Cadernos de Geografia nº 38 - 2018
Coimbra, FLUC - pp. 55-67
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e
regional
River tourism, leisure in inland waterways and local and regional development
Claudete Oliveira Moreira
Departamento de Geografia e Turismo, Universidade de Coimbra, Portugal
Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, CEGOT, Portugal
claudete@fl.uc.pt
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9188-191X
Resumo:
O presente artigo parte da investigação realizada no âmbito do turismo fluvial e dos lazeres em águas
interiores em Portugal. Realça a importância do rio como atração turística e como património. A conceptualização do turismo fluvial é um dos seus contributos. Esta centra-se no stricto sensu do turismo fluvial, evidencia a
sua amplitude, a sua acentuada ancoragem territorial e sua importância para o desenvolvimento local e regional.
A análise retrospetiva da valorização dos rios em Portugal releva as potencialidades do território nacional e o
caráter relativamente recente e pontual dos investimentos para valorizar as águas interiores para os lazeres e
para o turismo. O rio Douro é um caso paradigmático do turismo fluvial em Portugal. Os dados evidenciam um
crescimento muito acentuado dos passageiros na via navegável do Douro a partir de 2011, explicado, fundamentalmente, pelo aumento de passageiros que realizam um cruzeiro fluvial na mesma albufeira; uma importância
desigual de passageiros nos cais de acostagem, destacando-se Régua, Sabrosa/Pinhão, Gaia e Barca d’Alva; uma
expressiva sazonalidade dos cruzeiros fluviais; uma preponderância de portugueses nos cruzeiros fluviais de um
dia e de turistas internacionais nos cruzeiros em barco-hotel. A investigação sugere a importância de se inventariarem as potencialidades do território nacional em termos de turismo fluvial e de lazeres em águas interiores
e de se analisar e monitorizar a procura para melhor gerir a oferta.
Palavras-chave: turismo fluvial, águas interiores, Portugal, rio Douro
Abstract:
This article takes the research undertaken on river tourism and leisure on inland waterways in Portugal
as its starting point. It highlights the importance of rivers as tourist attractions and as heritage. The conceptualization of river tourism is one of its contributions. It focuses strictly on river tourism, and shows its extent, its
significant foothold in the territory and its importance for local and regional development. The retrospective
analysis of the exploitation of rivers in Portugal examines the potential of the national territory and the relatively recent and timely nature of investments made to exploit the inland waterways for leisure and tourism. The
Douro river is a prime example of river tourism in Portugal. The data show a very strong growth of passengers
on the Douro waterway from 2011 on, explained essentially by the increase in passengers who take river cruises
there, with differing levels of importance of passengers at the berths, particularly at Régua, Sabrosa/Pinhão,
Gaia and Barca d’Alva. There is also a significant seasonality of river cruises, and a prevalence for Portuguese
people to take one-day cruises while international tourists prefer hotel boat cruises. The research suggests the
importance of inventorying the national territory’s potential when it comes to river tourism and leisure on inland
waterways and of analysing and monitoring demand so that the supply can be managed better.
Keywords: river tourism, inland waterways, Portugal, River Douro
1. Introdução
lazeres e de turismo amplas. São vários os lazeres
Os recursos hídricos nos quais se integram os
planos de água, naturais e artificiais, são diversos
(águas minerais e naturais, fontes termais, quedas
de água, lagos, lagoas, rios, albufeiras, mares,
oceanos) e as suas potencialidades em termos de
águas abertas, mergulho, pesca desportiva, remo,
que se ancoram na água: termalismo, natação em
canoagem, canyoning, rafting, hidrospeed, kayak,
surf, bodyboard, kitesurf, windsurf, jet ski, ski
náutico, wakeboard, vela, cruzeiros marítimos e
fluviais, observação de cetáceos, isto para apenas
https://dx.doi.org/10.14195/0871-1623_38_4
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Geografia
se referirem alguns exemplos. Como são vários os
produtos turísticos que dependem dos recursos
hídricos, designadamente dos planos de água, naturais
e artificiais: turismo náutico, turismo de saúde,
turismo de natureza, turismo rural, golfe, mas
também circuitos turísticos (touring) e estadas de
curta duração em cidades (city break) são produtos
que podem integrar na sua composição experiências
que muito beneficiam de planos de água naturais e/
ou artificiais.
O interesse crescente em termos de experiências de lazer e de turismo pelas águas interiores,
pelos ambientes aquáticos não marítimos, pelo
turismo fluvial, tem sido acompanhado pelo interesse em termos de investigação, sucedendo-se, desde
o final dos anos 90 do século XX, as aproximações
aos lazeres e ao turismo que procuram proximidade
não só com os planos de água mas também com a
borda d’água. O objetivo deste artigo é demonstrar
a quantidade e a diversidade de estudos e de estudos
de caso, pondo em evidência, ainda assim, a escassa
investigação em Portugal centrada nos lazeres e no
turismo em águas interiores. Os rios como atração
merecem especial atenção. O turismo fluvial, pelas
potencialidades que encerra, é objeto de uma
proposta de conceptualização, demostrando-se quão
diversas são as atividades que integra. Põe-se em
evidência a acentuada ancoragem territorial do
turismo fluvial e a sua importância para o desenvolvimento local e regional. Uma análise retrospetiva
da valorização para os lazeres e para o turismo dos
rios e das paisagens fluviais em Portugal faz emergir
o rio Douro. Este constitui-se como um caso paradigmático do turismo fluvial em Portugal, como se
demonstra.
2. As águas interiores, os lazeres e o
turismo fluvial
A água constitui-se como um recurso vital,
sendo essencial para os lazeres e para o turismo,
muito relevando para estas atividades não só a
existência de água como também a qualidade da
água. Um dos Objetivos para o Desenvolvimento
Sustentável (ODS 6) — objetivos que devem ser
implementados por todos os países do
mundo até 2030 —, é precisamente garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do
saneamento para todos. No contexto deste objetivo
reconhece-se, entre outros aspetos, a importância
de proteger e de restaurar ecossistemas relacionados
com a água, designadamente, rios, lagos e zonas
húmidas.
