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Copyright do texto © 2022 Os autores
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Ciências agrárias: conhecimento e difusão de tecnologias 2
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Revisão:
Organizadores:
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Mariane Aparecida Freitas
Amanda Kelly da Costa Veiga
Os autores
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos
Edson Dias de Oliveira Neto
Janaiane Ferreira dos Santos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C569
Ciências agrárias: conhecimento e difusão de tecnologias 2
/ Organizadores Raissa Rachel Salustriano da SilvaMatos, Edson Dias de Oliveira Neto, Janaiane Ferreira
dos Santos. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2022.
Formato: PDF
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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-258-0308-1
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.081221807
1. Ciências agrárias. I. Silva-Matos, Raissa Rachel
Salustriano da (Organizadora). II. Oliveira Neto, Edson Dias
de (Organizador). III. Santos, Janaiane Ferreira dos
(Organizadora). IV. Título.
CDD 630
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
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APRESENTAÇÃO
A demanda por alimentos no mundo vem crescendo a cada ano, e para atendê-la o
uso de tecnologias que possibilitem a planta de expressar seu potencial máximo produtivo
são imprescindíveis. Desde o início da atividade agrícola pelo homem, quando mesmo
deixou de ser nômade, até os dias de hoje com insumos de última geração e tecnologias
que permitem uma agricultura de precisão a troca de experiências e conhecimentos são
fundamentais para perpetuar e evoluir a gestão dos sistemas de produção relacionados a
agricultura.
O conhecimento empírico e o cientifico tem igual importância e devem andar
lado a lado, a experiência de quem vive no campo com conhecimentos passados de
geração para geração juntamente com o que é ensinado na academia. Sendo assim as
pesquisas científicas no ramo agrícola devem ser desenvolvidas para solucionar problemas
encontrados pelo agricultor/produtor, e os resultados obtidos divulgados com linguagem
acessível, de modo a transformar a ciência em conhecimento prático.
Tratando de tecnologia é comum relacionar o mapeamento de áreas por drones ou
maquinários realizando suas atividades sem um operador, e sim, são tecnologias! Porém
deve-se levar em consideração tudo aquilo que antes não era utilizado na propriedade e
se fez presente gerando benefícios. Como exemplo, o sistema de plantio direto (ou cultivo
na palha) uma tecnologia relativamente simples que surgiu da observação de produtores
no campo e posteriormente seguiu para a pesquisa onde foi possível obter respostas
específicas de como esse sistema funciona e até mesmo recomendar para diferentes
regiões.
Sendo assim, é de suma importância a troca de conhecimentos para se alcançar
novas tecnologias e principalmente que estes conhecimentos sejam difundidos entre
pessoas que atuam de alguma forma na área agrária. Que a sua leitura seja proveitosa!
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos
Edson Dias de Oliveira Neto
Janaiane Ferreira dos Santos
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
APLICACIONES DE ENMIENDAS ORGÁNICAS E INORGÁNICAS EN GRANADO (Punica
granatum L.) ‘WONDERFUL’: CONCENTRACIÓN DE NUTRIENTES EN HOJA
Rosa María Yáñez Muñoz
Juan Manuel Soto Parra
Esteban Sánchez Chávez
Linda Citlalli Noperi Mosqueda
Angélica Anahí Acevedo Barrera
Ramona Pérez Leal
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218071
CAPÍTULO 2 ...............................................................................................................17
ADUBAÇÃO NITROGENADA SUPLEMENTAR NA CULTURA DA SOJA EM RENOVAÇÃO
DE CANAVIAL
Mateus Sebastião Vasques Donegar
Bruno Spolador Lopes
João Vitor Moreno
João Vitor do Nascimento
José Henrique Cabelo
Rodrigo Merighi Bega
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218072
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................27
DESENVOLVIMETO DO GENGIBRE SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ADUBAÇÃO
Bruno Nascimento Falco
Paula Aparecida Muniz de Lima
Gilma Rosa do Nascimento
Simone de Oliveira Lopes
Glaucia Aparecida Mataveli Ferreira
Rodrigo Sobreira Alexandre
José Carlos Lopes
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218073
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................41
ADUBAÇÃO FOSFATADA EM COBERTURA NA CULTURA DO MILHO: UM ESTUDO DE
CASO
Rômulo Leal Polastreli
Dalila da Costa Gonçalves
Gracieli Lorenzoni Marotto
Wilian Rodrigues Ribeiro
Vinicius Agnolette Capelini
Luis Moreira de Araújo Junior
Leandro Pin Dalvi
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218074
SUMÁRIO
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................52
COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MATERIAIS NA
CONSTRUÇÃO DE UM CARNEIRO HIDRÁULICO ALTERNATIVO
Julia Cerqueira Lima
Wilson Araújo da Silva
Cristiane Matos da Silva
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218075
CAPÍTULO 6 ...............................................................................................................62
ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS DE UM NEOSSOLO
DIFERENTES USOS NO MUNICÍPIO DE CODÓ-MA
Herbert Moraes Moreira Ramos
Francisco Bezerra Duarte
Antônio Alisson Fernandes Simplício
Izabella Maria Costa Oliveira
Daniel de Lima Feitosa
QUARTZARÊNICO
SOB
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218076
CAPÍTULO 7 ...............................................................................................................73
EFECTO DE LA DENSIDAD DE PLANTACIÓN SOBRE EL DESEMPEÑO AGRONÓMICO
Y RENDIMIENTO DE TOMATE INJERTADO
Neymar Camposeco Montejo
Perpetuo Álvarez Vásquez
Antonio Flores Naveda
Norma Angélica Ruiz Torres
Josué Israel García López
Adriana Antonio Bautista
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218077
CAPÍTULO 8 ...............................................................................................................85
MODELAGEM DO PROCESSO DE SECAGEM DE SEMENTES DE ABÓBORAS EM
DIFERENTES TEMPERATURAS
Paulo Gustavo Serafim de Carvalho
Acácio Figueiredo Neto
Lucas Campos Barreto
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218078
CAPÍTULO 9 ...............................................................................................................99
A CULTURA DO RAMBUTAN
Gabriela Sousa Melo
Marina Martins Fontinele
Karolline Rosa Cutrim Silva
Ruslene dos Santos Souza
Bruna Oliveira de Sousa
Brenda Elen Lima Rodrigues
Samuel Ferreira Pontes
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos
SUMÁRIO
https://doi.org/10.22533/at.ed.0812218079
CAPÍTULO 10...........................................................................................................107
DIREITO AGRÁRIO E O AGRONEGÓCIO: O SURGIMENTO DE UM RAMO JURÍDICO
INDEPENDENTE
Robson Silva Garcia
Milena Alves Pimenta Machado
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180710
CAPÍTULO 11 ........................................................................................................... 119
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE EQUINOS ATLETAS: REVISÃO
DE LITERATURA
Ana Caroline da Costa Tinoco
Adryan Adam Batalha de Miranda
Anna Maria Fernandes da Luz
Juliana Ramos Cavalcante
Marcos Daniel Rios Lima
Vivian Fernandes Rosales
Cláudio Luís Nina Gomes
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180711
CAPÍTULO 12...........................................................................................................122
ANÁLISE DO ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL (ECC) EM DIFERENTES
CATEGORIAS SOB A TAXA DE CONCEPÇÃO
Maria Isabela de Souza dos Santos
Anna Júlia de Souza Porto
Leticia Peternelli da Silva
Isabela Bazzo Costa
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180712
CAPÍTULO 13...........................................................................................................128
CARNE CELULAR: NOVOS RUMOS NA CADEIA PRODUTIVA DA PROTEÍNA ANIMAL
Carla Janaina Rebouças Marques do Rosário
Lenka de Morais Lacerda
Sérvio Túlio Jacinto Reis
Ferdinan Almeida Melo
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180713
CAPÍTULO 14...........................................................................................................142
DESENVOLVIMENTO DE BOLINHOS CONDIMENTADOS A PARTIR DE CORTES
BOVINOS DE BAIXO VALOR COMERCIAL
Elisandra Cibely Cabral de Melo
Bárbara Camila Firmino Freire
Francisco Sérvulo de Oliveira Carvalho
Bárbara Jéssica Pinto Costa
Daniela Thaise Fernandes Nacimento da Silva
SUMÁRIO
Vilson Alves de Góis
Karoline Mikaelle de Paiva Soares
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180714
CAPÍTULO 15...........................................................................................................156
EFEITO DOS DIFERENTES TEORES E FONTES DE GORDURA NAS CARACTERISTICAS
DE EMBUTIDO DE CARNE DE OVINA DO TIPO LINGUIÇA COLONIAL
Adriel Fernandes Grance
Helen Fernanda Barros Gomes
Angelo Polizel Neto
Carolina Toleto Santos
Bruno Lala
Roberto de Oliveira Roça
Heraldo Cesar Gonçalves
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180715
CAPÍTULO 16...........................................................................................................167
ELABORAÇÃO DE BARRA ALIMENTÍCIA ENRIQUECIDA COM FARINHA DE CASCA DE
MARACUJÁ DO CERRADO (Passiflora cincinnata)
Milton Nobel Cano-Chauca
Marcos Ferreira dos Santos
Gabriela Fernanda da Cruz Santos
Heron Ferreira Amaral
Lívia Aparecida Gomes Silva
William James Nogueira Lima
Larissa Rodrigues Soares
Gustavo Machado dos Santos
Ana Laura Ribeiro de Freitas
Marina Tatiane Guimaraes
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180716
CAPÍTULO 17...........................................................................................................176
CARACTERIZAÇÃO DOS ALIMENTOS CONVENCIONAIS E ORGÂNICOS: UMA
REVISÃO DE LITERATURA
Dayane de Melo Barros
Danielle Feijó de Moura
Vanessa Maria dos Santos
Letícia da Silva Pachêco
Bruna Karoline Alves de Melo Silva
Zenaide Severina do Monte
Andreza Roberta de França Leite
Hélen Maria Lima da Silva
Francyelle Amorim Silva
Jefferson Thadeu Arruda Silva
André Severino da Silva
Thays Vitória de Oliveira Lima
Cleiton Cavalcanti dos Santos
SUMÁRIO
Tamiris Alves Rocha
Marllyn Marques da Silva
Talismania da Silva Lira Barbosa
Clêidiane Clemente de Melo
Maurilia Palmeira da Costa
Silvio Assis de Oliveira Ferreira
Juliane Suelen Silva dos Santos
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180717
CAPÍTULO 18...........................................................................................................183
MÉTODO DE CAMINHAMENTO EM INVENTÁRIO FLORÍSTICO DE FRAGMENTOS DO
BIOMA PAMPA
Italo Filippi Teixeira
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180718
CAPÍTULO 19...........................................................................................................198
CUSTO PARA PLANTIO DE CUMARU (Dipteryx SP.) NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA
EXPERIMENTAL DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA EM SANTARÉM,
PARÁ
Daniela Pauletto
Sylmara de Melo Luz
Igor Feijão Cardoso
Maira Nascimento Batistello
Leticia Figueiredo
Cláudia da Costa Cardoso Matos
Kelliany Moraes de Sousa
Adrielle Fernandes da Silva
Patrícia Guimarães Pereira
Anderson da Costa Gama
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180719
CAPÍTULO 20...........................................................................................................214
FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS EM ÁREAS MINERADAS E EM
FRAGMENTO FLORESTAL EM CAPITÃO POÇO-PA
Antonio Naldiran Carvalho de Carvalho
Jessyca Tayani Nunes Reis
Carlakerlane da Silva Prestes
Jamilie Brito de Castro
Rayane de Castro Nunes
Luiz Carlos Pantoja Chuva de Abreu
João Olegário Pereira de Carvalho
Gerson Diego Pamplona Albuquerque
Cassio Rafael Costa dos Santos
Helaine Cristine Gonçalves Pires
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180720
SUMÁRIO
CAPÍTULO 21...........................................................................................................227
CONTRIBUTO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA NA GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS
RECURSOS NATURAIS PARA O DESENVOLVIMENTO, NO DISTRITO DE MECUBURI,
MOÇAMBIQUE
Alexandre Edgar Lourenço Tocoloa
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180721
CAPÍTULO 22...........................................................................................................242
IMPORTÂNCIA, APROVEITAMENTO E DIVERSIDADE DOS USOS DO BABAÇU
(Orbignya phalerata MART) NA REGIÃO DE IMPERATRIZ – MA
Bianca Soares da Silva
Luana Lima Azevedo
Bruno Araújo Corrêa
Paula Vanessa de Melo Pereira Aguiar
Cristiane Matos da Silva
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180722
CAPÍTULO 23...........................................................................................................253
LOS HUERTOS PERIURBANOS FAVORECEN ESPACIOS DE RESISTENCIA, SAN
FELIPE ECATEPEC, SAN CRISTBAL DE LAS CASAS, MÉXICO
Cecilia Elizondo Amparo Vázquez García
https://doi.org/10.22533/at.ed.08122180723
SOBRE OS ORGANIZADORES ............................................................................266
ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................................267
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
APLICACIONES DE ENMIENDAS ORGÁNICAS E
INORGÁNICAS EN GRANADO (Punica granatum L.)
‘WONDERFUL’: CONCENTRACIÓN DE NUTRIENTES
EN HOJA
Data de aceite: 05/07/2022
Rosa María Yáñez Muñoz
Doctorado en Ciencias en Manejo Sustentable
de los Recursos Naturales en Zona Áridas y
Semiáridas
Facultad de Ciencias Agrotecnológicas de la
Universidad Autónoma de Chihuahua
Chihuahua, Chih., México
Juan Manuel Soto Parra
D. Ph. Doctorado en Ciencias en Recursos
Naturales
Facultad de Ciencias Agrotecnológicas de la
Universidad Autónoma de Chihuahua
Chihuahua, Chih., México
Esteban Sánchez Chávez
Doctorado en Ciencias Fisiología Vegetal
Centro de Investigación en Alimentos y
Desarrollo (CIAD)
Delicias, Chihuahua., México
Linda Citlalli Noperi Mosqueda
Doctorado en Ciencias Hortofrutícolas
Facultad de Ciencias Agrotecnológicas de la
Universidad Autónoma de Chihuahua
Chihuahua, Chih., México
Angélica Anahí Acevedo Barrera
Doctorado en Ciencias Agrarias
Facultad de Ciencias Agrotecnológicas de la
Universidad Autónoma de Chihuahua
Chihuahua, Chih., México
Ramona Pérez Leal
Doctorado en Ciencias en Horticultura
Facultad de Ciencias Agrotecnológicas de la
Universidad Autónoma de Chihuahua
Chihuahua, Chih., México
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
RESUMEN: El cultivo del granado (Punica
granatum L) se caracteriza como un árbol de
porte pequeño, que ha tomado gran relevancia
en los últimos años, debido a que su fruto es
considerado un alimento funcional por sus
propiedades, la granada se caracteriza por ser
rico en antioxidantes, minerales y vitaminas.
Además, el cultivo representa una alternativa
en condiciones marginales. Las aplicaciones
de fertilizantes orgánicos pueden mejorar las
propiedades físicas, la actividad biológica, la
fertilidad de los suelos y la nutrición de los cultivos,
aunque la disponibilidad de nutrientes es más
lenta. El estudio se llevó a cabo durante el ciclo
2017, en el municipio de Coyame, Chihuahua,
México, en árboles de granado ‘Wonderful’, con
una distancia de plantación de 5.0 x 2.5 m (800
árboles por hectárea), Las fuentes empleadas
fueron Humus de lombriz sólido y líquido,
Sulfato de Potasio (K2SO4), Sulfato de Calcio
(CaSO4), AlgaEnzims (Bioestimulante orgánico)
y hongos micorrízicos, el diseño experimental
consistió en una estructura Taguchi L25 para 6
factores y 5 niveles, con los cuales se formaron
25 tratamientos con tres repeticiones, cada
repetición consistió de un árbol. Los resultados
indican que la fertilización con humus sólido,
humus líquido y AlgaEnzims complementada
con CaSO4 se considera una buena estrategia
de fertilización en granado y de esta manera
obtener una producción sostenible en la región
y contribuyendo con el cuidado del medio
ambiente.
PALABRAS CLAVE: Fertilización, Humus
sólido, humus líquido, Sulfato de calcio, Sulfato
de potasio, Bioestimulantes.
Capítulo 1
1
INTRODUCCIÓN
El granado (Punica granatum L.) se ha caracterizado como un árbol de porte pequeño
perteneciente a la familia Lythraceae (Rajaei & Yazdanpanah 2015), el cual ha tomado gran
relevancia en los últimos años, debido a que su fruto el cual es llamado granada, se ha
considerado un alimento funcional, por ser rico en antioxidantes, minerales y vitaminas.
Además, el cultivo representa una alternativa en condiciones marginales y con baja oferta
hídrica (Carpio, 2013). Según Martínez et al. (2004) el granado presenta alta variabilidad,
resultando útil para realizar estudios nutricionales.
La producción mundial actual de granada no se conoce con precisión, pero
previamente se ha estimado en aproximadamente 3 millones t año−1 con 300,000 ha en
producción (Hernández, et al., 2012); el valor total del cultivo se desconoce. El cultivo de la
variedad ‘Wonderful’ se produce en varias regiones como Estados Unidos e Israel (Holanda
y Bar-Ya’akov, 2008). La variedad ‘Wonderful’ es una planta vigorosa con la capacidad de
producir altos rendimientos (Levin, 2006) se caracteriza por ser una fruta grande con un
exocarpio y jugo rojo oscuro, por lo que es atractiva para el mercado en fresco o bien para
ser procesada para jugo (Stover y Mercure, 2007).
Los nutrientes minerales, tienen funciones esenciales y específicas en el
metabolismo de las plantas, se encuentran como activadores de reacciones enzimáticas,
osmorreguladores y constituyentes de estructuras orgánicas (Latsague, et al., 2014). Aunque
la fertilización mineral en el suelo es la estrategia más utilizada para mejorar la producción
y la calidad de los cultivos, este tipo de fertilización a largo plazo no será el más efectivo
para mantener la fertilidad y el equilibro del suelo (Cucci, et al. 2019). Por otro lado, las
aplicaciones de fertilizantes orgánicos pueden mejorar las propiedades físicas, la actividad
biológica, la fertilidad de los suelos y la nutrición de los cultivos, aunque la disponibilidad de
nutrientes es más lenta (Zaragaoza, et al. 2011; Marquez, et al. 2010; Bastida, et al. 2017).
A su vez la aplicación de hongos micorrízicos ayuda a mejorar la absorción de nutrientes
(Tarango, et al., 2009). Tanto los métodos de fertilización mineral como los orgánicos se
caracterizan por sus ventajas y desventajas, en las que se ha mantenido un animado
debate durante mucho tiempo. Actualmente, se prefiere la fertilización orgánica con bajo
aporte químico (Cucci, et al., 2019).
La mayoría de los productores de granada aplican fertilizantes inorgánicos al voleo
(Glozer y Ferguson, 2008) o fertirrigación (Blumenfeld, et al., 2000). Aunque se ha reportado
que en los árboles frutales regularmente se realizan aplicaciones de nutrientes foliares
para corregir las deficiencias de los mismos, aumentar el rendimiento y corregir o prevenir
desordenes fisiológicos, existe poca evidencia publicada de productores de granada que
utilicen aplicaciones foliares de nutrientes minerales, excepto las aplicaciones de ZnSO4
para corregir deficiencias de Zn (Glozer y Ferguson, 2008; Stover y Mercure, 2007).
Por lo tanto estudios sobre el manejo nutricional del granado con fertilizantes
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
2
orgánicos e inorgánicos son muy limitados. Por lo que el objetivo de este estudio fue
determinar el efecto de la adición de la materia orgánica y fertilizantes inorgánicos sobre
el estado nutricional del granado, con el propósito de proporcionar las bases para una
producción y rendimiento sostenido.
MATERIALES Y MÉTODOS
Área experimental y tratamientos
El estudio se llevó a cabo durante el ciclo 2017, en el municipio de Coyame,
Chihuahua, México, en árboles de granado ‘Wonderful’, plantados en 2016, con una
distancia de plantación de 5.0 x 2.5 m (800 árboles por hectárea). El clima de la región es
desértico, árido y extremoso; con una temperatura máxima de 43ºC y una mínima de -15ºC.
La precipitación pluvial media anual es de 307.3 milímetros, con una humedad relativa
de 45% y un promedio de 45 días de lluvia, ubicado a una latitud norte 29°28”TM, longitud
oeste 105°06”TM; con una altitud de 1,220 metros sobre el nivel del mar. Colinda al norte
con Guadalupe, al este con Ojinaga, al sur con Aldama y Ojinaga y al oeste con Aldama
y Ahumada. El municipio tiene una distancia aproximada a la capital del estado de 143
kilómetros (INIFAP, 2018). El tipo de suelo que predomina es el Calcisol, las propiedades
físico-químicas fueron las siguientes: pH 7.71, conductividad eléctrica (C.E) 1.70 dS m-1,
contenido de materia orgánica (M.O.) 0.85%, para los macronutrientes los valores fueron:
Nitrógeno (N) 112.50 kg ha-1, Fósforo (P) 3.00 mg kg-1, Potasio (K) 362.5 mg kg-1, Calcio
(Ca) 5312.5 mg kg-1, Magnesio (Mg) 275.0 mg kg-1, y para micronutrientes fueron: Hierro
(Fe) 2.32 mg kg-1, Manganeso (Mn) 1.60 mg kg-1, Cobre (Cu) 0.20 mg kg-1.
Las fuentes de fertilización empleadas fueron: Humus de lombriz sólido, OptiHumusMR,
(pH 8.12, C.E. 10.18 ds m-1, Relación C/N 6.57, composición en porcentajes: M.O. 21.70,
C 12.59, N 1.91, P 0.96, K 1.68, Ca 3.52, Mg 1.35, Na 0.27; en mg kg-1: Fe 11850.29, Mn
458.80, Zn 173.65, Cu 34.04, B 164.74.); Humus líquido de lombriz, (pH 8.20, C.E. 4.06
ds m-1, Relación C/N 3.13, composición en porcentajes: M.O. 0.11, C 0.06, N 0.02, P 0.13,
K 0.13, Ca 0.01, Mg 0.004, Sodio (Na) 0.02; en mg kg-1: Hierro (Fe) 3.70, Manganeso
(Mn) 1.10, Zinc (Zn) 0.11, Cobre (Cu) 0.60, Boro (B) 7.33); Potasio (K) (K2SO4 Sulfato de
Potasio SOP51 Ultrasol SQM, 51.0% K2O, S 18.0%, pH en Solución al 10% 5.0, Solubilidad
a 20 ºC 11,14 g/100ml; Calcio (Ca) (sulfato de calcio SolugypMR, 31.31% CaO, 17.0% S),
AlgaEnzims (Potenciador orgánico de uso foliar y al suelo, extracto de algas marinas Palau
Bloquim, composición en porcentajes: Acondicionadores inherentes a las algas marinas,
93.84; Materia Orgánica (Material Algáceo) 4.15; Proteína 1.14; fibra cruda 0.43; Cenizas
0.28; Azúcares 0.13%; grasas 0.03; Nitrógeno (N) 1.45, Fósforo (P) 0.075, Potasio (K) 1.48,
Calcio (Ca) 0.062, Magnesio (Mg) 0.132, Sodio (Na) 1.36; Hierro (Fe) 0.44, Manganeso
(Mn) 0.0072, Zinc (Zn) 0.505, Cobre (Cu) 0.0147, Silicio (Si) 0.0004; hongos micorrízicos
(Sehumic-VamMR, Acualospora scobiculata, Gigaspora margarita, Glomus fasciculatum, G.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
3
constrictum, G. tortuosum, G. geosporum con 20,000 esporas viables Kg-1).
La composta y el humus de lombriz se aplicaron al voleo, mientras que los hongos
micorrízicos se distribuyeron en cuatro orificios de 10-15 cm de profundidad alrededor del
área de goteo del árbol, concordando con los puntos cardinales, el CaSO4 y K2SO4 fueron
aplicados en banda a una profundidad de 10 cm.
Para la conformación de tratamientos se utilizó una estructura Taguchi L25 para 6
factores y 5 niveles para cada factor (Tabla 1) con los que se formaron 25 tratamientos con
tres repeticiones, cada repetición consistió de un árbol (Tabla 2).
Taguchi L25, 6 repeticiones
Factores / Niveles
kg ha -1
CaSO4
LIX_LOMB
Concentración X
HUM_LOMB
0
0.0
0.0
150.0
750.0
1500.0
3000.0
1500.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
750.0
1
5
10
20
Media Simple
Elemento
L
K2SO4
Algas_M
Micorrizas
0.0
0.0
0.0
0.0
25.0
125.0
250.0
500.0
250.0
3.0
15.0
30.0
60.0
30.0
0.50
2.50
5.00
10.00
5.0
1.5
7.5
15.0
30.0
15.0
20.14
42.34
Tabla 1. Factores y niveles de aplicación estructura Taguchi L25, fertilización orgánica, mineral y
micorrizas en granado 2017. Coyame, Chih.
Material comercial ha -1
Trat
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Suma ha
HUM_LOMB
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
150.0
150.0
150.0
150.0
150.0
750.0
750.0
750.0
750.0
750.0
1500.0
1500.0
1500.0
1500.0
1500.0
3000.0
3000.0
3000.0
3000.0
3000.0
27000.0
LIX_LOMB
0.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
0.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
0.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
0.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
0.0
75.0
375.0
750.0
1500.0
13500.0
kg
CaSO4
0.0
25.0
125.0
250.0
500.0
25.0
125.0
250.0
500.0
0.0
125.0
250.0
500.0
0.0
25.0
250.0
500.0
0.0
25.0
125.0
500.0
0.0
25.0
125.0
250.0
4500.0
K2SO4
0.0
3.0
15.0
30.0
60.0
15.0
30.0
60.0
0.0
3.0
60.0
0.0
3.0
15.0
30.0
3.0
15.0
30.0
60.0
0.0
30.0
60.0
0.0
3.0
15.0
540.0
Algas
0.0
0.5
2.5
5.0
10.0
5.0
10.0
0.0
0.5
2.5
0.5
2.5
5.0
10.0
0.0
10.0
0.0
0.5
2.5
5.0
2.5
5.0
10.0
0.0
0.5
90.0
g
Micorrizas
0.0
1.5
7.5
15.0
30.0
30.0
0.0
1.5
7.5
15.0
15.0
30.0
0.0
1.5
7.5
7.5
15.0
30.0
0.0
1.5
1.5
7.5
15.0
30.0
0.0
270.0
Tabla 2. Distribución de los tratamientos acotados por el arreglo Taguchi L25
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
4
Contenido nutricional foliar
La concentración de nitrógeno total (Nt) se cuantificó por el método micro-kjeldhal
(Bremner y Mulvaney, 1982). El N-NO3 por el método de Brucina y espectrofotometría UVvisible (APHA, 1992), Para los iones de K, Ca, Mg, Na, Cu, Fe, Mn y Zn la muestra se
sometió a digestión ácida (Cottenie, 1994) y sus concentraciones fueron obtenidas por
espectrofotometría de absorción atómica, utilizando un equipo Perkin Elmer (modelo
AAnalyst 100). Para la determinación de P, las muestras se sometieron a digestión ácida
(Cottenie, 1994) y recuperación con vanadato-molibdeno de amonio y sus concentraciones
se obtuvieron en un espectrofotómetro ultravioleta visible en un equipo modelo Spectronic®
Genesys 5. Para la determinación de NO3=, las muestras se sometieron a sequedad y
posteriormente se recupera con brucina al 4% (Romiti. N. A. 1951) y sus concentraciones
se obtuvieron en un espectrofotómetro ultravioleta visible en un equipo modelo Spectronic®
Genesys 5.
Análisis estadístico
Se analizaron los resultados por medio del análisis de superficie de respuesta, este
análisis contempló los siguientes pasos: 1) ajuste del modelo y análisis de varianza para
estimar los parámetros. La superficie estimada será típicamente curveada, una colina cuyo
pico ocurre en el en el único punto estimado de máxima respuesta, un valle o una superficie
en forma de silla (saddle) sin ningún máximo o mínimo; se determina a) si los tipos de efectos
son lineales, cuadráticos o de productos cruzados, que tanto del error residual es debida a la
falta de ajuste y cuál es la contribución de cada factor en el ajuste estadístico; 2) correlación
canónica para investigar la forma de la superficie de respuesta predicha, se calcula si el
punto fijo es un máximo, un mínimo o un punto silla (saddle) y cuál factor o factores son las
respuestas predichas más sensibles y 3) análisis de cordillera (ridge) para la búsqueda de
la óptima respuesta. Los eigenvalores y eigenvectores del análisis canónico caracterizan
la forma de la superficie de respuesta; los eigenvalores señalan la dirección de la principal
orientación de la superficie, y los signos y magnitudes de los eighenvectores asociados
proporcionan la forma de la superficie en esas direcciones. Eigenvalores positivos indican
direcciones de la curvatura hacia arriba y eigenvalores negativos indican direcciones de
la curvatura hacia abajo. EL eigenvector para el eigenvalor más grande da la dirección de
ascenso pronunciado a partir del punto fijo, si es positivo, o descenso pronunciado, si es
negativo. Los eigenvectores correspondientes a eigenvalores pequeños o cero señalan
direcciones de aplanado relativo. Para determinar si la solución es un máximo o mínimo, se
observa el signo de los eigenvalores: Si los eigenvalores son todos negativos la solución es
un máximo; si son todos positivos la solución es un mínimo, si tienen signos mezclados es
un punto silla (saddle) y si contienen ceros la solución es un área aplanada.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
5
Ponderación de factores y variables
Dada la estructura factorial Taguchi L25 para la generación de tratamientos,
el análisis estadístico se realizó mediante superficie de respuesta lineal y cuadrática
completa, ajustando la superficie para determinar los niveles de los factores para respuesta
óptima. Dicha técnica se emplea cuando cada factor tiene tres o más niveles; se estima
una superficie de respuesta por regresión con el método de mínimos cuadrados; para ello
se utilizó el paquete estadístico SAS (SAS Institute Inc., SAS/STAT Software: Usage and
Reference, Version 6, First Edition, Cary, NC: SAS Institute Inc., 1989).
El análisis para cada variable de respuesta incluyó tres etapas: 1) Análisis de la
regresión y la contribución de cada factor al ajuste de la regresión; 2) análisis canónico
de la superficie de respuesta para determinar la forma de la curva de aquellos factores
que tuvieron respuesta significativa lineal, cuadrática e interacción de factores y 3) los
valores predichos según se haya seleccionado la respuesta mínima o máxima de acuerdo
con el rango original de los datos; se determina así mismo el porcentaje de incremento
o decremento de la variable de respuesta y de cada uno de los factores para alcanzar el
máximo o mínimo valor requerido.
Entonces, se resume el comportamiento de todas las variables de respuesta
(agrupadas o no por categorías) en un cuadro donde se especifican los factores y la media
simple para cada uno de ellos, se toman los eigenvalores resultantes expresados como
porcentajes de la media, positivos o negativos según sea el caso; la contribución de los
eigenvectores se expresa con signos redondeados a partir de 0.25 (es decir se parte del
primer cuartil o mayor) tal que 0.2501≤ + ≤ 0.3749, 0.3750 ≤ + + ≤ 0.6249, 0.6250 ≤ +++
≤ 0.8749, ++++ ˃ 0.8750, lo mismo sería para el caso de eigenvectores negativos, de esta
manera se pondera cuales factores son los que más influyen en esa variable.
Se obtiene la frecuencia de signos para cada eigenvalor y el total para los
eigenvalores presentes, este total se multiplican por 0.20 (se selecionan aquellos factores
cuya frecuencia de signos sea mayor al 20% de los signos observados indistintamente
positivos o negativos), posteriormente se obtiene el total de signos positivos y negativos,
puesto que los eigenvectores positivos son considerablemente mayores a aquellos
negativos, se seleccionarán aquellos factores de mayor peso cuya frecuencia de signos
(coeficiente de eigenvectores) sea mayor al 0.20, para seleccionar aquellos factores de
mayor peso de manera general para todas las variables de respuesta; de los factores
seleccionados
se obtiene la dosis máxima observada (siempre y cuando hayan sido
seleccionados dentro de cada variable de respuesta). Un subsecuente análisis para apoyar
la discusión estará conformado por la superficie de respuesta gráfica (lineal, cuadrática e
interacción que hayan resultado significativas), de esta manera se calcula si los factores
son independientes, presentan sinergismo o antagonismo y con ello se obtendrá el factor o
factores más críticos de manera general para el estudio.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
6
RESULTADOS Y DISCUSIÓN
Contenido nutricional foliar para macronutrientes
El análisis nutricional foliar es el método más adecuado para diagnosticar el estado
nutricional del cultivo y evaluar la disponibilidad de reservas de la planta (Legaz et al., 1995).
El nitrógeno (N) es el elemento mineral que las plantas requieren en grandes cantidades y
es considerado el nutriente limitante para el crecimiento y rendimiento de los cultivos (Antal
et al., 2010).
En el Cuadro 1 se observa que la media para la variable de Nitrógeno fue de 2.05%,
sin embargo, el rango de datos fluctuó de 1.21 a 2.49%, para llegar al nivel máximo del %
de N, existe una respuesta significativa del N, incrementando principalmente la aplicación
de AlgaEnzims con un 8.5 L ha-1, el Humus-líquido a 945.9 L ha-1, CaSO4 a 262.3 Kg ha1
, y 15.6 Kg ha-1 de Micorrizas, así como una interacción de Humus Liquido-AlgaEnzims,
aumenta el % de N hasta un 2.49%. Así como algunos factores incrementan para alcanzar
el máximo de N, otros disminuyen como es el Humus sólido de la media simple de 1500.0
a 676.0 Kg Ha-1, K2SO4 de 30 a 18.4 Kg ha-1. En otro experimento realizado por Zuoping
et al. (2014), se encontró respuesta a la aplicación de NPK en combinación con el humus.
Regresión
Lineal (L)
Cuadrática(C)
Productos
Modelo
0.3092V
0.7951
0.2848
0.3542
Predicho punto fijo
36.5885
Eigenvalores
50.40
36.39
-11.57
-20.27
Nt %
1.21
1.27
1.33
1.41
1.51
1.63
1.76
Error E.
0.342
0.346
0.349
0.349
0.342
0.328
0.306
Hum_sol
0.2160V
CX
Hum_liq
0.2899
Y
AlgaE
Factores kg - L ha-1
CaSO4
K2SO4
0.2564
0.2164
L
AlgaEnzims
0.2152
R2 0.9610
C.V. 5.15
Análisis canónico de la superficie de respuesta
µ 2.05
-8614.369
2167.6413
0.8303
0.3480
0.0510
0.5653
-0.0729
-0.0700
-0.4274
-0.0660
0.7520
0.4126
0.7963
0.4047
Valores predichos
Kg - L ha-1
750.0
250.0
30.0
785.4
241.9
28.9
823.0
238.2
27.9
857.2
237.4
26.8
885.6
238.6
25.7
907.1
241.5
24.5
922.3
245.4
23.3
1500.0
1496.0
1476.9
1436.9
1371.7
1282.6
1175.3
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Micorrizas
0.7260
-7334.672
740.3956
Eigenvectores
-0.2057
0.3423
-0.0467
-0.1290
108.3507
9483.9651
-0.3854
0.7349
-0.0013
-0.0198
0.4898
-0.1618
-0.0472
0.0260
5.0
5.4
5.7
6.2
6.6
6.9
7.3
15.0
15.2
15.4
15.5
15.5
15.5
15.5
Capítulo 1
7
1.91
2.08
2.27
2.49
+105.8
0.281
1056.8
932.6
250.0
22.0
7.6
0.253
932.3
939.3
254.9
20.8
7.9
0.229
804.9
943.5
260.0
19.6
8.2
0.214
676.0
945.9
262.3
18.4
8.5
Porcentaje de incremento (+) decremento (-) con respecto a la media simple
-54.9
+26.1
+6.1
-38.5
+69.0
15.6
15.6
15.6
15.6
+3.8
Superficie de respuesta máxima, análisis de cordillera (Ridge). µ Media general, C.V. Coeficiente de
variación, R2 Coeficiente de determinación. VProbabilidad de F: Pr ≥ 0.05 No significativo, Significativo
0.05 ≤ Pr ≤ 0.01, altamente significativo Pr ≤ 0.01. X Respuesta (Pr > │t│) significativa lineal (L),
cuadrática (C); YProductos significativos de ese factor con el resto. Fuentes: Hum_Sol Humus de
lombriz sólido (OptiHumusMR), pH 8.12, CE 10.16 dS m-1, M.O. 21.70%, C 12.59%, relación C/N 6.57,
Nt 1.91%, P 0.96%, K 1.68%, Ca 3.52%, Mg 1.35%, Na 0.27%, Cu 34.04 mg L-1, Fe 11850.3 mg L-1,
Mn 458.8 mg L-1, Zn 173.7 mg L-1, B 164.7 mg L-1; Hum_Liq Humus de Lombriz liquido (OptiHumusMR)
pH 8.20, CE 4.06 dS m-1, M.O. 0.11%, C 0.06%, relación C/N 3.13, Nt 0.02%, P 0.01%, K 0.13%, Ca
0.01%, Mg 0.004%, Na 0.02%, Cu 0.60 mg L-1, Fe 3.70 mg L-1, Mn 1.10 mg L-1, Zn 0.11 mg L-1, B 7.33
mg L-1; CaSO4_S (SoluGYp) 0.3131 CaO, 0.0072 MgO, 0.0013 SiO2, 0.0021 Fe2O3, 0.0012 K2O; K2SO4,
Sulfato de potasio SOP51 Ultrasol SQM, 0-0-51-18, 51% K2O; AlgaEnzims, extractos de algas marinas
Palau BIoquim, contenido % M.O. 4.15, proteína 1.14, fibra cruda 0.43, cenizas 0.28, azúcares 0.13,
grasas 0.03, K 1.48, N 1.45, Na 1.37, Mg 0.132, P 0.075, Ca 0.062, Zn 0.0505, Fe 0.044, Co 0.0275,
Cu 0.0147, Mn 0.0072, Si 0.0004; Micorrizas (Sehumic-VamMR, Acaulospora scobiculata, Gigaspora
margarita, Glomus fasciculatum, G. constrictum, G. tortuosum, G. geosporum con 20,000 esporas
viables kg-1). Valores críticos en grises son los eigenvectores de mayor peso para ese eigenvalor.
Z
Valores en negrillas corresponden a la media simple para ese factor.
U
Cuadro 1. Contenido nutricional foliar para nitrógeno total en granado tratado con materia orgánica,
nutriente y microorganismos promotores del desarrollo vegetal. 2017
Los factores que mayor impacto tuvieron en la variable de Nitrógeno fueron
AlgaEnzims, Humus líquido y K2SO4. Esto nos indica que los niveles óptimos para obtener
un porcentaje máximo en el contenido de N al 2.49%, fueron 676.0 Kg ha-1 de Humus
sólido, 945.9 L ha-1 de Humus líquido, 262.3 Kg ha-1 de CaSO4, 18.4 Kg ha-1 de K2SO4, 8.5
L ha-1 de Alga Enzimas y por último 15.6 Kg ha-1 de Micorrizas (Cuadro 1), García (2011)
observó que en huertos en producción de granado alcanzaron valores promedio de 3,0%
N en hojas jóvenes. En estudios previos se observó que se presenta una correlación lineal
positiva entre las concentraciones de N aplicadas y la concentración de N en la hoja en
granada (Hasani et al., 2016).
En nuestra investigación, se encontraron diferencias significativas en el análisis
nutricional foliar por efecto de aplicación de las diferentes dosis de composta complementada
con los fertilizantes inorgánicos y micorrizas, tanto para macronutrientes (N, Mg), como
para micronutrientes (Cu, Fe, Mn, y Zn) (cuadros 2 y 3).
En el Cuadro 2 se observa el resumen de los resultados del análisis estadístico.
Para las variables de macronutrientes, donde la media para N fue de 2.05%, P 0.169%, K
0.86%, Ca 1.67%, Mg 0.26%, Na 0.0108% y NO3- 2148.9 mg kg-1, Otros estudios reportan
las siguientes concentraciones N 1.96%, P 0.11%, K 0.73%, Ca 1.54%, Mg 0.30% y Na
0.0096% (Melgarejo et al. 2003). Giménez, et al. (1998), mostró los siguientes valores en
la variedad ‘Wonderful’ N 1.89%, P 0.16%, K 1.00%, Ca 3.10%, Mg 0.24. En otro estudio
en la variedad ‘Hicaz Nar’ (Korkmaz y Askin, 2015) encontraron los siguientes valores
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
8
nutricionales N 1.66%, P 0.085%, K 0.82%, Ca 3.25%, Mg 1.10%
Se observa que la YFrecuencia total observada para esa variable, se multiplica por
el 20% para seleccionar los factores de mayor peso; ZFrecuencia total para el conjunto de
variables, se seleccionan aquellos variables y factores con un subtotal igual o mayor al
20%, indicándonos con esto que las variables de mayor peso fueron N ≥ 26 y Mg ≥ 29. Los
principales factores que influyeron en la variable de N son: AlgaEnzims, Humus líquido,
K2SO4, así como la interacción de Humus Liquido-AlgaEnzims.
Eigenvalores
50.4U
36.4
-11.6
-20.3
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
193.6
-91.2
-186.5
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
28.8
-54.3
Frecuencia
Kg – L ha-1
Regresión
68.3
56.2
-54.1
Frecuencia
Kg – L ha-1
Regresión
68.3
56.2
-54.1
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
Hum_sol
1500.0
+++W
+
4
676.0
C
+++
3
1405.1
+++
3
1500.0
C
CaSO4
+++
3
243.9
C
Hum_líq
AlgaE
+++
3
1888.0
L, C
CaSO4
K2SO4
K2SO4
AlgaEnzims
Hum_líq
CaSO4
250.0T
30.0
5.0
750.0
Nitrógeno 2.05 (1.21 – 2.49%)
+
-++
+++
-+++
++
++
+++
++
6
3
6
7
945.9
262.3
18.4
8.5
AlgaE
L
Nitratos µ 2148.9 (4419.7 – 1295.3 mg kg-1)
+++
-+
++
+
+++
5
2
2
4
617.2
317.8
33.3
6.8
Fósforo µ 0.169 (0.279 – 0.156%)
+++
++
3
3
0
1
750.0
250.0
30.0
5.0
CaSO4,
C
Mico
Potasio µ 0.86 (0.57 – 1.06%)
-+++
+
++
+
+
++
+++
++
6
5
2
4
1142.5
214.1
29.0
5.1
C
AlgaE
K2SO4
K2SO4
-+
+++
6
557.0
L
CaSO4
Mico
Calcio µ 1.67 (1.39 – 3.83%)
+++
+
++
+
++
++
5
2
4
350.5
43.0
8.6
C
AlgaE
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
L, C
L, C
Micorrizas
15.0
Eigenvectores
Total, Frec. +/-
0
15.6
6
4/2
6
6/0
7
5/2
7
7/0
26Y
20 / 4
Selección ≥ 5
++
++
4
13.8
++
5
5/0
9
6/3
6
6/0
20
17 / 3
Selección ≥ 4
2
15.0
7
7/0
5
3/2
12
10 / 2
Selección ≥ 2
+
1
14.2
8
6/2
7
7/0
6
6/0
21
19 / 2
Selección ≥ 4
+
1
15.8
8
6/2
7
7/0
6
6/0
21
19 / 2
Selección ≥ 4
L
Capítulo 1
9
30.2
26.7
-10.4
-22.7
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
Magnesio µ 0.26 (0.19 – 0.33%)
++
--
---
+
5
1673.8
L, C
Hum_líq
CaSO4
AlgaE
++
5
76.0
++
-++
6
305.8
L, C
CaSO4
Mico
L, C
K2SO4
AlgaE
++
+
+++
++
4
36.9
2
6.1
++
+++
7
17.5
L, C
AlgaE
L, C
L
30.6
-28.7
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
+
-3
614.4
Sodio µ 0.0108 (0.0128 – 0.0082%)
+
+++
++
+++
++
3
3
3
2
1286.2
320.6
25.2
4.2
Subtotal
Selección
Proporción+/-
24
2/7
20 / 4
34
6/7
23 / 11
27
5/7
24 / 3
Resumen
19
24
2/7
5/6
19 / 0
20 / 4
15
3/7
15 / 0
0
13.8
Promotor %
83.3
67.6
88.9
100.0
83.3
100.0
Supresor %
Máximo
16.7
1500.0
32.4
1286.2
11.1
350.5
0.0
16.7
8.6
0.0
7
4/3
7
5/2
7
5/2
8
8/0
29
22 / 7
Selección ≥ 6
7
7/0
7
5/2
14
12 / 2
Selección ≥ 3
143
143
Total, prop.+ / 121Z / 22
Selección
≥ 24
T
Media simple niveles de los factores; UEigenvalores expresados como porcentaje de la media de la
variable respuesta; VRango; WCada signo corresponde a múltiplos de 0.25 redondeado al cuarto más
cercano; YFrecuencia total observada para esa variable, se multplica por el 20% para seleccionar
los factores de mayor peso; ZFrecuencia total para el conjunto de variables, se seleccionan aquellos
variables y factores con un subtotal igual o mayor al 20%. Intervalo nutricional entre paréntesis,
negrillas por debajo del rango óptimo, subrayado por encima del rango óptimo, de otra manera
suficiente; regresión L lineal, C cuadrática, factores como interacción.
Cuadro 2. Resumen del contenido nutricional foliar para macronutrientes en granado tratado con
materia orgánica, nutrientes y microorganismos promotores del desarrollo vegetal. 2017
Marathe, et al. (2017) mencionan que los incrementos en el contenido de N, P, K
y Mg en hoja, disminuyen el contenido de Zn y Mn conforme se incrementaba la dosis de
aplicación de fertilizantes de N, P, K para el caso de granado variedad ‘Arabi’. En este
estudio se observa que el K ayuda que el N se encuentre en nivel óptimos en cultivo
de granado, por lo contrario (Plesis y Koen, 1984) mencionan que la deficiencia de K
incrementa el contenido de N y Mg en las hojas. La relación antagónica entre K y N está
bien establecida, disminuye la toma de N debido a que se incrementa la fertilización con K
en naranjo ‘Valencia’.
Las concentraciones de N en la hoja que son menores del 2% generalmente se
consideran bajo en muchos árboles frutales, incluidos almendros, manzanas, albaricoque,
cereza, higo, limón y durazno (Benton-Jones et al., 1991). Concentraciones similares de
N en hoja (en el rango de 1.73% a 1.94%) se localizan en Irán, donde existen granados
cultivados en campo sin ninguna fertilización (Hasani et al., 2012, 2016) o con un manejo
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
10
estándar de fertilizantes (Davarpanah et al., 2017). En uno de las principales áreas de
cultivo de granada en Turquía, las concentraciones foliares de N en agosto fueron del 2.2%,
siendo valores superiores a los encontrados por (Korkmaz y Askin, 2015).
En trabajos similares (Zaragoza et al., 2011) observaron que la concentración
nutrimental foliar, mostró diferencias significativas entre tratamientos para el K y para el
Mg, sin diferencias para el resto de los elementos, para el caso de nogal pecanero.
El papel más conocido del magnesio (Mg) en las plantas es su presencia en el
centro de la molécula de clorofila y por esto es esencial para la fotosíntesis, también está
involucrado en el metabolismo de proteínas (Mengel y Kirkby, 2001), en el Cuadro 2 se
observa que la media para la variable de Magnesio fue de 0.26%, sin embargo, el rango
de datos fluctuó de 0.19 a 0.33%, para llegar al nivel máximo del % de Mg, existe una
respuesta significativa del Mg, incrementando principalmente la aplicación de Micorrizas
17.5 3 Kg ha-1, CaSO4 a 305.8 Kg ha-1, así como una interacción de CaSO4-K2SO4; CaSO4AlgaEnzims, aumenta el % de Mg hasta un 0.33%, así como algunos factores incrementan
para alcanzar el máximo de Mg, otros disminuyen como es el Humus líquido de la media
simple de 750.0 a 76.0 L ha-1. Por su parte, Soto, et al. (2016) reportaron que la aplicación
de hongos micorrízicos influyó en la producción y en el aumento del contenido de materia
orgánica en el suelo.
En otro experimento realizado por Hernández, et al. (2014) Observaron que el
análisis nutricional de Mg, indica para la dosis de 10 t ha-1 de composta más 436 kg ha-1
de 11-52-00, reflejó una dinámica nutricional mayor a las demás dosis evaluadas, siendo
para la dosis de 15 t ha-1de composta más 406 kg ha-1 de 11-52-00, fue la que reflejó la
menor concentración en la etapa de crecimiento del fruto y en la apertura del endocarpio
en pistacho.
Los micronutrientes son aquellos elementos que los cultivos requieren en bajas
cantidades y su concentración en el tejido vegetal es del orden de mg kg-1. Hasta el
momento, se incluyen al boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), hierro (Fe), manganeso (Mn),
molibdeno (Mo), níquel (Ni) y Zinc (Zn) (Torri, et al., 2014).
En el Cuadro 3 se observa el resumen de los resultados del análisis estadístico para
el contenido de micronutrientes, donde la media para Fe fue de 90.7 mg kg-1, Mn 30.5 mg
kg-1, Zn 16.4 mg kg-1, y Cu 9.9 mg kg-1, mientras que en otros estudios el contenido de Fe,
Mn y Zn fue de 113.16, 74.35 y 14.07 mg kg-1, respectivamente en la variedad ‘Ardestani’
(Davarpanah, et al. 2018), donde el contenido de Fe y Mn se encuentran por arriba de
nuestros valores.
Así como Korkmaz y Askin (2015) para Fe 97.92 mg kg-1, Mn 15.0 mg kg-1, Zn 11.18
mg kg-1, y Cu 11.42 mg kg-1, donde se observó que únicamente el contenido de Fe se
encuentra por arriba de lo reportado en este estudio, por otro lado Melgarejo, et al (2003)
encontró valores como Fe 143.4 mg kg-1, Mn 56.6 mg kg-1, Zn 50.9 mg kg-1, y Cu 18.4
mg kg-1, estas concentraciones se encuentran por arriba de las concentraciones que se
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 1
11
obtuvieron en este estudio. ZFrecuencia total para el conjunto de variables, se seleccionan
aquellos variables y factores con un subtotal igual o mayor al 13%, indicándonos con
esto que las variables de mayor peso fueron Fe ≥ 20, Mn ≥ 22, Zn ≥ 19 y Cu ≥ 21. Los
principales factores que influyeron en la variable de Fe son: Humus líquido, CaSO4, para
Mn los factores que inciden son: Humus Sólida, Humus Liquido y CaSO4, así como las
interacciones de Humus Sólido con Humus líquido, CaSO4, K2SO4 y AlgaEnzims. En el caso
del Zn: AlgaEnzims y Humus Sólido y por ultimo para el Cu fue: CaSO4, Humus Sólido,
Humus líquido y AlgaEnzims. La mayoría de los micronutrientes se encuentran asociados
con enzimas que regulan distintos procesos metabólicos, principalmente la respiración (Cu,
Fe, Mn, Zn), la fotosíntesis (Cu, Mn) y la síntesis de clorofila (Cu, Fe, Zn). El Mn interviene,
además, en el proceso de regulación enzimático y la permeabilidad de las membranas
(Torri, et al., 2014).
Eigenvalores
9.9U
-9.3
-16.5
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
39.3
20.8
-17.0
Frecuencia
Kg - L ha-1
Regresión
103.5
64.1
-69.8
Frecuencia
Kg – L ha-1
Regresión
41.1
25.0
-28.9
Frecuencia
Kg – L ha-1
Regresión
Hum_sol
1500.0
+++
3
1500.0
--++
6
1769.2
Hum_líq
CaSO4
K2SO4
AlgaE
+++
-5
1992.8
L, C
+++
-5
2059.1
Hum_líq
750.0
CaSO4
250.0T
K2SO4
30.0
AlgaEnzims
5.0
Micorrizas
15.0
Eigenvectores
Total, Frec. +/-
++
+
Fierro 90.7 (107.9 – 89.2 mg kg-1)
+++W
+
-++
+++
-5
4
3
2
750.0
250.0
30.0
5.0
3
15.0
6
6/0
8
6/2
6
3/3
20Y
15 / 5
Selección ≥ 4
Manganeso µ 30.5 (15.3 – 32.3 mg kg-1)
+++
+
-++
+
+
++
+
+
6
4
1
3
80.8
188.2
24.6
3.7
+
+
2
13.9
6
4/2
8
4/4
8
8/0
22
16 / 6
Selección ≥ 4
0
14.8
6
6/0
6
4/2
7
6/1
19
16 / 3
Selección ≥ 4
C
Mico
Zinc µ 16.4 (11.0 – 34.3 mg kg-1)
+
++
+
+++
++
++
++
3
3
2
6
872.9
307.2
27.1
9.5
K2SO4
CaSO4
L
L, C
AlgaE
AlgaE
Cobre µ 9.9 (8.3 – 15.5 mg kg-1)
+
++
+++
+
+++
++
++
4
6
2
4
775.8
366.3
30.8
9.0
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
L
0
15.2
Capítulo 1
6
6/0
7
4/3
8
7/1
21
17 / 4
Selección ≥ 4
12
Subtotal
Selección
Proporción+/-
19
3/4
11 / 8
18
3/4
13 / 5
16
3/4
15 / 1
Resumen
8
15
0/4
5/6
8/0
11 / 4
5
0/4
5/0
Promotor %
57.9
72.2
93.8
100.0
73.3
100.0
Supresor %
Máximo
42.1
2059.1
27.8
775.8
6.2
366.3
0.0
26.7
9.5
0.0
82
82
Total, prop.+ / 64Z / 18
Selección
≥ 13
T
Media simple niveles de los factores; UEigenvalores expresados como porcentaje de la media de la
variable respuesta; VRango; WCada signo corresponde a múltiplos de 0.25 redondeado al cuarto más
cercano; YFrecuencia total observada para esa variable, se multplica por el 20% para seleccionar
los factores de mayor peso; ZFrecuencia total para el conjunto de variables, se seleccionan aquellos
variables y factores con un subtotal igual o mayor al 20%. Intervalo nutricional entre paréntesis,
negrillas por debajo del rango óptimo, subrayado por encima del rango óptimo, de otra manera
suficiente; regresión L lineal, C cuadrática, factores como interacción.
Cuadro 3. Resumen del contenido nutricional foliar para micronutrientes en granado tratado con materia
orgánica, nutrientes y microorganismos promotores del desarrollo vegetal. 2017
CONCLUSIONES
•
Las aportaciones de enmiendas orgánicas (HS, HL y AE), mejoraron el contenido foliar de N, Mg, Fe, Mn, Zn y Cu.
•
El uso de CaSO4 influyó principalmente en la concentración nutricional de microelementos Fe, Mn, Zn y Cu.
•
La fertilización con humus sólido, humus líquido y AlgaEnzims complementada
con CaSO4 se considera una buena estrategia de fertilización en granado para
una producción sostenible.
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Capítulo 1
16
CAPÍTULO 2
ADUBAÇÃO NITROGENADA SUPLEMENTAR NA
CULTURA DA SOJA EM RENOVAÇÃO DE CANAVIAL
Data de aceite: 05/07/2022
Mateus Sebastião Vasques Donegar
Bruno Spolador Lopes
João Vitor Moreno
João Vitor do Nascimento
José Henrique Cabelo
Rodrigo Merighi Bega
RESUMO: Aproveitando o período em que o
solo fica desocupado na reforma do canavial,
produtores rurais têm utilizado a cultura da
soja como um meio de aumentar seu ganho
financeiro. O objetivo deste trabalho foi avaliar
o efeito da adubação nitrogenada em cobertura
como fonte extra de nitrogênio durante o ciclo
da soja cultivada sobre a palhada da cana-deaçúcar. O experimento foi conduzido no sítio
São Miguel situado no município de IrapuãSP. O delineamento utilizado foi em blocos
casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições,
a fonte de nitrogênio utilizada foi o nitrato de
amônio aplicado em cobertura, os tratamentos
constituíram das seguintes doses: 0, 10, 20, 40, 60
kg/ha-1 de N. A aplicação ocorreu nas entrelinhas
da soja no estádio fenológico V4 (quarto nó
vegetativo). No estádio fenológico R5.1 foram
analisadas as variáveis: massa seca da parte
aérea, massa úmida da raiz, massa dos nódulos,
quantidade de vagens de 5 plantas e a extração
de nitrogênio. Na colheita foi quantificado o
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
número de vagens, número de grãos por vagens,
peso úmido de mil grãos e a produtividade e
umidade ajustada a 13%. Notou-se que as doses
de nitrato aplicadas em cobertura no ambiente
de pesquisa elevaram a extração de nitrogênio,
massa da raiz e a produtividade da soja cultivada.
Sugerem-se novos trabalhos sobre a adição de
nitrogênio aplicado via cobertura da soja em
solos de reforma do canavial.
