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Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Tutoria no projeto ImunizaSUS: relato de experiência de educação na saúde na modalidade digital Tutoring in the ImunizaSUS project: experience report of health professional education in the digital modality Recebido: 04/02/2023 | Revisado: 23/11/2023 | Aceito: 13/12/2023 | Publicado: 08/04/2024 Kéllen Campos Castro Moreira ORCID: http://orcid.org/0000-0002-52884667 Universidade Federal do Triângulo Mineiro E-mail: kellenccmoreira@gmail.com Fabiana Fernandes Silva de Paula ORCID: https://orcid.org/0000-0003-25579592 Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba E-mail: ffernandessilvadepaula@gmail.com Álvaro da Silva Santos ORCID: https://orcid.org/0000-0002-86985650 Universidade Federal do Triângulo Mineiro E-mail: alvaro.santos@uftm.edu.br Bethania Ferreira Goulart ORCID: http://orcid.org/0000-0003-28556767 Universidade Federal do Triângulo Mineiro E-mail: bethaniagoulart@yahoo.com.br Como citar: MOREIRA, K. C. C.; et al.; Tutoria no projeto ImunizaSUS: relato de experiência de educação na saúde na modalidade digital. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, [S.l.], v. 1, n. 24, p. 1-13, e14810, Abr. 2024. ISSN 2447-1801. This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 Unported License. Resumo Objetiva relatar a experiência de educação na saúde, na modalidade digital, mediada por duas enfermeiras tutoras no projeto ImunizaSUS. Trata-se de um relato de experiência sobre a formação das tutoras e o exercício de tutoria, no curso de aperfeiçoamento sobre as práticas de imunização. Foram capacitados 16 profissionais de saúde, entre março de 2021 e janeiro de 2022. Utilizaramse diversos recursos tais como teleaulas, aulas, material complementar, fóruns de discussão, quiz, webnários e portfólio. Abordaram-se desde a produção das vacinas até a vacinação na Atenção Primária à Saúde, com foco em competências, problematização e interprofissionalismo. A tutoria foi essencial na educação na saúde, na modalidade digital, para a adesão, permanência e motivação dos cursistas. Palavras-chave: Educação Profissional em Saúde Pública; Educação a Distância; Tutoria; Educação Baseada em Competências; COVID-19. Abstract The objective is to report the experience of health education, in the digital modality, mediated by two tutor nurses in the ImunizaSUS project. This is an experience report on the training of tutors and the exercise of tutoring, in the improvement course on immunization practices. Were trained 16 health professionals between March 2021 and January 2022. Several resources were used, such as teleclasses, classes, complementary material, discussion forums, quiz, webinars and portfolio. From the production of vaccines to vaccination in Primary Health Care, with a focus on skills, problematization and interprofessionalism. Tutoring was essential in health education, in the digital modality, for adherence, permanence and motivation of course participants. Keywords: Education Public Health Professional; Education Distance; Mentoring; Competency-Based Education; COVID-19. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 2 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 1 INTRODUÇÃO A vacinação é uma das ações mais efetivas no controle e eliminação de doenças transmissíveis, além de reduzir a morbimortalidade. A tecnologia empregada na imunização possibilitou a erradicação de doenças graves, em todo mundo. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é responsável por organizar e coordenar ações de vacinação, visando garanti-las a todos os indivíduos, no território nacional. Tem como missão: controle, erradicação e eliminação de doenças imunopreveníveis (Brasil, 2013; Gonçalves; Olivindo, 2021; Domingues et al., 2020). Nos últimos anos, no Brasil, houve uma queda na cobertura vacinal. Dentre as causas associadas têm-se crescentes movimentos anti vacinas em âmbito mundial, que ganharam força com o aumento da disseminação de fake news compartilhadas especialmente nas redes sociais; recentes ameaças ao Sistema Único de Saúde (SUS); e os aspectos técnicos operacionais do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), quanto à dificuldade no registro e exportação de dados (Domingues et al., 2020). Neste contexto, houve planejamento e organização do curso de aperfeiçoamento “Fortalecimento das Ações de Imunização nos Territórios