of
techniques used, made it necessary to carry
out studies to identify the clinical factors and
other c harac teristic s of patients and
proc edures that would best predic t adverse
outc omes following perc utaneous c oronary
intervention. Accordingly, at the beginning of
the 1990s, in Washington state, the first steps
were taken to estab lish a data c ollec tion
program on the outc omes of myoc ardial
revasc ularization surgery (MR S) and
perc utaneous
transluminal
c oronary
angioplasty (PTCA) in the state’s hospitals (20).
This led to the formation in 1999 of the Clinical Outcomes Assessment Program (COAP), an
integrated program to improve quality in MRS
and PTCA , developed and applied in the
hospitals of Washington state (20).
This program had been preceded by various
studies b y other authors, suc h as the
Perc utaneous
Transluminal
Coronary
Angioplasty in New York State (21) , the Registry
of the Soc iety for Cardiac Angiography and
Interventions (2 2 ) , the Cleveland Clinic
Foundation (2 3 ) , the Northern New England
Cardiovascular Disease Study Group (24), and
the American College of Cardiology – National
Cardiovascular Data Registry (ACC-NCDR) (25).
Some of these studies, performed in the era of
stenting and using the latest adj unc tive
therapy protoc ols, partic ularly those with
1113
1114
multiplicidade de técnicas utilizadas, sentiu-se
a nec essidade de desenvolver estudos que
identific assem os fac tores c línic os, e outras
c arac terístic as inerentes aos doentes e aos
procedimentos, que apresentassem maior valor
predic tivo para a oc orrênc ia de eventos
adversos decorrentes da intervenção coronária
percutânea. No início dos anos 90, no estado
de Washington, foram lançadas as bases para a
c riaç ão de um programa de rec olha de
resultados ( o utc o me s ) da c irurgia de
revasc ularizaç ão mioc árdic a (CR M) e da
técnica de angioplastia coronária transluminal
percutânea (ACTP), realizadas nos hospitais
desse estado (20) .
Estes esforç os inic iais resultaram na
formaç ão, em 1999, do Clinical Outcomes
Assessment P rog ram (COA P), um programa
integrado de melhoria da qualidade em CRM e
ACTP, desenvolvido e aplicado nos hospitais
do estado de Washington (20).
Este programa foi prec edido de vários
estudos realizados por outros autores, de que
são exemplo o P ercutaneous Transluminal
Coronary Angioplasty in New York State (21) , The
Registry of the Society for Cardiac Angiography
and Interventions (2 2 ) , The Cleveland Clinic
F o unda tio n ( 2 3 ), The No rthe rn E ng la nd
Cardiovascular Disease Study Group (2 4 ) , e o
American Colleg e of Cardiolog y – National
Cardiovascular Data Registry (ACC-NCDR) (25) .
A lguns destes estudos espelham o ac tual
estado da arte, na medida em que foram
realizados na era dos stents e da utilização dos
pro to c o lo s mais re c e nte s de te rapê utic a
adjuvante, nomeadamente com os antagonistas
dos receptores da glicoproteina IIb IIIa.
Muitos desses estudos (9, 20, 25-27), concluíram
q ue o s e ve nto s adve rso s de c o rre nte s da
intervenção coronária percutânea dependem de
um conjunto de factores, de entre os quais se
destacam as características de risco do doente,
a gravidade da do e nç a e a ac uidade na
abordagem.
Os resultados de uma intervenção coronária
percutânea são medidos, segundo as normas
de orientaç ão c línic a do A CC/ A HA (8) , em
termos de suc esso e de c omplic aç ões
relacionadas com o dispositivo utilizado e com
o conjunto de factores clínicos e angiográficos
dos doentes.
A c ombinaç ão da tríade c onstituída por
angioplastia c oronária, novos dispositivos e
terapêutic a farmac ológic a adj uvante na
abordagem a doentes elec tivos apresenta,
segundo a evidência mais recente, valores de
benchmarking para taxas de sucesso na ordem
glyc oprotein IIb/IIIa inhibitors, reflec t the
current state of the art.
Several of these studies (9, 20, 25-27) concluded
that adverse events arising from percutaneous
c oronary intervention are due to a series of
factors, particularly the patient’s risk characteristic s, the severity of the disease, and the
aggressiveness of the approach.
The clinical guidelines of the ACC/AHA (8)
state that the outc omes of a perc utaneous
coronary intervention should be measured in
terms of success and the complications related
to the device used and to the patient’s clinical
and angiographic characteristics.
The combination of coronary angioplasty,
new devices and adjunctive drug therapy in
treating elective patients, has recently shown
benc hmark levels of the order of 96 % - 99 %
suc c ess, 1 % major c omplic ations and 3 %
acute myocardial infarctions, 0.2 % to 3 % of
urgent myocardial revascularization surgery,
and non-adjusted in-hospital mortality of between 0.5 % and 1.4 % (5, 8, 20, 24, 26).