PALAVRA-CHAVE: Glycine max; Desempenho;
Adubação Nitrogenada; NH4NO3.
ABSTRACT: Taking advantage of the period
in which the soil remains unoccupied in the
sugarcane plantation reform, rural producers
have used soybean cultivation as a means of
increasing their financial gain. The objective of
this work was to evaluate the effect of topdressing
nitrogen fertilization as an extra nitrogen source
during the cycle of cultivated soybean on
sugarcane straw. The experiment was conducted
at the São Miguel site located in the municipality
of Irapuã-SP. The design used was in randomized
blocks with 5 treatments and 4 replications, the
nitrogen source used was ammonium nitrate
applied in topdressing, the treatments consisted
of the following doses: 0, 10, 20, 40, 60 kg/ha-1
of N. The application took place between the
soybean lines at the V4 phenological stage (fourth
vegetative node). In the phenological stage R5.1
the variables were analyzed: shoot dry mass,
root wet mass, nodules mass, number of pods
of 5 plants and nitrogen extraction. At harvest,
the number of pods, number of grains per pod,
wet weight of one thousand grains and yield and
moisture adjusted to 13% were quantified. It was
Capítulo 2
17
noted that the doses of nitrate applied in topdressing in the research environment increased
nitrogen extraction, root mass and productivity of cultivated soybean. Further studies are
suggested on the addition of nitrogen applied via soybean cover to sugarcane reform soils.
KEYWORDS: Glycine max; Performance; Nitrogen fertilization; NH4NO3.
INTRODUÇÃO
Dentro do agronegócio nacional, o Estado de São Paulo destaca-se pelo complexo
sucroenergético, resultado dos 4.080 mil hectares cultivados com a cultura da cana-deaçúcar, praticamente metade da área plantada em todo país (CONAB, 2022). Porém, para
manter a produtividade em patamares adequados, os canaviais necessitam de renovações
(SOARES, 2008) e nesse momento, o solo fica em pousio desde a colheita do último ciclo
da cana-de-açúcar até seu replantio.
Nesse período, que varia de 120 a 150 dias em média, é possível utilizar o solo com
culturas comerciais e a soja vem se destacando pelo aspecto econômico e agronômico.
Tanimoto e Bolonhezi (2002) já alertavam para viabilidade deste sistema para rotação com
a cultura da soja, que resulta em melhores rendimentos e redução no custo de implantação
do canavial.
Normalmente, para viabilizar a ocupação do solo na renovação do canavial, o
sojicultor opta por cultivares de ciclo precoce, muitas vezes na faixa dos 110-120 dias, que
gera menos tempo para o seu desenvolvimento e consequentemente um período menor
de formação das suas estruturas vegetativas e principalmente para a nodulação que é
responsável pela maior o nitrogênio requerido pela planta durante o seu ciclo (ALVES et.
al 2021).
O nitrogênio (N), principal componente de aminoácidos e proteínas nas plantas
tendo papel muito importante na composição da clorofila onde ocorre a fotossíntese, a
planta deve estar sempre suprida para não prejudicar sua produção de aminoácidos e
proteínas (REETZ et al.,2017), é um nutriente requerido em maior quantidade pela cultura
da soja, para cada tonelada colhida é necessário aproximadamente 82 kg de N (OLIVEIRA
et al.,2014). Basicamente, as fontes de N disponíveis para as plantas são o N proveniente
da mineralização da matéria orgânica do solo, os fertilizantes nitrogenados e a fixação
biológica de nitrogênio (HUNGRIA et al.,2007).
Alves et. Al (2021) relatam que solos ácidos ou com elevados teores de alumínio além
de baixos teores de cálcio e magnésio apresentam baixa nodulação, e, consequentemente,
o nitrogênio adicionado no sistema produtivo pode não ser suficiente para atender a
demanda nutricional da soja para altas produtividades. Em condições normais, a fixação
biológica da soja é capaz de suprir de 72 a 94% da exigência da cultura (HUNGRIA et
al.,2005).
Assim, o nitrogênio mineral muitas vezes disponibilizado unicamente na semeadura
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
18
pode não ser suficiente para altas produtividades, demandando suplementação em
cobertura, sobretudo após a cultura da cana-de-açúcar, condição muitas vezes de solos
com problemas de fertilidade.
Somado a isso, há presença de grandes volumes de palha decorrente da colheita de
cana de açúcar, em média 12% do que é colhido em colmos de palha por ha-1 (MENANDRO
et al.,2017), e, cada tonelada de palhada demanda 5 kg de N por ha-1 para a sua
decomposição (FLOSS et al.,2021) o que pode deixar o sistema ainda mais carente em N.
Portanto, a utilização da adubação de cobertura na soja visa melhorar a produtividade
suprindo essa lacuna pode ser uma prática interessante.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação nitrogenada em cobertura
no desenvolvimento e produtividade da cultura da soja cultivada em área de reforma de
canavial.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi implantado em uma área de reforma de canavial no sítio São
Miguel, situado no município de Irapuã-SP, localizado nas seguintes coordenadas
geográficas: latitude 21°17´02´´S e longitude 49°24´13´´O.
Foi realizada a amostragem do solo para fins de fertilidade da camada 0-20 cm,
conforme mostra a tabela 1 (RAIJ et al.,1997). Não foi realizado nenhum processo de
correção, foi feito apenas uma subsolagem afim de evitar problemas de compactação
dispostos do tráfego de máquinas durante os 5 anos de cultivo da cana-de-açúcar a e
dessecação da área dias antes da semeadura.
A cultivar semeada foi a SOJA INTACTA RR2 98Y01PRO, pertencente a empresa
Pioneer Sementes, possui ciclo vegetativo curto com a colheita prevista para 120 dias após
a semeadura, apresenta bom engalhamento, boa estabilidade de colheita, boa sanidade e
tem crescimento determinado.
A semeadura ocorreu em sistema de plantio direto, o espaçamento utilizado foi de
50 cm entre linhas e a população final esperada na colheita de 220.000 plantas ha-1. Na
adubação de semeadura foi utilizado 12kg ha-1 de N, 90kg ha-1 de P2O5, 30kg ha-1 de K2O. A
aplicação do Potássio em cobertura ocorreu em área total no estádio fenológico V4 na dose
de 100 kg/ha-1 de KCl calculado segundo Raij et al., (1997).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro
repetições, utilizando o nitrato de amônio como fonte de nitrogênio nas doses de 0,0 kg; 10
kg; 20 kg; 40 kg e 60 kg ha-1 de N e 4 repetições, totalizando vinte tratamentos distribuídos
ao acaso em parcelas de 4,5 m de largura por 5 m de comprimento. A adubação de cobertura
ocorreu manualmente nas entrelinhas da soja no estádio V4 (4 nó vegetativo) da escala de
A primeira avaliação ocorreu quando a cultura estava no estádio de R5.1 (início
do enchimento dos grãos), foram coletadas manualmente 05 plantas inteiras por parcela
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
19
dispostas de parte área e sistema radicular, foi realizada a pesagem em balança de
precisão para: massa úmida dos nódulos, massa úmida da parte aérea e massa seca da
raiz, realizou-se a contagem de nós e de vagens, por fim, a parte aérea foi triturada afim
de obter uma amostra do tecido vegetal que foi enviada a laboratório para análise do teor
de nitrogênio segundo Raij et al, (1997).
A colheita foi realizada manualmente aos 120 dias após semeadura, foram coletadas,
no interior das parcelas todas as plantas de 5 linhas em 4 metros lineares. todo o material
foi separado e identificado, foi feita a debulha manual de mil grãos de cada parcela para
o estimar a produtividade, a umidade foi ajustada a 13%, em seguida foi feita a contagem
manual do número de vagens de 1, 2, 3 e 4 grãos, os grãos foram encaminhados ao
laboratório para a análise do teor de N.
Os dados foram submetidos a análise de variância, e as médias submetidas a
análise de regressão polinomial até o segundo grau e a 5% de probabilidade no software
SISVAR (FERREIRA et al.,2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância mostrou que a adubação com nitrogênio em cobertura da soja
aumentou a massa seca da raiz, extração de N em kg ha-1, quantidade de vagens de1, 2,
3 e 4 grãos e a produtividade (Tabelas 2 e 3). Para os demais atributos avaliados (como a
massa seca da parte aérea, quantidade de nós e a massa dos nódulos) não houve efeito.
O sistema radicular respondeu positivamente a adubação nitrogenada em cobertura,
com aumento linear (Figura 1) até a dose de 60 kg ha-1 de N, quando se obteve a maior
massa de raiz (15,80g) representando um ganho de 47% frente a dose de 0 kg de N
ha-1 (Tabela 2). O melhor desenvolvimento do sistema radicular é um importante fator pois
explora um maior volume de solo possibilitando maior acesso a água e nutrientes o que
pode impactar a produtividade da lavoura, o que também ocorreu.
A extração de nitrogênio aumentou linearmente com o aumento das doses (Figura
2), sendo que no estádio fenológico R5.1, as maiores extrações ocorreram nas maiores
doses, a aplicação de 60 kg de N ha-1 um aumento de 50% na extração de N em relação a
dose 0 (Tabela 2).
O nitrogênio aplicado em cobertura provavelmente proporcionou o aumento na
produtividade da cultura pois quando o nutriente é aplicado em doses bem ajustadas,
disponibilizando N de forma pronta e de rápida absorção para a planta, a resposta vem no
aumento do número de vagens e da própria produtividade.
A adubação nitrogenada em cobertura proporcionou aumento linear do número de
vagens de 1, 2, 3 e 4 grãos (Figura 2 a 5) o que impactou positivamente a produtividade
(Figura 6). O nitrogênio aumenta a capacidade das plantas em produzir gemas reprodutivas,
por ser um elemento ligado a síntese de clorofilas e compostos proteicos (MALAVOLTA et
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
20
al.,2006). Como as vagens se originam em gemas desenvolvidas dos ramos principais
e secundários da soja, o maior número de vagens pode se originar dessas gemas em
eventuais lacunas. Mendes et al. (2008) constatou aumento de produtividade da soja com
adubação de 50 kg ha-1de N.
A dose de 60 kg de nitrogênio ha-1 resultou numa produção de 4.150 kg de grãos
por ha (Tabela 4), somente para atingir essa produtividade a cultura necessita de 350 kg
-1
de N por ha-1 esse valor pode ser maior somado ao nitrogênio imobilizado pela palhada da
cana-de-açúcar, e com esse fator da imobilização do N pela palhada FBN pode não suprir
totalmente a cultura e nesse contexto as doses de nitrato de amônio aplicadas em cobertura
forneceram o N como fonte extra para a cultura se suprir. Pela equação de regressão, cada
quilo de nitrogênio adicionado no solo, possibilitou um ganho de 12,5 quilos de grãos de
soja.
A provável lacuna de nitrogênio suprida com o nitrogênio mineral aplicado em
cobertura permitiu um melhor desenvolvimento do sistema radicular no momento que a
cultura estaria entrando na fase de maior demanda por nutrientes. Interessante ressaltar
que à medida que se aumenta a dose de nitrogênio, há um aumento na extração de N,
aumento na quantidade de vagens (1, 2, 3 e 4 grãos) e um consequente aumento na
produtividade da lavoura.
Apesar do efeito positivo no sistema radicular, não se detectou ganhos na massa
dos nódulos, porém não houve redução da nodulação, o que é extremamente positivo,
pois Camara (2014) salienta a ocorrência de pico de nodulação justamente na época da
aplicação do fertilizante no solo. Alguns autores relatam que o custo energético para o
uso do N derivado da fixação biológico é mais elevado que o custo do uso do N mineral
(ANDREWS et al. 2009), e a aplicação do N mineral pode impactar negativamente a FBN
e a própria nodulação. A presença de palhada na superfície do solo após a colheita da
cana-de-açúcar demanda nitrogênio para sua decomposição o que acaba ajustando ainda
mais o balanço de nitrogênio, tornando importante a ferramenta do nitrogênio mineral
suplementar.
Por fim, cumpre informar que a adubação mineral nitrogenada em cobertura mostrase como uma ferramenta para finalidades específicas, e deve ser usada em condições
específicas, onde a lacuna pode ocorrer; principalmente se considerar o custo e eventuais
questões ambientais do uso de fertilizantes.
CONCLUSÃO
A adubação de cobertura nitrogênio aplicada no estádio fenológico V4 interferiu
positivamente na massa seca da raiz, extração de N, quantidade de vagens de 3 e 4 grãos
e na produtividade da cultura.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
21
REFERÊNCIAS
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Camada
pH
(cm)
P(res)
S-SO42-
K+
Ca²+
Mg²+
mg dm-³
0-20
5,1
9
Al3+
H+Al3+
SB
V
CTC
mmolc dm-³
9
1,2
14
8
0
m
MO
%
19
23
42,0
55
CO
g Kg-1
0
12
6,0
Tabela 1. Análise química do solo
Doses
Kg ha-1
.
Massa seca
aérea
Massa
sistema
radicular
(g/planta)
Quantidade
de nós
Vagens
Massa dos
Nódulos
(g/planta)
Extração
de N
(kg/ha)
0
157,8
10,7
19,3
112
3,32
270
10
151,1
10,6
20,0
108
4,40
298
20
159,0
12,4
19,3
117
5,60
299
40
182,5
11,2
20,0
117
3,82
375
60
215,9
15,8
19,7
134
4,20
408
F
1,29
2,91*
0.59ns
1.29ns
2.23ns
3.66*
CV
18.6%
14.4%
4.3%
14.4%
24.9%
18.5%
* = significativo a 5% de probabilidade; ** = significativo a 1% de probabilidade;
5% de probabilidade; 2. coeficiente de variação
ns
= não significativo a
Tabela 2. Massa seca da parte aérea, sistema radicular, número de nós e vagens, massa de nódulos
por plantas e extração de nitrogênio em função da aplicação de nitrogênio suplementar em cobertura.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
23
Doses
kg ha-1
Número de vagens por planta
1 grão
2 grãos
3 grãos
4grãos
PMG
(g)
N grão
(g/kg)
Produtividade
(Kg/ha)
.
0
0,2
12,2
19,2
0,2
176
59,0
3.230
10
0,3
13,8
20,6
0,2
176
59,0
3.593
20
0,5
14,8
21,5
0,2
165
55,5
3.463
40
0,5
13,8
22,3
0,3
175
59,0
3.592
60
0,5
14,4
26,1
0,3
176
57,7
4.150
F
2.84*
3.37*
4.87**
3.82*
1.06ns
0.26ns
4.61**
CV
38.1%
13.41%
10.8%
26.1%
8.1%
10.2%
8.7%
* = significativo a 5% de probabilidade; ** = significativo a 1% de probabilidade; = não significativo a
5% de probabilidade; 2. coeficiente de variação; PMG (peso de mil grãos)
ns
Tabela 4. Número de vagens por planta, massa de mil grãos (PMG), nitrogênio no grão e produtividade
da soja sob diferentes doses de N.
Figura 1. Massa do sistema radicular (g planta-1) em função da dose de nitrogênio aplicado em V4.
Figura 2. Extração de nitrogênio em função da dose de nitrogênio aplicado em V4.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
24
Figura 3. Quantidade de vagens com um grão/planta
Figura 3. Quantidade de vagens com dois grãos/planta
Figura 4. Quantidade de vagens com três grãos/planta
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
25
Figura 5. Quantidade de vagens com quatro grãos/planta
Figura 6. Produtividade da soja para doses de nitrogênio
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 2
26
CAPÍTULO 3
DESENVOLVIMETO DO GENGIBRE SOB
DIFERENTES CONDIÇÕES DE ADUBAÇÃO
José Carlos Lopes
Data de aceite: 05/07/2022
Bruno Nascimento Falco
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias /
Departamento de Agronomia
Alegre-ES
Paula Aparecida Muniz de Lima
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias /
Departamento de Agronomia
Alegre-ES
Gilma Rosa do Nascimento
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias /
Departamento de Agronomia
Alegre-ES
Simone de Oliveira Lopes
Faculdade Metropolitana São Carlos Departamento de Medicina
Bom Jesus do Itabapoana-RJ
Glaucia Aparecida Mataveli Ferreira
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias /
Departamento de Agronomia
Alegre-ES
Rodrigo Sobreira Alexandre
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias/
Departamento de Ciências Florestais e da
Madeira
Jerônimo Monteiro-ES
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias e Engenharias /
Departamento de Agronomia
Alegre-ES
RESUMO: O gengibre é uma planta oriunda
do leste e do sudeste asiático, amplamente
utilizada na alimentação como temperos e
na indústria, devido às suas características
terapêuticas e medicinais, como antioxidantes,
anti-inflamatórias, digestivas, anticoagulantes,
vasodilatadoras, antieméticas, analgésicas,
antipiréticas e antiespasmódicas. Objetivouse com o presente trabalho, estudar o
desenvolvimento e produção do gengibre sob
diferentes condições de adubação. Foram
utilizados rizomas livres de fitopatógenos,
destinados à produção de mudas, procedentes
de agricultores do distrito de Mangaraí, do Sítio
Santa Paulina, Município de Santa Maria de
Jetibá. O trabalho foi conduzido no Sítio Jardim
do Éden, Caramuru, Santa Maria de Jetibá, norte
do estado do Espírito Santo e no Laboratório
de Análise de Sementes do Centro de Ciências
Agrárias e Engenharias da UFES (CCAE-UFES).
O experimento foi montado em uma área de 160
m2, subdividida em quatro subáreas de 40 m2.
O delineamento experimental utilizado foi em
blocos casualizados, com duas áreas (superior
e inferior), com e sem matéria orgânica. Foram
analisados: comprimento das hastes; número
de folhas e o comprimento das raízes, após 30,
80 e 100; e após 110 dias foram analisados:
área foliar; comprimento da haste; comprimento
Capítulo 3
27
de raízes, número de folhas e diâmetro do caule. A área superior com matéria orgânica e
adubo fosfatado mastephós black (Adubo 1) apresenta maiores médias para as variáveis
estudadas. O número de folhas e comprimento de parte aérea aumenta com o aumento do
tempo após o plantio. O comprimento da raiz diminui com o aumento do tempo após o plantio.
As áreas em que se utilizou matéria orgânica apresentam menor incidência de doenças,
segundo observações visuais.
PALAVRAS-CHAVE: Adubação fosfatada, Zingiber Officinale, Matéria Orgânica.
ABSTRACT: Ginger is a plant from East and Southeast Asia, widely used in food as seasonings
and in industry, due to its therapeutic and medicinal characteristics, such as antioxidants, antiinflammatory, digestive, anticoagulants, vasodilators, antiemetics, analgesics, antipyretics
and antispasmodics. . The objective of the present work was to study the development and
production of ginger under different fertilization conditions. Phytopathogen-free rhizomes
were used, destined for the production of seedlings, coming from farmers in the district of
Mangaraí, Sítio Santa Paulina, Municipality of Santa Maria de Jetibá. The work was carried
out at Sítio Jardim do Éden, Caramuru, Santa Maria de Jetibá, northern Espírito Santo state
and at the Seed Analysis Laboratory. The experiment was set up in an area of 160 m2,
subdivided into four sub-areas of 40 m2. The experimental design used was in randomized
blocks, with two areas (upper and lower), with and without organic matter. The following were
analysed: stem length; number of leaves and root length after 30, 80 and 100; and after 110
days were analyzed: leaf area; rod length; root length, number of leaves and stem diameter.
The upper area with organic matter and mastephós black phosphate fertilizer (Fertilizer 1)
has the highest averages for the variables studied. The number of leaves and shoot length
increases with increasing days after planting. Root length decreases with increasing days
after planting. The areas where organic matter was used have a lower incidence of diseases,
according to visual observations.
KEYWORDS: Phosphate Fertilizer, Zingiber Officinale, Organic Matter.
1 | INTRODUÇÃO
O gengibre (Zingiber officinale Roscoe) é uma planta monocotiledônea herbácea,
que apesar de sua parte aérea ser anual, com ciclo de sete a 12 meses, a parte subterrânea
é formada por rizomas carnosos e ramificados, que apresenta ciclo perene (HAAG et al.,
1990; ELPO; NEGRELLE, 2004). A planta do gengibre foi primeiramente descrita, em 1807,
pelo botânico inglês William Roscoe (1753-1813), pertencente à família Zingiberaceae, que
possui aproximadamente 1.200 espécies em 53 gêneros, na qual se encontra o gênero
Zingiber, com cerca de 85 espécies, destacando-se o gengibre, que é cultivado nas regiões
tropicais brasileiras nos meses de junho a outubro, e colhidas em diferentes estádios ao
longo de todos os meses. Sua safra ocorre no inverno, sendo que nos meses de verão a
colheita fica mais dificultada. Seus caules são representados por rizomas subterrâneos
articulados, septantes, carnosos, revestidos de epiderme rugosa, com cor pardacenta, e a
altura máxima média da planta pode atingir de 0,6 a 1,25 metros, com folhas lanceoladas
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
28
e acuminadas no ápice (ELPO; NEGRELLE, 2004; GINGER, 2004; TEFERRA et al., 2015).
Sua propagação é vegetativa, feita por rizomas, que são os tecidos de reservas do
gengibre, nos quais fica armazenada sua reserva energética, sua energia fica armazenada,
principalmente como fonte de amido, e são responsáveis por emitir hastes aéreas típicas
de angiospermas monocotiledôneas, formando folhas ordenadas em duas séries (dísticas),
que se conectam pelas bainhas, que englobam a haste (RODRIGUEZ; GONZAGA, 2001;
GINGER, 2004).
O rizoma, na parte inferior apresenta em sua grande maioria raízes adventícias,
cilíndricas, carnosas e de cor brancacentas. Contudo, sob lâminas d’água reduzidas
há ocorrência de raízes pivotantes, para captação de água e nutrientes em maiores
profundidades. As flores são zigomorfas, hermafroditas, com coloração branca, amarela
até a faixa do vermelho, dependendo da espécie; as brácteas são orbiculares, com cálice e
corola denteados, envolvendo uma só flor. Já os frutos são em formato de cápsula capsula,
apresentando paredes finas, trilocular, abrigando sementes azuladas com albúmen carnoso
(DAHLGREN et al., 1985; GINGER, 2004; ELPO; NEGRELLE, 2004; ELPO et al., 2008;
CARMO; BALBINO, 2015; TEFERRA et al., 2015).
O cultivo de Zingiber officinale pode ser feito em regiões de clima tropical a
subtropical, locais quentes e úmidos, com períodos bem definidos de calor e umidade e em
áreas mais frias com altitudes variando do nível do mar a 1500 metros (LISSA, 1996; ELPO;
NEGRELLE, 2004), no entanto, em locais com menor incidência de ventos ou com quebraventos ocorre aumento na sua produtividade em até 20% (CARMO; BALBINO, 2015).
Embora seja uma cultura que apresenta bom comportamento e boa produtividade em
condições de clima tropical e subtropical, onde é mais cultivada e apresenta boa produtividade
sob sol pleno, sob condições de sombreamento apresenta maior crescimento podendo ser
cultivada em consórcio consorcio com outras culturas, minimizando a degradação do solo
(GINGER, 2004; SOUZA; ABAURRE, 2007; ELPO et al., 2008) e evitando queimaduras
causadas por excesso de luz solar e aumentando a produtividade em até 40%(SOUZA;
ABAURRE, 2007). Outro fator que contribui para a boa formação e produção do gengibre
é o cultivo feito em solos leves, com maiores teores de areia, ricos em matéria orgânica,
bem drenados e com boa fertilidade (RODRIGUEZ; GONZAGA, 2001; ELPO; NEGRELLE,
2004; TEFERRA et al., 2015).
Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho estudar o desenvolvimento
e a produção do gengibre sob diferentes condições de adubação.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no município de Santa Maria de Jetibá-ES, no Sítio Jardim
do Éden, nas coordenadas 20°04’24,55” S 40°30’50,78” O, com 760 metros de altitude,
em uma área de solo franco arenoso, na qual anteriormente era situada uma mata virgem,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
29
e no Laboratório de Análise de Sementes do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias
da Universidade Federal do Espírito Santo (LAS-CCAE-UFES), utilizando-se rizomas de
gengibre.
Foi escolhida uma área de 160 m², a qual foi dividida em quatro áreas menores de 40
m², com três linhas de 11 metros cada, totalizando 33 metros lineares para cada tratamento,
com 150 plantas por tratamento. As áreas foram adubadas com matéria orgânica e com
fontes de fósforo no plantio, em que: duas foram adubadas com 3ª cama de aviário e
duas em solo intacto,cru. Cada tratamento foi submetido a mais dois tipos de adubação:
adubo fosfatado mastephós black (Adubo 1), cuja composição foi 16% de fósforo, 6% de
enxofre e 13% de cálcio, e CPfós (Adubo 2), composto de 9% fósforo, 7% cálcio, 1%
de magnésio, 1,5% de enxofre e 8,5% de carbono orgânico, com CTC equivalente a 103
cmolc/kg. Portanto, os tratamentos ficaram assim distribuídos: A1 - Área 1 - parte superior
com matéria orgânica (CC/Mo), tratada com a 3ª cama de aviário e adubo 1; A2 - Área 2 parte inferior com matéria orgânica (BC/Mo), tratada com 3ª cama de aviário e adubo 2; A3
- Área 3 - parte superior sem matéria orgânica (CS/Mo), tratada com o adubo 1 e A4 - Área
4 - parte inferior sem matéria orgânica (BS/Mo), tratada com adubo 2.
As áreas estudadas apresentavam diferentes altitudes, em que as mais elevadas
(A1 e A3) se situavam cinco metros acima da área inferior (A2 e A4), porém, com graus
de inclinações similares. Todas as áreas foram corrigidas com calcário, de PRNT de 85%,
incorporados com grade 30 dias antes do plantio, juntamente com o esterco da cama de
aviário, nas áreas tratadas com matéria orgânica, enquanto os adubos fosfatados foram
aplicados 250 g por metro linear, nas linhas de plantio, pós sulcamento, antes do plantio
(Figura 1).
Figura 1- A- Imagem em 3D da área em estudo com drone, 30 dias após o plantio. B- áreas com
diferentes tratamentos (vermelho) e as linhas de plantio (amarelo).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
30
Foram analisados após 30; 60; 100 e 110 dias do plantio as variáveis: comprimento
das hastes, o número de folhas (NF) e comprimento das raízes (CR), sendo que após 110
dias do plantio foram realizadas: análise foliar das plantas; diâmetro da parte aérea (DPA);
massa fresca (MFP) e massa seca (MSP) da parte aérea e massa fresca (MFR) e seca
(MSR) do rizoma. Na área de cultivo foi realizado o sensoriamento remoto e imagens
3D para identificar o índice de vegetação com diferença normalizada (NDVI), sendo as
imagens capturadas após o plantio e georreferenciada por meio do Qgis.
O delineamento experimental utilizado foi o em blocos casualizados, com duas áreas
(superior e inferior), com e sem matéria orgânica. Para o fator quantitativo foi realizada
análise de regressão e para os fatores qualitativos, teste de média, pelo método de Tukey,
com significância em nível de 5% de probabilidade. Todas as análises estatísticas foram
feitas utilizando-se o software R (R CORE TEAM, 2021).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
As imagens obtidas por sensoriamento remoto e imagens 3D permitiram a
identificação do índice de vegetação com diferença normalizada (NDVI) da área cultivada,
nas quais foram identificadas áreas com plantas mais saudáveis, bem formadas e com
maiores taxas de cobertura vegetal (Figuras 2 e 3).
Figura 2 - Índice de reflectância do vermelho próximo (NDVI) para determinar maior incidência de
tecido vegetal, 30 dias após plantio.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
31
Figura 3 - Área tratada com matéria orgânica (parte superior: A1 e A3) e sem matéria orgânica (parte
inferior: A2 e A4). Foto feita com drone após 110 dias do plantio.
Observou-se que entre as áreas superiores (A1 e A3) e inferiores (A2 e A4) e
os tratamentos (Tabela1) não houve interação significativa nas variáveis NF, DPA, CR,
MFPA, MFR, MSP e MSR. Embora as variáveis NF, DPA, MFPA, MSP e MSR não tenham
apresentado diferenças, houve diferença significativa no CR e MFR, sendo as maiores
médias obtidas nas plantas procedentes de áreas altas (32 cm e 156,18 g, respectivamente).
Áreas
NF
DPA
(mm)
CR
(cm)
MFPA
(g)
MFR
(g)
MSP
(g)
MSR
(g)
Superior
(A1 e A3)
18 a
12,7 a
32,0 a
58,42 a
156,18 a
6,14 a
13,89 a
Inferior
(A2 e A4)
17 a
12,5 a
26,0 b
55,00 a
101,83 b
5,45 a
10,30 a
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo
teste F.
Tabela 1 - Número de folhas (NF), diâmetro da parte aérea (DPA), comprimento da raiz (CR), massa
fresca da planta (MFP), massa fresca do rizoma (MFR), massa seca da planta (MSP) e massa seca do
rizoma (MSR) de gengibre, plantados em duas áreas (superior e inferior).
As variáveis NF e CR apresentaram diferença significativa, sendo que as mudas
plantadas na A1 e A3 , áreas que foram tratadas com matéria orgânica apresentaram (19 e
33,2 cm, respectivamente), o que pode estar associado aos elevados teores de nitrogênio,
fósforo e potássio e sua disponibilização para as plantas (KATAYAMA, 2018), sugerindo
que a fonte de adubo orgânico proveniente de cama de aviário favorece a propagação das
plantas, corroborando os resultados obtidos em cultivo de batata cv Ágata (ALVARENGA
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
32
et al., 2021). Entretanto, as variáveis DPA, MFPA, MFR, MSP e MSR, não apresentaram
diferença significativa (Tabela 1). A adubação de forma inadequada na cultura do gengibre
é um dos principais fatores que prejudica o seu desenvolvimento, principalmente por tratarse de uma cultura muito exigente em nutrientes (ELPO et al., 2008).
A matéria orgânica participa dos processos fisiológicos das plantas contribuindo com
a estrutura do solo, regulação da disponibilidade de nutrientes do solo e planta, aumenta
a capacidade de troca de cátions (CTC) do solo, neutraliza elementos potencialmente
fitotóxicos como Al3+ e Mn2+, em solos ácidos, e metais pesados, ajuda na retenção de
água, contribui na estrutura e química, física e biota do solo, contribuindo para o crescimento
de organismos simbiontes ao desenvolvimento do solo e da planta (ZANDONADI et al.,
2014).
Tratamentos
NF
DPA
(mm)
CR
(cm)
MFPA
(g)
MFR
(g)
MSP
(g)
MSR
(g)
Com MO
19 a
12,6 a
33,2 a
59,34 a
117,14 a
5,77 a
10,34 a
Sem MO
16 b
12,5 a
25,0 b
54,08 a
140,87 a
5,81 a
13,85 a
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo
teste F.
Tabela 2 - Número de folhas (NF), diâmetro da parte aérea (DPA), comprimento da raiz (CR), massa
fresca da planta (MFP), massa fresca do rizoma (MFR), massa seca da planta (MSP) e massa seca do
rizoma (MSR) de gengibre, plantados em áreas com e sem a presença de matéria orgânica (MO).
Para a variável comprimento da parte aérea houve interação entre as áreas e os
tratamentos (Tabela 3), independente da área (superior ou inferior) os tratamentos com MO
apresentaram apresentou maiores médias (80,3 e 71,9 cm, respectivamente). Entretanto,
quando comparamos o tratamento com MO a área superior apresentou maior média (80,3
cm), já quando comparamos o tratamento sem MO a área inferior apresentou a maior
média (53,1 cm). Contudo, o pH dos solos apresentaram valores oscilando entre 4,65 e
5,31, faixa de pH considerada abaixo daquelas sugeridas para a cultura, que é entre 5,5
a 6,5, além da ausência de rochas, e que os solos sejam arenosos e ricos em matéria
orgânica (VALENZUELA, 2011).
Áreas
Tratamentos
Superior
Inferior
Com MO
80,3 aA
71,9 aB
Sem MO
42,3 bB
53,1 bA
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas entre os tratamentos e maiúscula nas linhas
entre as áreas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo teste F.
Tabela 3 - Comprimento da parte aérea (cm) de plantas de gengibre plantadas em duas áreas (superior
e inferior), com e sem a presença de matéria orgânica (MO).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
33
Na Tabela 4 está a análise foliar do gengibre 110 dias após o plantio. Com relação ao
teor de nitrogênio nas folhas de gengibre a área superior com MO e a área inferior sem MO
apresentaram maior teor de nitrogênio (39,1 e 39,2 g/kg, respectivamente). O nitrogênio
está relacionado com os processos mais bioquímicos e fisiológicos da planta como
respiração, desenvolvimento e atividade radicular, absorção iônica de outros nutrientes,
crescimento, diferenciação celular produção de aminoácidos, que compõem as proteínas,
dando a este elemento função estrutural, participa da molécula de clorofila, faz parte dos
ácidos nucléicos e de vários compostos celulares (MARSCHNER, 2012; TAIZ et al., 2017).
Com relação ao teor de potássio a área baixa com MO apresentou maior teor (34,4
g/kg). No entanto, a área superior sem MO foi a que apresentou menor teor de K (24,6 g/
kg). Em contrapartida, o teor de cálcio nas folhas de gengibre foi maior na área superior
sem MO (7,8 g/kg).
O teor de magnésio nas folhas de gengibre foi maior na área superior com MO e
menor na área inferior sem MO (5,3 e 3,6 g/kg, respectivamente). Em relação ao teor de
boro nas folhas de gengibre, ele foi maior na área superior com MO e inferior sem MO (17
e 14,4 g/kg, respectivamente).
O teor de zinco nas folhas de gengibre foi maior na área inferior sem MO (61,4 g/kg).
O mesmo foi observado no teor de cobre, no qual apresentou maior teor na área inferior
sem MO (7,0 g/kg). Entretanto, os teores de manganês e ferro foram menores em área
inferior sem matéria orgânica (79,2 e 163,8 g/kg, respectivamente), sendo que o teor de
manganês foi maior na área superior sem MO (154,3 g/kg) e o teor de ferro maior na área
superior com MO (307,3 g/kg).
A relação nitrogênio/potássio foi maior na área superior sem matéria orgânica (1,5),
o mesmo foi observado nas relações cálcio/magnésio e cálcio/boro. Entretanto, as relações
nitrogênio/cálcio, nitrogênio/enxofre, fósforo/enxofre e ferro/manganês foram maiores na
área superior com MO (9,8; 28; 2,8 e 3,06, respectivamente).
Na relação potássio/cálcio o maior teor foi encontrado na área inferior com MO (8,0),
na mesma área também foi encontrada maior teor de potássio/manganês (0,4).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
34
Áreas
N (g/kg)
K (g/kg)
Ca (g/kg)
Mg (g/kg)
B (g/kg)
Zn (g/kg)
Mn (g/kg)
Fe (g/kg)
Cu (g/kg)
N/K
N/Ca
N/S
P/S
K/Ca
K/Mn
Ca/Mg
Ca/B
Ca/Mn
Tratamentos
Superior
Inferior
Com MO
39,1 aA
38,5 bB
Sem MO
37,1 bB
39,2 aA
Com MO
28,4 aB
34,4 aA
Sem MO
24,6 bB
26,4 bA
Com MO
4,0 bA
4,2 bA
Sem MO
7,8 aA
5,4 aB
Com MO
5,3 aA
5,1 aB
Sem MO
4,1 bA
3,6 bB
Com MO
17 aA
5 bB
Sem MO
5 bB
14,4 aA
Com MO
37,3 aB
39,7 bA
Sem MO
22,1 bB
61,4 aA
Com MO
100,4 bA
93,8 aB
Sem MO
154,3 aA
79,2 bB
Com MO
307,3 aA
219,2 aB
Sem MO
301,1 bA
163,8 bB
Com MO
5,4 bA
5,4 bA
Sem MO
6,5 aB
7,0 aA
Com MO
1,4 bA
1,1 bB
Sem MO
1,5 aA
1,4 aB
Com MO
9,8 aA
8,9 aB
Sem MO
4,7 bB
7,2 bA
Com MO
28,0 aA
24,0 bB
Sem MO
21,8 bB
26,1 aA
Com MO
2,8 aA
2,4 aB
Sem MO
1,3 bB
1,7 bA
Com MO
7,1 aB
8,0 aA
Sem MO
3,1 bB
4,9 bA
Com MO
0,3 aB
0,4 aA
Sem MO
0,2 bB
0,3 bA
Com MO
0,7 bA
0,8 bA
Sem MO
1,9 aA
1,5 aB
Com MO
0,2 bB
0,9 aA
Sem MO
1,5 aA
0,4 bB
Com MO
0,04 bB
0,05 bA
Sem MO
0,05 aB
0,07 aA
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
35
Fe/ Mn
Com MO
3,06 aA
2,2 aB
Sem MO
1,95 bA
2,1 aA
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas entre os tratamentos e maiúscula nas linhas
entre as áreas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo teste F.
Tabela 4 - Análise foliar de folhas de gengibre, oriundas de plantas plantadas em duas áreas (superior
e inferior), com e sem a presença de matéria orgânica (MO).
Na Tabela 5 e 6 está presente a análise foliar dos nutrientes (fósforo (P), enxofre (S)
e relações fósforo/potássio (P/K), fósforo/zinco (P/Zn) e potássio/magnésio (K/Mg) que não
apresentaram interação entre as áreas (superior e inferior) e os tratamentos (com e sem
MO). O P/Zn e K/Mg apresentaram diferença significativa quando comparados nas áreas
superior e inferior, sendo que a relação fósforo/potássio (P/K) foi maior em área superior e
a relação potássio/magnésio (K/Mg) foi maior em área inferior.
Áreas
P
(g/kg)
S
(g/kg)
P/K
P/Zn
K/Mg
Superior (A1 e
A3)
3,2 a
1,5 a
0,12a
0,09 a
5,7 b
Inferior
(A2 e A4)
3,3 a
2,0 a
0,11a
0,07 b
7,0 a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo
teste F.
Tabela 5 - Análise foliar de folhas de gengibre, oriundas de plantas cultivadas plantadas em duas áreas
(superior e inferior).
Ao analisar as folhas de gengibre, observou-se que os teores de fósforo (P), relações
fósforo/potássio (P/K) e fósforo/zinco (P/Zn), foram maiores em folhas procedentes de área
com MO (4,0; 0,13 e 0,11, respectivamente), sendo que a relação potássio/magnésio (K/
Mg) foi maior em área sem MO (6,6) a que se atribui aos elevados teores de NPK existentes
na cama de aviário (NAVA, 2017; KATAYAMA, 2018). Entretanto, os teores de enxofre (S)
não apresentaram diferença significativa, independente do tratamento com ou sem MO
(Tabela 6).
Tratamentos
P
S
P/K
P/Zn
K/Mg
Com MO
4,0a
1,9a
0,13a
0,11a
6,0 b
Sem MO
2,5b
1,6a
0,11b
0,05b
6,6 a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas, não diferem entre si em nível de 5%, pelo
teste F.
Tabela 6 - Análise foliar de folhas de gengibre, oriundas de plantas plantadas em solo com e sem a
presença de matéria orgânica (MO).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
36
O número de folhas da planta de gengibre aumentou com o passar dos dias após
plantio, sendo maior após 110 dias, independente da área e do tratamento (Figura 4). Na
área superior com MO o número de folhas foi maior e a área superior sem MO o número
de folhas foi menor.
Figura 4 - Número de folhas de plantas de gengibre, plantadas em duas áreas (superior e inferior), com
e sem a presença de matéria orgânica (MO), analisadas durante 30; 60; 100 e 110 dias após o plantio.
O comprimento da parte área aumentou com o aumento do número de dias após o
plantio. Assim como o número de folhas, o comprimento da parte aérea foi maior na área
superior com MO e menor na área superior sem MO.
O P é muito importante para cultura do gengibre. Segundo Silva et al. (2008), ao
avaliar o efeito da adubação fosfatada e da inoculação de isolados de fungos micorrízicos
arbusculares na cultura do gengibre, verificou que a adição de P aumentou a produção
de biomassa seca da parte aérea da cultura em relação ao tratamento sem adubação
fosfatada.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
37
Figura 5 - Comprimento da parte aérea de plantas de gengibre, plantadas em duas áreas (superior e
inferior), com e sem a presença de matéria orgânica (MO), analisadas durante 30; 60; 100 e 110 dias
após o plantio.
Diferente do número de folhas e do comprimento da parte aérea, o comprimento da
raiz apresentou aumento até os 60 dias e posteriormente foi diminuindo. Foi maior na área
superior com MO e menor na área inferior sem MO.
Figura 6 - Comprimento da raiz de plantas de gengibre, plantadas em duas áreas (superior e inferior),
com e sem a presença de matéria orgânica (MO), analisadas durante 30; 60; 100 e 110 dias após o
plantio.
4 | CONCLUSÃO
A área superior com matéria orgânica e adubo fosfatado mastephós black (Adubo 1)
apresenta maiores médias para as variáveis estudadas.
O número de folhas e comprimento de parte aérea aumenta com o aumento dos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
38
dias após o plantio.
O comprimento da raiz diminui com o aumento dos dias após o plantio.
As áreas em que se utilizou matéria orgânica apresenta menor incidência de
doenças, segundo observações visuais.
AGRADECIMENTO
Os autores agradecem à Universidade Federal do Espírito Santo pelo fornecimento
de instalações e equipamentos disponibilizados à pesquisa; à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsas
de doutorado a segunda e terceira autora, respectivamente; ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo suporte financeiro e bolsas de
produtividade em pesquisa aos dois últimos autores e à Fundação de Amparo à Pesquisa e
Inovação do Espírito Santo (FAPES), pela concessão de taxa de pesquisa ao último autor
(Edital FAPES Nº 19/2018 – Taxa de pesquisa – Processo FAPES nº 82195510).
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Extensão Rural, Vitória, ES: Incaper. 2015. 192 p.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 3
40
CAPÍTULO 4
ADUBAÇÃO FOSFATADA EM COBERTURA NA
CULTURA DO MILHO: UM ESTUDO DE CASO
Data de aceite: 05/07/2022
Rômulo Leal Polastreli
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/2616403426530769
Dalila da Costa Gonçalves
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/7033806251928349
Gracieli Lorenzoni Marotto
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/8326811417819380
Wilian Rodrigues Ribeiro
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/4171792393239987
Vinicius Agnolette Capelini
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/0333530181141100
Luis Moreira de Araújo Junior
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/1398623308889710
Leandro Pin Dalvi
Universidade Federal do Espírito Santo
Alegre
http://lattes.cnpq.br/7662111330884819
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
RESUMO: O milho é um dos cereais mais
produzidos e consumidos mundialmente e, neste
cenário o Brasil ocupa posição de destaque.
Entretanto, o manejo da adubação fosfatada ainda
é um desafio, pois a disponibilização de fósforo
no solo é influenciada por diversos fatores que
afetam a sua absorção pelas plantas. De maneira
geral, os solos de regiões tropicais são altamente
intemperizados e com baixa disponibilidade de
fósforo devido à alta capacidade de retenção
deste nutriente. Assim, o fornecimento de fósforo,
por meio da adubação, é uma prática essencial
em solos brasileiros. O objetivo deste estudo de
caso, foi avaliar a resposta do milho a adubação
fosfatada em cobertura em um solo de textura
média no município de Alegre/ES. O experimento
foi conduzido no campo experimental do
Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
no município de Alegre-ES em uma área de
cultivo de milho (Zea mays L.), no período de
outubro de 2021 a janeiro de 2022. O híbrido de
milho avaliado foi o GLYFOS RR da empresa
BIOMATRIX – resistente ao glifosato, que possui
aptidão para a produção de grãos e silagem. As
características avaliadas 90 dias após o plantio
(DAP) foram: Massa fresca (MF); Altura de
inserção de espigas (AIE); Diâmetro da espiga
(DE); Comprimento da espiga (CE) e Número de
grãos na espiga (NGE). O delineamento utilizado
foi em blocos inteiramente casualizados. As
médias foram comparadas pelo teste F a 5% de
probabilidade. Os resultados demonstraram que
todas as características avaliadas apresentaram
resultados positivos. Portanto, este estudo de
caso, oferece subsídios para novas investigações
Capítulo 4
41
acerca da aplicação de adubo fosfatado em cobertura na cultura do milho sendo necessários
outros estudos, em ambientes controlados, para avaliar a eficiência desta modalidade de
aplicação de adubos fosfatados.
PALAVRAS-CHAVE: Fósforo. Adsorção. Modos de aplicação de adubos fosfatados. Zea
mays L.
PHOSPHATE FERTILIZATION IN COVERAGE IN CORN CULTURE: A CASE
STUDY
ABSTRACT: Corn is one of the most produced and consumed cereals in the world and, in
this scenario, Brazil occupy a prominent position. However, the management of phosphate
fertilization is still a challenge, as the availability of phosphorus in the soil is influenced by
several factors that affect the absorption by plants. In general, soils in tropical regions are
highly weathered and have low phosphorus availability due to the high retention capacity
of this nutrient. The objective of this case study was to evaluate the response of corn to
phosphate fertilization in medium-textured soil in the municipality of Alegre/ES. The
experiment was carried out in the experimental field of the Center for Agricultural Sciences
and Engineering of the Federal University of Espírito Santo (UFES) in the city of Alegre-ES in
a corn crop (Zea mays L.) 2021 to January 2022. The corn hybrid evaluated was GLYFOS RR
from the company BIOMATRIX – resistant to glyphosate, which is suitable for grain and silage
production. The characteristics evaluated 90 days after planting (DAP) were: Fresh mass
(MF); Cob insertion height (EIA); Ear diameter (DE); Ear length (EC) and Number of grains
on-ear (NGE). The design used was in completely randomized blocks. Means were compared
using the F test at 5% probability. The results showed that all the characteristics evaluated
presented positive results. Therefore, this case study offers subsidies for future investigations
on the application of phosphate fertilizer in topdressing in the corn crop, being necessary
for other studies, in controlled environments, to evaluate the efficiency of this modality of
application of phosphate fertilizers.
KEYWORDS: Phosphor. adsorption. Modes of application of phosphate fertilizers. Zea mays
L.
1 | INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) tem sua origem na américa, tendo sido cultivado naquela
região há cerca de 7.000 anos, é o cereal de maior produção no mundo e é considerado
uma cultura versátil (UNDIE; UWAH; ATTOE, 2012). Assim como a maioria das culturas
agrícolas, para a obtenção de uma elevada produtividade é necessárias altas doses de
fertilizantes minerais.
O fósforo é um macronutriente essencial na nutrição das culturas. De maneira
geral, os solos brasileiros são altamente intemperizados, ácidos e deficientes em fósforo,
apresentando alta capacidade de adsorção desse nutriente, resultando em formas pouco
disponíveis às plantas (LOMBI et al., 2006; NOVAIS et al. 2007).
Deficiência de fósforo nos estádios fenológicos iniciais da cultura do milho podem
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
42
reduzir o número de espigas por unidade de área (MANGEL E KIRKBY, 1987; MACHADO
et al., 2001), reduz o aparecimento, a expansão e a longevidade das folhas, reduzindo,
assim, o índice da área foliar e a interceptação da radiação solar (GRANT et al., 2001).
Isso irá provocar redução no rendimento final de grãos (MALAVOLTA, 2006; FLETCHER
et al., 2008).
Para tentar minimizar os efeitos deletérios da baixa disponibilidade de fósforo, a
aplicação de fertilizantes fosfatados é uma prática muito utilizada. Portanto, há dificuldades
em se identificar o método de aplicação de fósforo que seja mais eficiente, pois a
disponibilidade de fósforo nos solos é afetada por diversos fatores, tais como: a umidade
(BASTOS et al., 2008), o tipo de fertilizante fosfatado utilizado (LOMBI et al., 2006) bem
como a mineralogia da fração argila dos solos (LOPES et al., 2021). A adsorção de fosfato
também está diretamente relacionada com o pH, com a presença de ânions competidores
pelos mesmos sítios de adsorção na solução do solo, e com a presença de matéria orgânica
(MALAQUIAS & SANTOS, 2017; GONÇALVES et al., 2011).
Ocorre que são escassos os estudos que indiquem a melhor forma de aplicação de
adubos fosfatados na cultura do milho. Nesse contexto, visando um adequado suprimento
de fósforo às plantas, objetivou-se com o presente estudo de caso avaliar o desempenho da
cultura do milho (Zea Mays L.) submetida à adubação fosfatada de cobertura no município
de Alegre-ES.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização e caracterização do experimento
O experimento foi conduzido no campo experimental do Centro de Ciências Agrárias
e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCAE-UFES), Alegre - ES
em uma área de cultivo (Zea mays L.) com aproximadamente 2,4 ha, nas coordenadas
20°45’11.8” S e 41°29’23.5” W com altitude média de 136,82m (Figura 2). Segundo a
classificação de Koppen, o clima da região é Cwa, caracterizado por inverno seco e verão
chuvoso, e precipitação anual média de 1.200 mm. A temperatura média anual oscila em
torno de 27 °C.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
43
Figura 2. Foto aérea demonstrando a área experimental da UFES (A) e a área do experimento (B).
2.2 Preparo do Solo E plantio
A análise do solo classificou o solo como sendo de textura média. A fertilização
do solo seguiu os critérios estabelecidos no Manual de Recomendação de Adubação e
Calagem para o Estado do Espírito Santo - 5ª Aproximação. Aos 45 dias antecedentes
à implantação do experimento foi realizada a calagem com a finalidade de se elevar a
saturação de bases a 70% conforme exigência da cultura do milho (PREZOTTI et al., 2007).
A sementes utilizadas foram do híbrido GLYFOS RR da empresa BIOMATRIX, que
possui resistência ao glifosato e possui dupla aptidão. As sementes foram dispostas, a 3
cm de profundidade, ao longo dos sulcos que foram abertos com um implemento acoplado
a um trator. Os sulcos foram espaçados 1m entre si. Foram semeadas, em média, 6
sementes por metro linear de sulco resultando um stand final aproximado de 50.000 plantas
por hectare. A adubação fosfatada foi realizada quando as plantas atingiram o estádio V4
de desenvolvimento, ou seja, com 4 folhas.
A adubação fosfatada em cobertura seguiu a recomendação de Borém et al. (2015),
e a dose utilizada foi 120 kg de P2O5 ha-1. Assim, no presente trabalho, a recomendação
de adubação fosfatada foi de 13,5 gramas por planta do fertilizante mineral simples,
granulado, da empresa comercial FERTIPAR cujo garantia era de 19% de P2O5. A irrigação
foi realizada por aspersão.
Foi utilizado o delineamento em blocos inteiramente casualizados sendo cada
bloco formado por 6 linhas de plantio, onde três receberam adubação fosfatada e três não
receberam adubação fosfatada, totalizando 10 blocos avaliados e 10 repetições. A área
útil de cada bloco foi de aproximadamente 10 m²(2m x 5m). Todas as parcelas continham
bordadura completa sendo avaliadas as 6 plantas úteis centrais mais homogêneas. O adubo
foi aplicado em cobertura e de uma única vez ao redor das plantas na linha de plantio.
2.3 Coleta e avaliação de dados
A coleta de dados para as avaliações ocorreu 90 dias após o plantio (DAP). As
variáveis avaliadas foram: Massa fresca (MF); Altura de inserção de espigas (AIE);
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
44
Diâmetro da espiga (DE); Comprimento da espiga (CE) e Número de grãos na espiga
(NGE). Em cada bloco foram coletadas duas plantas para as análises, sendo uma planta
na linha mediana que recebeu adubação fosfatada e uma planta na linha mediana que não
recebeu adubação fosfatada.
As plantas foram cortadas rente ao chão, fracionadas em pedaços e acondicionadas
em sacos de papel que foram identificados e pesados para a obtenção da MF da planta
inteira. Para determinar a AIE, foi utilizada uma trena de escala graduada considerando o
nível do solo até a inserção da primeira espiga, ou seja, até a inserção da espiga principal.
O NGE foi determinado pela multiplicação direta do número de fileiras e o número de grãos
por fileira de cada espiga. O DE foi determinado com o auxílio de um paquímetro digital. O
CE foi determinado com uso de uma trena de escala graduada. Os dados foram submetidos
à análise de variância utilizando o pacote ExDes.pt instalado no software estatístico R (R
Development Core Team, 2019).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 observa-se os respectivos valores médios das características
agronômicas da planta de milho que foram avaliadas.
Tratamentos
Massa fresca
(kg)
AIE (cm)
CE (cm)
DE (mm)
NGE
Com adubação
0,98a
146,20a
16,29a
45,50a
518,80a
Sem adubação
0,63b
138,30b
12,01b
41,73b
386,20b
CV (%)
25,24
4,18
18,67
24,3
3,3
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem significativamente a 5% de probabilidade
pelo teste F.
Tabela 1. Características agronômicas da planta de milho aos 90 dias após o plantio com e sem
adubação fosfatada de cobertura: Massa fresca; Altura de inserção da espiga – AIE; Comprimento da
espiga – CE; Diâmetro da espiga – DE e Número de grãos na espiga – NGE.
Analisando as variáveis massa fresca e altura de inserção da espiga (AIE), as
plantas de milho que receberam adubação fosfatada de cobertura obtiveram maior peso e
AIE (0,98 kg e 146,20 cm, respectivamente), quando comparadas com as plantas que não
foram adubadas (0,63 kg e 138,30 cm). Desta forma, a adubação fosfatada em cobertura,
realizada neste estudo de caso, pode ter proporcionado aumento do índice de área foliar e
melhorado o aproveitamento de água e sais minerais resultando em aumento da altura de
inserção das espigas do milho e da massa fresca da planta, proporcionando grande volume
de silagem produzida, haja vista que o corte do milho foi feito com o objetivo de produção
de silagem completa cujos parâmetros práticos utilizados para definir a data da colheita
foram 35% de matéria seca e grãos farináceos nas espigas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
45
Silva et al., (2014) ao avaliar o manejo da adubação fosfatada em milho sob
integração lavoura pecuária aplicando fósforo no sulco de plantio e em cobertura antes
da semeadura afirmam que a produção de massa fresca de milho, apresentaram efeito
positivo em relação em todos os tratamentos com aplicação de fósforo quando comparado
ao tratamento controle, demonstrando resultados semelhantes ao obtido neste estudo.
Outro aspecto a ser considerando é o fato de a adubação fosfatada ter ocorrido em
cobertura antecedendo uma das adubações nitrogenadas. O fósforo desempenha papel de
suma importância na absorção de nitrogênio pelas plantas já que a deficiência de fósforo
reduz as taxas de absorção do nitrato (ALVES et al., 1998). Portanto, a adubação fosfatada
em cobertura pode ter contribuído para melhorar a eficiência da adubação nitrogenada e,
consequentemente, melhorar o desenvolvimento vegetativo das plantas de milho.
Ao comparar as características comprimento da espiga (CE), diâmetro da espiga
(DE) e número de grãos da espiga (NGE) as plantas de milho que receberam adubação
fosfatada de cobertura demonstraram melhores resultados (16,29 cm, 45,50 mm e 518,80
grãos, respectivamente), quando comparadas às plantas que não receberam adubação
fosfatada (12,01 cm, 41,73 mm e 386,20 grãos, respectivamente), diferindo estatisticamente
entre si, como podemos ver na figura 2.
Figura 2. Área experimental A; B Análise in sisu; C e D Resultados nas espigas.
Neste estudo de caso, a adubação fosfatada foi realizada no estádio V4 de
desenvolvimento da cultura, ou seja, antes da definição do número de fileiras e do número
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
46
final de grãos nas espigas (CIAMPITTI, 2015). Ocorre que a planta de milho continua
absorvendo fósforo do solo até próximo a maturidade fisiológica dos grãos sem redução
aparente nos estádios finais (KARLEN et al., 1987;1988).
Neste caso, apresentando um crescimento expressivo, durante todo ciclo dos
estádios fenológicos, nos quais ocorre acúmulos de matéria seca, de nitrogênio, fósforo,
magnésio e enxofre, seguindo até o início da maturação fisiológica, quando é atingido
o acúmulo máximo (PINHO et al., 2009). Sendo assim, é possível que a adubação
fosfatada em cobertura tenha proporcionado maior disponibilidade de fósforo às plantas,
já que um inadequado suprimento inicial de fósforo à cultura deveria ocasionar redução
em seu desenvolvimento (MARANHO, 2019; TRANI, BREDA JÚNIOR & FACTOR, 2014;
MARCOLAN, 2006; MOTERLE et al.,2009).
Barreto & Fernandes, (2002) ao avaliar a produtividade e absorção de fósforo
por plantas de milho em função de doses e modos de aplicação de adubo fosfatado em
solo de tabuleiro costeiro concluíram que a aplicação de adubos fosfatados a lanço, sem
incorporação, resultou em maior eficiência de absorção de fósforo pelas plantas e maior
produtividade de grãos quando comparativamente à adubação em sulcos de plantio,
corroborando com os resultados deste estudo quanto à aplicação de fósforo por meio
da adubação de cobertura, especialmente pelo fato de ambos os trabalhos terem sido
conduzidos em solo com textura média.
