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Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação Teaching practice and aesthetical experimentations in art education classes Ana Cristina Moraes i Universidade Estadual do Ceará Juliane Gonçalves Queiroz ii Universidade Estadual do Ceará Izabel Cristina Soares da Silva Lima iii Universidade Estadual do Ceará Resumo O texto ref lete sobre duas experiências de estágio de docência em turmas de Pedagogia de uma universidade pública estadual do Ceará, na disciplina Arte-educação. Essas ref lexões estão embasadas em vivências estético-f ormativas ocorridas durante as aulas dessa disciplina. O objetivo deste trabalho é analisar a dimensão f ormativa do estágio de docência de duas mestrandas no viés da intervenção cr ítica, propositiva e criativa em Arte-educação. Autores de ref erência como Buriolla (1995), Pimenta (2006), Freire (2006), Moraes (2016), Vázquez (1977), dentre outros, f undamentam teoricamente este estudo. A discussão guia-se pelos diár ios de campo das duas estagiárias, transf ormados em relatos que são analisados criticamente, vislumbrando o delineamento da perspectiva f ormativa de docentes. Aponta-se, como resultados da investigação, a percepção do estímulo ao aperf eiçoamento de estudantes de mestrado para o exercício da prof issão docente, bem como do envolvimento dos estudantes de graduação em ações estético pedagógicas propostas na disciplina Arte-educação. Palavras-chave: estágio de docência, experimentações estéticas, arte-educação. Abstract The text ref lects on two exper iences of Teaching Internship in classes of Pedagogy of a state public university in Ceará, in the discipline Art-education. These ref lections are based on aesthetic-f ormative experiences occurred during the classes of this discipline. The objective of this work is to analyze the f ormative dimension of two Master's students’ teaching internship, in the scope of the critical, propositive and creative intervention in Art-education. Authors of ref erence such as Buriolla (1995), Pimenta (2006), Freire (2006), Moraes (2016), Vázquez (1977), among others, theoretically base the study. The discussion is guided by the f ield journals of both trainees, transf ormed into reports that are analyzed critically, glimpsing the delineation of the f ormative perspective of teachers. As a result of the research, the perception of the stimulus to the improvement of Master's students f or the exercise of the teaching prof ession, as well as the involvement of the undergraduate students in aesthetic-pedagogical actions proposed in the Art-education discipline, are pointed out. Keywords: teaching internship, aesthetic experimentations, art-education. Enviado em: 27/04/19 - Aprovado em: 14/06/19 __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 112 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Introdução Este artigo analisa vivências e investigações no Estágio de Docência envolvendo experimentações estéticas em aulas de Arte-educação realizadas em cursos de Pedagogia de uma universidade estadual do Ceará em dois campi distintos 1. As ref lexões partem de dois relatos que descrevem as aulas em f ormato de of icinas, ocorridas durante todo o segundo semestre letivo de 2018, tecendo críticas que abrangem as ações e aprendizagens de todos os envolvidos no processo – prof essoras orientadoras, estagiár ias e alunos da disciplina. Junto a essa intervenção estético-pedagógica, estamos realizando, também, uma pesquisa que analisa as aprendizagens e percepções de estudantes de Arte-educação em relação às aulas-of icinas2. O trabalho tem, pois, como problema investigativo os seguintes questionamentos: como alunas de mestrado acadêmico, na disciplina Estágio de Docência, orientam-se em seu processo f ormativo como f uturas docentes? O que a disciplina Arte -educação pode trazer de contributo à f ormação dessas f uturas docentes e à repercussão dessa formação nas suas intervenções em sala de aula? Com base em registros, escritos em diár ios de campo, registros f otográf icos e audiovisuais, este estudo, de caráter qualitativo, f oi escrito e analisado por nós numa perspectiva crítico-colaborativa. Dentre os autores que subsidiam o estudo, ref erenciamos Vázquez (1977), Buriolla (1995), Freire (2006), Pimenta (2006), Moraes (2016) e outros. Estágio de Docência, esse lançar-se em desafio numa seara formativa O Estágio de Docência é componente curricular obr igatór io 3 do Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (PPGE/UECE), que precisa 1 2 3 Situados numa Faculdade de Educação de cidade interiorana e de Centro de Educação na capital do estado do Ceará, ministradas, respectivamente, por duas professoras doutoras com formação em Educação e Artes. A referida Universidade possui sete cursos prese nciais de Pedagogia, sendo um na capital e seis nas unidades do restante do estado, representando, assim, um importante protagonismo na formação inicial dos pedagogos. Esta pesquisa intitula-se “Formação docente e educação estética na disciplina Arte -educação: aula-oficina como estratégia didático-investigativa”. Ela está em andamento desde agosto de 2018 e tem por objetivo analisar como experimentações estéticas vivenciadas pelos licenciandos reverberam em sua formação e atuação docente. Tem o apoio do Programa de Iniciação Científica da universidade na qual se realiza o estudo, garantindo bolsa de iniciação científica para uma estudante de Pedagogia (de agosto de 2018 a julho de 2019). Esse componente possui quatro créditos (68h/a), o que corresponde à participação em uma disciplina de Graduação de modo integral. Uma das supervisoras de Estágio é também autora deste artigo e orientadora de pesquisa das duas mestrandas, também autoras de ste. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 113 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação ser acompanhado pela(o) orientadora(or) de pesquisa (neste caso, orientadora de Mestrado) e supervisionado pela(o) prof essora(or) titular da disciplina do curso de Graduação em que o estágio será realizado, de acordo com resolução da universidade na qual se realizará a prática. Os relatos dispostos a seguir f oram escritos por duas mestrandas do PPGE/UECE que pesquisam temáticas envolvendo Arte-educação4. Ref letir sobre a experiência de Estágio de Docência é visualizar uma imagem caleidoscópica para a ilustração do conjunto de vivências no decorrer da disciplina Arteeducação, realizada em duas turmas, de cursos de Pedagogia distintos, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), no segundo semestre de 2018. Essa imagem ref lete a composição, tanto dos grupos de alunos das disciplinas Arte-educação, cada um na sua singular idade, como da diversidade de experimentações estéticas, leituras e instigantes intervenções de cada um dos agentes na disciplina – prof essoras, estagiárias e alunos das respectivas disciplinas. No emaranhado que compôs o ref erido caleidoscópio, muitos elementos se m isturaram, compondo a paisagem f ormativa de f uturos docentes: mistura