Over the last twenty years, the results of
several large multicenter trials (14, 17, 26, 27, 28), together with information held in databases in
various c enters, have helped to improve our
knowledge of perc utaneous c oronary
intervention. On the b asis of these data,
patients’ characteristics and the specifics of
the procedures have been studied, as have inhospital evolution and long-term follow-up,
particularly concerning outcomes and events (5,
7, 12, 17, 23, 29, 30)
. This information has b een
analyzed in different ways, with the aim of
improving the quality of healthcare for patients
with atherosclerotic coronary artery disease,
initially through a better understanding of the
risks and benefits of PCI, so that using the
risk/benefit relationship, risk stratification can
be performed for the individual and for a
population (13, 16, 22, 25) .
This work has been extremely important in
the era of coronary angioplasty and has been
essential to the introduc tion of new PCI
devices and to the treatment of patients with
acute coronary syndromes.
The importance of risk adjustment
Technical advances and new developments
in pharmacological therapy in the last twenty
years have helped to reduce the mortality and
morbidity associated with PCI. However, this
type of intervention c ontinues to involve
dos 96 % a 99 % e de complicações major de
1 % e 3 % de enfarte agudo do mioc árdio
(EA M), 0 ,2 % a 3 % de c irurgia de
revasc ularizaç ão mioc árdic a em c ontexto de
urgência e de mortalidade intra-hospitalar não
ajustada entre os 0,5 % e 1,4 % (5, 8, 20, 24, 26).
Durante as últimas duas déc adas os
resultados de vários estudos multicêntricos (14, 17,
26, 27, 28)
de grandes dimensões, e a informação
ac umulada nas b ases de dados de vários
c entros, foram utilizados para desenvolver
conhecimento sobre a intervenção coronária
percutânea.
Com base nesses registos, estudaram-se as
características dos doentes as particularidades
do procedimento, bem como a evolução intrahospitalar e o seguimento a longo prazo, com
particular incidência nos resultados obtidos e
nos eventos registados (5, 7, 12, 17, 23, 29, 30).
Foram realizadas diferentes análises dessa
informaç ão, no sentido de melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos doentes com
patologia aterosc lerótic a das artérias c oronárias. A s e straté gias de me lho ria da
qualidade incidiram, num primeiro momento,
na c ompreensão dos risc os e dos benefíc ios
associados à ICP, na medida em que, a partir
da relação entre ambos, se poderá proceder à
estratificação do risco individual e/ou de uma
população (13, 16, 22, 25).
Esses esforç os foram extremamente
importantes na era da angioplastia coronária,
tendo tido papel decisivo na introdução dos
novos dispositivos de ICP e na abordagem aos
doentes com síndrome coronária aguda.
A importância do risco ajustado
Os avanç os tec nológic os e os novos
desenvolvimentos
da
terapêutic a
farmac ológic a, que se verific aram nas duas
últimas décadas, contribuíram para reduzir a
morbilidade e a mortalidade associada à ICP.
Não ob stante, este tipo de intervenç ão
continua a « envolver» um risco significativo,
sobretudo em subgrupos com situações clínicas
mais c omplexas, onde as taxas de eventos
adversos têm níveis de inc idênc ia mais
elevados (11, 13, 24, 25, 31, 32) .
O cálculo do risco em saúde consiste num
procedimento quantitativo que visa determinar
a proporç ão de efeitos adversos a partir da
exposição a determinado factor, ou associado a
determinada característica.
Nos últimos tempos têm sido desenvolvidos
inúmeros esforços no sentido de incorporar a
metodologia do risco ajustado na avaliação de
diferentes eventos adversos assoc iados aos
signific ant risk, partic ularly in subgroups
whose clinical condition is more complex, with
a higher incidence of adverse outcomes (11, 13, 24,
25, 31, 32)
.
Calculating risk in health is a quantitative
process that aims to determine the proportion
of adverse effects arising from exposure to a
given factor or associated with a given characteristic. Much effort has in recent years gone
into inc orporating risk adjustment methods
into the assessment of adverse outc omes
assoc iated with perc utaneous c oronary
interven-tion (13, 17, 20, 24, 25).
These efforts have been driven by a series
of factors, particularly the lack of standard definitions of the variables to study or of the
methods to use, the lac k of systematic ally
collected and standardized data, small and/or
unrepresentative samples that are insufficient
for extrapolation of results, and the inclusion
of programs and approaches that do not reflect
current clinical practice (17, 28, 29, 32) .
Given that coronary disease affects millions
of people all over the world, with its
c onseq uenc es in terms of mortality and
morbidity and the resulting economic and social
impact (5), evaluation of the results of PCI is
essential.
It thus bec omes nec essary in the era of
interventional c ardiology to use risk
adjustment methods to improve determination
of the differences between patients, groups and
populations with regard to outcomes, to enable
legitimate comparisons of results between institutions and to standardize information, criteria
and definitions, with a view to performing
multicenter studies in this area.
By carrying out risk adjustment of the charac teristic s of the population, a series of underlying variables can be identified that will
affec t the prob ab ility of adverse events
oc c urring (13, 17, 24, 25). The ability to determine
prec isely whic h variables best predic t suc h
events is extremely important for c linic al
dec ision-making and for risk adjustment in
each patient.