Este efeito provavelmente está relacionado com a menor capacidade de adsorção
de P do solo no qual o estudo foi realizado, comparativamente a um solo de textura argilosa,
já que este nutriente é adsorvido de maneira mais significativa pelos óxidos de Fe e de Al
(ALMEIDA et al., 2003). Muzilli (1983) e Klepker; Anghiononi (1996) afirmam que o método
de aplicação dos fertilizantes fosfatados, na superfície ou incorporado ao solo, não tem
alterado a absorção de P e o rendimento das culturas em algumas situações, apesar da
baixa mobilidade do P no solo.
Por outro lado, Szulc et al., (2020) avaliando o rendimento de matéria seca do
milho como indicador de eficiência de fertilizantes minerais concluíram que a produção de
matéria seca de espigas e plantas inteiras mostrou uma clara reação à adubação fosfatada
inicial, mas o efeito da profundidade de adubação variou ao longo dos anos de estudo,
indicando uma profundidade de 5 cm e 10 cm como aconselhável e recomendado para a
prática agrícola.
de acordo com este mesmo autor também concluiu que ao avaliar o efeito da
técnica de aplicação de fósforo nos índices de eficácia de seu uso no cultivo de milho que
o fertilizante deve ser colocado a profundidade de 5 cm no solo, com isso os índices de
eficiência agrícola do fósforo a esta profundidade seriam recomendados para adubação
fosfatada. Silva et al., (1993), afirma que um fator de grande importância para que as
plantas consigam absorver P é a localização do adubo em relação as suas raízes, o que irá
influenciar o crescimento e produtividade das culturas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
47
Ernani et al., (2001), ao avaliar características químicas de solo e rendimento de
massa seca de milho em função do método de aplicação de fosfatos em dois níveis de
acidez afirma que a aplicação de adubos fosfatados em cobertura proporcionou grande
acúmulo de P na superfície do solo devido à sua baixa mobilidade no solo e sugeriram que
devido à grande concentração de P na superfície do solo, mesmo com a baixa mobilidade,
tenha ocorrido uma pequena movimentação deste nutriente no perfil do solo com provável
saturação dos sítios de adsorção.
Machado et al., (2011) ao analisar curvas de disponibilidade de fósforo em solos
com diferentes texturas após aplicação de doses crescentes de fosfato monoamônico
observaram uma tendência de decréscimo na disponibilidade de P a medida que o nutriente
permanece em contato com o solo, em valores menos significativos nos solos arenosos e
principalmente em solos com maior teor de argila e afirmam que em solos com textura
média, a adsorção do P é maior que a dos solos arenosos, porém é menor que a dos solos
argilosos. Em função disso, a disponibilidade de P é maior em solos arenosos, seguido pelo
solo de textura média e por último em solos argilosos.
Portanto, conhecer e compreender as interações do fósforo com o solo e a dinâmica
de suas formas disponíveis para as plantas no ambiente, ou seja, entender os fenômenos
básicos da dinâmica do fósforo no solo é a chave para a tomada de decisão sobre a
necessidade de adicionar e definir as doses e os modos de aplicação de fertilizantes
fosfatados (SANTOS; GATIBONI; KAMINSKI, 2008; RAIJ, 2011).
4 | CONCLUSÃO
Neste estudo de caso a aplicação do adubo fosfatado em cobertura mostrou-se
eficiente quando comparamos, 90 dias após oplantio, as plantas de milho que receberam
a adubação com àquelas plantas de milho que não receberam a adubação. No entanto,
estudos em ambientes controlados e por safras consecutivas, são necessários para
verificar a eficiência da adubação fosfatada em cobertura. Entretanto, este estudo de caso
é base para o levantamento de outras hipóteses acerca da aplicação de adubo fosfatado
em cobertura na cultura do milho.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 4
51
CAPÍTULO 5
COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES
TIPOS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO DE UM
CARNEIRO HIDRÁULICO ALTERNATIVO
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 22/06/2022
Julia Cerqueira Lima
Discente de Engenharia Florestal
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão -UEMASUL
Imperatriz – MA
http://lattes.cnpq.br/3353308685921079
Wilson Araújo da Silva
Doutor em Ciências do Solo
Professor Adjunto IV do Centro de de Ciências
Agrárias – CCA
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão – UEMASUL
http://lattes.cnpq.br/0782182917620322
https://orcid.org/0000-0003-4549-6815
Cristiane Matos da Silva
Mestra em Engenharia de Barragens e Gestão
Ambiental
Professora Assistente I do Centro de Ciências
Agrárias – CCA
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão – UEMASUL
http://lattes.cnpq.br/1545998658773030
https://orcid.org/0000-0002-6416-4413
RESUMO: No Estado do Maranhão uma grande
parte das propriedades rurais não dispõe de
energia elétrica para o bombeamento de água em
suas propriedades o que justifica a necessidade
da utilização de sistemas alternativos para o
fornecimento de água. Visando atender essa
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
premissa da constante busca por tecnologias
alternativas e de baixo custo para este
fornecimento de água no meio rural, objetivase avaliar a maior eficiência na relação custobenefício para o recalque de água utilizando um
carneiro hidráulico alternativo construído com
três tipos de tubulação de policloreto de vinila –
PVC e um com a tubulação de aço galvanizado.
Para tanto, a metodologia foi composta por 4
(quatro) tratamentos (T1 = carneiro hidráulico
de policloreto de vinila (PVC) para água fria
(tubulação marrom) ; T2 = carneiro hidráulico de
policloreto de vinila (PVC) para esgoto (tubulação
branca); T3 = carneiro hidráulico de policloreto
de vinila (PVC) para irrigação (tubulação azul) e
T4 = carneiro hidráulico com tubulação de aço
galvanizado.) e 20 (vinte) repetições totalizando
80 (oitenta) parcelas experimentais. Foram
realizados testes de vazão pelo Método da
Medição Direta e, posteriormente os dados foram
tabulados em planilha eletrônica e, as médias das
variáveis respostas (vazão direta) submetidas à
análise de variância e teste de Tukey a 5% de
probabilidade utilizando o pacote computacional
SISVAR 5.7 (Build 91). Conclui-se que o carneiro
construído com o PVC azul foi o que apresentou
a melhor relação custo-benefício.
PALAVRAS-CHAVE: Bombeamento;
Sustentabilidade; Rentabilidade.
COMPARISON OF THE EFFICIENCY
OF DIFFERENT TYPES OF MATERIALS
IN THE CONSTRUCTION OF AN
ALTERNATIVE HYDRAULIC SHEEP
ABSTRACT: In the State of Maranhão, a large
Capítulo 5
52
part of the rural properties do not have electricity for the pumping of water in their properties
or that justifies the need to use alternative systems for the supply of water. Aiming to meet
this premise of the constant search for alternative and low-cost technologies for this non-rural
water supply, it aims to assess greater efficiency in the cost-benefit ratio for the upgrading of
water using an alternative hydraulic ram built with three types of Polyvinyl chloride tubing –
PVC and one with galvanized steel tubing. Therefore, the methodology was composted by 4
(four) treatments (T1 = hydraulic polyvinyl chloride (PVC) for cold water (brown tube) ; T2 =
hydraulic polyvinyl chloride (PVC) for drain (white tube) ; T3 = hydraulic polychlorinated vinyl
(PVC) for irrigation (blue tubing) and T4 = hydraulic tubing with galvanized steel tubing.) and
20 (vint) repetitions totaling 80 (sixty) experimental plots. Form carried out tests of vazão hair
Method of Direct Measurement and, subsequently given tabulated forms in the electronic
spreadsheet, the means of the variance responses (vazão direct) submitted to analysis of
variance and Tukey’s test at 5% probability using the SISVAR computational package 5.7
(Build 91). I concluded that the ram built with blue PVC was the one that presented the best
cost-benefit relationship.
KEYWORDS: Pumping; Sustainability; Profitability.
1 | INTRODUÇÃO
O aríete ou carneiro hidráulico é um aparelho destinado a elevar água por meio da
própria energia hidráulica. Normalmente tem aplicação rural, usando como manancial os
córregos naturais (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ Y FERNÁNDEZ, 2015). As origens
deste equipamento remontam ao término do século XVIII onde a finalidade era a de suprir
água a uma cervejaria (KROL,1951; BASFELD, MÜLLER, 1984; LUCHESE, 2020). Com a
sua autoria atribuída ao francês Joseph Michel Montgolfier (mais conhecido pela invenção
do balão de ar quente) em 1796 o carneiro hidráulico consegue elevar água a partir de um
determinado nível, a outro mais elevado, com redução do caudal inicial recorrendo ao efeito
do golpe de aríete para criar uma pressão que “empurra” parte do fluxo de água (FREITAS,
2018).
Abate; Botrel (2002) citado por Fortes; Amorim; Souza Oh (2019) relatam que em
muitos países não há, no setor rural, eletricidade, e os motores apresentam problemas
atribuídos ao combustível e à manutenção. Dagostine; Sarturi (2019), demonstram que
a implantação e manutenção das bombas hidráulicas convencionais tem elevado o custo
das famílias no campo e, sendo o carneiro hidráulico um equipamento simples, de fácil
instalação e reduzida necessidade de manutenção, é uma alternativa para a elevação
de água no meio rural, uma vez que não necessita de fontes convencionais de energia,
apenas da gravidade. Carneiros hidráulicos artesanais têm sido empregados como formas
alternativas e sustentáveis de abastecimento de água (CARRARO et al., 2007; CARVALHO
et al., 2016; BORZI; PRADO, 2018).
O sistema de bombeamento por carneiro consiste em um tanque elevado de
alimentação, a tubulação de alimentação, o carneiro com as válvulas de escape e
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
53
recalque, a câmara de ar, e a tubulação de recalque (ARAÚJO JÚNIOR et al., 2018). Deve
ser instalado 1 a 9 m abaixo do manancial (CARVALHO, 1998); usualmente, a fonte de
energia do carneiro hidráulico é esta altura de queda d’água que, em geral, é produzida
artificialmente por meio de pequena barragem (CARRARO et al., 2007). O funcionamento
do carneiro hidráulico é decorrente do golpe de aríete causado pelo fechamento de uma
válvula, que interrompe o movimento da água proveniente de uma fonte de alimentação
localizada em nível superior (COSTA, SILVA; SILVA, 2011). De acordo com Luchese (2020),
o carneiro hidráulico trabalha de forma cíclica, repetitiva. Em uma descrição simples, cada
ciclo pode ser separado em duas etapas: uma de aceleração do corpo de água da tubulação
que ativa o equipamento e outra de recalque de parte da água que está nessa tubulação.
O carneiro hidráulico é um sistema de bombeamento que pode ser adquirido no
mercado ou confeccionado através de materiais alternativos, tendo como exemplo o carneiro
hidráulico desenvolvido pelo Centro Nacional de Referência em Pequenos Aproveitamentos
Hidroenergéticos (CERPCH), onde Tiago Filho; Viana (2002), desenvolveram um manual
para auxiliar os profissionais na construção deste tipo de carneiro alternativo.
Visando minimizar ao máximo os custos da construção de um carneiro hidráulico
alternativo, objetivou-se avaliar a maior eficiência de diferentes tipos de materiais na relação
custo-benefício para o recalque de água utilizando um carneiro hidráulico alternativo.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Irrigação, Hidráulica e Hidrologia, do
Centro de Ciências Agrárias localizado no campus da Universidade Estadual da Região
Tocantina do Maranhão – UEMASUL, e foi composto por 04 (quatro) tratamentos e 20
(vinte) repetições totalizando 80 (oitenta) parcelas experimentais. Os tratamentos foram
testados, seguindo a orientação do Quadro 01.
Tratamentos
T1
T2
T3
T4
Descrição
carneiro hidráulico de policloreto de vinila (PVC) para água fria (tubulação
marrom)
carneiro hidráulico de policloreto de vinila (PVC) para esgoto (tubulação
branca)
carneiro hidráulico de policloreto de vinila (PVC) para irrigação (tubulação
azul)
carneiro hidráulico com tubulação de aço galvanizado.
Quadro 01: Descrição dos tratamentos
Fonte: Autor (2020).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
54
Os carneiros foram construídos seguindo a metodologia utilizada pelo Centro
Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPECH, 2002), sendo
composto por válvulas, conexões e campânula (Quadro 02) dos materiais descritos nos
tratamentos acima.
Quantidade
Materiais
PVC
PVC
PVC
Aço
marrom
branco
azul
galvanizado
Tê rosca ¾”
01
01
01
01
Bucha de redução rosca ¾” x ½”
01
01
01
01
Niple ¾”
01
01
01
01
Bucha de redução 1”x ¾”
01
01
01
01
Válvula de retenção vertical 1”
01
01
01
01
Niple 1”
03
03
03
03
Tê 1”
01
01
01
01
Válvula de poço 1”
01
01
01
01
Adaptador preto para mangueira ¾”
01
01
01
01
Quadro 02: Lista dos materiais básicos para a construção dos carneiros hidráulicos.
Fonte: CERPECH (2002).
Para o funcionamento dos carneiros hidráulicos, foi usado uma caixa d’água de
1000 litros, que serviu tanto como reservatório de entrada de água no sistema de adução
dos carneiros, quanto para o recalque de água.
Para avaliar a eficiência dos carneiros foram realizados testes de medição de vazão
através do Método de Medição Direta, que consiste na medição do tempo necessário
para o enchimento de um recipiente de volume conhecido, nesse caso, foi utilizado um
recipiente com volume de 1 litro. Para tanto, foram realizadas 20 (vinte) repetições do
teste de medição de vazão. E, para a marcação do tempo de enchimento foi utilizado
um cronômetro digital. De acordo com Azevedo Netto; Fernández y Fernández (2015),
quanto maior o número de repetições utilizadas para a avaliação da medição da vazão pelo
Método da Medição Direta, maior será a precisão dos resultados obtidos.
Após realizar a medição de vazão os dados foram tabulados em planilha eletrônica
e, as médias das variáveis respostas (vazão direta) foram submetidas à análise de variância
e em caso de significância ao teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o pacote
computacional SISVAR 5.7 (Build 91) (FERREIRA, 2019).
Por fim, os tratamentos foram avaliados quanto a análise de custos no mercado,
para avaliar qual possuiria melhor custo-benefício. Para tanto, foram feitos orçamento sem
diversas lojas no município de Imperatriz – MA e, seu deu preferência para a compras das
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
55
peças nos estabelecimentos que ofereceram o menor preço de venda.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como primeiro resultado deste trabalho, apresenta-se na Tabela 01 os custos
das peças adquiridas no comércio da cidade de Imperatriz - MA para a construção dos
carneiros hidráulicos. Algumas das peças não foram encontradas no comércio, havendo
a necessidade de adaptação, com peças de outros materiais e/ou substituição por peças
existentes no Laboratório de Irrigação, Hidráulica e Hidrologia, não sendo contabilizados
nos custos de construção.
Materiais
PVC
Marrom (T1)
PVC Branco
(T2)
PVC Azul
(T3)
1
1,33
3,87
5,10
Aço
Galvanizado
(T4)
10,74
1
0,59
0,90
1,25
4,03
1
*
1,49
*
5,30
1
1,15
2,40
*
5,16
1
53,45
35,69
39,11
58,00
3
1
*
4,24
8,82
11,15
*
4,50
27,12
15,76
1
*
37,0
38,00
53,30
1
1,30
1,30
1,30
1,30
62,06
102,62
89,26
180,71
Quantidade
Tê rosca ¾”
Bucha de
redução ¾” x
½”
Niple ¾”
Bucha de
Redução 1”
x ¾”
Válvula de
retenção
vertical 1”
Niple 1”
Tê 1”
Válvula de
poço 1”
Adaptador
para
mangueira
de ¾”
Total (R$)
Tabela 01 – Valores em Reais das peças utilizadas na construção dos carneiros hidráulicos.
Observação: * Peças que não foram encontradas no comércio da cidade de Imperatriz para a compra.
Estas foram substituídas por peças de outro material, ou foram aproveitadas por peças já existentes no
Laboratório de Irrigação, Hidráulica e Hidrologia.
Fonte: Autora (2021).
Com relação ao custo de aquisição e construção dos carneiros hidráulicos (Tabela
01), observou-se que o carneiro construído com PVC Marrom (T1) foi o que ofereceu o
menor valor (R$ 62,06), seguido do carneiro construído com PVC Azul (T3) (R$ 89,26). Os
carneiros construídos com PVC branco (T2) e com o Aço Galvanizado (T4) foram os que
apresentaram os maiores valores de aquisição (R$102,62 e R$ 180,71, respectivamente).
Após a compra dos materiais, realizou-se a construção dos carneiros (Figura 1)
que posteriormente foram submetidos aos testes de campo. O cenário hidráulico para
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
56
a realização destes testes de vazão foi composto por uma caixa d’água de 1000 L que
foi instalada no Campus do Centro de Ciências Agrárias da UEMASUL que servia tanto
como fonte de adução da água, quanto para receber o recalque da água proveniente dos
testes com os carneiros hidráulicos (Figura 2). Além disso, o cenário hidráulico apresentou
um comprimento de recalque de 8,00 m, com uma altura manométrica total de 2,03m e
uma carga hidráulica de 0,69 m. Ao começar o experimento foi aguardado 5 minutos para
estabilização da vazão e logo em seguida foram efetuadas as medições diretas em um
recipiente de 1L (Figura 3).
Figura 01 – Carneiros hidráulicos construídos
Fonte: Autora (2021).
Figura 02 – Instalação da Caixa d’água de 1000 Litros
Fonte: Autora (2021).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
57
Tabela 02 – Resultados das medições de vazão dos carneiros hidráulicos em Litros.dia-¹
Observação: A) PVC Marrom (T1); B) PVC Branco (T2); C) PVC Azul; D) Aço Galvanizado (T4); E)
Detalhes da medição direta da vazão recalcada.
Fonte: Autora (2021).
Na Tabela 02, observa-se os valores de vazão em Litros.dia-¹ obtidos durante o
experimento.
Repetições
PVC
Marrom (T1)
PVC Branco
(T2)
PVC Azul
(T3)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
7847,41
7811,93
7194,00
7632,51
8120,30
8059,70
7605,63
7565,67
8736,10
8657,31
9840,5
8962,66
8339,77
8753,80
8888,89
8971,96
9028,21
8962,66
8537,55
9632,11
9270,39
8437,50
8520,71
9642,86
9350,65
9696,97
9181,72
8545,99
9181,72
10614,25
9270,39
10023,20
9370,93
8614,16
9350,65
9976,91
9162,25
10058,21
10011,59
9840,55
10384,62
9442,62
11803,28
10510,95
10950,57
10909,09
10978,40
12413,79
11803,28
11644,20
11250,00
10152,76
10011,59
10964,47
10922,88
10867,92
9729,73
10978,40
10261,28
10895,33
Aço
Galvanizado
(T4)
6641,05
6162,62
5748,50
9578,71
9381,11
9484,08
9391,30
10334,93
8962,66
9874,29
9751,69
9504,95
9452,95
9686,10
9162,25
9664,43
9536,42
9632,11
9181,72
9230,77
Tabela 02 – Resultados das medições de vazão dos carneiros hidráulicos em Litros.dia-¹
Fonte: Autora (2021).
Na Tabela 03 apresenta-se o resumo do cenário hidráulico com as respectivas
médias de vazão (L.dia-¹) obtidas em cada tratamento.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
58
Tratamentos
Comprimento
de Recalque
(m)
Altura
Manométrica
(m)
Carga
Hidráulica
(m)
Vazão
(L.dia-1)
8
2,03
0,69
8457,44
8
2,03
0,69
9406,88
8
2,03
0,69
10843,76
8
2,03
0,69
9018,13
PVC Marrom
(T1)
PVC Branco
(T2)
PVC Azul
(T3)
Aço
Galvanizado
(T4)
Tabela 03 – Cenário hidráulico com as respectivas médias de vazão em Litros.dia-¹ de cada tratamento.
Fonte: Autora (2021).
Em relação à média das vazões obtidas pelos carneiros hidráulicos durante os
testes de medição direta (Tabela 03), o Carneiro hidráulico que ofereceu a maior média de
vazão em Litros por dia foi o construído com PVC azul (T3), seguido pelo carneiro com PVC
Branco (T2) e pelo carneiro construído com Aço Galvanizado (T4). Já o carneiro construído
com o PVC Marrom (T1) foi o que obteve a menor média de vazão. Quando analisamos os
resultados da vazão média e juntamos com os dados da relação de custo de construção,
observamos que embora o carneiro construído com PVC marrom tenha tido o menor preço
em sua construção, ele foi o que apresentou a pior média de vazão. Já o carneiro de
PVC Azul, apresentou o segundo menor valor de construção e apresentou o melhor valor
de vazão média medido. Neste caso, pode-se considerar que o Carneiro hidráulico que
apresentou a melhor relação custo-benefício foi o carneiro hidráulico construído com PVC
Azul.
Após a realização da análise de variância (ANOVA) para avaliar se os diferentes
tipos de materiais influenciam na eficiência do recalque de água, visando testar as hipóteses
nula e alternativa onde: na hipótese nula os diferentes materiais de construção do carneiro
diferem entre si e, na hipótese alternativa os diferentes materiais de construção do carneiro
não diferem estatisticamente entre si, obteve-se os resultados apresentados na Tabela 04.
Fonte de
Variação
SQ
GL
QM
F
Valor-P
F
crítico
Entre grupos
62295859,65
3
20765286,55
27,78
3,11E-12
2,72
Dentro dos
grupos
56801825,10
76
747392,44
Total
119097684,75
79
Tabela 04 – Resultado da Análise de Variância (ANOVA).
Fonte: Autora (2021).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
59
Ao analisar os resultados obtidos na análise de variância (Tabela 04), verifica-se
que o valor de F calculado (27,78) é maior que o valor F crítico (2,72) assim como, o valor
de P calculado (3,11E-12) é menor que o valor de P crítico (0,05), deste modo opta-se
por rejeitar a hipótese nula, aceitando deste modo a hipótese alternativa os diferentes
materiais de construção do carneiro não diferem estatisticamente entre si. Deste modo,
independente do tipo de material que seja utilizado na construção do carneiro hidráulico,
o recalque de água será bastante eficiente e, um fator que pode ser determinante para a
escolha do melhor material é a relação de custo-benefício.
4 | CONCLUSÃO
Conclui-se que, independentemente do tipo de material que seja utilizado na
construção do carneiro hidráulico, o recalque de água será bastante eficiente e, um fator que
pode ser determinante para a escolha do melhor material é a relação de custo-benefício,
pois todos os quatro tratamentos obtiveram excelentes resultados vazão média recalcada
em Litros por dia para o cenário em que foram testados.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 5
61
CAPÍTULO 6
ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS DE UM NEOSSOLO
QUARTZARÊNICO SOB DIFERENTES USOS NO
MUNICÍPIO DE CODÓ-MA
Data de aceite: 05/07/2022
Herbert Moraes Moreira Ramos
http://lattes.cnpq.br/2734322775482930
https://orcid.org/0000-0002-8377-7768
Francisco Bezerra Duarte
Antônio Alisson Fernandes Simplício
Izabella Maria Costa Oliveira
Daniel de Lima Feitosa
RESUMO: O estudo e a caracterização dos
atributos do solo estão diretamente relacionados
com o desenvolvimento e a produtividade das
culturas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o
efeito de diferentes usos do solo sobre os atributos
físico-hídricos de um Neossolo Quartzarênico
no município de Codó - MA. Amostras de solo
foram coletadas, em áreas de vegetação natural,
pastagem de sequeiro, pastagem irrigada e
cultivada com culturas anuais, nas camadas de:
0 a 20 e 20 a 40 cm, com cinco repetições. Foram
determinados: análise granulométrica, densidade
do solo, porosidade total, macroporosidade,
microporosidade e a velocidade de infiltração
básica. Os dados foram submetidos à análise
estatística descritiva, de variância e de correlação
de Pearson. A velocidade de infiltração básica
e macroporosidade foram maiores no solo sob
vegetação natural com 38 mm h-1 e 0,21 cm3
cm-3 respectivamente. Os maiores valores de
densidade do solo e microporosidade 1,9 Mg m-3 e
0,23 cm3 cm-3 foram obtidos na área com culturas
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
anuais. Verificou-se que não houve diferença
para a porosidade total e o microporosidade
entre as áreas estudadas com valores médios de
0,36 cm3 cm-3 e 0,15 cm3 cm-3, respectivamente.
As maiores correlações significativas foram
observadas entre a densidade do solo com
a macroporosidade (-0,72) e velocidade de
infiltração básica (-0,82). As maiores alterações
ocorreram nas áreas sob cultivadas com culturas
anuais. O uso agrícola do solo promoveu
alterações nos atributos físico-hídricos avaliados,
com exceção da macroporosidade e a porosidade
total.
PALAVRAS-CHAVE: Manejo do solo, física do
solo, indicadores de qualidade do solo.
ABSTRACT: The study and characterization
of soil attributes are directly related to the
development and productivity of crops. The
objective of this work was to evaluate the
effect of different land uses on the physicalhydric attributes of a Quartzene Neossol in the
municipality of Codó - MA. Soil samples were
collected, in areas of natural vegetation, dryland
pasture, irrigated pasture and cultivated with
annual crops, in the layers: 0 to 20 and 20 to
40 cm, with five replications. The following were
determined: particle size analysis, soil density,
total porosity, macroporosity, microporosity
and the basic infiltration speed. The data were
submitted to descriptive statistical analysis,
variance and Pearson correlation. The rate of
basic infiltration and macroporosity were higher
in the soil under natural vegetation with 38 mm
h-1 and 0.21 cm3 cm-3 respectively. The highest
values of soil density and microporosity 1.9 Mg
Capítulo 6
62
m-3 and 0.23 cm3 cm-3 were obtained in the area with annual crops. It was found that there
was no difference for total porosity and microporosity between the areas studied with average
values of 0.36 cm3 cm-3 and 0.15 cm3 cm-3, respectively. The greatest significant correlations
were observed between soil density and macroporosity (-0.72) and basic infiltration speed
(-0.82). The biggest changes occurred in the areas under cultivated with annual crops. The
agricultural use of the soil promoted changes in the physical-hydric attributes evaluated, with
the exception of macroporosity and total porosity.
KEYWORDS: Soil management, soil physics, soil quality indicators.
1 | INTRODUÇÃO
O estudo e a caracterização dos atributos físicos-hídricos do solo, estão
diretamente relacionados com o desenvolvimento e a produtividade das culturas, sendo
seu conhecimento de fundamental importância para qualquer tomada de decisão quanto à
exploração agrícola.
A crescente demanda no uso do solo para fins de agricultura, induz riscos com
relação a modificação dos seus atributos, sejam eles químicos, hídricos, físicos e/ou
biológicos, os quais se apresentam em seu estado natural. Tais modificações podem ser
resultantes da ação mútua entre fatores naturais e antrópicos, predominando de forma
massiva os fatores resultantes da intervenção humana (BAMBERG et al., 2009).
De acordo com Bamberg et al. (2009) a estrutura natural do solo pode ser facilmente
reorganizada pelo seu uso, tornando-se modificada por operações de preparo convencional.
Em virtude das imposições provindas da sociedade para o setor de produção
agropecuária, a racionalização da exploração do solo, para uso agrícola, vem revelando
a conscientização para o estágio elevado de degradação ambiental que já se instaurou.
Os principais danos observados são, erosão, desagregação, desestruturação,
encrostamento superficial, compactação e lixiviação. Essas modificações geralmente
provêm do uso de sistemas de cultivo que utilizam técnicas de revolvimento e desagregação
do solo.
É através de análises das propriedades químicas, física, hídricas e biológica, que se
torna possível mensurar que o desenvolvimento das culturas depende de tais propriedades,
ao mesmo tempo em que são capazes de influenciar diretamente sobre elas. (FONSECA
e MARTUSCELLO, 2010).
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes
usos do solo, sobre os atributos físico-hídricos de um Neossolo Quartzarênico, no município
de Codó - MA.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na mesorregião do leste maranhense no município de Codó
(MA). Na área experimental do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
63
Maranhão - IFMA, com a localização geográfica “22º 25’ 40” S e 48º 18’ 27” W.
Os locais apresentam altitude de 48m e o clima é caracterizado como megatérmico
úmido e sub-úmido de inverno seco (AW) segundo a classificação de Köppen, o solo da
área foi classificado como Neossolo Quartzarênico (LOPES SOBRINHO et al., 2015).
A temperatura média da região fica em torno de 27ºC, com precipitação pluviométrica
de 1.200 mm, sendo que de janeiro a março registra maior concentração de chuva (LIMA,
1998).
As amostras de solo foram coletadas em quatro perfis distintos, em áreas de
vegetação natural (VN), pastagem de sequeiro em capim Mombaça (PS), pastagem irrigada
em Braquiária Brizanta (PI) e cultivada com culturas anuais (CA).
Em cada solo foram coletadas amostras com estrutura deformada e indeformada,
nas camadas de: 0 a 0,20m e 0,20 a 0,40 m, em minitrincheiras, com cinco repetições.
Para as determinações indeformadas dos atributos físico-hídricos foram utilizados anéis
volumétricos em aço inox com 50 cm³.
Os atributos do solo determinados foram: teor de argila, silte e areia (análise
granulométrica), densidade de partícula (DP), densidade do solo (Ds), porosidade total
(PT), macroporosidade (Map), microporosidade (Mip), capacidade de campo (CC) e a
velocidade de infiltração básica (VIB).
As análises foram realizadas com o manual de métodos de análise de solo
(DONAGEMA et al., 2011) e velocidade de infiltração básica foi realizada pelo método dos
anéis concêntricos (BOWER, 1986), com anéis de 0,15 e 0,30 m de diâmetro, conforme
Bernardo et al. (2009).
Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva, com análise de média,
mínimo e máximo, análises de correlação de Pearson e a análise de variância (teste F) e
aplicou-se o teste Tukey (5%), para comparação das médias.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, estão dispostos os dados da estatística descritiva para os atributos do
solo. Os resultados da análise granulométrica obtidos nas amostras coletadas na área de
estudo quanto à textura dos solos nas camadas foram semelhantes com média de 85%, 8%
e 7% de areia, argila e silte, respetivamente, permitindo classificá-los como Areia-franca
conforme o triângulo para classificação das classes texturais do solo, (SANTOS et al.,
2013).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
64
Atributos do solo
Média
Mín.
Max.
Argila (g g )
8,0
5,4
9,8
Silte (g g-1)
7,0
1,8
13,7
Total de areia (g g-1)
85
80
90
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
1,6
1,9
Densidade de partículas (Mg m )
2,7
2,1
2,9
-1
-3
Porosidade total (cm cm )
0,37
0,30
0,43
Velocidade de infiltração básica (mm h-1)
20
16
38
-3
Macroporosidade (cm cm )
0,15
0,10
0,25
Microporosidade (cm3 cm-3)
0,15
0,10
0,23
8,8
7,0
10,4
3
-3
3
Capacidade de campo (cm cm )
3
-3
Tabela 1: Estatística descritiva dos atributos químicos e físico-hídricos de um Neossolo Quartzarênico
no município de Codó no Estado do Maranhão.
A densidade do solo (Ds) variou entre 1,6 e 1,9 Mg m-3 com média de 1,8 Mg
m-3 e a densidade de partícula (Dp) variou entre 2,1 e 2,9 Mg m-3 com média de 2,6 Mg
m-3. Resultados semelhante foram observados por Araújo et al., (2014), estudando a
variabilidade espacial de atributos físicos de um Neossolo submetido à diferentes tipos de
uso e manejo, esses autores observaram valores médios de 1,4 Mg m-3 para densidade do
solo.
Tais valores estão em concordância com os resultados encontrados por Libardi,
(2005), sendo que, para solos arenosos, a densidade variou entre a 1,3 a 1,9 Mg m-3,
enquanto que nos solos argilosos esta variação ficou entre de 0,9 a 1,6 Mg m-3 e para solos
orgânicos de 0,2 a 0,6 Mg m-3.
Quanto à Dp, esta depende da composição da fração sólida do solo e geralmente
varia de 2,60 a 2,70 Mg m-3. Segundo Reinert & Reichert (2006) há exceção quando existem
teores de matéria orgânica ou óxidos de ferro (Fe) e alumínio (Al) altos. A matéria orgânica
tem densidade específica de 0,9 a 1,3 g cm-3 e sua presença reduz a densidade de partícula
ocorrendo o inverso na presença de óxidos.
A porosidade total oscilou entre 0,30 e 0,43 cm3 cm-3 com média de 0,36 cm3 cm-3,
a macroporosidade mostrou variação entre 0,10 e 0,25 cm3. cm-3 com média de 0,15 cm3
cm-3 e microporosidade variou entre 0,10 e 0,23 cm3 cm-3 com média de 0,15 cm3 cm-3.
Esses resultados estão de acordo com Reinert & Reichert (2006), segundo esses autores
a porosidade depende, principalmente, da textura e da estrutura do solo, sendo que em
média, é variável de 35 a 50% em solos arenosos, predominando macroporos, e de 40 a
60% em solos argilosos, predominando microporos.
Carneiro et al. (2009) avaliando atributos físicos, químicos e biológicos de solo
de cerrado sob diferentes sistemas de uso e manejo, observou valores 0,39 m3 m-3 para
pastagem nativa e de 0,34 m3 m-3 pastagem cultivada, corroborando com os resultados
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
65
encontrados no presente trabalho.
A capacidade de campo demonstrou pequenas alterações entre 7,0 a 10,4 cm3 cm-3
com média de 8,8 cm3 cm-3, esses valores eram esperados de acordo com Pereira et al.
(2010), sendo para estes autores 0,10 a 0,15 m3 m-3 os valores orientativos dos conteúdos
de água do solo na capacidade de campo para solos arenosos.
Quanto a velocidade de infiltração básica, houve variação entre 16 e 38 mm h-1 com
média de 20 mm h-1. Esses valores foram semelhantes aos obtidos por Santos et al. (2017),
determinando a velocidade de infiltração pelo método do infiltrômetro de anel, sendo que
para este autor, a velocidade de infiltração básica correspondeu ao valor de 36 mm h-1.
Segundo Bernardo et al. (2009), este valor nos remete uma classificação muito alta, no qual
podemos caracterizar o solo com uma textura franco arenosa.
Na Tabela 2 estão apresentados os dados da correlação de Pearson entre os
Atributos físico-hídricos. As maiores correlações significativas foram observadas entre Ds e
Map (-0,72), VIB e Ds (-0,82) e Map com PT (0,82). A CC teve uma correlação positiva com
Mip (0,69) e com PT (0,64) e Dp com Map (0,69).
Atributos
Coeficiente de correlação
Ds
Dp
Map
Mip
PT
VIB
Ds
1,00 ns
0,33 ns
-0,72*
0,38 ns
-0,44 ns
-0,82*
-0,04 ns
Dp
0,33
1,00
-0,57
0,69
-0,25
-0,23
0,06 ns
Map
-0,72*
-0,57 ns
1,00 ns
-0,47 ns
0,82*
0,47 ns
0,20 ns
Mip
0,38
0,69
-0,47
1,00
0,04
-0,57
0,69 ns
PT
-0,44 ns
-0,25 ns
0,82*
0,04 ns
1,00 ns
0,01 ns
0,64 ns
VIB
-0,82*
-0,23
0,47
-0,57
0,01
1,00
-0,44 ns
CC
-0,04 ns
0,06 ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
0,20 ns
ns
ns
ns
0,69 ns
ns
ns
ns
0,64 ns
CC
ns
ns
ns
-0,44 ns
1,00 ns
*Correlações significativas a 5% de probabilidade e ns = correlações não significativas
Tabela 2: Matriz de correlação entre os atributos físico-hídricos do solo.
Resultados semelhantes foram observados por Marcatto et al. (2017) avaliando a
relação entre as propriedades físicas e hídricas e os tipos de uso da terra em Neossolos
Regolíticos da bacia hidrográfica do rio Pirapó-PR. Para esse autor a densidade do solo
demonstrou uma correlação negativa muito forte (r = -0,998) com a macroporosidade e
uma correlação positiva muito forte (r = 0,982) com a microporosidade, evidenciando que
a compactação do solo demonstrada pela densidade, reduz o volume de macroporos e
aumenta a quantidade de microporos.
A porosidade de aeração ou porosidade livre de água é diretamente afetada pelos
valores de densidade e pelo conteúdo de água no solo (LIBARDI, 2005). Tais tendências
corroboram com a proposição de que a granulometria exerce papel significativo no controle
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
66
dos atributos físico-hídricos dos solos. A argila apresenta uma correlação positiva e os
totais de areias uma correlação negativa, o que é um resultado esperado, devido ao efeito
da área superficial especifica das partículas.
Na Tabela 3 é apresentada a análise de variância dos atributos físico-hídricos para
profundidades e uso do solo. Os coeficientes de variação foram relativamente baixos,
corroborando com os resultados deste trabalho. Silva et al. (2008), estudando a variação
de atributos físico-hídricos em Latossolo Vermelho-Amarelo do cerrado mato-grossense
sob diferentes formas de uso e Araújo et al. (2014), estudando a variabilidade espacial
de atributos físicos de um Neossolo Flúvico submetido a diferentes tipos de uso e manejo
verificaram coeficientes de variação baixos com exceção a resistência à penetração.
Atributos
Fonte de variação
Uso do solo (US)
CV%
Profundidade (P)
Ds
18,6321
Dp
,0658 **
Map
2,3348
Mip
13,1340 **
2,2059 ns
7,71
PT
0,0930
1,2410
13,28
CC
18,5792 **
**
ns
ns
ns
3,4424
2,87
1,4224 ns
6,56
0,5128
25,78
ns
ns
13,6757 **
7,10
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade
(.01 =< p < .05) e ns não significativo (p >= .05).
Tabela 3: Resumo da análise de variância dos atributos físico-hídricos em função do uso do solo e da
profundidade.
Verifica-se que não houve diferenças significativas com relação à profundidade com
exceção para CC. Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por Silva et al. (2008),
avaliando o efeito da produção no sistema plantio direto e da pastagem cultivada sobre
os atributos físico-hídricos de um Latossolo Vermelho-Amarelo, onde constataram que
não houve diferenças significativas com relação à profundidade de coleta nas áreas com
plantio e pastagem cultivadas com exceção nesse caso para agua disponível, mostrando a
sensibilidade deste atributo.
A quantidade de água retida pelo solo, em equilíbrio com determinado potencial, é
função do tamanho e do volume dos poros e da superfície específica das partículas da fase
sólida (BAVER, 1972).
Quanto ao uso do solo verifica-se o efeito significativo sobre a Ds, Dp, Mip e CC,
com exceção para PT e Map. Esses resultados foram semelhantes aos obtidos Pelissari
et al. (2013), avaliando os atributos físico-hídricos e estoque de carbono em Neossolo
Quartzarênico sob plantio de Eucalyptus grandis, esses autores observaram que a
porosidade total não apresentou diferença significativa entre as profundidades nos períodos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
67
chuvoso e seco.
Os valores obtidos também foram similares aos observados por Souza et al. (2005)
e Carvalho et al. (2015) em Neossolos Quartzarênicos sob diversas culturas e formas
de manejo. No caso da porosidade total, a ocorrência de valores de F não significativos
demonstra não ter havido alterações no total de poros do solo.
Quanto ao efeito significativo sobre a densidade do solo, densidade da partícula,
microporosidade e capacidade de campo, observa-se a influência dos usos do solo (Tabela
4) sobre esses atributos.
Atributos
Uso do solo
PS
PI
CA
VN
Ds
1,78047a
1,77900 a
1,79100 a
1,64700 b
Dp
2,81800 a
2,81800 a
2,60000 b
2,59800 b
Map
0,14100 a
0,15100 a
0,17400 a
0,18500 a
Mip
0,22300
0,22300
0,18900
b
0,19400 b
PT
0,36500 a
0,36900 a
0,35800 a
0,36200 a
CC
9,14800
9,14800
7,48100
8,12400 b
a
a
a
a
b
Médias seguidas de letras iguais na linha, não diferiram pelo teste de o teste de Tukey (P<0,05). Ds,
densidade do solo; PT, porosidade total; Macro, macroporosidade; Micro, microporosidade.
Tabela 4: Médias dos valores dos atributos físico-hídricos de um Neossolo Quartzarênico sob diferentes
sistemas usos em áreas de vegetação natural (VN), pastagem de sequeiro (PS), pastagem irrigada (PI)
e cultivada com culturas anuais (CA).
Corrobora com esses resultados Carneiro et al. (2009), que através de avaliação
dos atributos físicos, químicos e biológicos de solo de Cerrado sob diferentes sistemas
de uso e manejo, verificou que os manejos e usos do solo, promoveram aumento da
densidade do solo e efeito menos pronunciado na macroporosidade em relação a área de
mata, constatando ainda, que as áreas de pastagens apresentaram os maiores valores,
devido, provavelmente, ao pastejo intensivo e as alterações promovidas no solo pelo
tráfego durante o processo de plantio, pulverização e colheita.
Quanto à microporosidade do solo o incremento desse atributo do solo, quando
submetido ao uso agrícola, tem sido relatado por vários autores, como resultado da
compactação do solo, promovendo a transformação de parte dos macroporos em
microporos (SILVA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007).
Mesmo com diferenciação da microporosidade em alguns sistemas de manejo, em
relação ao solo sob condição natural (Tabela 4), salienta-se que esses valores podem ser
considerados baixos, o que é comum nessa classe de solo, uma vez que a distribuição do
espaço poroso apresenta relação direta com a granulometria.
Essa característica do solo em questão deve ser analisada com cautela no manejo
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
68
adotado, por se tratar de poros de retenção da água disponível às plantas (MELLO et al.,
2002; SEVERIANO et al., 2009).
Doran & Parkin (1994) classificam os atributos físicos do solo como intermediários
e permanentes. Exemplos dos primeiros, alteráveis pelo tipo de manejo do solo, são:
densidade do solo, resistência à penetração, permeabilidade, aeração, agregação,
porosidade e umidade do solo.
Textura do solo, mineralogia, densidade de partículas e cor, podem ser elencadas
como atributos físicos permanentes, inerentes às propriedades de cada solo e que servem
para classificá-lo pedologicamente. Em geral, os atributos físicos intermediários são os
mais utilizados como indicadores da qualidade física do solo, por estarem sujeitos às
maiores alterações, em função dos sistemas de manejo.
Araújo et al. (2007), avaliando qualidade de um solo sob diferentes usos e sob
Cerrado nativo observou que na camada superficial (0,00-0,05 m) do solo, tendo como
referência o solo sob mata, também verificaram os valores mais altos para a densidade do
solo nas áreas sob pastagem, sendo esses valores resultantes do pisoteio animal na área.
De acordo com Marchão et al. (2007), os valores dos parâmetros físicos do solo foram
influenciados pelos sistemas de manejo do solo e variaram em profundidade. Nos sistemas
em pastagem, os valores de densidade de solo, foram superiores aos observados nos
demais sistemas.
A Figura 2 mostra o resultado velocidade de infiltração básica, os maiores valores (38
mm.h-1) foram obtidos para a área com VN e o menor (16 mm.h-1) para PI, assemelhandose aos resultados obtidos por Santos et al. (2017).
Figura 2: Velocidade de Infiltração Básica (VIB) em quatro perfis distintos, em áreas de vegetação
natural (VN), pastagem de sequeiro (PS), pastagem irrigada (PI) e cultivada com culturas anuais (CA).
A análise dos valores mostra da que os diferentes usos do solo influenciaram a VIB,
havendo uma redução de 44%, mostrando que a ação antrópica aumentou a compactação
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
69
do solo, especialmente nas pastagens. Esses resultados reforçam a ideia de alteração
estrutural dos solos pelo uso, principalmente em relação à forma, tamanho e continuidade
de poros, que afetariam a dinâmica da água neste sistema (SOUZA e ALVES, 2003). A
microporosidade e a densidade do solo interferiram na velocidade de infiltração da água no
solo conforme visto nas correlações (Tabela 2).
Suzuki et al. (2005) avaliando a infiltração de água em Neossolos Regolíticos do
rebordo do planalto do Rio Grande do Sul, atribuíram valores elevados de infiltração em
solos com floresta à maior estruturação do solo, continuidade dos poros, ação das raízes,
minhocas e insetos, que formam canalículos e favorecem a infiltração.
4 | CONCLUSÃO
O uso agrícola do solo promoveu alterações nos atributos físico-hídricos avaliados,
com exceção da macroporosidade e a porosidade total.
As maiores alterações nos atributos físico-hídricos do solo ocorreram na área sob
pastagens.
A infiltração de água no solo foi influenciada por alterações na densidade de solo
causadas pelo uso do solo.
A densidade do solo, a microporosidade e capacidade de campo foram os atributos
mais sensíveis ao uso agrícola do solo e são, portanto, melhores indicadores dos efeitos
do uso e manejo do solo.
AGRADECIMENTOS
Instituto Federal de Educação, Ciência do Tecnologia do Maranhão Campus Codó e
ao Grupo de Pesquisa em Manejo de Solo e Água- GPEMSA.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 6
72
CAPÍTULO 7
EFECTO DE LA DENSIDAD DE PLANTACIÓN
SOBRE EL DESEMPEÑO AGRONÓMICO Y
RENDIMIENTO DE TOMATE INJERTADO
Data de aceite: 05/07/2022
Neymar Camposeco Montejo
Centro de Capacitación y Desarrollo en
Tecnología de semillas
https://orcid.org/0000-0003-0638-2452
Perpetuo Álvarez Vásquez
Departamento de Recursos Naturales
Renovables. Universidad Autónoma Agraria
Antonio Narro
Saltillo, Coahuila, México
Antonio Flores Naveda
Centro de Capacitación y Desarrollo en
Tecnología de semillas
Norma Angélica Ruiz Torres
Centro de Capacitación y Desarrollo en
Tecnología de semillas
Josué Israel García López
Centro de Capacitación y Desarrollo en
Tecnología de semillas
Adriana Antonio Bautista
Centro de Capacitación y Desarrollo en
Tecnología de semillas
RESUMEN: El objetivo fue determinar el efecto
de la densidad de plantación sobre el rendimiento
y comportamiento agronómico de tomate
injertado. El portainjerto fue el híbrido Multifort de
DeRuiter Seeds, y como variedad el híbrido El
Cid de Harris Moran. El análisis estadístico fue
completamente al azar con siete tratamientos y
cuatro repeticiones cada uno, la comparación de
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
medias fue por Tukey P≤0.05. Las diferencias
estadísticas indican que en rendimiento y número
de frutos cosechados por tallo, la mejor densidad
fue de 35,000 tallos.ha-1 ya que superó al testigo
en 24 %, aunque estadísticamente iguales,
seguido de 40,000 tallos.ha-1. El peso promedio
de frutos se comportó estadísticamente similar
entre densidades, a excepción de 55,000 tallos.
ha-1 con 97.05 g, que fue inferior al testigo en
6 %. El rendimiento calculado por hectárea fue
superior en los tratamientos de 50, 35, 45 y
40 mil tallos.ha-1 con 124.48, 123.70, 113.02 y
110.93 t.ha-1 respectivamente, los primeros dos
superaron al testigo en 65 %, y a la más baja
densidad hasta en 100 %. Por tanto, a medida que
aumenta la densidad de población se incrementa
también el rendimiento por unidad de superficie,
sin embargo, se afecta el vigor de la planta y
la calidad de los frutos. Por lo anterior la más
adecuada combinación entre tomate injertado y
densidad de plantación fue 35,000 tallos.ha-1, ya
que combina rendimiento y calidad de frutos.
PALABRAS CLAVE: Solanum lycopersicum L.,
portainjerto, variedad, calidad comercial.
EFFECT OF PLANTING DENSITY ON
AGRONOMIC PERFORMANCE AND
YIELD OF GRAFTED TOMATOES
ABSTRACT: The objective was to determine
the effect of planting density on the yield and
agronomic behavior of grafted tomatoes. The
rootstock was the DeRuiter Seeds Multifort
hybrid, and as a variety the Harris Moran El Cid
hybrid. The statistical analysis was completely
randomized with seven treatments and four
repetitions each, the comparison of means was
Capítulo 7
73
by Tukey P≤0.05. Statistical differences indicate that in yield and number of fruits harvested
per stem, the best density was 35,000 stems.ha-1 since it exceeded the control by 24 %,
although they were statistically equal, followed by 40,000 stems.ha-1. The average weight of
fruits behaved statistically similar between densities, with the exception of 55,000 stems.ha-1
with 97.05 g, which was lower than the control in 6%. The yield calculated per hectare was
higher in the treatments of 50, 35, 45 and 40 thousand stems.ha-1 with 124.48, 123.70, 113.02
and 110.93 t.ha-1 respectively, the first two exceeded the control by 65 %, and the lowest
density up to 100 %. Therefore, as population density increases, the yield per unit area also
increases, however the vigor of the plant and the quality of the fruits are affected. The most
suitable combination between grafted tomato and planting density was 35,000 stems.ha-1,
since it combines yield and fruit quality.
KEYWORDS: Solanum lycopersicum L., rootstock, variety, comercial quality.
INTRODUCCIÓN
Actualmente la población humana crece a un ritmo exponencial, en consecuencia, la
demanda de alimentos, al mismo tiempo los espacios para la producción agrícola se reducen
por el crecimiento de los asentamientos urbanos y la degradación de los recursos de uso
agrícola. A esto se suman los impactos del cambio climático global. Como consecuencia en
muchos países esta demanda de alimentos, no puede ser cubierta por la producción local
y tiene que importarse de otros. México no es la excepción, ya que los incrementos de la
población han ocasionado una demanda creciente de alimentos (ONU, 2018), por lo que
se necesita de la búsqueda de mejores métodos de producción y alternativas que permitan
hacer más eficiente la producción por unidad de superficie y al mismo tiempo optimizar el
uso de los recursos suelo-agua-ambiente.
Dentro de estas alternativas esta la densidad de plantación y la técnica de injerto
en los cultivos. La densidad de plantación, que es responsable del espaciamiento y
acomodo de las plantas, mismos que definen su desarrollo y productividad individual Tuan
y Mao (2015), productividad que está directamente relacionada con el número de frutos
cosechados por unidad de área y sus tamaños individuales (Sánchez et al., 2017), tamaños
que a su vez están íntimamente relacionados con la densidad de plantación, que debe ser
adecuada para producir frutos lo más uniforme posible durante todo el ciclo de cultivo,
y así evitar mermas o pérdidas por frutos pequeños Peil y Gálvez (2004). La densidad
de plantación puede ser variable de acuerdo al sistema de producción, los híbridos o
variedades utilizadas, la zona y la época del año en que se cultiven Peil y Gálvez (2004),
factores que finalmente determinan la distribución espacial de una planta a otra y de un
surco de cultivo a otro. Estudios previos relacionados con la densidad de población en
tomate, señalan que a medida que esta se aumenta, se incrementa también el rendimiento
por unidad de área (Fandi et al., 2007), sin embargo, se afecta significativamente el peso
promedio del fruto (Sánchez et al., 2017), tendencias similares se reportan en el cultivo de
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
74
pepino (López et al., 2015), en pimiento morrón (Cruz et al., 2009), en el cultivo de tomatillo
(Ponce et al., 2012), y en el cultivo de estevia (Jarma et al., 2011), además de que una
mayor densidad regula la competencia entre las plantas por los factores agroclimáticos,
CO2 y radiación que necesita la planta para expresar su máximo potencial de rendimiento
(Fandi et al., 2007., Ucan et al., 2005).
La técnica de injerto por su parte comenzó a utilizarse desde la década de 1920
(Sakata et al., 2007) y actualmente está revolucionando la agricultura protegida para
incrementar los rendimientos, extender el tiempo y mejorar la calidad de las cosechas
(Chew et al., 2012), evadir enfermedades de suelo, inducir tolerancia a estrés ambiental,
reducir el uso de agroquímicos (Colla et al., 2010; Schwarz et al., 2010), además de
incrementar la calidad comercial de los frutos (Báez et al., 2012; Gonzales et al., 2017),
aunado a que la tendencia de la actividad agrícola mundial, es reducir la dependencia de
los agroquímicos sintéticos, el injerto representa una alternativa viable (Ezziyyani et al.
2005). En este sentido Chew et al., (2012) señalan que, al utilizar injertos en tomate, el
rendimiento se incrementa hasta 35%, el 30.4% señala (Álvarez, 2012) y 47.5% reporta
(Öztekin et al., 2007). Por lo anterior el uso de la técnica cobra todavía mayor importancia
y en combinación con una densidad de plantación adecuada para el Portainjerto/Variedad
específicos, el potencial productivo podría ser aun mayor, generar mayores beneficios a los
productores y cubrir las necesidades de los consumidores. La técnica de injerto en tomates
en México es de reciente uso, se cultivan en suelo, bajo agricultura protegida de mediana
tecnología principalmente, con densidades que van desde los 22 a 30 mil tallos.ha-1. Sin
embargo debido al potencial que le confiere el portainjerto a la variedad y la tendencia
de incremento en el uso de la técnica, las densidades podrían incrementarse y generar
mayores rendimientos, sin afectar la calidad de los frutos a lo largo del ciclo del cultivo,
es por eso que se planteó evaluar el efecto que ejerce la densidad de plantación sobre el
comportamiento agronómico, el rendimiento y la calidad de los frutos de tomate injertado,
cultivado en suelo bajo invernadero de mediana tecnología.
MATERIALES Y MÉTODOS
El portainjerto fue Multifort F1de la empresa semillera DeRuiter Seeds, ya que posee
un potente sistema radicular y resistencia genética a Fusarium oxysporium F. sp Lycopersici
(SEMINIS, 2018), y como variedad el Cid F1 de Harris Moran, que se distingue por su amplia
adaptación, extraordinario vigor, con frutos grandes y extra grandes de paredes gruesas
y de alta firmeza, además de su larga vida de anaquel (GOWAN, 2018). El experimento
se realizó en las instalaciones de invernadero de mediana tecnología del Departamento
de Horticultura de la Universidad Autónoma Agraria Antonio Narro, en Saltillo, Coahuila
(ubicada a 25° 21´ 24´´ Latitud Norte y 101° 02´ 05´´ Longitud Oeste, a una altitud de 1762
msnm, donde las condiciones de temperatura dentro del invernadero fueron de 16-38°C, la
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
75
humedad relativa de 60-90%.
Siembra del material genético y formación de los injertos
Para la formación de las plantas injertadas, el portainjerto y la variedad se sembraron
en charolas de poliestireno de 200 cavidades, se usó como sustrato de germinación peat
moss y perlita en una proporción 70:30 respectivamente, se sembró primero la variedad el
Cid y 4 días después el portainjerto Multifort, con la finalidad de generar buena sincronización
en el grosor del tallo ya que el portainjerto es más vigoroso. El proceso de injerto se realizó
25 días después de haber sembrado el portainjerto, cuando las plantas tuvieron un grosor
de tallo de 1.8-2.5 mm, se realizó este proceso sobre mesas desinfectadas con cloro a 50
ppm, la temperatura ambiente fue de 16-22°C y la humedad relativa de 70-90%, el tipo de
injerto utilizado fue el de empalme (Johnson et al., 2011), cuyos cortes se realizaron con
una navaja cúter nueva y desinfectada con cloro a 20 ppm, después de realizar el corte
en cada planta, se usaron clips de silicón de 2.5 mm para sujeción portainjerto/variedad,
las plantas injertadas fueron llevadas a una cámara de prendimiento, a temperatura de
22-25°C y humedad relativa de 80-90 %, las primeras 48 horas en oscuridad total y los
siguientes 6 días ciclos diurnos-nocturnos normales, debido a que no se tenían los medios
necesarios para darle las condiciones de radiación que requiera las plantas para continuar
con sus funciones metabólicas y fisiológicas, pasado los 8 días las plantas injertadas
fueron llevadas a invernadero para adaptación y aclimatación antes del trasplante, donde
la temperatura fue de 16-28°C y la humedad relativa de 70-90%.
Establecimiento en invernadero y manejo del cultivo
El trasplante se realizó 15 días después de haber realizado el proceso de injerto,
y se mantuvo el clip de soporte para evitar perdida de plantas. Se estableció el cultivo en
suelo franco, y fue en el ciclo primavera-verano de 2016, se hicieron camas elevadas de
25 cm, se utilizó acolchado plástico bicolor con la parte plateada hacia arriba, con una
distancia entre camas de 1.80 m, se usó riego por cintilla, con distancia entre goteros de 15
cm y gasto de 0.5 L.h-1. Los tratamientos se establecieron de la siguiente forma: el Testigo,
a doble hilera, con doble tallo cada planta, con una distancia entre hileras de 40 cm y entre
plantas de 80 cm teniendo como resultado (28,000 tallos.ha-1). El resto de los tratamientos
fue a hilera sencilla y una distancia entre plantas de; 1) 22 cm (50,000 tallos.ha-1), 2) 24.3
cm (45,000 tallos.ha-1), 3) 27.5 cm (40,000 tallos.ha-1), 4) 31.5 cm (35,000 tallos.ha-1), 5)
35.5 cm (30,000 tallos.ha-1), y 6) 44 cm (25,000 tallos.ha-1). Todos los tratamientos bajo un
arreglo experimental de bloques al azar con 4 repeticiones, cada unidad experimental con
8 tallos útiles. La solución nutritiva utilizada para la nutrición del cultivo fue la propuesta
por Steiner (1964), el 50% al inicio del cultivo, 75% a los 15 DDT, hasta 100% una vez
iniciada la floración y fructificación hasta el término del ciclo. Para el control de plagas
(mosca blanca, trips, paratrioza) se realizaron aplicaciones semanales Spirotetramat al
15.3%, Spiromesifen al 23.1 %, Imidacloprid 17% + betacylfutrin 12% a razón de 1 ml/L-1 y
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
76
metomilo 90%, a razón de 1 gr/L-1.