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Claudete Oliveira Moreira
A importância da água para os lazeres e para
o turismo tem sido evidenciada sob perspetivas muito
diversas: Costa (2010) mostra a sua relevância para
os lazeres e para o turismo em geral; Brito-Henriques,
Sarmento e Lousada (2010) numa análise retrospetiva realçam a sua importância para a experiência
turística; Cavaco e Simões (1998) e Medeiros e
Cavaco (2008) destacam o seu significado para o
bem-estar, uma abordagem igualmente presente em
Ramos (2005) e em Mangorrinha e Pinto (2010).
Silveira (2016) centra-se nos ambientes aquáticos
marítimos, no turismo náutico, particularmente, no
turismo de iates. Já Moreira e Santos (2010),
Moreira (2011), Moreira (2012a) e Moreira e
Santos (2016) demonstram a importância dos ambientes aquáticos não marítimos para os lazeres e para
o turismo. Os principais produtos e destinos turísticos associados às águas interiores, não só em Portugal
como também em Espanha, são destacados por García
González (2004).
Os rios e o turismo fluvial, em particular, têm
suscitado um interesse crescente. Prideaux e
Cooper (2009) dedicam-lhe um livro, o mesmo havia
feito Damien (2001), abordando o turismo fluvial em
geral mas privilegiando o turismo fluvial em França.
García González (2004) realça a importância do
turismo fluvial em Espanha, destacando os rios Ebro,
Sil, Guadalquivir e Douro. O rio Douro, em Portugal,
é valorizado por Fazenda, Silva e Costa (2010), por
Marques (2011), por Teles (2012), por Senra (2014)
e por Moreira e Santos (2016). Simões e Vale (2002)
centram-se, por seu turno, naquele que é o segundo
maior rio internacional em Portugal, e que secunda
em extensão o rio Douro, isto é, na valorização do
rio Tejo. Sousa, Fernandes e Carpinteiro (2009)
valorizam o estuário do Tejo e o desenvolvimento
das atividades náuticas de recreio. Em Silva (2005)
é possível encontrar um estudo relativamente aprofundado no qual se efetua um diagnóstico do potencial
de desenvolvimento turístico do rio Arade e da sua
bacia hidrográfica. Santos (2012) centra-se na valorização turística dos ambientes fluviais, privilegiando
na análise o rio Mondego e a sua bacia hidrográfica.
Pereira (2014) aborda o turismo fluvial no rio Tâmega.
Albuquerque (2013) privilegia a laguna de Aveiro. As
aquosidades fluvio-recreativas e a refuncionalização
das planícies fluviais encontram uma abordagem em
Cavaco (2010b) na reflexão que efetua dos lazeres
e do turismo de água doce, em Cavaco (2010a) quando
aborda as áreas fluviais do interior mas também em
Cavaco e Simões (1998) quando se referem aos lazeres
na beira-rio.
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e regional
Os lagos, lagoas e albufeiras, têm suscitado
também múltiplas abordagens. Marques (1994) e
Ferreira (1998) centram-se nas albufeiras das
barragens, evidenciando que se convenientemente
planeadas e ordenadas nos planos de água e nas
margens se podem compatibilizar diferentes atividades e, deste modo, constituirem-se como uma alternativa aos lazeres das áreas costeiras. Marujo (2005),
Espada (2011), Rodrigues, Correia e Kozak (2013) e
Rodr igu es (2 01 5) p r i v i leg i a m A lq u ev a . H a ll e
Härkönen (2006) também valorizam os lazeres e o
turismo em águas interiores, nos lagos, ambientes
aquáticos que, segundo os próprios, são pouco
considerados na análise dos lazeres e do turismo.
nº 38 - 2018
tempos imemoriais (Cavaco & Simões, 1998; Haslam,
1997; Moreira, 2011; Moreira & Santos, 2010; Prideaux,
Timothy & Cooper, 2009; Saraiva, 1999). Peixoto
(2016, p. 68) nota “(...) que os rios passaram ou
estão a passar de uma dimensão funcional a uma
dimensão patrimonial”, que valoriza as paisagens
fluviais, constituindo-se os rios como centrais em
muitas estratégias de desenvolvimento local.
Os rios suportam, secularmente, várias atividades socioeconómicas (agricultura, pesca, indústria,
turismo e lazer), atividades que coexistem nos rios
no tempo presente. O turismo fluvial e os lazeres em
águas interiores crescem em importância e diversificam-se na contemporaneidade (Figura 1), pelo que
é muito relevante planear e ordenar as águas interiores para estes fins, sendo um desafio compatibilizar
os usos e assegurar a qualidade da água.
O turismo fluvial tem suscitado um interesse
crescente, este constitui-se como uma oportunidade
de descobrir os planos de água e a sua envolvente
de modo multiforme. Para o turismo fluvial relevam
os planos de água naturais e artificiais (rios, canais,
3. O turismo fluvial: conceptualização
Entre os recursos hídricos merecem especial
referência os rios. Os rios, que são uma atração linear
em termos de configuração espacial (Wall, 1997; Wall
e Mathieson, 2006), são usados pelo ser humano desde
AMBIENTES LACUSTRES E AMBIENTES FLUVIAIS
TURISMO FLUVIAL
Caudal
PLANOS DE ÁGUA
ARTIFICIAIS
AMPLO ESPETRO DE ATIVIDADES
Recreativas | Desportivas | Competição
CRUZEIROS
Duração Variável
Curta Horas
Média 1 a 3 dias
Longa 1 semana
• Pontões
• Embarcadouros
• Portos comerciais
• Marinas
• Portos de recreio
• Centros naúticos
SOFT
-
Destrezas
Experiência
Risco
Canyoning
Hidrospeed
Rafting
Mergulho
Windsurf
Kitesurf
Ski aquático
Jet ski/motonaútica
Navegação à vela
Canoagem
Kayak
Remo
Navegação a motor
Natação em águas abertas
Gaivotas
Pesca
Banhos
Destrezas
Experiência
Risco
Fenómenos hidrológicos extremos
RIO
PATRIMÓNIO
• Integram e espelham as paisagens fluviais
• Leito
• Estuário
• Foz
• Ínsuas/mouchões
• Canyons ou gargantas, rápidos
• Confluência de linhas de água
• Açudes
• Mini-hídricas
• Barragens
• Albufeiras de barragem
• Eclusas
• Pontes
• Piscinas (naturais e artificiais)
• Embarcações diversas (tradicionais e contemporâneas)
• Sistema lótico e lêntico
• Ictiofauna, herpofauna e avifauna
HARD
+
Regime fluvial
MARGENS
• Paisagens fluviais
• Arquitetura religiosa (igrejas, conventos, mosteiros, ...)