de saberes de campos disciplinares corporais, distintos, medos, estím ulos contatos, aos envolvimentos, aproximações, f aíscas m úsicas, cantos, expressões inter-relacionais, vibrações, circular idades, cirandas, brinquedos, instrumentos musicais, costuras/colagens de ideias, brincadeiras, dispersões, imersões em campo, prazeres. Em meio a todo esse emaranhado de saberes, sensações e intuições, buscamos desenvolver ações e ref lexões contínuas que possibilitassem, por parte dos estudantes – mestrandas-estagiárias e alunos da disciplina Arte-educação –, uma ampliação de sua sensibilidade estética como exercício de autof ormação e também de encontro com seus pares – seus colegas de turma. O Estágio, esse campo de “atividade teórica, preparadora de uma práxis” prof issional (PIMENTA, 2006, p. 15), representa um momento crucial de f ormação do estudante. Seus campos de atuação são espaços de aprendizagem do f azer docente materializado em ações pedagógicas concretas. Integra o currículo de f ormação de prof essores como componente essencial do exercício da docência. Assim, compreendemos que o Estágio é o lócus apropriado onde o aluno estagiário treina o seu papel prof issional, devendo caracterizar-se, portanto, numa dimensão de ensino-aprendizagem operacional, dinâm ica, criativa, que proporcione oportunidades educativas que levem à ref lexão dos modos de ação prof issional e de sua intencionalidade, tornando o estagiário consciente de sua ação (BURIOLLA, 1995, p. 11). 4 As pesquisadoras, autoras deste texto, fazem parte de um Grupo de Pesquisa sobre Arte e Educação. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 114 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Analisando de modo mais distanciado, após o término do semestre, percebemos o quanto as ref eridas atividades de estágio f oram signif icativas em nossas vidas prof issional e, também, pessoal. As f ormações que obtivemos f oram grandiosas nesses dois campos de estágio, ricos de possibilidades de se criar ações educativas e propositivas. Na condição de estagiár ias e supervisora, pudemos perceber o quanto esse momento f ormativo que a universidade estabelece curricularmente é essencial ao nosso f azer(-se) docente, como ref orça Buriolla (1995, p. 17): o estágio prático é essencial à f ormação do aluno [...], enquanto lhe propicia um momento específ ico de sua aprendizagem, uma ref lexão sobre a ação prof issional, uma visão cr ítica da dinâm ica das relações existentes no campo institucional, apoiados na Supervisão enquanto processo dinâm ico e criativo, tendo em vista possibilitar a elaboração de novos conhecimentos. A constituição de novos conhecimentos é uma realidade concreta no decorrer do processo de estágio. Este, por sua vez, conf igura-se como exercício ou treinamento da práxis prof issional, em que articulam-se elementos teór ico-práticos, vislumbrando-se a uma transf ormação social. Dentre os desaf ios, possibilidades e experiências singu lares no âmbito do estágio, f azemos referência à necessidade contínua de articulação entre os saberes teóricoacadêmicos com os contextos socioculturais dos alunos de Graduação. Às aulas na universidade, que envolvem experimentações artísticas e que tanto mobilizam as energias de jovens estudantes, adimos, por exemplo, a composição de elaborações plásticas (pinturas e colagens), assim como exper imentamos ações corporais envolvendo dança e também criação de cenas teatrais. Tudo isso como parte do exercício da práxis prof issional e também estético-artística do docente, pois [...] a práxis artística permite a criação de objetos humanos ou humanizados que elevam a um grau superior a capacidade de expressão e objetivação humanas, que já se revela nos produtos do trabalho. A obra artística é, acima de tudo, criação de uma nova realidade, e posto que o homem se af irma criando ou humanizando o que toca, a práxis artística – ao ampliar e enriquecer com suas criações a realidade já humanizada – é uma práxis essencial para o homem. Como toda verdadeira práxis humana, a arte se situa na esf era da ação, da transf ormação de uma matéria que perderá sua forma original para adotar outra nova: a exigida pela necessidade humana que o objeto criado ou produzido há de satisf azer. A arte não é mera produção material nem pura produção espiritual. Mas, justamente por seu caráter prático, realizador e transf ormador, está mais perto do trabalho humano – sobretudo quando este não perdeu seu caráter criador – do que uma atividade meramente espir itual (VÁZQUEZ, 1977, p. 198-199). __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 115 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação Pela consideração acima, não podemos m inim izar ou depreciar o valor e o p oder da elaboração artística em detrimento de outras f ormas de criação na sociedade. A práxis artística é tão essencial para a humanidade quanto qualquer outra f orma de práxis – política, religiosa, científ ica, produtiva etc. No âmbito da f ormação de docentes, o saber e a práxis artísticas são essenciais à dilatação de um olhar sensível sobre dif erentes realidades em que os docentes poderão atuar, além de proporcionar-lhes a ampliação de seu repertório cultural, artístico e também didático, pr incipalmente para aqueles prof issionais que consideram relevante exercer seus processos de ensino-aprendizagem mediados por alguma linguagem artística. Para realçar esse tipo de práxis, exaltamos a ideia de Herbert Read, que propõe que f açamos um esf orço educacional voltado à f ormação de pessoas capazes de criar. Em outros termos, para Read, o objetivo da educação precisa ser o da formação de artistas, ou seja, formação de “pessoas sensíveis e ef icientes nos vários modos de expressão” (READ, 2001, p. 12). Assim, com uma f ormação estética que exalte a dimensão poética da vida e estimule os diversos sentidos, os seres humanos tendem a se ampliar, no sentido de pensar/viver com o corpo inte iro, e constituir ações criativas, solidárias e emancipadoras em variados campos do saber e em dif erentes setores da sociedade. A disciplina Arte-educação, a nosso ver, criou diversos espaços para sua execução: o da sala de aula da universidade, onde houve todo um processo de orientação e de ref lexão sobre as práticas docentes, bem como outros espaços com uma organização mais f lexível, onde tivemos a possibilidade de experienciar atividades corporais como relaxamentos, alongamentos, expressões teatrais, ateliês de Artes Visuais e rodas de conversas. Com tudo isso, as estagiár ias protagonizaram um papel docente mais palpável a partir do qual, possivelmente, criaram um processo de identif icação com a prof issão. Nesse contexto, o estágio passa a ser um lugar “onde a identidade prof issional do aluno é gerada, construída e ref erida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, ref lexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e sistematicamente” (BURIOLLA, 1995, p. 13). A disciplina Arte-educação materializada em aulas-oficinas Principiam os este tópico trazendo uma explicação do que