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DOI: 10.1590/S1413-41522018165852 Artigo Técnico Avaliação geoquímica de metais em sistemas fluviais afetados por atividades antrópicas no Quadrilátero Ferrífero Geochemical assessment of metals in fluvial systems affected by anthropogenic activities in the Iron Quadrangle Laura Pereira do Nascimento1*, Deyse Almeida Reis1, Hubert Mathias Peter Roeser2, Anibal da Fonseca Santiago3 RESUMO ABSTRACT O presente estudo foi realizado na bacia hidrográfica do Rio do Peixe, The present study was carried out in the river basin area of Rio do Peixe, Quadrilátero Ferrífero (QF), em Minas Gerais. Essa bacia apresenta um cenário Iron Quadrangle, in Minas Gerais, Brazil. This basin presents geological geológico distinto e atividades antrópicas diversificadas, como a mineração de scenario and diversified anthropic activities, such as iron, gold and gems ferro, ouro e gemas, a agropecuária e a silvicultura. O principal objetivo desta mining, agriculture, and forestry. The main objective of this research pesquisa foi investigar as possíveis fontes de contribuições antropogênicas dos was to investigate the possible sources of anthropogenic contributions metais em sedimentos de fundo. Para isso, foram realizadas duas campanhas of metals in bottom sediments. Thus, two surveys were carried out com amostragens de sedimentos de fundo em 12 pontos da bacia, nos meses on bottom sediments at twelve basin sites from March to July of 2015. de março e julho de 2015. A partir da técnica analítica de espectrometria de Based on the plasma optical emission spectrometry analytical technique, emissão óptica com plasma, foram detectadas concentrações de Al, Ca, Co, we found concentrations of Al, Ca, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Ti and Zn Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Ti e Zn nos sedimentos de fundo. Os resultados dos in the bottom sediments. The results of the FC, FE and IGEO sediment indicadores da qualidade dos sedimentos fator de contaminação (FC), fator quality indicators showed that there are anthropic interferences, in which de enriquecimento (FE) e índice de geoacumulação (IGEO) demonstraram mining and industrial activities, disposal of domestic effluents and use que há interferências antrópicas, sendo as atividades minerárias e industriais, and occupation of inappropriate soil are identified as the main sources of o despejo de efluentes domésticos e o uso e a ocupação do solo inapropriado metals contamination of the basin. apontados como as principais fontes de contaminação de metais da bacia. Keywords: bottom sediment; metals; iron quadrangle, Rio do Peixe. Palavras-chave: sedimento de fundo; metais; Quadrilátero Ferrífero; Rio do Peixe. INTRODUÇÃO dos metais tóxicos encontrados são de origem antropogênica. Apesar da A ocorrência dos metais em sistemas fluviais pode ser resultante dos pro- diversidade geológica, pesquisas realizadas no Quadrilátero Ferrífero (QF), cessos intempéricos dos substratos litológicos ou das atividades antrópicas constataram teores de metais em sistemas fluviais oriundos das atividades desenvolvidas na bacia hidrográfica (MARENGO et al., 2006; LOSKA; antropogênicas (COSTA et al., 2015; MENESES; RENGER; DESCHAMPS, WIECHULA; KORUS, 2004). Porém, diversos estudos e pesquisas de 2011; COSTA et al., 2006; DESCHAMPS & MATSCHULLAT, 2007; campo, realizados em ambientes fluviais, mostraram que grande parte MATSCHULLAT et al., 2000; MENDONÇA, 2012; PARRA et al., 2007). Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) – Ouro Preto (MG), Brasil. Professor titular do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola de Minas da UFOP – Ouro Preto (MG), Brasil. 3 Professor adjunto do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas da UFOP – Ouro Preto (MG), Brasil. *Autor correspondente: lauraifmg@gmail.com Recebido: 28/06/2016 – Aceito: 09/05/2017 – Reg. ABES: 165852 1 2 Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 767 Nascimento, L.P. et al. Nesse sentido, considerando a capacidade de refletir a assinatura de áreas contaminadas ou potencialmente contaminadas (HANIF et al., geoquímica, adsorver metais e incorporar características e informa- 2016; GHREFAT; ABU-RUKAH; ROSEN, 2011; LOSKA; WIECHULA; ções das atividades antrópicas da bacia hidrográfica, os sedimentos de KORUS, 2004; ABRAHIM & PARKER, 2008; REIS et al., 2017). fundo, são de alta relevância para estudos e identificação de fonte de Diante do exposto, o objetivo deste estudo consistiu em avaliar a áreas contaminadas ou potencialmente contaminadas por metais, pois qualidade do sistema fluvial de uma bacia intensamente antropizada a permitem a avaliação da qualidade dos sistemas fluviais. (FRANZ et partir da utilização de valores de background regional e de indicadores al., 2013; SALEEM; IQBAL; SHAH, 2015). de qualidade de sedimentos de fundo. No Brasil, pesquisas e estudos voltados à qualidade dos sedimentos são realizados pelo Programa Nacional de Geoquímica Ambiental e Geologia Médica (PGAGEM), coordenado pela Companhia de Pesquisa MATERIAL E MÉTODOS de Recursos Minerais (CPRM), por meio do Serviço Geológico do Brasil. Mas, infelizmente, essas pesquisas ainda são insuficientes, pois o país Área de estudo nem sequer dispõe de parâmetros ou padrões de qualidade de sedimen- A área de estudo contempla a bacia hidrográfica do Rio do Peixe, locali- tos que respeitem as peculiaridades e as condições geológicas locais. zada no Estado de Minas Gerais, entre os municípios de Itabira e Nova Em virtude disso, a análise comparativa dos resultados e das aplicações Era. A bacia encontra-se no Complexo Itabira, uma unidade geoló- de indicadores da qualidade dos sedimentos, a partir da utilização valores gica localizada na extremidade nordeste do QF, conforme apresenta de referência regionais, é útil tanto para a identificação de potenciais fontes a Figura 1. A seguir, o Quadro 1 descreverá os principais aspectos de de poluição quanto para a tomada de decisões relacionadas à remediação cada ponto de amostragem na bacia. 