Mediciones de rendimiento de fruto y sus componentes
Se cosecharon 6 racimos completos en el ciclo que duro el cultivo y este se inició
a los 70 DDT. El peso total de fruto se estimó pesando todos los frutos de la parcela
útil en una balanza digital de precisión SARTORIUS modelo TS 1352Q37, se obtuvo el
rendimiento por tallo individual (GFT), para ello se sumó el peso de todas las cosechas
realizadas y posteriormente se extrapoló para obtener el rendimiento total por hectárea
(t.ha-1), la primera cosecha fue a los 70 días después del trasplante, se realizaron dos
cosechas por semana, y únicamente frutos a partir del color numero 4 o rayado (Castro
et al., 2009). Después de pesar los frutos se contabilizó el número de frutos (NFP) que se
cosecharon por parcela útil, considerando cada cosecha. El peso promedio de fruto (PPF),
se calculó dividiendo el peso total de frutos por parcela útil entre número total de frutos por
parcela, mientras que el diámetro ecuatorial y longitud de fruto (DEF y LF respectivamente)
fue estimado tomando al azar ocho frutos por parcela semanalmente, y se utilizó para ello
un vernier digital marca Autotec®.
Indicadores de desempeño agronómico
La distancia entre racimos y la altura de la planta se determinaron con una cinta
métrica graduada en centímetros, mientras que el grosor del tallo principal se midió con un
vernier digital marca Autotec®, el número de racimos se determinó cuantificando los racimos
totales que la planta tenía al momento de terminada la cosecha del racimo número seis.
Análisis estadístico
El arreglo experimental fue de bloques completos al azar, mientras que el análisis
estadístico se realizó con el programa SAS versión 9.1, se empleó el modelo completamente
al azar con siete tratamientos y cuatro repeticiones cada uno (P≤0.05), se realizó la
comparación de medias con la prueba de Tukey (P≤0.05)
RESULTADOS Y DISCUSIÓN
Componentes de rendimiento
La densidad de plantación afectó el rendimiento y calidad del tomate Cid injertado
sobre el patrón Multifort (P≤0.05), Tabla 1 y 2. Para el rendimiento y número de frutos
cosechados por cada tallo, destaca la densidad de 35,000 tallos.ha-1 con un incremento
respecto al testigo de 24%, aunque estadísticamente similares, seguido de 40,000 tallos.
ha-1. Los datos anteriores indican que, al cultivar plantas injertadas a dichas densidades,
se logra una combinación adecuada, en la que la arquitectura de la planta se acomoda de
tal manera que se aprovechan al máximo la distribución espacial y con ello los recursos
como radiación, CO2, humedad relativa, temperatura y del suelo, que hacen que la planta
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
77
genere más fotoasimilados y los envié a los sitios de demanda. Reportes encontrados en
estudios similares, son muy variables y las densidades van desde los 25,000 y 68,000
plantas.ha-1 (Villegas et al., 2004), también se reporta que la densidad de plantación varía
en función del tipo de tomate utilizado, ya sea tipo bola o saldaette, por lo cual para el
tomate bola se sugiere la densidad de 38,000 plantas.ha-1 (Grijalva et al., 2010), mientras
que (Sánchez et al., 2017) indicaron que si las plantas se despuntan a tres racimos, y
en edades tempranas, la densidad de 130,000 plantas.ha-1 resulta superior, lo cual se
debe al potencial que se le confiere a la planta, donde la energía y los fotoasimilados
producidos se dirigen únicamente a los frutos, ya que se elimina el punto de crecimiento,
técnica que es ampliamente utilizada en ciclos cortos. Sin embargo, Tuan y Mao (2015),
no encontraron diferencias entre densidades de 25,900, 28,500 y 31,700 tallos.ha-1. Por
su parte Villegas et al., (2004) también indican que a mayor densidad se producen mayor
número de frutos.m-2 y señalan como la mejor densidad 68000 planta.ha-1, y que además
produce mayor rendimiento de exportación, que es lo que buscan los productores en una
producción comercial para generar mayores ingresos.
En cuanto a peso promedio de fruto, los tratamientos fueron estadísticamente iguales,
a excepción de 55000 tallos.ha-1, que fue inferior al testigo en 6%. No obstante, la tendencia
general entre tratamientos es, que a medida que se incrementa la densidad de plantación
el peso promedio del fruto disminuye, por ende, se sacrifica la calidad del fruto individual,
lo que se debe a la competencia que se genera entre las plantas, ya que compiten por los
recursos para producir fotoasimilados, efectos similares señalaron (Sánchez et al., 2017;
Arguerich et al., 2013.; Fandi et al., 2007). Mientras que Grijalva et al., (2010) asientan que
el peso promedio de fruto de tomate bola no se afecta con densidades de 12500-37800
plantas.ha-1.
Para la variable diámetro ecuatorial de fruto destaca 25,000 tallos.ha-1 no obstante
es similar testigo, y los tratamientos con 50, 45 y 30 mil tallos.ha-1. Mientras que en longitud
de fruto no se encontraron diferencias estadísticas, sin embargo, de acuerdo con el tamaño
promedio de los frutos, estos se encuentran en la categoría de tamaño grande para su
comercialización en México, de acuerdo al sistema de clasificación, ya que están en el
rango de 59-71 mm de longitud en tomate tipo alargado o “Saladette” (NMX-FF-031, 1997).
De acuerdo con los resultados obtenidos, se indica que a mayor densidad de plantación, el
calibre del fruto disminuye, por lo que se afecta su calidad comercial, además el tomate es
una especie susceptible a las densidades de población, por lo que encontrar una densidad
de plantación adecuada, que combine rendimiento y calidad de tomate injertado cobra aun
mayor relevancia, sobre todo porque el comportamiento de un genotipo en un ambiente
es distinto, y varia en las diferentes regiones donde se cultiva. Por lo tanto, es necesario
investigar y establecer parámetros de densidad poblacional desde el punto de vista local,
regional y nacional a fin de ser puntuales en las necesidades de cada productor y con ello
producir mas toneladas por unidad de área.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
78
Tratamientos
GFT
(tallos.ha )
(g)
50,000
2489.7 b
-1
NFP
25.00 b
PPF
LF
DEF
(g)
(mm)
(mm)
99.73 b
65.78 a
48.91 ab
45,000
2521.3 b
24.91 b
101.23 ab
66.54 a
48.64 ab
40,000
2861.5 ab
28.12 ab
101.62 ab
65.82 a
48.40 b
35,000
3389.2 a
32.75 a
103.34 ab
66.10 a
48.31 b
30,000
2701.5 b
25.83 b
104.91 a
66.06 a
48.44 ab
25,000
2483.5 b
24.29 b
102.12 ab
66.87 a
49.45 ab
T0-28,000
2730.5 ab
26.41 ab
103.18 ab
67.03 a
50.12 a
Significancia
**
**
*
ns
*
GLE
75
75
75
75
75
CV (%)
20.07
19.77
3.42
1.86
2.82
*, **=significativo al 0.05 y 0.01 respectivamente, ns= no significativo, GLE= grados de libertad del error,
&= medias seguidas de la misma letra en las columnas son estadísticamente iguales Tukey= (p≤0.05)
GFT= gramos de fruto por tallo, NFP= número de frutos por planta, PPF= peso promedio de fruto, LF=
longitud de fruto, DEF= diámetro ecuatorial de fruto.
Tabla 1. Varianza y comparación de medias de componentes de rendimiento y calidad de fruto de
tomate injertado cultivado a diferente densidad de plantación.
Indicadores de desempeño agronómico
Las variables agronómicas evaluadas se muestran en la Tabla 2. En cuanto a
diámetro de tallo principal, sobresale 30,000 tallos.ha-1 que superó al testigo en 23.14%,
seguido de 40,000 y 35,000 tallos.ha-1, mientras que el menor grosor de tallo se obtuvo en
55,000 con 17.60 mm. Lo anterior difiere con lo descrito por Grijalva et al., (2010) ya que
no encontraron diferencias estadísticas para dicha variable entre diferentes densidades
de plantación en tomate. La altura de planta se vio beneficiada con la densidad de 35,000
y 30,000 tallos.ha-1con 298.33 y 289.77 cm respectivamente, seguido de 45, 40 y 50 mil
tallos.ha-1, y superaron estadísticamente al testigo en 7.3%. Por lo anterior se confirma que
a mayor densidad de plantación, mayor competencia y sombreo entre las plantas (Grijalva
et al., 2010), se pierde vigor, se alargan los entrenudos y se adelgazan los tallos (López et
al., 2015), además Grijalva et al., (2010) señalan que una mayor altura de planta se obtiene
con 37,800 plantas.ha-1, mientras que Tuan y Mao (2015) la encontraron con 35,700. En
las variables de distancia entre racimos y número de racimos por tallo no se encontraron
diferencias estadísticas significativas, por lo que para dichas variables al injertar tomate Cid
con el patrón Multifort la planta no se ve afectada por las densidades de plantación, o al
menos no bajo las condiciones probadas.
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Capítulo 7
79
Tratamientos
DER
DTP
(tallos.ha )
(cm)
(mm)
50,000
24.49 a
18.76 bc
10.20 a
280.00 abc
45,000
24.31 a
18.69 bc
10.12 a
284.58 abc
40,000
24.99 a
21.27 ab
10.54 a
281.45 abc
35,000
24.26 a
19.60 abc
10.54 a
298.33 a
30,000
24.71 a
21.71 a
10.75 a
289.79 ab
-1
NRT
AP
(cm)
25,000
23.62 a
18.69 bc
10.23 a
268.75 c
T0-28,000
24.57 a
17.63 c
10.54 a
277.78 bc
Significancia
ns
**
ns
**
GLE
75
75
75
75
CV (%)
11.21
12.06
5.49
5.66
*, **=significativo al 0.05 y 0.01 respectivamente, ns= no significativo, GLE= grados de libertad del error,
&= media seguida de la misma letra en las columnas son estadísticamente iguales Tukey= (p≤0.05)
DER= distancia entre racimos, DTP= diámetro de tallo principal, NRT= racimos por tallo, AP= altura de
planta.
Tabla 2. Varianza y comparación de medias de variables agronómicas en tomate injertado cultivado a
diferente densidad de plantación.
Rendimiento por hectárea calculado
El rendimiento por hectárea calculado se muestra en la Figura 1. En el que se observa
que los mejores tratamientos fueron 50, 35, 45 y 40 mil tallos.ha-1 con 124.48, 123.7, 113.02
y 110.93 t.ha-1 respectivamente, los primeros dos superaron al testigo en 65%, y a la más
baja densidad hasta en 100%, lo cual se explica en la cantidad de frutos cosechados por
unidad de superficie, ya que es el componente que más influye en el rendimiento (Sánchez
et al., 2017), sin embargo, se afecta la calidad de fruto individual, debido a que se obtienen
frutos de menor tamaño y peso promedio, lo cual resulta limitante si se quiere ofertar un
producto de la calidad que exige el mercado, sobre todo el de exportación. Y coincide con
lo reportado por (Sánchez et al., 2017; Ucan et al., 2005; Peil y Gálvez, 2004) quienes
señalan que a mayor densidad de población aumenta el rendimiento por metro cuadrado
en tomate, sin embargo, también se regula la competencia por los asimilados y los factores
agroclimáticos, radiación y CO2 que necesita la planta para expresar su máximo potencial
fenotípico (Jarma, 2008), tendencias similares se reportaron en el cultivo de Pepino
(López et al., 2015) y en pimiento morrón (Cruz et al., 2009; Monge, 2015). Por su parte
Tuan y Mao (2015), señalan que la mejor densidad para cultivar tomates en un clima
tropical como el de Vietnam es de 25,900 plantas.ha-1. Con lo anterior se confirma que
el componente agroclimático es crucial para determinar la densidad de plantación en una
región determinada, debido a que el comportamiento genotipo-ambiente es diferente, por
lo que hacer estudios de densidad de plantación de los cultivos de manera local y regional
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
80
permitirá generar información, que posibilite en la medida de lo posible, la optimización
de las unidades de producción y generar más kilogramos de producto comercial por cada
metro cuadrado de superficie cultivada. Además, debido a que el rendimiento de frutos de
tomate puede ser aumentado significativamente mediante el incremento de la densidad
de población, un alto rendimiento por unidad de área que se encuentre en los rangos
de calidad que exige el mercado podría resultar económicamente rentable y viable de
establecer (Sánchez et al., 2017).
(tallos.ha-1)
140
a
120
50,000
45,000
40,000
35,000
30,000
25,000
T0 (28,000)
a
a
a
100
bc
-1
(t.ha )
b
80
60
c
40
20
0
Figura 1. Comparación de medias de Tukey P≤0.05, de rendimiento calculado en toneladas por
hectárea, de tomate injertado cultivado a diferentes densidades de plantación.
CONCLUSIONES
Para el tomate Cid injertado con el portainjerto Multifort la densidad de plantación
más adecuada fue 35,000 tallos por hectárea, ya que generó mayor rendimiento.
A medida que se incrementa la densidad de población se incrementa también el
rendimiento por unidad de superficie, sin embargo, se afecta la calidad del fruto y el vigor
de la planta en general.
El espaciamiento adecuado entre las plantas cultivadas es de gran importancia,
ya que determina el aprovechamiento de todos los recursos disponibles y se refleja en la
productividad final del cultivo.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 7
84
CAPÍTULO 8
MODELAGEM DO PROCESSO DE SECAGEM DE
SEMENTES DE ABÓBORAS EM DIFERENTES
TEMPERATURAS
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 12/04/2022
Paulo Gustavo Serafim de Carvalho
Universidade Federal do Vale do São
Francisco, Colegiado de Engenharia Agrícola e
Ambiental
Juazeiro – BA
http://lattes.cnpq.br/6327341600726157
Acácio Figueiredo Neto
Universidade Federal do Vale do São
Francisco, Colegiado de Engenharia Agrícola e
Ambiental
Juazeiro – BA
http://lattes.cnpq.br/7419764880191120
Lucas Campos Barreto
Universidade Federal do Vale do São
Francisco, Colegiado de Engenharia Mecânica
Juazeiro – BA
http://lattes.cnpq.br/8315383501021510
RESUMO: A secagem é uma técnica bastante
utilizada para garantir maior qualidade no
armazenamento, conservação e manuseio
dos grãos de abóbora. Este trabalho pretende
determinar o modelo matemático que melhor
descreve a secagem por convecção em camada
fina de sementes de abóbora (Cucurbita
moschata Duch) das variedades “Jacarezinho,
Moranga e Caboclo” que são produzidas no
Vale do São Francisco. Os testes de secagem
foram realizados em estufas com ar forçado nas
temperaturas de 40 ºC, 50 ºC e 60 ºC ± 1 ⁰C.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Após a coleta dos dados experimentais tornouse possível à análise numérica e implementação
computacional de modelos físico-matemáticos.
Os modelos matemáticos foram ajustados
por meio de análise de regressão não linear,
realizada pelo do software Microfit®, fornecendo
as curvas teóricas de secagem obtidas
experimentalmente. A seleção do melhor modelo
foi feita considerando-se o coeficiente de
determinação (R²), a magnitude do coeficiente
de determinação ajustado (R̅ ²), o erro médio
estimado (SE) e o erro médio relativo (P).
Estas curvas, por sua vez, foram ajustadas aos
modelos teóricos para se inferir os procedimentos
mais adequados para secagem deste tipo de
semente visando aumentar a eficiência dos
secadores de baixo custo construídos para essa
finalidade e obter uma melhor qualidade da
semente desta hortaliça para região. O modelo
de Midilli apresentou grande acuracidade para
todas as três variedades de grão de abóbora
nas temperaturas estudadas (30, 40 e 50 °C)
sendo o escolhido para a modelagem das curvas
de secagem destas. O modelo logarítmico
apresentou bons resultados para a variedade
Jacarezinho sendo também adotado como
opção para a modelagem desta. Analogamente,
o modelo de Difusão mostrou-se uma opção para
a modelagem da variedade Moranga à 30 °C.
PALAVRAS-CHAVE:
Semente,
abóbora,
secagem, secador, camada fina.
Capítulo 8
85
MODELING THE DRYING PROCESS OF PUMPKIN SEEDS AT DIFFERENT
TEMPERATURES
ABSTRACT: In order to ensure a better storage, conservation and handling quality of the
pumpkin grains a, widely used, technique is the drying. This paper intends to establish the
mathematical model that best describes the convective drying in a thin layer of “Jacarezinho”,
Pumpkin and “Caboclo” all varieties of pumpkin (Cucurbita moschata Duch) which are
produced in São Francisco Valley. Drying tests were conducted in greenhouses using forced
air under temperatures of 40 °C, 50 °C and 60 °C. After collecting the experimental data the
numerical analysis and computational implementation of the physical-mathematical model
became possible. The computational models were fitted by nonlinear regression analysis
performed by the software Microfit®, providing the theoretical drying curves which were
obtained experimentally. The selection of the best model was made considering the coefficient
of determination (R²), the magnitude of the adjusted coefficient of determination (R̅ ²), the
estimated mean error (SE) and the mean relative error (P).These curves were adjusted to
theoretical models to find the most appropriate drying procedures to these kinds of seed and
increase the efficiency of inexpensive dryers constructed for this purpose and get a superior
vegetable seed quality crop to the mentioned region. Midilli’s model showed great accuracy
for all three varieties of pumpkin grain in the studied temperatures (30, 40 and 50 °C) being
chosen for the modeling of the drying curves. Similarly, the logarithmic model showed good
results simulating Jacarezinho’s seed been chosen as an option for it. The diffusion model is
an option to Moranga’s seed modeling at 30 °C.
KEYWORDS: Seed, pumpkin, drying, dryer, thin-layer.
1 | INTRODUÇÃO
Durante as últimas décadas, a busca por uma alimentação cada vez mais saudável
e viável economicamente ocasionou em um aumento considerável na procura por
alimentos como frutas e hortaliças. De maneira a diminuir o desperdício destes, cascas e
grãos de alimentos têm sido bastante utilizados de forma a enriquecer e balancear diversas
dietas, tornando-se fontes importantes de proteínas, carboidratos e vitaminas dentre
outros nutrientes. Um exemplo deste tipo de alimento é a abóbora (Cucurbita moschata),
pertencente a família Cucurbitaceae.
Atualmente se consome a abóbora tanto na forma de fruto, como em grãos.
Segundo Teixeira (2013), os grãos de abóbora são ricos em diversos tipos de nutrientes
como lipídios, proteínas, fibras dentre outros, atualmente são utilizados tostados, ou como
matéria prima para a produção de óleo.
Para a garantir maior qualidade no armazenamento, conservação e manuseio dos
grãos de abóbora utiliza-se o processo de secagem. De acordo com Oliveira et al. (2008), este
compõe uma das etapas do processamento dos produtos agrícolas tendo como finalidade
a retirada de parte da água neles contida, reduzindo assim as mudanças física e químicas
do produto. Segundo Martinazzo et al. (2007), baseando-se no fato de que todo mecanismo
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
86
metabólico, para manter suas atividades, necessita de uma determinada quantidade de
água, a redução disponibilidade da mesma consequentemente reduzirá a velocidade das
reações químicas no produto, bem como o desenvolvimento de microrganismos.
O processo de secagem pode ser subdividido em dois grupos, podendo ser de forma
natural ou forçada. De acordo com Villela (1992), o primeiro processo ocorre em virtude
do gradiente de potencial hídrico entre as duas regiões, enquanto o segundo mediante
ventilação forçada de ar que ocasiona, essencialmente, dois processos simultâneos:
transferência de água da superfície da semente para o ar circundante; e o movimento de
água do interior para a superfície da semente.
A literatura apresenta vários métodos para se analisar e simular a secagem de
produtos higroscópicos sendo eles divididos em três grandes grupos: teóricos, semiteóricos
e empíricos.
Segundo Martinazzo et al. (2007), os modelos teóricos que descrevem a taxa
decrescente de secagem de um sólido consideram, geralmente, como mecanismo principal,
a difusão baseada na segunda Lei de Fick, que expressa o fluxo de massa por unidade
de área proporcional ao gradiente de concentração de água. De acordo com Carlesso
et al. (2007), o método empírico consiste na formação de grupos físicos adimensionais
que podem ser facilmente investigados por experimentos de laboratório e baseia-se nas
condições externas, como temperatura, razão da mistura e velocidade do ar de secagem.
Por último, segundo Martinazzo (2007), os modelos semiteóricos baseiam-se, de modo
geral, na Lei de Newton para resfriamento aplicada à transferência de massa. Esta lei,
presume-se condições isotérmicas e a restrição da resistência à transferência de umidade
apenas à superfície do produto.
Segundo Carlesso et al. (2007), devido ao fato de nenhum modelo teórico
desenvolvido ter sido capaz de predizer com tanta precisão o teor de água de equilíbrio de
grãos em todas as faixas de temperatura e umidade relativa do ar para a modelagem das
curvas de secagem de grãos de camada fina quanto os modelos semiteóricos (Lewis, Page,
Page Modificado, Henderson & Pabis, Logarítmico, Dois-termos, Dois-termos exponencial,
Difusional) e empíricos (Modelos de Wang e Singh), apenas estas têm sido utilizadas nos
projetos de secadores. Logo, foi descartada a hipótese de utilização de modelos teóricos.
Diógenes et al. (2013), ajustaram várias equações aos dados experimentais da
secagem de grãos inteiros de abóbora, grãos de abóbora sem tegumento e farinha de grãos
de abóbora onde, os modelos que melhor se ajustaram foi o de Aproximação da Difusão e
Logarítmico; por sua vez, Kahveci et al. (2006), ao analisar as características de secagem
intermitente de camada fina de grãos de arroz concluiu ser o modelo de Midilli o que melhor
descreveu o processo, enquanto Oliveira (2012), avaliando a secagem dos grãos de milho
definiu o modelo de Lewis como o mais adequado para descrever as curvas de secagem
nas temperaturas 40, 55, 70, 85 e 100 °C, por último, Möhler (2010), demonstrou que o
modelo de Page foi o que melhor se adequou a secagem de grãos de soja. Dessa forma os
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
87
modelos apresentados acima foram escolhidos para a presente modelagem.
É interessante reafirmar que diversos benefícios são advindos da possibilidade de
simular um processo de secagem sem que seja necessário a construção de um protótipo
(secador solar) como, por exemplo, a redução do tempo e custo do processo bem como
uma maior precisão. Esses são exemplos da motivação para a realização deste trabalho.
O presente artigo tem como objetivo estudar o ajuste de curvas de secagem de
sementes de abóbora das variedades Caboclo, Jacarezinho e Moranga às temperaturas de
30 ºC, 40 ºC e 50 ºC. Os resultados aqui obtidos serão utilizados no ajuste de um secador
que utilize da secagem natural ou forçada, através da adaptação dos dados experimentais
por modelos matemáticos de forma a catalogar o tempo específico de secagem necessário
para se alcançar um valor de razão de umidade requerido para o devido armazenamento
dos grãos.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamentos de Produtos
Agrícolas (LAPA) da Universidade Federal de Vale do São Francisco (UNIVASF), no Campus
de Juazeiro – BA com grãos de três variedades distintas de sementes de abóbora (Caboclo,
Jacarezinho e Moranga), retiradas à temperatura ambiente, precedentes do Mercado do
Produtor da cidade de Juazeiro – BA. Estas foram submetidas a um processo de lavagem
manual em água corrente com o auxílio de uma peneira para a remoção do excesso da
polpa, em seguida as sementes foram armazenadas a -18º C. Antes da realização do teste
de umidade e da secagem, essas amostras foram retiradas do freezer e postas na geladeira
para descongelamento.
Para cada variedade foram retiradas três subamostras das sementes e dispostas
em recipientes de alumínio com 3,9 e 5,7 cm de profundidade e diâmetro, respectivamente,
conforme Figura 1. Essas sementes foram pesadas em uma balança digital (Figura 2), com
precisão de ± 0,1 g. Após a pesagem, as sementes foram colocadas numa estufa a 105
⁰C durante 24 h para determinação do teor de água inicial. Este procedimento foi repetido
três vezes.
Ao fim do experimento, os potes foram novamente pesados para a determinação da
massa final, possibilitando assim o cálculo da umidade da amostra.
2.1 Secagem das sementes
Para a secagem do produto foram utilizadas as temperaturas de 0 ºC, 40 ºC e 50
ºC ± 1 ⁰C. As amostras de cada variedade foram colocadas em uma bandeja de zinco com
pequenos furos em camada fina, com 21 cm de largura e 2 cm de profundidade, com fluxo
de ar perpendicular às sementes. A seguir, foram aferidas o seu peso líquido inicial em uma
balança de precisão. Esse processo prosseguiu até que o produto atingisse a estabilização
de suas massas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
88
Nas duas primeiras horas as sementes foram retiradas e pesadas a cada 15 minutos
para que esse pequeno intervalo de medidas possibilitasse uma melhor definição da curva
no instante inicial. Nas duas horas seguintes o procedimento foi repetido em intervalos de
30 minutos. Após as 4 horas, a aferição foi realizada 01 vez a cada hora. O processo só foi
finalizado no momento em que o produto atingiu peso constante.
Os dados experimentais obtidos com a secagem dos grãos de abóbora foram
ajustados através dos modelos matemáticos utilizados geralmente para secagem de
produtos agrícolas (CARLESSO et al., 2007; DIÓGENES et al., 2013; KAHVECI et al. 2006;
OLIVEIRA 2012; MÖHLER, 2010). A tabela 1 apresenta tais modelos e suas respectivas
equações.
Nome do Modelo
Equação
Nº
Aproximação da Difusão
RU = a.exp(−k.t) + (1− a).exp(−k.b.t)
Eq. 1
Lewis
RU = exp(-k.t)
Eq. 2
Logarítmico
RU = a.exp(−k.t) + c
Eq. 3
Midilli
RU = a.exp(−k.t ) + b.t
Eq. 4
Page
RU = exp(−k.t )
Eq. 5
n
n
RU = razão de umidade do produto, adimensional; t = tempo de secagem, h; k = coeficiente de
secagem, h⁻¹; e a, b, c, n = coeficientes dos modelos.
Tabela 1. Modelos matemáticos utilizados para predizer o fenômeno de secagem de produtos agrícolas
A razão de umidade dos (RU) grãos de abóbora, nas três temperaturas de secagem,
foi determinada a partir da equação abaixo.
Onde,
RU = Razão de Umidade
U = teor de água do produto, decimal b.s.;
Ui = teor de água inicial do produto, decimal b.s.;
Ue = teor de água de equilíbrio do produto, decimal b.s.
Para o ajuste dos modelos acima e determinação dos respectivos parâmetros foi
utilizada análise de regressão não linear, através do software Microfit® (SIQUEIRA et al.,
2014), um software gratuito, autônomo e de fácil utilização voltado para o ajuste, criação e
comparação de modelos.
A seleção dos melhores modelos foi determinada pelas magnitudes do coeficiente
de determinação (R²), do coeficiente de determinação ajustado (R̅ ²), do erro médio relativo
(P), todos obtidos diretamente no software Microfit®. A significância do coeficiente de
regressão foi feita pelo teste t, adotando o nível de 5% de probabilidade.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
89
Também foi calculado o erro relativo médio, conforme descrito na Equação7
(CAMICIA et al., 2015):
Onde:
Y = valor observado experimental;
Y0 = valor calculado;
GRL = graus de liberdade, obtidos pela subtração do número de observações pelo
número de parâmetros.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teor de água no início do processo de secagem foi determinado para a variedade
Caboclo, Jacarezinho e Moranga como 38 ± 0,1%, 32 ± 0,1% e 39 ± 0,1% (base úmida),
respectivamente.
A razão de umidade dos grãos de abóbora nas temperaturas de 30, 40 e 50 °C, em
função do tempo de secagem, estão apresentados nas figuras abaixo.
Figura 1. Valores médios da razão de umidade em função do tempo para as três temperaturas e três
variedades: (a) Caboclo; (b) Jacarezinho; (c) Moranga.
A análise gráfica demonstra existência de correlação entre a temperatura e a cinética
do processo, com taxa média para a estabilização do teor de água em torno de oito horas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
90
Como esperado, a razão de umidade diminui conforme o aumento da temperatura do ar, ou
seja, há uma maior remoção de água.
3.1 Modelos matemáticos
Para a dinâmica da secagem dos grãos de abóbora (Caboclo, Moranga e
Jacarezinho), foram utilizados 5 modelos matemáticos (Tabela 1).
A comparação dos modelos foi feita levando-se em conta a análise dos parâmetros
estatísticos e coeficientes de determinação (R²), coeficiente de determinação ajustado (R̅ ²),
erro médio relativo (P) e erro médio estimado (SE).
As curvas teóricas e experimentais são mostradas abaixo. Foram escolhidas por
apresentarem os melhores parâmetros estatísticos e coeficientes de determinação:
Figura 1. Curvas da simulação da secagem utilizando método de Midilli dos grãos de abóbora nas
variedades: (a) Caboclo; (b) Jacarezinho; (c) Moranga.
Figura 2. Curvas da simulação da secagem dos grãos de abóbora Jacarezinho utilizando o método
logarítmico.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
91
Figura 3. Curvas da simulação da secagem dos grãos de abóbora Moranga utilizando o método de
Difusão.
Nas Tabelas 2, 3 e 4, são apresentados os valores dos coeficientes de determinação
normal e ajustado, bem como os erros médios, relativo e estimado, para os cinco
modelos de secagem ajustados para os as variedades Caboclo, Jacarezinho e Moranga,
respectivamente.
Modelo
30 °C
R²0
40 °C
²
R̅
SE
P
50 °C
R²
R̅ ²
SE
P
R̅ ²
R
2
2
SE
P
Page
99,52
99,46
0,0176
0,46
99,36
99,28
0,0163
2,09
99,52
99,46
0,017
2,85
Difusão
99,75
99,67
0,0075
0,53
96,45
95,79
0,0397
4,46
92,74
91,28
0,070
12,23
Lewis
99,73
99,71
0,0070
0,56
96,45
96,25
0,0373
4,46
92,74
92,31
0,066
12,23
Logarít.
99,86
99,81
0,0057
0,34
99,07
98,89
0,0204
2,17
99,81
99,77
0,011
1,68
Midilli
99,93
99,89
0,0044
0,30
99,79
99,73
0,0100
1,08
99,96
99,96
0,010
0,44
²
Tabela 2. Coeficientes de determinação normal (R2, %) e ajustado (R̅ , %), erro médio relativo (P,
%), estimado (SE, decimal) para os cinco modelos analisados, para a secagem do grão de abóbora
Caboclo nas temperaturas 30, 40 e 50 °C.
Os resultados mostram que todos os modelos para esta variedade simularam
de maneira satisfatória os dados experimentais, tendo apresentado coeficientes de
determinação acima de 95% exceto os modelos de difusão e Lewis para 50 °C. Dentre os
modelos, Midilli foi o que melhor se ajustou nas três temperaturas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
92
Modelo
30 °C
40 °C
R²
R̅ ²
SE
P
Page
99,62
99,55
0,006
Difusão
99,86
99,81
Lewis
97,88
Logarít.
Midilli
50 °C
R²
R̅ ²
SE
P
R̅ ²
0,49
99,89
99,88
0,006
0,69
99,63
0,004
0,32
96,82
96,23
0,034
3,71
97,71
0,015
1,33
96,82
96,65
0,032
99,87
99,83
0,004
0,33
99,65
99,58
99,86
99,80
0,004
0,33
99,95
99,94
R
2
SE
P
99,58
0,013
1,55
97,80
97,25
0,033
3,97
3,71
97,80
97,65
0,030
3,97
0,011
1,09
99,99
99,99
0,002
0,21
0,004
0,42
99,99
99,98
0,002
0,20
2
²
Tabela 3. Coeficientes de determinação normal (R2, %) e ajustado (R̅ , %), erro médio relativo (P,
%), estimado (SE, decimal) para os cinco modelos analisados, para a secagem do grão de abóbora
Jacarezinho nas temperaturas 30, 40 e 50 °C.
De maneira similar à variedade de grão anterior, nesta todos os modelos também
apresentaram coeficientes de determinação normal acima de 95%. Vale ressaltar que
o modelo logarítmico apresentou o maior valor de R² para 30 e 50 °C porém Midilli
teve valores bem próximos deste. Devido à proximidade nos valores de coeficiente de
determinação normal e ajustado, entre os modelos logarítmico e de Midilli, e o fato do
segundo ter apresentado certa invariabilidade, foi determinado que ambos simularam de
maneira satisfatória esta variedade.
Modelo
30 °C
R²
R̅ ²
SE
P
40 °C
R̅ ²
SE
R²
50 °C
P
R̅ ²
R 22
SE
P
Page
99,6
99,5
0,006
0,53
99,91
99,90
0,00
0,33
99,20
99,0
0,014
1,26
Difusão
99,83
99,7
0,004
0,33
93,09
91,80
0,03
3,55
94,68
93,2
0,038
3,48
Lewis
98,85
98,7
0,010
0,77
93,09
92,71
0,03
3,55
94,68
94,2
0,034
3,48
Logarít.
99,79
99,7
0,005
0,39
99,73
99,68
0,00
0,46
99,95
99,9
0,004
0,32
Midilli
99,82
99,7
0,005
0,34
99,92
99,90
0,00
0,31
99,96
99,9
0,003
², %), erro médio relativo (P,
̅
Tabela 4. Coeficientes de determinação normal (R , %) e ajustado (R
%), estimado (SE, decimal) para os cinco modelos analisados, para a secagem do grão de abóbora
Moranga nas temperaturas 30, 40 e 50 °C.
0,27
2
Para esta variedade, os modelos de Difusão e Lewis apresentaram coeficientes de
determinação abaixo de 95% para altas temperaturas (40 e 50 °C), porém tiveram bons
resultados na simulação à 30 °C. De maneira similar a Jacarezinho, o modelo de Midilli
apresentou bom desempenho para as três temperaturas nesta variedade e, devido à maior
consistência nos resultados obtidos, o mesmo foi adotado para 40 e 50 °C. Para 30 °C, o
modelo de Difusão foi escolhido também para a simulação.
Vale ressaltar que todos os métodos escolhidos para a simulação neste artigo
obtiveram valores do coeficiente de determinação bem próximos dos valores do coeficiente
de determinação ajustado. Evidencia-se, portanto, o descarte da possibilidade de um
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
93
superajustamento dos modelos.
Nas Tabelas 5, 6 e 7 são apresentados os valores dos coeficientes de cada modelo
matemático encontrado a partir da aproximação realizada para as variedades Caboclo,
Jacarezinho e Moranga, respectivamente.
Modelos
Matemáticos
Lewis
Page
Difusão
Logarítmico
Midilli
Parâmetros
T (°C)
k
-
-
-
30
0,118
-
-
-
40
0,097
-
-
-
50
0,196
-
-
-
T (°C)
k
n
-
-
30
0,114
1,039
-
-
40
0,141
0,790
-
-
50
0,292
0,708
-
-
T (°C)
k
a
b
-
30
0,060
-1,809
1,333
-
40
0,097
1,965
1,000
-
50
0,196
1,901
1,000
-
T (°C)
k
a
c
-
30
0,138
0,914
0,095
40
0,113
0,809
0,148
50
0,342
0,735
0,244
T (°C)
k
a
b
n
30
0,158
1,003
0,038
1,124
40
0,130
1,004
-0,023
0,540
50
0,301
1,006
0,012
0,823
-
Tabela 5. Parâmetros dos diferentes modelos matemáticos nas temperaturas de 30, 40 e 50 °C para a
variedade caboclo.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
94
Modelos
Matemáticos
Lewis
Page
Difusão
Logarítmico
Midilli
Parâmetros
T (°C)
k
-
-
-
30
0,0845
-
-
-
40
0,0824
-
-
-
50
0,1641
-
-
-
T (°C)
k
n
-
-
30
0,1012
0,8375
-
-
40
0,1212
0,7871
-
-
50
0,2017
0,8335
-
-
T (°C)
k
a
b
-
30
0,0227
0,6849
12,8011
-
40
0,0824
1,7037
1,0000
-
50
0,1641
2,2406
1,0000
-
T (°C)
k
a
c
-
30
0,2413
0,4503
0,5524
-
40
0,1264
0,6925
0,2799
-
50
0,2851
0,7152
0,2874
-
T (°C)
k
a
b
n
30
0,1413
1,0035
0,0346
0,9668
40
0,1159
1,0004
-0,0090
0,6974
50
0,2232
1,0033
0,0225
0,9719
Tabela 6. Parâmetros dos diferentes modelos matemáticos nas temperaturas de 30, 40 e 50 °C para a
variedade Jacarezinho.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
95
Modelos
Matemáticos
Lewis
Page
Difusão
Logarítmico
Midilli
Parâmetros
T (°C)
k
-
-
-
30
0,0715
-
-
-
40
0,0538
-
-
-
50
0,1192
-
-
-
T (°C)
k
n
-
-
30
0,0813
0,8865
-
-
40
0,0931
0,7092
-
-
50
0,1590
0,7596
-
-
T (°C)
k
a
b
-
30
0,0843
0,9901
-4,7290
-
40
0,0538
2,0186
1,0000
-
50
0,1192
-3,1741
1,0000
-
T (°C)
k
a
c
-
30
0,1764
0,4820
0,5193
-
40
0,1373
0,4734
0,5039
-
50
0,3298
0,5128
0,4902
-
T (°C)
k
a
b
n
30
0,1208
0,9988
0,0395
1,0421
40
0,0897
0,9941
0,0026
0,7576
50
0,2032
1,0025
0,0417
0,9726
Tabela 7. Parâmetros dos diferentes modelos matemáticos nas temperaturas de 30, 40 e 50 °C para a
variedade moranga.
A partir da análise dos dados apresentados nas tabelas acima foi possível determinar
quais as equações para as variedades estudadas, de acordo com o modelo que melhor se
ajustou, para cada variedade de grão e suas respectivas temperaturas. A Tabela 8 mostra
os métodos que apresentaram os maiores coeficientes de determinação normal para as
três variedades de grão de abóbora para as três temperaturas analisadas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
96
Caboclo
Jacarezinho
Moranga
30 °C
40 °C
50 °C
30 °C
40 °C
50 °C
30 °C
40 °C
50 °C
Midilli
Midilli
Midilli
Logarítmico
Midilli
Logarítmico
Midilli
Logarítmico
Midilli
Midilli
Difusão
Midilli
Midilli
Tabela 8. Modelos com maior coeficiente de determinação normal para as três variedades de sementes
e temperaturas.
Como discutido anteriormente, mesmo os modelos Logarítmico e de Difusão tendo
apresentando maiores valores de coeficiente de determinação, devido a maior frequência
do modelo de Midilli e a pequena diferença nos valores de R², este também foi escolhido
como opção para a simulação da curva de secagem.
O tempo necessário para a estabilização da razão de umidade, utilizando o modelo
de Midilli, é mostrado abaixo para cada variedade e temperaturas estudadas.
Caboclo
Jacarezinho
Moranga
T (⁰C)
RU
t(h)
RU
t(h)
RU
t(h)
30
0,49
8
0,61
9
0,65
9
40
0,36
11
0,44
11
0,60
11
50
0,26
10
0,34
10
0,54
8
Tabela 9. Tempo para estabilização (t) da razão da umidade (RU).
4 | CONCLUSÃO
O modelo de Midilli foi o que apresentou melhor ajuste dos dados, justificado pelos
melhores indicadores estatísticos, para todas as três variedades de grão de abóbora nas
temperaturas estudadas (30, 40 e 50 °C). Para a variedade Jacarezinho, conclui-se que o
modelo logarítmico também apresenta bons resultados sendo uma opção de modelo para
esta. De maneira análoga, o modelo de Difusão apresenta bom desempenho na simulação
da variedade moranga à 30 °C podendo ser adotado para a modelagem desta.
A razão de umidade caiu conforme verificou-se o aumento de temperatura de
secagem. Foi possível determinar o tempo em que ocorreu a redução da taxa do teor de
umidade até o seu ponto de equilíbrio, que é próximo ao ar de secagem, possibilitando
assim a criação de um banco de dados utilizado na otimização tanto do tempo de secagem,
como na redução dos custos envolvidos nesse processo. Tais parâmetros são importantes
para o dimensionamento e ajuste de um secador solar de baixo custo.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
97
REFERÊNCIAS
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Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IF Goiano, Rio Verde, 2012.
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Journal of Food Technology (Online), v. 17, p. 329-339, 2014.
TEIXEIRA, L. Caracterização física do óleo e grãos de abóbora (cucurbita moschata) objetivando
a produção de biocombustível. 2013. 131 f.. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) Universidade Federal Fluminense. Niterói, 8 de Julho de 2013.
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alimentar. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.1, p.113-124. 2012.
VILLELA, F.A; SILVA, W.R.. Curvas de secagem de sementes de milho utilizando o método
intermitente. Scientia Agricola, Piracicaba-SP, 1992.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 8
98
CAPÍTULO 9
A CULTURA DO RAMBUTAN
Samuel Ferreira Pontes
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 04/07/2022
Gabriela Sousa Melo
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/8676317525625964
Marina Martins Fontinele
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/7893718414974459
Karolline Rosa Cutrim Silva
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/6986091269135957
Ruslene dos Santos Souza
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/8644611138191122
Bruna Oliveira de Sousa
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/9025308922629500
Brenda Elen Lima Rodrigues
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/3744642411826282
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Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/5268797301695901
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos
Universidade Federal do Maranhão, Centro de
Ciências Agrarias e Ambientais
Chapadinha – Maranhão
http://lattes.cnpq.br/0720581765268326
RESUMO: O Brasil é o terceiro produtor
mundial de frutas do mundo e sua a produção
frutícola tropical se concentra nas regiões Norte
e Nordeste. Frutos tropicais são amplamente
apreciados por suas propriedades nutritivas e
sabor agradável. Da família Sapindaceae, a
rambuteira (Nephelium lappaceum L.) tem origem
da Malásia e Indonésia. O rambutan é uma
drupa globosa, produzida em cachos, de polpa
translúcida branca a amarela-clara e sabor doce
ou ácido. O estado da Bahia é o maior produtor da
fruta no Brasil, em 2017 foram comercializadas
30,92 toneladas do produto. O rambutan pode
ser propagado via sementes, enxertia, alporquia
e estratificação, os resultados das plantas adultas
variam conforme o método empregado. A frutícola
se adapta a faixas de temperatura em torno de
25°C, produz devidamente bem em clima quente
úmido e em altitude acima de 500m, é exigente
em umidade e altos indices pluviométricos bem
distribuídos ao longo do ano. Se adapta a solos
com pH entre 5,5 e 6,5 de textura média e ricos
em matéria orgânica. A frutificação pode ocorrer
de 3 a 6 anos após implantação do pomar, a
Capítulo 9
99
depender do método de propagação empregado. A colheita ocorre de forma indeterminada,
depois de colhidos os frutos devem ser imediatamente refrigerados e armazenados para
transporte e comercialização. Além de consumido in natura pode ser utilizado na fabricação
de doces e compotas, xaropes e possui propriedades médicas e farmacêuticas.
PALAVRAS-CHAVE: Nephelium lappaceum L., frutas tropicais, morfologia.
THE CULTURE OF RAMBUTAN
ABSTRACT: Brazil is the third largest producer of fruit in the world and its tropical fruit
production is concentrated in the North and Northeast regions. Tropical fruits are widely
appreciated for their nutritious properties and pleasant taste. From the family Sapindaceae,
the rambuteira (Nephelium lappaceum L.) originates from Malaysia and Indonesia. Rambutan
is a globose drupe, produced in bunches, with a white to light yellow translucent pulp and a
sweet or sour taste. The state of Bahia is the largest producer of the fruit in Brazil, in 2017,
30.92 tons of the product were sold. Rambutan can be propagated via seeds, grafting, layering
and stratification, the results of adult plants vary according to the method used. The fruit plant
adapts to temperature ranges around 25°C, produces properly in hot humid climates and at
altitudes above 500m, is demanding in terms of humidity and high rainfall well distributed
throughout the year. It adapts to soils with a pH between 5.5 and 6.5, medium texture and
rich in organic matter. Fruiting can occur from 3 to 6 years after the orchard implantation,
depending on the propagation method used. The harvest takes place in an indeterminate
way, after harvesting the fruits must be immediately refrigerated and stored for transport and
commercialization. In addition to being consumed in natura, it can be used in the manufacture
of sweets and jams, syrups and has medical and pharmaceutical properties.
KEYWORDS: Nephelium lappaceum L., tropical fruits, morphology.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas do mundo, com produção superior
a 40 milhões de toneladas e mais de dois milhões de hectares plantados (BRASIL, 2018).
O Sudeste é a maior região produtora brasileira representando 50,7% da produção total,
seguida de Nordeste (27,2%), Sul (12,1%), Norte (7,3%) e Centro-Oeste (2,7%) (GERUM
et al., 2019). A produção frutícola tropical se concentra nas regiões Norte e Nordeste,
sobretudo com a contribuição da região produtora do Vale do Rio São Francisco (IBGE,
2019). Frutos tropicais são amplamente apreciados por suas propriedades nutritivas e
sabor agradável (NACHBAR, 2017).
O rambutan (Nephelium lappaceum L.) pertence à família Sapindaceae muito
recorrente no Brasil devido ser predominantemente tropical, está presente em mais de
400 espécies com diversas morfologias vegetacionais (SOMNER et al., 2016). Várias
espécies da família são amplamente cultivadas e importantes comercialmente como o
guaraná (SERRÃO et al., 2017) com importância capital e material desde tempos coloniais
(HARVEY, 2005).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
100
A cultura rambutan foi introduzida no país através de sementes no estado do Pará,
na década de 70 (SACRAMENTO; ANDRADE, 2014). A fruta exótica é vista como nova
opção e apresenta grande capacidade de mercado (ANDRADE et al., 2008). Possui grande
potencial internacional, e nacional para consumo in natura (VALOIS, 2017), industrial para
produção de corantes a partir da casca (CUNHA, 2018) e antioxidante (THITILERTDECHA
et al., 2008).
A espécie apresenta vasta diversidade genética em relação as características
morfológicas, estruturais, fisiológicas e atributos gustativos (TINDALL, 1994). É cultivada
principalmente nos estados Bahia, Pará e São Paulo (SACRAMENTO et al., 2009). Estes
frutos são bastante sensíveis a condições de armazenamento inapropriadas, devendo ser
consumidos em intervalos curtos posteriormente a colheita, ou armazenados em condições
ideais de refrigeração (SACRAMENTO; ANDRADE, 2014).
Diante da importância da cultura do rambutan (Nephelium lappaceum L.) este estudo
visa reunir informações relevantes em âmbito agronômico da espécie.
2 | REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos botânicos da rambuteira
Da família Sapindaceae, a rambuteira (Nephelium lappaceum L.) tem origem da
Malásia e Indonésia (TINDALL, 1994). O rambutan é uma drupa, produzida em cachos,
que apresenta estruturas parecidas a espinhos maleáveis na superfície de sua casca, esta
pode variar de amarela a vermelho intenso de acordo com a cultivar. O tamanho do fruto
oscila em torno de 3 a 8 cm, com formato globoso pode chegar a pesar de 20 a 50g
onde destes 40 a 60% devem contrituir a polpa. A polpa conhecida como arilo pode ser
translúcida, branca a amarela-clara, de sabor doce ou ácido (SACRAMENTO et al., 2009).
Segundo Tindall (1994) é uma planta de porte médio a alto podendo alcançar de
12 a 20 m de altura, quando propagadas vegetativamente chegam somente de 4 a 12 m.
De hábito eréto ou aberto possui formação de copa densa. Suas folhas são pecíoladas e
alternas, possuindo de 2 a 4 folíolos com tamanho variável.
Suas inflorescências são panícula axilares ou terminais constituídas de flores
masculinas ou hermafroditas. Geralmente as panículas apresentam de 200 a 800 flores,
podendo abrir 100 destas diariamente (TINDALL, 1994). As plantas adultas podem
ser classificadas de acordo com as inflorescências que possuem como masculinas,
hermafroditas com funcionalmente femininas, e hermafroditas bissexuadas (VALMAYOR
et al., 1970).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
101
2.2 Cultura do rambutan
2.2.1
Importancia econômica
Atualmente São Paulo é o maior consumidor de rambutan. O estado da Bahia é o
maior produtor da fruta ofertando-a entre os meses de março a outubro, com contribuição
da produção feita no estado do Pará, São Paulo é o segundo maior fornecedor, com alta
capacidade para produção e comercialização, oferta rambutan no período de novembro
a fevereiro, intercalando-se assim a disponibilidade deste produto para o comsumidor
(ANDRADE et al., 2017).
No Brasil a comercialização do rambutan é feita basicamente in natura em diversos
ninchos de mercado (SACRAMENTO; ANDRADE, 2014), a fruta pode ser utilizada
na fabricação de doces e compotas, e suas sementes podem ser consumidas torradas
(ANDRADE et al., 2008). Dados do CEAGESP mostram que em 2017 foram comercializadas
30,92 toneladas de rambutan in natura quase um terço mais que o comercializado no ano
anterior (22,4 ton).
2.2.2
Propagação do rambutan
De acordo com (ANDRADE et al., 2017) o rambutan pode ser propagado via
sementes, enxertia, alporquia e estratificação, os resultados das plantas adultas variam
conforme o método empregado. Para Sacramento e Andrade (2014) a propagação por
sementes pode ser considerada inapropriada visto que pode gerar vários fatores negativos
em pomares adultos, como plantas de porte muito alto que dificultariam a colheita, alta
proporção de plantas masculinas indesejáveis em pomares comerciais, e demora na
frutificação, recomendando-se a propagação vegetativa.
Este método de propagação ainda pode ser dificultado devido a baixa viabilidade de
sementes sujeitas a armazenamento, visto que o potencial germinativo e vigor destas pode
ser perdido rapidamente (HARTMANN et al., 2011). A temperatura é um fator que influencia
fortemente a qualidade das sementes e mudas de rambutan podendo interferir em reações
metabólicas, sendo a faixa adequada bastente variável (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
Em estudo com diversos métodos de propagação do rambutan Andrade et al., (2017)
observaram que a temperatura de 25 ºC favoreceu a germinação das sementes.
Plantas de rambutan propagadas vegetativamete são mais viáveis quando feitas
por enxertia, o método garante uniformidade, precocidade do pomar e características
estruturais facilitadoras para o manejo (HARTMANN et al., 2011; ANDRADE et al., 2017).
Os métodos de borbulhia em T, em placa, Forket modificado ou por encostia podem ser
utilizados para a propagação das rambuteiras e as gemas utilizadas devem seguir os
parâmetros de viabilidade (TINDALL, 1994). Pode ainda realizar-se a propagação por
estacas de ramos, mas esta é dificultada devido exigir uso de substâncias indutoras de
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
102
enraizamento e nebulização, além de ser um processo demorado (SACRAMENTO et al.,
2009).
2.2.3
Manejo
A rambutanzeira é uma frutícola tropical que se adapta a faixas de temperatura em
torno de 25°C, produz devidamente bem em clima quente úmido e em altitude acima de 500
m (TINDALL, 1994). É exigente em alta umidade relativa do ar, nas regiões produtoras se
observam altos indices pluviométricos bem distribuídos ao longo do ano (SACRAMENTO;
ANDRADE, 2014).
Se adapta a solos com pH entre 5,5 e 6,5 de textura média e ricos em matéria
orgânica. O plantio pode ser realizado em qualquer época do ano recomendando-se
momentos de condições nubladas para relaizar o procedimento. Para caso de mudas
provenientes de sementes é cabível que sejam postas três mudas por cova para posterior
sexagem do pomar (SACRAMENTO et al., 2009).
De acordo com Sacramento e Andrade (2014) as sementes da espécie apresentam
germinação uniforme, devendo-se preceder a germinação em bandeijas para posterios
formação das mudas, cerca de 12 a 15 meses depois a muda estará pronta para uso. É
interessante que os centros de produção estejam próximos aos de comercialização, pois é
uma fruta bastante perecível.
Sendo uma planta de porte médio a alto sugere-se espaçamentos de 10 x 10 m ou 10
x 12 m, sendo possível utilizar espaçamento de 6 x 6 m se as plantas forem provenientes de
propagação asexuada. Podas de formação são necessárias visto que a copa da rambuteira
possa ser muito densa, vindo a dificultar os procedimentos de limpeza e colheita dos frutos.
A poda deve ser feita de modo a deixar a copa mais aberta (TINDALL, 1994).
Gaspareto e Pereira (2015) sugerem que o rambutanzeiro é rústico que se adapta a
solos pobres e ácidos. Já Lins e Diczbalis (2012) afirmam que as plantas de rambutan são
exigentes em macronutrientes e particularmente em Zn, Fe e Br, recomenda-se adubações
nos períodos mais críticos da cultura: antes da floração, no período de fixação dos frutos e
pouco antes da colheita.
Geralmente a espécie é afetada por diversas pragas em suas regiões de origem,
sendo que no Brasil mais precisamente nos pomares da Bahia tem-se ocorrido a broca-dofruto (Gymnadrosoma aurantianum). Em relação a doenças o cancro-do-tronco, causado
por Dolabra nepheliae tem tido ocorrência na Bahia e no Pará (SACRAMENTO; ANDRADE,
2014). De acordo com Gaspareto e Pereira (2015) em Manaus a cultura vem sendo
assolada pelo fungo Corticium koleroga que causa a queima-do-fio, a doença agressiva
prevalece nos períodos chuvosos do estado amazonense.
O rambutan possui colheita indeterminada e seus frutos só podem ser colhidos após
maturação. A frutificação pode ocorrer de 3 a 6 anos após implantação do pomar, a depender
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
103
do método de propagação empregado. Bem como a época de colheita varia de acordo
com a região produtora. Após a colheita os frutos devem ser imediatamente refrigerados e
armazenados para transporte e comercialização (SACRAMENTO; ANDRADE, 2014).
2.2.4
Propriedades e usos
O fruto além de consumido in natura pode ser utilizado na fabricação de doces e
compotas, e em xaropes. As sementes são comestíveis e têm propriedades alucinógenas
(SACRAMENTO; LUNA, 2004).
Dutra et al. (2017) determinaram pH igual a 4, 58, grau Brix de 14,63, acidez titulável
variável entre 0,33 e 2,04% em frutos de rambutan vermelho. De acordo com Sacaramento
e Luna (2004) a composição de 100 g de arilo é 83,0 g de água, 0,8 g de proteína, 14,5 g
de carboidratos, 25,0 mg de cálcio, 3 mm de ferro e 20 a 45 mg de vitamina C.
As cascas do rambutan possuem potencial de uso médico e farmacêutico, devido
ao seu perfil fenólico (NGUYEN et al., 2019), possui propriedades antibacterianas
(THITILERTDECHA et al., 2008), antioxidantes (ZHUANG et al., 2017), antidiabéticas (MA
et al., 2017) e atividades anti-hipercolesterolêmicas (SUHENDI, 2015).
3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultura do rabutan (Nephelium lappaceum L.) possui grande importância dentro da
fruticultura tropical brasileira, adapta-se bem as condições de cultivo do país apresentandose potencialmente capaz de suprir demandas internas e externas. Existe a necessidade de
mais estudos de adaptabilidade da cultura a novas regiões.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. P.; BARRETO, L. F.; NACATA, N.; SAUCO, V. G. Advances in the propagation of
rambutan tree. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 39, n.5. 2017.
ANDRADE, R. A.; LEMOS, E. G. M.; MARTINS, A. B. G.; PAULA, R. C.; PITTA JUNIOR, J. L.