• Arquitetura civil (paços, palácios, solares, ...)
• Arquitetura militar (muralhas, torres, castelos, ...)
• Arquitetura industrial (edifícios industriais, moinhos, azenhas, ...)
• Arquitetura contemporânea
• Núcleos urbanos e rurais
• Comunidades locais e ribeirinhas
• Matas ribeirinhas e vegetação ripícola, herptofauna e avifauna
• Pauis
• Centros de interpretação e de educação ambiental
• Museus
• Centros hípicos
• Campos de golfe
• Empreendimentos turísticos
• Restaurantes e similares
• Praias fluviais
HARD
+
Empreendedorismo
Investimentos
Inovação
Qualidade
Segurança
Bacia hidrográfica
AMPLO ESPETRO DE ATIVIDADES
Recreativas | Desportivas | Competição
Destrezas
Experiência
Risco
Formação de recursos humanos
SOFT
-
Destrezas
Experiência
Risco
Estadas de curta duração em cidades | Circuitos turísticos
Golfe | Turismo residencial | Turismo de eventos | Turismo de negócios
Turismo náutico | Turismo de iates | Turismo aventura | Turismo de natureza
Turismo cinegético | Turismo rural | Turismo de saúde e bem-estar | Gastronomia e vinhos
PLANOS DE ÁGUA
NATURAIS
Perfil transversal
Bridge jumping
Espeleologia
Escalada
Rapel
Slide
Parapente
Caça
Pesca
Balonismo
Hipismo
Passeios a cavalo
BTT
Percursos em viaturas TT
Passeios de bicicleta
Pedestrianismo e orientação
Observação de aves
Observação de fauna e flora
Observação da paisagem
Campismo e caravanismo
Piquenique
Perfil longitudinal
Triatlo
Pentatlo
Limologia e
Potamologia
LAZERES E TURISMO EM AMBIENTES AQUÁTICOS NÃO MARÍTIMOS
DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
Figura 1
O turismo fluvial: ancoragem territorial e importância para o desenvolvimento local e regional.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
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Cadernos de
Geografia
lagos), sendo nas margens (na paisagem, no património natural e cultural e nas comunidades locais
ribeirinhas) que residem importantes fatores diferenciadores da oferta turística. Não é pois de estranhar
que este turismo evidencie uma acentuada ancoragem
territorial e que, também por isso, se constitua como
extremamente relevante para o desenvolvimento
local e regional. Pode mesmo afirmar-se que o turismo
fluvial necessita, para ser verdadeiramente sustentável, de ter uma forte ancoragem territorial.
O turismo fluvial está muito conotado com a
realização de cruzeiros de duração variável (que
podem ser de apenas uma hora ou contemplar vários
dias com estada a bordo), mas entende-se que é mais
amplo o espetro de atividades associadas aos planos
de água naturais e artificiais estreitamente ligados
aos rios. Deste modo, nestes podem ter lugar atividades muito diversas, recreativas, desportivas ou de
competição que pelas destrezas que requerem, pelo
nível de experiência que exigem e pelo risco que
envolvem podem ser classificadas de mais hard ou
soft. O mesmo sucede com as atividades que têm
lugar nas margens dos rios e dos planos de água
naturais e artificiais a estes associados. Nas margens
há um conjunto vasto de património, natural e
cultural, construído e imaterial, mas também de
equipamentos e de infraestruturas que viabilizam e
potenciam muitas outras atividades de cariz mais
hard ou soft. A oferta turística nas margens deve ser
facilmente acedida a partir dos planos de água e a
fruição dos planos de água deve ser facilitada a partir
das margens. Este truísmo não deve ser subestimado
no planeamento e ordenamento dos planos de água
e da sua envolvente.
De acordo com Damien (2001, p. 10) o turismo
fluvial surge como um modo de “observar de forma
original as paisagens e as suas riquezas”. O ritmo
lento que marca a navegação; a calma; a tranquilidade; a emoção que a transposição do declive que
caracteriza o perfil longitudinal do rio implica e que
a eclusagem proporciona; as transições nas paisagens
que marginam as linhas de água e que se fazem ao
longo do perfil longitudinal do rio; os vales mais ou
menos alcantilados que motivam obras de engenharia civil, seculares e magnificentes, como pontes
rodoviárias e ferroviárias, a que se juntam as
barragens, as eclusas mas também os castelos que
se alinham sobranceiros aos rios; o património molinológico que se dispõe no correr das linhas de água,
tirando partido do perfil longitudinal e do caudal,
bem como a parte deste património que, nos
estuários, beneficia da dinâmica mareal; o património ligado à salicultura, atividade económica secular
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Claudete Oliveira Moreira
que encontra precisamente nos estuários dos rios
condições topoclimáticas propícias à sua existência,
tudo isto, e muito mais, compõe as paisagens fluviais
tantas vezes espelhadas e duplicadas nos planos de
água, valorizadas pelo turismo fluvial e experienciadas pelos visitantes e turistas.
Cada rio possui um património natural e
cultural, construído e imaterial, único, pelo que se
pode afirmar que cada rio é, em si, um importante
elemento patrimonial com valor social que importa
preservar, conservar, valorizar, interpretar e experienciar. O turismo de natureza, o turismo rural mas
também estadas de curta duração em cidades (city
breaks), circuitos turísticos culturais (touring),
gastronomia e vinhos, golfe, turismo aventura, turismo
de natureza, são produtos turísticos que permitem
valorizar o património fluvial.