43°20'0''W 43°7'30''W N 19°36'0''S MG Qf P3 P5 P7 P2 19°41'30''S P10 P4 P6 P1 P8 P11 P9 P12 0 Legenda Rio Piracicaba Rio do Peixe Tributários Pontos de amostragens nos tributários Pontos de amostragens no Rio do Peixe Empreendimentos Floresta Semidecídua Distrito industrial de Itabira Mineração Plantio de eucalipto e pinus Barragens de rejeitos Pátio da VALE S.A. Áreas edificadas Fonte: adaptado com base nos dados da United States Geological Survey (2015). Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo com os pontos amostrados. 768 2 Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 Áreas de pastagens/degradadas 4 km Avaliação geoquímica em sistemas fluviais no Quadrilátero Ferrífero Aspectos geológicos da bacia no extremo sul do Cráton de São Francisco. A composição lito- Geologicamente, a área de estudo está inserida na porção nor- lógica da bacia hidrográfica do Rio do Peixe está representada na deste do QF, uma das áreas clássicas do Pré-Cambriano, situado Figura 2 e no Quadro 2. Quadro 1 – Descrição dos pontos de amostragens. Pontos de amostragens Descrições e observações dos pontos de amostragens P1 Rio do Peixe A jusante da barragem de rejeitos de ferro Itabiruçu. P2 Córrego Conceição Recebe cargas de efluente de minério de ferro e esgoto doméstico de moradias do núcleo urbano de Itabira. P3 Córrego dos Dozes A jusante do núcleo urbano de Itabira e da barragem do Pontal da VALE S.A. Recebe uma carga de esgoto doméstico de moradias do núcleo urbano de Itabira. P4 Córrego Candinópolis A jusante do distrito industrial de Itabira e do ponto de captação de abastecimento. Recebe carga de esgoto doméstico. Mata ciliar pouco preservada. P5 Rio do Peixe A jusante do núcleo urbano de Itabira e da estação de tratamento de esgoto LABOREAUX. Recebe elevadas cargas de esgoto doméstico clandestinos do núcleo urbano de Itabira P6 Córrego Santa Cruz Área rural. Plantações de eucalipto. P7 Córrego Cachoeira Área rural. Plantações de eucalipto. Esgoto doméstico. P8 Rio do Peixe Área rural. Mata ciliar não preservada. Área rural. Plantações de eucalipto. Esgoto doméstico. P9 Córrego das Goiabeiras P10 Córrego São José Área rural. Plantações de eucalipto. Esgoto doméstico. P11 Córrego Cabral Área rural. Plantações de eucalipto. Esgoto doméstico. P12 Rio do Peixe Área rural. Próximo de sua foz no Rio Piracicaba. 43°19'30''W 43°9'0''W 42°58'30''W 19°35'30''S MG Qf P3 P7 P2 P4 P10 P5 P11 P6 P8 P1 P12 0 2 4 19°44'0''S P9 km Grupo Serra Negra, litofácies metavulcanossedimentar Legenda Rio Piracicaba Grupo Suíte Borrachudos Grupo Serra Negra, litofácies quartzito Supergrupo Minas, Grupo Caraça Rio do Peixe Tributários Pontos de amostragens nos tributários Pontos de amostragens no Rio do Peixe Supergrupo Minas, Grupo Itabira Grupo Serra Negra, litofácies formação ferrífera bandada Supergrupo Minas, Grupo Piracicaba Supergrupo Rio das Velhas, Grupo Nova Lima Fonte: adaptado com base nos dados da CPRM/COMIG (2014). Figura 2 – Mapa geológico da bacia do Rio do Peixe. Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 769 Nascimento, L.P. et al. Quadro 2 – Composição litológica da área da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Percentual de classes na área da bacia Unidade estatigráfica Litotipos 30,87% Grupo Serra Negra – litofácies metavulcanossedimentar Rocha metaultramáfica e metamáfica tholeiíticas, gnaisses bandados, quartzito, metabasalto komatiítico, metavulcânica félsica, formações químico-exalativas, FFB e xisto. 45,16% Suíte Borrachudos Quartzo monzonito, álcali-feldspato granito, ortognaisse granítico alcalino. 3,54% Grupo Serra Negra, litofácies quartzito Quartzito puro, quartzito laminado argiloso e localmente ferruginoso, formação ferrífera bandada; biotita gnaisse bandado; calcissilicática laminada; anfibolito eventual. Predominâncias conforme a litofácies. 0,48% Supergrupo Minas, Grupo Caraça Quartzito com metaconglomerado e filito quartzoso subordinados. 1,93% Supergrupo Minas, Grupo Itabira Itabirito, dolomito. 0,25% Grupo Serra Negra, Litofácies formação ferrífera bandada Formação ferrífera bandada predominante intercaladas em gnaisse bandado tipo TTG. Ocorrência eventual de quartzito puro, quartzito laminado argiloso e localmente ferruginoso, calcissilicática laminada e anfibolito e rochas metaultramáficas. 1,42% Supergrupo Minas, Grupo Piracicaba Filito quartzoso e/ou grafitoso com intercalações de metarenito e metaconglomerado. 