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CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência tecnologia e produção. 5.ed. FUNEP,
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
104
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 9
106
CAPÍTULO 10
DIREITO AGRÁRIO E O AGRONEGÓCIO:
O SURGIMENTO DE UM RAMO JURÍDICO
INDEPENDENTE
Data de aceite: 05/07/2022
Robson Silva Garcia
Milena Alves Pimenta Machado
http://lattes.cnpq.br/7351901349990673
Colinas do Tocantins -TO
RESUMO: Verifica-se, que intencionalmente de
alguns anos para cá, teve um intenso movimento
pelos acadêmicos e juristas ligados ao direito
do campo pelo hasteamento da bandeira da
autonomia e do reconhecimento do agronegócio
como ramo de direito. O avanço e tanto que
os manuais de direito agrário, outrora, assim
denominados pelo mercado editorial, estão
sendo substituídos em seus títulos por Direito do
Agronegócio, entretanto, o conteúdo que destes
manuais ainda guarda, lições densas de direito
agrário, distinguir certa confusão hermenêutica
e de metodologia. Por isso, aqueles que atuam
na área do Direito Agrário e do Agronegócio
precisam dominar outras áreas do Direito que
se relacionam diretamente com o tema descrito
acima. E necessário o estudo aprofundado das
normas jurídicas de outros ramos do Direito
que podem ser aplicados ao Direito Agrário e
do Agronegócio entre a relação do homem e a
propriedade rural.
PALAVRAS-CHAVE:
Direito
Agrário;
Agronegócio; rural; autonomia.
ABSTRACT: It is verified that, intentionally, for
some years now, there has been an intense
movement by academics and jurists linked to
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
rural law for the raising of the flag of autonomy
and the recognition of agribusiness as a branch
of law. The advance is so much that the agrarian
law manuals, once so called by the publishing
market, are being replaced in their titles by
Agribusiness Law, however, the content that these
manuals still keep, dense lessons of agrarian law,
distinguish certain hermeneutical confusion and
of methodology. Therefore, those who work in the
area of Agrarian Law and Agribusiness need to
master other areas of Law that are directly related
to the topic described above. It is necessary
the in-depth study of the legal norms of other
branches of Law that can be applied to Agrarian
Law and Agribusiness between the relationship
between man and rural property.
KEYWORDS: Agrarian Law; Agribusiness; Rural;
autonomy.
1 | INTRODUÇÃO
O Direito Agrário sendo um conjunto
de normas e princípios jurídicos que organiza
as relações da atividade rural, buscando o
progresso social e econômico do trabalhador
do campo e o enriquecimento da coletividade
a partir da promoção da devida função social
da terra. Pode ser definido também como
o conjunto de normas de direito privado e
público que fazem a regulação das relações
decorrentes da atividade agrária, abrangendo a
produção, o processamento, a comercialização
e a agroindustrialização dos produtos agrícolas,
observando
o
desenvolvimento
Capítulo 10
agrário
107
sustentável em termos sociais, econômicos e ambientais.
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de agrobusiness (agronegócios em
inglês), corresponde à junção de diversas atividades produtivas que estão diretamente
ligadas à produção e subprodução de produtos derivados da agricultura e pecuária. Quando
fala em agronegócio é comum associar somente a produção in natura, como grãos e leite,
por exemplo, no entanto esse segmento produtivo é muito mais abrangente, pois existe um
grande número de participantes nesse processo.
O mais importante fator que deu origem ao surgimento do Direito Agrário
foi a necessidade do surgimento de um ramo jurídico especializado para tratar das
especificidades da exploração da atividade agrária, com a insuficiência das normas de
Direito Civil para regular as complexidades da matéria. O Direito Agrário nasceu de uma
ruptura do Direito Privado, sendo a Itália, berço de grandes juristas do Direito Romano,
Direito Civil e Comercial, o primeiro país a reconhecer a autonomia do Direito Agrário como
ramo autônomo da Ciência Jurídica.
Pressupomos como surgiu o Direito Agrário, qual foi seus primeiros passos em sua
formação, e se foi baseado em outro ramo do direito. Um dos problemas mais costumeiros
que ocorriam era de que alguns autores costumam apontar como origem do Direito Agrário
as leis agrárias da Antiguidade, as quais dispunham sobre uso das terras, agricultura,
cultivos e pecuária, a exemplo do Código de Hamurabi, De Lege Agraria na Roma antiga,
Leis Hebraicas, Leis de Licurgo na Grécia, dentre outras. O mesmo erro também ocorre em
referência ao Direito luso-brasileiro, alguns autores apontam na Lei de Sesmarias do ano
de 1375 ou a Lei de Terras (Lei nº 601, de 18 de set. de 1850) como marcos de surgimento
do Direito Agrário brasileiro.
O marco de surgimento do Direito Agrário no sentido nacional, como ramo autônomo
da Ciência Jurídica se dá com a promulgação da Lei nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra), 20
dias após a edição da Emenda à Constituição de 1964 nº 10, de 10 de novembro de 1964,
que outorgou à União a competência para legislar em matéria agrária.
O Estatuto da Terra foi recepcionado também pela Constituição Federal de 1988,
em seu Art. 22, além desses diplomas, a base normativa do Direito Agrário é composta de
uma vasta legislação agrária extravagante, a qual vem acompanhando a evolução do setor
agrário brasileiro, em que pese a necessidade de atualização legislativa de determinados
institutos.
O surgimento de um ramo do direito que pode beneficiar toda a população, tendo
em vista a grande aria de agricultura e pecuária que temos. Percebendo que a cada dia
que passa vem tamanha necessidade de um direito agrário, que possa abranger dentro
dele todo seu conteúdo na parte agrária e do agronegócio, sendo especifico para ambos.
O Direito Agrário possui um objeto amplo, abrangendo em seu conteúdo questões
envolvendo o meio ambiente agrário, sendo o solo, o uso da água, vegetação nativa,
agrotóxicos, resíduos, crédito rural, títulos de crédito rural, comercialização, armazenagem,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
108
certificação dos produtos agrícolas, produção orgânica, matérias referentes aos organismos
geneticamente modificados, segurança alimentar, propriedade intelectual no agronegócio,
mudanças climáticas, entre outros.
2 | AGRONEGÓCIO E O IMÓVEL RURAL
O direito agrícola tem uma ampla gama de implicações normativas, que garante
políticas de reforma agrária ao mesmo tempo em que regula as políticas de desenvolvimento.
Ela pode ser encontrada na Constituição Federal, no Código Civil e em outras leis e
regulamentos.
Em termos de direitos estatutários, a liberdade reina suprema. Isso significa que, na
ausência de vedação formal, as partes podem livremente criar créditos e dívidas entre si,
desde que não haja proibição clara na lei ou violação mais ampla dos princípios e normas
que se consideram de ordem pública, como já foi dito.
O Estado de Direito cria características no caso dos direitos reais, particularmente
os relativos à propriedade privada, definidos no artigo 1.228 do Código Civil, ou aqueles
que estabelecem um poder entre uma pessoa e uma coisa e devem ser respeitados pelos
demais. O direito real tem características e disciplina próprias, semelhantes aos direitos
reais de propriedade, incluindo os direitos de propriedade rural.
Com a ajuda de North (1990), que argumenta que as definições de direitos de
propriedade do Estado e das instituições públicas são necessárias para que os mercados
se estruturem e funcionem. Na mesma linha, Alston (1998) reconhece que o tipo de
direito de propriedade influencia o desempenho econômico, pois determina os custos de
transformação e transação.
Como resultado, destaca - se o problema dos direitos reais de propriedade no
meio rural. A distribuição dos direitos agrícolas, o complexo arcabouço legal que os cerca
e sua importância econômica para o país se dividem em campos reformistas que se
concentram no controle da produtividade, reforma agrária ou regularização fundacional e
desenvolvimentistas que se concentram no crédito rural e a maior autonomia do produtor.
A lei n° 8.629/93 estabelece três tipos de classificações para propriedades rurais,
cada uma delas dividida em três categorias: pequena, média e produtiva ou improvisada,
um exemplo a pequena propriedade;
Uma pequena propriedade é um imóvel rural com tamanho que varia do menor
tamanho de parcela a quatro módulos fixos no município de origem. A agricultura familiar
está inserida na propriedade Pequena, da seguinte forma: O agricultor familiar e aquele
que possui um imóvel rural em formato de propriedade e que precisamente explora a
propriedade pequena, sem gestão a ser improdutiva. O INCRA oferece a esses grupos
benefícios na forma de crédito por meio do Programa Nacional de Agricultura Familiar
(PRONAFA), dedicado apenas à agricultura familiar.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
109
De acordo com o artigo 185 da Constituição Federal, as pequenas e médias
propriedades não podem ser tiradas de seus proprietários se não possuírem outra
residência. Como resultado, as grandes propriedades são as mais procuradas, embora
não seja necessária a unititularidade para históricos de fabricação, desde que atendam a
requisitos específicos de controle de produção. Além disso, parece haver um conflito entre
os artigos 185, II e 186 da Carta Magna. A primeira afirma que uma grande propriedade
rural não pode ser retirada, mas a segunda afirma que uma propriedade rural que não
atende a critérios econômicos, sociais ou ambientais pode ser retirada.
3 | DIREITO AGRÁRIO E SUA NATUREZA JURÍDICA
Como dito anteriormente, o direito agrário tem caráter jurídico misto; sua essência
estrutural é baseada no direito público, enquanto os direitos privados são observados nos
contratos agrários.
O direito agrícola considera apenas a destinação do imóvel, independentemente de
onde esteja localizado. A mesma metodologia é utilizada no Estatuto da Terra (Lei 4.504/64)
com definições de nítidas para imóveis rurais, tais como: Um ambiente rústico e um
imóvel utilizada para atividades de campo. A continuidade da área rural deve ser mantida,
independente da presença de rodovias, rios ou erosões. Seja qual for a sua localização,
mesmo que esteja dentro dos limites da cidade, será considerado uma propriedade rural.
É importante notar que o direito tributário não será reconhecido neste trabalho uma
vez que o critério do direito agrário é a destinação do imóvel, mas o critério do direito
tributário é a localização do imóvel. Como resultado, há um aparente conflito entre as
normas.
A Lei de Terras (Lei n° 4.504 /64) estabeleceu a Medida Rural como critério para
determinação do tamanho mínimo da área a ser explorada. As condições de exploração e
região agrícola determinam sua divisão e distribuição.
Mais um dimensionamento de uma propriedade rural, classificada por município. A
produção nas terras de cada região foi utilizada para classificar cada município. A medida
também estabeleceu uma regra de indivisibilidade para os imóveis rurais, impedindo-os
de serem reduzidos a pequenas dimensões e, portanto, comprometendo seu bem-estar
econômico e social. De acordo com a Fração Mínima de Parcelamento (FMP), que foi
criada pela Lei nº 5.868/72.
A Lei. nº 5.868/72 sido criada conforme a CF, a fração de parcelamento mínima
disposta no seu artigo 8º desrespeita os princípios sociais previsto na CF. Entretanto, o
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em sua instrução de nº 17-B
organizou o procedimento necessário para o parcelamento da propriedade rural para fins
agrícolas, no subitem 4.7.4 da referida instrução confirma o instituto da fração mínima de
parcelamento criado pela Lei nº 5.868/72, destacando que a área mínima de cada lote não
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
110
poderá ser inferior ao módulo da exploração prevista ou a fração mínima de parcelamento.
Neste sentido vêm decidindo os nossos tribunais:
TRT-PR-02-12-2011 EXECUÇÃO. PENHORA DE IMÓVEL RURAL. ART.
8º DA LEI 5.868/72. Dispõe o art. 8º da Lei nº. 5.868/72 que “para fins de
transmissão, a qualquer título, na forma do Art. 65 da Lei número 4.504, de
30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou
dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou
da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º deste artigo, prevalecendo
a de menor área.” O referido preceito legal não utiliza apenas o módulo rural
para impossibilitar o desmembramento ou divisão de imóvel, devendo ser
observada igualmente a fração mínima de parcelamento (FMP). Em outras
palavras, devem ser analisados tanto o módulo rural quanto a fração mínima
de parcelamento do imóvel, prevalecendo a de menor área para fins de
transmissão da propriedade a qualquer título, inclusive quando decorrente de
hasta pública. (TRT-9 1069200893901 PR 1069-2008-93-9-0-1, Relator: LUIZ
CELSO NAPP, Data de Publicação: 02/12/2011).
Uma situação única em que é permitido o parcelamento de imóveis rurais abaixo
do Fração Mínimo de Parcelamento, são parcelas que incluem agricultura familiar
e ordem social, como: postos de combustível em beira de estrada, escolas, postos de
saúde, parcelamento para anexo em outro imóvel desde que existe a sobra do mínimo,
desapropriação por necessidade ou utilização pública, e desapropriação por interesse
social para fins de reforma agrária.
O parâmetro fiscal, conforme definido pela Lei nº. 8.629/93, é utilizado para
calcular o Imposto sobre a Propriedade Rural Territorial. Também é usado para categorizar
propriedades rurais. Para resumir, cada município tem seu próprio código tributário.
4 | GESTÃO FUNDIÁRIA NACIONAL
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), criado para realizar
estudos para o zoneamento do território nacional em regiões, é responsável por organizar a
implementação das estratégias de planejamento territorial, bem como a gestão e promoção
do território nacional.
A gestão moderna melhora a segurança jurídica da prevaricação fundacional, além
de evitar a imobilização e uso rural ilegítimo, elevando o ponto de vista econômico, bem
como os benefícios e a eficiência da terra.
Williamson nos ensina que:
Uma infraestrutura para a implementação de políticas de terra e estratégias de
gestão da terra para apoio do desenvolvimento sustentável. Tal infraestrutura
inclui arranjos institucionais e um quadro processual jurídico, com vistas
à informação de gestão de terras e divulgação de sistemas e tecnologias
necessários para a alocação e apoios aos mercados de terras, avaliação,
controle de uso e desenvolvimento de interesses em terra (2010, p. 453).
O governo fundiário abrangeu tanto as normas quanto os procedimentos que fazem
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
111
valer tais normas. Citamos pilares como da gestão das políticas, legislação, programas,
regulamentações, disponibilidade de pessoal e os sistemas de informação disponíveis.
5 | A FORÇA NA SOBERANIA NACIONAL
Seja qual for a forma como se fala dos direitos agrícolas em relação à segurança
alimentar, há uma distinção fundamental no mundo de hoje, onde a questão agrícola
está centrada em dois modelos de produção que dão corpo a diferentes projetos de
desenvolvimento. A coincidência entre agronegócio e agricultura familiar representa uma
tensão muitas vezes oculta por uma falsa harmonia entre políticas agrário e agrícolas.
A institucionalidade desse sistema é representada pelo MAPA, Ministério da
Agricultura, Pesca e Alimentação. Envolvendo importantes quesitos, responsável pela
gestão das políticas públicas de estimulo à agropecuária, pela fomentação do agronegócio
e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor, outros aspectos das
políticas públicas, como distribuição de renda e preservação ambiental, são abordados
pelos temas de soberania e segurança alimentar.
O objetivo no que tange a segurança alimentar, é a garantia de todas as dimensões
que inibem a ocorrência da fome. Disponibilidade e acesso permanente de alimentos, pleno
consumo sob o ponto de vista nutricional e sustentabilidade em processos produtivos.
O temor de que o governo abandone as políticas de reforma agrária é fácil de
compreender. Devido à falta de um sistema de controle de produção eficaz com medidas
efetivas, os proprietários de terras sentem-se à vontade para explorar suas propriedades
da maneira que acharem melhor.
Esta condição tem impacto na vida das pessoas e na segurança alimentar em todos
os países; a diminuição da eficiência do uso do solo e da eficiência da exploração pode
levar à inflação dos produtos, ao desbalanceamento no provisionamento desses itens, à
redução da qualidade desses alimentos e, consequentemente, uma queda na atividade
econômica, o que eleva a inflação.
6 | A DEFICIÊNCIA DE INSTRUMENTOS DE COMBATE AOS IMÓVEIS RURAIS
IMPRODUTIVOS – PROPOSTA INSTITUCIONAL
Como dito anteriormente neste trabalho, o instrumento de controle e combate
sistemático aos imóveis não agrícolas depende da “linha de visão “ estabelecida pelo
órgão de fiscalização competente (INCRA) por meio dos históricos das propriedades rurais
e, por conseguinte, dos procedimentos na desapropriação. Tais atividades são incapazes
de realizar em um órgão sucateado. A modernização dos mecanismos de combate e a
supervisão fiscal eficaz são necessárias nesta sessão.
Diante da tecnologia atual e da modernização do campo brasileiro, as políticas
públicas não podem permanecer ineficazes. Enquanto todo o trabalho de controle de
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
112
produção e história da propriedade está concentrado no Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA), uma solução para o sucesso das fiscalizações pode ser a
realização de conferências por órgãos públicos como Municípios e Estados.
Ao contrário da União, o município, que conhece bem seus limites e necessidades
territoriais, poderia fiscalizar as terras e suas respectivas produções por meio de suas
entidades, que poderiam então abrir linhas de crédito para agricultura familiar e projetos
habitacionais.
Os projetos de habitação rural estão localizados em uma variedade de locais
desafiadores em todo o Brasil. As autoridades municipais são obrigadas a fornecer a eles
os benefícios de um projeto habitacional em suas jurisdições, como postos de saúde,
escolas e ônibus escolares, entre outros serviços públicos. Com a anuência dos órgãos
governamentais, fiscalização efetiva, bem como colaboração no combate à atividade
agropecuária ilegal, controle da produtividade e, consequentemente, garantia de remessa
de tributos aos cofres municipais, os municipalistas estariam mais protegidos pelo governo
federal. A descentralização de recursos, bem como uma maior pleiteada por lideranças
municipais, se tornaria mais prevalente.
Outro fator importante é a emancipação dos conjuntos habitacionais rurais. O
INCRA do governo federal não suporta a capacidade de financiar assentamentos de
projetos completos. Por exemplo, somente em Goiás existe um projeto de assentamento
desde 1986, como é o caso do Projeto de Assentamento (PA) Mosquito em Goiás/GO. No
entanto, é fundamental ressaltar que para tal emancipação é necessário o estabelecimento
de políticas públicas no meio rural.
7 | REGULARIZAÇÃO FUNDIARIA
Quando a Lei do 13.465/2017 (Regularização Fundiária Rural e Urbana) substituiu
a Lei no 6.629/97, o governo de fundação nacional perdeu sua essência de longa data.
A ausência de elementos disciplinares que indiquem uma nova política de governança é
visível em todos os órgãos Administrativos e de Direito Público.
A literatura internacional caracterizou uma mudança institucional e de atitude como
a busca por um governo fundiário adequado, como Doelinger:
O sistema de valores, políticas e instituições pelo qual uma sociedade
administra suas questões econômicas, políticas e sociais por meio de
interações dentro e entre o Estado, a sociedade civil e o setor privado. O termo
“ governança terrestre” refere - se às regras, procedimentos e organizações
que controlam o acesso e uso da terra, bem como a forma como essas
decisões são implementadas e como os interesses concorrentes na terra são
administrados. (2010, p. 9).
A sociedade, em colaboração com o Estado, administra as terras, tomando decisões
sobre o acesso à terra, seus usos e como os interesses conflitantes são administrados.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
113
A falta de regularização fundamental é um problema que existe em todos os países. É
necessário reconhecer o número de posses exercidas em propriedades particulares em
qualquer país onde não seja exigido o título de domínio. Essa situação é única, pois
desencadeia uma série de problemas no setor agrícola brasileiro, desde conflitos agrícolas
em andamento até a marginalização de produtores e agricultores devido à falta de crédito,
financiamento e acesso a mercados devido à falta de documentação e legitimidade.
Também é necessária a regularização fundacional das terras devolutas, onde existe
legislação específica para cada região em que as terras estão localizadas. Como terras da
União, a legislação pertinente será a Lei nº 6.383/76, ao contrário da Amazônia Legal, que
é regida pela Lei nº 13.465/17, e que, como a Amazônia Legal, não se aplica se a terra
se encontrar em federação estados, onde cada estado terá sua própria legislação para
resolver o problema.
Procedimentos são usados para distinguir entre terras públicas e privadas, um
processo conhecido como discriminação de terras. O Poder Público não pode presumir
ser uma terra devoluta, no entanto, para obter uma declaração de terras públicas, um
procedimento discriminatório deve ser seguido.
Um número significativo de procedimentos voltados à regularização fundacional,
bem como à gestão das autarquias federais, em especial do INCRA, com o objetivo de
promover e fiscalizar tais situações, poderá conferir à instituição um novo sopro da vida
.Como resultado, a regularização fundiária pelo modo de construção da ocupação do
INCRA, considerando uma nova estrutura interna, poderá promover aos que irregularmente
vem a situação de direito de devolutas, situando-se margem do direito de agrário.
A proposta institucional é utilizar as referidas procuradorias especializadas federais
para fiscalização, assessoria jurídica e manifestação jurídica em casos de regularização
fundacional no âmbito da autarquia. Ressalte-se que a possibilidade de regularização
extrajudicial por meio de serviços públicos seria um recurso extremamente atual e promissor
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
As atividades de regularização em assentamentos rurais enfrentam uma série
de desafios institucionais e legais. Atualmente, a retomada de uma parcela sujeita a
irregularidades passa por grandes burocracias internas e pelo sistema judiciário, mas
muitas vezes a Autarquia obtém sucesso no Poder Judiciário, onde existe uma ordem de
reintegração, mas falha no sistema judiciário por falta de pessoal e recursos.
Assim, além dos benefícios previstos na Lei n.º 13.986/2020, devem existir condições
estruturais para garantir o pleno cumprimento da lei. Um país com forte compromisso com
reformas fundamentais, estratégias institucionais e indicadores primários. Se o serviço
público não for o mesmo, nenhuma promessa e modernidade ajudarão.
Na última década, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária realizou
diversas iniciativas visando agilizar o processo de regularização de imóveis sem título, com
destaque para a Amazônia Legal, onde o programa Terra Legal vem ampliado pela Lei nº
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
114
11.952/2009. Essa política pública foi mantida pela Lei nº 13.465/17. Os resultados desses
métodos podem ser encontrados nas tabelas de imóveis em processo de regularização
do INCRA, mas apenas na Amazônia Legal foram 171 milhões de imóveis registrados na
Autarquia até fevereiro de 2020.
Os dados coletados indicam que as políticas fundamentais de governança,
quando implementadas por meio de métodos que visam utilizar avanços normativos e
tecnológicos, podem garantir a eficácia das políticas públicas implementadas pelos órgãos
governamentais. Assim, com as mudanças institucionais e técnicas necessárias, a gestão
fundacional se tornaria um fator promissor, aumentando a produtividade das propriedades
rurais, ao mesmo tempo em que auxiliava nas políticas de segurança alimentar e auxiliava
no controle da inflação nacional.
Mas atualmente, Presidente da República, Jair Bolsonaro, na data do dia 20/04/2022,
participou em Rio Verde, região sudoeste de Goiás, na entrega de 8.037 títulos, sendo
definitivos e também provisórios a famílias de 165 assentamentos, em 64 municípios
goianos.
Desde 2019, 11.342 documentos de titulação foram emitidos no estado. Sendo a
segunda grande entrega neste estado, a primeira ocorreu em Flores de Goiás, em novembro
de 2020, sendo entregue 3.305 títulos definitivos e provisórios.
Os títulos conquistados em Goiás variam de oito a vinte e sete anos de criação. As
titulações são uma das etapas da reforma agrária e, antes disso, o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) garantiu a inclusão produtiva e o desenvolvimento
econômico dos produtores agrícolas.
Essa concessão de crédito para as famílias da reforma agrária também foi prioridade
do INCRA, sendo pago R$ 51,5 milhões em diferentes modalidades, como investimento em
atividades produtivas e construção de habitações. Esses créditos já foram concedidos para
6.564 famílias goianas, desde 2019.
Abril Verde Amarelo, campanha de iniciativa para ampliação e regularização fundiária
no país, por meio da titulação de terras a beneficiários da reforma agrária e ocupantes de
terras públicas. A primeira entrega ocorreu em João Pinheiro (MG), no dia 14 de abril.
Tendo a expectativa de entregar de pelo menos 50 mil títulos.
Do ano de 2019 a março de 2022, mais de 337 milhões de títulos foram emitidos
para beneficiários da reforma agrária que aguardam décadas pelo documento. Os títulos
são concedidos pelo INCRA, instituição vinculada ao Ministério da Agricultura, Pesca e
Abastecimento (Mapa).
Vale ressaltar também os títulos entregue no Estado do Pará, que foram mais de 50
mil documentos de titularidade de terra, sendo definitivos e provisórios, foram conferidos as
famílias assentadas e ocupantes de áreas públicas federais no Pará.
Conforme o Incra, 40% dos processos de regularização fundiária do país estão
concentrados no Estado do Pará. Sendo a maior parte desses processos de pequenas
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
115
propriedades.
8 | CONCLUSÃO
Mesmo no Brasil, grande parte dos direitos fundiários, principalmente na Amazônia
Legal, Norte do Brasil e áreas de fronteira, não são adequadamente regulamentados,
abrindo precedentes para a predominância de terras públicas ou devolutas, principalmente
em áreas de fronteira, ocupadas inadvertidamente por agricultores em conflitos.
Nos últimos anos, houve avanços nas políticas de regularização fundacional, como a
modernização das normas e o uso da tecnologia pelo fisco. Mas ainda é fácil nos encontrar
com famílias que vivem apenas na terra, sem a devida documentação, abrindo a porta
para uma série de questões, desde a improdutividade, que causa inflação e insegurança
alimentar, até conflitos agrários, onde o governo não tem controle sobrea situação.
Entenda que, entre outras coisas, a regularização do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) na estrutura atual ainda está muito aquém da real
necessidade. Como já foi dito no artigo, a modernização estrutural da Autarquia responsável
pela ordem nacional é de fundamental importância.
Com o tamanho do continente brasileiro, é fácil perceber que os trabalhos de gestão
de terras não são fáceis ou baratos. Com certeza, em um governo que quer aumentar a
produtividade e o capital rural, são necessárias políticas públicas para eleger as lideranças
fundiárias. A metodologia de modernização estrutural, exige um compromisso do setor
público para desenvolver efetivamente a capacidade da autarquia para que as normas
elaboradas pelo setor público sejam colocadas em prática.
E notório o grande avanço que o governo atual fez com as entregas de títulos da
Campanha Abril Verde e Amarelo, sendo prioridades do Governo Federal a regularização
fundiária. Já foram emitidos também mais de 337 mil títulos a beneficiários da reforma
agrária, desde 2019 a março de 2022, essas pessoas aguardavam há décadas pelo
documento.
São concedidos os títulos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Sendo
prioridade a regularização fundiária para o Governo Federal, já que o documento de
titulação possibilita o acesso a diferentes linhas de crédito, tendo também a assistência
técnica e outras políticas destinadas à agricultura.
Com a atualização das normas pertinentes o Brasil vai se modernizando e evoluindo
para um Brasil cada vez mais promissor.
REFERÊNCIAS
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Acesso em: 15 de
março de 2022.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
116
ALSTON, L.; EGGERTSSON, ALSTON, L.; T. e NORTH, D. Empirical studies in institutional change.
Cambridge: Cambridge University Press. 1996.
WILLIAMSON, Oliver E. Transaction Cost Economics: The Natural Progression, Elsevier, vol. 86(3),
2010.
FREITAS, EDUARDO. Agronegócios. UOL, ano 2022. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.
com.br/geografia/agronegocios/ >. Acesso em: 20 de março de 2022.
BRASIL, IBGE. Censo Agropecuário, 2017. Disponível em: <censos.ibje.gov.br/agro/2017>. Acesso em:
02 de março 2022.
OLIVEIRA, João Carlos, JCDF Oliveira, 2020. Direito agrário brasileiro: Um estudo sobre a política
institucional e a governança Fundiária nacional. Disponível em: < https:// João Carlos Divino Oliveira.
pdf> Acesso em: 20 de março de 2022.
INCRA, BRASIAL. Relatório de Gestão 2019. Disponível em: <incra.gov.br>. Acesso em: 07 de março
2022.
BRASIL, INCRA. Instrução Normativa nº 99 de 30 de dezembro de 2019. Disponível em: <incra.gov.br/
in992019>. Acesso em: 10 março 2022.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 20 de março de 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm>. Acesso em: 26 de março de 2022.
BRASIL. Constituição (1846) Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm>. Acesso em: 21 março de 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1934. Disponível em: < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm>. Acesso em: 28 março de 2022.
BRASIL. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Brasília, 1993.Disponível em:<www.planalto.gov.br/
ccivil_lei862993>. Acesso em: 30 de março de 2022.
BRASIL. Lei nº 601 de 18 de Setembro de 1850. Rio de Janeiro, 1850. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0601-1850.htm>. Acesso em: 01 abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 4.504 de 30 de Novembro de 1964. Brasília, 1964. Disponível em: < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm>. Acesso em: 08 de abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 9.952 de 25 de Junho de 2009. Brasília, 2009. Disponível em: < http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l9952.htm>. Acesso em: 10 abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 13.465 de 11 de Julho de 2017. Brasília, 2017. Disponível em < http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13465.htm>. Acesso em: 03 abril de 2022.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
117
BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2020. Código Civil Brasileiro. Brasília, 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 11 abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 5.868 de 12 de Dezembro de 1972. Brasília, 1972. Disponível em < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L5868.htm>. Acesso em 15 de abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 13.986 de 7 de Abril de 2020. Brasília, 2020. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L13986.htm>. Acesso em 16 de abril de 2022.
BRASIL. Decreto nº 9.311 de 15 de Março de 2018. Brasília, 2018. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2018/decreto/D9311.htm>. Acesso em 20 de abril de 2022.
BRASIL. Lei nº 6.386 de 9 de Dezembro de 1976. Brasília, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6386.htm>%20outras%20provid%C3%AAn cias.>. Acesso em 26 de abril de 2022.
BRASIL. Instrução Normativa nº 99 de 30 de Dezembro de 2019. Diário Oficial da União. Brasília,
2019. Disponível em < https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucaonormativa-n-99-de-30-de-dezembrode-2019-236098411>. Acesso em 29 de abril de 2022.
AGRICULTURA. GOV.br, 2021. Disponível em:< https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o
planalto/noticias/2021/06/mais-50-mil-titulos-de-terra-sao-entregues-no-para>. Acesso em: 08 de maio
de 2022.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 10
118
CAPÍTULO 11
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO
DE EQUINOS ATLETAS: REVISÃO DE LITERATURA
Data de aceite: 05/07/2022
Ana Caroline da Costa Tinoco
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/9290543453228170
Adryan Adam Batalha de Miranda
1 | INTRODUÇÃO
Derivada do latim acus, que significa
agulha, e pungere, puncionar, a acupuntura faz
parte da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e
visa à terapia e à cura de enfermidades a partir
da produção de estímulos através da pele pela
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/2295582054729316
inserção de agulhas em pontos específicos, os
Anna Maria Fernandes da Luz
de raciocínio e linguagem da cultura ocidental,
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/3355195136762521
o que restringe a sua aceitação no ocidente
acupontos. A técnica esteve isolada do mundo
ocidental por milênios, distanciando sua forma
por ser considerada mística, deparando com
deficiências no ensino e na difusão científica.
Juliana Ramos Cavalcante
Inúmeros métodos têm sido adotados
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/7098729140297517
para melhorar o desempenho de equinos
Marcos Daniel Rios Lima
a Medicina Complementar tem se popularizado,
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/9198029571989580
Vivian Fernandes Rosales
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/9194205051239695
Cláudio Luís Nina Gomes
Universidade Estadual do Maranhão
São Luís - MA
http://lattes.cnpq.br/2743374683600416
atletas,
como
massagens,
fisioterapia,
alimentação e a seleção genética. Nessa ótica,
e a acupuntura ganhou bastante visibilidade a
partir dos resultados que apresenta.
Desta forma, a presente revisão de
literatura objetivou explicitar a forma em que
a aplicação das técnicas da acupuntura no
manejo de equinos atletas pode aumentar o
desempenho dos mesmos e colaborar com o
Bem-Estar Animal.
2 | METODOLOGIA
Na
estruturação
desta
revisão
de
literatura, foram utilizadas as plataformas Google
Acadêmico e Scielo, através de dissertações
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 11
119
e artigos científicos relevantes, utilizando palavras-chave para a busca: “acupuntura”,
“veterinária complementar” e “equinos atletas”.
3 | REVISÃO DE LITERATURA
A acupuntura é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa que vem
se expandindo ao longo dos anos, sendo reconhecida pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), e por meio da Resolução 1051/2014, é reconhecida pelo Conselho Federal de
Medicina Veterinária, a qual certificou a acupuntura (AP) como especialidade, tendo como
destaque a utilização em animais de companhia e em equinos atletas.
Lesões resultantes por esportes são muitas vezes resultado de estresse sobre
tecidos enfraquecidos ou de sistema imunológico debilitado, sendo a estimulação de
acupontos adequado para a melhora do desenvolvimento de atletas devido a indícios de
melhora de quadros clínicos provocados por esta terapêutica.
Com o objetivo de auxiliar na melhora do desempenho do equino atleta, a acupuntura
é capaz de atuar no diagnóstico e tratamento de forma eficiente e oferecer uma boa ação
profilática. Combinada com o correto encilhamento, casqueamento e técnicas de montaria,
a melhora no desempenho, atinge aproximadamente 85 a 90% dos eqüinos tratados.
A estimulação é feita por pontos específicos do organismo, levando em consideração
os objetivos a serem alcançados com o uso da técnica. Através da inserção de agulhas
em pontos exatamente pré-estabelecidos sobre o corpo do indivíduo, os locais ou regiões
anatômicas onde se realizam as punções com agulhas são conhecidos como “pontos de
acupuntura” ou “acupontos”. Os pontos a serem selecionados precisam obedecer ao tipo de
constituição do animal e a forma de apresentação da doença, tornando-se muito importante
o conhecimento da anatomia da espécie a ser tratada e sua relação com os acupontos.
Baseando-se no conceito proposto pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a
energia percorre o organismo por meio de 14 canais específicos ou meridianos, que se
comunicam com os órgãos internos, superfície da pele e músculos. O efeito desejado
do estímulo de acupontos se caracteriza, através da indução de inflamação asséptica,
estímulo direto de nervos da pele, estímulo do tecido perivascular, estímulo direto de
fusos tendíneos e musculares, ativação do mecanismo inibitório da dor pela liberação de
endorfinas e hormônio adenocorticotrófico (ACTH). Dessa forma, melhora a circulação
local com a liberação de serotonina e efeitos humorais.
A acupuntura pode ser praticada de modo isolado ou associada com outros
métodos, com intuito de elevar os índices da performance do equino, sendo considerada
como procedimento curativo e profilático de disfunções comuns na medicina esportiva
equina. Como exemplos de pontos de incentivo ao desempenho do animal, enquadram-se
a Vesícula Biliar 28 (VB28) e Bai Hui. Além disso, o procedimento pode ser utilizado para
diagnosticar alterações do aparelho locomotor, como a lesão tendínea, baseando-se nos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 11
120
pontos sensíveis e suas características.
Tendo em consideração os problemas enfrentados na medicina esportiva, que
em geral são ligadas aos sistemas musculoesquelético, respiratório e imunológico, e
os benefícios da acupuntura, a terapêutica apresenta sucesso na medicina esportiva,
apresentando baixo custo, sendo pouco invasiva e com bons resultados. Proporciona uma
melhor qualidade de vida aos animais, maior aproveitamento das funções orgânicas e
recuperação mais rápida das suas funções.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A acupuntura vem ganhando cada vez mais destaque no ocidente devido aos seus
resultados benéficos em equinos atletas, sendo uma técnica pouco invasiva e eficiente,
mas que requer conhecimento específico sobre a medicina tradicional chinesa, o que
gera o aumento da demanda de profissionais qualificados e de cursos de capacitação1.
Considerando o aumento pela busca do melhor desempenho do equino atleta e da
promoção do bem-estar animal, a acupuntura ganhou relevância, beneficiando animais em
3 vertentes: diagnóstico, tratamento e prevenção de patologias. Dessa forma, a aplicação
da acupuntura no tratamento de equinos atletas gera vantagens para o animal, para o
proprietário e para o profissional.
REFERÊNCIAS
Dos Santos, J. C., dos Santos Ribeiro, Í., da Silva Santos, L., & da Silva Mustafa, V. (2020). Evolução
clínica de um mico estrela (Callithrix penicillata) com acupuntura em quadro clínico de trauma:
Relato de caso. PUBVET, 14, 141.
Kaneko, C. M. (2010). Aplicação da acupuntura em animais silvestres.
Ortunho, V. V., de Oliveira, L., Lobo, R. R., Soares, G., Antonietti, N., & Santos, L. (2014). Associação
do tratamento convencional de feridas com o uso da acupuntura em um Tucano-Toco. Relato de
Caso. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal: RBHSA, 8(4), 110-119.
SILVA, F., ALBANO, A., COIMBRA, M., XAVIER, F., SILVEIRA, G., STEIN, M., ... & CARAPETO, L.
ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO FÍSICA DE LAGARTO-TEIÚ (Tupinambis meriane).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 11
121
CAPÍTULO 12
ANÁLISE DO ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL
(ECC) EM DIFERENTES CATEGORIAS SOB A TAXA
DE CONCEPÇÃO
Data de aceite: 05/07/2022
Maria Isabela de Souza dos Santos
Universidade de Marilia – UNIMAR
Marília – SP
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_
MENU.menu?f_cod=1711C147F7A5ADD1A
E8BDB18F88A52A8#
Anna Júlia de Souza Porto
Universidade de Marilia – UNIMAR
Marilia – SP
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/
PKG_MENU.menu?f_
cod=9D37CAA6142949716F83544FFFA2BD5D
Leticia Peternelli da Silva
Universidade de Marilia – UNIMAR
Marilia – SP
http://lattes.cnpq.br/8553248800603233
Isabela Bazzo Costa
Universidade de Marilia – UNIMAR
Marilia – SP
http://lattes.cnpq.br/0592696919456258
RESUMO: A atual demanda mundial pela
produção de carne bovina para consumo
humano exige dos produtores um grande esforço
para a melhoria dos indicadores de eficiência
reprodutiva e produtiva de seus rebanhos,
com vista a um melhor retorno econômico da
atividade. A relação entre a reprodução e o
estado nutricional vem sendo muito destacado,
neste contexto, a inseminação artificial em
tempo fixo (IATF), pode ser utilizada como uma
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
ferramenta de manejo reprodutivo, para melhoria
destes indicadores, com isso, o planejamento
nutricional deve proporcionar a manutenção de
boas condições corporais para maximização dos
resultados a serem obtidos com a IATF. Vacas
com boas condições corporais ao parto retornam
ao cio mais cedo, sendo que as que apresentam
melhores condições cor porais durante a estação
de reprodução consequentemente demonstram
maior probabilidade de emprenhar. O presente
trabalho teve como objetivo analisar o escore
de condição corporal através da taxa de
concepção em vacas das raças Bos Taurus e
Bos Indicus, dividindo-as em três tipos diferentes
de categorias, sendo estas: primíparas,
secundíparas e multíparas, utilizando escalas (≤
a 2,5 pontos para vacas magras e ≥ a 3,5 pontos
para vacas gordas), a qual é dada de acordo
com a quantidade de reservas de gordura e
músculo desses animais, sendo obtidas através
de avaliações visuais. O estudo realizado pelo
Grupo Especializado em Reprodução Animal –
GERAR, no ano de 2019, contou com um banco
de dados de 802.962 animais de diferentes
estados, referente a categorias diferentes de
animais de raças zebuína, taurina e cruzada, na
qual foi avaliado o ECC sob a taxa de concepção
na estação de monta. Contudo o estudo mostra
que os animais da categoria primípara possuem
(41.4% das fêmeas com ECC de ≤ 2.5 11; 44,4%
com ECC de 2.75 pontos; 51,2% com ECC de
3.0 pontos; e 56,4% com ECC ≥ 3.5 pontos); os
da categoria secundípara, (50.1% com ECC de
≤ 2.5 pontos; 53,9% com ECC de 2.75 pontos;
56,6% com ECC de 3.0 pontos; 57% com ECC
3.25 pontos; e 56.9% com ECC de ≥ 3.5 pontos),
Capítulo 12
122
e por fim a categoria multípara, apresentaram (51,3% com ECC de ≤ 2.5 pontos; 54,2% com
ECC de 2.75 pontos; 55,7% com ECC de 3.0 pontos; 57,9% com ECC de 3.25 pontos; e
58.8% com ECC de ≥ 3.5 pontos), essas foram submetidas ao protocolo da estação de monta
e responderam a taxa de concepção. Através dos dados analisados, foi possível observar que
junto ao ECC os resultados da taxa de prenhez se deu de forma elevada. Assim, destaca-se
a importância do ECC sobre a resposta reprodutiva, adequando o seu manejo nutricional
visando atingir um ECC igual ou superior que 3.25 pontos resultando em uma maior eficiência
biológica e econômica.
PALAVRAS-CHAVE: Biotecnologia, nutrição, bovinos, fertilidade.
BODY CONDITION SCORE (BCS) ANALYSIS IN DIFFERENT CATEGORIES
UNDER THE CONCEPTION RATE
ABSTRACT: The world demand for the production of indicators of meat return for human
consumption demands a great effort from the producers to an economic improvement of the
indicators of efficiency and productivity of their herds, with a view to a better performance of
the activity. The relationship between reproduction and nutritional status has been highlighted,
in this context, a fixed-time artificial insemination (FTAI) can be used as a reproductive
management tool, to improve the indicators, with this, the nutritional must provide a The
maintenance of good conditions foreseen to maximize results with the FTAI. Cows with
appropriate conditions for the probable calving return as expected, with the best conditions
presented during the probable breeding season being more likely to become pregnant. The
present study aimed to analyze the body condition score through the conception rate in Bos
Taurus and Bos Indicus cows, dividing them into three different types of categories, namely:
primiparous, secundiparous and multiparous, using scales (≤ to 2.5 points for lean cows and ≥
to 3.5 points for fat cows), which is given according to the amount of fat and muscle reserves
of these animals, being obtained through visual evaluations. The study carried out by the
Specialized Group in Animal Reproduction - GERAR, in 2019, had a database of 802,962
animals from different states, referring to different categories of animals of zebu, taurine and
cross breeds, in which the ECC was evaluated under the conception fee in the breeding
season. However, the study shows that the animals of the primiparous category have (41.4%
of the females with an ECC of ≤ 2.5 11; 44.4% with an ECC of 2.75 points; 51.2% with an
ECC of 3.0 points; and 56.4% with an ECC of 3.0 points ≥ 3.5 points); those in the secondary
category, (50.1% with an ECC of ≤ 2.5 points; 53.9% with an ECC of 2.75 points; 56.6% with
an ECC of 3.0 points; 57% with an ECC of 3.25 points; and 56.9% with an ECC of ≥ 3.5 points
points), and finally the multiparous category, presented (51.3% with an ECC of ≤ 2.5 points;
54.2% with an ECC of 2.75 points; 55.7% with an ECC of 3.0 points; 57.9% with an ECC of
3.25 points; and 58.8% with an ECC of ≥ 3.5 points), these were submitted to the breeding
season protocol and responded to the conception rate. Through the analyzed data, it was
possible to observe that with the ECC the results of the pregnancy rate were high. Thus, the
importance of the ECC on the reproductive response is highlighted, adapting its nutritional
management in order to achieve an ECC equal to or greater than 3.25 points, resulting in
greater biological and economic efficiency.
KEYWORDS: Biotechnology, nutrition, cattle, fertility.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 12
123
INTRODUÇÃO
Visto o progresso da população mundial está gerando um significativo crescimento
na demanda de alimentos originando preocupação com a produção de proteínas de origem
animal para atender o progressivo número de habitantes (FAO, 2017). A produção de carne
no Brasil tem crescido constantemente, assim como a conscientização e exigência dos
consumidores acerca da importância dos atributos de segurança e qualidade dos mesmos
(VELHO et al, 2009).
O Brasil, tem um papel de extrema importância na cadeia de produção da carne
em nível mundial, onde possui um total de 218,23 milhões de cabeça de gado, tendo uma
elevada capacidade de aumentar a produção e uma grande extensão territorial. Diante
disso, o apressurado aumento da eficiência reprodutiva tem como objetivo incrementar
a produção de carne, sem aumentar o número de matrizes, onde se torna de grande
importância aumentando a sustentabilidade, evitando impactos ambientais (ABIEC,2017).
Sabendo, que a nutrição é o fator de impacto no desempenho reprodutivo de bovinos,
onde quando há o desequilíbrio entre a necessidade de ingestão de nutrientes, levando a
balanço energético negativo, com alteração nos níveis reguladores da função reprodutiva.
Onde esse balanço energético negativo, parecem ser mediados por alterações metabólicas
e endócrinas, desta forma o status nutricional se torna um fator chave na regulação da
reprodução de bovinos (PUBVET,2010).
Os mecanismos da atuação dos fatores nutricionais sobre o desempenho
reprodutivo são complexos, compreendendo desde a influência de um nutriente específico
até interações entre a disponibilidade destes, com o peso, a idade e a condição nutricional,
estádio fisiológico e fatores climáticos relacionados ao ambiente no qual os animais são
criados (PIRES, 2011).
No entanto, existem fatores, assim como escore de condição corporal (ECC)
sendo amplamente aceita como uma ferramnetas de extrema importância para a
qualificação subjetiva da reserva energética, pois a nutrição é um dos principais fatores
que afetam a fertilidade de ruminantes, onde é responsável por fornecer nutrientes para o
desenvolvimento do mecanismo e posteriormente sobrevivência do embrião (AYRES et al.,
2009; SIOLVEIRA et al., 2015).
REVISÃO DE LITERATURA
A pecuária de corte brasileira é considerada como a mais importante no cenário
mundial. Este reconhecimento se deve em decorrência do Brasil ser o quinto maior país
em extensão territorial, ter o maior rebanho comercial mundial e possuir uma variabilidade
climática, o que permite diferentes sistemas produtivos refletindo na qualidade do produto
(ABIEC, 2011).
Esse fator exposto, esta diretamente relacionado com o desenvolvimento folicular,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 12
124
onde necessita de níveis adequados de nutrientes, visto que rações com níveis insuficientes
de proteína têm sido associados à diminuição da manifestação do cio, atraso da aparição
do cio, redução do índice de concepção ao primeiro serviço e morte embrionária (SASSER,
1988; KAUR, 1995).
A eficiência produtiva é primordial para a lucratividade da pecuária de corte e o
aumento da produção, em kg de peso vivo total ou kg de peso vivo/ha/ano, depende dos
índices reprodutivos do rebanho (Barbosa etal., 2010). A novilha quando prenhe deve
apresentar condição corporal mínima de 3 ao parto e ao início do segundo acasalamento
ao menos 3,5 a 4 numa escala de 1 a 5 (Lowman et al., 1973). O monitoramento do ECC
em animais com idade reprodutiva pode contribuir para aumento na taxa de prenhez dos
rebanhos (Ferreira et al., 2013)
A condição corporal da vaca no momento do parto está diretamente relacionada ao
reestabelecimento do ciclo estral, e o balanço energético pós-parto afeta a concentração
de hormônios metabólicos, o desenvolvimento folicular, a sua capacidade estrogênica, a
ovulação e a implantação embrionária (Ferreira et al., 2013).
Sabemos que a nutrição tem influência diretamente na eficiência reprodutiva pelo
fato de fornecer ao organismo nutrientes necessários para o adequado funcionamento
dos processos reprodutivos. Diante disso, o balanceamento e o consumo adequado de
energia, proteína, vitaminas e minerais, é de grande importância para um bom desempenho
reprodutivo (PIRES, 2011).
Visto que no organismo, os nutrientes absorvidos tendem a seguir uma ordem de
prioridade e são direcionados primeiramente ao metabolismo basal, atividades ou trabalho,
crescimento, reserva de energia básica, gestação, lactação, reserva de energia adicional,
ciclo estral, início de gestação e, por último, reserva de energia em excesso. Portanto,
seguindo essa ordem, a reprodução se torna uma das funções mais afetadas em caso
de falhas na nutrição do plantel e pelo organismo suprir as outras funções (PIRES, 2011;
MAGGIONI et al.,2008).
Portanto, o monitoramento do escore de condição corporal torna -se uma ferramenta
indispensável sendo o diagnóstico nutricional mais utilizada. Diante disso, vai estima o
estado nutricional dos animais por meio de avaliação tátil (MACHADO et al.,2008; DE
MORAES FERREIRA et al.,1993.), estimando a quantidade de tecido muscular e adiposo
armazenado pelo corpo do animal em um dado momento do ciclo reprodutivo-produtivo
(CEZAR; SOUSA, 2006), possuindo grande relação com os indicadores zootécnicos, como
a fertilidade (MOLINA et al.,1992) e a prolificidade (MACHADO et al.,1999).
Segundo Molina (1992), o escore de condição corporal consiste em uma
ferramenta prática, mais valiosa e muito útil para monitoramento da condição nutricional
com alta correlação com variáveis reprodutivas. No entanto, há demanda para ajuste na
recomendação de escore da literatura para as condições brasileiras.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 12
125
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo realizado sobre a influência da nutrição em femeas bovinas destinada a
reprodução, foi desenvolvido com base a revisão de literatura, encima de artigos encontrados,
onde abrangeu diferentes categorias e raças, com ênfase no escore de condição corporal
sob interferência na taxa de concepção das matrizes. Portanto, todo material obtido, foi
analisado e posteriormente feito um levantamento das informações relevantes, que no
qual são importantes para o tema destacado, mostrando a importância da nutrição para
obter resultado na taxa de concepção e posteriormente aumentar o sucesso da estação de
monta, acarretando maior qualidade e posteriormente lucratividade.
Diante disso, foram coletados materiais, da plataforma: google acadêmico, sendo
artigos publicados entre 1992 até 2021.
CONCLUSÃO
Diante da revisão de literatura com base na nutrição sob influencia da taxa de
concepção de femeas bovinas, podemos concluir que é de suma importância destacar os
aspectos nutricionais, pois os fatores a nutrição é um papel incontestavelmente importante
por interferir diretamente na fisiologia do organismo. Os animais em balanço energético
negativo apresentam mudanças no perfil hormonal, que são as principais responsáveis
pela alteração reprodutiva. Diante disso, torna-se fundamental, obter conhecimento dos
efeitos da nutrição sobre a fertilidade, oócito e processo de foliculogênese terminal, no
sentido de se aumentar a resposta aos tratamentos de superovulação e, assim, viabilizar a
utilização de biotécnicas reprodutivas.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, M. C. N. et al Impactos da condição corporal sobra a taxa de prenhez de vacas da
raça nelore sob regime de pasto em programa de insmeminação artificial em tempo fixo (iatf),
Ciencias Agrária, Londrina, v.34, n.4, p.1861, jul/ago 2013.
CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Avaliação e utilização da condição corporal como ferramenta de
melhoria da reprodução e produção de ovinos e caprinos de corte. Rev. Bras. Zootec., v.35,
n.esp., 2006.
COLLET, S.G. et al. Efeito de um suplemento mineral traço e vitaminas A e E injetáveis sobre a
produção e composição de leite em vacas Holandesas. Rev. Ciênc. Agrovet., v.16, n.4, p.463-472,
2018. doi:10.5965/223811711642017463
CORREA R.F.; BERGAMASCHI, M.A.C.M.; BARBOSA, R.T. Escore de condição corporal e sua
aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes (Circular Técnica, 57). São Carlos: Embrapa
Pecuária Sudeste, 2008.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 12
126
Barbosa, F.A.; Graça, D.S.; Andrade, V.J.; Cezar, I.M.; Santos, G.G. e Souza, R.C. 2010.
Produtividade e eficiência econômica de sistemas de produção de cria, recria e engorda de
bovinos de corte na região sul do estado da Bahia. Arq Bras Med Vet Zoo, 62: 677-685.
PILAU, A.; LOBATO, J.F.P. Suplementação energética pré-acasalamento aos13/15 meses de
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B.G.; SCOTT, N.; SOMERVILLE, S. Condition scoring beef cattle.Edinburgh: East of Scotland
College of Agriculture, 1973. 8 p.
Ferreira, M. C. N.; Miranda, R. R.; Figueiredo, M. A.; Costa, O. M.; Palhano, H. B. 2013. Impacto da
condição corporal sobre a taxa de prenhez de vacas Nelore sob regime de pasto em programa
de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Semin. Cienc. Agrar. 34, 1861 –1868.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 12
127
CAPÍTULO 13
CARNE CELULAR: NOVOS RUMOS NA CADEIA
PRODUTIVA DA PROTEÍNA ANIMAL
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 07/06/2022
Carla Janaina Rebouças Marques do Rosário
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
São Luís, Maranhão
http://lattes.cnpq.br/8929786232927576
Lenka de Morais Lacerda
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
São Luís, Maranhão
http://lattes.cnpq.br/4499976656869163
Sérvio Túlio Jacinto Reis
Departamento de Polícia Federal
Brasília
http://lattes.cnpq.br/5890902685242372
Ferdinan Almeida Melo
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
São Luís, Maranhão
http://lattes.cnpq.br/9491718379037060
RESUMO: A Constituição Federal dita que
aquele que causar sofrimento a um animal lhe
impondo sofrimento por maus tratos infringe
e incorre em delito previsto no artigo 32 da Lei
no 9.605/1998. Porém na prática não é isso
que acontece, sob esta perspectiva vem se
consolidando um vasto suporte jurídico que visa
reconhecer o valor individual da vida animal,
procurando trazer aspectos éticos e morais que
preservem e protejam a vida animal. A carne
à base de células é uma alternativa à carne
convencional que não requer a criação e o abate
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
de animais. Com a necessidade do crescente
aumento da produção de carne, cresce junto
as preocupações relacionadas à disponibilidade
de grandes áreas de pastagens, quantidade
de água e energia para criação de um maior
número de animais que, por sua vez, leva ao
aumento das emissões de gases de efeito estufa
e de concentração de dióxido de carbono, e
sobretudo os aspectos relacionados à ética e ao
bem-estar animal. Dessa forma são necessárias
alternativas para suprir a demanda mundial
de proteína animal, respeitando os animais,
e entre as opções está a carne celular, uma
nova tecnologia para a produção de alimentos.
Sendo assim, é de extrema importância que os
profissionais envolvidos na cadeia de produção
da carne convencional possuam conhecimento
sobre o processo, para que possam assumir
novos papeis na cadeia do processamento da
carne celular. Essa revisão tem como objetivo
trazer informações e esclarecimentos aos
veterinários, zootecnistas e demais profissionais
brasileiros envolvidos no sistema. Já que a
carne celular parece ser uma realidade próxima,
e conhecimentos sobre seu processamento
deve ser disseminado de forma ampla, de
modo a alcançar os profissionais que atuam e
pretendem atuar na cadeia produtiva da carne,
desmistificando tabus de forma a agregar valor
ao desenvolvimento de alternativas sustentáveis
e consequentemente novas oportunidades.
PALAVRAS-CHAVE: Carne in vitro; Alternativas
à carne; Miosatélites; Bem-estar.
ABSTRACT: The Federal Constitution dictates
that anyone who causes suffering to an animal
Capítulo 13
128
by imposing suffering on it due to mistreatment, infringes and incurs a crime provided for in
Article 32 of Law No. 9605/1998. However, in practice this is not what happens, under this
perspective a vast legal support has been consolidated that aims to recognize the individual
value of animal life, seeking to bring ethical and moral aspects that preserve and protect
animal life. Cell-based meat is an alternative to conventional meat that does not require the
rearing and slaughter of animals. With the need for increased meat production, it grows along
with the dependence on the availability of large areas of pasture, amount of water and energy
to support for creating number of animals, which, in turn, leads to an increase in pasture areas
greenhouse effect and carbon dioxide concentration, and especially to aspects related to
ethics and animal welfare. Thus, alternatives are needed to meet the world demand for animal
protein, but above all respecting the animals, and among the options is cell meat, a new
technology for food production. Therefore, it is extremely important that professionals involved
in the conventional meat production chain have knowledge about the process, so that they
can assume new roles in the chain of cellular meat processing. This review aims to bring
information and clarification to veterinarians, zootechnicians and other Brazilian professionals
running the system. Since cellular meat seems to be a close reality, and knowledge about
its processing must be disseminated widely to reach working professionals and intend to
work in the meat production chain, demystifying taboos to add value to the development of
sustainable alternatives and consequently new opportunities.
KEYWORDS: In vitro meat; Alternatives to meat; Myosatellites; Welfare.
1 | INTRODUÇÃO
A carne à base de células é uma alternativa à carne convencional que não requer a
criação e o abate de animais. Dessa forma, existem benefícios evidentes para os animais de
criação, já que bilhões de vidas podem ser poupadas do sofrimento inerente aos sistemas
de produção industrial intensiva e do abate. As preocupações com o aquecimento global,
bem-estar animal e saúde humana têm despertado o interesse no desenvolvimento de
“alternativas à carne” que tenham as mesmas qualidades organolépticas, mas cuja origem
não seja de um animal abatido (RISNER et al., 2021).
Os desafios de fornecer carne convencional para uma nação foram destacados pela
pandemia da COVID-19, e as potenciais vantagens de uma indústria de carne baseada
em células não podem ser descartadas. A pecuária/indústria da carne será desafiada a
enfrentar a competição fornecida pela carne à base de células. Acredita-se que uma melhor
abordagem sobre a carne celular, com a divulgação dos benefícios nutricionais e o contínuo
desenvolvimento e implementação de práticas sustentáveis em relação a produção da
carne convencional irão tornar esse produto cada vez mais competitivo (FAUSTMAN et al.,
2020).