On the basis of this knowledge, the expected rate of events can be calculated, and this,
when subsequently compared with the rate of
events that actually occurred, will give an indication of the institution’s performance. At the
same time, according to these results, it will be
possible to make the necessary adjustments to
continue improving quality and to obtain maximum health gains (25, 33).
1115
1116
proc edimentos de intervenç ão c oronária
percutânea (13, 17, 20, 24, 25).
Esses esforços vêem-se coarctados por um
c onjunto de fac tores em que se destac am a
inexistênc ia de definiç ões padrão, quer das
variáveis em estudo, q uer dos métodos
utilizados, a ausênc ia de informaç ão,
uniformemente recolhida e sistematizada, as
amostras pequenas ou não representativas que
não permitem a extrapolação dos resultados e a
inclusão de programas ou de abordagens que
não reflectem a prática clínica contemporânea
(17, 28, 29, 32)
.
Uma vez que a doenç a c oronária afec ta
milhões de doentes em todo o mundo, com as
c onsequênc ias daí dec orrentes, ao nível da
mortalidade e da morbilidade e em termos de
« peso» económico e social (5) , a avaliação dos
resultados dec orrentes da ICP apresenta-se
c omo ferramenta c ruc ial nos tempos q ue
correm.
A utilizaç ão da metodologia do risc o
ajustado para aferir o cálculo das diferenças
entre doentes, grupos e populaç ões, no que
respeita aos resultados, torna- se assim um
imperativo, na era moderna da cardiologia de
intervenção, para legitimar a comparação de
resultados entre instituições e para uniformizar
a informação, os critérios e as definições com
vista à realizaç ão de estudos multic êntric os
nesta área.
Ao proceder ao ajustamento do risco, face
às c arac te rístic as da po pulaç ão , te mo s a
possibilidade de identific ar um c onjunto de
variáveis subjac entes, que c ondic ionam a
maior ou menor probabilidade de ocorrência
desses mesmos eventos (13, 17, 24, 25).
A c apac idade para, de forma prec isa,
determinar quais as variáveis que apresentam
maior valor predictivo para eventos adversos é
extremamente importante para a tomada de
decisão clínica e para proceder ao ajustamento
do risco de cada doente.
Paralelamente,
c om
b ase
nesse
c onhec imento, pode- se c alc ular a taxa de
eventos esperada que, cruzada posteriormente
com a taxa de eventos ocorridos, nos dará uma
perc epç ão do desempenho da instituiç ão.
Conc omitantemente, de ac ordo c om os
resultados, é possível proc eder aos ajustes
necessários, com vista à melhoria contínua da
qualidade e à obtenção do máximo de ganhos
em saúde (25, 33).
Mais rec entemente, os modelos de risc o
ajustado para a mortalidade, foram propostos e
utilizados para comparar resultados entre os
diferentes operadores, procedimentos e insti-
More rec ently, risk adjustment mortality
models have b een proposed and used to
compare results between different operators,
procedures and institutions (22-25, 34, 35).
Such questions are of particular importance
at present in Portugal, as the National Executive Council of the Order of Physicians, following a proposal put forward by the Board of the
College of Cardiology, has decided that it is
timely and necessary to establish a subspecialty
of Interventional Cardiology, in order to help
ensure quality in the work of the c ountry’s
Hemodynamic and Angiographic Laboratories.
The c reation of this subspec ialty will mean
recognition and certification of the qualifications of those who perform these procedures,
whic h further highlights the importanc e of
adjusting results based on the characteristics
of patients, lesions, and the institution at
which the clinician is based (volume, devices
available, protocols adopted, etc.).
Quality in health
The increasing focus on quality in health
systems is a relatively recent phenomenon, and
is based on experience gained in the industrial
sector in the last century. In this area as in
many others (financing, supply and demand
relations, forecasting of needs, etc.), lessons
learned in other areas have been transposed to
health systems and have been adapted to the
specific needs of health care.
This concern for quality may be one of the
main factors that have influenced the adoption
and implementation of a genuine c ulture of
quality in health systems throughout the world.
The c onc ept of quality in health is nowadays seen from different viewpoints and is
defined in different ways. For this article we
have ado pte d the de finitio n o f the Jo int
Commission on Ac c reditation of Healthc are
Organizations (JCAHO): quality in health care
is “ the degree to which patient care services
increase the probability of desired patient outcomes and reduce the possibility of undesired
outc omes, given the c urrent state of knowledge” (36).
Recently, the European regional office of
the World Health Organization identified the
following essential c omponents for quality
he alth c are pro visio n: a high de gre e o f
professional excellence, efficiency in the use
of resources, minimal risks for patients, user
satisfaction, and analysis of outcomes (37).
tuições (22-25, 34, 35).