16,35% Supergrupo Rio das Velhas, Grupo Nova Lima Rocha metaultramáfica e metamáfica tholeiíticas, metabasalto komatiítico, metavulcânica félsica, formações químico-exalativas, FFB e xisto. Fonte: adaptado com base nos dados da CPRM/COMIG (2014). Com intuito de compreender o comportamento dos sistemas fluviais em distintos cenários climáticos, foram realizadas duas campanhas de amostragens de sedimentos de fundo nos corpos hídricos da bacia hidrográfica do Rio do Peixe, nos períodos úmido e seco, nos meses de março e julho de 2015. Foram coletados, em 12 pontos de amostragens, aproximadamente Quadro 3 – Valores de backgrounds de metais em sedimentos para o Quadrilátero Ferrífero. Elementos Valores propostos em (mg.kg-1) Alumínio (Al) 45.200,00 Cálcio (Ca) 3.200,00 2 kg da camada superficial do sedimento fundo nas proximidades das Cobalto (Co) 30,72 margens dos corpos hídricos. Essa etapa contou com o auxílio de um Cromo (Cr) 292,50 coletor com haste alongada e uma draga tipo Birge-Ekman. Após a Cobre (Cu) 48,34 coleta, os sedimentos foram acondicionados em saco plástico de polie- Ferro (Fe) 281.000,00 tileno, identificados e conduzidos para o Laboratório de Saneamento Manganês (Mn) Ambiental do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Níquel (Ni) Federal de Ouro Preto (UFOP), em caixa de isopor. Chumbo (Pb) 3.264,00 80,12 45,40 Posteriormente, cada amostra de sedimentos de fundo foi acondicionada Titânio (Ti) 1072,34 em recipientes de plástico e os resíduos foram secos ao natural. Após esse Zinco (Zn) 105,40 procedimento, as amostras foram quarteadas e peneiradas. A porção Fonte: Costa (2015). mais fina das porções (menor que 0,062 mm) foi submetida ao processo de digestão parcial conforme o método proposto por Rauret et al. (2001). Seguidamente, as amostras de sedimentos foram analisadas pela téc- Fator de contaminação (FC) avalia o nível de contaminação nica de espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente dos sedimentos, definido como o quociente entre a concentração acoplado (ICP-OES), marca Spectro e modelo Ciros, no Laboratório do metal no sedimento e o seu nível de concentração natural ou de Geoquímica Ambiental do Departamento de Geologia da UFOP, background no sedimento (HAKANSON, 1980). O FC é calculado Ouro Preto, Minas Gerais. pela Equação 1: Para avaliação das contribuições antropogênicas, foram utilizados valores o Quadro 3. A escolha da utilização dos valores de referência deu-se em fun-  Meam  FC =    [Me]bg  ção da particularidade que a unidade geológica do QF apresenta e pelo fato Em que: de o Brasil não possuir norma ou valores de referência adaptados às condi- Meam = concentração do metal na amostra dos sedimentos; ções geológicas locais para avaliação da qualidade dos sedimentos de fundo. Mebg = “background” ou concentração natural do metal na área de estudo. de referência (backgrounds regionais) propostos por Costa (2015), conforme 770 Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 (1) Avaliação geoquímica em sistemas fluviais no Quadrilátero Ferrífero Hakanson (1980) propôs quatro classes baseadas em valores do Em que: IGEO quantifica o acúmulo de metal no sedimento; FC, conforme apresenta o Quadro 4. O fator de enriquecimento (FE) é uma estimativa para a Meam = concentração do metal na amostra dos sedimentos; diferenciação entre os metais originários de atividades huma- Mebg = “background” ou concentração natural do metal na área de nas e os provenientes de processo natural, para avaliar o grau de estudo. Müller (1969) propôs setes classes descritivas para valores influência antrópica no ambiente (GRESENS, 1967). É calculado crescentes de IGEO, conforme o Quadro 6. pela Equação 2:  [Me]am / [Al]am  FE =    [Me]bg / [Al]bg  (2) RESULTADOS As Tabelas 1, 2 e 3 representam as concentrações dos metais para duas Em que: campanhas de amostragens, bem como os resultados dos indicadores [Me]am = concentração do metal na amostra do sedimentos; de qualidade dos sedimentos de fundo dos sistemas fluviais da Bacia [Al]am = concentração do alumínio na amostra de sedimentos; Hidrográfica do Rio do Peixe. [Me]bg = “background” ou concentração natural do metal na área de estudo para o metal da amostra; [Al]bg = concentração de background média do alumínio para a bacia DISCUSSÃO do Rio do Peixe. Alumínio Neste trabalho, no cálculo do FE, foi escolhido como elemento Em geral, as concentrações de alumínio nos sedimentos variaram entre de referência o alumínio, considerando sua baixa mobilidade 235,8 e 34.221,5 mg.kg-1 no período úmido e de 566,3 a 45.516,4 mg.kg-1 natural no meio ambiente (CHEN et al., 2007). Gresens (1967) no período seco, conforme a Tabela 1. Em termos de concentrações, propôs cinco classes a partir dos valores do FE, conforme apre- estudos realizados por Andrade (2000), Cruz (2002) e Mendes (2007) senta o Quadro 5. em áreas não impactadas ou sob influência antrópica mínima no QF O índice de geoacumulação (IGEO) é um método para avaliar a encontraram valores máximos de alumínio em sedimentos entre 494,8 contaminação do ambiente por metais (MÜLLER, 1969). O índice é e 21.100,0 mg.kg-1. Na mesma ordem, Oliveira (1999), ao estudar o calculado pela Equação 3: Parque Estadual do Itacolomi, constatou teor máximo de alumínio em sedimentos equivalente a 65.400,0 mg.kg-1. Estudo de Gonçalves  Meam  IGEO = log2    1,5 [Me]bg  (3) (2010) reportou concentração máxima de alumínio em sedimentos de até 104.593,0 mg.kg-1. Considerando o background para o alumínio em sedimentos, os resultados encontrados nesta pesquisa foram