A ativação do património fluvial e a sua valorização através dos lazeres e do turismo requer
empreendedorismo local e regional e investimentos
vários. Por outro lado, há atributos na oferta que
não podem ser negligenciados: a inovação, a qualidade e a segurança. A qualidade reveste-se de extrema
importância para o turismo fluvial. Não só a qualidade da água mas também a qualidade dos equipamentos, das infraestruturas, dos serviços prestados,
relevando muito significativamente para esta última
a formação dos recursos humanos.
A coexistência diversa, e por vezes mesmo
conflituante, de várias atividades socioeconómicas
coloca novos desafios à gestão dos rios e das águas
interiores. Os desafios de hoje não encontram
precedentes na história da humanidade pois nunca
os rios foram objeto de uma procura tão diversa e
intensa, em que a qualidade, não só da água mas
também da paisagem, se apresenta como essencial.
Pelo que as bacias hidrográficas, os rios e as suas
margens se converteram em objetos de planeamento e de ordenamento. A criação de instrumentos de
planeamento e de ordenamento reveste-se neste
contexto como essencial para compatibilizar diferentes usos e para viabilizar crescentemente os lazeres
e o turismo. Em Portugal o reconhecimento da
importância da criação destes instrumentos tem sido
notório.
4. A valorização dos rios em Portugal:
importância para os lazeres e para o
turismo das paisagens fluviais
Durante várias décadas, em Portugal, a valorização dos rios passou pela construção de grandes
obras de engenharia hidráulica muito orientadas para
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e regional
a regularização dos caudais, para a produção hidroelétrica e para a aproveitamento hidroagrícola,
integrando-se as intervenções no fomento industrial
e agrícola do território nacional. Construíram-se
barragens, constituíram-se perímetros de rega,
investiu-se muito pontualmente na navegabilidade,
tendo esta sido, ainda assim, muito frequentemente
subestimada. O valor ecológico, paisagístico e ambiental dos rios, esse, foi subalternizado, negligenciando-se a sua gestão integrada. Este cenário caracterizou
a atuação pública até às décadas de 70 e de 80 do
século XX.
Em Portugal terá sido no final da década de 60,
princípios da década de 70 do século XX que cresce,
ainda que de um modo muito incipiente, a procura
das albufeiras para utilizações secundárias, isto é,
para os lazeres, designadamente pesca e banhos
(veja-se Ferreira, 1998). É, contudo, na década de 90,
que se acentuam e diversificam nas albufeiras das
barragens as utilizações secundárias crescendo a sua
importância para os lazeres, sendo nesta altura que
emergem estratégias de gestão integrada. A localização destes reservatórios de água concorre para
que se constituam como uma alternativa ao turismo
de sol e mar, que beneficia de uma procura mais
massificada, permitindo o seu enquadramento
paisagístico um contacto mais próximo com a
natureza. Por outro lado, o planeamento e o ordenamento não só dos planos de água como também da
sua envolvente conferem, de modo crescente no
tempo, qualidade e segurança aos lazeres, assegurando a conservação da natureza e da biodiversidade. Hoje algumas destas albufeiras converteram-se
em destinos turísticos preferenciais. Marques (1994),
Cavaco e Simões (1998), Ferreira (1998) e Cavaco
(2010a) sublinham a importância que as albufeiras
adquiriram no âmbito dos lazeres e do turismo, dando
conta de alguns exemplo de albufeiras que foram
objeto de uma procura crescente para estes fins:
Castelo de Bode, Caniçada, Cestruma-Lever, Alto
Rabão, Montargil, Aguieira, Alqueva, entre muitas
outras.
Neste sentido, uma gestão integrada dos
recursos hídricos e uma valorização dos rios e das
albufeiras das barragens é recente, data de década
de 90 do século XX. O valor social, ecológico, paisagístico e ambiental dos rios é incalculável, pelo que a
compatibilização de diferentes usos é essencial,
impondo-se o planeamento e o ordenamento dos
planos de água bem como das áreas ribeirinhas e a
criação de instrumentos de gestão territorial especificamente voltados para a água em geral, e para as
águas interiores em particular.
nº 38 - 2018
São vários os instrumentos que em Portugal
enquadram a proteção, a gestão e a valorização dos
recursos hídricos nos quais se integram as linhas de
água. A referência primeira é para o Plano Nacional
da Água 2002 (PNA), um instrumento de gestão das
águas contemplado na Lei da Água no qual se definem
as grandes opções da política nacional da água, bem
como os princípios e as regras que devem orientar
essa política, isto é, a estratégia nacional para a
gestão integrada. Para além disto, e de acordo com
a Diretiva-Quadro da Água, o planeamento dos
recursos hídricos deve basear-se na elaboração de
Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH),
vigentes de 2009 até 2015. Em 2016 foram aprovados
os Planos de Gestão de Região Hidrográfica de Portugal
Continental para o período 2016-2021. Cada Plano
de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) contém um
ou mais Planos Gestão de Bacia Hidrográfica (PGBH).
Estes instrumentos de planeamento dos recursos
hídricos têm como objetivo a proteção, a gestão e a
valorização não só ambiental mas também económica e social destes recursos ao nível das bacias
hidrográficas, integradas estas numa unidade territorial, isto é, numa região hidrográfica, como previsto
na Lei da Água. Ao compatibilizarem diferentes usos
e promoverem o desenvolvimento do território local
e regional estes instrumentos de planeamento constituem-se como essenciais para a implementação da
Diretiva-Quadro da Água. As medidas definidas e
contempladas nos Planos de Gestão das Bacias
Hidrográficas (PGBH) de base, suplementares, adicionais e complementares têm como referencial o estado
expectável das massas de água em 2015, em 2021 e
em 2027, pelo que são estruturados em ciclos de seis
anos.
A estes instrumentos somam-se os Planos de
Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas (POAAP).
Estes Planos Especiais de Ordenamento do Território
(PEOT) contemplam não só os planos de água como
protegem uma área envolvente da albufeira, numa
largura de 500m a partir do nível pleno de armazenamento. Neles estão contempladas medidas de
proteção e de valorização dos recursos hídricos e de
salvaguarda dos valores ambientais, ecológicos e
patrimoniais. Para além de definirem usos preferenciais contemplam a recuperação e a valorização do
património natural e cultural construído, arqueológico e arquitetónico. Estes instrumentos de planeamento são extremamente relevantes, pois definem
não só os usos principais como os usos condicionados
e os usos interditos, considerando as albufeiras de
utilização protegida, as albufeiras de utilização
condicionada e as albufeiras de utilização livre.