Esta questão ganha partic ular relevo, no
momento actual em Portugal, na medida em
que o Conselho Nacional Executivo da Ordem
dos Médic os, de ac ordo c om proposta
apresentada pelo Conselho Direc tivo do
Colégio de Espec ialidade de Cardiologia,
c o nside ro u o po rtuna e ne c e ssária, c o mo
c ontributo para a garantia da qualidade da
prática dos Laboratórios de Hemodinâmica e
Angiocardiografia em Portugal, a criação da
Sub espec ialidade de Cardiologia de
Inte rve nç ão . Sub j ac e nte à c riaç ão de sta
sub espec ialidade está o c onseq uente
rec onhec imento de qualific aç ão espec ífic a
(certificação) dos « executores» desta técnica
de intervenção terapêutica, o que vem reforçar
a importância do ajustamento dos resultados
face às características, dos doentes, das lesões
e da instituiç ão (volume, dispositivos
disponíveis, protocolos adoptados, etc.) onde o
clínico desenvolve a sua actividade.
Patient expectations are higher now than
ever before. This is due, among other reasons,
to ease of access to information and cultural
changes that have increased people’s demands
and put more emphasis on social responsibility. The special status of health, which derives
from its extreme importance in social terms,
together with an increasing tendency to apply
the logic of the market to health as to any
other product or service, means that the spotlight is more and more on results, b oth
financial and clinical.
The great challenges facing health policymakers today are the result of demographic
changes and the aging population, the increasing complexity of health care and technological
developments, increasing patient expectations
and problems with funding, all of which affect
the sustainability of health care services not
only in the present but also in the future.
Qualidade em saúde
Management and continual improvement
in quality
O c re sc e nte e nfo q ue e inte re sse pe la
Qualidade é um fenómeno relativamente
rec ente nos sistemas de saúde, tendo tido
como referência as experiências adquiridas e
desenvolvidas na área industrial a partir do
séc ulo passado. Este é um domínio onde, à
semelhança de muitos outros (financiamento,
relaç ão
de
merc ado
oferta/ proc ura,
previsibilidade de nec essidades, etc .), as
especificidades e as particularidades inerentes
à área da saúde definem, moldam e adaptam
uma realidade, transposta de outras áreas de
actividade, para o próprio sistema de saúde.
Este talvez seja um dos principais factores
que têm condicionado o processo de adopção e
implementação de uma verdadeira « cultura»
de qualidade nos sistemas de saúde, um pouco
por todo o mundo.
O c o nc e ito de q ualidade e m saúde
apresenta- se, nos dias de hoje, sob várias
perspec tivas, podendo assumir definiç ões
diversas. No âmbito deste artigo, adoptamos a
definição da Joint Commission on Accreditation
of Healthcare Org anizations (JCA HO), « O
modo como os serviços de saúde, com o actual
nível de c onhec imentos, aumentam a
possibilidade de obter os resultados desejados
e reduzem a possibilidade de obtenç ão de
resultados indese- jados» (36).
R e c e nte me nte , a re gião e uro pe ia da
Organização Mundial de Saúde identificou os
seguintes c omponentes essenc iais para a
prestação de cuidados de saúde de qualidade:
A gainst this b ac kground, as seen in
international ranking, questions of evaluation,
assurance and continual improvement in health
care systems – public, private, and social – are
of increasing importance (37, 38).
Health professionals are thus fac ing a
challenge: to improve the quality of the health
care provided to citizens and to ensure that all
users have ac c ess to quality c are within a
reasonable time frame and at a reasonable
cost.
There is still great potential for change and
innovation in our health c are servic es;
continual improvement in quality is needed,
designed to meet the needs and expectations of
the people who use those services (39) .
The greatest challenge currently faced in
the area of health care is the need to create a
system that will bring together the many efforts
b eing made b y health professionals and
organizations to improve benefits for patients
(38)
. Suc h a c hallenge c an only be met by a
management culture of continual improvement
in quality.
The phrase ‘‘health gains’’, originally used
in offic ial doc uments (3 ) , has been adopted
internationally as the expression of a constant
desire to improve the level of health c are,
partic ularly in c ases where a population is
c learly falling b ehind the b etter results
achieved by others.
1117
elevado grau de exc elênc ia profissional,
efic iênc ia na utilizaç ão dos rec ursos, risc os
mínimos para os doentes, satisfaç ão para os
utilizadores e análise dos resultados obtidos (37) .
As expectativas dos doentes são hoje mais
elevadas do que nunca. Para isso contribuiu,
entre outros factores, a facilidade no acesso e
difusão da informação e a mudança de cultura
para uma lógic a de
exigênc ia e
responsabilidade social. A área da saúde, pelo
« estatuto divino» que vai mantendo,
consequência da visibilidade social que detém,
ac resc ida de uma nova forma de a enc arar,
c ada vez mais assente numa lógic a de
merc ado, c omo qualquer outro produto ou
serviç o, exige atenç ão redob rada aos
resultados, quer do ponto vista financeiro, quer
clínico.
Os grandes desafios que se colocam, actualmente, à política de saúde são condicionados
pelas
alteraç ões
demográfic as
e
envelhecimento da população, pela crescente
c omplexidade dos c uidados de saúde, pelo
desenvolvimento tecnológico, pelo aumento das
expec- tativas dos doentes e pelos problemas
associados ao financiamento, que condicionam,
não só o pre se nte , mas so b re tudo a
sustentabilidade no futuro.