seja disciplina, f undamentada na noção assinalada por Lopes e Macedo (2011, p. 121): [...] as disciplinas são construções sociais que atendem a determinadas f inalidades da educação e, por isso, reúnem sujeitos em determinados territórios, sustentam e são sustentadas por relações de poder que produzem saberes. Como instituições sociais __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 116 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima e histór icas próprias do processo de escolar ização, envolvem lutas, conf litos e acordos vinculados a essa instituição. As duas turmas da disciplina Arte-educação tiveram seu conteúdo programático elaborado pelas prof essoras ministrantes e, semanalmente, sistematizado pelas mesmas em conjunto com as estagiárias, o que gerou maior entendimento, por parte destas, da proposta disciplinar apresentada, f azendo emergir sugestões de diversas atividades dado o diálogo entre dif erentes repertórios desses agentes e tendo em vista que ess e conteúdo disciplinar trata, em linhas gerais, de aspectos ref erentes ao contexto histór ico-crítico e [às] bases estéticas da arte-educação na perspectiva da educação integral; perspectiva pedagógica das diversas expressões artísticas. As variadas manif estações artísticas e suas práticas na escola; o ensino de Artes na escola: histór ia, lim ites e perspectivas; práticas em arte-educação (UECE/FACEDI, 2011, p. 79). Compreendemos que a educação estética atravessa não somente a disciplina Arteeducação, mas também os saberes dos diversos componentes curriculares do curso de Pedagogia, pois produz um tipo de saber f ormador de atitudes permeadas pela sensibilidade para a arte e também para outras formas de atuação – participação social, visão crítica e criativa acerca da realidade, além de permear o trato inter e intrapessoal e promover o desenvolvimento da percepção e de todos os sentidos (MORAES, 2016). Um aspecto bem interessante observado no decorrer da disciplina f oi a transversalizaç ão de experimentações estéticas. As aulas iam, progressivamente, transf ormando-se em aulas-of icinas, onde os estudantes, guiados por nós, envolviam-se em atividades coletivas de experimentações musicais, de expressões corporais, de relaxamento, de leituras de autores diversos, de ref lexões críticas sobre o campo de intervenção etc. Isso, a nosso ver, mobilizou vários saberes e, em concomitância, possibilitou um despertar ou um aperf eiçoamento da percepção estética, dos estudantes e nossa. Fundadas em experimentações em sala de aula, as ref lexões aqui desenvolvidas expõem algumas das muitas vivências de aulas-of icinas que vimos realizando no âm bito da f ormação inicial de pedagogos numa universidade pública es tadual brasileira, sendo que essas aulas-of icinas consideram as dimensões teórico-práticas como elemento essencial dessa proposta estético-f ormativa. A aula-of icina é compreendida aqui como ação pedagógica de caráter coletivo em que o prof essor-mediador propõe dispositivos envolvendo experimentações estéticas que abranjam, integradamente, saberes teórico-práticos. Remete à ideia de of icinas de criação de artef atos de tempos passados, em que havia a relação de ensino- aprendizagem entre mestre e aprendiz. Uma aula-of icina pode mobilizar saberes variados, não somente relacionados ao campo artístico, apesar de, em um trabalho __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 117 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação f ormativo em Arte-educação, esse campo ser bem mais prof ícuo. Essa perspectiva pedagógica da aula-of icina diz respeito, pois, a “uma f orma de construir conhecimento, com ênf ase na ação, sem perder de vista, porém, a base teórica” , conf orme Paviani e Fontana (2009, p. 78). A esse respeito, as autoras complementam que Uma of icina é, pois, uma oportunidade de vivenciar situações concretas e signif icativas, baseada no tripé: sentir -pensar-agir, com objetivos pedagógicos. Nesse sentido, a metodologia da of icina muda o f oco tradicional da aprendizagem (cognição), passando a incorporar a ação e a ref lexão. […] numa of icina, ocorrem apropriação, construção e produção de conhecimentos teóricos e práticos, de f orma ativa e ref lexiva (PAVIANI; FONTANA, 2009, p. 78). Foi, então, com essa perspectiva de aulas-of icinas que realizamos nossas ações pedagógicas no âmbito da disciplina Arte-educação, materializando uma intenção f ormativa das mestrandas em seu Estágio de Docência e colaborando, ainda, com a f ormação de f uturos pedagogos. Relatos reflexivos de experiências de Estágio de Docência em aulas de Arte-educação ▪ Relato 1 – Artes e corpo como possibilidades estéticas de f uturos docentes A experiência de Estágio de Docência aqui narrada f oi realizada no curso de Pedagogia de um dos campi da Universidade Estadual do Ceará situado no interior do estado, a cerca de duas horas da capital. Tendo em vista que a orientadora leciona nessa instituição de ensino, o dia de sua disciplina não alteraria nossas rotinas de atividades no Mestrado, e, portanto, o convite em f azer o estágio em outra localidade f oi prontamente aceito. O horário da disciplina de Arte-educação era às quintas-f eiras, no turno da noite, e os encontros ocorreram no período de julho a novembro de 2018, totalizando 15 encontros presenciais e dois outros momentos destinados a pesquisas, leituras e escritura de trabalho por parte dos estudantes. No mesmo dia da disciplina, no turno da tarde, ocorriam os encontros de um Projeto de Extensão em Artes Cênicas 5, nesse mesmo campus do interior, o que tornava ainda mais proveitosa a experiência no Estágio de Docência, pois, além de participarmos da disciplina de Arte-educação, nos envolvíamos nos encontros do grupo de extensão. As duas atividades resultaram em vivências bastante signif icativas em nossa f ormação. 5 O Núcleo de Artes Cênicas da UECE/FACEDI – NACE – é um Projeto de Extensão que tem por objetivo valorizar e aprimorar o potencial artístico-educativo de estudantes, professores e pessoas da comunidade, por meio da pesquisa em arte e da realização de atividades cênicas articuladas com o núcleo temático curricular de Arte-educação, favorecendo a formação artístico-estética dos educadores da microrregião. Esse Projeto é coordenado pela mesma professora que orientou o Estágio de Docência. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 118 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima As atividades iniciaram-se no dia 26 de julho, ocasião em que houve um seminário para abertura do semestre no auditório do Instituto Federal da cidade. No seminário, f oi discutida a temática universidade pública no atual contexto. Em seguida, prof essores e alunos dirigiram-se a suas respectivas salas de aula para o início das atividades letivas do semestre. Ao longo do semestre, discorremos sobre algumas atividades que f oram realizadas, tecendo considerações críticas a esse respeito, em um movimento de ref lexividade que pautou todo o processo de aprendizagens durante o estágio. Nesse processo, nossas conversas e vivências f oram de uma riqueza antropof ágica, termo utilizado por Moraes (2016) para f alar da importância do alimentar-se de saberes diversos, de f orma a ampliar o repertório cultural de discentes e docentes. Antes de começarmos a primeira aula, tivemos uma reunião, juntamente com a monitora da disciplina, na qual estabelecemos alguns combinados sobre o semestre que se iniciava. Nesse dia, conversamos sobre o cronograma da disciplina e propusemos algumas alterações, como a inclusão de of icinas a serem realizadas durante as aulas. Em sala, já com os alunos da disciplina de Arte-educação, iniciamos um diálogo sobre as possibilidades f ormativas para o semestre. Nesse momento, alguns pontos relevantes f oram mencionados, tais como a disponibilidade de material de leitura, organizado pela prof essora em f ormato de apostila, contendo os textos basilares às discussões em sala; a apresentação do livro Educação Estética na Universidade: Antropofagias e Repertórios Artístico-culturais de Estudantes (MORAES, 2016), a partir do qual iríamos trabalhar os dois primeiros capítulos, dentre outros inf ormes. Inicialmente, a prof essora aconselhou que cada aluno produzisse um diário ref lexivo ao longo da disciplina, sugerindo que cada registro de aula f osse apresentado em sala na aula seguinte e que, ao f inal do semestre, o diár io devesse ser entregue com o registro de todas as aulas. Para incremento do diário ref lexivo, solicitamos autorização da turma para f azer registros audiovisuais dos alunos quando da participação destes nas atividades propostas. Durante a primeira aula, realizamos uma vivência com imagens de obras de arte (pinturas e f otograf ias); distribuímos as imagens sobre uma mesa e cada pessoa deveria escolher uma que melhor lhe representasse; após essa escolha, cada aluno iria se apresentar, apresentar a obra e falar um pouco do porquê da escolha da imagem. A partir dessa atividade, f oi possível conhecer um pouco sobre as expectativas, os gostos, os conceitos de arte para cada um dos alunos, dentre outros pontos que f oram observados nas f alas destes. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 119 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação Como atividade para a aula seguinte, a prof essora lançou dois questionamentos: Que experiências estéticas vivenciei e por meio de qual(is) linguagem(ns) artística(s)? Que contribuições essas experiências trouxeram para minha f ormação pessoal e prof issional? Esses questionamentos suscitaram a ideia de elaboração de um memorial como exercício de escrita de si, a ser apresentado oralmente e entregue na aula seguinte. Para esse memorial, f oi orientado que os alunos escrevessem tudo que lhes f osse surgindo à memória e que se relacionasse a seus contatos com Artes para ser discutido nas aulas seguintes. Em uma outra aula, conduzimos uma vivência chamada de autorretrato 6. Iniciamos com um breve diálogo sobre a história dos nossos nomes e, em seguida, f izemos nosso autorretrato. Cada aluno tirou uma f oto de si, utilizando o aparelho celular e, olhando para a f oto dizia o que estava vendo. Em seguida, f azia circular o aparelho celular com a f oto para que os demais pudessem ver. Assim todos f izeram, e, depois, com base na f oto do celular, cada aluno produziu seu autorretrato. Com essa vivência, conhecemos um pouco mais sobre a intim idade de cada pessoa, o que f ez com que nos tornássemos mais sensíveis uns com os outros. É interessante perceber que as relações entre os integrantes da turma se f ortaleciam à medida em que avançávamos nas discussões e nas vivências. Em uma das aulas, levamos alguns vídeos de trabalhos artísticos que geraram polêm icas nos meios de comunicação para que, a partir desses vídeos, pudéssemos dialogar em sala sobre o que é e não é arte, resultando em ricas discussões em sala. Consideramos esse momento instigante, porque expôs os dif erentes posicionamentos sobre as múltiplas concepções dos alunos sobre Artes. Em outra aula, realizamos uma vivência com bolas, f acilitada pela prof essora, e, em seguida, uma vivência sensorial mediada pela estagiária. Na primeira, trabalhamos com uma bola imaginária, que buscava explorar a expressão corporal de cada um. Após esse momento, dançamos uma ciranda e trabalhamos em um exercício de improvisação em dança. Na segunda vivência, caminhamos pela sala e trabalhamos com a percepção do corpo, do espaço, do tempo e da agilidade. Ao f inal das atividades, socializamos as impressões sobre as experiências e percebemos o quanto, muitas vezes, não temos consciência de nosso corpo. Entendemos também que esse distanciamento se dá, por vezes, de f orma inconsciente, motivado pela histór ia de vida que cada indivíduo possui com seu próprio corpo e por como f oi o desenvolvimento escolar, dentre outros f atores , pois, segundo Miller (2016, p. 53), 6 Essa vivência foi mediada diretamente pela Estagiária Docente. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 120 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima O que geralmente se observa no início do processo é a ausência corporal, ou seja, pessoas com distanciamento do própr io corpo, f alta de contato e de atenção corporal, com autoimagem distorcida, receio do próprio movimento, queixas de má postura, cristalização de padrões posturais, dores e “crispações”. É importante salientar que essas observações remetem à maioria, não excluindo os bailarinos, já que uma das características da Técnica Klauss Vianna é justamente o f ato de a dança e o estudo do movimento não serem privilégio apenas de bailarinos, mas de qualquer ser humano interessado em conhecer e trabalhar o corpo. De acordo com as discussões nas rodas de conversa, percebemos o quão importante f oi a realização dessas vivências em sala, pois, nas f alas dos alunos, identif icamos como é positivo, para eles, ampliar esses conhecimentos e ter um cuidado consigo e com o outro nas relações em sala de aula. No decorrer do semestre, tivemos ainda uma aula em que recebemos um convidado para realizar uma vivência com a turma. Nesse mesmo dia , tivemos, antes dele, uma explanação da bolsista monitora da disciplina sobre a história da Arte-educação no Brasil, sobre como a Arte chegou ao ensino f ormal escolar, f ocando nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e em outros documentos of iciais. Para complementar a explanação, a prof essora também apresentou alguns slides que tratavam do ensino de Artes no Brasil. F inalizamos esse momento com algumas discussões acerca do que f oi abordado durante a aula e com a vivência do convidado 7. Inicialmente, o convidado propôs uma ref lexão, de maneira que pudéssemos nos concentrar 100% nas atividades que realizar íamos em seguida. A partir dessas ref lexões e do convite para a máxima concentração no que estávamos f azendo , realizamos vivências que f oram muito signif icativas para cada um, de f orma singular. Ele explorou a dimensão af etiva e o autoconhecimento dos presentes por meio de jogos que envolvia m olhar o outro, expor o próprio sentimento ao grupo e trazer à tona memórias af etivas. Percebemos que toda a aproximação e af etividade, que f oram sendo construídas a cada aula, contribuíram com a nossa entrega de 100%, auxiliando-nos a f ortalecermos nossos vínculos e a nos colocarmos totalmente à disposição das atividades, demonstrando nossos sentimentos, choros, alegrias, angústias. Consideramos que essa aula marcou de f orma positiva a todos que estavam presentes, por ter dado visibilidade à dimensão af etiva e aos sentimentos pouco explorados no âmbito acadêmico, como os medos, as dores, as saudades etc. Em outra aula, conhecemos um pouco sobre os estandartes – elaboração muito presente em blocos de carnaval, em festejos religiosos e em maracatus – para ref letirmos sobre 7 O convidado é dançarino e arte-educador. É integrante de uma Companhia de Dança Contemporânea. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 121 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação manif estações culturais brasileiras. Ao f inal, cada um pôde produzir um estandarte, tendo como suporte cartolinas, varas de madeira e cordão. O estandarte f oi pintado com tinta acrílica e pincel. Segundo as ref lexões f eitas com essa atividade, percebemos que, para muitos alunos, produzir seu próprio estandarte f oi algo novo; alguns não se imaginavam capazes de produzir algo interessante, outros f icaram surpresos com os resultados. Percebemos que f oram despertadas habilidades que permaneciam adormecidas. Durante o semestre organizamos, também, um Seminário, que f oi realizado no auditório do Instituto Federal da cidade, intitulado “Exper iências Estéticas no Ensino de Artes”. A prof essora mediou a mesa redonda, composta pelas autoras deste artigo e também por um arte-educador da cidade 8. Nesse dia, a aula de Arte-educação aconteceu no evento. No início, cada participante recebeu um livro – Pedagogia Antropofágica – diálogos (MORAES, 2015), que f oi utilizado na disciplina, e uma pasta do evento. Participar de uma mesa redonda f oi uma experiência que ainda não havíamos experienciado, dada nossa recente trajetória acadêmica em curso de Mestrado. Em nossa f ala durante o evento, abordamos sobre o que ser iam experiências estéticas; citamos exemplos e dialogamos com base em alguns autores. Levamos questionamentos e vídeos que trouxeram como ref lexão o corpo e as experiências estéticas. Finalizamos a f ala com alguns vídeos de práticas dançantes que produzimos no curso de Dança de uma Universidade Federal com a qual temos vínculo como estudante 9. Em suma, nesse seminário, realizamos a discussão dos textos propostos na disciplina , f izemos leitura dramática de trechos do livro que recebemos no evento, realizamos encenação com teatro de f antoches, f izemos improvisação musical com instrumentos percussivos e produzimos um cordel coletivo que se ref eria ao contexto eleitoral de 2018 10, assim como, em nossas ref lexões, mantivemos as discussões voltadas para as experiências estéticas e realizamos diversos tipos de atividades, buscando conhecer variados elementos artísticos de modo a ampliar nosso repertório em relação às Artes. Concom itante à disciplina Arte-educação, participamos dos encontros do Projeto de Extensão Núcleo de Artes Cênicas – NACE. Nos encontros, trabalhávamos variadas atividades artísticas, pois tínhamos como proposta dar ênf ase ao elemento dança, conf orme decisão tomada pelo grupo no início do semestre. Tivemos a oportunidade de trabalhar o corpo, os sentidos, as direções e diversas atividades envolvendo elementos artísticos. 8 Professor da rede estadual de ensino. Uma das autoras, além de mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação, é pedagoga e também faz uma segunda graduação em Dança. 10 Cordel feito coletivamente na disciplina Arte-educação (out. 2018) e amplamente divulgado nas redes sociais. 9 __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 122 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Nesse projeto de extensão, também nos colocamos disponíveis para ajudar no que f osse preciso: por exemplo, m inistramos uma vivência com o grupo, na qual, ao f inal, dançávamos o círculo circassiano 11, um tipo de dança europeia. Nessa vivência, pudemos compartilhar com o grupo um pouco do que havíam os aprendido em um curso de dança que f izemos no semestre anter ior. Percebemos as dif erenças de estar como aquele que aprende e aquele que ensina, pois ensinar algo que aprendemos, antes, requer uma maior atenção e trabalhar com o corpo do outro tam bém exige redobrada atenção. É f ato o que diz Freire (2006, p. 23-24) em relação a aprendermos quando ensinamos, ou seja, Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e f oi aprendendo socialmente que, histor icamente, mulheres e homens descobriram que era possível ens inar. [...] quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar -se de mãos dadas com a decência e com a seriedade. Realizamos ainda uma of icina voltada para a elaboração de resumos acadêm icos expandidos para a Semana Universitária da UECE. Convidamos os alunos da disciplina e do Projeto de Extensão e abrimos para outros alunos que tivessem interesse. Cerca de 20 estudantes partic iparam da of icina; destes, 07 alunos eram bolsistas da disciplina, 08 estavam matriculados na disciplina e 05 alunos eram oriundos de outras disciplinas. Nessa mesma of icina, pudemos apresentar um dos resumos que elaboramos para outro evento acadêmico. Após essas vivências, percebemos que trabalhar junto à extensão f oi f undamental, pois pudemos usuf ruir de outras experiências com diversas pessoas, principalmente experiências de natureza estética. Essas experiências ref orçam a necessidade de se trabalhar com grupos dif erentes, a exemplo de uma das vivências que realizamos, a ciranda, tanto no grupo de extensão como na aula de Arte-educação. Participar dessa atividade nos dois locais permitiu-nos perceber as dif erenças emergentes, principalmente dos grupos, ou seja, somos corpos situados em contextos e ânimos dif erentes, em que cada um possui suas especif icidades. Como atividade f inal da disciplina, realizamos um Sarau Artístico no pátio central da f aculdade, juntamente com o grupo de extensão. A proposta do Sarau f oi reunir e exibir diversas elaborações artísticas realizadas por cada um de nós. Tivemos apresentações grupais e individuais, envolvendo dança, apresentação musical, esquete teatral, narração de histór ia encenada, poema e performance, e encerramos com apresentação do coral da 11 O círculo circassiano faz parte de uma dança europeia, dançada em roda, semelhante à ciranda. De acordo com o dicionário, ciranda é uma “cantiga de roda infantil, provavelmente de origem portuguesa. É mais conhecida entre as crianças com o nome de cirandinha. O ter mo ciranda aplica-se também à dança de roda para adultos muito popular no Nordeste brasileiro” (Disponível em: <https://www.dicio.com.br/ciranda/>. Acesso em: 1 abr. 2019). __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 123 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação f aculdade. Esse