Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo
EIXO TEMÁTICO:
( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos
( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação
( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis
(X ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade
( ) Educação Ambiental
( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental
( ) Gestão dos Resíduos Sólidos
( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico
( ) Mudanças Climáticas
( ) Novas Tecnologias Sustentáveis
( ) Paisagem, Ecologia Urbana e o Planejamento Ambiental
( ) Saúde, Saneamento e Ambiente
( ) Turismo e o Desenvolvimento Local
Contraste na Infraestrutura Urbanística de Teresina – PI: O Caso do
Morro da Garrincha e Miranda Dantas.
Contrast in the Urbanistic Infrastructure of Teresina – PI: “Morro da Garrincha and
Miranda Dantas” Case of Study.
Contraste en la Infraestructura Urbanística de Teresina – PI: El Caso Morro da
Garrincha y Miranda Dantas.
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RESUMO
A instabilidade urbana e habitacional é alarmante na capital do Piauí, Teresina, – fator que desencadeia o
surgimento de aglomerados subnormais. O presente artigo tem como principal objetivo analisar a atuação do
Estado na garantia dos direitos sociais dos habitantes dos aglomerados: Morro da Garrincha e Miranda Dantas, à luz
do artigo 6° da Constituição, que prevê a garantia de direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
Nesse sentido, foram realizadas visitas in loco e revisões da literatura acerca do urbanismo e dos aglomerados
subnormais. Após a coleta de dados, esses foram analisados com vista aos principais aspectos identificados:
infraestrutura das habitações, vias de circulação, serviços públicos oferecidos na região.
PALAVRAS-CHAVE: Urbanismo. Aglomerados. Infraestrutura.
ABSTRACT:
Urban and housing instability is alarming in the capital of Piauí - Teresina - a factor that triggers the emergence of
subnormal clusters. The main objective of this article is to analyze the role of the State in guaranteeing the social
rights of the inhabitants of the agglomerates: Morro da Garrincha and Miranda Dantas, in the light of Article 6 of
the Constitution, which provides for the guarantee of social rights for education, health, work, housing, leisure,
security, social security, maternity and child protection, assistance to the homeless. In this sense, there were
technical visits in loco and literature reviews on urbanism and subnormal clusters. After data collecting, these were
analyzed in view of the main unfavorable aspects identified: housing infrastructure; roads; public services offered in
the region.
KEYWORDS: urbanismo; clusters; infrastructure.
RESUMEN:
La inestabilidad urbana y habitacional es alarmante en la capital de Piauí - Teresina - factor que desencadena el
surgimiento de aglomerados subnormales. El presente artículo tiene como principal objetivo analizar la actuación de
los Estados en la garantía de los derechos sociales de los habitantes de los aglomerados: Morro da Garrincha y
Miranda Dantas, a la luz del artículo 6 de la Constitución, que prevé la garantía de derechos sociales a la educación,
el trabajo, la vivienda, el ocio, la seguridad, la seguridad social, la protección a la maternidad y la infancia, la
asistencia a los desamparados. En ese sentido, se realizaron visitas in situ y revisiones de la literatura acerca del
urbanismo y de los aglomerados subnormales. Después de la recolección de datos, estos fueron analizados con
vistas a los principales aspectos desfavorables identificados: infraestructura de las viviendas, vías de circulación,
servicios públicos ofrecidos en la región.
PALABRAS-CLAVE: urbanismo; racimos; infraestructura.
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INTRODUÇÃO
As cidades enfrentam diversos entraves na busca pela eficiência do sistema urbano e garantia
da qualidade de vida da população. Existem vários conceitos e instrumentos que são aplicados
dentro da concepção e transformação da infraestrutura urbana, dentre eles, o urbanismo.
Palavra que compõe um dos vocábulos de grande importância dentro do dialeto arquitetônico,
o urbanismo é definido como “a remodelação, extensão e embelezamento de uma cidade,
levados a efeito, mediante um estudo metódico da geografia humana e da topografia urbana
sem descurar as soluções financeiras. ” (AGACHE, 1931, p. 118).