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Cadernos de
Geografia
Refira-se que a utilização turística e recreativa dos
planos de água e da sua envolvente surge, muito
frequentemente, contemplada quando se definem
atividades secundárias compatíveis.
No âmbito dos Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) merecem igualmente referência os Planos de Ordenamento de Estuários (POE),
instrumentos de gestão territorial que contemplam
os rios Tejo, Douro, Vouga e Mondego. Estes instrumentos de planeamento pretendem proteger e valorizar as áreas estuarinas, os leitos e as margens,
salvaguardando estes ecossistemas que são extremamente sensíveis e que se revestem de grande importância também para o turismo, pelas potencialidades
que encerram, designadamente no âmbito do turismo
de natureza e da observação de aves (birdwatching).
A valorização dos rios em Portugal tem no
Programa de Valorização das Praias Fluviais uma
importante referência. O Programa de Valorização
das Praias Fluviais (MA, 1997), lançado a 4 de abril
de 1994, procurou, precisamente, salvaguardar e
valorizar algumas águas interiores, as suas áreas
ribeirinhas e o seu património cultural, dotando-as
de espaços balneares e de lazer; de acessos rodoviários e de parques de estacionamento; de acessos
pedonais; de sinalização; de informação; de redes
de infraestruturas básicas e de equipamentos, oferecendo-se um conjunto de serviços de apoio de praia e
propiciando-se a prática de diversas atividades,
designadamente desportivas, natação, pesca, windsurf,
ski aquático e navegação a motor. Ampliou-se, assim,
por esta via, a oferta turística de vários destinos do
interior de Portugal Continental. Destinos que se
caracterizam por baixas densidades, designadamente populacional, mas que têm nos rios um importante património, natural e cultural, construído e
imaterial, que importa preservar e conservar, interpretar e projetar nacional e internacionalmente. Trata-se
de investimentos que diversificam a oferta turística
local e regional e que se complementam, muito
facilmente, integrando vários produtos turísticos.
A criação de praias fluviais em planos de água
naturais e ou artificiais no interior de Portugal tem
permitido valorizações muito diversas em termos: i)
ambientais, obrigando a uma manutenção e a um
controlo regular da qualidade da água; 1 ii) paisagísticas, de áreas por natureza aprazíveis; iii) patrimoniais conservando equipamentos hidráulicos como
moinhos e azenhas; iv) de segurança, pois garante a
1
Importa sublinhar que remonta a meados da década de 70 do século XX,
mais precisamente a 1976, a Diretiva Europeia que assegura a qualidade
das águas balneares. Diretiva esta que foi revogada cerca de trinta anos
mais tarde pela Diretiva Europeia 206/07/CE, transposta para o quadro
legal português em 2009.
60
Claudete Oliveira Moreira
vigilância na época balnear. Estes investimentos têm
permitido que em Portugal seja já muito apreciável
o número de praias fluviais, uma oferta que surge
como alternativa ao produto turístico sol e mar que
beneficia de uma procura muito mais massificada.
Santos e Cunha (2008) notam que a intervenção do
poder local, algumas vezes de modo isolado outras
vezes conjuntamente com a iniciativa privada, tem
permitido valorizar áreas ribeirinhas do interior em
que a paisagem se conjuga com o ludismo aquático.
Muito frequentemente o poder local tirou
partido dos incentivos financeiros comunitários. A
valorização das praias fluviais surge enquadrada no
II Quadro Comunitário de Apoio (QCA II, 1994-1999)
através do Programa Operacional do Ambiente (POA).
A medida 1 destinada à Conservação e valorização
do património natural e melhoria da qualidade
ambiental continha quatro ações distintas entre as
quais merece destaque a ação 1.3 Regularização e
ordenamento de linhas de água e de outras áreas
naturais. Foram neste âmbito aprovados cerca de 83
projetos que passaram pela construção e valorização
de praias fluviais, bem como pela recuperação,
regularização e ordenamento das margens, tendo-se
investido na preservação e na qualidade paisagística
e sido criadas ou valorizadas cerca de 74 praias
fluviais. Foi, assim, muito apreciável o esforço de
melhorar a oferta de turismo e de lazer nas áreas de
interior e de valorizar os rios.
No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio
(QCA III, 2000-2006) cerca de 180 km de linhas de
água beneficiaram de limpeza, desassoreamento,
regularização e requalificação, tendo sido elaborados
32 Planos de Ordenamento de Albufeiras. Ainda neste
III Quadro Comunitário de Apoio, mais concretamente através do Programa Operacional do Centro (PO
Centro), foi possível obter financiamento do Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e
instituir, em 2006, um Programa de Valorização das
Praias Fluviais e criar, no âmbito da Agência de
Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, a
Rede de Praias Fluviais das Aldeias do Xisto.
Igualmente relevante para a valorização de
algumas linhas de água foi o Programa Polis integrado, precisamente, no III Quadro Comunitário de Apoio.
O Polis, Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental de Cidades, contemplou intervenções
em várias cidades e nas suas linhas de água, promovendo a requalificação urbanística e ambiental. Um
programa que consubstancia uma política pública
orientada para resolver disfunções várias no espaço
urbano, designadamente na relação da população
com as frentes de água. No contexto urbano as frentes
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e regional
de rio, mas também as frentes de mar, foram consideradas elementos ambientais estruturantes. No conjunto
das cidades intervencionadas foram requalificados
mais de 80 km de frentes de rio e 17 km de frentes
de mar. Os projetos contribuíram para aumentar a
atratividade e a competitividade das cidades, reforçando e consolidando o sistema urbano nacional, reconheceu-se, assim, a importância do programa para o
desenvolvimento local e regional. Tal sucedeu, por
exemplo, nas cidades de Vila Nova de Gaia, Vila Real,
Bragança, Guarda, Castelo Branco, Aveiro, Viseu,
Leiria e Coimbra. Para Carvalho (2012, p. 48) “a
requalificação urbana de frentes de água é um dos
eixos de maior relevância e visibilidade das intervenções urbanísticas contemporâneas.”