O Brasil é conhecido como detentor do segundo rebanho bovino, quarto rebanho
suíno e o segundo produtor mundial de frangos de corte, com aproximadamente 215 milhões
de bovinos, 41 milhões de suínos e 1,42 bilhão de frangos de corte (WEINRICH et al.,
2020; VALENTE et al., 2019). Esses números sugerem que as atitudes dos consumidores
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
129
brasileiros em relação à carne de base celular estão no centro das discussões, tanto pelo
impacto no consumo interno quanto porque as atitudes brasileiras em relação à carne
podem influenciar as estratégias que o país adotará no futuro para exportação de carne.
Além da atitude dos consumidores, é de extrema importância que os profissionais
envolvidos na cadeia de produção da carne convencional possuam conhecimento sobre
o processo. Em um estudo realizado por Reis et al. (2020) analisando as perspectivas de
veterinários e pesquisadores da área mostrou que 74,2% já tinham ouvido falar sobre a
carne celular, porém observou-se um desconhecimento quanto ao processo de obtenção e
vantagens relacionadas a produção. Mostrando que o assunto precisa ser mais discutido
nas academias.
Durante décadas, veterinários e zootecnistas foram responsáveis pela reprodução,
crescimento, desenvolvimento e eficiência econômica dos animais de criação, bem como
pela tecnologia da carne e de outros produtos de origem animal. Além disso, os veterinários
têm uma importante contribuição para a vigilância em Saúde Única, promovendo animais
saudáveis e controlando o processamento e distribuição de produtos de origem animal
(SMITH, 2001).
Dessa forma novos papeis podem surgir para esses profissionais na cadeia do
processamento de carne à base de células, como genética, nutrição, saúde, gestão e
desenvolvimento de células, bem como processamento, embalagem, marketing, controle
e inspeção de produtos de carne cultivados, e para que isso aconteça veterinários e
zootecnistas precisam de conhecimento específico na área.
Essa revisão tem como objetivo informar e esclarecer veterinários, zootecnistas e
demais profissionais brasileiros envolvidos na cadeia em relação ao processamento da
carne de base celular afim de subsidiar estratégias para sua mitigação. Levantamos a
hipótese de que esses profissionais não estão familiarizados com o processo de obtenção
de carne à base de células.
2 | REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Bem-estar dos animais perante a legislação
Conforme a Instrução Normativa Nº 12 de 11/05/2017 do MAPA (Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o abate humanitário ou mesmo bem-estar animal,
pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem
o bem-estar dos animais desde o embarque no estabelecimento rural até a operação de
sangria na indústria frigorífica (BRASIL, 2017).
Porém na prática não é isso que acontece, sob esta perspectiva vem se consolidando
um vasto suporte jurídico que visa reconhecer o valor individual da vida animal sob as mais
diversas formas, desde a exploração industrial, entretenimento, experimentos científicos e
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
130
companhia; procurando trazer aspectos éticos e morais que preservem e protejam a vida
animal (MELO & RODRIGUES, 2019).
O direito dos animais vem se desenvolvendo, sob este momento de transformação
de paradigmas, por vezes compreendido como um ramo do direito ambiental, por outras
como um novo ramo do direito que defende a ética da vida, não apenas de forma global, mas
específica no que diz respeito aos animais e estes como titulares de direitos fundamentais.
No âmbito internacional pode-se citar a Declaração Universal dos Direitos dos
Animais, proclamada pela UNESCO em 1978, que reconheceu o valor da vida de todo
ser vivo, de sua dignidade, respeito e integridade dos animais. No Brasil a Constituição
Federal de 1988, no mesmo sentido, em seu artigo 225 proíbe atos de crueldade. Quanto
à legislação constitucional brasileira, destaque para a Lei no 9.605 de 1998, que define os
crimes ambientais, mas não só ela, pois inúmeras legislativas já sancionadas ou não se
somam a consolidação do direito dos animais no ordenamento jurídico brasileiro (MELO &
RODRIGUES, 2019).
Quando se pensa em bem-estar animal, deve-se ter em mente que o animal sente,
e isso implica em dor, sofrimento, alegria, solidão, dentre outros aspectos. Dizer que um
animal é senciente implica em admitir que ele tem a capacidade de sentir, de experimentar
satisfação ou frustração; de sentir dor e desejar que ela cesse. A senciência é uma reação
emocional às sensações, e faz com que os animais experimentem coisas como: afeição à
prole, medo do isolamento e aversão ao tédio (NACONECY, 2014).
As leis surgem, muitas vezes, quando um contingente expressivo de pessoas acredita
que existem atos condenáveis que não devem ser admitidos pela sociedade. Essa relação
entre repulsa social e ordenamento jurídico evolui com o decorrer do tempo, surgindo novos
cenários e com eles novos valores e novas controvérsias. As leis, naturalmente, acabam
acompanhando esse processo, normatizando essas novas situações (MÓL & VENÂNCIO,
2015).
No Brasil, a primeira norma que tratou da proteção aos animais foi o Decreto 16.590,
de 10 de setembro de 1924. O decreto proibia as corridas de touros, rinhas de galos e
de canários, e outras atividades que pudessem causar sofrimento aos animais (BRASIL,
1924).
Seguindo a mesma linha, o Decreto 24.645, de 10 de julho de 1934, regulamentou
diversos tipos de maus tratos aos animais, que por sua vez foram disciplinados pelo
Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 em seu art. 64 (BRASIL, 1934).
Em relação ao ordenamento constitucional, a Carta Magna de 1988 foi a primeira a
citar sobre a proteção aos animais. Além de trazer à tona a tutela constitucional aos animais
no artigo 225, §1o, inciso VII da Constituição de 1988, onde:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondose ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
131
as presentes e futuras gerações.
§ 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade (BRASIL, 1988).
No que diz respeito à legislação infraconstitucional, têm-se a Lei no 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998, que trata sobre as sanções penais e administrativas provenientes de
condutas e atividades contra o meio ambiente.
Nessa mesma lei, o artigo 32 tipifica como crime os maus tratos a animais. Segue
a lei:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal
(BRASIL, 1998).
Dessa forma, aquele que causar sofrimento a um animal lhe impondo sofrimento por
maus tratos infringe a Constituição Federal e incorre em delito previsto no artigo 32 da Lei
no 9.605/1998 (MÓL, 2016).
A Lei no 9.605/1998 também previu sanções penais e administrativas aplicáveis no
caso de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Deixando mais do que claro, que a sociedade não aceita mais sob hipótese alguma,
esses tipos de atos que gerem sofrimento e maus tratos aos animais que participam da
cadeia produtiva da carne. Dessa forma prefeituras e o Ministério Público vem sendo
acionados cada vez mais pela própria comunidade no sentido de providências, que evitem
esse tipo de nefasto acontecimento.
2.2 Agricultura celular
O termo agricultura celular foi descrito pela primeira vez em 2015 por Isha Datar,
Diretora Executiva de um grupo do terceiro setor com sede nos Estados Unidos, New
Harvest. Produtos oriundos da agricultura celular incluem a carne produzida por meio da
engenharia de tecidos e outros produtos de origem animal, como leite, couro e clara de
ovo produzidos por meio de técnicas de fermentação de DNA recombinante (DATAR et al.,
2016; STEPHENS et al., 2018).
A agricultura celular é dividida em dois grupos, com base na tecnologia usada. O
primeiro é chamado de ‘agricultura celular baseada em engenharia de tecidos’ (STEPHENS
et al., 2018) que envolve a obtenção de células de animais vivos (ou abatidos recentemente),
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
132
desenvolvimento e manipulação dessas células in vitro para sua proliferação e diferenciação
a partir de um tipo de célula previamente escolhido (por exemplo, músculo e gordura para
carne, pele para couro). O segundo grupo é denominado ‘agricultura celular baseada na
fermentação’ e envolve a modificação genética de bactérias, leveduras ou algas, adicionando
DNA recombinante para que, quando fermentados em açúcares, produzam moléculas
orgânicas que posteriormente possam ser processadas para biofabricar produtos, como
leite e couro (STEPHENS & ELLIS, 2020).
Embora o termo agricultura celular tenha menos de seis anos, as tecnologias que
ele descreve têm uma história mais longa. Em termos de agricultura celular baseada na
engenharia de tecidos, o primeiro trabalho para o crescimento de massa muscular in vitro
aconteceu por volta do início do milênio (BENJAMINSON et al., 2002), com novos trabalhos
na década seguinte (WILSCHUT et al., 2008).
Os países líderes em agricultura celular hoje, sem dúvida, são os EUA, a Holanda
e Israel, embora existam trabalhos sendo conduzido em vários outros países. Em termos
de carne cultivada, o primeiro projeto em grande escala ocorreu na Holanda em 2005. Um
membro desse consórcio inicial, o Prof Mark Post da Universidade de Maastricht, conseguiu
financiamento do cofundador do Google, Sergey Brin, para produzir o primeiro hambúrguer
cultivado em laboratório do mundo, que foi cozido e degustado em uma entrevista coletiva
em Londres em 2013 (POST, 2014; STEPHENS & ELLIS, 2020).
Embora o crescimento da população global até 2050 seja mais lento, se comparado
com as últimas décadas. A Food and Agriculture Organization (FAO) publicou um relatório
mostrando que o consumo de carne tende a dobrar na metade do século (FAO, 2014).
Esse aumento no consumo implica em aumento na produção de carne, e consequências
associadas às questões ambientais e ética animal.
Novos substitutos para a proteína animal tradicional estão sendo pesquisados
(HOEK et al., 2011). Entre as opções está a carne celular, uma nova tecnologia na produção
de alimentos que no futuro poderá fornecer grandes quantidades de proteínas de alta
qualidade (BEKKER et al., 2017).
Carne à base de células, também é conhecida pelos nomes de carne limpa,
cultivada, sintética, artificial, in vitro, carne cultivada em laboratório, baseada em células e
livre de abate, é uma tecnologia inovadora (VALENTE et al., 2019). A definição de produção
celular de carne é a carne feita de células-tronco, que tenta imitar a carne tradicional
(HOCQUETTE, 2016).
A produção pecuária nas economias emergentes representa recursos relevantes
não só para o consumo local, mas também para a renda econômica, geração de empregos
e atualização tecnológica. De acordo com o Fórum Econômico Mundial (WEF, 2019a), mais
de meio bilhão de pessoas estão envolvidas na produção animal nesses países. O Brasil é
um dos maiores produtores de carne do mundo e tem um forte engajamento com a Cadeia
Global de Valor (CGV) da carne.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
133
No entanto, estamos presenciando o nascimento de formas alternativas de fontes
proteicas, como por exemplo a carne de base celular, que é a carne cultivada a partir de
células animais, por meio de processos e equipamentos específicos (STEPHENS et al.,
2018, WEF, 2019b). Essa carne cultivada, portanto, não depende da produção animal da
fazenda e pode levar a transformações significativas na cadeia da carne convencional.
A justificativa para o desenvolvimento de carne baseada em células é o potencial
de diminuir a intensidade de uso dos recursos ambientais e uma maior sustentabilidade na
produção de carne (TUOMISTO, 2019) em comparação com a atual pecuária industrial, que
está associada a questões de emissão de gases de efeito estufa, uso da terra (GODFRAY
et al., 2018), desmatamento, biodiversidade (MACHOVINA et al., 2015), resistência a
antibióticos (MATHEW et al., 2007), e bem-estar animal.
A capacidade de crescer carne em condições definidas em biorreator também
permite potencialmente uma redução no uso de hormônios esteroides e antibióticos
(RAMATLA et al., 2017), enquanto pode-se acrescentar proteínas e vitaminas relacionadas
(SIMSA et al., 2019).
Apesar dos muitos avanços na área, ainda existem barreiras tecnológicas a serem
superadas para que a carne de base celular seja produzida em grande escala e se torne
uma alternativa à carne produzida de forma convencional (KADIM et al., 2015). Nas últimas
duas décadas, houve um grande avanço na identificação, seleção e modificação de célulastronco a fim de fornecer uma série de tipos de células viáveis para o cultivo in vitro de carne
(POST, 2012).
2.3 Células satélites
O tipo de célula mais promissora para a produção de carne celular é a célula
miosatélite, visto que são células-tronco de músculo, embora o isolamento, cultivo e
manutenção de uma população de células miosatélites de alta qualidade in vivo seja um
desafio (POST, 2012).
Para facilitar a replicação das células satélite do músculo esquelético in vitro, as
células são fixadas a um substrato imóvel, como um microtransportador ou microesfera que
pode ser revestida com proteína (por exemplo, laminina, colágeno ou quitosana) para imitar
o tecido natural. Essa estrutura pode ser comestível, biodegradável durante o processo de
cultura ou pode ser feito de um material que pode ser reutilizado para economizar recursos
(STEPHENS et al., 2018).
As células satélites são cultivadas em um meio rico em nutrientes, exclusivo para a
fase de proliferação e a fase de diferenciação, bem como antibióticos, agentes antifúngicos
ou outros produtos químicos para prevenir a contaminação. Historicamente, uma pequena
quantidade de soro fetal bovino (por exemplo, 5% a 10%) em meios de cultura são usados
para otimizar o crescimento e a diferenciação de células satélites in vitro, embora alguns
laboratórios tenham tido sucesso com produtos disponíveis comercialmente, quimicamente
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
134
definidos e sem soros de animais em meios de cultura (EDELMAN et al., 2005). No entanto,
os meios isentos de soro disponíveis comercialmente são muito caros e a composição é
patenteada.
Algumas questões ainda requerem pesquisa antes que a produção de carne
baseada em células em massa possa se tornar efetiva (DATAR & BETTI, 2010) como o
desenvolvimento de uma estrutura semelhante ao sistema circulatório in vivo, capaz de
fornecer nutrientes e oxigênio suficientes para permitir o crescimento do tecido muscular
(KADIM et al., 2015). Em relação aos meios de cultura, uma questão fundamental é a
busca por ingredientes que não sejam de origem animal, como alternativas aos fatores de
crescimento animal e ao soro sanguíneo (STEPHENS et al., 2018).
Em um animal ao nascer, todas as células musculares estão totalmente formadas
e maduras, sendo as alterações na largura da célula (hipertrofia) e algumas alterações
no tipo de fibra muscular, as principais alterações durante o crescimento e maturação.
As fibras musculares são multinucleadas, resultando na fusão de mioblastos que são
uninucleados. No tecido muscular esquelético animal, as células-tronco miosatélites ficam
fora da célula muscular, entre o sarcolema e a membrana basal e geralmente estão em
um estado quiescente (sem divisão) (DATAR & BETTI, 2010). Quando estimuladas, por
exemplo, quando ocorre dano às células musculares, essas células satélites podem se
dividir e fornecer novos núcleos. Esses novos núcleos, uma vez formados, são transferidos
do espaço extracelular para o intracelular dentro da célula muscular.
A maior parte da miogênese ocorre durante o desenvolvimento do embrião e do
feto, mas também pode ocorrer por meio do recrutamento de células miosatélites para
regeneração muscular após uma lesão ou como adaptação à carga de trabalho. À medida
que um organismo envelhece, o potencial regenerativo da população de miosatélites
diminui rapidamente, daí a preferência por colher células miosatélites de animais recémnascidos (DATAR & BETTI, 2010).
Semelhante à necessidade de estimulação bioquímica por fatores de crescimento
e hormônios, a estimulação biomecânica, biofísica e elétrica também são necessárias
para proliferação, diferenciação, maturação e células do músculo esquelético em pleno
funcionamento.
A aplicação de um estímulo biomecânico às células satélites pode induzir a formação
de células precursoras musculares. Os estímulos biofísicos também são cruciais no
processo de maturação de células musculares funcionais para um alto nível de sarcômeros
funcionais. Além disso, a atividade neuronal é necessária para o desenvolvimento de
fibras musculares (células) maduras, e isso pode ser simulado por meio da aplicação de
estimulação elétrica (LANGELAAN et al., 2010).
O alongamento mecânico é outro estímulo biofísico que pode ser aplicado e parece
ser crucial na miogênese, proliferação e diferenciação. O alongamento mecânico se aplica
a vários estágios do processo da célula muscular e facilita; alinhamento de miotubos, fusão
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
135
de miotubos para formar fibras musculares, hipertrofia de ambos os miotubos e fibras
musculares, proliferação de mioblastos e ativação de células satélites (TATSUMI et al.,
2001).
Na fase de diferenciação de células-tronco em miotubos, as células precisam ser
anexadas a uma estrutura de rede, como uma rede de colágeno, ou a um transportador,
como grânulos de microtransportadores, que também podem ser feitos de colágeno
(BHAT et al., 2015). Os miotubos podem então se fundir em miofibras, dadas as condições
apropriadas de crescimento no ambiente. In vivo, as células se fixam na rede insolúvel
de proteínas da matriz extracelular por meio de receptores de integrina localizados no
sarcolema, o que permite a transmissão da força aplicada ao citoesqueleto (LANGELAN
et al., 2010).
Portanto, in vitro, isso precisa ser replicado para permitir a estimulação biomecânica
e biofísica. A seleção do material para o microtransportador é importante na produção de
carne celular. O método baseado em cultura estática limita-se a produzir uma camada de
células de apenas 100 a 200 µm de espessura, devido à falta de suprimento sanguíneo e
aos limites de difusão dos nutrientes e fatores de crescimento no meio (DATAR & BETTI,
2010).
A produção de células em grande escala não é apenas necessária para atingir um
grande número de células, mas também para atingir uma eficiência no número de células
cultivadas por unidade de meio, levando à eficiência de recursos. A eficiência de recursos
e a relação custo-benefício da cultura de células são muito mais importantes na produção
de alimentos do que na indústria médica (VAN DER WEELE & TRAMPER, 2014; POST &
VAN DER WEELE, 2014).
Dos sistemas de cultura de células em alta escala, o biorreator é o mais comumente
usado. Uma das vantagens é que os microtransportadores podem fornecer uma área de
superfície maior por unidade de volume de meio em comparação com um frasco de cultura
de tecidos (NIENOW, 2006). O frasco agitador de menor escala de laboratório serve como
um modelo para o biorreator.
Uma das variáveis que precisa ser otimizada na cultura de células em frasco
agitado é a escolha do microtransportador, pois as células de mamíferos são tipicamente
dependentes de âncora. Existem microtransportadores comerciais que são diferenciados
com base na carga, revestimento, superfície e tamanho, como Cytodex®1, CellBIND® e
Synthemax®, dentre outros.
2.4 Vantagens
Sabe-se que a introdução no mercado de carne cultivada em células apresenta
potencial para reduzir o sofrimento animal causado pela pecuária industrial, pois este
sistema alternativo de produção de carne não requer mais o abate de animais (HOEK et
al., 2011).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
136
No entanto, os benefícios para os animais podem ser muito mais amplos, pois
provavelmente reduzirá tanto a pressão pela criação intensiva de animais, com benefícios
resultantes para o bem-estar dos animais domésticos, quanto ao número total de animais
domésticos criados para alimentação no planeta, com os benefícios resultantes para o
bem-estar dos animais selvagens. Assim, as vantagens desta inovação na produção de
carne para o bem-estar animal são indiscutíveis.
As preocupações relacionadas ao aumento da produção de carne incluem a
necessidade de grandes áreas de pastagem, água e energia para criação de um maior
número de animais que, por sua vez, levará ao aumento das emissões de gases de efeito
estufa e de concentração de dióxido de carbono (MATTICK et al., 2015; HOCQUETTE,
2016). Preocupações adicionais estão relacionadas à ética e ao bem-estar animal, além
das controvérsias que a carne convencional pode ser prejudicial à saúde humana a longo
prazo (STEPHENS et al., 2018).
Os preços tendem a aumentar também, uma vez que as oportunidades para otimizar
ainda mais a produção pecuária são atualmente limitadas e os insumos como água, terras
e energia estão cada vez mais caros. Portanto, há uma necessidade de encontrar e
implementar fontes alternativas de proteína (REIS et al., 2020).
Os custos de produção da carne à base de células são difíceis de considerar neste
momento, como, por exemplo, o tempo e as instalações necessárias por lote de uma
determinada quantidade de carne cultivada. A quantidade de carne que pode ser produzida
em uma unidade de tempo depende do tipo e tamanho do biorreator, modo de produção,
entre outros fatores (ALLAN et al., 2019).
Van Der Weele & Tramper (2014), calcularam que um biorreator de 20m3 pode suprir
a demanda de carne de 2.560 pessoas, considerando 10 kg por pessoa por ano. Por sua
vez, um biorreator de 300m3 concebido conceitualmente por Li et al. (2020) pode suprir a
demanda de carne de uma população de 75.000 pessoas. Comparativamente, uma fazenda
holandesa média produz 35 toneladas por ano de carne bovina, o que, de acordo com Post
(2020), é análogo à produção de carne bovina baseada em células em uma fazenda de
crescimento com quatro biorreatores de 1000 L de capacidade cada - ou seja, com uma
capacidade total da fazenda de 4 m3.
Quanto ao tempo necessário, de acordo com as estimativas da Aleph Farms, a
produção de carne celular tem vantagens consideráveis sobre a carne bovina convencional,
uma vez que sua carne à base de células leva de três a quatro semanas para ser produzida,
enquanto a mesma quantidade de carne deve levar dois anos para ser produzido pela
pecuária convencional (ALEPH, 2020).
3 | CONCLUSÃO
A carne celular parece ser uma realidade próxima, e conhecimentos sobre seu
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
137
processamento deve ser disseminado de forma ampla, de modo a alcançar os profissionais
que atuam e pretendem atuar na cadeia produtiva da carne, desmistificando tabus de forma
a agregar valor ao desenvolvimento de alternativas sustentáveis e consequentemente
novas oportunidades.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 13
141
CAPÍTULO 14
DESENVOLVIMENTO DE BOLINHOS
CONDIMENTADOS A PARTIR DE CORTES BOVINOS
DE BAIXO VALOR COMERCIAL
Data de aceite: 05/07/2022
Elisandra Cibely Cabral de Melo
Bacharel em Biotecnologia. Laboratório de
Biotecnologia de Alimentos. Universidade
Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/5418526216820176
Bárbara Camila Firmino Freire
Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade.
Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/7580110126060946
Francisco Sérvulo de Oliveira Carvalho
Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade.
Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/0473017545251080
Bárbara Jéssica Pinto Costa
Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade.
Laboratório de Biotecnologia de Alimentos.
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2011653107939973
Daniela Thaise Fernandes Nacimento da
Silva
Bacharel em Engenharia Química. Laboratório
de Biotecnologia de Alimentos. Universidade
Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/5057062602482366
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Vilson Alves de Góis
Professor do Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/6854761377092368
Karoline Mikaelle de Paiva Soares
Professora do Programa de Pós-Graduação
em Ambiente, Tecnologia e Sociedade,
Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
Laboratório de Biotecnologia de Alimentos
Mossoró-RN, Brasil
http://lattes.cnpq.br/7620263496060645
RESUMO: A carne é um alimento de fácil
deterioração devidos suas características
intrínsecas, sendo essencial o emprego de
métodos de conservação que garantam a sua
qualidade e ao mesmo tempo agreguem valor
de mercado, mesmo a cortes de baixa aceitação
comercial. Nesse sentido, o presente estudo teve
por finalidade produzir bolinhos condimentados
de carne bovina usando cortes de baixo valor
comercial. Para tanto, foram adquiridos cortes de
carne bovina do tipo acém para a produção dos
bolinhos condimentados que foram submetidos
a caracterização microbiológica e físico-química.
As análises microbiológicas consistiram na
contagem de micro-organismos aeróbios
mesófilos e psicotróficos e bolores e leveduras
nos dias 0, 8 e 12 de estocagem. Para a físicoquímica seguiram-se as análises de pH, PMP,
PMC, umidade e cor, nos dias 0, 3, 6, 9 e 12.
Para tanto, as amostras foram divididas em
grupos distintos (tratamento e controle), sendo
os valores submetidos ao teste de Fisher a 5% de
Capítulo 14
142
significância. Os resultados encontrados foram satisfatórios, tanto na microbiológica quanto
na físico-química, demonstrando que o tratamento em questão pode ser utilizado como uma
alternativa viável no processamento de bolinhos de carne bovina de baixo valor comercial.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade; Condimentos; Micro-organismos; Parâmetros físicoquímicos.
DEVELOPMENT OF SEASONED MEATBALLS FROM BOVINE CUTS OF LOW
COMMERCIAL VALUE
ABSTRACT: Meat is an easy deterioration food thanks to its intrinsic characteristics, being
essential the use of conservation methods that ensure its quality and at the same time
aggregate market value, even to low commercial acceptance cuts. In this sense, the present
study had the purpose of producing spicy meatballs using cuts of low commercial valueadded. Therefore, cuts of bovine meat were acquired for the production of spiced meatballs
that were submitted a microbiological and physicochemical characterization. Microbiological
analyzes consisted of counting mesophilic and psychotrophic aerobic microorganisms and
molds and yeasts on days 0, 8 and 12 of storage. For physico-chemistry the pH, weight loss
by pressure (WLP), weight loss by cooking (WLC), humidity and color analyzes were done
on days 0, 3, 6, 9 and 12. For this, the samples were divided into different groups (treatment
and control), and the values were submitted to the Fisher test at 5% significance. The results
were satisfactory, both in the microbiological and in the physico-chemical, demonstrating that
the treatment in question can be used as a viable alternative in the processing of low-value
spicy meatballs.
KEYWORDS: Quality; Spicy; Microorganism; Physico-chemical parameters.
1 | INTRODUÇÃO
A carne bovina está presente cotidianamente na dieta do brasileiro (Monteiro
et al., 2018) e isso reflete na exportação, em maio de 2020 foram exportadas 183 mil
toneladas de carne bovina (ABIEC, 2020), sendo que 84,88% foi comercializado in natura
e apenas 5,77% de forma industrializada. Para o abate e comércio, a carcaça bovina é
dividida de acordo com a qualidade sensorial, sendo que carnes com valor mais elevado
são consideradas carnes de primeira, como o filé mignon e o contrafilé. Já os cortes de
segunda, como as partes dianteiras do pescoço, têm maior apelo industrial, visto que são
mais rendosas caso seja realizado um processamento que agregue valor ao produto (Rosa
et al., 2015).
A carne bovina é um alimento de origem animal, que tem por características a baixa
acidez, elevada atividade de água e riqueza de nutrientes (Soares et al., 2015), o que a
torna altamente susceptível à decomposição microbiana.
Desse modo, o uso de conservantes aliado a métodos de conservação são
utilizados para aumentar a vida de prateleira desses alimentos e agregar valor ao produto
final (Jay, 2005; Franco & Landgraf, 2008; Gava, 2008). Para tanto, é comum o uso de
aditivos alimentares, ingredientes que podem apresentar funções tecnológicas diversas em
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
143
um alimento. O possível potencial carcinogênico e/ou teratogênico associado aos aditivos
químicos adicionados aos produtos alimentícios vem preocupando os consumidores
(Vargas et al., 2016) que buscam praticidade, qualidade e segurança na escolha de seus
produtos, desse modo, o uso de conservantes naturais tem aumentado atualmente (Garcia
et al., 2018).
Certos aditivos estão sendo estudados devido sua capacidade antimicrobiana,
aditivos naturais são aqueles obtidos a partir de vegetais como o alho, orégano e o açafrão,
cuja utilização em alimentos está associada principalmente à condimentação, porém,
estudos indicam a presença de compostos antimicrobianos naturais desses aditivos e sua
função bactericida vem sendo alvo de estudos atualmente (Radaelli et al., 2016).
Sendo assim, o presente estudo teve por finalidade a produção de bolinhos
condimentados de carne bovina usando cortes de baixo valor comercial e avaliação de sua
qualidade durante o armazenamento refrigerado.
2 | METODOLOGIA
Foram adquiridos, aproximadamente, três quilogramas de carne bovina de corte
acém, embalada a vácuo, em comércio varejista local, no município de Mossoró. A matériaprima foi acondicionada em caixas isotérmicas com gelo e transportada diretamente ao
Laboratório de Biotecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA). A carne foi processada conforme fluxograma contido na figura 1.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
144
Figura 1: Sequência de atividades desenvolvidas para produção de bolinhos condimentados com carne
bovina de baixo valor comercial.
O grupo tratamento foi imerso durante 10 minutos em uma solução de vinagre diluída
a 2% de ácido acético, triturado com auxílio de um processador de alimentos juntamente
com os seguintes condimentos: 75 g de cebola, 10 g de urucum, 15 g de alho, 50 g de
orégano, 25 g de alecrim e 30 g de açafrão. Para tais quantidades utilizou-se cerca de
1,5 kg de carne. Após moagem foram produzidos bolinhos de aproximadamente 15 g de
massa.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
145
Ingredientes cárneos (kg)
Acém bovino
1,3
Ingredientes não cárneos (g)
Açafrão
30
Alecrim
25
Alho
15
Cebola
75
Orégano
50
Urucum
10
Tabela 1: Formulação dos bolinhos de carne condimentados produzidos com cortes de carne bovina de
baixo valor comercial.
Fonte: Arquivo pessoal
Após o preparo, os bolinhos foram armazenados em bandejas de polietileno
envolvidas com papel filme e acondicionadas em câmara fria com temperatura controlada
entre 4 e 6º C por 12 dias. Durante este período foram realizadas análises físico-químicas
e microbiológicas a fim de conferir a estabilidade do produto produzido.
As análises físico-químicas foram realizadas nos dias: 0, 3, 6, 9 e 12, com três
repetições por amostra, e constaram na determinação do pH (potencial hidrogeniônico),
perda de massa por pressão (PMP), perda de massa por cocção (PMC), umidade e cor (L,
a* e b*).
O pH foi aferido utilizando-se um potenciômetro digital de bancada IOA®, onde cerca
de 5 g da amostra foi diluída em água destilada para realização da medição, metodologia
similar a encontrada em trabalho de Silva (1997). A perda de massa por cocção foi realizada
de acordo com metodologia encontrada em Rodrigues Filho et al. (2014), cuja amostra foi
pesada, envolta em papel alumínio e submetida ao cozimento de 180 oC por 4 minutos. O
procedimento foi realizado com repetição para cada um dos lados e por fim a amostra foi
novamente pesada.
A análise de PMP (Perda de massa por pressão) foi realizada seguindo-se os
procedimentos descritos por Sanfelice et al. (2010), onde a amostra foi pesada antes e
depois de ser submetida à aplicação de peso (5 kg de massa).
A análise de cor, nos parâmetros a* (teor de vermelho), b* (teor de amarelo) e L
(luminosidade), foi feita com auxílio de colorímetro portátil Konica Minolta®, em ambiente
com iluminação exclusivamente artificial, produzindo-se repetições em diferentes pontos da
superfície da amostra (Simonetti, 2015).
Para a umidade, aproximadamente 1 g de cada amostra foi obtido e levado à estufa
por 5 horas, com temperatura de 180º C, com posterior pesagem e verificação na diferença
entre massa inicial e final (Menezes et al., 2016).
As análises microbiológicas incluíram a contagem de micro-organismos aeróbios
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
146
mesófilos, psicotróficos, bolores e leveduras, cujos procedimentos seguidos foram
determinados pela Instrução Normativa 62/2003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Brasil, 2003). De início, as amostras foram pesadas para obtenção de
porções com 25g e diluídas em 225 mL de solução salina peptonada 0,1% e, a partir dessa,
foram realizadas sucessivas diluições. Para a contagem de micro-organismos aeróbios
mesófilos, cerca de 1 mL do material foi semeado, em superfície, em ágar padrão de
contagem e incubado em estufa bacteriológica a 37± 1°C durante 48 horas. Para os microorganismos aeróbios psicotróficos o procedimento adotado foi semelhante, diferenciado
apenas o tempo e temperatura usada para o crescimento, 7 dias à temperatura de 7±1
°C, respectivamente. Na contagem de bolores e leveduras, utilizou-se o meio ágar batata
dextrose, com incubação das placas em BOD (incubadora de demanda biquímica de
oxigênio) à temperatura de 25±1 °C durante 5 dias. As análises microbiológicas foram
realizadas nos dias 0, 8 e 12.
Todas as análises foram realizadas com três repetições e os resultados obtidos
foram submetidos ao teste F de Fisher com 5% de significância. Para a análise de cor
utilizou-se o teste Anova One Way também com 5% de significância.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2 são apresentados os valores obtidos para os parâmetros de pH, perda
de massa por pressão, perda de massa por cocção, umidade e textura.
Dia
0
9
12
Grupo
pH
PMP (g)
PMC (g)
Umidade (g)
7,44
a
0,25
a
0,84
a
C
0,38a
T
5,97
b
0,45
b
0,98
b
0,58a
C
6,7a
0,11a
0,21a
0,51a
T
6,19
0,06
0,1
0,35a
C
7,34a
0,11a
0,22a
0,35a
T
6,26
0,14
0,26
0,36a
b
a
b
a
b
a
Letras diferentes indicam diferença estatística entre os grupos por dia no teste F de Fisher com 5%
de significância. C: controle; T: tratamento; pH: potencial hidrogeniônico; PMP: perda de massa por
pressão; PMC: perda de massa por cocção.
a,b
Tabela 2: Parâmetros físico-químicos em bolinhos produzidos com carne bovina de baixo valor
comercial.
O pH dos bolinhos condimentados variaram de 5,97 a 6,26 durante os dias de
análise, sendo inferiores aos do controle, que variaram de 7,44 até 7,34 tendo uma baixa
de 6,7 no dia 9. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), a carne bovina moída deve apresentar pH abaixo de 6,2 (Brasil, 2003), fato
observados apenas nos bolinhos tratados ao longo do período de avaliação. Já os valores
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
147
encontrados no pH do controle ficaram muito acima daqueles considerados normais. De
acordo com Silva Junior et al. (2018), o pH está associado à proliferação microbiana e
retenção de água, sendo que sua acidificação ocorre devido o aumento no processo de
glicólise, produzindo ácido lático que fica retido no músculo após a morte do animal.
Martins (2017) relata que um pH elevado pode causar escurecimento da carne
bovina, mostrando sua relação direta com os parâmetros de cor e textura, e sofrendo
diminuição desde o abate até o resfriamento (Simonetti, 2015). Os antioxidantes naturais
podem ter sido os responsáveis pela diminuição do pH no grupo tratado, em seu estudo
sobre antioxidantes naturais (cravo, alecrim e orégano) em carne de aves de descarte,
Borba (2012) observou diminuição do pH nos primeiros dias de análise, a qual ele atribuiu
ao uso dos antioxidantes.
As maiores perdas de massa por pressão (PMP) dos bolinhos condimentados foram
observadas nos dias 0 e 12. A CRA está associada à capacidade das proteínas da carne
de impedir que a água seja liberada de sua estrutura tridimensional, ela tem forte relação
com a textura de produtos cárneos triturados, sendo que elevados valores de CRA indicam
propensão para desidratação e valores menores indicam sensibilidade à umidade de
armazenamento (Haque et al., 2016).
Em geral, o tratamento sofreu mais variações no decorrer dos dias e o controle se
manteve constante, apresentando redução a partir do dia 0. Resultados semelhantes foram
alcançados por Rodrigues Filho (2014) em seu estudo com carne de tourinhos da raça Red
Norte suplementados com óleo de fritura, no qual a maior perda de umidade foi atribuída à
diminuição do pH logo após o post mortem, resultando em um aumento na suculência da
carne.
Na perda de massa por cocção (PMC), no dia 0, o tratado sofreu maior perda, já
nos demais dias, as perdas entre os grupos testados foram aproximadas. A PMC está
relacionada com a suculência e maciez da carne, sendo um fator diretamente relacionado a
perdas para a indústria, e está associada à manipulação após o abate (SILVA et al., 2017).
Em estudo realizado por Borba (2012) sobre análises físico-químicas em aves de
descarte usando condimentos como alecrim, cravo-da-índia e orégano, dados semelhantes
puderam ser encontrados. Silva (1997) atribui a perda de massa à ação de ácidos orgânicos,
como é o caso do ácido acético, que atuam desnaturando proteínas superficiais na carne,
impedindo a formação de uma película proteica que evitaria a perda de umidade.
Não foi observada diferença estatística na umidade entre o tratamento e controle
nos dias testados, indicando que o processamento não interferiu significativamente no
parâmetro. Os resultados encontrados no estudo em questão foram diferentes daqueles
encontrados por Borba (2012), onde ocorreu uma maior perda de umidade no grupo de
aves de descarte tratadas com orégano, alecrim e cravo-da-índia no terceiro dia de análise.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
148
a*
Dia
C
0
25,28
9
20,35b
12
0,39c
b*
T
a
11,2
L
C
a
33,42
16,25b
19,76a
10,4a
5,62b
a
22,67
T
C
47,25
T
a
48,19a
41,6a
46,97a
52,14a
29,33c
18,83b
39,89c
a
Letras diferentes indicam diferença estatística entre os dias no teste ANOVA One Way com 5% de
significância. C: controle; T: tratamento; a*: teor de vermelho; b*: teor de amarelo; L*: luminosidade.
a,b,c
Tabela 3: Avaliação de cor em bolinhos produzidos com carne bovina de baixo valor comercial.
Na Tabela 3 são apresentados os valores obtidos da análise de cor. Para o teor
de amarelo, a média obtida no controle foi de 16,02 e no tratamento de 34,78, porém os
valores variaram bastante durante as análises. Visivelmente (Figura 2), o grupo tratamento
obteve coloração mais amarelada, podendo este parâmetro ter sido atenuado graças a
fatores como o envelhecimento da carne, a qualidade e a temperatura do armazenamento
(SIMONETTI, 2015). Em relação ao teor de amarelo, Ferraz et al. (2015) associam que a
coloração amarelada à presença de β-caroteno, fato que pode ser benéfico ao consumidor,
e no geral, a coloração está associada ao pH superficial, hidratação e condição física da
carne.
A média para luminosidade no tratamento foi de 46,74 e no controle 37,68. Em
pesquisa de Silva (2019) também foi observado escurecimento da carne bovina com o
passar dos dias, fato exposto pela redução no índice de luminosidade. Este parâmetro,
segundo Pereira et al. (2008), está ligado ao envelhecimento da carne, sendo que quanto
maior a luminosidade mais velha ela é, já que a quantidade de líquidos superficiais aumenta
seu brilho. A luminosidade também está relacionada ao pH, pois quanto maior o pH mais
as proteínas se ligarão à água e mais inchadas ficarão as fibras musculares, fazendo com
que a carne fique mais escura devido a pouca quantidade de água livre para refletir a luz
(Page, Wulf & Schworzer, 2001; Mancini & Hunt, 2005).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
149
Figura 2: Aspecto geral dos bolinhos condimentados produzidos com carne bovina de baixo valor
comercial. C = grupo controle; T = tratamento; 0, 8 e 12: dias de análises.
Na Figura 2 pode ser observado o aspecto geral das amostras durante os dias que
se seguiram as análises. Tratando da análise de cor (Tabela 2), notou-se que para o teor
de vermelho as maiores diferenças ocorreram nos últimos dias de análise, mas sofrendo
pequena variação no dia nove. Com isso, pode-se dizer que o tratamento não ocasionou
modificações significativas em tal parâmetro. De acordo com Simonetti (2015), em estudo
com músculos de bovinos da raça Nelore, a mioglobina é a causadora da coloração
avermelhada e é bastante comum em carnes dianteiras, como é o caso do acém
Mesófilos (Log10UFC/g)
Psicotróficos
(Log10UFC/g)
Bolores e Leveduras
(Log10UFC/g)
C
7,12a
7,03a
*
Dia
0
8
12
T
6,69
6,85
C
7,56a
7,85a
8,01a
T
5,64b
6,11b
6,29b
C
8,57a
8,7a
9,03a
T
5,56
5,09
5,6b
b
b
*
a
b
Letras diferentes indicam diferença estatística entre os grupos no teste F de Fisher com 5% de
significância. [*] Resultado negativo para o micro-organismo em questão.
a,b
Tabela 4: Avaliação microbiológica em bolinhos produzidos com carne bovina de baixo valor comercial.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
150
A Tabela 4 mostra os dados obtidos através das análises dos micro-organismos
aeróbios mesófilos, psicotróficos e bolores e leveduras. Os maiores valores foram
encontrados no grupo controle para todos os micro-organismos analisados e em todos os
dias de análise, havendo diferença estatística em relação aos grupos, exceto pelo dia 0 de
psicotróficos.
A falta de crescimento fúngico no dia 0 ocorreu, possivelmente, devido à neutralidade
do pH encontrado na carne bovina, que pode ter favorecido o crescimento microbiano
e inibindo o desenvolvimento fúngico, já que é preferível um meio ácido à maioria dos
fungos (Franco & Landgraf, 2008). Através dos valores expostos, observou-se uma notável
diminuição de todos os micro-organismos estudados e em todos os dias de análise quanto
ao grupo tratado, esse resultado pode estar ligado ao uso dos condimentos que possuem
potencial inbidor de crescimento dos microrganismos, enquanto no grupo controle houve
nítido aumento no número de colônias.
Na contagem de bactérias mesófilas foi observada diminuição do crescimento
em ambos os dias no grupo tratado em relação ao controle, sendo que a maior redução
logarítmica ocorreu no dia 12 e foi de 3,01 log10UFC/g. A contagem de mesófilos impacta
diretamente na qualidade da carne fresca, sendo um dos fatores que mais influenciam na
meia-vida desse tipo de produto (Khan et al., 2016).
Os psicotróficos também sofreram redução na contagem após aplicação do
tratamento, sendo que apenas no dia 0 não foi observada diferença estatística e
novamente no dia 12 ocorreu a maior redução de ciclos logarítmicos (3,61 log10UFC/g).
Os psicrotróficos são apontados como responsáveis pela diminuição de vida de prateleira
de alimentos refrigerados, em estudo de Monteiro et al. (2018), houve maior contagem
de psicrotróficos, se comparado aos mesófilos, em carne bovina moída coletada em
supermercados no Distrito federal, de modo semelhante ao observado nesse estudo, ao
comparar as contagens de ambos grupos, é notável o aumento de psicrotóficos em relação
aos mesófilos.
A contagem de bolores e leveduras do dia 1 apresentaram valores negativos em
ambos grupos, nos demais dias o controle apresentou os valores 8,01 e 9,03 log10UFC/g, e
o tratado 6,29 e 5,6 log10UFC/g. Novamente a maior redução de ciclos logarítmicos ocorreu
no dia 12 e foi de 3,43 log10UFC/g.
No geral, o resultado obtido pode estar relacionado ao uso do ácido acético, o qual
associado ao controle de patógenos alimentares como a Escherichia coli, Salmonella
enterica e Listeria monocytogenes (Shin et al., 2020). Bastante usado como condimento
e conservante alimentar, devido suas características desinfetantes e anti-inflamatórias, o
ácido acético pode ser empregado no tratamento de disfunções respiratórias, feridas e
úlceras, funcionando, desse modo, como um excelente antimicrobiano (Venquiaruto et al.,
2017).
O uso de ácido acético traz benefícios por apresentar alta toxicidade a microrganismos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 14
151
e baixa a seres humanos, além disso, o ácido acético não promove descoloração da pele,
possui preço mais acessível em comparação a produtos químicos usados para a mesma
finalidade e não produzem resíduos químicos (SILVA et al., 2001).
Além dele, a utilização de condimentos contribuiu para o controle microbiano, como
é o caso do alho, um exemplo de condimento que foi utilizado e cujo efeito antimicrobiano é
bem relatado devido à presença da alicina ou ácido dialilsil tiossulfinico (AVATO et al., 2000).
O Allium cepa e o Allium sativum também foram descritos por Sharifi-Rad et al. (2016) como
possuidores de um amplo espectro de inibição microbiana e fúngica, sendo sua presença a
provável causa da redução nas contagens dos grupos tratados com condimentos.
Trabalhos como o de Ma et al. (2018) mostram resultados similares aos encontrados
neste estudo, no qual a utilização de polissacarídeos extraídos de cebola fora responsável
pela inibição de importantes patógenos alimentares, como as dos gêneros Escherichia,
Salmonella e Staphylococcus. Estudo realizado por Paparella et al. (2016) mostra a
utilização do orégano (Origanum vulgare) como potencializador da ação antimicrobiana da
quitosana em bactérias presentes na carne de porco.
A atual legislação não atribui limites aos micro-organismos estudados (mesófilos,
psicotróficos, bolores e leveduras), porém é notável a eficiência do tratamento quanto
à redução dos mesmos, mostrando que o tratamento provocou alterações benéficas
significativas no produto.
4 | CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que o processamento da
carne com a utilização do tratamento de vinagre diluído a 2% de ácido acético e pasta de
condimentos, mostrou-se satisfatório quanto a conservação do produto que, pela redução
do pH, diminuiu as contagens logarítmicas para todos os micro-organismos estudados
(mesófilos, psicotróficos, bolores e leveduras), além de manter de modo eficiente os
parâmetros físico-químicos de cor e umidade.
Sendo assim, o tratamento em questão pode ser visto como uma alternativa à
substituição dos produtos químicos usados rotineiramente na elaboração de produtos
cárneos, além de incentivar a exploração de material com baixo valor comercial, como é
o acém, tornando-o interessante à produção industrial. No entanto, outras análises são
necessárias para determinar a viabilidade técnica e econômica do processamento a nível
industrial.
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Capítulo 14
155
CAPÍTULO 15
EFEITO DOS DIFERENTES TEORES E FONTES DE
GORDURA NAS CARACTERISTICAS DE EMBUTIDO
DE CARNE DE OVINA DO TIPO LINGUIÇA
COLONIAL
Data de aceite: 05/07/2022
Adriel Fernandes Grance
Helen Fernanda Barros Gomes
Angelo Polizel Neto
Carolina Toleto Santos
Bruno Lala
Roberto de Oliveira Roça
Heraldo Cesar Gonçalves
RESUMO: A carne ovina é pouco comercializada
no Brasil, pois o país tem uma cultura gastronômica
voltada para a carne bovina e de frangos, que
são, tradicionalmente, consumidas em todas
as ocasiões, no entanto, tem-se percebido
uma alteração nos costumes alimentares, com
a entrada de novos produtos, dentre eles a
carne ovina, que já está sendo encontrada em
alguns supermercados e açougues, além de
restaurantes, com mais opções do que se via
outrora. O aumento na sua comercialização
tem feito com que surjam mais criadores,
incentivando a cadeia produtiva, que precisa
também se adequar as exigências do mercado
consumidor. O consumidor agora também mais
atento, busca uma carne com qualidade, e isto
quer dizer, dentre outras características, uma
carne com sabor e aroma agradável, macia e com
perfil de gordura adequado para manutenção
de sua saúde. Nesse sentido, além da carne in
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
natura surgem produtos processados que podem
atender essa demanda e trazer renda para dentro
da propriedade. Nesse estudo, foi avaliada
alteração no protocolo padrão de elaboração
de embutidos, de forma a melhorar a qualidade
desses produtos tendo em vista as exigências do
mercado consumidor, sendo incluídos fontes de
óleos vegetais em substituição à gordura suína,
sendo avaliada composição física, química e perfil
de ácidos graxos dos embutidos desenvolvidos.
Os tratamentos com maior quantidade de óleo
apresentaram maiores valores de perda por
cozimento, mas o teor e tipo de gordura utilizada
não influenciaram a composição físico-química
dos embutidos elaborados, mas houve diferença
para a composição de ácidos graxos nos
embutidos onde a inclusão de óleo de girassol,
reduziu teores de ácido palmítico (C16:0) de 27%,
para 19%. No entanto, para o ácido α-Linolênico
(C18:3N3), as concentrações diminuíram à
medida que a gordura ovina (animal ruminante)
foi substituída por óleo de girassol. Nessas
condições, observa-se que sim, a composição de
linguiças coloniais produzidas com carne ovina
pode apresentar boa composição e qualidade,
independentemente do tipo de gordura utilizada,
sendo possível manipular a composição desses
produtos, que devem seguir um critério específico
e ter em vista as necessidades do mercado
consumidor.
PALAVRAS-CHAVE: Ácidos graxos, composição,
embutidos, carne ovina, CLA.
ABSTRACT: Lamb production are increasing
in Brazil, as the country has a gastronomic
culture focused on beef and chicken, which are
Capítulo 15
156
traditionally consumed on all occasions, however, there has been a change in food habits,
with the entry of new products, including sheep meat, which is already being found in some
supermarkets and butchers, in addition to restaurants, with more options than previously
seen. The increase in its commercialization has led to the emergence of more breeders,
encouraging the production chain, which also needs to adapt to the demands of the consumer
market. The consumer is now also more attentive, looking for quality meat, which means,
among other characteristics, a meat with a pleasant flavor and aroma, soft and with an
adequate fat profile to maintain their health. In this sense, in addition to fresh meat, there
are processed products that can meet this demand and bring income to the property. In this
study, an alteration in the standard protocol for the elaboration of sausages was evaluated,
in order to improve the quality of these products in view of the demands of the consumer
market, including sources of vegetable oils in place of pork fat, being evaluated physical,
chemical and chemical composition. fatty acid profile of developed sausages. The treatments
with the highest amount of oil showed higher values of cooking loss, but the content and type
of fat used did not influence the physicochemical composition of the processed sausages,
but there was a difference for the fatty acid composition in the sausages where the inclusion
of oil of sunflower, reduced palmitic acid contents (C16:0) from 27% to 19%. However, for
α-Linolenic acid (C18:3N3), the concentrations decreased as the sheep fat (ruminant animal)
was replaced by sunflower oil. Under these conditions, it is observed that yes, the composition
of colonial sausages produced with sheep meat can present good composition and quality,
regardless of the type of fat used, making it possible to manipulate the composition of these
products, which must follow a specific criterion and the needs of the consumer market.
KEYWORDS: Fatty acids, lamb meat, linoleic acid, composition, sausage.
INTRODUÇÃO
Segundo o IBGE, 2020, o Brasil possui um rebanho efetivo de 20.628.699 cabeças
ovinas distribuídas por todo o país, porém, concentradas em grande número na região
nordeste (Magalhães, et al., 2021). No entanto, essa criação, ano após ano ganha destaque
também em outras regiões como nos Estados de São Paulo, Paraná e na região CentroOeste, que são regiões de grande potencial para a produção da carne ovina.
A ovinocultura no Centro-Oeste brasileiro cresceu nos últimos anos. Os rebanhos
começaram a ser explorados economicamente com a introdução de raças especializadas,
melhoramento genético e técnicas de manejo que propiciaram a elevação da produtividade,
mesmo sem alteração no crescimento do rebanho (Costa & Reis, 2019).
Apesar da atenção e evolução na área, ainda existem dificuldades relacionadas
ao manejo e ao tipo de produto oferecido ao mercado consumidor, além da ausência de
plantas frigoríficas que garantam o abate dos animais produzidos no estado.
A carne ovina é pouco comercializada no Brasil, pois o país tem uma cultura
gastronômica voltada para a carne bovina e de frangos, que são, tradicionalmente,
consumidas em todas as ocasiões e por todas as classes sociais (Madruga, 2009).
No entanto, tem-se percebido uma alteração nos costumes alimentares, com a
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
157
entrada de novos produtos, dentre eles a carne ovina, que já está sendo encontrada em
alguns supermercados e açougues, além de restaurantes, com mais opções do que se
via outrora. O aumento na sua comercialização tem feito com que surjam mais criadores,
tornando os preços dos produtos mais acessíveis (Madruga, 2009).
Dentre as carnes vermelhas, a carne dos ovinos destaca-se por seu alto valor
nutritivo, sendo rica fonte de proteínas, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e potássio.
Possui textura macia, sabor suave e é de fácil preparo. A demanda pela carne ovina
concentra-se na de cordeiros, sendo exigido um produto com teor moderado de gordura,
suficiente para garantir a maciez e sabor característico, que não deve ser muito marcante.
Tradicionalmente o mercado tem sido abastecido com animais oriundos de sistemas de
criação onde atingem condições de abate, com peso vivo entre 28 e 30 kg, aos 150 a 180
dias de idade.
O consumidor agora também mais atento, busca uma carne com qualidade, e isto
quer dizer, dentre outras características, uma carne com sabor e aroma agradável, macia
e com baixo teor de gordura, o que é apenas possível com a oferta de animais jovens, ou
seja, de cordeiros (Gionco, et al., 2021).
Nesse caso, surge a questão de como o produtor deve comercializar a carne dos
animais fora do padrão dessa categoria, já que a carne de animais acima de 1 ano de idade,
podem apresentar um sabor e cheiro mais acentuado; em função da quantidade e do tipo de
gordura que são alterados na carcaça. Assim, como alternativa de comercialização dessa
carne de carneiros ou mesmo de animais de menor desempenho tidos como descarte,
podem ser fabricados embutidos como linguiças e salames.
A industrialização da carne ovina, segundo Madruga (2009), ainda é uma realidade a
ser perseguida, o que agregaria mais renda à cadeia produtiva, para tornar esse crescimento
cada vez mais significativo e levar o mercado de carne ovina a ser tão competitiva quanto
de outras carnes tradicionalmente consumidas.
Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar possíveis alterações nos protocolos
padrão de elaboração de embutidos, de forma a melhorar a qualidade desses produtos
tendo em vista as exigências do mercado consumidor.
OBJETIVO
O trabalho teve como objetivo caracterizar a composição físico-química de linguiças
coloniais, elaboradas com carne ovina e diferentes fontes de gordura, e averiguar as
oscilações advindas dessas fontes nos teores de proteína, e na composição de ácidos
graxos, e se essas oscilações poderiam levar ao um aumento da qualidade nutricional
desses produtos.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
158
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada na cidade de Rondonópolis-MT durante o período de
maio a dezembro dos anos de 2020 e 2021. Inicialmente foram mapeados e catalogados
os pequenos produtores de ovinos que pudessem ter interesse em participar do estudo.
Foram selecionados dois daqueles que de alguma forma elaboravam produtos
processados par comercialização em feiras na cidade. Os produtores concordaram em doar
a carne a ser utilizada nesse experimento para a elaboração dos produtos processados
do tipo linguiça colonial, que foi elaborado de acordo com a metodologia utilizada
convencionalmente por esses produtores, com alteração de alguns dos ingredientes, de
forma que pudessem ser criados 5 tratamentos da seguinte forma:
Tratamentos:
•
Tratamento 1: 100% carne ovina;
•
Tratamento 2: 90% carne ovina + 10% gordura ovina;
•
Tratamento 3: 90% carne ovina + 10% toucinho suíno;
•
Tratamento 4: 90% carne ovina + 8% toucinho suíno + 2% óleo de girassol;
•
Tratamento 5: 90% carne ovina + 5% toucinho suíno + 5% óleo de girassol.
As linguiças coloniais foram todas elaboradas no mesmo dia. Após a elaboração,
foram armazenadas em temperatura ambiente até o dia seguinte, e posteriormente
mantidas em refrigeração e congelamento a -10o C, até que fossem conduzidas às análises
laboratoriais.
Por ocasião das análises laboratoriais as amostras foram descongeladas em
geladeira, por 24h, quando foram avaliados os teores de pH, cor, maciez, umidade,
proteína, gordura e cinzas.
Para as análises físico-químicas foram coletados aleatoriamente amostras
compostas de três gomos de linguiça por tratamento. As linguiças foram trituradas para que
houvesse uma mistura homogênea da amostra, as análises foram realizadas em duplicata.
A medida de pH foi determinada por meio de pHmetro digital portátil com eletrodo de
penetração HANNA HI99163. A leitura foi realizada introduzindo o eletrodo diretamente na
amostra. A cada amostra, foram realizadas duas aferições de pH em locais distintos, já que
é uma medida importante para garantir a qualidade da carne no embutido.
A avaliação da cor do embutido foi realizada por metodologia subjetiva, com auxílio
de uma escala de cores padrão para carne e gordura (Meat Stardarts Australia), conforme
demonstrado no Anexo 1, mediante leituras em cinco diferentes pontos.
Foram também retiradas 6 subamostras, de cada tratamento, para determinação
da força de cisalhamento. As amostras das linguiças foram colocadas com as laterais
orientadas no sentido perpendicular à lâmina Warner-Bratzler, acoplada ao texturômetro
(Texture Analyzer TA-XPLUS-30) e os resultados obtidos foram expressos em kg, para
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
159
expressar a resistência do embutido sumulando a mastigação.
A umidade foi determinada pelo método de secagem direta em estufa a 105°C até
peso constante, conforme metodologia descrita por Lutz (2005), item 012/IV.
Quanto ao resíduo mineral fixo (cinzas), a técnica utilizada foi descrita por Lutz
(2005) no item 018/IV, sendo a mais indicada, onde o resíduo obtido na determinação
de umidade é incinerado em mufla a uma temperatura próxima à 550-570ºC, havendo
destruição da matéria orgânica, determinando assim, a quantidade de resíduo mineral fixo
na perda de peso. A determinação de gordura foi por meio da extração direta determinada
segundo procedimentos elaborados por Lutz (2005), item 032/IV.