A Carta de Atenas de 1933 sintetiza a concepção do “Urbanismo Racionalista”, utilizando como
aspectos primordiais em seu debate: a importância do planejamento regional e infraestrutural
urbano; a implementação do zoneamento através da segregação de finalidades em zonas
distintas, com o objetivo de evitar conflito de finalidades incompatíveis; a subordinação da
propriedade particular do solo urbano ao interesse público; a verticalização dos prédios
localizados em áreas de vegetação; a industrialização dos componentes e a padronização das
construções e de seus processos construtivos (LE CORBUSIER, 2004).
Apesar de algumas experiências que obtiveram sucesso em sua aplicação, o conceito da Carta
de 1933 não atende mais aos preceitos estabelecidos atualmente de urbanismo sustentável. À
medida que o crescimento populacional alcançou seu ápice, as áreas verdes foram se
extinguindo devido à demanda habitacional. Tal fato gerou a necessidade de se planejar o
urbanismo das cidades, levando em consideração o espaço mínimo definido pela legislação de
cada prefeitura, destinado para áreas de vegetação nativa e/ou implantadas para
melhoramento do microclima de cada região (ASCHER, 2010).
O Brasil, em sua naturalidade, após a segunda metade do século XX passou por um acentuado
crescimento da urbanização, de um modo acelerado e irregular sem planejamento urbano.
Gerando assim, uma mescla de situações no contexto urbano, em sua maior parte negativas,
dentre elas é possível enumerar: a favelização, violência urbana, poluição, enchentes (COSTA
et al, 2016, p. 5).
Dentro dessa gama de situações geradas, a favelização se tornou uma problemática
considerável. A análise desse processo foi sistematizada através do conceito de aglomerado
subnormal que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE é definido
como:
Conjunto constituído por 51 ou mais unidades habitacionais caracterizadas por
ausência de título de propriedade e pelo menos uma das características abaixo:
irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos lotes e/ou carência
de serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água,
energia elétrica e iluminação pública). (IBGE, 2010).
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Segundo Ermínia Maricato (2000), é alarmante o fato do crescimento das periferias das
metrópoles ultrapassarem o crescimento dos núcleos centrais, pois denota assim o número de
regiões em precariedade. Afirma ainda, que o Brasil sofreu um crescimento econômico
acelerado e desordenado entre as décadas de 1940 a 1980 sem modificar a desigualdade
social, onde o declínio econômico nos anos de 80 a 90 aprofundou a exclusão social.
De acordo com os dados de pesquisa de Lima Neto, Krause e Nadalin (2014), nas capitais,
assenta-se uma contradição em relação às metrópoles: a presença de aglomerados é maior em
municípios de área de abrangência, 11,22% contra 8,49% nos núcleos. Em 2000, essa
correlação era maior na área de abrangência (3,45%) que nos núcleos (3,23%), apesar de
serem números muito mais próximos.
Esse cenário é explicado pelo aumento da mancha urbana metropolitana, evidenciado
principalmente nas margens do município-núcleo. Isso denota que a marginalização da
população em geral é acompanhada pela periferização da faixa social de menor renda que
estabelece moradia em assentamentos subnormais (NETO, KRAUSE e NADALIN, 2014).
Neto, Krause e Nadalin (2014) destacam que uma tendência existente é o estabelecimento de
assentamentos informais em vários estratos de uma mesma rede de abrangência de uma
região metropolitana. Dessa maneira, é possível perceber que as interações existentes entre
os centros urbanos também geram efeitos no processo de “subnormalização” do território. Tal
fato é mais explícito em regiões do território brasileiro nas quais a malha urbana é mais
estruturada, ou seja, “com a presença de níveis encaixados e situados a intervalos regulares”
(IBGE, 2008), o que ocorre em estados da região do centro-sul brasileiro.
No contexto urbanístico brasileiro, Teresina destaca-se por ter sido a primeira capital
planejada e construída durante o regime monárquico. A história de sua criação e os preceitos
de seu planejamento possuem elementos próprios do planejamento urbanístico do Brasil
Colonial. Sua concepção e representação gráfica do plano inicial apontam que o desenho
urbano de Teresina, capital do Piauí, é resultado de influências da rígida legislação de Portugal
para formação de vilas e cidades coloniais no Brasil (BRAZ E SILVA, 2018).