O efeito demonstrativo que se pretendia com
o Programa Polis foi, efetivamente, potenciado. O
sucesso do programa foi tal que incentivou a criação
não só da Política de Cidades Polis XXI, a implementar de 2007 a 2013, como fez surgir, em 2008, o Polis
Litoral, Operações Integradas de Requalificação e
Valorização da Orla Costeira, com o objetivo de
requalificar e valorizar áreas de risco e áreas naturais
degradadas no litoral. As áreas de intervenção definidas são:
i. Polis Litoral Norte, cerca de 50 km de frente
costeira, integrando as zonas estuarinas dos
rios Coura, Minho, Âncora, Lima, Neiva e
Cávado;
ii. Polis Litoral Ria de Aveiro, uma extensão de
60 km de frente costeira, 140 km de frente
lagunar e 24 km de frente ribeirinha do rio
Vouga;
iii. Polis Litoral Ria Formosa, cerca de 48 km de
frente costeira e 57 km de frente da Ria
Formosa;
iv. Polis Litoral Sudoeste, cerca de150 km de
frente costeira, Sudoeste Alentejano e Costa
Vicentina.
Mais tarde, em 2010, anuncia-se a criação do
Programa Polis Rios, assumindo-se como um programa
de requalificação dos principais rios portugueses,
uma intervenção integrada assente na elaboração de
planos estratégicos com o objetivo de requalificar e
valorizar as margens dos rios e (re)aproximar a
população dos rios.
Por fim, a valorização dos rios em Portugal
surge no âmbito do Projecto Rios (Project Rius), um
projeto criado em 1997 na Catalunha, que chega a
Portugal em 2006. Este projeto, que tem na educação
ambiental a sua matriz, procura estreitar os laços
da população com o rio, fazendo com que a sociedade civil se envolva na criação de um plano de reabili-
nº 38 - 2018
tação de um trecho de uma linha de água, promovendo-se, por esta via, a responsabilidade social. A
intenção é que se adote um troço de uma linha de
água, um rio ou uma ribeira, com uma extensão de
cerca de 500m, e que a sociedade civil se envolva
ativamente na sua conservação, proteção, monitorização regular e valorização. Procuram, assim, reatar-se os laços afetivos da comunidade local com o seu
rio, estimulando-se uma participação pública efetiva.
Recentemente, na sequência do projeto Portugal
Náutico (janeiro de 2015 – junho de 2016), desenvolvido pela Associação Empresarial de Portugal, em
cooperação com a Fórum Oceano, foi constituído o
Grupo Dinamizador do Portugal Náutico, com o
objetivo de dinamizar o turismo náutico em Portugal,
procurando promover e certificar estações náuticas,
que integrem uma rede internacional, nomeadamente em água interiores: rios, lagos e albufeiras de
barragens.
O aproveitamento em Portugal para fins turísticos de rios e de troços navegáveis é, apesar de tudo,
muito incipiente. Destaca-se o turismo fluvial no rio
Guadiana e na albufeira de Alqueva, bem como nos
rios Tejo, Sado, Zêzere, Mondego, Vouga (designadamente no haff delta, na Laguna de Aveiro), Lima,
Minho, Arade, a que se somam outras albufeiras de
barragem e linhas de água onde têm lugar lazeres
diversos (Moreira & Santos, 2010). Ainda assim onde
a oferta de percursos flúvio turísticos é mais expressiva é no rio Douro.
5. O turismo fluvial no rio Douro
O Douro constitui-se como uma submarca da
marca turística Porto Norte de Portugal. Esta submarca
tem no rio principal um importante elemento identitário. A sua importância turística justificou que
beneficiasse, em 2008, de um plano, designado Plano
de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro
2007-2013 (PDTVD). O plano, centrado no rio Douro,
contemplou uma vasta área marginal ao rio, integrando os municípios atravessados pelo rio e outros
contíguos (Figura 2). Esta é uma região que apresenta património natural com importância biofísica que
beneficia de estatuto de proteção. Em termos de
áreas protegidas destaca-se o Parque Natural do
Douro Internacional, o Parque Natural do Alvão, o
Parque Natural Regional do Vale do Tua, a Albufeira
do Azibo e a Faia Brava. A este soma-se património
cultural construído singular. No plano define-se como
objetivo principal tornar o vale do Douro um destino
turístico de referência através de um processo
dinâmico de desenvolvimento sustentável. Inscrevem61
Cadernos de
Geografia
Claudete Oliveira Moreira
Figura 2
Turismo fluvial no rio Douro: eclusas e cais, percentagem de passageiros por cais, em 2016.
Fonte dos dados: APDL, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, 2018.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
-se como objetivos estratégicos: i) reforçar a infraestruturação do território e dos serviços; ii) dinamizar,
qualificar e fazer crescer a oferta turística; iii)
qualificar e formar recursos humanos vocacionados
para o turismo; iv) consolidar e afirmar a imagem do
destino turístico Douro e v) reforçar a capacidade
institucional do vale do Douro e promover a cooperação interterritorial, intermunicipal e interinstitucional. Neste plano definem-se programas de ação e
medidas. No contexto das medidas expressa-se a
importância de melhorar as condições de navegação
fluvial, os canais de navegação e os centros de apoio
à atividade turístico-fluvial (medida 1.3). É notória
a preocupação de melhorar e de reforçar os equipamentos e as infraestruturas de apoio à atividade
turístico-fluvial, recreativa e desportiva. Entre os
projetos prioritários identifica-se a qualificação dos
portos mais estruturantes para a navegação no rio
Douro, de cais fluviais já existentes, bem como a
construção de pequenos cais fluviais e fluvinas, de
pistas de remo, de plataformas de acostagem de
embarcações de recreio e de polos turísticos fluviais.
A Administração dos Portos do Douro, Leixões
e Viana do Castelo apresentou, em 2015, um projeto
62
de intervenção na via navegável do Douro a cinco
anos: Douro's Inland Waterway 2020. Entre outros
objetivos destacam-se: tornar o curso de água seguro;
assegurar as condições para o aumento do turismo
de cruzeiros; optimizar os sistemas de comunicações,
melhorar a sinalização, proceder à correção do canal
navegável e à reabilitação das eclusas e promover a
sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento
regional. No âmbito do projeto foi criado um órgão
consultivo, o Observatório para a navegabilidade do
rio Douro.