Gestão e melhoria contínua da qualidade
1118
Neste c ontexto, à semelhanç a do que se
passa no c otejo internac ional, as questões
relac ionadas c om a avaliaç ão, garantia e
melhoria contínua da qualidade no sistema de
saúde, de âmbito público, privado ou social,
assumem cada vez maior relevância (37, 38) .
Melhorar a qualidade dos c uidados de
saúde prestados aos c idadãos e assegurar a
todos os utilizadores ac esso a c uidados de
q ualidade, em tempo útil e c om c ustos
ade q uado s é , pois, um desafio para os
profissionais de saúde.
O potenc ial de transformaç ão e inovaç ão
dos nossos serviç os de saúde é ainda muito
grande, sendo nec essária a melhoria
permanente da qualidade, voltada para o
atendimento
das nec essidades, das
expectativas e da satisfação da população que
recorre a estes serviços (39).
O maior desafio que a qualidade, na área
da saúde, enfrenta ac tualmente é a
necessidade de criar com sucesso um sistema
que, de forma coerente e integrada, englobe os
múltiplos esforços que, os profissionais e as
organizações estão a desenvolver de molde a
potenc iar os benefíc ios para os doentes (38).
Desafio esse que só com uma cultura e gestão
The concept of disease management opens
up new possibilities for improving the performance of the different elements that make up
the chain of health care, promoting synergies
and partnerships, and leading to gains in effectiveness, efficiency and other aspects of quality.
One fundamental assumption, at all levels
and in all aspects of health care, that must be
ac c epted b y health professionals and
communicated to the patient, is that failures
and errors in health c are provision are
unavoidab le, even with widely agreed
diagnostic and therapeutic tec hniq ues
performed by highly specialized teams using
state-of-the-art equipment. By its very nature,
health c are provision involves risks. But in
most c ases these risks are rare and
quantifiable. It is essential, for ethical reasons
and because it is their right, that patients be
informed of the risks and benefits of the
treatment they are about to undergo and that
they give their informed c onsent, thus be coming actors in the management of their disease.
The identific ation and definition of a
minimum number of variables with a high
predic tive value for adverse events arising
froma given therapeutic strategy is the first
step in developing risk stratification tools, and
is therefore important in setting up studies,
projects and programs to manage risk and to
improve quality in health.
The development of new policy guidelines,
based on the requirement for responsibility
towards soc iety – ac c ountability – and on
strategies to improve quality, together with the
increasing interest in assessing patient satisfaction, encourage the evaluation of the performance of hospitals(37, 40) .
Several countries already have programs for
accreditation of hospitals. These are similar in
outline and have much in common in terms of
procedures, guidelines and goals, being based
on the same principle, that of demonstrating
that an institution is recognized as providing
quality health services.
Hospital accreditation programs are centered around three aspects, defined some years
ago by Donabedian (41) : struc ture, inc luding
relatively stable elements such as staff and the
instruments and resources available to them,
premises and their work organization models;
process, meaning the sum of activities performed by health professionals on behalf of users
and the latter’s responses, including decision-
de melhoria c ontínua da q ualidade se
conseguirá vencer.
A
expressão
ganhos em saúde,
anteriormente usada em documentos oficiais (3) ,
é internac ionalmente adoptada c omo
enunc iado positivo de um desejo, sempre
presente, de me- lhorar o nível de saúde,
sobretudo nos casos em que, manifestamente,
uma populaç ão mais se distanc ia das que
melhores resultados apresentam.
O conceito de gestão da doença abre novas
perspectivas para aperfeiçoar o desempenho
dos diversos elementos que integram toda a
c adeia assistenc ial, promovendo sinergias e
parc erias e permitindo ob ter ganhos de
efec tividade, de efic iênc ia e de outras
dimensões da qualidade.
Uma garantia fundamental, implíc ita em
todos os níveis e dimensões dos cuidados de
saúde, q ue deve ser assumida pelos
pro fissio nais da áre a e partilhada c o m o
doente, é q ue as falhas e os erros são
realidades inc ontornáveis na prestaç ão de
c uidados de saúde, mes-mo que se trate de
téc nic as, diagnostic as ou terapêutic as,
amplamente
c onsensuais
e
re alizadas
po r
e q uipas
altame nte
especializadas e com o recurso a equipamentos
de « última geração» . A prestação de cuidados
de saúde é, pela sua natureza, uma actividade
que envolve riscos. Mas esses riscos são, na
maioria das vezes, pouc o freq uentes e
normalmente quantificáveis. É obrigatório, não
só por questões éticas, mas fundamentalmente
por ser um direito consagrado, que os doentes
sejam informados dos riscos e dos benefícios
dos procedimentos a que vão ser submetidos, e
dêem o seu c onsentimento esc larec ido,
tornando- se, por c onseq uênc ia, ac tores
participantes na gestão da sua doença.
