DIVERSIDADE DE GÉNERO NOS CONSELHOS DE
ADMINISTRAÇÃO NAS ENTIDADES COM AÇÕES COTADAS NA
EURONEXT LISBON
Francisco Carreira, Pedro Pardal e Paula Heliodoro
(francisco.carreira@esce.ips.pt; pedro.pardal@esce.ips.pt; paula.heliodoro@esce.ips.pt)
Escola Superior de Ciências Empresariais / Instituto Politécnico de Setúbal, Portugal
RESUMO
O peso das mulheres nos conselhos de administração (CA) e em órgão de gestão de topo
é, ainda, bastante reduzido, sendo que diversas entidades reclamam por uma mudança.
A diversidade de género nos CA é, hoje em dia, um tópico de investigação de grande
relevância, sendo vários os estudos desenvolvidos, debruçando-se sobre as
determinantes da presença de mulheres no CA ou se esta presença influencia a
performance dos órgãos e das organizações (por exemplo, Adams e Ferreira, 2009). O
presente estudo tem como objetivo analisar a diversidade de género nos CA de
entidades com ações cotadas na Bolsa de Lisboa, tendo por base o ano de 2014. Os
resultados para a nossa amostra permitiram identificar uma fraca participação das
mulheres nos CA (cerca de 9%), sendo que estas quando presentes desenvolvem
essencialmente funções executivas. A presença de mulheres no CA tem uma maior
associação a setores de atividade ligados a prestação de serviços e com maior
aproximação ao consumidor final, bem como, está positivamente relacionada com a
antiguidade da empresa.
Palavras – Chave: Diversidade de Género, Conselho de Administração, Mulheres,
Performance
1
GENDER DIVERSITY ON THE BOARD OF DIRECTORS OF
PORTUGUESE LISTED FIRMS
Francisco Carreira, Pedro Pardal and Paula Heliodoro
(francisco.carreira@esce.ips.pt; pedro.pardal@esce.ips.pt; paula.heliodoro@esce.ips.pt)
College of Business Administration (ESCE) / Polytechnic Institute of Setúbal, Portugal
ABSTRACT
The weight of women on corporate boards and on top management is still reduced and
several entities claim for a change. Therefore, gender diversity is nowadays a research
topic of special relevance, with several studies, discussing the determinants of women
presence in corporate boards or if this presence influences corporate performance (e.g.,
Adams and Ferreira, 2009). Our investigation aims to analyze the gender diversity in
corporate boards of entities listed in the Euronext Lisbon, based on the year 2014. The
results for our sample, allow the identification of a reduced presence of women on
corporate boards, which rounds 9%. When represented, women are usually related to
executive functions. The woman’s presence is more frequent in industries related to
services and which are, potentially, more closed to the final consumer. Additionally,
women presence on corporate boards is likely related to firms’ antiquity.
Key-words: Gender Diversity, Corporate Board, Women, Performance
2
DIVERSIDADE DE GÉNERO NOS CONSELHOS DE
ADMINISTRAÇÃO NAS ENTIDADES COM AÇÕES COTADAS NA
EURONEXT LISBON
GENDER DIVERSITY ON THE BOARD OF DIRECTORS OF
PORTUGUESE LISTED FIRMS
Introdução
Por todo o mundo, a presença de mulheres nos Conselhos de Administração (CA) é
bastante limitada, tendo-se assistido ao longo das últimas décadas a uma ligeira
evolução. Em muitos países existem quotas obrigatórias, como é o exemplo da Noruega,
onde o peso das mulheres nos CA ronda os 40%, sendo contudo, um caso de exceção
visto na maioria dos países a percentagem ser bastante reduzida (World Development
Report, 2012).
Se a preocupação com a diversidade de género tem levado a algumas mudanças a este
nível, o efeito da presença de mulheres nos CA tem sido alvo de vários trabalhos de
investigação (Adams e Ferreira, 2009).
O objetivo da presente investigação é identificar o número e tipo de participação de
mulheres nos CA, numa amostra de entidades portuguesas, de modo a aferir de
potenciais relações significativas.
O estudo está estruturado em duas partes: a primeira, de cariz teórico, procede-se a uma
revisão da literatura sobre a diversidade de género e seus efeitos ou impactos no perfil
das entidades e, a segunda, de cariz empírico, apresenta um estudo empírico centrado
em entidades com ações cotadas na Euronext Lisbon.