Quadro 4 – Classificação do fator de contaminação. Classes do FC <1 Qualidade dos sedimentos Baixa contaminação 1e3 Contaminação moderada 3e6 Contaminação considerável >6 inferiores em relação ao valor de referência sugerido por Costa (2015), em estudo cuja concentração foi de 45.200 mg.kg-1, com exceção apenas para o P9, que apresentou 45.516,4 mg.kg-1 de alumínio em sedimento no período seco. A aplicação do FC permitiu classificar todos os pontos de amostragens com “Baixa contaminação”, exceto o P9, que Alta Contaminação FC: fator de contaminação. Quadro 6 – Classificação do índice de geoacumulação. Classes do IGEO Nível de contaminação IGEO <0 Não poluído Qualidade dos sedimentos 0<IGEO<1 Não poluído a poluído <2 Deficiência de enriquecimento 1<IGEO<2 Moderadamente poluído 2–5 Enriquecimento moderado 2<IGEO<3 Moderadamente a fortemente poluído 5–20 Enriquecimento significativo 3<IGEO<4 Fortemente poluído Enriquecimento muito alto 4<IGEO<5 Fortemente a extremamente poluído Quadro 5 – Classificação do fator de enriquecimento. Classes do FE 20–40 >40 FE: fator de enriquecimento. Enriquecimento extremamente alto IGEO>5 Extremamente poluído IGEO: índice de geoacumulação. Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 771 Nascimento, L.P. et al. foi enquadrado pelo fator com “Contaminação moderada”, conforme Cálcio Tabelas 2 e 3. Com base nos resultados do IGEO, todos os pontos Os resultados de cálcio nos sedimentos oscilaram entre 282,6 e amostrais foram classificados como “Não poluído a poluído”. A ocor- 3.864,1 mg.kg-1 no período úmido e de 238,8 a 1.593,5 mg.kg-1 no rência de alumínio em sedimentos está relacionada ao intemperismo período seco, conforme a Tabela 1. Cruz (2002), ao estudar uma área de rochas de álcali-feldspato granito da Formação Suíte Borrachudos sob influência antrópica mínima no QF, encontrou teor máximo de presentes na bacia. Porém, a degradação e exposição dos solos pelas cálcio em sedimentos equivalente a 3.120,0 mg.kg-1. Com base no valor atividades agropecuárias bem como o despejo de esgoto doméstico sem de background para cálcio em sedimentos, todos os pontos de amos- tratamento nos corpos hídricos no ponto de amostragem P9 podem tragens ficaram abaixo do preconizado por Costa (2015), em pesquisa estar favorecendo o aceleramento dos processos de lixiviação da sílica cujo teor encontrado foi de 3.200 mg.kg-1, com exceção apenas para e laterização dos minerais argilosos, provocando o enriquecimento o P10, que apresentou concentração de 3.864,14 mg.kg-1 no período das partículas de solos e rochas com óxidos de alumínio na superfície úmido. Os resultados do FC possibilitaram classificar todos os pontos do terreno, que posteriormente serão carreadas para os sedimentos de amostragens com “Baixa contaminação”, exceto o P10, que apresen- dos corpos hídricos. tou “Contaminação moderada”, conforme Tabelas 2 e 3. De acordo com Tabela 1 – Resultados dos teores de metais em sedimentos de fundo em (mg.kg-1), nos períodos úmido e seco, na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Pontos de amostragens Al Fe Úmido Seco P1 9.516 P2 235,8 P3 P4 Ca Úmido Seco Úmido 9.279,4 190.475,4 128.749,4 566,3 400.222,3 340.127,4 12.040,1 11.414,3 128.229,7 154.116,1 6.854,4 33.304 9.430,4 Ti Seco Úmido Seco Úmido Seco 847,4 753,3 296,2 309,1 7.270,4 5.489,6 282,6 458,2 57,7 58,5 461,8 690,1 1.862,6 1.593,5 412,2 503,8 513,3 554,9 26.765,3 460,6 901,4 106,7 291,2 103,2 175,4 P5 21.231,1 13.958,9 106.601,7 168.011 2.556,1 1.309,9 345,6 557,4 779,9 354 P6 20.167,3 27.993,3 47.755,9 66.508,3 659,3 1.125,8 921 1.648,3 387,4 632,4 P7 21.749,8 23.369,8 84.580,3 58.759,3 1.245,8 590,4 976,3 975,4 1.451,1 425,4 P8 12.768,4 19.118,8 179.266 124.039,8 999,7 1.210,1 379,7 514,2 736,1 741,2 P9 34.221,5 45.516,4 59.088,8 97.861,2 755,9 238,8 124,1 1.200,9 461,4 205,9 P10 13.711,4 26.981,8 1.615,4 45.974,8 3.864,1 1.180,5 <LQ 812,9 254,3 340,5 P11 25.662,4 28.229,4 3.812,9 54.628,1 1.221,6 576,1 <LQ 1.461,6 1.029,5 332,7 P12 23.597,2 5.002,2 117.232,4 191.566,7 1.214,9 280,3 546,8 369,5 2.053,6 Pontos de amostragens Co Úmido Cr Seco Úmido Cu Ni Seco Úmido Seco Úmido Pb Seco Úmido 451,3 Zn Seco Úmido Seco P1 10,9 10,8 76,1 71,3 26,1 33,8 14,1 14,1 10,8 17,5 40,6 47 P2 <LQ <LQ 16,3 12,2 1,3 5,1 <LQ <LQ <LQ <LQ 20 21,6 P3 4,8 5,6 34,6 39,2 30,7 37,3 6,9 6,5 15,6 30,9 74,3 85,4 P4 <LQ 2,9 10,8 50,5 7,7 50,8 <LQ 11,6 <LQ 117,7 11,9 257,3 P5 6,2 5,7 89,4 51,3 87,9 34,4 16,8 10,4 20 26,5 133 64,6 P6 2,9 5,7 9,4 26,4 10,8 147,7 <LQ 5,6 22,7 62,9 61,2 174,6 P7 23,8 12 72,3 63,9 32,1 27,2 17,3 13,5 29,2 26,3 67,9 59 P8 4,4 5,7 60,9 57,4 17,8 24,1 8,3 9,3 12,1 20,3 52,9 66,2 P9 5,8 2,4 114,5 177,3 61,6 67,7 11,2 16,5 44,9 36,7 76,8 42,5 P10 4,1 5,6 29,6 77,8 24,7 23,8 6,7 11,2 21 38,7 112,4 52,8 P11 8,9 6,6 18,7 33 79,9 24,7 6,5 6,9 40,7 39,5 106 79,1 P12 10,4 <LQ 84 31,4 26,7 8,4 14,4 <LQ 22,4 <LQ 68,9 23 FC: fator de contaminação; FE: fator de enriquecimento; IGEO: índice de geoacumulação; <LQ: limite de quantificação. 