momento f oi muito signif icativo e dinâmico, tanto para os que se apresentaram como para o público presente, que consistiu em cerca de 50 pessoas ou mais. Após o Sarau, retornamos à sala de aula e encerramos a disciplina Arte-educação com uma conf raternização. Finalizamos nossa última aula com uma entrevista coletiva registrada em gravador, que f oi f eita pela prof essora que utilizou, para tanto, um roteiro semiestruturado. O momento da entrevista f oi bastante proveitoso, pois pudemos recordar diversas aulas que trabalhamos ao longo do semestre, f izemos um memorial oral das aulas que mais nos marcaram ou que f oram mais signif icativas para cada um. Lembramos com carinho do Sem inár io sobre experiências estéticas, da of icina que o arte-educador convidado mediou em sala, da vivência com os estandartes, das vivências práticas que trabalhamos com o corpo, das discussões que realizamos a cada aula, dentre outras lembranças que compartilhamos. Por f im, observamos, a partir das f alas na entrevista, o quão signif icativas f oram as experiências vivenciadas para cada um dos alunos. Em algumas delas, percebemos comparações, por exemplo, de como os alunos chegaram e de como saíram da disciplina. Verif icamos ainda que os olhares se ampliaram em relação às Artes, em suas variadas linguagens. Houve um incremento da sensibilidade nas relações interpessoais, dentro e f ora de sala, tendo, como pano de f undo, as experiências estéticas vivenciadas nesse processo de transf ormação e de (des)construção, coletivo e permanente, em que estivemos imersos. A cada aula, íamos aprof undando nossas discussões sobre Artes e vivenciando dif erentes experiências, o que f azia com que nosso repertório artístico f osse ampliado. A estagiária da disciplina sempre se colocava à disposição para o que f osse necessário em relação às atividades do curso, procurando sempre se inserir nas discussões em sala para que pudéssemos ampliar, cada vez mais, nossas trocas de conhecimentos. Em m uitas das discussões, tínhamos como base nossos estudos em dança e nossas pesquisas do Mestrado, o que ajudou muito nas aulas e em todas as vivências. Vale destacar que alguns mater iais produzidos durante toda a disciplina – diários, memoriais, registro da entrevista coletiva – passaram a constituir dados de uma pesquisa sobre a perspectiva da aula-of icina como elemento f ormativo de f uturos docentes, que está sendo realizada pela prof essora juntamente com uma bolsista de iniciação científ ica, que também participou de todas as aulas, observando e colaborando com o processo investigativo. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 124 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Podemos af irmar que encerramos a disciplina Arte-educação com êxito, tendo experimentado e incorporado muitas vivências estéticas, que serão multiplicadas em nossa atuação como prof issionais. O Estágio de Docência, realizado por conta do Mestrado, f oi de f undamental relevância para nossa f ormação. Estagiar na discip lina Arte-educação nos proporcionou experienciar possibilidades de como atuar em sala de aula enquanto docente. Como estagiária s, tivemos a oportunidade de acom panhar a disciplina do início ao f im, acompanhando todo o processo e desenvolvimento didático-pedagógico e tendo a abertura de atuar nas aulas e contribuir com nossas experiências. Em todas as aulas, colocávamo-nos à disposição das ações pedagógicas, buscando sempre nos inser irmos nas discussões em sala para que pudéssemos ampliar , cada vez mais, nossas trocas de conhecimentos. Em m uitas das discussões , tínhamos como base estudos em dança e pesquisas do Mestrado, o que ajudou muito nas aulas e em todas as vivências. Vivenciamos a teoria e a prática juntas, esf orçando-nos para tornar a aprendizagem signif icativa e ef icaz. Ref letindo sobre a experiência aqui relatada e analisada, recordamos das disciplinas de estágio que f izemos durante a graduação em Pedagogia, nas quais tínhamos um calendár io de visitação à escola para conhecermos o ambiente e os prof issionais e, em seguida, acompanharmos uma prof essora em sala de aula, f azendo anotações e observações. Por f im, tínhamos a oportunidade de praticar com a turma alguma atividade que havíamos preparado. Os encontros se resumiam , no máximo, a cinco visitas à instituição. Dessa f orma, com poucas visitas e somente uma oportunidade de atuação em sala, essas experiências f oram pouco signif icativas, acrescentando o mínimo necessário à prática docente. Frequentemente, é sob esse modelo de distanciamento da realidade da sala de aula que as disciplinas de Estágio são realizadas: de f orma superf icial, não contemplando a riqueza de experiências e a diversidade existente em sala de aula. De acordo com Lima (2018, p. 02): "o Estágio é o lugar, por excelência, em que o aluno do curso de licenciatura passa a compreender os processos de ensinar e aprender, na direção da sua atuação em sala de aula e no magistério, como prof issão". Nas palavras de Lima (2018), percebe-se a busca entre a relação da teor ia com a prática para a f ormação do prof essor, trazendo a perspectiva do prof essor ref lexivo, intelectual e pesquisador. Vale ressaltar que, a ref lexão pautada pelo prof essor não acontece somente dentro de sala; é uma ref lexão que permeia os outros aspectos da vida do docente, ref orçando que __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 125 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação as ideias estão interligadas e f azendo com que o prof essor esteja envolvido em seu ser atuante na vivência de sua prof issão, sendo os alunos participantes desse processo. Destarte, percebeu-se que, quando o Estágio é desenvolvido a contento, o estagiário consegue estar mais próximo da realidade em que ele vai atuar, desenvolvendo variadas possibilidades de experiências, como as que apresentamos na imagem abaixo (Figura 01). Figura 01: Aula-of icina sobre estandartes, produção individual e ref lexão coletiva (2018) Fonte: Arquivo pessoal ▪ Relato 2 – Arte, Cultura Popular e suas aproximações ao repertório dos estudantes Este relato surgiu, primordialmente, como cumpr imento obrigatório da disciplina Estágio em Docência I, ocorrida no segundo semestre do curso de Mestrado Acadêmico em Educação e se materializa em registro ref lexivo na perspectiva de ser divulgado , podendo tornar-se uma referência para quem deseja conhecer e pesquisar experiências de estágio. O mesmo descreve os encontros sensíveis e criativos da disciplina Arte-educação, of ertada no curso de Pedagogia em um campus universitário situado na capital do estado do Ceará, os quais ocorreram às terças-feiras, no período noturno, de agosto a novembro de 2018. Os diálogos sobre a realização do estágio ocorreram ainda no f inal de julho de 2018, pois a prof essora supervisora, muito disponível e atenciosa, proporcionou um encontro para que f ôssemos apresentadas ao programa da disciplina e a outro prof essor, também ministrante da disciplina Arte-educação no curso de Pedagogia. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 126 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Com esses diálogos, f oram socializadas as datas e os horários, bem como o cronograma das aulas planejadas para o segundo semestre de 2018. Também f oi disponibilizado, para a turma, o material de leitura a ser utilizado como aporte teórico da disciplina. “Todo dia o sol levanta/E a gente canta/Ao sol de todo dia [...] 12”. E assim teve início a aula do segundo semestre letivo de 2018 na ref erida disciplina. Essa m úsica contagia a todos que ali estão, mesmo com os corpos e f alas ainda tím idas. A disciplina tem seu programa apresentado à turma nessa atmosf era, no dia 07 de agosto de 2018. A Cultura Popular e a presença das linguagens artísticas são elementos predom inantes nos encontros. Falar sobre ludicidade também é importante na f ormação inicial na Pedagogia, e o f ilme Tarja Branca 13 , exibido na sala de vídeo da biblioteca central, estimulou debates e a produção de um material escrito sobre o tema, complementado com a leitura do texto O Ensino de Arte-Educação (COLARES, 2008). As ref lexões aconteceram de modo f luido e enriquecedor, pois o relato sobre o brincar suscitou o desvelamento de experiências pessoais que passaram a ser valorizadas pelas possibilidades geradas por si próprias (conhecimento de brincadeiras, jogos e interação), e a ausência dessas exper iências f oram apontadas como principal elemento de “castração” de emoções e experiências af etivas. O texto “A Importância da Estética para a Formação Humana” (OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2010) trouxe à tona im portantes ref lexões e representou o marco introdutório à disciplina, após o início da aula ser preenchido por música, dança e poesia, contendo como ref erência elementos da Cultura Popular. Nesse encontro, f icaram registradas a inquietação e a angústia de uma das estudantes ao af irmar que não gostava ou não se identif icava com a prática de dança : “Será a pedagoga obr igada a saber e a f azer dança com as crianças na escola?”. A esse questionamento, respondemos: o semestre se encarrega de experienciar e elucidar dúvidas tão pertinentes. Introdução à Arte-Educação (OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2010) f oi o tema que norteou o momento de encerramento do mês de agosto e preparou o grupo para a visita aos espaços culturais e artísticos encontrados pela cidade de Fortaleza e Região Metropolitana. Em grupos, os estudantes f oram orientadas e orientados a se organizarem e prepararem uma apresentação sobre o espaço cultural visitado. A prof essora da disciplina necessitou de um breve período de licença médica e, durante esse tempo, outro prof essor 14 acompanhou a turma em suas atividades, embora de 12 13 14 Canto de Um Povo de Um Lugar. In: VELOSO, C. Joia. [S.l.]: Universal Music, 1975. Direção de Cacau Rhoden. [S.l.: s.n.], 2014. Professor substituto da Universidade Estadual em questão. Mestre em Artes Cênicas. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 127 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação modo virtual a prof essora continuasse a coordenar, juntamente com o prof essor, as atividades propostas para a disciplina. Aconteceram apresentações em grupos, os quais expuseram os diversos espaços culturais e artísticos explorados através de slides, esquetes e apresentações de dança. No mesmo dia, a turma f oi inf ormada e orientada sobre a visitação agendada ao Museu de Arte da Universidade Federal da cidade 15, no período correspondente ao horário da aula – iniciando-se às 18:30 do dia 25 de setembro. O Museu abriu as portas para nosso grupo de maneira acolhedora. Iniciamos com uma apresentação da diretora, que f ez uma narrativa sobre o contexto histór ico do espaço e sobre seu acervo. A professora da disciplina também f ez uma exposição oral sobre a importância do espaço para a cidade, bem como para os(as) estudantes que seriam multiplicadores(as) daquelas experienciações em suas práticas como f uturos(as) docentes; em seguida, realizamos a visitação. A visita ao Museu f oi o mote para a apresentação de sugestões didáticas propostas pelos discentes que ali estiveram, os quais apresentaram seminários em grupos. Da XXIII Semana Universitária da universidade em que se realizou esse estágio (ocorrida de 22 a 26 de outubro de 2018), os alunos coletaram, a partir das apresentações dos pesquisadores, os temas para a criação de cordéis e a produção visual de isogravuras 16, atividade realizada em sala de aula no encerramento do mês de outubro, dia 30. Seguindo nosso relato, Cresce cada vez mais o interesse de estudantes e educadores de todo o Brasil, em especial das escolas públicas da Região Nordeste, pela Literatura de Cordel. Esse poderoso veículo de comunicação de massas, que já f oi oportunamente batizado de ‘prof essor f olheto’ […] (VIANA, 2010, p. 12). Esse “prof essor f olheto” ensina-nos o quão relevante são as práticas e os artef atos lúdicos nos processos de ensino. O Cordel possui essa peculiaridade de expor narrativas de modo, ao mesmo tempo, brincante e organizado, com métrica e rima próprios que nos envolvem com seus aspectos racional e imaginativo. O mês de novembro teve início com clima de “arremate” do semestre. O f oco f oi atribuído ao aporte teór ico e aos documentos norteadores para o ensino de Artes nas escolas, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000) e a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018). 15 Dentre outros aspectos, a escolha desse museu se deu pela possibilidade de apropriação do conhecimento em Artes a partir da própria identidade e dos elementos culturais dos discentes da disciplina, além da diversidade de conceitos estéticos, suportes e linguagens que poderiam conduzi -los a uma formação significativa. 16 Gravura a partir de uma matriz de poliestireno expandido /isopor®. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 128 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Nas apresentações sobre Os Parâmetros Curriculares Nacionais das Artes (PCN/Artes), o documento f oi dividido entre os grupos por abordagem, a partir das linguagens artísticas, com apresentações realizadas dia 13 de novembro. Os alunos f oram divididos nos seguintes grupos: 1 - Artes Visuais / 2 - Música / 3 - Teatro / 4 - Dança. Foram propostas experienciações a partir das linguagens artísticas , que f oram exploradas pelos respectivos grupos nas apresentações. A prof essora complementou as inf ormações com os aspectos gerais de cada linguagem artística, bem como preenche u as lacunas a cada apresentação e explorou dif erentes perspectivas sobre os temas. Dia 20 de novembro, o encerramento deu-se com a realização de debate sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), englobando suas alterações, perspectivas e possibilidades nas aulas de Artes na Educação Inf antil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Apresentamos o debate atual sobre a BNCC, no que concerne ao ensino de Artes, explorando os aspectos críticos da proposta e estabelecendo um debate com o