Os resultados obtidos de uma amostra de entidades com ações cotadas na Bolsa de
Lisboa expressam uma fraca participação das mulheres nos CA, ainda assim, a maioria
delas desempenham funções executivas, sendo que há diferenças significativas entre
setores de atividade, onde há primazia dos setores que têm uma maior interação com o
público e que são prestadores de serviços. Por outro lado, os resultados demonstram que
as entidades mais antigas contam com um maior número de mulheres.
3
1 – Revisão da Literatura
Um maior equilíbrio de género nos CA é uma importante preocupação em muitos países
(World Development Report, 2012) e outras organizações, como por exemplo, a União
Europeia. Apesar da questão ética no tratamento de igualdade, são diversas as teorias
que referem as vantagens e desvantagens da diversidade de género nas decisões de
grupo (Dobbin e Jung, 2011) e, por consequência, nos órgãos de decisão de uma
empresa (Carter et al., 2010).
Por exemplo, a tomada de decisão por equipas mais heterogéneas e com níveis de
conhecimento diversificados pode ser mais eficaz na resolução de problemas, mas ao
invés, outros estudos defendem que essa mesma diversidade pode conduzir a conflitos e
dificultar a comunicação e cooperação no grupo, o que pode ter um efeito negativo na
sua performance (Dobbin e Jung, 2011).
Face às crescentes preocupações e avanços legislativos no sentido de estimular uma
maior diversidade de género nos CA, diversos estudos têm analisado a presença das
mulheres nos órgãos de decisão das empresas, bem como factores que podem
condicionar essa presença (Mínguez-Vera e Martin, 2011; Nekhili e Gatfaoui, 2013;
Wilson, Jr., 2014). Outra corrente de investigação dentro desta temática tem-se
debruçado sobre o efeito de uma maior diversidade de género nos CA na melhoria da
performance empresarial (Adams e Ferreira, 2009; Carter et al., 2010; Gallego-Álvarez
et al., 2010; Dobbin e Jung, 2011).
As mudanças legislativas em vários países e a imposição de quotas têm impulsionado
uma certa evolução no número de mulheres nos CA (World Development Report,
2012), que apesar de contínua, ainda é pouco representativa, segundo estudo recente de
Wilson, Jr. (2014).
Esse estudo estende a investigação sobre a presença das mulheres no CA a empresas
cotadas de menor dimensão nos EUA. Em comparação com empresas de grande
dimensão (S&P 500 empresas), onde cerca de 96%, contam com pelo menos uma
4
presença feminina no CA, nas empresas de menor dimensão a percentagem fica-se pelos
47%. Por outro lado, nas maiores empresas e mais expostas ao mercado, esta presença
tem vindo a crescer gradualmente, enquanto nas pequenas entidades a evolução é
praticamente nula.
Em virtude dos estudos continuarem a apontar para uma baixa diversidade de género
nos CA, a investigação procura analisar outros factores justificativos da presença de
mulheres. Por exemplo, o estudo de Mínguez-Vera e Martin (2011), tendo por base
empresas espanholas cotadas e de menor dimensão, evidencia que as empresas de cariz
familiar e empresas com instituições financeiras como maiores accionistas, são aquelas
mais associadas com a presença de mulheres no CA. Adicionalmente, os resultados
evidenciaram uma ligação positiva a empresas com menor dívida, maior ativo e maiores
CA.
Já Nekhili e Gatfaoui (2013) debruçaram-se sobre a presença de mulheres nos CA nas
empresas francesas, tendo em atenção um conjunto de potenciais determinantes, como
as características da sua estrutura de capital (ownership) e de governação (governance)
ou os atributos demográficos dos membros femininos (nacionalidade, experiência
internacional, habilitações, experiência profissional e ligações a fontes externas).
Tendo por base as empresas cotadas de grande e média dimensão num período de 5
anos, os principais resultados identificam uma relação entre a presença de mulheres no
CA e as empresas de cariz familiar (capital), bem como, uma forte relação com
empresas de maior dimensão e com maiores número de membros nos CA. Ainda
evidenciaram que a nomeação de mulheres está intimamente relacionada com as suas
competências e com a sua rede de contatos. Por fim, os resultados mostram que os
atributos demográficos são factores mais determinantes que as características da
estrutura de capital e de governação, quando é para nomear mulheres para posições
seniores no CA.