A identificação e consequente definição de
um c onj unto mínimo de variáveis q ue
apresentam maior valor predic tivo para os
eventos adversos decorrentes de uma estratégia
terapêutic a, emerge c omo o primeiro passo
para o desenvolvimento de um instrumento de
estratific aç ão de risc o e, por c onsequênc ia,
c onstitui c ontrib uto importante para a
realização de estudos, projectos ou programas
de gestão do risco e de melhoria da qualidade
em saúde.
O desenvolvimento de novas orientaç ões
polític as, c entradas na exigênc ia de
responsab ilidade perante a soc iedade
( accountability ) e nas estratégias de melhoria
da q ualidade e o c resc ente interesse na
avaliação do grau de satisfação dos doentes,
making in diagnosis, therapy and prevention;
and results, whic h inc lude health levels as
well as users’ satisfaction.
These programs have concerned themselves
mainly with structure and process. However,
for some time now, this has been c hanging,
especially in countries with better developed
knowledge and practices in this area, such as
the USA , A ustralia, Canada, the United
Kingdom and France (36, 37, 42). The focus is now
more on results, although not forgetting the
close links between the three aspects, in that
the identification of a less favorable outcome
than expec ted would in princ iple b e an
indic ation that there are problems in the
process or the structure, which reinforces the
importance of adopting an overall integrated
approach.
It is our belief that questions of the management and continual improvement of quality,
an essential aspec t of health servic es with
ac knowledged importanc e for the various
actors involved in the provision of health care,
will in the near future be one of the main areas
for action, reflection and investigation in the
area of interventional cardiology.
ACKNOWLEDGEMENTS
The author is grateful for the support and
c ollaboration of his Master’ s dissertation
supervisors, Prof. Emílio Imperatori, Assistant
Professor at the National Sc hool for Public
Health, New University of Lisbon and Director
1119
constituem incentivos para fazer despertar a
ate nç ão da avaliaç ão do de se mpe nho da
actividade hospitalar (37, 40).
São vários os países que têm em c urso
programas de ac reditaç ão de hospitais. O
princ ípio de ac reditaç ão, q ue assenta na
demonstração de que, a uma dada instituição é
rec onhe- c ida a prestaç ão de serviç os de
qualidade, apresenta c ontornos similares, e
ampla homogeneidade nos proc edimentos,
regras e objectivos que lhes estão subjacentes.
Os programas de acreditação dos hospitais
têm incidido na tríade, definida há uns anos
atrás por Donab edian (4 1 ) , c o mpo sta pe la
estrutura, c arac terizada por aspec tos
relativamente estáveis como os profissionais,
os instrumentos e os recursos que têm ao seu
alcance, os locais e o modelo de organização
do trabalho; pelo processo, que diz respeito ao
conjunto de actividades que os profissionais
realizam para os utentes, b em c omo as
respostas destes e inc lui as ac tividades de
decisão ao nível diagnóstico, terapêutico e as
acções preventivas; e pelos resultados, que se
referem tanto aos níveis de saúde c omo à
satisfação dos utentes/doentes.
Ne ste s pro gramas te m- se ve rific ado
predomínio dos aspec tos relac ionados c om a
estrutura e o processo. No entanto, de algum
tempo a esta parte, principalmente em países
c om c onhec imentos e prátic as b astante
desenvolvidos a este nível, de que são exemplo
os Estados Unidos da América, a Austrália, o
Canadá, o R eino Unido e a Franç a, tem-se
assistido à mudança desse paradigma (36, 37, 42). O
enfoque inc ide agora nos resultados, tendo
sempre presente os laços indissociáveis entre
os três aspec tos, na medida em q ue a
identificação de um resultado menos favorável
que o expectável, seja indicador, em principio,
da existênc ia de prob lemas ao nível do
processo ou da estrutura, pelo que é de todo
c onveniente e rec omendável a adopç ão de
abordagens globais e integradas.
É nossa c onvic ç ão q ue as q uestões da
gestão e melhoria c ontínua da qualidade,
sendo c omponente fundamental na área da
saúde, c om rec onhec imento do seu valor e
importância pelos vários actores implicados no
proc esso de prestaç ão de c uidados
c onstituirão, no futuro próximo, uma das
princ ipais linhas de intervenç ão, reflexão e
investigaç ão no c ampo da c ardiologia de
intervenção.
1120
of the Health Care Provison Servic e of the
Directorate-General for Health, and Dr. J. A.
Co rre ia da Cunha, Clinic al Dire c to r o f
Hospital de Santa Maria and Head of the
Joaquim Oliveira Interventional Cardiology
Unit of the Cardiodology Department of
Hospital de Santa Maria.
AGRADECIMENTOS
O autor agradece o apoio e colaboração dos
orientadores da dissertação de mestrado, Prof.
Doutor Emílio Imperatori, Professor Auxiliar
da Esc ola Nac ional de Saúde Públic aUniversidade Nova de Lisboa e Direc tor do
Serviço de Prestação de Cuidados de Saúde da
Direc ç ão Geral da Saúde, e do Dr. J. A .
Correia da Cunha, Director Clínico do Hospital
de Santa Maria e Coordenador da Unidade de
Cardiologia de Intervenção Joaquim Oliveira
do Serviço de Cardiologia do Hospital de Santa
Maria.