contexto escolar da atualidade, realidade vivenciada por discentes, o que estabeleceu um ambiente de muito diálogo, reaf irmando a característica dialógica que esteve presente em todo o percurso das aulas de Arte-educação para f ormandos em Pedagogia do segundo semestre de 2018. A seguir, apresentamos alguns registros (Figuras 02 e 03) desses momentos f ormativos na criação de isogravuras com a turma mencionada anteriormente. Figura 02: Criação de Isogravuras em turma de Pedagogia Fonte: Acervo pessoal __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 129 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação Figura 03: Exposição de Isogravuras em sala de aula Fonte: Acervo pessoal O espaço de f ormação inicial no curso de Pedagogia é uma dimensão ampla e rica de possibilidades de interação, abordagens e aprendizagens. Quando a disciplina é Arte, conduzida a partir da Cultura Popular e das vivências com música, dança, encenações, artes visuais e exercícios de corporeidade, compreende -se melhor o espaço social e f ormativo das artes na constituição pessoal e prof issional de educadores e educadoras. Esse espaço representa ainda uma dimensão am pla e r ica de possibilidades de interação, abordagens e aprendizagens. Quando a disciplina de Arte é conduzida a partir da Cultura Popular e das vivências com música, dança, encenações, artes visuais e exercícios de corporeidade, compreende-se melhor o espaço social e f ormativo das artes na constituição pessoal e prof issional de educadores e educadoras, pedagogos e pedagogas em f ormação. A prof essora Edite Colares, prof essora supervisora de estágio e uma das titulares dessa disciplina, mediou os processos de ensino-aprendizagem de modo leve, dinâm ico, ref lexivo e, sobretudo, promovendo experienciações estéticas e estésicas bastante instigantes, desaf iadoras e criativas. Apresentou possibilidades criativas em sala de aula com materiais simples e presentes no cotidiano dos/das discentes, proporcionando uma aprendizagem signif icativa no momento de apreensão dos conteúdos de Artes. A ampliação do vocabulário visual, as potencialidades de criação e as intervenções em sala são acontecências presentes nas aulas de Arte e Educação do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará, ministradas, com maestria, pela Arte-educadora, artista e prof essora Dra. Edite Colares. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 130 Ana Cristina Moraes, Juliane Gonçalves Queiroz, Izabel Cristina Soares da Silva Lima Considerações finais O que, af inal, aprendemos com todo o processo de realização da disciplina Arteeducação, enquanto estagiárias e orientadora? Aqui não seria possível contabilizar, com minúcias de detalhes, todas as aprendizagens. Nós mesmas não saberíamos racionalizar a ponto de conseguirmos pontuar todos os saberes apreendidos. Como observamos, o Estágio de Docência expressa sua relevância no estímulo ao aperf eiçoamento dos estudantes de Mestrado para o exercício da prof issão. Especif icamente no caso da disciplina Arte-educação, esse aperf eiçoamento teve a educação estética, por meio de exper imentações artísticas, como eixo f undante que atravessou todas as ações f ormativas do semestre, o que trouxe também, para as turmas, a possibilidade de mobilizar saberes de modo a utilizarem-se de uma razão prática, tendendo a gerar, assim, aprendizagens signif icativas. Podemos apontar pelo menos três aprendizagens signif icativas: a primeira f oi a da necessidade que sentimos de se f azer o registro – escrito e imagético – das ações pedagógicas que desenvolvemos. Ao visualizar todas essas ações, ao f inal do semestre, vimos que muita coisa f oi f eita. As atividades f oram bem diversif icadas e, por isso, podem ter tocado cada estudante de acordo com seus modos particulares de ser e de perceber o mundo; a segunda aprendizagem f oi o instigante trabalho com imagens, f ossem elas pinturas, f otograf ias ou ainda trechos de f ilmes e documentários que envolviam temas arte-educativos. A imagem, de modo geral, atrai a atenção das pessoas e proporciona a visualização de determ inado conceito ou contexto, além de ser um registro essencial para compor nossa história. As imagens são assim def inidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte: “produção cultural, documento do imaginário humano, de sua historicidade e de sua diversidade” (BRASIL, 2000, p. 83). Por f im, um terceiro aprendizado que essa disciplina nos trouxe f oi o de tentar diminuir, como estagiár ias e prof essora f ormadora, certo olhar preconceituoso sobre a capacidade de interesse e envolvimento de alguns estudantes. Se, num primeiro momento, julgávamos que os mesmos não iriam se dispor para o que a disciplina se pr opunha – desenvolver o estágio pela via de intervenções artístico-pedagógicas –, no decorrer do semestre, observamos o quanto as turmas avançaram em matéria de entrosamento e de envolvimento com essa proposta. Com isso, reconhecemos a cada dia a potência das Artes na cr iação e na mobilização dos sentidos humanos e percebemos o quanto é importante of erecer possibilidades estéticof ormativas para f uturos docentes, pois, sem o convite à experimentação, sem a vivência prática e sem a crença no potencial de cada estudante, f ica realmente dif ícil __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 131 Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação visualizarmos um projeto f ormativo dessa natureza. Por isso, consideramos ser necessário continuarmos criando projetos pedagógicos alicerçados por intenções de educação estética. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de educação f undamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasil: MEC/SEF, 2000. BRASIL. 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Vinculada ao Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação - MAIE/UECE. i ii Mestranda em Educação pela Universidade Estadual do Ceará – UECE e graduanda em Dança pela Universidade Federal do Ceará – UFC. iii Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação na Universidade Estadual do Ceará - PPGE/UECE. Especialização em Arte-Educação com ênf ase em Música - Faculdade Vale do Jaguaribe (FVJ). Especialização em Gestão Escolar - Universidade Federal do Ceará (UFC). Licenciatura em História - Universidade Federal do Ceará (UFC), Graduanda em Licenciatura em Artes Visuais - Universidade Estadual do Ceará (UECE). Grupo de Pesquisa: Investigação em Arte, Ensino e Histór ia (IARTEH/UECE). Gestora em exercício da EMEF Maestro Eleazar de Carvalho, (Maracanaú-Ceará). Como citar esse artigo: MORAES, Ana Cr istina; QUEIROZ, Juliane Gonçalves; LIMA, Izabel Cr istina Soares da Silva. Estágio de docência e experimentações estéticas em aulas de arte-educação. Revista Digital do LAV, Santa Maria: UFSM, v. 12, n. 3, p. 112-133, set./dez. 2019. __________________________________________________________________________________ Revista Digital do LAV – Santa Maria – vol. 12, n. 3, p. 112 - 133 – set./dez. 2019 ISSN 1983 – 7348 http://dx.doi.org/10.5902/1983734837894 133