Quanto ao efeito da diversidade de género na performance das empresas, este tem sido
alvo de diversos estudos que revelam efeitos contraditórios. Por um lado, Erhardt et al.
(2003) verificaram uma relação positiva entre diversas medidas de performance (por
5
exemplo, o ROA) e uma maior diversidade de género nos CA. Igualmente, Julizaerma e
Zulkarnain (2012) analisaram esta relação em empresas malaias cotadas no período de 2
anos. A média percentual de mulheres nos CA é de 10,6%. A aplicação de um modelo
de regressão permitiu evidenciar uma relação positiva mas, estatisticamente, pouco
significativa.
Por outro lado, Adams e Ferreira (2009) identificaram, tendo por base empresas cotadas
norte americanas, que as mulheres comparativamente aos homens têm um registo de
assiduidade superior e que têm maior apetência para integrar órgãos de fiscalização.
Contudo, o modelo de regressão evidencia uma relação negativa entre a diversidade de
género no CA e a performance das empresas.
Diversos outros estudos têm documentado resultados menos favoráveis e mais
alinhados com as teorias sobre as desvantagens da diversidade de género nas decisões
de grupo. Gallego-Álvarez et al. (2010) em análise a grandes empresas espanholas
cotadas, concluíram que não é óbvia a premissa de que a presença de mulheres no CA
influencia, positivamente, a performance empresarial, sendo que a exigência de um
maior equilíbrio de género nos CA deriva essencialmente de questões sociais.
As conclusões apresentadas por Mínguez-Vera e Martin (2011) são ainda mais
evidentes ao demonstrarem que a presença de mulheres gerou um efeito negativo na
performance empresarial, sendo que este facto pode ser atribuído à menor propensão
das mulheres para assumirem estratégias de maior risco.
Dobbin e Jung (2011) vão mais longe e concluem que a presença de mulheres no CA,
por imposição, pode ter um efeito contrário sobre a performance. Os resultados do
modelo mostram que mulheres, enquanto directoras, têm um impacto negativo no valor
das acções e não produzem efeito sobre os resultados das empresas. Adams e Ferreira
(2009) sugerem, igualmente, que a imposição de quotas pode levar à redução do valor
das empresas, essencialmente, naquelas que tem melhores índices de governação.
2 – Parte Empírica
2.1 - População e Amostra
O universo do estudo são as entidades com ações cotadas na Euronext Lisbon, em 31 de
dezembro de 2014 (num total de 48 entidades), sendo que foram consideradas as duas
6
entidades objeto de redenominação (por efeito de fusão, caso da ZON e de aquisição,
caso da Luz Saúde) e foram excluídas três entidades (uma por ser um fundo de
investimento, pelo que a informação financeira é dispare face às demais entidades, caso
da Nexponor, outra por não disponibilizar informação financeira, a F. Ramada e, outra
ainda por ter sido objeto de fusão, a Portugal Telecom).
Assim, a amostra é constituída por 45 entidades (que corresponde a 94% do universo),
das quais 5 pertencem ao setor financeiro (cerca de 11%) e as restantes 40 ao setor não
financeiro (cerca de 89%).
A lista de entidades, que compõem a amostra, por setor de atividade é apresentada no
quadro correspondendo ao anexo 1. O alinhamento por sectores de actividade teve em
consideração a agregação de alguns setores pelas suas relações próximas.
2.2 – Metodologia
O objetivo desta investigação é procurar a existência de correlações entre o género
feminino no CA e um conjunto de variáveis, essencialmente de cariz financeiro, no
sentido de aferir eventuais relações significativas.
A metodologia utilizada neste trabalho de investigação consistiu numa análise
quantitativa e qualitativa respeitante a um conjunto de indicadores financeiros (volume
de negócios, ativo, passivo, capital próprio, resultado líquido, rentabilidade dos capitais
próprios, rentabilidade do ativo, autonomia financeira, solvabilidade) e não financeiros
(número de membros do Conselho de Administração, número de mulheres no Conselho
de Administração, funções exercidas pelas mulheres nos Conselhos de Administração,
número de trabalhadores, percentagem de mulheres empregadas e número de anos da
entidade) das entidades objeto da amostra.
Para tal recorremos aos relatórios de gestão e às demonstrações financeiras
consolidadas, no ano económico de 2014, das entidades supra referidas, sendo os dados
recolhidos registados no Excel e, posteriormente, socorremo-nos do programa Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), para aferir das possíveis correlações entre o
sexo feminino e as várias variáveis previamente definidas.