Pedido de separatas para:
Address for reprints:
PAULO SOUSA
Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa
Av. João II, Lote 4, 69.01
Parque das Nações
1990-096 LISBOA
BIBLIOGRAFIA / REFERENCES
1 . Bi sc ai a, JL. Q ual i d ad e e m saúd e uma p e rsp e c ti va
conceptual. Revista Qualidade em Saúde 2002;6;6-10.
2. Observatório Português dos Sistemas de Saúde – Relatório
da Primavera – Saúde que rupturas? . Lisboa: ENSP, 2003.
3. Ministério da Saúde. Direcção Geral da Saúde. Ganhos de
Saúde em Portugal: ponto da situação. Relatório do DirectorGeral e Alto – Comissário da Saúde. Lisboa: Direcção Geral
da Saúde 2002.
4 . D i re c ç ão G e ral d a Saúd e . D SIA , D i vi são d e
Ep i d e mi o l o gi a. R i sc o d e mo rre r e m Po rtugal . Li sb o a:
Direcção Geral da Saúde, 1999;30-42.
5 . Si mmo ns ML. C ard i o vasc ul ar d i se ase i n E uro p e :
c hallenges for the medic al profession – Heart Plan for
Europe. Eur Heart J 2003;24:8-12.
6. Fuster V. Myocardial infarction and coronary care units. J
Am Coll Cardiol 2000;Suppl B:35:49-51.
7. McGrath PD, Malenka DL, Wennberg DE, et al. Changing
outcomes in percutaneous coronary intervention: J Am Coll
Cardiol 1999;34:674-9.
8 . Smith SC, Jr, Dove JT, Jac ob s A K, et al. A CC/ A HA
guidelines for percutaneous coronary intervention: executive
summary and rec ommendations of the Americ an College of
Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Committee to Revise the 1993 Guidelines for
Perc utaneous Transluminal Coronary A ngioplasty). J A m
Coll Cardiol 2001;37:2215-38.
9. Maier W, Camic i P, Windec ker D, et al. The European
Registry of Cardiac Catheter Intervention 1997, on behalf of
the working group Coronary Circ ulation of the European
Society of Cardiology. Eur Heart J 2002;23: 1903-07.
10. Ministério da Saúde. Rede de referenciação hospitalar de
intervenç ão c ardiológic a. Ministério da Saúde, Direc ç ão
Geral de Saúde: Lisboa, 2001.
1 1 . H o c hman JS, Sl e e p e r LA , W e b b JG , e t al . E arl y
revascularization in acute myocardial infarction complicated
by cardiogenic shock. N Engl J Med 1999;341:625-34.
12. Resnic FS, Ohno-Machado L, Selwyn A, et al. Simplified
risk sc ore models ac c urately predic t the risk of major inho spital c o mplic atio n fo llo wing pe rc utane o us c o ro nary
intervention. Am J Cardiol 2001;88:5-9.
13. Singh M, Lennon R J, Holmes DR , et al. Correlates of
procedural complication and a simple integer risk score for
perc utaneous c oronary intervention. J A m. Coll Cardiol
2002;40:387-93.
14. Krumholz HM, Chen J, Chen Y T, et al. Predic ting oneyear mortality among elderly survivors of hospitalisation for
an acute myocardial infarction: results from the Cooperative
Cardiovasc ular Projec t. J Am Coll Cardiol 2001;38:453-9.
15. W ilensky R L, Selzer F, Johnston J, et al. R elation of
percutaneous coronary intervention of complex lesion to clinic al outc omes from the National Heart, Lung and Blood
Institute Dynamic Registry. Am J Cardiol 2002;90:216-21.
16. Klein LW , Bloc k P, Brindis R G, et al. Perc utaneous
c oronary intervention in oc togenarians in the A meric an
College of Cardiology-National Cardiovascular Data Registry.
J Am Coll Cardiol 2002;40:394-401.
17. Block PC, Peterson EC, Krone R, et al. Identification of
vari ab l e s ne e d e d to ri sk ad j ust o utc o me s o f c o ro nary
intervention: evidenc e- based guidelines for effic ient data
collection. J Am Coll Cardiol 1998;32:275-282.
18. William DO, Holubkov R, Y eh W, et al. Perc utaneous
c oronary intervention in the c urrent era c ompared with
1985-1986: The National Heart, Lung, and Blood Institute
Registries. Circulation 2000;102:2945-51.
19. Ellis SG, Guetta V, Miller D, et al. Relation between
lesion characteristic and risk with percutaneous intervention
in the stent and glyc oprotein IIb/IIIa era – an analysis of
re s ul ts f ro m 1 0 , 9 0 7 l e s i o ns and p ro p o s al f o r ne w
1121
classification scheme. Circulation 1999;100:1971-6.
7.
20. Maynard C, Richard JG, Malenka DJ, et al. Adjusting for
patient differenc es in predic ting hospital mortality for
p e rc utane o us c o ro nary i nte rve nti o ns i n the Cl i ni c al
Outcomes Assessment Program. Am Heart J 2003;145:65864.