Em sua concepção, Teresina teve seu traçado de cidade minunciosamente projetado, pelo fato
de ter sido planejada para ser a nova capital do Piauí, a partir de 1852. Seu fundador, o
Conselheiro Saraiva, Presidente da Província do Piauí, elegeu a localidade de implantação
levando em conta fatores comerciais. Dessa maneira, escolheu um lugar “alto e aprazível” à
margem direita do rio Parnaíba, no topo do planalto que se forma entre os rios Parnaíba e Poti
(D’ALENCASTRE, 1857, p.116,).
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Na Era Vargas, alguns investimentos na infraestrutura urbana de Teresina foram feitos, tais
como: o edifício do Liceu Piauiense (1936), hoje Colégio Estadual Zacarias de Góis e a
construção do Hospital Getúlio Vargas (1941), que foi considerado, na época, a maior unidade
médico-hospitalar do Nordeste. Essas obras deram à capital um status de polo referencial na
área da saúde e educação básica, gerando grande fluxo de pessoas e renda para o local (COSTA
et al, 2016, p. 5).
Apesar de representarem um avanço quanto aos investimentos às medidas desenvolvidas,
durante o período de 1930, esses e outros investimentos ainda não representavam ações de
planejamento público eficaz a grandes problemas. Não apresentando solução para a questão
habitacional decorrente do crescimento da cidade no contexto teresinense, portanto, essas
melhorias foram consideradas muito mais medidas de embelezamento e saneamento (COSTA
et al, 2016).
As mudanças implementadas, em sua maioria, foram consequência do modernismo
incorporado à cidade. Este se manifestou inicialmente na arquitetura oriundo dos novos
pioneiros no comércio de Teresina. Nessa época, a parcela da sociedade de maior poder
aquisitivo, ao passar por capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife, nas quais o
modernismo já havia se estabelecido, passaram a implementá-lo na concepção de suas casas
(COSTA et al, 2016).
Somado a esses fatores, a partir da década de 1950, a medida que o Brasil sofria um processo
acelerado de urbanização, Teresina passou a apresentar um aumento demográfico, agravando
o problema habitacional. Foi a partir desse momento que ações do Poder Público direcionado
ao desenvolvimento e planejamento urbano patrocinaram obras de infraestrutura básica.
Assim, na década de 1960, com a elaboração do Primeiro Plano de Desenvolvimento Local
Integrado (PDLI), foi introduzido um diagnóstico da cidade e representou uma mudança na
forma de organização do urbanismo da cidade, sendo criada a primeira lei de zoneamento da
capital (COSTA et al, p. 5, 2016).
Na busca de um novo panorama para Teresina, questões como a política habitacional
passaram a ser tratadas com maior relevância. Sendo assim, muitos foram os investimentos
neste setor que carecia de planejamento e organização decorrente do crescimento da
população teresinense acima da média nacional que era ocasionado pelo fluxo de pessoas do
interior que buscavam melhorias na qualidade de vida (COSTA et al, p. 5, 2016).
Na tentativa de atender a demanda habitacional foi inaugurada a Companhia de Habitação COHAB-PI em 1965, através da qual, muitos conjuntos habitacionais foram criados. Além disso,
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com o período do “milagre econômico” o seguimento da construção civil habitacional teve
ainda mais recursos. Assim foram construídas em Teresina mais de 38.000 unidades
habitacionais, abrigando mais de 150.000 pessoas até a extinção do Banco Nacional de
Habitação (TERESINA, 2015).
Nesse contexto, à medida que a cidade de Teresina crescia rumo à periferia por meio da
construção de conjuntos habitacionais que, de acordo com Lima (2007) geralmente localizamse em regiões distantes do centro ou mesmo fora do perímetro urbano, grandes vazios
urbanos eram formados, incitando o surgimento de aglomerados subnormais. O processo de
favelização do espaço urbano teresinense foi influenciado pela extinção do BNH, em 1986, e
consequente diminuição dos investimentos do Estado na construção de habitações de
interesse social.