772 Mn Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 Avaliação geoquímica em sistemas fluviais no Quadrilátero Ferrífero o FE, o P3 e o P10 foram classificados com “Enriquecimento mode- Ferro rado”, enquanto o P2 foi considerado com “Enriquecimento signifi- Os teores de ferro nos sedimentos variaram entre 1.615,3 e cativo”. Os resultados elevados do FE para P2 e P3 estão associados 400.222,3 mg.kg-1 no período úmido e de 26.765,2 a 340.127,3 mg.kg-1 à atividade de explotação de minério de ferro realizada a montante no período seco, conforme a Tabela 1. Teores de ferro em sedimentos desses pontos, que expõe e revolve os afloramentos de rochas dolo- de 260.000 mg.kg-1 foram reportados por Cunha e Machado (2005) em míticas do Supergrupo Minas, Grupo Itabira, devido à intensificação áreas não impactadas ou sob influência antrópica mínima no QF. Estudo dos processos de intemperismo. Enquanto o valor destacável do FE de Oliveira (2009) constatou concentração de ferro em sedimentos de até para o P10 no período chuvoso exibe relação direta do uso de corre- 209.300 mg.kg-1. Nesse mesmo sentido, teor máximo de 427.000 mg.kg-1 tivos agrícolas à base de calcário dolomítico nas plantações de euca- de ferro em sedimentos foi alcançado por Cruz (2002). Em termos de lipto e outras culturas e o manejo inapropriado dos solos. Os valores background para o ferro no QF, apenas o P2 superou o valor sugerido do IGEO classificaram todos os pontos amostrais como “Não poluído por Costa (2015) (o valor de referência do ferro é de 281.000 mg.kg-1), a poluído”; o P10 persistiu em apresentar o maior valor desse índice cujas concentrações atingidas foram de 400.222,3 a 340.127,4 mg.kg-1 no período úmido. para as duas campanhas de amostragens. Conforme os resultados do Tabela 2 – Resultados do fator de contaminação, fator de enriquecimento e índice de geoacumulação para os metais nos sedimentos de fundo da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, no período úmido. Pontos de amostragens Al FC Ca FE IGEO FC FE Fe IGEO FC Mn FE IGEO FC FE Ti IGEO FC FE IGEO P1 0,2 - 0,0 0,3 1,3 0,1 0,7 3,2 0,1 2,2 10,6 0,4 0,3 1,3 0,1 P2 0,0 - 0,0 0,1 16,9 0,0 1,4 273,0 0,3 0,1 27,1 0,0 0,1 10,3 0,0 P3 0,3 - 0,1 0,6 2,2 0,1 0,5 1,7 0,1 0,2 0,6 0,0 0,4 1,4 0,1 P4 0,2 - 0,0 0,1 0,9 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,2 0,0 0,1 0,7 0,0 P5 0,5 - 0,1 0,8 1,7 0,2 0,4 0,8 0,1 0,2 0,5 0,0 0,3 0,7 0,1 P6 0,4 - 0,1 0,2 0,5 0,0 0,2 0,4 0,0 0,1 0,3 0,0 0,9 1,9 0,2 P7 0,5 - 0,1 0,4 0,8 0,1 0,3 0,6 0,1 0,4 0,9 0,1 0,9 1,9 0,2 P8 0,3 - 0,1 0,3 1,1 0,1 0,6 2,3 0,1 0,2 0,8 0,0 0,4 1,3 0,1 P9 0,8 - 0,2 0,2 0,3 0,0 0,2 0,3 0,0 0,1 0,2 0,0 0,1 0,2 0,0 P10 0,3 - 0,1 1,2 4,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 P11 0,6 - 0,1 0,4 0,7 0,1 0,0 0,0 0,0 0,3 0,6 0,1 0,0 0,0 0,0 P12 0,5 - 0,1 0,4 0,7 0,1 0,4 0,8 0,1 0,6 1,2 0,1 0,5 1,0 0,1 Pontos de amostragens Co FC FE Cr IGEO FC FE Cu IGEO FC FE Ni IGEO FC Pb FE IGEO FC Zn FE IGEO FC FE IGEO P1 0,4 1,7 0,1 0,3 1,2 0,1 0,5 2,6 0,1 0,2 0,8 0,0 0,2 1,1 0,0 0,4 1,8 0,1 P2 0,0 0,0 0,0 0,1 10,7 0,0 0,0 5,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 36,4 0,0 P3 0,2 0,6 0,0 0,1 0,4 0,0 0,6 2,4 0,1 0,1 0,3 0,0 0,3 1,3 0,1 0,7 2,6 0,1 P4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,2 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,7 0,0 P5 0,2 0,4 0,0 0,3 0,7 0,1 1,8 3,9 0,4 0,2 0,4 0,0 0,4 0,9 0,1 1,3 2,7 0,3 P6 0,1 0,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,2 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 1,1 0,1 0,6 1,3 0,1 P7 0,8 1,6 0,2 0,2 0,5 0,0 0,7 1,4 0,1 0,2 0,4 0,0 0,6 1,3 0,1 0,6 1,3 0,1 P8 0,1 0,5 0,0 0,2 0,7 0,0 0,4 1,3 0,1 0,1 0,4 0,0 0,3 0,9 0,1 0,5 1,8 0,1 P9 0,2 0,2 0,0 0,4 0,5 0,1 1,3 1,7 0,3 0,1 0,2 0,0 1,0 1,3 0,2 0,7 1,0 0,1 P10 0,1 0,4 0,0 0,1 0,3 0,0 0,5 1,7 0,1 0,1 0,3 0,0 0,5 1,5 0,1 1,1 3,5 0,2 P11 0,3 0,5 0,1 0,1 0,1 0,0 1,7 2,9 0,3 0,1 0,1 0,0 0,9 1,6 0,2 1,0 1,8 0,2 P12 0,3 0,6 0,1 0,3 0,6 0,1 0,6 1,1 0,1 0,2 0,3 0,0 0,5 0,9 0,1 0,7 1,3 0,1 FC: fator de contaminação; FE: fator de enriquecimento; IGEO: índice de geoacumulação. Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 773 Nascimento, L.P. et al. FC, o P2 foi enquadrado com “Contaminação moderada”. A aplicação ferro nos sistemas fluviais da bacia do Rio do Peixe, o manejo e o uso e do FE possibilitou classificar o P1, o P3 e o P8 com “Enriquecimento a ocupação do solo inapropriados, aliados aos altos índices pluviométri- moderado” e o P2 com “Enriquecimento extremamente alto”, conforme cos, ocasionam maior aporte de ferro para os corpos receptores de água. Tabelas 2 e 3. Os resultados do IGEO classificaram todos os pontos Além disso, o transporte de minério de ferro pela linha férrea (Estrada amostrais como “Não poluído a poluído”. A ocorrência do ferro em de Ferro Vitória a Minas) em torno do Rio do Peixe e a inexistência de sedimentos está relacionada basicamente com a goethita, a hematita mata ciliar favorecem o enriquecimento de ferro nos corpos hídricos compacta e friável e as formações ferríferas bandadas que ocorrem na por deposição atmosférica provocada pela ação dos ventos. Parra et al. área investigada. Porém, valores exacerbados para o P2 possuem rela- (2007), ao estudarem uma bacia com características semelhantes, tam- ção direta com as atividades antropogênicas, sendo os resíduos esca- bém constataram o enriquecimento de ferro pelas atividades minerárias pados das bacias de rejeitos de explotação e beneficiamento do miné- exercidas na bacia. Rodrigues et al. (2013) salientam que as concentra- rio de ferro na cabeceira da área de estudo um dos responsáveis pelo ções excessivas de Fe para os sistemas fluviais podem favorecer a capa- enriquecimento desse elemento