O teor de proteína foi mensurado seguindo recomendações da Instrução Normativa
nº20 (BRASIL, 1999), com a utilização do método Kjeldahl-micro utilizando os procedimentos
de digestão, destilação e titulação para determinação da quantidade de nitrogênio total. A
proteína bruta, foi calculada em função do teor de nitrogênio total, multiplicado pelo fator
6,25.
Parte das amostras foi submetida à análise do perfil de ácidos graxos, e para tal, os
lipídios foram extraídos por meio da técnica de extração a frio (Bligh e Dyer, 1959). A análise
dos ésteres metílicos dos ácidos graxos foi realizada em cromatógrafo gasoso (Shimadzu,
modelo GC – 17A), equipado com detector de ionização de chama, injetor “Split/splitless”,
coluna capilar de sílica fundida contendo polietilenoglicol como fase estacionária (DB-Wax,
60m x 0,25mm, J&W Scientific), nas seguintes condições cromatográficas: temperatura do
injetor 230°C. A temperatura inicial da coluna foi de 80°C por 2 minutos a uma taxa de 3°C
por minuto, sendo então elevada para 180°C a uma taxa de 30°C/minutos, permanecendo
nesta temperatura por 30 minutos, e, após esse tempo, elevada para 200°C a uma taxa de
3°C/minuto, permanecendo nesta temperatura por 108 minutos. A temperatura do detector
foi de 240°C, gás de arraste utilizado foi o hélio com fluxo total de 8,0 mL/min; e a razão de
divisão de amostra 1:50. Para identificação dos ácidos graxos compararam-se os tempos de
retenção com os dos padrões ésteres metílicos (Sigma-Aldrich), enquanto a quantificação
foi realizada pela normalização de área e os resultados expressos em percentual de área
de cada ácido sobre a área total de ácidos graxos (%), segundo a metodologia de Hartman
e Lago (1973).
A partir do perfil de ácidos graxos obtido foram determinados os teores totais de
ácidos graxos ω3 (ômega 3), ω6 (ômega 6), CLA (ácido linoleico conjugado), ácidos graxos
saturados (AGS), ácidos graxos monoinsaturados (AGMI), ácidos graxos poli-insaturados
(AGPI) e as razões ω6/ω3, AGMI/AGS, AGPI/AGS. Foram determinados também os índices
de qualidade nutricional da fração lipídica: índice de aterogenicidade (IA), por meio da
fórmula [(C12:0+(4*C14:0)+C16:0)]⁄((AGMI+ω6+ω3) ) , índice de trombogenicidade (IT), por
meio da fórmula ((C14:0+C16:0+C18:0))⁄[(0,5*AGMI)+(0,5*ω6)+(3*ω3)+(ω 3⁄ω 6)] , ambas
segundo Ulbricth e Southgate (1991), e a razão de ácidos graxos hipocolesterolêmicos
e hipercolesterolêmicos (HH), por meio da fórmula ((C18:1cis9+C18:2ω6+C20:4ω6+
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160
C18:3ω3+ C20:5ω3+C22:6ω3))⁄ ((C14:0+C16:0) ), segundo Santos-Silva et al. (2002).
Os resultados obtidos na caracterização físico-química das amostras de linguiças
foram analisados pelo Statistical Analysis System - SAS 9.0, submetidos ao cálculo da
média e do desvio padrão. A comparação, da média foi por meio de análise de variância,
pelo PROC GLM, com delineamento em blocos (partidas ou repetições) e as médias
testadas por meio do teste de Tukey, considerando significativo quando P>0,05.
RESULTADOS
As amostras foram elaboradas todas com o mesmo tipo de revestimento, natural,
adquirido no mercado local. Apesar disso, houve diferenças no diâmetro padrão entre
os embutidos elaborados (Tabela 1), de forma que essa diferença poderia interferir nos
resultados da maciez, já que é contabilizada pelo corte da lâmina perpendicular ao produto,
proporcional ao diâmetro cortado. No entanto, apesar das diferenças no diâmetro das
amostras, não foi observada diferença para a maciez, com a maior força registrada para o
início do rompimento da amostra pela lâmina do aparelho.
Os tratamentos com maior quantidade de óleo apresentaram maiores valores
de perda por cozimento (78,0%), , seguidos pelos tratamentos 3 e 4 com gordura suína
(70,3% e 64,14%, respectivamente) e, por fim, os tratamentos 1 e 2, sem acréscimo de
gordura (65,1% e 67,0%, respectivamente) ou que utilizavam apenas gordura ovina na sua
elaboração.
Características
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento 5
Diâmetro (mm)
24.4571c
20.5242d
27.0717bc
30.1350a
27.7904ab
Perda
cozimento (%)
65.1000c
67.0000c
70.3000b
69.1417b
78.0033a
Maciez (kg)
3,516
4,108
3,588
4,1218
3,0094
pH
5.79
5.83
5.85
5.93
5.97
COR
6.33333a
5.0000ac
5.33333a
3.33333bc
2.0000bc
*Médias seguidas de letras diferentes, nas linhas, diferem, estatisticamente pelo teste Tukey 5%.
Tabela 1. Características físicas do embutido elaborado de acordo com os tratamentos
O teor e tipo de gordura utilizada não influenciaram a composição físico-química dos
embutidos elaborados (Tabela 2), que apresentaram valores médios de 61,65% de matéria
seca, 3,28% de resíduo mineral fixo, 73,59% de proteína e 24,15% de lipídeos.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
161
Característica
Média
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento 5
Umidade (%)
61.65
62.29
63.92
62.1
61.17
64.75
Resíduo mineral fixo (%)
3.28
3.29
3.10
3.27
3.69
3.06
Proteína (%)
73.59
69.12
70.11
75.39
76.53
76.82
Gordura (%)
24.15
23.93
23.40
24.31
25.00
24.09
*Médias seguidas de letras diferentes, nas linhas, diferem, estatisticamente pelo teste Tukey 5%.
Tabela 2. Características físico-químicas dos embutidos elaborados, em função do tratamento
Houve diferença estatística significativa para a composição de ácidos graxos nos
embutidos elaborados (Tabela 3). A composição dos tratamentos com substituição da
gordura ovina por fontes de ácidos graxos insaturados como o óleo de girassol, reduziu
teores de ácido palmítico (C16:0) de 27% no Tratamento 2, para 19% no Tratamento 5.
No entanto, para o ácido α-Linolênico (C18:3N3), tiveram suas concentrações diminuídas
à medida que a gordura ovina (animal ruminante) foi substituída por óleo de girassol,
alcançando 1,22% no Tratamento 1 e 0,65% no Tratamento 5.
Ácido Graxo
(%)
Média
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento 5
CV
C16:0
23.61
24.2229b
27.6700a
24.5998b
21.6689c
19.8895d
1.749
C16:1
1.87
2.2399a
2.4985a
1.8426b
1.4675c
1.3029c
2.00
C18:0
13.54
11.7129b
14.4819a
13.3949ab
12.9925ab
15.1474a
1.73
C18:1CIS
39.68
42.6852a
41.4604ab
39.9577bc
37.7214cd
36.6071d
0.91
18:2CIS
10.69
7.6700b
1.8061c
10.1270b
16.7138a
17.1684a
3.83
C18:3N6
0.014
0.0166ab
0.0085c
0.0184ab
0.0192a
0.0121bc
9.59
C18:3N3
0.82
1.2205a
0.8175b
0.7539bc
0.6572c
0.6563c
2.29
C20:0
0.161
0.0725b
0.0645b
0.2179a
0.2553a
0.1994a
5.07
C20:1
0.33
0.0832b
0.0523b
0.5740a
0.6348a
0.3067ab
5.28
C20:2
0.29
0.1551bc
0.0558c
0.4432a
0.5333a
0.2954ab
5.33
C20:3N6
0.068
0.0896a
0.0321b
0.0834a
0.0859a
0.0526b
5.47
C20:4N6A
0.61
0.3428a
0.1092b
0.1031b
0.0876b
0.0845b
11.57
C20:5N3E
0.145
0.1460a
0.0560b
0.0536b
0.0481b
0.0367b
5.86
C22:6N3D
0.068
24.4571c
20.5242d
27.0717b
30.1350a
27.7904ab
19.22
*C16:0 Palmítico, C16:1 Palmitoléico, C18:0 Esteárico, C18:1 oléico, C18:2 Linoléico, C18:3N6
y-Linolênico, C18:3N3 α-Linolênico, C20:0 Araquidico, C20:1 Eicosênóico, C20:2 Eicosadienóico,
C20:3N6 Eicosatriênóico, C20:4N6a Araquidônico, C20:5N3e Eicosapentanóico (EPA), C22:6N3d
Docosahexaenóico (DHA).
*Médias seguidas de letras diferentes, nas linhas, diferem, estatisticamente pelo teste Tukey 5%.
Tabela 3. Composição de ácidos graxos nos embutidos elaborados ou não com diferentes fontes de
gordura.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
162
Já os ácidos graxos chamados EPA (Ácido eicosapentanóico, C20:5N3) e DHA
(ácido docosahexaenóico, C22:6N3d) apresentaram comportamento diverso, diminuindo o
primeiro e aumentando o segundo à medida que a gordura foi sendo substituída por óleos
de origem vegetal.
Os ácidos graxos saturados tenderam a ter maior participação no produto elaborado
com gordura suína, quando elaborada com a própria gordura ovina (C16:0, C18:0) (Tabela
3).
DISCUSSÃO
Os valores para perda por cozimento foram maiores para o tratamento com maior
inclusão de óleo vegetal (Tratamento 5) quando comparado aos outros tratamentos. Perdas
de peso por cozimento para sistemas de emulsão de carne com redução de gordura,
são afetadas pelo tipo de óleo vegetal usado e tipo de cozimento proposto, e o uso de
óleo vegetal aumentam estes valores (Choi et al., 2009). A aceitação deste produto pode
ser limitada pelo consumidor, pois a inclusão de óleo vegetal precisa apresentar boas
características nas propriedades tecnológicas com o menor impacto na aceitação global do
produto (Ganesan et al., 2018; Lima et al., 2022). Porém, a principal vantagem da utilização
de óleo vegetal em substituição àgordura animal em produtos cárneos é aumentar a razão
entre ácidos graxos poliinsaturados e saturados, além de diminuir a razão entre ômega 6 e
ômega 3, valores importantes para a saúde do consumidor. (Lima et al., 2022)
A composição química, em proteína e resíduo mineral fixo não apresentaram
diferença estatística significativa. Nos estudos de Lacerda (2016), ao comparar a
formulação controle com as formulações que continham substituições de gordura animal
por óleo de canola em linguiça crua, não foi encontrado diferença entre os tratamentos para
a composição química.
A variação na gordura entre os tratamentos não era esperada, já que o teor final
de gordura, independente da fonte utilizada, foi o mesmo em todos eles. Apesar disso, a
utilização de diferentes fontes de gordura utilizada promoveu alterações na composição
e perfil de ácidos graxos existentes no embutido, de forma que alguns deles podem ser
considerados mais adequados para o consumo, quando se pensa em nutrição do organismo
e melhorias das condições de saúde do consumidor.
Outro ponto interessante a ser observado, é que há grande variação quando se
substitui gordura ovina por suína na elaboração desses embutidos. Para a composição
em ácidos graxos, isto ocorreu à medida que o tipo e teores de fontes lipídicas foram
substituídas.
Os ácidos graxos possuem papel relevante na alimentação, devido ao elevado valor
energético, e são parte importante da composição de vitaminas lipossolúveis, fosfolipídios
e membranas celulares (Lacerda, 2016). Além disso, o consumo regular de ácidos graxos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
163
poliinsaturados são benéficos para o crescimento, desenvolvimento, bem-estar e saúde em
humanos (Ponnampalam, Sinclair, Holman, 2021)
Dietas ricas em ácido eicosapentaenoico (EPA) diminui os níveis plasmáticos de
colesterol e triacilglicerol de pacientes hipertriacilglicerolêmicos, o que faz pensar sobre
a qualidade e perfil de ácidos graxos que estão presentes nos produtos utilizados para a
alimentação humana (Voet, Voet e Pratt (2006). Ainda, o EPA e o ácido docosahexaenóico
são relatados com papel preventivo para doenças cardiovasculares, função neural,
diabetes, hipertensão, alergias, inflamações, câncer e melhora na resposta imune (Benatti
et al., 2004; Aranceta, Pérez-Rodrigo, 2012; Sinclair, 2019).
O consumo excessivo de ácidos graxos saturados está relacionado ao aparecimento
de doenças cardiovasculares e outros tipos de distúrbios fisiológicos, como diabetes tipo 2,
alto teor de lipídeos no sangue, estresse oxidativo, entre outras complicações em humanos
(Costa, 2009; Lopez-Pedrouso et al., 2020).
Neste estudo, os tratamentos com substituição da gordura ovina por fontes de
ácidos graxos insaturados como o óleo de girassol, apresentaram menores valores de
C16:0 (palmítico), reduzindo de 27% no tratamento 2 para 19% no tratamento 5. Essa
informação, nos mostra que quando há necessidade, pode-se alterar a composição dos
produtos cárneos com base a atender às necessidades do mercado consumidor, mantendo
e estimulando o consumo desses produtos, mesmo por aquelas pessoas que apresentem
controle na ingestão de ácidos graxos saturados, posto que este teor pode ser diminuído
quando necessário, como mostrado nesse caso. Isto se aplica aos ácidos graxos ômega 3,
que diminuíram quando foi substituída gordura ovina por suína, e também à medida que foi
acrescentado óleos vegetais à composição desses produtos.
Já para os ácidos graxos EPA e DHA o comportamento foi contrário, diminuindo o
primeiro e aumentando o segundo à medida que gordura ovina foi substituída pelo óleo de
girassol. Torna claro, a necessidade da observação específica da vontade do consumidor,
antes de determinar o que se deseja manipular no produto final. Essas alterações têm
também relação com a durabilidade dos produtos, ou seja, tempo de prateleira, em seus
pontos de venda e comercialização, que não foram avaliados nesse experimento.
Outro ácido graxo de relevância que deve ser avaliado é o C.L.A. (ácido linoleico
conjugado), que é um ácido graxo sabidamente interessante para a saúde humana, com
propriedades anticarcinogênicas. Aqui podemos observar os valores para C18:3N3, que
tiveram suas concentrações diminuídas à medida que a gordura ovina foi substituída por
óleo de girassol, alcançando 1,22% no Tratamento 1 e 0,65% no Tratamento 5. Isso também
nos faz refletir sobre a real necessidade dessa alteração na composição dos produtos de
origem animal, posto que a melhora na proporção em um dos ácidos graxos, implica na
redução de outro de igual importância para a nutrição.
Os ácidos graxos são tão importantes para o metabolismo humano, que sua carência
pode gerar disfunções metabólicas, e o ácido linoleico é um importante constituinte dos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
164
esfingolipídeos da epiderme, que funcionam como uma barreira de impermeabilidade da
pele. Na célula, as membranas, constituídas em grande maioria por lipídeos, delimitam
compartimentos metabólicos discretos, consequentemente promovendo a organização dos
processos biológicos e influenciando processos bioquímicos (Voet; Voet; Pratt, 2006).
CONCLUSÕES
Nessas condições, observa-se que sim, a composição de linguiças coloniais
produzidas com carne ovina oriunda de animais de descarte, podem apresentar boa
composição e qualidade, independentemente do tipo de gordura utilizada. E, é possível
manipular a composição desses produtos, mas que essas manipulações devem seguir um
critério específico e ter em vista as necessidades do mercado consumidor, e que antes
disso, muita divulgação deve ser feita, para que o consumidor saiba exatamente o que
escolher na hora de adquirir um produto para sua alimentação e saúde.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 15
166
CAPÍTULO 16
ELABORAÇÃO DE BARRA ALIMENTÍCIA
ENRIQUECIDA COM FARINHA DE CASCA DE
MARACUJÁ DO CERRADO (Passiflora cincinnata)
William James Nogueira Lima
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 03/06/2022
Milton Nobel Cano-Chauca
Professor do Instituto de Ciências Agrárias
da Universidade Federal de Minas Gerais,
Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1033917187117771
Marcos Ferreira dos Santos
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7697048375577924.
Gabriela Fernanda da Cruz Santos
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4112573504235220
Heron Ferreira Amaral
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7965626342260611
Lívia Aparecida Gomes Silva
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1081528215970311
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Professor do Instituto de Ciências Agrárias
da Universidade Federal de Minas Gerais,
Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7607751254816553
Larissa Rodrigues Soares
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1294809864903762
Gustavo Machado dos Santos
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4183464784125425
Ana Laura Ribeiro de Freitas
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4048431324281406
Marina Tatiane Guimaraes
Discente do curso de Engenharia de Alimentos,
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Minas Gerais, Campus Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/7754051177149279
RESUMO: O maracujá da caatinga (Passiflora
cincinnata) é um fruto do cerrado produzido
espontaneamente. Sua casca, geralmente
Capítulo 16
167
considerada um descarte, pode ser utilizada no desenvolvimento de um subproduto:
a farinha da casca de maracujá da caatinga. Sendo esta rica em fibras, como a pectina,
além de carboidratos, vitaminas e óleos, o que a torna um rico ingrediente para compor
o desenvolvimento de barras alimentícias. Para a elaboração das barras, utilizou-se
concentrações diferentes da farinha (F1, F2, F3 e F4) em substituição parcial à aveia em
flocos e amostra padrão sem adição da farinha, sendo testadas as melhores proporções para
obtenção de uma barra com características favoráveis de sabor e textura. Foram realizados
testes físico-químicos (umidade, cinzas e Brix) e teste de cor. No teste de umidade, todas
as amostras obtiveram percentual abaixo de 15 %, o qual é recomendado pela RDC n°
263 de 22 de setembro de 2005. No teste de cinzas, observou-se que não houve diferença
significativa entre as formulações, e que, quanto maior a quantidade de farinha da casca de
maracujá adicionada, maior é o percentual de cinzas na composição. Através da análise de
cor, em L* (luminosidade), observou-se que, quanto maior a adição de farinha, maior a sua
luminosidade. Em a* (tonalidade - verde e + vermelho), os resultados obtidos tendenciaram
para a coloração vermelha, e no parâmetro b* para a coloração amarela. O presente trabalho
teve como objetivo a utilização da farinha da casca de maracujá da caatinga na formulação
de barras alimentícia como alternativa de enriquecê-la com suas propriedades nutritivas e
funcionais. Como resultado, obteve-se uma barra alimentícia com aspecto, sabor, textura e
firmeza bem características, além do aproveitamento da casca da fruta que comumente é
descartada e, com isso, pode ser possível ajudar na renda a agricultura familiar.
PALAVRAS-CHAVE: Análises. Farinha da casca de maracujá. Maracujá do mato. Resíduo
de fruta. Produto funcional.
PRODUCTION OF FRUIT BAR ENRICHED WITH PASSION FRUIT PEEL FLOUR
FROM SAVANNA (Passiflora cincinnata)
ABSTRACT: The passion fruit (Passiflora cincinnata) is a spontaneously produced savanna
fruit. Its peel, generally considered a waste, can be used in the development of a by-product:
the passion fruit peel flour from the caatinga. Being rich in fibers, such as pectin, in addition to
carbohydrates, vitamins and oils, which makes it a rich ingredient to compose the development
of food bars. The preparation of the bars, different concentrations of flour (F1, F2, F3 and
F4) were used in partial replacement of oat flakes and standard sample without addition of
flour, being tested the best proportions to obtain a bar with favorable characteristics of flavor
and texture. Physical-chemical tests (moisture, ash and Brix) and color test were performed.
In the moisture test, all samples obtained a percentage below 15%, which is recommended
by RDC No. 263 of September 22, 2005. In the ash test, it was observed that there was no
significant difference between the formulations, and that , the greater the amount of passion
fruit peel flour added, the greater the percentage of ash in the composition. Through the
analysis of color, in L* (luminosity), it was observed that the greater the addition of flour, the
greater its luminosity. In a* (shade - green and + red), the results obtained tended towards the
red color, and in the parameter b* towards the yellow color. The present work aimed to use
the passion fruit peel flour from the caatinga in the formulation of food bars as an alternative to
enrich it with its nutritional and , functional properties. As a result, a food bar with characteristic
appearance, flavor, texture and firmness was obtained, in addition to the use of the fruit peel
that is commonly discarded and, with this, it was possible to provide the benefit of the family
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
168
agroindustry.
KEYWORDS: Analyses, Passion fruit peel flour, Fruit residue. Functional product.
1 | INTRODUÇÃO
A praticidade dos lanches prontos e rápidos, e o intuito de manter uma alimentação
adequada, são requisitos para que as pessoas recorram ao consumo de alimentos rápidos
e saudáveis, nutritivos, saborosos, funcionais e com propriedades benéficas à saúde
(GUTKOSKI et al., 2007). Diante disto, as barras alimentícias se tornam uma boa opção de
consumo. Segundo Gomes (2006), as barras alimentícias são alimentos desenvolvidos a
partir da combinação de três ou mais ingredientes, com distintos valores nutricionais, além
de ser uma fonte de energia e nutrição, ideal para uma alimentação rápida, intercalando
com as principais refeições (COSTA, 2016). Para se obter a textura adequada, é utilizado
agente ligante, e o produto final é uma barra de aproximadamente 25 g.
Segundo Araújo et al. (2007), o maracujá do mato é comumente comercializado em
feiras livres ou nas margens das estradas, porém, possui potencial para agregar valor em
produtos como geleias, barras alimentícias, doces e sucos, além de gerar renda extra aos
produtores através do cooperativismo. A barra alimentícia produzida foi enriquecida com
diferentes quantidades da farinha da casca de maracujá da caatinga, em substituição parcial
à aveia em flocos, apresentando maior quantidade de nutrientes, além de propriedades
medicinais, de acordo com os resultados do presente trabalho. O consumo da farinha,
através de pesquisas presentes na literatura, está associado às propriedades terapêuticas,
prevenindo doenças relacionadas com a glicemia e alto índice de colesterol, problemas
gastrointestinais, atuando, ademais, no fortalecimento dos ossos (PITA, 2012).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi o desenvolvimento de um subproduto como
alternativa para o aproveitamento da casca de maracujá da caatinga na produção de barras
alimentícias com alto valor nutricional e benefícios à saúde, além de avaliar suas qualidades
físico-químicas e de cor.
2 | METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado no Laboratório de Tecnologia de Vegetais, do
Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG, Campus
Montes Claros- MG.
A. Matéria prima
Os maracujás do mato foram comprados no Mercado Municipal da cidade de Montes
Claros - Minas Gerais, no mês de outubro de 2018, sendo este o mês de safra na região.
Esses foram selecionados a partir de um padrão, rigorosamente higienizados para retirada
de quaisquer sujidades presentes e sanitizados em solução clorada. Em seguida, foram
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
169
cortados e, com o auxílio de uma despolpadeira industrial, as polpas foram extraídas e
armazenadas em sacos plásticos para posteriormente serem congeladas.
A aveia em flocos, farinha de linhaça dourada, amendoim torrado e moído, gergelim
branco, flocos de arroz e o mel de abelha foram adquiridos em supermercado local na
data referida anteriormente. Para obtenção da farinha, as cascas do maracujá do mato
foram submetidas ao processo de desidratação, utilizando um secador de bandejas. O
secador foi utilizado na temperatura de 65ºC por aproximadamente 24 horas, para obter a
umidade final de 10% nas cascas e, em seguida, foram resfriadas no interior do secador
e trituradas utilizando um liquidificador doméstico, passando por um peneiramento para
homogeneização da granulometria. A farinha obtida foi armazenada em potes de vidro
(Figura 1).
Figura 1. Farinha da casca de maracujá da caatinga finalizada e armazenada
Fonte: Dos autores, 2018.
B. Elaboração das barras alimentícias
Os testes preliminares foram realizados com o intuito de alcançar as formulações
ideais, ou seja, quantidades de farinha que não comprometesse o sabor, textura e
aparência das barras. Após determinadas, foram elaboradas 4 diferentes formulações de
barras alimentícias: F1 com 9,52% de farinha da casca de maracujá da caatinga; F2 com
13,64%; F3 com 17,39%; e F4 sem adição de farinha (formulação controle), sendo feitas 3
repetições de cada formulação. As quantidades de ingredientes em cada formulação foram
estabelecidas conforme apresentados na Tabela 1.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
170
Ingredientes (g)
F1
F2
F3
F4
Aveia em flocos
13
13
13
23
Flocos de arroz
18
18
18
18
Amendoim torrado e moído
3
3
3
3
Farinha de linhaça dourada
3
3
3
3
Gergelim branco
3
3
3
3
Mel de abelha
44
44
44
44
Polpa de maracujá da caatinga
11
11
11
11
Farinha da casca de maracujá
10
15
20
0
Tabela 1. Formulações desenvolvidas para elaboração das barras alimentícias
Legenda: F1 com 9,52 % de farinha da casca de maracujá da caatinga; F2 com 13,64 %; F3 com 17,39
%; e F4 sem adição de farinha (formulação controle).
Todos os ingredientes foram pesados separadamente. Os aglutinantes (mel e polpa)
foram incorporados em um recipiente e aquecidos em uma chapa elétrica, sob agitação
manual constante em temperatura igual a 180 ºC, até a obtenção de uma calda, alcançando
o Brix desejado (80º). Foi utilizado um refratômetro para confirmação do Brix atingido. Em
seguida, os ingredientes secos foram misturados e foi realizada a incorporação da calda
ainda quente, sob agitação constante, até a formação de uma mistura homogênea. As
misturas de cada formulação foram dispostas em uma prensa coberta por papel manteiga
a fim de atingir uma moldagem padrão das barras. Por fim, as barras foram refrigeradas
durante 20 minutos em um freezer, retiradas e cortadas em tamanhos padrões de 4 cm x 4
cm e armazenadas em embalagens plásticas para posteriores análises. A seguir, a Figura
2 ilustra a formulação F3 finalizada:
Figura 2. Formulação F3 da barra alimentícia
Fonte: Dos autores, 2019.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
171
C. Análises físico-químicas
Foram feitas as análises físico-químicas em triplicata, seguindo os métodos do
Instituto Adolfo Lutz (2008), sendo as análises de cinzas, umidade e Brix. Para determinação
de cinzas, as amostras foram submetidas a uma mufla sob temperatura de 550 °C, durante
6 horas. Para obtenção do percentual de cinzas, foi utilizada a seguinte equação:
Onde m = massa das cinzas em gramas e m1= massa da amostra em gramas.
O teor de umidade foi encontrado utilizando estufa a 105 ºC até obtenção de peso
constante, e para obter o percentual de umidade, utilizou- se a seguinte equação:
Onde Mu= massa úmida e Ms= massa seca.
A determinação dos sólidos solúveis totais foi feita mediante o uso de um refratômetro
e escala 0-95 % até todas as amostras alcançarem 85 ºBrix.
D. Análises da cor
Os parâmetros de cor foram mensurados mediante o uso de um colorímetro de
bancada CR400, utilizou-se a escala Cielab, nas coordenadas L*, a* e b*, em que o L* varia
entre 0 (totalmente preto) e 100 (totalmente branco), a* do verde (-) ao vermelho (+); b* do
azul (-) ao amarelo (+). As leituras da cor foram realizadas em triplicata.
E. Análise estatística
Para análise dos resultados estatísticos, utilizou-se o DIC (Delineamento Inteiramente
Casualizado), em 4 formulações e 3 repetições de cada uma, através de análise de variância
(ANOVA) e Teste Tukey a 5% de significância, para comparação de médias.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A. Análises físico-químicas
Os resultados das análises de cinzas e umidade estão apresentados a seguir, na
Tabela 2. Pelos resultados obtidos em análise de umidade, constatou- se que não houve
diferença significativa entre as amostras, F4 não se diferiu de nenhuma das formulações,
e F3 se diferiu de F1 e F2.
Verifica-se que todas as formulações apresentaram percentual de umidade abaixo
de 15 %, recomendado pela RDC n° 263, de 22 de setembro de 2005, segundo Brasil
(2005), o que é um ponto positivo para prolongar a vida de prateleira do produto. Souza
(2014), encontrou valores de 17,4 % de umidade em barra de cereais produzida com farinha
da casca de maracujá amarelo, sendo considerado acima do que determina Brasil (2005).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
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172
Becker e Krüger (2010), encontraram o percentual de 8,6% de umidade em barra de cereal
com adição de casca de maracujá, sendo considerado de baixa umidade.
Formulações
Umidade (%)
Cinzas (%)
F1
10,72 b
1,47 c
F2
10,49 b
1,56 b
F3
13,45a
1,78 a
F4
11,44
1,25 d
ab
Tabela 2. Caracterização de umidade e cinzas das formulações de barra alimentícia enriquecida com
casca de maracujá da caatinga
Legenda: F1 com 9,52 % de farinha da casca de maracujá da caatinga; F2 com 13,64 %; F3 com 17,39
%; e F4 sem adição de farinha (formulação controle).
Nota: Letras iguais na mesma linha não diferem entre si estatisticamente (p>0,05).
Na análise de cinzas, houve diferença significativa em todas as formulações, variando
de 1,25 % na formulação sem adição de farinha da casca de maracujá da caatinga (F4), a
1,78 %, na formulação F3, que possuía concentração mais elevada de farinha, concluindo
que, quanto maior a quantidade de farinha da casca de maracujá, maior a porcentagem de
cinzas presentes na barra. Souza (2014) encontrou 1,21 % de cinzas em sua determinação
nas barras enriquecidas com farinha da casca de maracujá da caatinga, e Brizola (2014)
encontrou 1,38% na determinação de barra enriquecida com farinha de banana verde.
Após a padronização do Brix em 80°, foi possível observar que não houve diferença
significativa em nenhuma das formulações. Segundo Leoro (2007), quanto mais alto o valor
Brix, maior a tendência de coloração de extrusados mais escuros.
B. Análise da Cor
A análise da cor das barras alimentícias foi apresentada na Tabela 3. Através dos
valores encontrados de L*, notou- se que F4 se diferiu estatisticamente das formulações F1
e F3, e F2 não se diferiu de nenhuma das formulações. No parâmetro a*, F1 não se difere
estatisticamente de nenhuma das formulações, enquanto F4 se difere de F2 e F3. Em b*,
F2 se difere apenas de F4, enquanto F4 se difere das demais (F1, F2 e F3).
Em L*, notou-se que a adição de farinha na composição das barras alimentícias fez
com que diminuísse a luminosidade. Dentre as formulações elaboradas, a F4 é a mais clara
e a F3 mais escura e todas obtiveram resultados de luminosidade mediana, estando mais
próximas da cor branca (mais próximas de 100). Em a*, todas as formulações obtiveram
resultados em que a coloração tendeu para vermelha, sendo F4 com maior valor (3,45) e
F2 com menor valor (1,92). No parâmetro b*, houve tendência em todas as formulações
para a coloração amarela, observando que, quanto maior a quantidade de farinha, maior
a intensidade de coloração amarela. De acordo com Silva et. al. (2009), quanto maior
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
173
a quantidade de resíduos de maracujá nas formulações, maior será a tendência ao
escurecimento das barras de cereais.
Concentrações de
farinha
L*
a*
b*
F1
56,84 b
2,79 ab
27,40 b
F2
58,62 ab
1,92 b
28,09 ab
F3
54,84 b
2,01 b
29,39 a
F4
63,33
3,47
24,88 c
a
a
Tabela 3. Determinação de cor das barras alimentícias formuladas.
Legenda: F1 com 9,52 % de farinha da casca de maracujá da caatinga; F2 com 13,64 %; F3 com 17,39
%; e F4 sem adição de farinha (formulação controle); L: luminosidade.
Nota: Letras iguais na mesma linha não diferem entre si estatisticamente (p>0,05).
Em L*, notou-se que a adição de farinha na composição das barras alimentícias fez
com que diminuísse a luminosidade. Dentre as formulações elaboradas, a F4 é a mais clara
e a F3 mais escura e todas obtiveram resultados de luminosidade mediana, estando mais
próximas da cor branca (mais próximas de 100). Em a*, todas as formulações obtiveram
resultados em que a coloração tendeu para vermelha, sendo F4 com maior valor (3,45) e
F2 com menor valor (1,92). No parâmetro b*, houve tendência em todas as formulações
para a coloração amarela, observando que, quanto maior a quantidade de farinha, maior
a intensidade de coloração amarela. De acordo com Silva et. al. (2009), quanto maior
a quantidade de resíduos de maracujá nas formulações, maior será a tendência ao
escurecimento das barras de cereais.
4 | CONCLUSÕES
A utilização da farinha de maracujá da caatinga na elaboração de barras alimentícias,
em substituição parcial à aveia em flocos foi uma alternativa no aproveitamento do resíduo,
beneficiando-se das suas propriedades funcionais e nutritivas, além de ser uma alternativa
de geração de renda nas agroindústrias, cooperativas, agricultura familiar, dentre outras
organizações de produção. Foi possível o desenvolvimento de barra alimentícia estável,
compacta, com aparência característica às barras convencionais. As barras alimentícias
utilizando diferentes formulações (F1, F2, F3 e F4) resultaram em valores físico-químicos
de umidade, cinzas e cor adequados e em conformidade com a legislação brasileira.
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maracujazeiros do mato e amarelo. Itapetinga- BA. UESB. 80p, 2012. (Dissertação- Mestrado em
Engenharia de Alimentos).
[10]. SILVA, I. Q.; OLIVEIRA, B. C. F.; LOPES, A. S.; PENA, R. S. Obtenção de barras de cereais
adicionadas do resíduo industrial de maracujá. Alimentos e Nutrição, v. 20, n. 2, p. 321-329, 2009.
[11]. SOUZA, L. B. Aproveitamento alternativo da casca do maracujá amarelo para produção de farinha
e barra de cereais. 64 f. TCC (Graduação) - Curso de Química, Fundação Educacional do Município de
Assis - Fema, Assis, 2014.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 16
175
CAPÍTULO 17
CARACTERIZAÇÃO DOS ALIMENTOS
CONVENCIONAIS E ORGÂNICOS: UMA REVISÃO
DE LITERATURA
Data de aceite: 05/07/2022
Dayane de Melo Barros
Doutora em Bioquímica e Fisiologia –
Universidade Federal de Pernambuco
Pernambuco
Danielle Feijó de Moura
Doutora em Ciências Biológicas – Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
Vanessa Maria dos Santos
Estudante de Mestrado em Nutrição, Atividade
Física e Plasticidade Fenotípica – Centro
Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de
Pernambuco
Pernambuco
Letícia da Silva Pachêco
Estudante de Mestrado em Nutrição, Atividade
Física e Plasticidade Fenotípica – Centro
Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de
Pernambuco
Pernambuco
Andreza Roberta de França Leite
Bacharel em Nutrição – Centro Acadêmico de
Vitória, Universidade Federal de Pernambuco
Pernambuco
Hélen Maria Lima da Silva
Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos –
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Pernambuco
Francyelle Amorim Silva
Mestre em Saúde Humana e Meio Ambiente
– Centro Acadêmico de Vitória, Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
Jefferson Thadeu Arruda Silva
Especialista em Fitoterapia na Prática Clínica e
Esportiva – Faculdade IDE
Pernambuco
André Severino da Silva
Doutor em Biotecnologia – Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
Thays Vitória de Oliveira Lima
Bruna Karoline Alves de Melo Silva
Estudante de Mestrado em Nutrição, Atividade
Física e Plasticidade Fenotípica – Centro
Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de
Pernambuco
Pernambuco
Zenaide Severina do Monte
Doutora em Ciências Farmacêuticas –
Universidade Federal de Pernambuco
Pernambuco
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Estudante de Graduação em Nutrição –
UNINASSAU
Pernambuco
Cleiton Cavalcanti dos Santos
Estudante de Graduação em Enfermagem –
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
Tamiris Alves Rocha
Doutora em Ciências Biológicas – Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
Capítulo 17
176
Marllyn Marques da Silva
Doutora em Biotecnologia - Universidade
Federal Rural de Pernambuco
Pernambuco
Talismania da Silva Lira Barbosa
Bacharel em Biomedicina –
Associação Caruaruense de Ensino Superior
Pernambuco
Clêidiane Clemente de Melo
Bacharel em Biomedicina –
Associação Caruaruense de Ensino Superior
Pernambuco
Maurilia Palmeira da Costa
Doutora em Bioquímica e Fisiologia –
Universidade Federal de Pernambuco
Pernambuco
Silvio Assis de Oliveira Ferreira
Doutor em Bioquímica e Fisiologia –
Universidade Federal de Pernambuco
Pernambuco
Juliane Suelen Silva dos Santos
Mestre em Saúde Humana e Meio Ambiente –
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade
Federal de Pernambuco
Pernambuco
RESUMO: Na agricultura os principais sistemas agrícolas são o convencional e o orgânico,
que apresentam técnicas diferentes para o cultivo de alimentos, diante disso, o objetivo
do estudo foi identificar evidências disponíveis na literatura para caracterizar os alimentos
obtidos da agricultura convencional e orgânica. O estudo consistiu em uma revisão narrativa
onde utilizou-se para a pesquisa as bases de dados Periódicos Capes, PubMed/MEDLINE,
livros e Revistas Eletrônicas de Saúde com dimensão temporal entre 2001 e 2020. O estudo
evidenciou que na agricultura convencional, os alimentos são produzidos com tecnologias
agrícolas que utilizam elevada quantidade de defensivos químicos e adubos sintéticos, estes
alimentos são produzidos em larga escala, e por isso são mais disponíveis e apresentam um
menor preço. Enquanto que, a agricultura orgânica não utiliza nenhum tipo de insumo artificial
no sistema de cultivo sendo considerada uma forma de produção mais ecologicamente
correta e com alimentos mais saudáveis para os consumidores.
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura orgânica. Consumidores. Defensivos químicos. Revisão
narrativa. Saudáveis.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
177
ABSTRACT: In agriculture, the main agricultural systems are conventional and organic, which
have different techniques for growing food. The study consisted of a narrative review where
the databases Periodicals Capes, PubMed/MEDLINE, books and Electronic Health Journals
with a temporal dimension between 2001 and 2020 were used for the research. The study
showed that in conventional agriculture, food is produced with agricultural technologies that
use high amounts of chemical pesticides and synthetic fertilizers, these foods are produced
on a large scale, and therefore are more available and have a lower price. Meanwhile, organic
agriculture does not use any type of artificial input in the cultivation system, being considered
a more ecologically correct form of production with healthier foods for consumers.
KEYWORDS: Organic agriculture. Consumers. Chemical pesticides. Narrative review.
healthy.
INTRODUÇÃO
Na agricultura, os principais sistemas de cultivo avaliados quanto à qualidade e
rendimento são o convencional e o orgânico. Os alimentos convencionais são obtidos
através de uma produção baseada na utilização de defensivos químicos e adubos sintéticos,
porém, o uso demasiado destes insumos pode acarretar em danos para a saúde humana e
o ambiente (MAGKOS; ARVANITI; ZAMPELAS, 2003; SANTILLI, 2009; REGANOLD et al.,
2010; SEUFERT, 2019).
A agricultura convencional foi promovida com a finalidade de elevar a produtividade,
favorecendo assim a economia. Neste período houve um crescimento econômico significativo
devido ao aumento da produção agrícola nacional. Dessa forma, os agricultores passaram
a utilizar comumente esse tipo de sistema de cultivo, potencializando a produção de
alimentos para atender as necessidades do mercado, no entanto, as questões ambientais
não foram adequadamente consideradas (SANTILLI, 2009; ALVES; TEDESCO, 2015).
A agricultura orgânica (também conhecida como agricultura biológica) por sua
vez, utiliza técnicas agrícolas que são consideradas mais ecologicamente corretas que
as da agricultura convencional, contribuindo para a conservação ambiental. Os alimentos
orgânicos são produzidos de forma sustentável, sem a utilização de qualquer tipo de
insumo artificial como, os defensivos químicos sintéticos, o que consequentemente, reduz
o impacto ambiental e mantém a forma natural dos alimentos (SHEPHERD et al., 2004;
BRASIL, 2008).
A utilização de insumos artificiais e tecnologias agrícolas representa a principal
diferença entre o sistema convencional e o orgânico. O meio de produção convencional
permite um plantio em larga escala, com maior disponibilidade e variedade de alimentos,
características que não estão comumente presentes na agricultura orgânica e que podem
ser consideradas como vantagens para este tipo de sistema agrícola (GUMBER; RANA,
2017; GIAMPIERI et al., 2022).
Enquanto que, o sistema orgânico, produz alimentos que são considerados mais
saudáveis e nutritivos, ou seja, apresenta em sua constituição maior teor de nutrientes e
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
178
compostos bioativos, indicando suas vantagens em relação aos convencionais, uma vez
que podem promover mais benefícios à saúde (MAGKOS; ARVANITI; ZAMPELAS, 2003;
CARDOSO, 2020). Sendo assim, o objetivo do estudo foi identificar evidências disponíveis
na literatura sobre as características dos alimentos convencionais e orgânicos.
METODOLOGIA
O estudo consiste em uma revisão narrativa que se propõe a identificar evidências
disponíveis na literatura sobre as características dos alimentos convencionais e orgânicos.
Foram utilizados na pesquisa as bases de dados Periódicos Capes, PubMed/MEDLINE,
livros e Revistas Eletrônicas de Saúde com dimensão temporal entre 2001 e 2020. Na
estratégia de busca foram utilizados os descritores: agricultura, cultivo de alimentos,
defensivos químicos, indústria agrícola e alimentos orgânicos nos idiomas português e
inglês. As publicações científicas que não versavam sobre o assunto em questão não foram
incluídas na revisão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Alimentos convencionais
Os alimentos convencionais são produzidos em um sistema agrícola que utiliza
insumos artificiais e mecanização, este modo de cultivo ficou conhecido como revolução
verde, e caracterizou-se basicamente pelo uso combinado de insumos químicos (adubos
sintéticos e defensivos químicos), mecânicos (colheitadeiras mecânicas) e biológicos
(variedades melhoradas), ou seja, o sistema de agricultura convencional apresenta
um processo de produção de alimentos baseado na utilização de insumos sintéticos e
tecnologias agrícolas. A agricultura convencional permite um plantio em larga escala,
quer dizer, apresenta tecnologias que tem a finalidade de aumentar a quantidade de itens
produzidos, podendo consequentemente atender de forma mais eficiente às necessidades
do mercado (SANTILLI, 2009).
O mercado de alimentos convencionais é avaliado pelo consumidor em relação
à disponibilidade, variedade, regularidade e preço dos produtos. Os consumidores
geralmente optam pelos alimentos convencionais devido a maior facilidade de acesso a
compra (disponibilidade e variedade), o que torna a aquisição mais viável em relação aos
orgânicos. Além disso, o menor preço é um fator a mais na escolha desses alimentos,
uma vez que, os orgânicos ainda apresentam valores elevados quando comparados aos
alimentos convencionais (GUMBER; RANA, 2017).
O que o indivíduo consome representa a sua identidade, características,
personalidade e valores. Sendo assim, o perfil do consumidor de alimentos orgânicos
está relacionado a indivíduos que valorizam a saúde e o meio ambiente, o que não quer
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
179
dizer que seja o inverso para os que optam pelos alimentos convencionais, pois também
esses consumidores se importam com essas questões, porém a maior disponibilidade dos
produtos convencionais e o preço acessível ainda parecem ter mais influência na decisão
de compra e consumo (LEA; WORSLEY, 2005; GUMBER; RANA, 2017).
Quanto às características nutricionais, o método de cultivo dos alimentos
convencionais utiliza adubos sintéticos nitrogenados o que consequentemente resulta
em alimentos com maior teor proteínas e aminoácidos livres. Em relação à concentração
de vitaminas e minerais entre os alimentos convencionais e orgânicos, foi verificada uma
variabilidade de dados, com leve vantagem para o sistema orgânico que demonstra oferecer
um cultivo com maior concentração desses micronutrientes (ASAMI et al., 2003; MAGKOS;
ARVANITI; ZAMPELAS, 2003; DIKIESON; ARKUS, 2009; REGANOLD et al., 2010).
Em relação ao teor de umidade, os alimentos convencionais comumente apresentam
maior teor do que os alimentos orgânicos, isto pode ser atribuído à utilização de adubos
sintéticos que promovem uma maior absorção de água pelo alimento (ARBOS et al., 2010).
Alimentos orgânicos
O sistema de produção orgânica baseia-se na utilização de processos e controles
biológicos para garantir a qualidade do plantio. O mercado para esse tipo de produto está
cada vez mais crescente, sobretudo nos centros urbanos. Os alimentos orgânicos têm
sido indicados como primeira opção aos convencionais, tanto pelos benefícios a saúde
quanto pelo menor impacto ambiental gerado (SHEPHERD et al., 2004; AGHASAFARI et
al., 2020).
Os alimentos orgânicos geralmente são considerados pelos consumidores como
mais saudáveis em relação aos convencionais e de melhor qualidade, no entanto, alguns
fatores afetam o comportamento de compra dos consumidores por esses alimentos,
dentre eles estão, a confiabilidade sobre a procedência do produto adquirido, ou seja, se
é realmente orgânico, baixa disponibilidade, preço elevado e poucas informações relativas
a estes produtos, por isso otimizar a comunicação e aprendizado dos consumidores sobre
este tipo de alimento pode ampliar o seu crescimento industrial (DIKIESON; ARKUS, 2009).
A qualidade nutricional dos alimentos orgânicos é evidenciada pela maior
concentração de compostos bioativos (fenóis, flavonoides, antioxidantes, carotenoides
totais, folato, licopeno, luteína, dentre outros) em sua constituição, característica que
os diferencia dos alimentos convencionais. Estes compostos são importantes para
a prevenção de doenças causadas pelo estresse oxidativo e atuam na adequação e
otimização do perfil nutricional de macronutrientes e micronutrientes, o que fortalece a ideia
dos alimentos orgânicos serem mais saudáveis que os convencionais. O maior conteúdo
de compostos bioativos em alimentos orgânicos se deve a capacidade do sistema de
promover a biodiversidade viabilizando a obtenção de nutrientes mediante um ecossistema
diversificado do solo (PEREIRA; FRANCESCHINI; PRIORE 2020).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
180
Mesmo havendo poucas evidências científicas de que os alimentos orgânicos e
convencionais se diferenciam em relação às concentrações de micronutrientes (vitaminas,
minerais e oligoelementos), verifica-se um maior teor de vitaminas para alimentos cultivados
no sistema orgânico. Quanto à concentração de proteínas, os alimentos orgânicos tem um
menor teor quando comparados com os alimentos convencionais, no entanto, a qualidade
deste macronutriente é considerada superior (MAGKOS; ARVANITI; ZAMPELAS, 2003).
O sistema orgânico também apresenta outra vantagem que é a de favorecer o cultivo
de alimentos com elevado sabor, uma vez que, são produzidos de forma mais natural sem
a utilização de insumos artificiais ou produtos que modifiquem sua constituição original
(CONNOR; DOUGLAS, 2001; MAGKOS; ARVANITI; ZAMPELAS, 2003; KIHLBERG;
RISVIK, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alimentos provenientes da agricultura convencional e orgânica apresentam
características diferentes em relação às técnicas utilizadas, uma vez que, no sistema
convencional são utilizados defensivos químicos e adubos sintéticos e no sistema orgânico
não se faz uso de nenhum tipo de insumo artificial. Essas técnicas agrícolas diferentes
tornam os alimentos convencionais mais disponíveis e com um valor econômico mais
acessível, contudo, os alimentos orgânicos apresentam maior qualidade nutricional e são
considerados mais ecologicamente corretos, pois o sistema de produção gera um menor
impacto ambiental.
REFERÊNCIAS
ALVES, C. T.; TEDESCO, J. C. A revolução verde e a modernização agrícola na mesorregião noroeste
do Rio Grande do Sul–1960/1970. Revista Teoria e Evidência Econômica, v. 21, n. 45, 2015.
AGHASAFARI, H. et al. Determination of the best strategies for development of organic farming: A
SWOT–Fuzzy Analytic Network Process approach. Journal of Cleaner Production, v. 277, p. 124039,
2020.
ARBOS, K. A. et al., Segurança alimentar de hortaliças. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, n.
1, p. 215-220, 2010.
ASAMI, D. K. et al. Comparison of the total phenolic and ascorbic acid content of freeze-dried and airdried marionberry, strawberry, and corn grown using conventional, organic, and sustainable agricultural
practices. Journal of agricultural and food chemistry, v. 51, n. 5, p. 1237-1241, 2003.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira: promovendo a
alimentação saudável. Brasília, Distrito Federal, 2008.
CARDOSO, A. P. et al. Perceptions about healthy eating and emotional factors conditioning eating
behaviour: a study involving Portugal, Brazil and Argentina. Foods, v. 9, n. 9, p. 1236, 2020.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
181
CONNOR, R.; DOUGLAS, L. Consumer attitudes to organic foods. Nutrition & Food Science, 2001.
DIKIESON, J.; ARKUS, V. Factors that influence the purchase of organic food. British Food Journal, v.
5, n. 2, p. 20-29, 2009.
GIAMPIERI, F. et al. Organic vs conventional plant-based foods: A review. Food Chemistry. v. 383, p.
132352, 2022.
GUMBER, G.; RANA, J. Factors influencing willingness to pay price premium for organic food in India.
International Journal of Emerging Research in Management and Technology, v. 6, n. 2, p. 1-15,
2017.
KIHLBERG, I.; RISVIK, E. Consumers of organic foods–value segments and liking of bread. Food
quality and preference, v. 18, n. 3, p. 471-481, 2007.
LEA, E.; WORSLEY, T. Australians’ organic food beliefs, demographics and values. British Food
Journal, v. 107, n. 11, p. 855–869, 2005.
MAGKOS, F., ARVANITI, F., ZAMPELAS, A. Organic food: Nutritious food or food for thought? A review
of the evidence. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 54, n. 5, p. 357-371, 2003.
PEREIRA, N.; FRANCESCHINI, S.; PRIORE, S. Qualidade dos alimentos segundo o sistema de
produção e sua relação com a segurança alimentar e nutricional: revisão sistemática. Saúde e
Sociedade, v. 29, n.4, 2020.
REGANOLD, J. P. et al. Fruit and soil quality of organic and conventional strawberry agroecosystems.
PLoS One, v. 5, n. 9, p. 12346, 2010.
SANTILLI, J. Agrobiodiversidade e direitos dos agricultores. Ed. Peirópolis. São Paulo, 2009.
SEUFERT, V. Comparing yields: Organic versus conventional agriculture. In: Encyclopedia of Food
Security and Sustainability: Volume 3: Sustainable Food Systems and Agriculture. Elsevier, p.
196-208. 2019.
SHEPHERD, M. et al. An assessment of the environmental impacts of organic farming. A review for
DEFRA-funded Project OF0405, 2003.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 17
182
CAPÍTULO 18
MÉTODO DE CAMINHAMENTO EM INVENTÁRIO
FLORÍSTICO DE FRAGMENTOS DO BIOMA PAMPA
Data de aceite: 05/07/2022
Italo Filippi Teixeira
Universidade Federal do Pampa – Campus São
Gabriel
São Gabriel – RS
http://lattes.cnpq.br/6700891457771569
RESUMO: Com o objetivo de verificar a
composição florística em quatro áreas de
formações características do Bioma Pampa,
localizadas no município de Santa Margarida do
Sul-RS, foi desenvolvido um inventário florístico
aplicando o método de caminhamento. Os
resultados demonstraram a ocorrência de 79
exemplares arbóreo-arbustivos distribuídos em
30 espécies, 25 gêneros e 17 famílias. A aplicação
do método de caminhamento estabelecido para
inventários expeditos demonstrou-se de fácil
execução e sua utilização para levantamento
de dados quantitativos no Bioma Pampa foi
bastante eficaz devido as características de
suas formações fitofisionômicas. As espécies
inventariadas são características do referido
Bioma conforme a bibliografia estabelece.
PALAVRAS-CHAVE:
Inventário
expedito;
espécies vegetais; fitofisionomia.
METHOD OF WALKING ON FLORISTIC
INVENTORY FRAGMENTS OF BIOMA
PAMPA
ABSTRACT: With the objective to verify the
floristic composition in four areas of formations
characteristics of the Pampa Bioma, located
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
in Santa Margarida do Sul-RS, a floristic
inventory was developed using the method of
path analysis. The results demonstrated the
occurrence of 79 specimens of trees and shrubs
distributed in 30 species, 25 genera and 17
families. The application of the method pathway
was demonstrated running and easy to use
quantitative collecting data in partial Pampa Biome
was very effective due to the characteristics of
their formations phytophysionomic. The species
studied are characteristic of this biome with the
literature establishes.
KEYWORDS: Inventory expeditious; plant
species; phytophysiognomy.
INTRODUÇÃO
RAMBO (1956) dividiu o Estado do Rio
Grande do Sul em duas formações vegetais,
a do campo e a da floresta. Da área total
do Estado, cerca de 131.896 km² (46,26%)
eram campos, 98.327 km² (34,47%) matas
e o restante atribuído a vegetação litorânea,
banhados inundáveis e outras formações não
florestais. Portanto, quase dois terços da área
do Estado foram originalmente ocupados pela
formação campestre, uma paisagem de Estepe,
porém num ambiente de clima característico por
alta pluviosidade.
Diversos autores concordam com os
princípios acerca da origem dos campos sulbrasileiros. Tais formações consistiriam em
áreas remanescentes de um clima pretérito
Capítulo 18
183
semiárido, talvez o tipo vegetacional mais antigo da região, e que nas condições climáticas
atuais as florestas estariam em expansão a partir de áreas como nascentes, cursos d’água
e encostas, tendendo a avançar sobre os campos. Ainda deve ser mencionado um fator
de natureza antrópica que interfere nesta dinâmica, pois o homem, ao intervir tanto nos
campos como nas florestas, retarda ou até mesmo bloqueia as tendências sucessionais da
vegetação (BDT;MMA, 2013)
Conforme Longhi et al (1999), a vegetação do Rio Grande do Sul encontrase atualmente profundamente alterada. A devastação de grande parte das florestas foi
causada por uma exploração intensiva de espécies madeiráveis, a qual, aliada à derrubada
da floresta e com o posterior avanço da fronteira agrícola, reduziu os maciços florestais
a florestas fragmentadas, comprometendo a manutenção da diversidade biológica e a
conservação destes locais.
Farina (2006) considera esta uma paisagem que sofreu, a longo prazo, alterações
provocadas por humanos, criando um conjunto particular de padrões, espécies e processos.
Portanto trata-se de uma paisagem resultante de interação milenar entre as forças da
natureza e a humanidade.
Esta vegetação lenhosa (arbórea-arbustiva-subarbustiva) parece indiscriminadamente
distribuída pelos campos, porém suas concentrações estão vinculadas aos microambientes
mais favoráveis. Restringem-se às faixas ciliares e a algumas encostas e chapadões,
habitualmente na encosta sul, em decorrência da maior umidade e, consequentemente,
menor inflamabilidade das formações campestres, o que acentua a expansão florestal
sobre os campos nesta orientação (PILLAR, 2003).
Originalmente. Os campos no Rio Grande do Sul não eram caracterizados por
uma paisagem completamente desprovida de elementos arbóreos e/ou arbustivos. Esta
característica dos campos sul-rio-grandenses já havia sido descrita por Lindman ao final do
século XIX (LINDMAN, 1974), que visitou inúmeras áreas campestres numa época em que
havia reduzida atividade antrópica. Ele descreveu que seria certamente difícil encontrar
uma só milha quadrada em que não encontrasse na paisagem um grupo de árvores ou
uma parte florestal.
A vegetação do Rio Grande do Sul é composta essencialmente por florestas e
formações campestres, estas entremeadas de florestas ciliares associadas à rede de
drenagem, de capões-de-mato, de árvores isoladas e de arbustos lenhosos (MARCHIORI,
2004).
Na paisagem campestre, surgem as florestas de galeria, por vezes ditas ciliares,
ripárias ou ripícolas, que são formações silváticas associadas a margem de rios e outros
cursos d’água. A expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea
vinculada à beira de rios. É um conceito que se confunde com o amplo sentido de matas
de beiradeiras ou matas de beira-rio. Fitoecologicamente, trata-se da vegetação florestal
às margens de cursos d’água, independentemente de sua área ou região de ocorrência e
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
184
de sua composição florística. Como “pontas de lanças” no avanço das florestas sobre os
campos, as matas ciliares limitam-se a um estreito cordão ou compõem faixas de largura
variável, seguindo as características do relevo, compreendendo ao longo de um transecto
uma ou mais comunidades que se distinguem pela composição florística associada aos
respectivos habitats (AB’SABER, 2000).
Sendo a região da Serra do sudeste, no extremo sul do estado, entremeada de
vegetação arbórea e vegetação herbácea em grandes extensões, surgem formações únicas
nessas paisagens. De origem indígena, a palavra “capão” aplica-se, regionalmente, às
ilhas de vegetação silvática dispersas em áreas campestres. Mesmo quando de pequenas
extensões, os capões constituem verdadeiras matas, não diferindo substancialmente, por
sua estrutura e composição florística, das grandes unidades florestais do estado. Localizados
geralmente na encosta de coxilhas, junto a fontes d’água e outros locais favorecidos por
permanente umidade, os capões funcionam como núcleos avançados na expansão das
matas sobre os campos. Os capões também aliam espécies típicas da Floresta Estacional
a elementos chaquenhos, como o espinheiro (Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.)