Porém, foi em meados de 1980 e 1990 que as favelas se tornaram mais frequentes no
perímetro urbano de Teresina. De acordo com Lima (2003), a implantação de aglomerados
subnormais é balizada pela necessidade da população que obedece a uma tendência de
localizar-se próximo a conjuntos habitacionais.
Isso se deve ao fato de que as áreas de conjuntos, teoricamente, possuem maior acesso aos
serviços urbanos, mesmo que esses polos se localizem nas margens da cidade, ou seja, na nova
região periférica. Essa região se redesenha, também pela apropriação de vácuos urbanos e
pelo adensamento de áreas habitadas, em virtude da construção de novos conjuntos
habitacionais (LIMA, 2003, p.50).
O processo de formação dos aglomerados urbanos apresenta variações de acordo com a
região administrativa na qual se localiza. Esse fato se deve ao quadro espacial de Teresina que
apresenta diferenças regionais em sua organização. Como exemplo disso, é possível destacar a
região norte que, de acordo com Lima (2010), é considerada a região mais pobre da cidade, em
vista as recorrentes enchentes, o processo de construção dos aglomerados deu-se em seus
espaços vazios, em especial a partir da década de 1970. Já na região Sul, o processo de
favelização se deu em virtude do processo de urbanização. Na região Leste, embora
tradicionalmente uma zona de população de renda alta, nas últimas décadas, as áreas mais
distantes do Centro estão sendo ocupadas pela a construção de inúmeros aglomerados
subnormais.
De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento – SEMPLAN (2016), na zona urbana de
Teresina, existem 111 aglomerados subnormais, distribuídos entre as quatro regiões
administrativas da cidade de acordo com os dados da tabela 1. É possível observar que a
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maioria dos aglomerados está localizada nas regiões Sul e Leste da cidade, denotando o grau
de favelização de tais zonas (SILVA, p. 103, 2017).
Tabela 1 – Quantidade de aglomerados subnormais por regiões de Teresina.
Regiõs Administrativas
Centro Norte
Leste
Sul
Sudeste
Nº de aglomerados
25
32
33
21
Nº de domicílios
7756
10.906
11.635
4.499
Fonte: SEMPLAN (2016).
O recente levantamento dos aglomerados subnormais, realizado pela SEMPLAN em 2016
mostra que a maioria deles se localizam na área consolidada da cidade. Especialmente,
situados nos espaços vazios deixados no período de construção dos conjuntos habitacionais
pela COHAB-PI, que construía seus empreendimentos em localidades afastadas do centro
urbano (SILVA, p. 99, 2017.)
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OBJETIVOS
Com base no arcabouço teórico e no panorama apresentado, o artigo em questão utiliza como
objeto de estudo dois aglomerados subnormais, ambos localizados na região da zona Leste em
Teresina - O Morro da Garrincha e Miranda Dantas. Busca-se fazer um estudo desses
aglomerados, analisando sua infraestrutura, com base na lei dos direitos sociais, propondo
aspectos negativos e positivos encontrados no local.
METODOLOGIA
Os principais aspectos considerados na análise foram com base no artigo 6° da Constituição,
que prevê a garantia de direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados (BRASIL, 1988). Foram realizadas visitas in loco e revisões da literatura acerca
do urbanismo e dos aglomerados subnormais. Após a coleta de dados, foram analisados
aspectos em relação a infraestrutura das habitações, vias de circulação, além de serviços
públicos oferecidos na região.
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RESULTADOS
Os aglomerados Miranda Dantas e Morro da garrincha se localizam no bairro Horto florestal,
zona leste de Teresina (Figuras 1, 2 e 3). Uma área bem urbanizada, com uma infraestrutura de
qualidade e serviços variados próximos. Em meio a esse contexto, surgem dois aglomerados
que resistem até hoje, alguns ainda sem título de posse. Alguns aspectos mínimos foram
analisados, com base no art. 6° dos direitos sociais, que prevê a garantia de direitos sociais a
educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Diante da constituição, foram
analisadas questões de infraestrutura das habitações, vias de circulação e serviços públicos
oferecidos na região.
Figuras 1, 2 e 3– Localização dos aglomerados.
Fonte: Google maps (2018).