7
2.3 – Análise e Discussão de Resultados
Verificámos que o número total de membros dos CA das entidades com ações cotadas
na Euronext Lisbon, em 31 de dezembro de 2014, é de 395, dos quais, apenas, 34 são do
género feminino, o que corresponde a cerca de 9% do total.
Constatámos que o número de pessoas do sexo feminino que integram os CA das
principais entidades cotadas é, manifestamente, insuficiente o que conduz à existência
de fraca ou inexistentes correlações com qualquer das variáveis selecionadas, pelo que e
como alternativa, procedemos a uma análise descritiva, segmentada por perfil das
entidades:
1. Mulheres com funções executivas nos CA;
2. Mulheres com funções não executivas nos CA;
3. Sem mulheres nos CA.
Do total de pessoas do sexo feminino (34), a maioria exerce funções executivas (24,
cerca de 20%, face ao total de membros dos CA com idênticas funções e que
corresponde a 6% do total de membros dos CA), e o restante não desempenha funções
executivas (10, cerca de 14%, face ao total de membros dos CA com idênticas funções e
que corresponde a 3% do total de membros dos CA), conforme Quadro nº 1.
Quadro nº 1 – Membros dos CA e Participação das Mulheres nos CA
Perfil das Entidades
Nº
Membros
no CA
Nº
Mulheres
no CA
%
Mulheres
no CA
Mulheres c/ Funções Executivas
118
24
20%
Mulheres c/ Funções Não Executivas
74
10
14%
Sem Mulheres nos CA
203
0
-
Totais
395
34
9%
Fonte: Elaboração própria
Perante a amostra em análise, a média de membros dos CA é de 8,42 dos quais, apenas,
0,76 é relativo a pessoas do sexo feminino nos CA. Porém a última média aumenta
8
consideravelmente se considerarmos três subconjuntos distintos, como está expresso no
Quadro nº 2.
Quadro nº 2 – Média dos Membros dos CA e Participação das Mulheres nos CA
Perfil das Entidades
Nº Membros no
CA
Nº Mulheres no
CA
Mulheres c/ Funções Executivas
8,43
1,71
Mulheres c/ Funções Não Executivas
12,33
1,67
Sem Mulheres nos CA
7,8
0,0
Totais
8,42
0,76
Fonte: Elaboração própria
Numa análise por setor de atividade, Quadro nº 3, verifica-se que o número de entidades
que integram mulheres nos CA é mais significativo nos setores:
das telecomunicações, correios e informática, e distribuição e comércio, com 4
entidades cada um (representa 18% do total das entidades), e integram 16
mulheres nos CA, o que corresponde a 4%;
da comunicação, com 3 entidades (represente 7% do total das entidades), e
integram 3 mulheres nos CA, o que corresponde a 1%;
dos setor financeiro e as Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS),
com 2 entidades cada um (representa 8% do total das entidades), e integram 5
mulheres nos CA, o que corresponde a 1%).
Os referidos setores representam 12 entidades da amostra, ou seja, 33% do total de
entidades, as quais incluem 21 mulheres nos CA, o que equivale a 6% do total de
membros dos CA.
Alinhando a análise com os perfis de entidade definidos, concluímos que os setores com
mais mulheres executivas nos CA pertencem a empresas dos setores das
telecomunicações, correios e informática, e distribuição e comércio (com 3 entidades e
7 mulheres em cada um dos setores, o que representa mais de 13%), seguido dos setores
da distribuição e financeiro (com 3 e 2 entidades e mulheres, respetivamente, que
representa mais de 12%), como está patente no Quadro nº 4.