21. Hannan EL, Arani DT, Johnson LW, et al. Percutaneous
transluminal c oronary angioplasty in New Y ork State: risk
factors and outcomes. JAMA 1992;268:3092-7.
32. Lindsay JR , Pinnow EE, Pic hard A D. Benc hmarking
O p e rato r Pe rf o rmanc e i n Pe rc utane o us C o ro nary
Intervention: A novel approac h using 30-day events. Cath
Cardiol Int 2001;52:139-45.
22. Kimmel SE, Berlin JB, Laskey W K. For the R egistry
Committee of the Soc iety for Cardiac A ngiography and
Intervention. Development and validation of a simplified
predic tive index for major c omplic ations in c ontemporary
perc utaneous transluminal c oronary angioplasty prac tic e. J
Am Coll Cardiol 1995;26:931-8.
2 3 . H annan E L, R ac z M, R yan TJ, e t al . C o ro nary
angioplasty volume- outcomes relationships for hospital and
cardiologists. JAMA 1997;279:892-8.
24. O’Connor GT, Malenka DJ, Quinton H, et al. Multivariate predic tion of in- hospital mortality after perc utaneous
coronary intervention in 1994-1996. Northern New England
Cardiovasc ular Disease Study Group. J A m Coll Cardiol
1999;34:674-80.
25. Shaw RE, Anderson HV, Brindis RG, et al. Development
of a Risk Adjustment Mortality Model Using the Americ an
Co l l e ge o f Card i o l o gy – Nati o nal Card i o vasc ul ar Data
R egistry (A CC-NCDR ) Experienc e: 1998-2000. J A m Coll
Cardiol 2002;39:1104-12.
26. Topol E. Textbook of Interventional Cardiology- 4th ed.
Philadelphia: Saunders; 2003.
27. Peterson ED, Lansky AJ, Anstrom KJ, et al. Evolving
trends in Cardiovasc ular Network database. A m Heart J
2000;139:198-207.
2 8 . W e i ntraub W S, Mc K ay C R , R i ne r R , e t al . The
American College of Cardiology National Database: Progress
and Challenges. J Am Coll Cardiol 1997;29:459-65.
2 9 . Brind is R A , Fitzge rald S, A nd e rso n V , e t al. The
A meric an College of Cardiology- National Cardiovasc ular
Data R egistry (A CC-NCDR ): Building a National Clinic al
Data Repository. J Am Coll Cardiol 2001;37:2240-45.
3 0 . Marks DS, Me nsah GA , Ke nnard ED, e t al . R ac e ,
baseline characteristics, and clinical outcomes after coronary
intervention: The New Approaches in Coronary Intervention
(NACI) registry. Am Heart J 2000;140:162-9.
31. Tu JV , A ustin PC, W alld R , et al. Development and
validatio n o f the Ontario A c ute Myo c ardial Infarc tio n
Mortality Prediction Rules. J Am Coll Cardiol 2001;37:992-
1122
33. Grol R, Baker R, Moss F. Quality improvement research:
understanding the science of change in health care. Qual Saf
Health Care 2002;11:110-12.
34. Kimmel SE, Localio AR, Krone RJ, et al. The effects of
contemporary use of coronary stents on in-hospital mortality.
J Am Coll Cardiol 2001;37:967-78.
35. Moscucci M, O’Connor GT, Ellis SG, et al. Validation of
ri sk ad j ustme nt mo d e l s fo r i n- ho sp i tal p e rc utane o us
transl umi nal c o ro nary angi o p l asty mo rtal i ty o n an
independent data set. J Am Coll Cardiol 1999;34:692-7.
36. Batalden PB, Stoltz PK. A framework for the c ontinual
improvement of health care. Jt Comm J Qual Improv 1993;
19:424-47.
3 7 . W o rl d H e al th O rgani zati o n. Me asuri ng H o sp i tal
Performanc e to Improve the Quality of Care in Europe: A
need for c larifying the c onc epts and defining the main
dimension. Barc elona, W HO R egional offic e for Europe
2003.
3 8 . Uni ão E uro p e i a. A Q ual i d ad e d o s C ui d ad o s d e
Saúde/ A c tividades Hospitalares. R elatório do grupo de
trab al ho p ara a q ual i d ad e d o s c ui d ad o s ho sp i tal are s.
Comissão Permanente dos Hospitais da União Europeia.
2000.
3 9 . Henriq ue Lopes, Luís Pisc o, Gordon Mosser, et al.
G e stão d a D o e nç a & Q ual i d ad e e m Saúd e . C o mi ssão
Sectorial da Saúde do IPQ. Lisboa 2000.
40. Vic ent C, Neale G, Woloshynowyc h M. Adverse events
in British hospitals: preliminary retrospective record review.
BMJ 2001;322:517-9.
4 1 . Do nab e dian A . La c alidad de la ate nc ió n mé dic a.
México DF: La Prensa Mexicana 1984.
42. Pisc o L. Melhoria Contínua da Qualidade. Instituto da
Qualidade em Saúde, Lisboa: 2002.