1.0 Passeios públicos
Tratando de infraestrutura e moradia, surgem os passeios, classificados em três categorias,
passeios ausentes, passeios não conservados e passeios intrafegáveis (Figura 4). De acordo
com o código de trânsito brasileiro, a calçada é “parte da via, normalmente segregada e em
nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e,
quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins”.
Essa definição caracteriza a calçada como bem público, que é parte integrante das vias,
pertencente ao município. O município não pode obrigar o proprietário a fazer ou regularizar
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sua calçada, mas pode incentivá-lo a fazer, entretanto, respeitando os padrões estabelecidos
pela Lei das calçadas.
Figura 4 – Calçadas ausentes, não conservadas e intrafegáveis, respectivamente.
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
A primeira imagem (Figura 4), caracteriza uma calçada ausente, onde a calçada é interrompida
ao longo da rua, foi a tipologia menos encontrada nos aglomerados. A segunda imagem (Figura
4) mostra uma calçada malconservada, onde começa a se desenvolver uma vegetação e
acúmulo de areia e pedras, gerando um difícil acesso. Já a terceira imagem (Figura 4), mostra
uma calçada intrafegável, com diversos desníveis, acompanhando o padrão de cada edificação,
sem levar em conta o pedestre. Em contraposição ao que se registra, a lei municipal de
Teresina 4.522 estabelece novos padrões de calçadas, passeios públicos e critérios para a sua
construção/reconstrução, conservação e utilização, considerando princípios como
acessibilidade, segurança e autonomia, desenho urbano, nível de serviço e conforto e
sustentabilidade. A lei das calçadas ainda diz que:
Faixa livre é a área acessível destinada à livre circulação de pessoas, desprovida de
obstáculos permanentes ou temporários, com superfície regular, firme, contínua e
antiderrapante sob qualquer condição, ficando fixada a largura mínima de 1,20 m (um
metro e vinte centímetros) e largura recomendada de 1,50 m (um metro e cinquenta
centímetros). (TERESINA, 2014, p. 3).
Pontos estes que como constatado não são levados em consideração, no momento da
construção das vias públicas destinadas aos pedestres.
2.0 Vias de circulação
A pavimentação do local é com pedra poliédrica, rejuntado com pó de pedra e areia, sua
largura é em média 8m e não possui sinalização horizontal. A pedra poliédrica é uma das mais
utilizadas para pavimentação, entretanto, é a que se desgasta mais rápido e ainda não
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possibilita a criação de uma superfície mais plana, por conta da irregularidade das pedras. Em
diversos pontos das vias já há sinal de desgaste, com algumas pedras se soltando, dificultando
o tráfego de veículos e pedestres (Figura 5).
Figura 5 – Pavimentação poliédrica com patologia.
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
3.0 Saúde
Nas proximidades há somente uma UBS – Unidade básica de saúde, que pode atender a
demanda do aglomerado e regiões próximas, porém, de acordo com alguns moradores
entrevistados, há uma carência de profissionais no local, não sendo estabelecido uma rotina
de atendimentos com os pacientes, dificultando até mesmo o retorno dos mesmos. Muitos
moradores acabam se vendo obrigados a procurarem por atendimento de saúde em outros
pontos da cidade. Do ponto mais distante até a UBS (Figura 6), se percorre 461,29 metros.
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Figura 6 – Posto de saúde próximo aos aglomerados.
Fonte: Google mapas (2018).
4.0 Educação
Em relação a educação, existe apenas uma unidade escolar, Escola Municipal Noé Fortes, nas
proximidades dos aglomerados. A escola oferece ensino fundamental e supletivo para jovens e
adultos. Dessa forma, não se observa uma carência no quesito educação básica. A distância do
último ponto até a escola é de 739,70 metros (Figura 7).
Figura 7 – Escola mais próxima dos aglomerados.
Fonte: Google mapas (2018).
5.0 Saneamento
Levando em conta as questões de saneamento em ambos os aglomerados, no que diz respeito
ao que foi notado, observou -se que os mesmos possuem uma rede de esgoto que é
responsável por contemplar e sanear o bairro, a tabela 2 logo abaixo apresentam dados da
rede de esgotamento da região.
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Tabela 2 – Tabela rede de esgoto.
Fonte: SEMPLAN (2010).