9
Quadro nº 3 – Entidades e Mulheres nos CA, por Setor de Atividade
Amostra
Mulheres nos CA
%
%
%
Setores de Atividade Económica
Nº
Nº
Nº
Entidades
Entidades
Mulheres
Entidades
Entidades
Mulheres
no Total
no Total
nos CA
Telecomunicações, Correios & Informática
6
13%
4
9%
8
2%
Distribuição & Comércio
5
11%
4
9%
8
2%
Comunicação
3
7%
3
7%
3
1%
Energia
4
9%
1
2%
2
1%
Cimentos, Obras Públicas & Estr.Metálicas
5
11%
1
2%
3
1%
SADesportivas
3
7%
0
0%
0
0%
Setor Financeiro
5
11%
2
4%
2
1%
Pasta de Papel & Gráfica
5
11%
1
2%
2
1%
Restauração & Imobiliário
2
4%
0
0%
0
0%
SGPS
3
7%
2
4%
3
1%
Jogos de Fortuna e Azar
1
2%
0
0%
0
0%
Cortiça & Madeira
2
4%
1
2%
2
1%
Saúde
1
2%
1
2%
1
0%
Totais
45
100%
20
44%
34
9%
Fonte: Elaboração própria
Por sua vez, os setores de atividade com maior número de mulheres nos CA, mas com
funções não executivas, são os setores dos cimentos, obras públicas e estruturas
metálicas (3 mulheres, %), na energia e pasta de papel e gráfica (2 mulheres, 2%).
Finalmente, os setores de atividade com maior número de entidades sem mulheres nos
CA são os setores dos cimentos, obras públicas e estruturas metálicas, pasta de papel e
gráfica, ambos com 4 entidades e os setores das telecomunicações, correios e
informática, energia, sociedades anónimas desportivas e financeiro, todos com 3
entidades, como ilustra o Quadro nº 4.
10
Quadro nº 4 – Nº de Entidades e Mulheres nos CA, por Setor de Atividade
Mulheres c/ Funções
Executivas
Setores de Atividade Económica
Mulheres c/ Funções Não
Executivas
Sem Mulheres nos
CA
Nº
% Face ao
% Face ao
% Face ao
Nº
Nº
Nº
Nº
Mulheres total de
Mulheres total de
total de
Entidades
Entidades
Entidades
Entidades
no CA Entidades
no CA Entidades
Telecomunicações, Correios & Informática
3
7
6,7%
1
1
2,2%
3
6,7%
Distribuição & Comércio
3
7
6,7%
1
1
2,2%
1
2,2%
Comunicação
3
3
6,7%
Energia
1
2
2,2%
3
6,7%
Cimentos, Obras Públicas & Estr.Metálicas
1
3
2,2%
4
8,9%
3
6,7%
3
6,7%
8,9%
SADesportivas
Setor Financeiro
2
2
4,4%
Pasta de Papel & Gráfica
1
2
2,2%
4
2
4,4%
1
1
2,2%
1
2,2%
1
2,2%
1
2,2%
26
58%
Restauração & Imobiliário
SGPS
2
1
2,2%
Jogos de Fortuna e Azar
Cortiça & Madeira
1
2
2,2%
Saúde
1
1
2,2%
14
24
31%
Totais
6
10
13%
Fonte: Elaboração própria
Em termos dos principais indicadores financeiros constata-se que as entidades têm, em
média, maior volume de negócios, ativo, resultado líquido, capital próprio e passivo são
aquelas em que as mulheres desempenham funções executivas, ao invés das que
integram mulheres nos CA mas sem funções executivas, como está expresso no Quadro
nº 5.
Quadro nº 5 – Média dos Indicadores Financeiros por Perfil de Entidade
Em milhares de euros
Perfil das Entidades
Mulheres c/ Funções Executivas
Mulheres c/ Funções Não Executivas
Sem Mulheres nos CA
Totais
Volume de
Negocios
Ativo
7.790.086
3.580.892
918.711
12.289.689
Fonte: Elaboração própria
11
9.989.980
3.164.392
1.249.732
14.404.103
Resultado
Liquido
458.513
-21.113
20.712
458.112
Capitais
Próprio
1.546.207
1.208.386
486.039
3.240.632
Passivo
8.443.916
1.956.006
995.295
11.395.217
Por último verifica-se que a existência de um maior número de mulheres nos CA ocorre
nas entidades mais antigas (com uma média de 78,8 anos), seguida da inexistência de
mulheres nos CA (com uma média de 57,5 anos), e das mulheres com funções não
executivas nos CA (com uma média de 32,2 anos).
Como limitação do estudo compete-nos referir que, por um lado, nem sempre e de
modo uniforme os relatórios de gestão ou a informação disponibilizada pelas entidades
nas suas páginas da internet permite obter uma série de dados consistente,
nomeadamente, em termos de funções exercidas pelas mulheres nos CA, número de
trabalhadores e percentagem de mulheres nas entidades.
Por outro lado, os indicadores financeiros obtidos, quando desdobrados pelo perfil das
entidades, consoante integrem ou não mulheres nos CA, não nos permitem obter
resultados estatisticamente muito significativos, o que se deve ao facto de se trabalhar
com uma pequena amostra de entidades.