Na Estratégia Integrada de Desenvolvimento
Territorial da Região do Douro (2014-2020) é identificada como fraqueza a desarticulação e reduzida
cooperação entre o turismo fluvial, as embarcações,
e as margens. No âmbito das ações reconhece-se a
necessidade de Desenvolvimento de melhores condições
de navegabilidade fluvial (ação 7.3), isto é, a requalificação e ampliação dos cais de embarque/desembarque e da respetiva envolvente para fins turísticos,
bem como a reconversão das áreas ribeirinhas.
No rio Douro é, hoje, apreciável o número de
cais de acostagem. Ao longo do canal de navegação
dispõem-se 60 cais de acostagem que possibilitam o
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e regional
contacto com os lugares que marginam o leito principal, 50 destinam-se a embarcações de recreio,
dispondo de equipamentos de apoio e estando dotados
de serviços. Estes cais densificam-se entre a Foz e
Entre os Rios. A montante da eclusa do Carrapatelo
a densidade é significativamente menor. A eclusa de
Carrapatelo integra-se no primeiro empreendimento
hidroelétrico a ser construído no rio Douro. Esta
eclusa individualiza-se a nível mundial por figurar
entre as que têm maior dimensão, permitindo vencer
um desnível de 35m. A eclusagem, de duração variável,
constitui-se, em si, como uma parte importante da
experiência a bordo de um cruzeiro fluvial. No rio
Douro a existência de cinco eclusas (Quadro 1)
permite vencer um declive de 125m, viabilizando a
navegação em toda a sua extensão. As eclusas estão
integradas em barragens que redimensionam o plano
de água interior em cinco albufeiras que valorizam
as paisagens fluviais.
O rio Douro é navegável desde 1990 numa
extensão de cerca de 207km, da barra até Barca
d’Alva, individualizando-se por representar a maior
extensão de via navegável em Portugal. Até Vega de
Terrón, Espanha, são 208km, a uma velocidade média
de 12 nós, sendo 1 nó equivalente a 1,852Km/h, de
acordo com a Administração dos portos do Douro,
Leixões e Viana do Castelo, a distância tempo é de
9h 37m. No rio Douro a navegação fluvial para fins
turísticos em toda a sua extensão surge em outubro
desse mesmo ano. Hoje, a atividade marítimo-turística, a náutica de recreio e a náutica desportiva têm uma importância muito expressiva neste
rio. Ainda que a navegação de recreio seja significativamente menos expressiva do que os cruzeiros
fluviais. O número de operadores marítimo-turísticos
cresce de um modo muito significativo. Em 2017
operavam na via navegável do Douro 149 embarcações, pertencentes a 61 operadores. Nesse mesmo
ano atingiu-se um número de passageiros no rio Douro
sem precedentes: 1 282 241. Um valor que contras-
nº 38 - 2018
ta com os 6 440 passageiros registados em 1994,
primeiro ano em que há registo (Figura 3).
O crescimento do número de passageiros na via
navegável do Douro é notório, sendo sensível a
acontecimentos conjunturais com relevo turístico,
refletindo-os. A inscrição de Bens na Lista de Património Mundial da UNESCO projetou internacionalmente
o vale do rio Douro. A inscrição em 1996 do centro
histórico do Porto, Ponte D. Luís I e Mosteiro da Serra
do Pilar. A inscrição em 1998 do Sítio Pré-histórico
de Arte Rupestre do Vale do rio Côa no Douro Superior
e a extensão para Siega Verde em 2010. A estas
somou-se a inscrição em 2001 do Alto Douro Vinhateiro, a mais antiga região vitivinícola regulamentada
do mundo, uma região que é detentora de uma
paisagem cultural com reconhecido valor universal
excecional. Nesse mesmo ano, 2001, a cidade do
Porto foi Capital Europeia da Cultura. Todos estes
factos contribuíram para o aumento do número de
passageiros no rio Douro. Para além disto, estas
inscrições atestam bem o valor patrimonial do vale
do Douro, um vale detentor de uma diversidade de
Bens que se alinham do litoral até à linha de fronteira e que têm no leito do rio principal o elo de ligação.
O crescimento dos passageiros na via navegável do
Douro foi gradual entre 2001 e 2011, com uma taxa
de variação média ao ano de cerca de 9.5%. O crescimento mais expressivo, exponencial até, de passageiros regista-se a partir de 2011, cerca de 36.2% em
média ao ano até 2017, explicando-se por uma
combinação cumulativa de factores, entre os quais
se destacam: o crescimento do número de turistas
na cidade do Porto e no norte de Portugal; os prémios
e as menções recebidos pelo destino turístico, o Porto
foi eleito melhor destino europeu (European Best
Destinations) em 2012, 2014 e 2017; o aumento do
número de eventos regionais, nacionais e internacionais; o surgimento de novos empreendimentos turísticos e de estabelecimentos de alojamento local, que
aumentam em número e diversidade, emergindo uma
Quadro 1
Eclusas do rio Douro, Ano de Inauguração, Distância da Foz e Desnível
Eclusas
Ano da inauguração
Distância da foz
(km)
Desnível da eclusa
(m)
Largura
(m)
Crestuma-Lever
1985
21.7
13.9
11.4
89
8.5
Carrapatelo
1972
65
35
11.4
87
12.5
Comprimento
(m)
Tempo máximo de enchimento
(minutos)
Régua
1973
105
28.5
11.4
85
11
Valeira
1976
144.8
33
11.4
87
11
Pocinho
1982
180.5
22
11.4
86.5
11
Fonte dos dados: APDL, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, 2018.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
63
Cadernos de
Geografia
Claudete Oliveira Moreira
N.º de passageiros
1 500 000
1 400 000
1 300 000
1 200 000
1 100 000
1 000 000
900 000
800 000
700 000
600 000
500 000
400 000
300 000
200 000
100 000
2017
2016
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
0
Figura 3
Número total de passageiros na via navegável do Douro de 1994 a 2017.