Entretanto algumas precariedades evidenciaram vários parâmetros, que apontaram para o
fato de que, apesar de possuir uma rede de esgoto, os moradores dos aglomerados não
possuem conexão a mesma, sendo feito o despejo inadequado de águas cinzas e esgoto
diretamente nas sarjetas das vias, ou a utilização de fossa séptica, conforme comprovado nas
figuras 9 e 10. Além disso as sarjetas não são adequadas para receber esse esgotamento que
as casas direcionam.
Figuras 8 e 9 – Despejo de esgoto nas vias de circulação do aglomerado.
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
Outros dois fatores agravantes que acentuam bastante a precariedade nesse ponto é a
situação do recolhimento dos lixos dos moradores nas vias (Figura 11), e o caso da falta de
direcionamento das águas (Figura 12), que não são drenadas e durante as chuvas fortes
causam inundações para uma parcela de moradores, fato que compromete ainda mais as
questões de saúde da população, contempladas nos direitos sociais.
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Figura 10 e 11 – Despejo de lixo e condições das vias que inundam durante as chuvas fortes.
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
6.0 Lazer
Quanto ao que assiste a questão do lazer básico para os moradores dessas áreas não foi
detectado grandes problemas de carência, uma vez que, essa área é bastante privilegiada no
que diz respeito a localização, a poucos metros de distância, os moradores dispõem de uma
praça bem preservada (Figura 14), que apresenta manutenções e limpeza constante. A
distância do ponto mais distante até a praça é de 373 metros (Figura 13).
Figura 12 – Praça dos Bambus
Fonte: Google maps (2018).
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Figura 13 – Praça dos Bambus
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
O único problema observado, está na falta de qualidade do campo de futebol da escola Noé
Forte (Figuras 16 e 17), que também serve a comunidade, mas apresenta problemas de
manutenção, desgaste e falta de cuidado constante, evidentemente deixando a desejar no
quesito de qualidade de condições para a prática de esportes como forma de lazer e
entretenimento. Em compensação a quadra poliesportiva apresenta-se conservada, com
alguns desgastes, mas com condições aceitáveis para pratica esportiva. A quadra se localiza a
676,36 metros de distância do último ponto (Figura 15).
Figura 14 - Campo de futebol e quadra poliesportiva pública.
Fonte: Google maps (2018).
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Figura 15 e 16– Campo de futebol e quadra poliesportiva pública.
Fonte: Google maps (2018).
7.0 Transporte
Em relação a qualidade de locomoção através do transporte público desses moradores dos
aglomerados, é que existe a ausência de pontos e rotas dentro das vias internas próximas, de
modo que o usuário precise se deslocar uma distância não muito cômoda. As rotas mais
próximas que acolhem essa área limitam as avenidas mais importantes responsáveis por
limitar a área do bairro, o menor deslocamento que o usuário precisa fazer para usufruir do
meio de transporte público é de 850 metros (Figura 18). Em 2015, o Instituto de Políticas de
Transporte & Desenvolvimento – ITDP, realizou um estudo que mede a distância ideal que um
morador deve se deslocar até as estações de transporte público, essa pesquisa se intitula PNT
(em inglês: “People Near Transit”). De acordo com a pesquisa, o tempo adequado, em termos
de mobilidade urbana, é de 10 a 15 minutos de deslocamento a pé, o que equivale a
aproximadamente 1km.
Figura 17 – Localização de referências do aglomerado em relação ao acesso ao transporte público.
Fonte: Google maps (2018).
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CONCLUSÃO
Após todas as análises, foi constatado que a população desses aglomerados não é assistida na
maioria dos casos com serviços que são de direito guardados aos mesmos, concluiu-se então
que, apesar de locar-se em um macro espaço bem estruturado da cidade, estes aglomerados
não refletem em seu espaço a realidade do todo em que se inserem. Em virtude do que se
concluiu, é notório a necessidade de muitas intervenções, dentre estas pode-se citar a
melhoria do atendimento na UBS local; a substituição da pavimentação nas vias internas, afim
de possibilitar o acesso do transporte público; a regularização dos passeios públicos; a conexão
da rede de saneamento já existente nas habitações; e um plano de coleta regular de lixo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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