Considerações Finais
Tendo presente a relevância e atualidade da investigação sobre a diversidade de género
nos CA, e mais concretamente no que determina ou que consequências podem advir de
uma maior participação das mulheres nos órgãos de decisão, procurámos neste estudo
contribuir para essa análise, ao investigarmos a temática, em entidades com ações
cotadas na Euronext Lisbon.
Em termos gerais verificámos, claramente, uma reduzida participação das pessoas do
sexo feminino nos CA das entidades analisadas, o que pode servir de incentivo ao
Governo para a fixação de quotas obrigatórias neste tipo de entidades.
Analisando algumas características da presença de mulheres no CA, verificou-se que
esta manifesta-se através de funções executivas e funções não executivas, tendo as
primeiras um maior peso.
Os resultados obtidos, apesar de limitados, indicam que as mulheres integram sobretudo
os CA de entidades ligadas aos setores das telecomunicações, correios, informática,
distribuição, comércio e comunicação, os quais têm potencialmente um maior
relacionamento com o público.
12
Ao invés, setores como os dos cimentos, obras públicas, estruturas metálicas, jogos de
fortuna e azar e sociedades anónimas desportivas, são aqueles que têm menor número
ou não apresentam qualquer mulher nos seus CA.
Por último, as entidades mais antigas são aquelas que contam com mais mulheres nos
CA.
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15
Anexo nº 1
Entidades com ações cotadas na Euronext Lisbon, em 31 de dezembro de 2014
Entidade
Setor de Atividade Económica
ALTRI
Pasta de Papel & Gráfica
BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS
Setor Financeiro
BANCO PORTUGUÊS DE INVESTIMENTO
Setor Financeiro
BANCO SANTANDER
Setor Financeiro
BANIF
Setor Financeiro
SPORT LISBOA E BENFICA
Sociedade Anónima Desportiva
CIMPOR
Cimentos, Obras Públicas & Estruturas Metálicas
COFINA
Comunicação
CORTICEIRA AMORIM
Cortiça & Madeira
CTT
Telecomunicações, Correios & Informática
EDP
Energia
EDP RENOVAVEIS
Energia
ESTORIL SOL
Jogos de fortuna e azar
FUTEBOL CLUBE DO PORTO
Sociedade Anónima Desportiva
GALP ENERGIA
Energia
GLINTT
Telecomunicações, Correios & Informática
IBERSOL
Restauração & Imobiliário
IMOBILIÁRIA GRÃO-PARÁ
Restauração & Imobiliário
IMPRESA
Comunicação
INAPA
Pasta de Papel & Gráfica
JERONIMO MARTINS
Distribuição & Comércio
LISGRÁFICA
Pasta de Papel & Gráfica
LUZ SAUDE
Saúde
MARTIFER
Cimentos, Obras Públicas & Estruturas Metálicas
MEDIA CAPITAL
Comunicação
MONTEPIO
Setor Financeiro
MOTA ENGIL
Cimentos, Obras Públicas & Estruturas Metálicas
NOS
Telecomunicações, Correios & Informática
NOVABASE
Telecomunicações, Correios & Informática
OREY ANTUNES
Sociedade Gestora de Participações Sociais
PORTUGAL TELECOM
Telecomunicações, Correios & Informática
PORTUCEL
Pasta de Papel & Gráfica
REDITUS
Telecomunicações, Correios & Informática
REN
Energia
SAG Gest
Distribuição & Comércio
SOARES DA COSTA
Cimentos, Obras Públicas & Estruturas Metálicas
SEMAPA
Pasta de Papel & Gráfica
SONAE SGPS
Sociedade Gestora de Participações Sociais
SONAE CAPITAL
Sociedade Gestora de Participações Sociais
SONAE INDÚSTRIA
Cortiça & Madeira
SONAE.COM
Telecomunicações, Correios & Informática
SPORTING CLUB DE PORTUGAL
Sociedade Anónima Desportiva
SUMOL+COMPAL
Distribuição & Comércio
TEIXEIRA DUARTE
Cimentos, Obras Públicas & Estruturas Metálicas
TOYOTA SALVADOR CAETANO
Distribuição & Comércio
VISTA ALEGRE ATLANTIS
Distribuição & Comércio
Fonte: Elaboração própria
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