Municipais”, oriundo do convênio firmado entre o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e o Ministério da Saúde (MS). O referido curso destinou-se aos profissionais de saúde vinculados à gestão municipal em todo o país, sendo parte do Projeto ImunizaSUS. O processo de formação foi planejado para estimular o desenvolvimento de competências, como a capacidade de articular conhecimentos (o saber), habilidades (o saber fazer) e atitudes (o saber ser) para o enfrentamento e resolução de situações complexas, conforme cada realidade (Moreira et al., 2022); e na problematização, ou seja, a partir do cotidiano de trabalho, práticas e vivências de cada profissional no seu território, para transformar a atuação na Atenção Primária à Saúde (APS),segundo a lógica da educação na saúde (Brasil, 2013; Falkenberg et al., 2014). Como alternativa ao ensino presencial e tradicional, durante a pandemia do COVID-19, a qual demandou distanciamento espacial, dispôs-se a modalidade de Educação a Distância (EaD) utilizando-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), inclusive em educação na saúde. Ressalta-se que estas por si só não garantem o potencial inovador e de transformação da educação, sendo necessário planejamento e adequada estratégia (Bes et al., 2019; Martines et al., 2018; Moran, 2018; Moreira et al., 2022). Ressalta-se que o curso, além de inovador, por direcionar-se ao desenvolvimento de competências e na modalidade digital, também foi uma oportunidade de acessar e compreender informações atualizadas sobre vacinação, contemplando as novas vacinas para conter a pandemia do COVID-19 (Sousa et al., 2021). As temáticas abordaram etapas desde a produção, armazenamento, distribuição, manejo, administração, registro de vacina até orientações e comunicação com os vacinados, possibilitando melhor atuação profissional durante a campanha de vacinação do COVID-19. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 3 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Nesta perspectiva, objetiva-se relatar a experiência de educação na saúde, na modalidade digital, mediada por duas enfermeiras tutoras no projeto ImunizaSUS. 2 MÉTODO Trata-se de um relato de experiência sobre a formação e a condução de tutoria EaD, realizada por duas enfermeiras em turmas distintas, no curso de aperfeiçoamento “Fortalecimento das Ações de Imunização nos Territórios Municipais”, oriundo do Convênio nº 905644/2020, firmado entre o CONASEMS e o MS, no período de 19 março de 2021 a 18 janeiro de 2022. O curso foi coordenado pela Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Faculdade São Leopoldo Mandic, com o apoio do CONASEMS. Cada turma foi intitulada pela coordenação de IMU, devido ao nome do projeto ImunizaSUS, seguido de numeral. Assim, as turmas aqui referidas foram a IMU 0416 e IMU 1084. Quanto à formação das enfermeiras para atuarem como tutoras, estas cursaram a especialização a distância com atividades semanais, cujos recursos consistiram em aula, teleaula, fóruns, quiz, materiais complementares, portfólio, grupo de tutores no WhatsApp, webnários e encontros remotos via Google Meet. Foi proposto pelo projeto ImunizaSUS que as referidas enfermeiras se dedicassem 10 horas semanalmente, como carga horária mínima para a formação de tutoras EaD, na especialização intitulada de “Mediação de processos educacionais na modalidade digital”. Simultaneamente, as enfermeiras exerceram a tutoria se dedicando 10 horas semanais no curso de aperfeiçoamento supracitado. Para elas, consistiu em uma especialização com teoria e com prática de tutoria EaD, na qual resultou em certificação de 400 horas, compreendida no período de março de 2021 a janeiro de 2022. A seleção dos profissionais de saúde para a tutoria (formação e prática) foi realizada por meio de chamada em edital com oferta de 1.890 vagas, por análise curricular, e o critério de seleção exigia formação como profissional de saúde vinculado à gestão municipal, com respectivo registro no Cadastro Nacional Estabelecimento de Saúde (CNES), com nível superior ou técnico, atuante em sala de vacina e/ou Unidade Básica de Saúde e/ou Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e/ou gestão municipal da APS ou Vigilância em Saúde (VS), e possuir habilidade para uso de computadores. O papel do tutor foi de estimular o cursista a construir seus conhecimentos, orientar o processo de ensino-aprendizagem, incentivar a participação nas atividades