nos sedimentos para o P2. Porém, a cidade de adsorção e complexação dos metais tóxicos, devendo, por atividade minerária não é a única responsável pelo enriquecimento de isso, assim ser monitoradas frequentemente, especialmente as do P2. Tabela 3 – Resultado do fator de contaminação, fator de enriquecimento e índice de geoacumulação para os metais nos sedimentos de fundo da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, no período seco. Pontos de Amostragens Al FC Ca FE IGEO FC FE Fe IGEO FC Mn FE IGEO FC IGEO FC FE IGEO P1 0,2 - 0,0 0,2 1,1 0,0 0,5 2,2 0,1 1,7 8,2 0,3 0,3 1,4 0,1 P2 0,0 - 0,0 0,1 11,4 0,0 1,2 96,6 0,2 0,2 16,9 0,0 0,1 4,4 0,0 P3 0,3 - 0,1 0,5 2,0 0,1 0,5 2,2 0,1 0,2 0,7 0,0 0,5 1,9 0,1 P4 0,7 - 0,1 0,3 0,4 0,1 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 0,0 0,3 0,4 0,1 P5 0,3 - 0,1 0,4 1,3 0,1 0,6 1,9 0,1 0,1 0,4 0,0 0,5 1,7 0,1 P6 0,6 - 0,1 0,4 0,6 0,1 0,2 0,4 0,0 0,2 0,3 0,0 1,5 2,5 0,3 P7 0,5 - 0,1 0,2 0,4 0,0 0,2 0,4 0,0 0,1 0,3 0,0 0,9 1,8 0,2 P8 0,4 - 0,1 0,4 0,9 0,1 0,4 1,0 0,1 0,2 0,5 0,0 0,5 1,1 0,1 P9 1,0 - 0,2 0,1 0,1 0,0 0,3 0,3 0,1 0,1 0,1 0,0 1,1 1,1 0,2 P10 0,6 - 0,1 0,4 0,6 0,1 0,2 0,3 0,0 0,1 0,2 0,0 0,8 1,3 0,2 P11 0,6 - 0,1 0,2 0,3 0,0 0,2 0,3 0,0 0,1 0,2 0,0 1,4 2,2 0,3 P12 0,1 - 0,0 0,1 0,8 0,0 0,7 6,2 0,1 0,1 1,2 0,0 0,3 3,1 0,1 Pontos de Amostragens Co FC FE Cr IGEO FC Cu FE IGEO FC FE Ni IGEO FC Pb FE IGEO FC FE Zn IGEO FC FE IGEO P1 0,4 1,7 0,1 0,2 1,2 0,0 0,7 3,4 0,1 0,2 0,9 0,0 0,4 1,9 0,1 0,4 2,2 0,1 P2 0,0 0,0 0,0 0,0 3,3 0,0 0,1 8,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 16,3 0,0 P3 0,2 0,7 0,0 0,1 0,5 0,0 0,8 3,1 0,2 0,1 0,3 0,0 0,7 2,7 0,1 0,8 3,2 0,2 P4 0,1 0,1 0,0 0,2 0,2 0,0 1,1 1,4 0,2 0,1 0,2 0,0 2,6 3,5 0,5 2,4 3,3 0,5 P5 0,2 0,6 0,0 0,2 0,6 0,0 0,7 2,3 0,1 0,1 0,4 0,0 0,6 1,9 0,1 0,6 2,0 0,1 P6 0,2 0,3 0,0 0,1 0,1 0,0 3,1 4,9 0,6 0,1 0,1 0,0 1,4 2,2 0,3 1,7 2,7 0,3 P7 0,4 0,8 0,1 0,2 0,4 0,0 0,6 1,1 0,1 0,2 0,3 0,0 0,6 1,1 0,1 0,6 1,1 0,1 P8 0,2 0,4 0,0 0,2 0,5 0,0 0,5 1,2 0,1 0,1 0,3 0,0 0,4 1,1 0,1 0,6 1,5 0,1 P9 0,1 0,1 0,0 0,6 0,6 0,1 1,4 1,4 0,3 0,2 0,2 0,0 0,8 0,8 0,2 0,4 0,4 0,0 P10 0,2 0,3 0,0 0,3 0,4 0,1 0,5 0,8 0,1 0,1 0,2 0,0 0,9 1,4 0,2 0,5 0,8 0,1 P11 0,2 0,3 0,0 0,1 0,2 0,0 0,5 0,8 0,1 0,1 0,1 0,0 0,9 1,4 0,2 0,8 1,2 0,2 P12 0,0 0,0 0,0 0,1 1,0 0,0 0,2 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 2,0 0,0 FC: fator de contaminação; FE: fator de enriquecimento; IGEO: índice de geoacumulação. 774 FE Ti Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 Avaliação geoquímica em sistemas fluviais no Quadrilátero Ferrífero Manganês Cobalto Em geral, as concentrações de manganês nos sedimentos oscilaram entre As concentrações de cobalto nos sedimentos variaram entre 2,9 e 103,2 e 7270,4 mg.kg-1 no período úmido e de 175,4 a 5.489,6 mg.kg-1 23,8 mg.kg-1 no período úmido e de 2,4 a 12,0 mg.kg-1 no período no período seco, conforme a Tabela 1. Cruz (2002) e Cunha e Machado seco, conforme Tabela 1. Em termos de concentração, Cruz (2002) (2005) identificaram, em áreas sob influência antrópica mínima no QF, e Mendes (2007) constaram em áreas não impactadas no QF teo- concentrações de manganês em sedimentos de 8.850 a 12.600 mg.kg-1. res de 85 a 95,6 mg.kg-1 de cobalto em sedimentos. Oliveira (1999) Considerando o background do manganês para sedimentos, todos os ao determinar o teor de cobalto em sedimentos no Parque Estadual pontos de amostragens ficaram abaixo do valor de manganês proposto do Itacolomi encontrou valor máximo de 22 mg.kg-1. Rhodes (2010) por Costa (2015): 3.264 mg.kg , com exceção apenas para o P1, que e Parra et al. (2007) ao estudarem os teores de cobalto em sedimen- -1 apresentou teores equivalentes a 7.270,4 a 5.489,6 mg.kg para as duas tos de bacias com características semelhantes, encontraram valores campanhas de amostragens. De acordo com os resultados do FC, ape- de 12,6 a 13,7 mg.kg-1. Em relação ao background, esses teores foram nas o P1 apresentou “Contaminação moderada”, conforme Tabelas 2 e 3. inferiores ao valor proposto por Costa (2015) para o cobalto no QF: Os resultados do FE possibilitaram classificar o P1 com “Enriquecimento 30,72 mg.kg-1, cuja concentração é de 30,72 mg.kg-1. Os resultados do significativo” e o P2 com “Enriquecimento muito alto”; enquanto o IGEO FC possibilitaram classificar todos os pontos de amostragens com “Baixa classificou o P1 com “Não poluído a poluído”. A ocorrência de manga- contaminação”, conforme Tabelas 2 e 3. As aplicações do FE permiti- nês nos sedimentos é oriunda do intemperismo de mármores manga- ram classificar todos os pontos de amostragens com “Deficiência de nesíferos e itabiritos manganesíferos presentes no Supergrupo Minas, enriquecimento”. Os valores do IGEO classificaram todos os pontos de principalmente no Grupo Itabira, mas também nos Grupos Piracicaba amostragens como “Não poluído a poluído”. As maiores concentrações e Caraça (DORR, 1969). Mas, apesar de os teores de manganês serem de cobalto nos sedimentos para o P7 estão associadas aos processos originados de fontes geogênicas, a atividade minerária localizada a intempéricos das rochas máficas e metaultramáficas da Formação do montante do P1, do P2 e do P3 tem provocado revolvimento e exposi- Grupo Serra Negra. Teores destacáveis de cobalto para o P7 podem ção do substrato litológico às condições intempéricas, que favorecem ter tanto