Fonte dos dados: APDL, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, 2018.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
N.º de passageiros
2017
1 100 000
1 000 000
900 000
2016
800 000
700 000
2012
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
400 000
Cruzeiro na mesma albufeira diurno
ou noturno
Cruzeiro de um dia
300 000
100 000
2007
2008
2009
2010
2011
200 000
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
500 000
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2013
2014
2015
600 000
Cruzeiro em barco-hotel
Navegação de recreio
0
Figura 4
Número total de passageiros que utilizaram a via navegável do Douro, por segmento, de 2007 a 2017
Fonte dos dados: APDL, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, 2018.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
oferta diferenciada e de qualidade; o reforço de
rotas aéreas; o crescimento das companhias low-cost
a operar no aeroporto Francisco Sá Carneiro; a
adopção de estratégias de atração de investimento;
o investimento realizado pelas empresas que se
dedicam a atividades de animação turística e marítimo-turísticas que operam na via navegável do Douro,
64
que têm vindo a adquirir embarcações de maiores
dimensões e com características superiores em termos
de qualidade, de comodidade, de inovação e de
incorporação de tecnologia avançada, entre outras.
Em termos de passageiros os cais apresentam uma
diferença muito expressiva. O cais da Régua é o que
regista maior movimentação de passageiros (Figura 2).
Turismo fluvial, lazeres em águas interiores e desenvolvimento local e regional
nº 38 - 2018
% de cruzeiros
20
18
16
14
12
10
2015
8
6
2017
2016
4
2
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Figura 5
Variação intra-anual da percentagem de cruzeiros fluviais no rio Douro, em 2015, em 2016 e em 2017.
Fonte dos dados: APDL, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, 2018.
Elaboração: Claudete Oliveira Moreira, 2018.
Os cruzeiros Régua–Pinhão–Régua e Régua–Barca
d’Alva–Régua, cuja duração mais frequente é de um
dia, com eclusagem(ns), que complementam uma
oferta mais consolidada com a mesma duração Porto–
Régua–Porto, contribuem para a importância do cais
da Régua. Os cruzeiros de um dia são os que apresentam um número mais regular de passageiros nos
últimos anos, evidenciando um ligeiro aumento nos
anos mais recentes (Figura 4). O turismo interno é
preponderante nestes cruzeiros. Os portugueses
representavam 93.6% dos passageiros destes cruzeiros em 2013, e 93.3% em 2014.
São os cruzeiros na mesma albufeira, sem
eclusagem, com duração variável, meia hora ou uma
hora, diurnos e noturnos, que mais têm crescido em
termos de número de passageiros, sendo realizados
por 76% dos passageiros que em 2017 utilizaram a
via navegável do Douro. Os cruzeiros na mesma
albufeira concentram-se, fundamentalmente, em
Porto/Gaia (são cruzeiros entre pontes, que decorrem
entre a foz e Crestuma-Lever), mas também Entre-os-Rios, Régua, Pinhão, Foz do rio Sabor e no Pocinho.
Esta é uma oferta que se adequa bem à curta estada,
integrada no produto city break.
Assinalável é o crescimento de passageiros em
barco hotel. Estes associam-se a uma estada média
de cinco noite, sendo a procura marcadamente
internacional: Estados Unidos da América, França,
Reino Unido e Alemanha.
De acordo com os dados da Administração dos
Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo no rio
Douro a navegação de recreio apresenta-se como a
menos expressiva em termos de número de passagei-
ros. No plano de água do rio Douro os desportos
fluviais mais comuns são o remo, a canoagem, a
motonáutica e a vela, excluindo-se os veleiros com
mais de 7.20 m de mastro.
A procura turística no rio Douro é marcadamente sazonal, o que evidencia bem que os cruzeiros são
uma atividade realizada preferencialmente no verão,
ainda que na primavera e no outono seja expressiva
a percentagem de cruzeiros fluviais (Figura 5).
6. Considerações finais
As águas interiores adquirem cada vez maior
importância para os lazeres e para o turismo, sendo
diversas as atividades que lhes estão associadas. No
contexto da valorização dos recursos hídricos os rios
têm suscitado um interesse crescente. As relações
multisseculares que os rios estabeleceram com o
território que percorrem e que as comunidades
ribeirinhas estreitaram com o seu rio levam a que os
rios se constituam como um recurso patrimonial não
negligenciável, sendo apreciável a diversidade de
património fluvial que lhes está associado e que
importa ativar. O turismo fluvial muito pode contribuir para esta ativação. Neste contexto processos de
patrimonialização podem revestir-se de particular
relevância.
Pelo facto de os rios serem elementos que unem
diferentes municípios podem constituir-se como
importantes elementos de referência para a concretização de projetos de cooperação e de colaboração
interterritorial, intermunicipal e interinstitucional.
Estes podem passar, por exemplo, pela criação de
65
Cadernos de
Geografia
infraestruturas e de equipamentos que salvaguardem
e promovam o valor social, cultural, ecológico e
paisagístico do rio, pela criação de um calendário de
eventos culturais, desportivos (lúdicos e de competição) que ancorados no rio o projetem. É importante
que se promova a fruição dos rios, que os rios sejam
espaços vividos, pelo que a valorização dos seus leitos
e das suas margens é essencial no âmbito de toda e
qualquer estratégia de desenvolvimento territorial
e turístico.
O crescimento do turismo fluvial e dos lazeres,
designadamente ativos, em águas interiores em
Portugal é de tal modo expressivo que se impõe que
se inventariem as potencialidades do território
nacional que se conheça e se monitorize a procura
para melhor gerir a oferta. Atendendo à crescente
valorização das águas interiores e à expressão cada
vez mais significativa das atividades náuticas (do
remo, da vela, da canoagem, do rafting, do canyoning,
do windsurf, do paddle board, da motonáutica entre
outras), dos cruzeiros fluviais, das praias fluviais
muito relevaria agrupar a oferta turística numa
plataforma que permitisse divulgar e monitorizar a
oferta e a procura turística nas águas interiores de
Portugal. Esta informação muito beneficiaria de estar
agrupada, em rede e publicamente acessível.
Claudete Oliveira Moreira
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