e fornecer feedback frente às tarefas registradas. Para tal, foram neceesárias as competências de provedor de informações, mentor e modelo, avaliador, planejador educacional, pesquisador e estudioso, profissional, defensor da saúde, líder, gestor e colaborador. Preconizou-se que cada turma do curso de aperfeiçoamento seria composta de 25 até 50 cursistas e um tutor bolsista de referência, que deveria a priori realizar contato pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do CONASEMS, via fórum de discussão e mensagens. Ressalta-se que cada tutor esteve inserido em uma turma Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 4 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 com, aproximadamente, outros 29 tutores e um supervisor de tutoria para discutir sobre o desenvolvimento das atividades e reuniram-se no formato assíncrono pelo Google Meet, mensalmente. Cada módulo do curso utilizou recursos variados, discriminados na Figura 1. Figura 1: Recursos oficiais utilizados no processo ensino-aprendizagem de educação na saúde, no curso de aperfeiçoamento do projeto ImunizaSUS Recursos oficiais Descrição Teleaulas Assíncronas. Introdução das temáticas de cada unidade de estudo e apresentação de casos e situações reais sobre o tema com tempo médio de 45 minutos cada. Recurso didático teórico para leitura contendo os elementos essenciais do conteúdo programático de forma objetiva, interativa e dinâmica. Referências que acrescentavam informações à fundamentação teórica. Aula Material complementar Atividades interativas Quiz Encontros síncronos Webnários Portfólio Projeto de intervenção Fórum de discussão sobre casos e situações relacionadas à prática vacinação contextualizado à realidade de cada cursista. Questões objetivas com resultado comentado para que o cursista fortalecesse sua autonomia como protagonista do seu processo de aprendizagem. Além de ser avaliativo. Via Google Meet com o tutor responsável para esclarecimento de dúvidas. Pelo canal do Youtube com a equipe da Faculdade São Leopoldo e CONASEMS. Critério de avaliação para aprovação e certificação. Consistiu em apresentar em formato textual e imagético. Optativo. Voltado para aplicabilidade dos conhecimentos às diversas realidades de trabalho como solução aos problemas. Garantia de certificado extra. Fonte: Autores, 2022. A seleção dos cursistas para o curso de aperfeiçoamento foi realizada por meio de chamada em edital com oferta de até 94.500, e o critério de seleção foi semelhante ao de tutor. Os profissionais de saúde, nível superior e técnico, que tiveram suas inscrições homologadas para o curso de aperfeiçoamento foram alocados para turmas como cursistas, sendo as referidas tutoras responsáveis pela IMU0416 e IMU1084 com 27 e 29 cursistas, respectivamente. Todos os selecionados receberam e-mail da equipe ImunizaSUS com informação acerca da realização da matrícula, que deveria ser realizada até dia 10 de maio de 2021, por meio de link disponibilizado e convite para aula magna inaugural no Canal Conasems no Youtube, no dia 19 março de 2021, marco do início das atividades dos inscritos no curso. Concomitantemente, receberam e-mail da equipe Conasems, com informações para acesso ao AVA e vídeo tutorial para acesso aos módulos. As temáticas dos módulos referentes ao curso de aperfeiçoamento, no qual as enfermeiras atuaram como tutoras foram: COVID-19: a doença causada pelo SARS-CoV-2; Bases imunológicas, epidemiológicas, vigilância epidemiológica e cuidado em saúde; Imunobiológicos: temas gerais; A imunização segura nos ciclos de vida; Dia a dia na sala de vacina e planejamento e avaliação dos resultados das ações Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 5 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 em imunização; Estrutura física da sala de vacina e rede de frio; Ferramentas e sistemas de informação em imunização; Discussão de casos em imunização; e Desenvolvimento do projeto de intervenção. Os critérios de avaliação para obtenção do certificado do curso de aperfeiçoamento foram: frequência mínima de 75%, mensurada conforme acessos e participação/realização das atividades propostas nas unidades de estudos; nota igual ou superior a 60% dos 100 pontos distribuídos em cada quiz; alcance de 60% ou mais de conceitos “suficientes” ou “mais que suficientes” nas participações nos fóruns; e entrega de portfólio. Disponibilizou-se para as tutoras a participação dos cursistas, por meio da plataforma Pandora. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES As atividades de tutoria iniciaram oficialmente, no dia 19 de abril de 2021 e o curso de aperfeiçoamento já estava em andamento com seis aulas disponibilizadas, sendo uma a cada quinta-feira. Ao iniciar as atividades de tutoria, após reunião com a supervisora, foram esclarecidos tópicos da formação de tutor e as atividades a serem desenvolvidas na tutoria. O tópico com maior urgência no início das atividades das tutoras foi a busca ativa dos cursistas, devido à baixa adesão dos inscritos nas atividades do AVA. A verificação da adesão foi feita pelas tutoras por meio do painel administrativo do AVA Conasems, para avaliar a situação dos inscritos. Dos 27 inscritos na turma IMU 0416, 23 (85,18%) nunca haviam acessado a plataforma, um havia acessado apenas em março, e três em abril. E, dos 29 inscritos na turma IMU 1084, um informou, oficialmente, o desligamento antes do início das atividades, sendo considerado, portanto, a turma com 28 cursistas, dos quais 18 (64,28%) nunca haviam acessado a plataforma e apenas quatro (14,29%) acessavam semanalmente. A modalidade EaD possui como característica negativa a evasão, sendo uma das funções da tutoria evitá-la, por meio da aproximação com os cursistas, acompanhamento, orientação, aconselhamento, prática de escuta e mediação entre professores ou corpo pedagógico, plataforma (AVA) e cursistas. O tutor deve estar atento ao cursista, ao processo ensino-aprendizagem, às atualizações e alterações no AVA (Diógenes; Silva; Souza, 2020). Desta forma, o primeiro contato com os cursistas teve como foco principal os que nunca haviam acessado a plataforma, utilizando-se de mensagem no AVA Conassems, forma de contato oficial. Esta ação não fora bem sucedida, apesar de repetida por três vezes, com envios para a turma e individualmente, na plataforma AVA Conassems, resultando em nenhuma resposta dos cursistas da turma IMU 0416 e em seis (21,42%) respostas da turma IMU 1084 à apresentação e boas-vindas. O passo seguinte foi busca ativa por meio do e-mail. Sendo enviadas para cada inscrito as mesmas informações enviadas no AVA, porém sem retorno. Tal desafio foi exposto em reunião dos tutores com suas respectivas supervisoras e decidiu-se a criaçãode grupos de WhatsApp a fim de garantir um veículo de comunicação efetivo. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 6 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 As tutoras criaram grupo no WhatsApp e, procederam com apresentação às suas respectivas turmas; orientação sobre o AVA como meio oficial comunicação; questionamento sobre dificuldades de acesso à plataforma; realização de tutoriais em áudio e vídeo, sobre o passo-a-passo para acessar à plataforma; apresentação de dados referentes à baixa adesão por meio de infográficos personalizados; e colocado à disposição para esclarecimentos quanto ao login, acesso, proposta do curso com objetivo e metodologia, apoio ao conteúdo nas aulas e teleaulas, bem como sobre os fóruns, sua relevância e modo de interação. O tutor na EaD desempenha papel fundamental, pois possibilita a interação contínua com os conhecimentos conforme as individualidades de cada cursista. Assim, viabiliza a articulação do processo de ensino-aprendizagem, esclarece dúvidas e reduz a distância geográfica por meio das TIC (Diógenes; Silva; Souza, 2020). A aproximação na interação dos cursistas com as tutoras, de fato aconteceu de modo satisfatório a partir da personalização da comunicação, via contato WhatsApp particular das tutoras com cada cursista. As mensagens postadas nos grupos, foram encaminhadas individualmente no WhatsApp particular dos cursistas. Ação esta que teve retorno positivo e a partir de então a comunicação com os cursistas foi realizada por este meio. E para título de comprovação, as orientações oficiais relacionadas ao curso, foram postadas também na plataforma AVA Conassems, meio no qual não houve adesão e retorno satisfatório por parte dos cursistas. Outro relato de experiência sobre a tutoria para capacitação de técnicos de enfermagem, também mencionou sobre o uso de diferentes ferramentas e estratégias de ensino. Ressaltou sobre as exigências de dois panoramas distintos, mas interligados: a pandemia - com o conhecimento científico do tema ainda limitado e necessidade de divulgação das descobertas entre os profisisonais de saúde, e o modo diferente de realizar educação na