associações de fontes geogênicas como antropogênicas, visto a disponibilização desse elemento para os corpos hídricos da bacia. que esse ponto de amostragens abriga atividades agropecuárias e silvi- -1 culturais que podem estar utilizando agroquímicos à base de cobalto. Titânio Os teores de titânio nos sedimentos variaram de 57,7 a 976,3 mg.kg-1 no Cobre período úmido e de 58,5 a 1.648,3 mg.kg no período seco, conforme a As concentrações de cobre em sedimentos oscilaram entre 1,3 e Tabela 1. Em termos de concentração, esses valores foram inferiores ao 87,9 mg.kg-1 no período úmido e de 5,1 a 147,7 mg.kg-1 no período valor máximo encontrado por Mendes (2007) e Cruz (2002) em áreas seco, conforme Tabela 1. Valores máximos entre 89 e 123 mg.kg-1 de não impactadas no QF, cujos teores alcançados variaram de 1.548,9 a cobre em sedimentos foram relatados por Cunha e Machado (2005) e -1 3.170 mg.kg . Em relação ao valor de background para o titânio, o P6 Cruz (2002) em regiões não impactadas no QF. Considerando o back- (1.648,3 mg.kg-1), o P9 (1.200,9 mg.kg-1) e o P11 (1.461,6 mg.kg-1) apre- ground, esses teores foram inferiores ao valor de background para o sentaram valores superiores no período seco em relação ao número cobre no QF preconizado por Costa (2015): 48,34 mg.kg-1, com exce- sugerido por Costa (2015): 1072,34 mg.kg-1. Os resultados do FC clas- ção para o P4 (50,8 mg.kg-1), o P5 (87,9 mg.kg-1), o P6 (147,7 mg.kg-1), sificaram o P6, o P9 e o P11 com “Contaminação moderada”, conforme o P9 (61,6–67,7 mg.kg-1) e o P11 (79,9 mg.kg-1), que apresentaram Tabelas 2 e 3. A aplicação do FE permitiu enquadrar o P6, o P11 e o resultados superiores. A determinação do FC permitiu classificar o P12 com “Enriquecimento moderado”, e o P2 com “Enriquecimento P4, o P5, o P9 e o P11 com “Baixa contaminação”, e o P6 com “Baixa significativo”; enquanto para os resultados do IGEO, a maioria dos considerável”, conforme Tabelas 2 e 3. A aplicação do FE enquadrou o pontos foi classificada como “Não poluído a poluído”. Os altos teores P4, o P7, o P8, o P10 e o P12 com “Deficiência de enriquecimento”; o de titânio para o P6, o P9 e o P11 revelam relação direta da assinatura P1, o P3, o P5 e o P11 com “Enriquecimento moderado”; e o P2 com geoquímica de rochas máficas e ultramáficas, filitos, quartzitos e xis- “Enriquecimento significativo”. De acordo com o IGEO, todos os pontos tos da Formação Suíte Borrachudo e do Grupo Serra Negra Litofácies amostrais foram classificados como “Não poluído a poluído”. Os teores Metavulcanossedimentar. Porém, a substituição da vegetação nativa por elevados de cobre para o P4, o P5, o P6, o P9 e o P11 podem ter sido pastagens em quase 50% do território da bacia provocou a exposição originados tanto dos processos intempéricos de olivina, piroxênio, anfi- dos solos e das rochas, que, aliada ao despejo de efluentes domésticos bólio, biotita, plagioclásio e magnetita como da utilização de sulfato de das residências, proporcionou a disponibilização desse elemento para os cobre e do manejo incorreto das atividades agropecuárias e silvicultu- corpos hídricos da bacia (MATSCHULLAT et al., 2000; COSTA, 2015). rais, que têm exposto as rochas a acelerado processo de intemperismo. -1 Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 775 Nascimento, L.P. et al. Níquel e pegmatitos associadas da Formação Suíte Borrachudos. Porém, teores Os teores de níquel em sedimentos variaram entre 6,5 e 17,3 mg.kg -1 elevados de chumbo nos sedimentos para o P4 podem ter associações no período úmido e de 5,6 a 16,5 mg.kg-1 no período seco, conforme com o Distrito Industrial de Itabira, localizado a montante do ponto Tabela 1. Em termos de concentrações, teores máximos de níquel em de captação de água para abastecimento humano investigado. sedimentos entre 44 e 100 mg.kg foram constatados por Oliveira (1999) -1 e Cruz (2002) no QF. Considerando os valores background para o níquel Zinco em sedimentos, todos os pontos de amostragem encontram-se com con- Os teores de zinco em sedimentos variaram entre 11,9 e 133,0 mg.kg-1 centrações inferiores ao preconizado por Costa (2015): 80,12 mg.kg-1. no período úmido e de 21,6 a 257,3 mg.kg-1 no período seco, con- Rhodes (2010) e Parra et al. (2007), ao estudarem os teores de níquel forme Tabela 1. Cruz (2002) e Cunha e Machado (2005) encontra- em sedimentos de bacias com características semelhantes, encontraram ram teores máximos de zinco em sedimentos entre 116 e 171 mg.kg-1 valores máximos de até 34,92 mg.kg . Larizzatti, Marques e Silveira em áreas não impactadas ou sob influência antrópica mínima no QF. (2014) encontraram no QF teor máximo de níquel nos sedimentos Considerando o valor de background para o zinco, todos os pon- de fundo de 23,36 mg.kg-1. De acordo com o FC, todos os pontos de tos de amostragens encontram-se com concentrações inferiores ao amostragens apresentaram “Baixa contaminação”, conforme Tabelas 2 preconizado por Costa (2015): 105,40 mg.kg-1. O FC permitiu clas- e 3. A aplicação do FE permitiu enquadrar todos os pontos de amos- sificar todos os pontos de amostragens com “Baixa contaminação”, tragens com “Deficiência de enriquecimento”. Os resultados do IGEO excetuando-se o P4, o P5, o P6 e o P10, que foram enquadrados com apontaram ausência de contaminação de níquel para todos os pontos “Contaminação moderada”, conforme