saúde (remoto emergencial), que tornou essencial o uso das TIC (Cavalcante et al., 2022). No primeiro contato oficial via WhatsApp dos matriculados na IMU 0614, 12 (44,4%) não responderam nenhuma forma de contato; 10 inscritos (37,03%) responderam que não conseguiram acesso na plataforma utilizando o link recebido e tinham interesse em iniciar o curso; e cinco (18,53%) responderam que conseguiram acessar, sendo que quatro destes já haviam acessado. Dos matriculados na IMU 1084, 13 (46,42%) não responderam à nenhuma forma de contato (AVA, e-mail, WhatsApp) e não haviam acessado o AVA; sete (25%) alegaram dificuldade em manusear novas tecnologias; seis (21,42%) alegaram falta de tempo de acessar por motivo de trabalho e questões pessoais; de todos os inscritos, três (10,34%) não possuíam WhatsApp; e um (3,49%) alegou que não iria participar do curso. Quanto à limitação na participação de alguns cursistas tem-se que estavam trabalhando ativamente, em serviços de saúde durante a pandemia, exigindo maior carga horária de trabalho, esforço físico e mental, dificuldade nos cuidados para sair e voltar para casa, percurso e o trabalho em si, pouca vivência com as TIC e dificuldade no acesso à internet (Cavalcante et al., 2021). A busca ativa, o estímulo e o suporte foram intensos, constantes, árduos e motivacionais para garantir que os cursistas conseguissem acessar e criar uma rotina na plataforma, executando as aulas, atividades disponíveis, discussões nos fóruns e Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 7 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 esclarecimento de dúvidas. O trabalho de auxílio para conseguir acesso ao AVA Conasems e para resgatar os cursistas permaneceu, sendo possível admitir os matriculados que ainda não haviam ingressado até completarem 25% do curso. Apenas a partir da 14ª semana, no mês de junho, a frequência com menos de 75% de presença inviabilizou a aprovação dos cursistas. Outro desafio para as tutoras, após os esclarecimentos do acesso e frequência semanal nas atividades do AVA, foi a participação nos fóruns com situações do cotidiano das salas de vacinas, buscando a interação entre cursistas e tutor. Os cursistas apresentaram muitas dúvidas e ansiedade sobre o que deveriam postar nos fóruns: se uma resposta objetiva e pontual à questão norteadora, não compreensão de qual era a pergunta, se a proposta era apenas refletir, além da ansiedade e receio em se expor quanto à escrita. Tais inseguranças fazem-se presentes no processo ensino-aprendizagem do adulto e podem ser amenizadas pelos tutores. Desse modo, alguns cursistas optaram por enviar, primeiramente, para o WhatsApp da tutora, a possível resposta a ser postada no fórum, ou enviaram áudios buscando maiores esclarecimentos, ou ainda solicitaram um exemplo do que deveria constar na resposta. Os cursistas acreditaram que o fórum era um teste para pontuar e obter certificado, devendo ser respondido de modo padronizado. Foi necessário utilizar das competências de tutor como provedor de informações, mentor, gestor e colaborador para esclarecer, estimular e obter interação entre as postagens. Exemplifica-se o uso de infográficos pelas tutoras, como na Figura 2, que possibilitou prover informação em formato visual e lúdico. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 8 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Figura 2: Infográfico para estimular a adesão e participação nos fóruns pela IMU 1084 Fonte: Autores, 2022. Para atender aos critérios de aprovação, cada tutora avaliou a participação e a qualidade das discussões dos cursistas de sua turma nos fóruns qualitativamente, considerando o conteúdo elaborado e a resposta à questão norteadora. Sendo aplicados os conceitos: suficiente, mais que suficiente, insuficiente pelas tutoras a cada participante. O relatório com as notas foi gerado por meio de relatório mensal até dia 12 de cada mês, pela plataforma SurveyMonkey, e foram realizadas oito avaliações, de maio a dezembro de 2021. Durante todo curso, enquanto tutoras, incentivaram-se a participação dos cursistas nos fóruns, fomentaram-se as discussões, a reflexão, o repensar das práticas de vacinação no cotidiano do trabalho e a avaliação formativa por meio do feedback quanto ao processo ensino-aprendizagem do conteúdo relacionado às diversas realidades. Mantiveram-se discussões e postagens nos respectivos grupos de WhatsApp para estimular os não participativos, tentando motivar a participação dos mesmos. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 9 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Quanto ao feedback, tem-se que principalmente na EaD, é muito valoroso para o desenvolvimento do cursista durante o processo ensino-aprendizagem. Tal mediação regular e personalizada serve como incentivo, apoio, direcionamento e estímulo à autonomia do cursista (Diógenes; Silva; Souza, 2020). Um terceiro desafio foi quanto ao portfólio cuja avaliação também foi realizada qualitativamente, sendo aplicado o conceito: suficiente, mais que suficiente, insuficiente. Nele deveria constar registros da reflexão sobre o significado do curso e sua aplicação, valorizando a auto avaliação do cursista enquanto aprendiz; principais aspectos do aprendizado em comparação com as ações executadas anteriormente ao curso; as mensagens do WhatsApp; e registros como fotos, pinturas e poesias. Foi criado pela coordenação do curso um modelo de portfólio para melhor conduzir os cursistas. Ademais, as tutoras elaboraram um esboço no Word, contendo os tópicos sugeridos com as explicações, no intuito de auxiliar os cursistas na execução, pois vários relataram dificuldades para realizá-lo, sendo uma forma de contribuir com os poucos cursistas que conseguiram chegar à etapa final. Similarmente ao fórum, foi necessário um apoio intensivo e individualizado aos cursistas para a construção do portfólio no qual, alguns participantes enviaram para o WhatsApp das tutoras, em formato de mensagem ou no arquivo Word, as possíveis reflexões propostas nas questões do portfólio, modelo e fotos. As mesmas dialogaram de modo personalizado e individual por meio de mensagens escritas e áudios sobre aspectos relevantes a serem considerados, além de gravar tutoriais, adequar para PDF e enviar mensagens para estimular a escrita como na Figura 3. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 10 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Figura 3: Infográfico utilizado na turma IMU 1084 sobre instrumentos de avaliação do curso Fonte: Autores, 2022. Outro recurso avaliativo, porém, quantitativo, foram as notas das atividades avaliativas (quiz), que eram realizadas automaticamente pelo sistema, no qual o cursista tinha a maior nota obtida creditada, após suas diversas tentativas. Houve um período de recuperação das atividades, até dia 10 de dezembro de 2021, para acessar novamente os fóruns nos quais as tutoras informaram Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 11 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 individualmente, sobre o conceito obtido de “insuficiente” e registrar sua participação a fim de alcançar o critério estabelecido, até o dia 31 de dezembro de 2021 para entrega do portfólio em formato PDF. Da turma IMU 0416, 10 cursistas (37,03%) tiveram suas inscrições canceladas; dos 17 que permaneceram matriculados no curso, apenas oito (47,05%) concluíram o curso e receberam certificação, ou seja, 29,62% dos que realizaram matrícula inicialmente. Da turma IMU 1084, 10 cursistas (35,71%) tiveram suas inscrições canceladas. Dos 18 que permaneceram matriculados no curso, apenas oito (44,44%) concluíram o curso e receberam certificação, ou seja, 28,57% dos que realizaram matrícula inicialmente. Nas últimas semanas de conclusão das atividades obrigatórias do curso, houve a proposta em caráter optativo, de elaboração de um projeto de intervenção com certificado extra. Mas, os cursistas da IMU 0416 e da IMU 1084 optaram por não participar e se dedicar a solucionar pendência das atividades e da elaboração do portfólio. Na perspectiva das duas tutoras, a tutoria contribuiu para enriquecer a experiência profissional e desenvolvimento de suas competências. Estas vivenciaram outra forma de aprendizado e de ensino, além da importância de acompanhar as mudanças tecnológicas e da necessidade do uso das TIC na educação na saúde frente às adequações urgentes nos serviços de saúde (Cavalcante et al., 2021). Ressalta-se a relevância da temática do curso de aperfeiçoamento, vacinas e vacinação, em um período de queda das coberturas vacinais em todo país e a campanha de uma nova vacina visando conter a pandemia e seus agravos. Consistiu de oportunidade de valorização da coletividade, da interdisciplinaridade e de educação na saúde visando o fortalecimento das ações de imunização, por meio do desenvolvimento de ações para melhoria da qualidade da assistência prestada. Na EaD, as tutoras exerceram relevante papel ao resgatar e incentivar os cursistas, negociando prazos e, principalmente, pactuando estratégias para o bom e agradável andamento deste aprendizado. Foi necessário instigar a reflexão crítica e mediar os conhecimentos, que exigiu preparo teórico e prático por parte das tutoras. Ficou claro a relevância da tutoria desde o início das atividades na captação, suporte e estímulo dos inscritos, bem como durante todo o processo de desenvolvimento do curso incentivando e apoiando os cursistas no fornecimento de informações, na construção do conhecimento, na orientação do processo ensinoaprendizagem personalizado com feedback frequente, no gerenciamento do tempo, na participação das atividades, na mentoria, na avaliação formativa, no planejamento educacional, no profissionalismo, na defesa da saúde, na liderança e gerenciamento, na colaboração, na comunicação em saúde e na formação de vínculo e confiança. As falas dos cursistas, ao término do curso e recebimento do certificado, explicitaram o quanto a tutoria foi essencial no desenvolvimento da educação na saúde na modalidade digital. Evidencia-se o apoio, o incentivo, a mentoria e colaboração como fundamentalpor meio de um relato de um dos cursistas para a tutora: Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 12 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 Obrigada @Fabiana pela paciência, e por acreditar em mim, não desistindo de me incentivar a continuar. Que o Senhor continue te abençoando e fazendo prosperar. Creio que hoje sou uma profissional e um ser humano melhor do que quando comecei o curso. Obrigada CONASEMS e equipe (Cursista da turma IMU 0416, 2022). E apesar dos desafios para a conclusão do curso, a atuação das tutoras como mentoras, modelos, pesquisadoras, estudiosas, profissionais e colaboradoras foi o diferencial: “que maravilha recebi meu certificado também, foi muito difícil chegar até final, desisti muitas vezes, não conseguiria sem o seu incentivo, e dedicação, gratidão” (Cursista da turma IMU 0416, 2022), e ainda em “Muito obrigada foi muita dificuldade, obrigada por não desistir de mim” (Cursista da turma IMU 0416, 2022). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS As atividades realizadas durante o processo de formação, viabilizado pela tutoria junto ao curso de aperfeiçoamento do projeto ImunizaSUS, possibilitaram discussões e reflexões a partir das experiências e vivências com os eixos temáticos propostos, gerando reflexões críticas sobre a atuação cotidiana. Neste sentido, a educação na saúde na modalidade digital, fundamentou-se na análise crítica da realidade articulada com evidência científica que possibilitou o desenvolvimento, construção do conhecimento e melhorias na temática em foco. Como contribuição tem-se o presente relato com ênfase na mediação das tutoras na educação na saúde, na modalidade digital, e apresentação dos diferentes recursos do curso de aperfeiçoamento para o desenvolvimento de competências, fundamentado na problematização e interprofissionalismo. No decorrer do aperfeiçoamento supracitado, a tutoria foi essencial para a adesão e permanência dos cursistas. Para as tutoras, constituiu desafio trabalhar um tema tão importante em um momento singular de pandemia, sendo uma experiência ímpar. Como limitação do estudo aponta-se que embora seja um relato na perspectiva de apenas duas tutoras, pretendeu-se revelar a vivência singular e não traçar generalizações. REFERÊNCIAS BES, P. et al. Metodologias para aprendizagem ativa. Porto Alegre: SAGAH, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Programa Nacional de Imunizações (PNI):40 anos. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Secretaria-Executiva. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Glossário Temático: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, n. 24, e14810, 2024, p. 13 de 13 CC BY 4.0 | ISSN 2447-1801 | DOI: https://doi.org/10.15628/rbept.2024.14810 CAVALCANTE, E. S. et al. Tutoria para capacitação de técnicos de enfermagem no enfrentamento da covid-19: relato de experiência. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, [S. l.], v. 1, n. 20, p. e1330, 2021. DOI: 10.15628/rbept.2021.11330. DIÓGENES, M. H. B. DA C.; SILVA, L. L. S.; SOUZA, A. A. DE. Educação Profissional no Ensino Superior à Distância e o papel da tutoria para a formação humana. 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