Tabelas 2 e 3. A aplicação do amostrais, classificando-os como “Não poluídos”. O P1, o P5, o P7 e FE permitiu classificar o P1, o P2, o P3, o P4, o P5, o P6, o P10 e o o P9, que apresentaram os maiores teores de níquel em sedimentos, P12 com “Enriquecimento moderado”, e o P2 com “Enriquecimento exibem relação direta com os intemperismos de rochas metaultramá- muito alto”; enquanto o IGEO considerou todos os pontos amostrais ficas e metamáficas tholeiíticas da Formação do Grupo Serra Negra como “Não poluído a poluído”. A ocorrência de zinco em sedimentos Litofácies Metavulcanossedimentar. Porém, não se descarta hipótese pode ter sido originada nos processos intempéricos de rochas sul- de utilização de sulfato de níquel como fertilizante nas culturas exis- fetadas, como calcopirita e esfarelita presentes na área investigada. tentes nas imediações desses pontos. Porém, teores elevados de zinco nos sedimentos observados no P4 -1 podem ter associações com o Distrito Industrial de Itabira, locali- Chumbo zado a montante desse ponto investigado. Os teores de chumbo em sedimentos variaram entre 10,8 e 44,9 mg.kg -1 no período úmido e de 17,5 a 117,7 mg.kg-1 no período seco, conforme Tabela 1. Cruz (2002) encontrou teor de chumbo em área não impac- CONCLUSÃO tada ou sob influência antrópica mínima no QF de até 107 mg.kg-1. No presente estudo foi possível verificar a distribuição espacial dos Rhodes (2010) e Parra et al. (2007), ao estudarem os teores de chumbo metais Al, Ca, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Ti e Zn nos sedimentos de em sedimentos de bacias com características semelhantes, encontra- fundos na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. A utilização dos valores ram valores entre 40,62 e 49,55 mg.kg . Larizzatti, Marques e Silveira de background regional como subsídio nas investigações ambientais -1 (2014) encontraram teor máximo de chumbo de até 114,91 mg.kg . na bacia permitiu identificar os valores anômalos e das fontes polui- Considerando os valores background para o chumbo, todos os pontos doras na bacia. As investigações das possíveis interferências antrópi- de amostragens encontram-se com concentrações inferiores ao pre- cas na qualidade dos sedimentos de fundo da bacia, a partir da análise conizado por Costa (2015): 45,4 mg.kg-1, com exceção apenas para o comparativa dos resultados com o valor de background regional e as P4 (117,7 mg.kg ) e o P6 (62,9 mg.kg ), que apresentaram concentra- aplicações dos indicadores de qualidade de sedimentos, mostraram-se ções superiores. O FC classificou todos os pontos de amostragens com coerentes entre si. -1 -1 776 -1 “Baixa contaminação”, conforme Tabelas 2 e 3. Já o P4, o P5, o P9 e o Não foram observadas diferenças destacáveis dos índices calcu- P11, também pelo FC, foram classificados com “Baixa contaminação”, lados para os metais em sedimentos entre período chuvoso e período e o P6 foi considerado com “Baixa considerável”. O FE enquadrou ape- seco na bacia hidrográfica do Rio do Peixe. Os resultados obtidos nas o P1 e o P12 com “Deficiência de enriquecimento”, os demais foram pelos indicadores de qualidade FC, FE e IGEO demonstraram que, considerados com “Enriquecimento moderado”; enquanto o IGEO de forma geral, está ocorrendo poluição nos sedimentos por origem classificou todos os pontos amostrais como “Não poluído a poluído”. antrópica, principalmente para os metais Ca, Co, Cu, Fe, Mn, Pb e Zn. A ocorrência de chumbo em sedimentos da bacia pode ter sido origi- Valores destacáveis dos indicadores FC, FE e IGEO para o P1, o P2 e o nada nos processos intempéricos das rochas de álcali-feldspato granito P3 corroboram a afirmativa de que o revolvimento e a exposição dos Eng Sanit Ambient | v.23 n.4 | jul/ago 2018 | 767-778 Avaliação geoquímica em sistemas fluviais no Quadrilátero Ferrífero substratos litológicos pela atividade minerária, o despejo de efluentes P11 podem ter influenciado nos teores elevados de Al, Ca, Co, Cu, domésticos do núcleo urbano de Itabira (sem o devido tratamento) e Mn nos sedimentos de fundo. os resíduos das atividades industriais são os prováveis responsáveis Portanto, conclui-se que as atividades antrópicas realizadas na pela disponibilização e pelo enriquecimento dos metais Ca, Fe, Mn, bacia propiciaram a mobilização e a disponibilização dos metais para Ni, Ti e Zn nos sedimentos. Observou-se aumento de Al, Cu, Ni e os sistemas fluviais da mesma. Nesse sentido, recomendam-se o moni- Zn para o P4. Taxas incrementais desses elementos para o P4 mos- toramento e a fiscalização mais rigorosa para os pontos de amostra- tram que os resíduos das atividades realizadas no Distrito Industrial gens que apresentaram valores elevados de FC, FE e IGEO, visto que de Itabira podem estar favorecendo a contaminação dos sedimen- quaisquer mudanças que venham a ocorrer em função das atividades tos nessa área. A exposição e a degradação dos solos, o despejo de antrópicas podem alterar as condições ambientais e favorecer ainda efluentes domésticos sem tratamento e os resíduos das atividades mais a disponibilização dos metais para o sistema hídrico, podendo agropecuárias e silviculturais no P6, no P7, P8, no P9, no P10 e no causar danos irreversíveis à população e à cadeia alimentar. REFERÊNCIAS ABRAHIM, G.M.S.; PARKER, R.J. 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