T. D. Penn.), a sombra-de-touro (Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek), a aroeirabranca (Lithraea molleoides Engl.), o molho (Schinus polygamus (Cav.) Cabrera), a aroeiracinzenta (Schinus lentiscifolius Marchand), a aroeira-folha-de-salso (Schinus molle L.). Em
qualquer capão-de-mato, é na parte central que se encontram as árvores de maior porte e
a estrutura vertical típica de uma floresta. O acesso do gado acarreta, normalmente, danos
à estrutura da vegetação, pelo pisoteio e predação da regeneração (MARCHIORI, 2004).
A classificação e denominação das áreas campestres do Rio Grande do Sul têm
variado muito ao longo do tempo, refletindo opiniões de diversos autores, objetivos de
diferentes abordagens e, naturalmente, graus de detalhamento relacionados a diferentes
escalas de trabalho (WAECHTER et al., 2003). Dentre as classificações propostas para os
campos do Rio Grande do Sul destacam-se: Araujo (1941, 1942), Rambo (1994), Alonso
(1977), Mohrdieck (1980), Veloso et al. (1991), IBGE (1992) e Leite (1995). Segundo
Waechter et al. (2003), a maioria dos sistemas bio ou fitogeográficos reconhece um limite
ou transição brusca em torno do paralelo 30°S, de modo que duas áreas campestres se
destacam no Rio Grande do Sul, uma localizada no planalto sul-brasileiro e outra localizada
na metade sul do Estado, a qual tem continuidade com o Uruguai e parte da Argentina.
Na porção norte, setentrional ao paralelo 30°S, os campos constituem espaços menores,
associados a florestas com araucária e matas nebulares do planalto sul-brasileiro. Na porção
meridional ao paralelo 30°S, os campos ocupam áreas mais amplas, sendo cortados por
florestas de galeria e eventualmente, associados a savanas de palmeiras e leguminosas
(CABRERA e WILLINK, 1980).
Conforme Burkart (1975), os campos da metade norte do Rio Grande do Sul estão
no domínio dos campos tropicais e subtropicais os quais são dominados por espécies
megatérmicas de gramíneas, ao passo que os campos da metade sul se encontram no
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
185
domínio dos campos temperados, dominados por grupos de gramíneas mesotérmicas.
Este grupo de gramíneas é composto por uma mistura de espécies megatérmicas e
microtérmicas, sendo que as primeiras florescem no verão e outono e as últimas florescem
na primavera e dispersam as sementes no começo do verão
Segundo Marchiori (2004), a classificação dos campos do Rio Grande do Sul
está longe de um consenso, já que esta é uma polêmica terminológica relacionada a um
tema fundamental na ciência fitogeográfica: a questão da homologia entre vegetações,
mencionando que o uso dos termos Estepe Savana e Savana-Estépica é inadequado para
as formações abertas do Rio Grande do Sul. A inexistência de homologia vegetacional entre
os campos do Estado e a vegetação típica da Patagônia Argentina, ambos identificados
como Estepe, torna insustentável o uso do termo Estepe para classificar os campos do
Estado. A ausência de período seco pronunciado é o principal motivo que inviabiliza o
uso do termo Savana para o Estado. Isto, por consequência, inviabiliza o termo SavanaEstépica, termos que separadamente identificam vegetações muito distintas. Desta forma,
este autor sugere, na ausência de sólido embasamento, o uso da denominação tradicional
de “Campos”.
A expressão Campos Sulinos parece ser a mais adequada para designar as
formações campestres, já que resgata uma nomenclatura regional tradicional – Campos
– e, ao mesmo tempo, circunscreve-os ao Sul do Brasil, diferenciando-os das demais
formações campestres brasileiras (VÉLEZ et al., 2009). Essa fisionomia resulta do
predomínio de espécies herbáceas, principalmente gramíneas, e da presença pouco
expressiva de árvores ou arbustos. Embora constituam uma unidade do ponto de vista
ecológico, os Campos Sulinos apresentam uma compartimentação norte-sul do ponto de
vista da configuração espacial e em termos florísticos, correspondente às porções situadas
no bioma Mata Atlântica e no Bioma Pampa.
Da paisagem até aqui caracterizada não se exclui a presença humana, mas, sim,
a presença europeia, constituindo uma paisagem natural pré-colonial. Desta forma, a
primeira transformação humana desta paisagem natural foi provocada por populações
de ameríndios como produto do uso da paisagem, como sugere Pillar (2003). A caça, o
fogo e a agricultura de subsistência foram os principais elementos transformadores desta
paisagem pelas populações ameríndias. Entretanto, a utilização dos campos por estas
populações foi marcadamente alterada a partir da colonização europeia, está notadamente
mais agressiva quanto aos impactos de modificação da paisagem.
A paisagem aberta é herança do clima e do ser humano, que maneja estes campos
há 12.000 anos. O clima atual é florestal (BURIOL et al., 2007), ou seja, se não houvesse
manejo humano, uma grande proporção do Pampa seria coberta por florestas. A dominância
da vegetação campestre é mantida por um processo de manejo que implica em um sistema
de perturbações que provoca regressão no processo de sucessão que, se não houvesse
manejo, levaria a uma substituição do bioma Pampa pelo bioma Mata Atlântica, com ritmos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
186
diferenciados, dada a heterogeneidade de solos que ocorre na região.
Isto posto o objetivo deste trabalho foi de verificar a composição florística em
quatro áreas de formações características do Bioma Pampa, localizadas no município de
Santa Margarida do Sul-RS, quanto a vegetação arbóreo-arbustiva aplicando o método de
caminhamento.
METODOLOGIA
Área de estudo
O município de Santa Margarida do Sul/RS situa-se na região sudoeste do Estado,
entre as áreas geomorfológicas do Escudo Sul-riograndense e a Depressão Central do
Estado. Caracteriza-se por abranger áreas de várzea apresentar altitudes de até 120 m. De
acordo com Moreno (1961), o clima é subtropical “Cfa” e apresenta as temperaturas médias
do mês mais quente superior a 22°C, e a do mais frio superior a 3°C. As precipitações
variam de 1.300 a 1.600mm anuais. A vegetação no município caracteriza-se por apresentar
uma cobertura herbácea contínua podendo aparecer subarbustos isolados entremeados.
As gramíneas e as ciperáceas predominam na composição florística dos campos, embora
os capões, as matas e as capoeiras emolduram a paisagem campestre (VIEIRA, 1984).
Seleção das áreas
A seleção de áreas com características representativas do Bioma Pampa quanto a
vegetação arbóreo-arbustiva iniciou-se com entrevistas informais com proprietários rurais
que dispunham de experiência e conhecimento de áreas dotadas de florestas nativas na
região, assim como análise de imagens do município.
O resultado desta seleção foram 4 áreas com as seguintes características:
•
Área 1 – trecho de mata ciliar de um afluente do Arroio Salso, conforme a figura
1.
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Capítulo 18
187
Figura 1 - Localização da área 1 – 30º19’29,9’’ S 54º06’46,1’’O, Santa Margarida do Sul, RS.
Fonte: GOOGLEMAPS (2012).
•
Área 2 - caracteriza-se como uma mata fragmentada, localizada em uma posição mais elevada, com formação conhecida como “capão de mato” (Figura 2).
Figura 2 - Localização da área 2 – 30º19’01’’ S 54º06’14,1’’ O, Santa Margarida do Sul-RS.
Fonte: GOOGLEMAPS (2022).
•
Área 3 - encontra-se na localidade de “corredor do Anibal” e possui habitat diferenciado das populações anteriores por tratar-se de uma mata de encosta com
topografia com desníveis acentuados (Figura 3).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
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188
Figura 3 - Localização da área 3 - 30º20’53,22’’ S 54º09’49,09’’ O, Santa Margarida do Sul, RS.
Fonte: GOOGLEMAPS (2022).
•
Área 4 – trecho de mata ciliar do Arroio das Canas, escolhida por conter um
grande número de árvores de grande porte que ainda não haviam sido encontradas nas populações anteriores. Apresenta maior área de mata ao longo do
rio em comparação com a área da população 1 que também é uma formação
de mata ciliar (Figura 4).
Figura 4 - Localização da área 4 – S 30º21’54,65’’ O 54º12’29,91’’, Santa Margarida do Sul, RS.
Fonte: GOOGLEMAPS (2022).
Com exceção da área 2, todas as demais apresentaram no seu entorno forte
presença de cultivos agrícolas ou criação de gado que, teoricamente, evitam que a floresta
expanda sua área.
A obtenção da superfície total de cada área foi a partir de análises feitas com o
programa ZWCad. Desta forma a área 1 e 2 apresentaram medidas de 5,6 e 4,7 hectares
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
189
assim como a 3 e 4 possuem 8,2 e 6,7 hectares, respectivamente.
Inventário
O método de inventário usado foi o Caminhamento, que é um método expedito e
ocorre em três etapas distintas: reconhecimento dos tipos de vegetação na área amostrada
que consiste em traçar uma linha imaginária ao longo da área a ser amostrada, no sentido
de sua maior extensão, e caminhar lentamente por ela, coletando indivíduos em estágio
reprodutivo das espécies encontradas ao longo do trajeto, elaboração da lista das espécies
encontradas e análise dos resultados (FILGUEIRAS et al., 1994).
De acordo com o Método do Caminhamento, foram estabelecidas linhas imaginárias
ao longo de cada fitofisionomia, nas quais um único observador percorreu lentamente o
trajeto, anotando o nome científico de todas as espécies encontradas, até que não se
registrasse mais espécies novas. Quando necessário, foram coletadas amostras destas
plantas para confirmação da identificação taxonômica em laboratório e testemunho.
Para cada espécie registrada foi realizada uma estimativa do número de indivíduos
presentes em cada população e a sua ocorrência nas outras populações presentes na área
inventariada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O inventário florístico das espécies arbóreo-arbustivas das fitofisionomias do Bioma
Pampa estudadas em 4 áreas do município de Santa Margarida do Sul-RS resultou na
identificação de 79 exemplares distribuídos em 30 espécies nativas, 25 gêneros e 17
famílias botânicas, conforme Tabela 1.
Família
Nome botânico
Nome comum
Nº
exemplares
Área
Anacardiaceae
Lithraea molleoides Vell.
Aroeira-brava
3
1
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera
Assobiadeira
4
1
Cabanaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
Taleira
1
1
Euphorbiaceae
Sapium homoematospermum Mull.Arg.
Curupí
6
1
Sebastiania comersonniana. (Baill.) L.B.
Sm. & Downs
Branquilho
1
1
Vachellia caven (Molina) Seigler &
Ebinger
Espinilho
4
1
Enterolobium contortisiliquum (Vell.)
Morong
Timbaúva
4
1
Fabaceae
Lauraceae
Ocotea acutifolia (Ness) Mez
Canela branca
1
1
Malvaceae
Matayba elaeagnoides Aubl.
Camboatá
branco
4
1
Myrtaceae
Eugenia uniflora L.
Pitangueira
1
1
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190
Sapindaceae
Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess.
& A. Juss.) Radlk.
Chal-Chal
2
1
Sapotaceae
Chrysophyllum marginatum (H.A) Radk
Aguaí
1
1
Lithraea molleoides Vell.
Aroeira-brava
2
2
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera
Assobiadeira
1
2
Cabanaceae
Celtis brasiliensis (Gardner) Planch.
Esporão de
galo
1
2
Fabaceae
Paraptadenia rigida (Benth.)
Angico
vermelho
1
2
Enterolobium contortisiliquum (Vell.)
Morong
Timbaúva
2
2
Malvaceae
Matayba elaeagnoides Aubl.
Camboatábranco
1
2
Moraceae
Ficus cestrifolia Schott
Figueira
1
2
Myrtaceae
Eugenia uniflora L.
Pitangueira
1
2
Sapindaceae
Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess.
& A. Juss.) Radlk.
Chal-Chal
1
2
Lithraea molleoides Vell.
Aroeira-brava
1
3
Anacardiaceae
Anacardiaceae
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera
Assobiadeira
1
3
Schinus lentiscifolius Marchand
Aroeira
1
3
Arecaceae
Syagrus romanzoffiana (Cham.)
Glassman
Gerivá
1
3
Asteraceae
Gochnatia polymorpha (Less) Cabr.
Cambará
2
3
Cabanaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
Taleira
1
3
Euphorbiaceae
Sapium glandulatum (Vell.) Pax
Pau-leiteiro
1
3
Sebastiania brasiliensis Spren
Branquilho
leiteiro
1
3
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris Swartz.
Chá-de-bugre
1
3
Lauraceae
Ocotea pulchella Nees et Mart ex. Ness
Canela-dobrejo
2
3
Malvaceae
Matayba elaeagnoides Aubl.
Camboatábranco
1
3
Myrtaceae
Eugenia uniflora L.
Pitangueira
1
3
Sapotaceae
Chrysophyllum marginatum (H.A) Radk.
Aguai
1
3
Solanaceae
Solanum mauritianum Scop.
Fumo-bravo
1
3
Symplocaceae
Symplocos uniflora (Pohl) Benth
Sete sangrias
2
3
Verbenaceae
Citharexylum montevidense (Spreng.)
Moldenke
Tarumã-deespinho
1
3
Anacardiaceae
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera
Assobiadeira
1
4
Lithraea molleoides Vell.
Aroeira brava
1
4
Syagrus romanzoffiana (Cham.)
Glassman
Gerivá
2
4
Butia capitata M. Becc
Butiá
1
4
Arecaceae
Asteraceae
Gochnatia polymorpha (Less) Cabr.
Cambará
1
4
Cabanaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
Taleira
1
4
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Euphorbiaceae
Sebastiania comersonniana. (Baill.) L.B.
Sm. & Downs
Branquilho
1
4
Fabaceae
Erythrina crista-galli L.
Corticeira-dobanhado
1
4
Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze
Maricá
1
4
Lauraceae
Ocotea pulchella Nees et Mart ex. Ness
Canela-dobrejo
1
4
Malvaceae
Luehea divaricata Mart. & Zucc.
Açoita-cavalo
2
4
Myrtaceae
Eugenia uniflora L.
Pitangueira
1
4
Primulaceae
Myrsine coriacea (Sw.)
Capororóca
2
4
Sapotaceae
Chrysophyllum marginatum (H.A) Radk.
Aguai
1
4
Tabela 1 - Espécies inventariadas do componente arbóreo de um fragmento florestal de mata ciliar ao
longo do “Arroio Salso” (área 1), num “capão de mato” (área 2), de mata de encosta (área 3), de mata
ciliar ao longo do “Arroio das Canas” (área 4) no município de Santa Margarida do Sul, RS, Brasil, com
suas respectivas famílias, nomes botânicos e comuns.
A família mais numerosa é a Anacardiaceae com 15 exemplares seguindo numerosas
as famílias Fabaceae (13) e Euphorbiaceae (10) e Malvaceae (8) constituindo em 58,22%
do total de exemplares inventariados. A família que apresentou a maior quantidade de
gêneros foi a Fabaceae (5), seguida da Euphorbiaceae (4), Anacardiaceae (3), Arecaceae
(2), Cabanaceae (2), Lauraceae e (2), Malvaceae (2) sendo que as demais 10 famílias
apresentaram apenas 1 gênero.
No Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul (UFSM, 2012) a família
Myrtaceae foi a mais representativa (14 espécies) para a Bacia do rio Vacacaí-Vacacaí
Mirim, onde estão as áreas estudadas, sendo que a Rutaceae, Euphorbiaceae e Mysinaceae
também se destacaram.
Gracioli (2010) em um estudo de fragmento de mata ciliar na cidade de Pinheiro
Machado-RS constatou a família Anacardiaceae como mais representativa da área do
fragmento quanto ao número de espécies, com três, seguida por Myrtaceae e Lauraceae,
com duas espécies cada. A família com maior número de indivíduos foi Anacardiaceae, com
210 árvores (37%); seguida por Rhamnaceae, com 105 indivíduos (18,5%), e Myrtaceae
com 72 (12,7%).
Araujo (2010) encontrou, no município de Santana do Livramento, as famílias
Myrtaceae e Anacardiaceae como as mais representativas da mata ciliar. Estudando
um fragmento de floresta ribeirinha situado na margem esquerda do baixo rio Camaquã,
município de Cristal - RS, De Marchi e Jarenkow (2008) encontraram as famílias
Myrtaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Salicaceae e Sapindaceae representando a maior
riqueza da área. Piaggio e Delfino (2009), estudando as matas ciliares do arroio Corrales
no Departamento de Rivera, Uruguai, verificaram que as famílias mais importantes desse
local eram: Myrtaceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Anacardiaceae e Rubiaceae, sendo que
essas cinco famílias representaram 60% das espécies observadas na área.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
192
Em um estudo da florística e padrões estruturais de fragmento florestal urbano em
Porto Alegre, desenvolvido por Troian et al (2011), nove famílias detiveram 54,7% das
espécies registradas e foram: Fabaceae (nove espécies), Myrtaceae (oito), Lauraceae
(oito), Euphorbiaceae (sete), Rubiaceae (seis), além de Meliaceae, Moraceae, Salicaceae
e Solanaceae, cada qual com cinco espécies.
Dos 79 exemplares de flora nativa presentes nas 4 áreas inventariadas foram
observadas 5 perfazendo 40,05% do total, sendo estas Lithraea molleoides (7), Schinus
polygamus (7), Enterolobium contortisiliquum (6), Sapium homoematospermum (6) e
Matayba elaeagnoides (6).
Através do Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul (UFSM, 2012),
observou-se que das 20 espécies que representam 80,19% da densidade relativa da bacia
do rio Vacacaí-Vacacaí Mirim, 10 foram identificadas no inventário expedito realizado nas
4 áreas.
A área 1 apresentou uma maior concentração de espécies vegetais nas famílias
Anacardiaceae, Euphorbiaceae e Fabaceae, com duas espécies árvores cada. Observouse também, através da Tabela 1, a ocorrência de espécies características da região da orla
de mata ciliar como Vachellia caven, conforme cita Marchiori (2004).
O mesmo autor comenta que na Campanha do Sudoeste os capões-de-mato aliam
espécies típicas da Floresta Estacional a elementos chaquenhos, como o espinheiro
(Sideroxylon obtusifolium), a sombra-de-touro (Jodina rhombifolia), a aroeira-branca
(Lithraea molleoides), o molho (Schinus polygamus), a aroeira-cinzenta (Schinus molle) e
a falsa-corunilha (Schaefferia argentinensis). Inventários florísticos registraram também a
presença de espécies como camboatá-branco (Matayba elaegnoides) entre outras.
O “capão de mato” caracterizado como área 2 não apenas apresentou menor
dimensão em relação as demais áreas como também menor número de exemplares
inventariados (9 espécies) que constituem, a priori, a mesma. Destacam-se pela maior
quantidade de espécies as famílias Anacardiaceae e Fabacea, com duas cada.
Fragmentos isolados em suas bordas por campos, capoeiras e cultivos agrícolas
são comuns em grande parte dos nossos ecossistemas florestais. A proximidade destes
fragmentos a trechos de floresta mais desenvolvidos facilita o fluxo de diásporos (pólen,
sementes) de fora para dentro dos mesmos, podendo aumentar a movimentação de animais
dispersores e/ou predadores de sementes (KAGEYAMA, 1987; SCHIMIDT et al., 1993).
A área 3, que se caracterizou por ser uma “mata de encosta” e possuir maior área
entre as estudadas, apresentou a maior quantidade de indivíduos (16). Observou-se
também que nesta ocorreu a maior quantidade de componentes da família anacardiaceae
(3 espécies), devido a sua condição de um relicto de vegetação cercado e pressionado por
cultivo agrícola e pelos desníveis da topografia. Esta exposição gera a concentração de
espécies pioneiras como as aroeiras, principalmente nas bordaduras da “mata”. A família
euphorbiaceae também se destacou com 2 indivíduos.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
193
Na área 4 observou-se, através da Tabela 1, as formações específicas de matas
ciliares de ocorrência nos rios da região como constituinte da área mais úmidas estão
as espécies como Syagrus romanzoffiana, Butia capitata, Sebastiania comersonniana,
Erythrina crista-galli e as demais são formadoras das áreas mais secas e de barrancos.
São frequentes na floresta aluvial das bacias do Estado do Rio Grande do Sul,
o jerivá (Syagrus romanzoffiana), corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli), salseiro
(Salix humboldtiana), branquilho (Sebastiana commensoniana), pau-leiteiro (Sapium
haemathospermum) e ingá (Inga uruguaiensis). Além dessas, ocorrem na área várias
espécies arbóreas de interesse econômico, entre elas açoita-cavalo (Luehea divaricata) e
angico (Parapiptadenia rigida), espécie localmente mais abundante (GUADAGNIN, 1999).
No alto dos barrancos, segundo Marchiori (2004), predominam os ingazeiros
(Inga vera e I. semialata), branquilho (Sebastiana commersoniana), branquilho-leiteiro
(Sebastiania brasiliensis) e o taquaruçu (Bambusa trinii).
A maioria das espécies vegetais, 61,3%, ocorrem apenas em 1 área e 19,3% em
duas, demonstrando com isso uma dispersão muito baixa destas espécies. Observou-se
apenas 9,7% ocorrendo nas 4 áreas e que se traduz em apenas 3 espécies, sendo duas
pioneiras.
As espécies frequentes em todas as áreas foram Lithraea molleoides, Schinus
polygamus e Eugenia uniflora. A ocorrência principalmente de espécies da família
anacardiaceae deve-se aos fragmentos não apresentarem uma grande dimensão e possuir
contato direto com a pressão do campo no entorno o que favorece a ocorrência de espécies
pioneiras.
A redução no número de indivíduos, o declínio nos tamanhos populacionais médios
e a separação de remanescentes florestais por áreas não florestadas afetam processos
genéticos fundamentais ocorrentes nas populações, como a deriva genética, o fluxo gênico
e a reprodução. Os três efeitos genéticos mais óbvios da fragmentação florestal são a
perda de diversidade genética tanto ao nível populacional quanto de espécie, o aumento da
estrutura interpopulacional e o aumento da endogamia (YOUNG e BOYLE, 2000).
Leite e Klein (1990) comentam que dentre as espécies mais comuns na composição
destes agrupamentos lenhosos encontram-se pau-ferro (Astronium balansae), aroeirado-fruto-chato (Lithraea molleoides), aroeira-cinzenta (Schinus lentiscifolius), canela-deveado (Helietta apiculata), taleira (Celtis tala) e espinilho (Vachellia caven), além de outras,
diversas delas originárias da Estepe Chaquenha.
O caso específico da campanha do sudoeste alia espécies típicas da Floresta
estacional a elementos chaquenhos (MARCHIORI, 2004), sendo frequentes espécies de
anacardiáceas (Lithraea molleoides, Schinus molle, S. teribinthifolius, S. wedermannii),
leguminosas (Enterolobium contorstisiliquum, Parapiptadenia rigida), boragináceas (Cordia
trichotoma, Cordia americana), anacardiácea (Astronium balansae), malvácea (Luehea
divaricata) e bignoniácea (Handroanthus heptaphyllus).
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Capítulo 18
194
CONCLUSÕES
A aplicação do método expedito de caminhamento demonstrou a sua facilidade de
aplicação e os resultados corroboraram a sua eficácia, pois as espécies inventariadas nas
formações características do Bioma Pampa apresentaram-se conforme as informações
bibliográficas sendo que pouca discussão pode ser estabelecida devido a escassez de
inventários florísticos nesta região do referido Bioma.
Comprova-se para o Bioma Pampa a potencialidade deste método principalmente
para obtenção de dados quantitativos parciais devido as características fitofisionômicas
das formações florestais do referido Bioma.
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VIEIRA, E.F. Rio Grande do Sul: geografia física e vegetação. Porto Alegre: Sagra, 1984. 184p.
WAECHTER, J.L.; LONGHI-WAGNER, H.M.; MIOTTO, S.T.S. Relações florísticas nos campos sulbrasileiros. Resumos expandidos. In: Congresso Nacional de Botânica, Belém, p.130-133, 2003.
YOUNG, A.G; BOYLE, T.J. Forest fragmentation. In: Young, AG, Boshier, D; Boyle, TJ. Forest
conservation genetics: principles and practice. Melbourne: CSIRO Publishing, 2000.p. 123-134.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 18
197
CAPÍTULO 19
CUSTO PARA PLANTIO DE CUMARU (Dipteryx
sp.) NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA
EXPERIMENTAL DE INTEGRAÇÃO LAVOURAPECUÁRIA-FLORESTA EM SANTARÉM, PARÁ
Cláudia da Costa Cardoso Matos
Data de aceite: 05/07/2022
Daniela Pauletto
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/0963317170667125
Sylmara de Melo Luz
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/6621687218325041
Igor Feijão Cardoso
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/5742561062482301
Maira Nascimento Batistello
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/6514566553420394
Leticia Figueiredo
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/7115043060606799
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/9821052522937058
Kelliany Moraes de Sousa
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/9426605903436399
Adrielle Fernandes da Silva
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/9793844459744582
Patrícia Guimarães Pereira
Instituto de Biodiversidade e Florestas,
Universidade Federal do Oeste do Pará IBEF/UFOPA
Santarém – Pará
http://lattes.cnpq.br/8378384742669867
Anderson da Costa Gama
Amazônia Rural Ltda
Santarém – Pará
Produtor rural e empresário
RESUMO: No cenário de crescimento dos
sistemas Integração Lavoura Pecuária Floresta
(ILPF), os quais se apresentam como uma
alternativa ao uso convencional do solo e a busca
de uma produção sustentável no Brasil, a espécie
Capítulo 19
198
florestal cumaru se destaca por seu potencial mercadológico e ambiental. Assim, o estudo
objetiva difundir o custo para plantio de cumaru (Dipteryx sp.) a partir da implantação de
sistema experimental ILPF, em uma fazenda localizada no município de Santarém-Pará, com
vista a contribuir para a implementação de outros projetos na região. Ressalta-se que este
trabalho apresenta os resultados obtidos na parceria entre o produtor rural e a universidade.
Em uma área de 1,04 hectares, realizou-se o plantio de 252 árvores de cumaru, distribuídas
em 3 renques, com dois espaçamentos (6x8 m e 6x4 m). O espaçamento entre renques foi
de 20 metros, visando posterior utilização com cultivos agrícolas ou pasto. O custo total para
o plantio do componente florestal e a delimitação do experimento foi de R$ 4.979,00, no qual
foram incluídos os custos variáveis com pessoal, material, insumos e preparo da área. No
entanto, os custos fixos e as despesas arcadas pela Universidade não foram computados.
Constatou-se que, apesar das vantagens para as partes envolvidas, a eficiência da atividade
depende não apenas do compartilhamento de insumos e do conhecimento, como também
de uma boa sincronização das ações em campo. Já para a execução do plantio, reconhecese a imprescindibilidade do envolvimento da equipe técnica em todas as fases do processo,
para alcançar os objetivos. Destarte, a parceria entre universidade e produtor rural tende a
possibilitar a difusão de tecnologia, pois, conforme apontado, os pequenos produtores rurais
não teriam acesso às técnicas de implantação de um sistema integrado ILPF, por falta de
condições técnicas e econômicas.
PALAVRAS-CHAVE: Plantio florestal; silvicultura tropical; reflorestamento; componente
arbóreo, empreendimento rural.
COST FOR PLANTING CUMARU (Dipteryx sp.) IN THE IMPLEMENTATION OF
AN EXPERIMENTAL SYSTEM OF INTEGRATED CROP-LIVESTOCK-FOREST IN
SANTARÉM, PARÁ
ABSTRACT: In the scenario of growth of the Integration Lavoura Pecuária Floresta (ILPF)
systems, which present themselves as an alternative to conventional land use and the search
for sustainable production in Brazil, the cumaru forest species stands out for its marketing
and environmental potential. Thus, the study aims to disseminate the cost for planting cumaru
(Dipteryx sp.) from the implementation of an ILPF experimental system, on a farm located in
the municipality of Santarém-Pará, to contribute to the implementation of other projects in the
region. It is noteworthy that this work presents the results obtained in the partnership between
the rural producer and the university. In an area of 1.04 hectares, 252 cumaru trees were
planted, distributed in 3 rows, with two spacings (6x8 m and 6x4 m). The spacing between rows
was 20 meters, aiming for later use with crops or pasture. The total cost for the planting of the
forestry component and the delimitation of the experiment was R$ 4,979.00, which included
variable costs with personnel, material, inputs, and preparation of the area. However, the fixed
costs and expenses borne by the University were not computed. It was found that, despite
the advantages for the parties involved, the efficiency of the activity depends not only on the
sharing of inputs and knowledge but also on a good synchronization of actions in the field. As
for the execution of the planting, the indispensability of the involvement of the technical team
in all stages of the process is recognized, to achieve the objectives. Thus, the partnership
between universities and rural producers tends to allow the diffusion of technology, because,
as pointed out, small rural producers would not have access to the techniques of implantation
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
199
of an integrated ILPF system, due to a lack of technical and economic conditions.
KEYWORDS: Forest planting; tropical forestry; reforestation; tree component, rural enterprise.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil tem enfrentado sérios problemas relacionados a disponibilidades de
recursos naturais, em decorrência de atividades que degradam o meio ambiente, a exemplo
das oriundas da agricultura convencional. Como reflexo, observa-se que a drástica redução
de áreas agricultáveis, a baixa produtividade pelo uso inadequado do solo, os custos de
produção e a maior competitividade no mercado relacionado ao setor agropecuário se
tornaram um dos principais motivos para o desenvolvimento de técnicas, que alinhassem a
alta produtividade a conservação ambiental (MACHADO et al., 2017; LIMA; GAMA, 2018;
MARIANI; HENKES, 2014).
Nesse sentido, por uma proposta de inovação à luz da sustentabilidade, surgem os
sistemas de integração. O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), modelo
de produção alternativo que associa cultivo agrícola, florestal e produção animal, possibilita
a melhoria na utilização dos nutrientes presentes na planta e no solo, reduz os custos de
produção da atividade agrícola e pecuária, diminui a necessidade de aberturas de novas
áreas agrícolas e possibilita a recuperação de áreas pastagens degradadas (BALBINO
et al., 2012; LIMA; GAMA, 2018). Herrmann (2013) afirma que este sistema de produção
possibilita o uso racional e manejo dos recursos naturais, razão pela qual é considerado o
futuro da agricultura.
Em razão disso, esse sistema está em crescimento no país, alcançando uma área
de 17,4 milhões de hectares na safra 2020/2021 (REDE ILPF, 2022). Contudo, Balbino et
al. (2012) destacam que ainda existe um desconhecimento por parte dos produtores rurais,
principalmente a respeito dos custos, produtividade e rentabilidade. No Estado do Pará,
por exemplo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) identificou que
as barreiras à adoção do ILPF se justificam pela dificuldade de o produtor ter acesso ao
crédito e ao mercado.
Em uma análise econômica da implantação do sistema ILPF, o trabalho de Vinholis
et al. (2012) revelou que o custo inicial de implantação das árvores pode implicar na
redução temporária da renda da propriedade. Porém, essa redução será compensada pelo
posterior aumento da receita, em consequência do maior ganho de peso do gado ou pelo
aumento da produção de leite.
Abordando espécies florestais, cujo cultivo se mostre viável no sistema ILPF, o
cumaru, bastante comum na região Norte, se destaca por tem potencial mercadológico,
não apresentar danos na estrutura do solo e proporcionar benefícios técnicos, econômicos
e ambientais (BENEVIDES JÚNIOR et al., 2020; SILVA et al., 2015; MARTÍNEZ et al.,
2021). Por sua precocidade na produção de sementes, associada ao valor de mercado
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
200
e a possibilidade de consórcio com outras espécies, apresenta-se como uma alternativa
viável economicamente (MOTA et al., 2022), além de ser uma espécie com elevado
desenvolvimento de parâmetros de copa (BALONEQUE et al., 2022), fator determinante
na produção de sementes.
Diante disso, este estudo objetiva difundir o custo para plantio de cumaru na
implantação de sistema experimental ILPF na comunidade São Francisco da Água Azul, no
município de Santarém-PA. Consequentemente, visa-se contribuir na tomada de decisão
do produtor, principalmente na elucidação da viabilidade para a implementação de outros
projetos na região.
2 | METODOLOGIA
•
Caracterização da área de implantação do experimento
O estudo foi realizado no município de Santarém-PA. O sistema experimental ILPF
foi implantado na Fazenda São Gabriel, localizada a 83 km do município de Santarém nas
coordenadas 2° 46’ 13” S e 54° 13’ 14” (Figura 1).
Figura 1: Localização do sistema experimental ILPF na Fazenda São Gabriel, Santarém, Pará.
O clima é tido como tropical úmido ou subúmido com alto índice pluviométrico e
breves períodos secos (EMBRAPA, 2022). A região apresenta clima do tipo Am, conforme
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
201
a classificação climática de Köppen, com precipitação anual de 1.900 a 2.200 mm e
temperatura média de 27,5 °C (ALVAREZ et al., 2013). O solo predominante na área é do
tipo Latossolo Amarelo, segundo mapa de classificação de solos da Embrapa, apresentando
relevo suave ondulado e classe textural franco-argilo-arenosa.
A implantação do experimento é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica - ACT,
firmado entre a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) com a Empresa Amazônia
Rural Ltda (DOU, seção 3, de 03/05/2021). A área experimental apresenta um histórico de
uso da terra, tendo como primeiros registros a remoção da vegetação nativa em meados
de 2010-2011, onde serviu, até o ano de 2017, para uso exclusivo com pecuária. De
2018 a 2020, a área ficou disponível para regeneração natural, tornando-se vegetação de
capoeira. Em 2021, foram realizados procedimentos de derrubada e queima da capoeira e,
posteriormente, gradagem do solo para a implantação do projeto oriundo do ACT informado
neste estudo.
Para a implantação do sistema ILPF, foram delimitados 3 renques para o plantio das
mudas do componente florestal (Figura 2), com o auxílio de bússola e de trenas métricas.
Ao todo foram plantadas 252 árvores em uma área total de 1,04 ha, com dois diferentes
espaçamentos (6x8 m e 6x4 m), totalizando 84 plantas por renque e 20 m entre eles (Figura
3), os quais serão destinados ao uso com lavoura ou pasto.
Figura 2: Distribuição de renques em sistema experimental ILPF na Fazenda São Gabriel, Santarém,
Pará.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
202
Figura 3: Croqui de plantio das mudas de Cumaru (Dipteryx sp.) no sistema experimental ILPF em
Santarém, Pará.
Dentre as atividades executadas, foram realizados: esquadrejamento e delimitação
da área e das faixas para plantio (Figura 4), roçagem das faixas, capina manual de raízes
e plantas daninhas, preparo de covas para plantio, adição de insumos, plantio e coleta de
solo para análise química. As capinas e roçagens foram necessárias porque a área estava
em processo de regeneração natural após ter passado por gradagem, há cerca de um ano
antes da atividade, sendo preciso passar por uma limpeza antes do plantio das mudas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
203
Figura 3: Delimitação da área (a) e Piqueteamento nas linhas de plantio (b).
Após o piqueteamento da área, realizou-se a abertura das covas de plantio utilizando
o motocoveador. Durante o processo de plantio, utilizou-se substrato de fabricação regional
composto por elementos orgânicos como cama de frango, terra preta com resíduos de
queima, serragem curtida, carvão triturado e palha de arroz curtida e componentes químicos
como ferticorretivo e cloreto de potássio aplicados diretamente em cada uma das covas de
plantio. A figura 4 ilustra as mudas e o plantio das mesmas em solo.
Figura 4: Mudas utilizadas durante o plantio (a), realização do plantio (b) e muda após o plantio (c).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
204
Para futura análise química do solo e recomendação de adubação e reposição
nutricional, ao final do plantio, foram coletadas 36 amostras simples, sendo 12 para cada
renque. Estas foram homogeneizadas, formando 3 amostras compostas, correspondentes
a cada um dos renques.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ACTs permitem a parceria entre uma instituição pública e quaisquer outras
instituições, sejam públicas ou privadas, possibilitando que o ente público, neste caso,
a universidade, interaja com o meio não acadêmico, de modo a possibilitar vivência e
aprendizado da comunidade acadêmica com a realidade externa à universidade, neste
caso, o produtor rural. Por outro lado, o outro partícipe do acordo, pode, em última análise,
favorecer-se com o serviço técnico de qualidade e com a difusão de conhecimento
prático e teórico que a universidade pode proporcionar. Considerando estas premissas, o
desenvolvimento das atividades do ACT, objeto deste estudo, mostraram um descompasso
entre o preparo de área e a efetivação do plantio. Também foi observada a necessidade
de ajustes quanto ao uso compartilhado de equipamentos agrícolas, aquisição de insumos
e armazenamento de mudas. Todos esses fatores se apresentam como desafios no
desenvolvimento de atividades conjuntas e podem indicar aumento de custos e de dispêndio
de trabalho de ambos envolvidos. Ainda assim, ressalta-se que o trabalho conjunto pode
configurar como uma oportunidade para servidores e estudantes vivenciarem as dificuldades
de execução de projeto em áreas externas aos domínios da Universidade.
A atividade de implantação do projeto teve duração de 3 dias em campo. Este período
foi distribuído com cerca de 7 horas para deslocamento e retorno da cidade de Santarém até
a Fazenda São Gabriel. Para demarcação da área foi utilizado aproximadamente 4 horas.
Já para limpeza das linhas de plantio (capina e roçagem), piqueteamento e abertura de
covas foi gasto 8 horas. Para plantio e coleta de amostras compostas de solo foi necessário
por volta de 5 horas. Além do uso do tempo mencionado anteriormente ressalta-se que,
para a realização da atividade, foi necessário realizar diversas reuniões de planejamento,
tramitação administrativa para seleção de voluntários e trâmites burocráticos institucionais,
atividade de preparação de materiais para campo e reunião posterior de avaliação. Deste
modo, fica evidenciado que a implantação do sistema experimental envolveu uma ampla
variedade de atividades e empenho de trabalho de profissionais e estudantes, ações
estas que nem sempre são possíveis de mensurar financeiramente ou computar o tempo
despendido.
Salienta-se que os itens de despesa descritos neste trabalho se tratam dos custos
variáveis, pois os custos fixos como impostos, valor da terra, custo anual da terra e
depreciação de máquinas, não entraram no escopo deste estudo. O custo com assistência
técnica, que também estaria incluso em custos fixos, não foi mensurado, pois configurou
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
205
como uma das contribuições da Universidade em função da parceria estabelecida por ACT
com a empresa parceira.
•
Custos variáveis contabilizados
O custo total para desenvolvimento da atividade de plantio de cumaru, em área de
ILPF de 1,04 ha, foi de R$ 4.979,00, considerando as despesas com pessoal, material,
insumo e preparo de área (Tabela 1). A maioria do dispêndio (31,6%) se concentrou na
categoria “Insumo”, seguido por “Pessoal” e “Material” responsáveis por 23,5% e 26,8% das
despesas, respectivamente; restando 18,1% a cargo da atividade mecanizada para preparo
de área. Já estudo com projeção de custos de reflorestamento, na região Oeste do Pará,
indicou valores que variaram de R$ 9.527,00 a R$ 14.292,00 por hectare (ANTONIAZZI et
al., 2016). Esta discrepância provavelmente se deva em função dos custos deste estudo
serem parcialmente computados, em virtude da parceria institucional, e, também, em razão
da implantação de cultivos de ciclo curto ou de forrageira, no sistema integrado, ainda não
terem sido realizados.
Categoria
Pessoal
Material
Insumo
Preparo de
área
Descrição da despesa
Quantidade
Valor
unitário
(R$)
Valor total
(R$)
Despesa
(%)
Ajuda de custo estudantil
5
100,00
500,00
10,0
Diária de serviço
(cozinheira)
3
83,30
250,00
5,0
Diária de serviço (ajudante
de campo)
7
60,00
420,00
8,4
Compra de gêneros
alimentícios
1
-
1.300,00
26,1
Luva pigmentada
10
3,50
35,00
0,7
Mudas florestais (plantio +
perda)
270
2,50
675,00
13,6
Mudas florestais (replantio)
50
2,50
125,00
2,5
Adubo NPK 10-28-20 e
calcário (saca)
1
494,00
494,00
9,9
Substrato regional
15
10,00
150,00
3,0
Gasolina
20
5,00
100,00
2,0
Óleo lubrificante para
motores 2 tempos
1
30,00
30,00
0,6
Limpeza mecanizada de
resíduos (horas)
1,5
200,00
300,00
6,0
Gradagem (horas)
3
200,00
600,00
12,1
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
206
Total de despesas
4.979,00
100%
Tabela 1. Descrição das despesas e valores correspondentes empenhados nas atividades de plantio de
cumaru (Dipteryx sp.) na Fazenda São Gabriel, no município de Santarém, Pará.
O tempo gasto neste projeto com horas de trator (4,5) poderia ter sido reduzido
caso a gradagem tivesse sido realizada em período próximo ao plantio. Recomendações
técnicas, para atividade de implantação de plantios florestais, citam a necessidade de
antecedência na gradagem de 20 dias a 2 meses antes do plantio (HARA et al., 2022;
RAMOS et al., 2006). Caso este procedimento tivesse sido realizado em tempo hábil,
não haveria a necessidade do gasto de 1,5 horas para remoção de resíduos e vegetação
remanescente. Apesar disso, os resultados deste trabalho se assemelham às pesquisas de
Mota (2018) e Mota et al. (2022), realizadas na região Oeste do Pará, cujo preparo de solo
para plantio de um hectare de cumaru e a atividade de limpeza com trator consumiram 2,4
horas, gerando um custo de R$ 480,00.
Outro item importante, na composição de despesas na implantação de projetos
florestais, refere-se à aquisição de mudas, responsável por 16,1% dos custos deste projeto.
Constatou-se uma perda de 18 mudas, equivalente a um gasto de 7% a mais na quantidade
inicial prevista (252). Este descarte ocorreu durante o plantio, em virtude da baixa qualidade
dos exemplares, ou quando os mesmos apresentavam murcha permanente. O preço
das mudas (Tabela 1) está de acordo com o observado por Mota et al. (2022), os quais
obtiveram o valor de R$ 2,27 por unidade.
Observou-se que a escolha das mudas utilizadas não foi realizada de maneira
adequada, pois o substrato se encontrava muito friável e de textura arenosa, com torrão
se desfazendo ao leve toque. Ademais, para parte destes exemplares, a região do colo se
encontrava com aspecto ainda tenro, e o sistema radicular era incipiente. Esse fator pode
ser a causa da taxa de sobrevivência de 80%, observada até os primeiros 30 dias após o
plantio. Silva et al., 2016 observaram uma taxa de sobrevivência de 85,42% em cumaru, 12
meses após o plantio, em um sistema ILPF. Já para a espécie Dipteryx alata, plantada no
cerrado, observou-se taxa de sobrevivência superior a 90%, de 1 a 10 anos após o plantio
(SANO; FONSECA, 2003).
A qualidade de mudas é considerada valorosa em virtude de apresentar impacto nos
custos e na produtividade (SANTAROSA et al., 2021). Essa qualidade está relacionada,
entre outros fatores, às características do substrato. Além das características químicas, as
características físicas do substrato são importantes para proporcionar uma boa textura e
facilitar o desenvolvimento do sistema radicular (DIAS et al., 2006). Estes mesmos autores
asseveram que, para espécies de crescimento rápido, o porte das mudas para plantio no
campo deve ser em torno de 50 cm, assim como devem apresentar rusticidade, ou seja,
apresentar sinais de amadurecimento na região do colo, tais como aparência lenhosa,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
207
textura rígida e diâmetro compatível com o peso da parte aérea da muda.
Do mesmo modo, ressalta-se que um dos fatores, pela perda de mudas e a taxa
de sobrevivência do plantio, pode ter sido a aquisição de mudas em viveiro sem o devido
registro no Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA)1.
Ainda sobre o custo de implantação, outro fator de influência diz respeito à escolha
do espaçamento e arranjo do plantio. Neste estudo, foram adotados dois espaçamentos na
expectativa de fornecer dados futuros sobre o custo benefício de plantios mais adensados
versus plantios mais espaçados. Acerca deste tema, o estudo em cinco povoamentos de
cumaru com menos de 10 anos (SILVA et al., 2020), realizado em municípios do Oeste do
Pará, mostrou que a escolha do espaçamento poderá, a longo prazo, incidir em custos
com desbastes. Além disso, dois espaçamentos (8x6 e 4x8 m), em cultivo consorciado,
apontaram os melhores índices produtivos para a finalidade de produção de sementes. Já
uma avaliação de plantio de 9 anos de cumaru, em Belterra/PA, revelou que, mesmo sem
tratos silviculturais, as árvores apresentaram bom crescimento em diâmetro e altura, como
também fuste reto (LAMEIRA et al., 2022).
O custo inicial constatado neste estudo poderia ser, futuramente, compensado com o
cultivo intercalar de outras espécies, considerando que a expectativa de início de produção
de sementes do cumaru se dá aos quatro anos (CARVALHO, 2009), sendo o cultivo como
componente perene em sistemas consorciados e integrados uma opção para amenizar os
custos iniciais de plantio e tratos silviculturais da espécie.
Estudos em sistemas agroflorestais, na região Oeste do Pará, indicaram que a
comercialização de sementes de cumaru é um complemento financeiro importante na
renda familiar (SILVA et al., 2018), mesmo com sazonalidade fenológica (CAPUCHO et
al., 2021). Também foi evidenciado, em avaliação de viabilidade econômica em sistemas
agroflorestais e homogêneos com cumaru, no município de Novo Progresso, que o arranjo
com cumaru e banana apresentou os melhores índices econômicos (taxa interna de retorno
estimada em 26%), para um horizonte de 8 anos de avaliação (MOTA et al., 2022).
•
Custos variáveis não contabilizados
Os equipamentos, ferramentas e materiais, disponibilizados pela Ufopa, foram
utilizados durante os três dias de atividade e não geraram ônus para a empresa parceira,
sendo oriundos de diferentes setores da instituição ligados ao ensino e à pesquisa nas
Ciências Agrárias. Em relação à acomodação da equipe, a empresa parceira viabilizou
espaço e instalações necessárias. O transporte de insumos, materiais e pessoas foi
compartilhado entre os envolvidos na cooperação.
A tabela 2 detalha os itens que não foram contabilizados financeiramente no
cálculo do custo de implantação deste projeto. Do mesmo modo que o apoio técnico dos
1 Apresenta normativas, a exemplo da Lei 10.711/2003 e do Decreto 10.586/2020, que tratam sobre o Sistema Nacional
de Sementes e Mudas e a instrução normativa 17/2016 (BRASIL, 2022), que tratam da produção e comercialização de
mudas de qualidade.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
208
servidores, prestado pela Universidade, não gerou ônus à empresa parceira, como diárias
ou pagamento de assessoria.
N.
Descrição do item
Quantidade
Fonte
1
Alojamento para equipe (11 pessoas)
1
Empresa parceira
2
Cavadeira articulada manual
4
Ufopa
3
Enxadas
3
Ufopa
4
Gabarito para plantio (barbante e fita adesiva)
2
Ufopa
5
Garrafa térmica
1
Ufopa
6
Kit de primeiros socorros
1
Ufopa
7
Lima chata para afiação
3
Ufopa
8
Lona de polietileno
1
Ufopa
9
Luvas para proteção (par)
10
Empresa parceira
10
Perfurador de solo
2
Ufopa
11
Roçadeira costal
2
Ufopa
12
Terçado/facão
3
Ufopa
13
Trado tipo holândes
1
Ufopa
14
Trenas (50 metros)
3
Ufopa
15
Veículo com tração - transporte de discentes,
servidores e insumos
3
Ufopa
16
Veículo de grande porte - transporte de mudas
1
Empresa parceira
17
Veículo de passeio - transporte de auxiliares
1
Empresa parceira
Tabela 2. Recursos (materiais e logística) disponibilizados via parceria e não contabilizados nos custos
das atividades de plantio de cumaru (Dipteryx sp.) na Fazenda São Gabriel, no município de Santarém,
Pará.
Observa-se que, dos 17 itens listados na Tabela 2, a maioria (13) foi ofertada pela
Universidade; enquanto que a empresa parceira colaborou com os demais (23,5%). Com
isso, ressalta-se a importância da parceria institucional, pois uma expressiva parcela de
produtores rurais de pequeno porte, iniciantes na atividade silvicultural, não dispõem de
equipamentos específicos para plantio e preparo de área. Enfatiza-se ainda o papel crucial
de munir as instituições públicas de estrutura e equipamentos, além de capital humano,
para que possam atuar em projetos de extensão ou pesquisa na região de atuação. A
avaliação dos custos de implantação e, posteriormente, o monitoramento do plantio da
espécie objeto deste estudo, faz-se pertinente pela incipiência de referências sobre o tema
em contraponto ao aumento regional de áreas cultivadas com cumaru.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
209
4 | CONCLUSÕES
Não foi possível estabelecer parâmetro de comparação exato para os custos de
implantação de um sistema ILPF, na fase de implantação do componente florestal, pois as
informações do presente estudo ainda são de fase inicial, não compatíveis com informações
provenientes de outros trabalhos pesquisados, cujas avaliações já se encontravam em
estágios mais avançados, a partir da implantação de seus sistemas.
Embora tenham sido evidenciadas vantagens para as partes envolvidas na atividade,
a economicidade ao produtor rural, partícipe de um ACT, bem como a eficiência da atividade
em si, dependem não apenas do compartilhamento do uso de insumos e conhecimento,
como também de uma boa sincronização das ações em campo.
Para um plantio florestal, constatou-se a importância da necessidade de equipe
técnica envolvida na seleção e monitoramento de aclimatação das mudas, a fim de minimizar
perdas durante e após o plantio; bem como no acompanhamento de preparo de área e na
execução das atividades de plantio, com vistas a melhorar a eficiência do processo.
A parceria entre universidade e produtor rural possibilita a difusão de tecnologia,
pois, como observado neste estudo, pequenos produtores rurais não teriam acesso às
técnicas de implantação de um sistema integrado ILPF, por falta de condições técnicas e
econômicas.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho contou com o auxílio de setores da Universidade Federal do Oeste do
Pará (Ufopa), a citar: Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef), Fazenda Experimental,
Laboratório de Sementes Florestais (LSF) e Coordenação de Transporte, que auxiliaram na
preparação de material e na necessária tramitação de documentos.
Agradecimentos estendidos ao Senhor Rivadavia Calixto Filho, pela disponibilidade
de alojamento e acolhida a equipe do projeto; e aos colegas do Ibef, em especial à
Professora Dra. Alanna Silva e aos técnicos Roberto Sá Maia, Patrícia Guimarães Pereira
e Josiane Dias Almeida, pelo apoio logístico e institucional.
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 19
213
CAPÍTULO 20
FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS
EM ÁREAS MINERADAS E EM FRAGMENTO
FLORESTAL EM CAPITÃO POÇO-PA
Data de aceite: 05/07/2022
Antonio Naldiran Carvalho de Carvalho
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Campus Recife
Recife – Pernambuco
http://lattes.cnpq.br/5642420895367043
Jessyca Tayani Nunes Reis
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/5642420895367043
Carlakerlane da Silva Prestes
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de
Capitão Poço-SEMMA
Capitão Poço-PA
http://lattes.cnpq.br/3099455328483090
Jamilie Brito de Castro
Universidade Federal do Tocantins
Palmas – TO
http://lattes.cnpq.br/2227529234673235
Rayane de Castro Nunes
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/4072866107051421
Luiz Carlos Pantoja Chuva de Abreu
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/7090731400143029
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
João Olegário Pereira de Carvalho
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/0989611785962681
Gerson Diego Pamplona Albuquerque
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto Ciberespecial
Belém - Pará
http://lattes.cnpq.br/6957301529829822
Cassio Rafael Costa dos Santos
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/9409844469349573
Helaine Cristine Gonçalves Pires
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Campus Capitão Poço
Capitão Poço - Pará
http://lattes.cnpq.br/9948387647869240
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo
caracterizar a fitossociologia em duas áreas em
diferentes tempos de pousio após exploração
de seixo, comparadas a um fragmento florestal.
A área de estudo tem, aproximadamente, 15,56
há de um fragmento florestal (FLO), uma área
degradada com pousio de 48 meses (AD48) e
uma área degradada com pousio de 18 meses
(AD18). 15 parcelas foram implantadas nas 3
áreas, com 5 parcelas em cada área. Parcelas
retangulares de 10 x 50 m foram utilizadas para
medir indivíduos com 5 cm>DAP, subparcelas
de 10 x 10 m para medir indivíduos com 5
Capítulo 20
214
cm>DAP>1,5 cm e subparcelas de 1 x 2 m para indivíduos regenerantes. Ambas as áreas
degradadas estão distantes de FLO em relação à diversidade e concentração, o que ressalta
a importância de buscar a intervenção na área degradada em um período mais curto (AD18),
uma vez que não houve uma evolução considerável da regeneração natural da área. As 7
espécies mais relevantes em FLO são recomendadas para uso nas áreas mineradas. Os
valores de IVI podem considerados para determinar a proporção de sementes ou mudas a
serem produzidas de cada espécies visando a semeadura ou plantio em áreas degradadas.
PALAVRAS-CHAVE: Tempo de pousio; espécies chave para recuperação; regeneração
natural; recuperação de áreas mineradas.
PHYTOSOCIOLOGY OF FOREST SPECIES IN MINED AREAS AND IN A
FOREST FRAGMENT IN CAPITÃO POÇO-PA
ABSTRACT: The present study aimed to characterize the phytosociological structure in two
areas at different times of fallow after pebble mining, compared to a forest fragment. The
study area has approximately 15.56 ha of a forest fragment (FLO), a degraded area with
48 months fallow (AD48) and a degraded area with 18 months fallow (AD18). 15 plots were
set up in the three areas, with 5 plots in each area. Rectangular 10 x 50 m plots were used
to measure individuals with 5 cm>DAP, 10 x 10 m subplots to measure individuals with 5
cm>DAP>1.5 cm, and 1 x 2 m subplots for regenerating individuals. Both degraded areas are
distant from FLO in relation to diversity and concentration, which highlights the importance
of seeking intervention in the degraded area in a shorter period (AD18), since there was no
considerable evolution of natural regeneration in the area. The 7 most relevant species in FLO
are recommended for use in mined areas. The IVI values can be considered to determine
the proportion of seeds or seedlings to be produced of each species for sowing or planting in
degraded areas.
KEYWORDS: Fallow time; key species for recovery; natural regeneration; recovery of mined
areas.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil tem crescido abundantemente com a indústria mineral em ritmo acelerado,
onde há grandes volumes extraídos (FERNANDES; ARAÚJO, 2016). No estado do
Pará, mais precisamente na mesorregião nordeste paraense, a extração de seixo
tem se intensificado cada vez mais e de forma desorganizada, fato este devido à falta
de fiscalização, o que ocasiona vários danos ambientais (SOUZA et al., 2016). Mechi e
Sanches (2010) consideram que o principal impacto das atividades de mineração ocorre
sobre a vegetação, comprometendo consideravelmente sua regeneração. Os autores
afirmam que a exploração consiste em retirar o horizonte pedológico superficial “A”, o qual
possui a maior quantidade de minerais primários, de extrema importância para boas taxas
de fertilidade, bem como boa parte de propágulos vegetais importantes para regeneração.
Em áreas degradadas pela mineração, as atividades de recuperação exigem o
conhecimento de alguns fatores importantes para garantir a eficiência das técnicas que
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
215
deverão ser aplicadas, tendo como objetivo o restabelecimento da vegetação nativa
(ALMEIDA; SÁNCHEZ, 2015). Uma das fases mais importantes do processo de recuperação
dessas áreas é a escolha das espécies que melhor se adaptem às condições da região,
ou seja, as mais aptas ao estabelecimento na área após o plantio (ARAUJO et al., 2014).
Desta forma, é necessário escolher as espécies vegetais características de cada região que
possam suportar as condições da área, ajudando assim na regeneração natural, podendo
contribuir para os processos de sucessão que ocorreriam naturalmente. Tais ações devem
ter como base as informações quanto à estrutura e a composição florística das espécies
florestais presentes na área adjacente inexplorada, considerada como ecossistema de
referência (DUTRA et al., 2002; VIANI et al., 2010; BRANCALION et al., 2015).
Neste sentido, inserem-se os estudos florísticos e fitossociológicos, os quais podem
constituir uma ferramenta fundamental para a determinação das espécies florestais em
determinados locais. Através
desses
levantamentos, é
possível determinar o grau
de proximidade da área degradada ao seu ecossistema de referência, qual tempo de
pousio deve ser considerado para intervir na área a ser restaurada, bem como estabelecer
graus de hierarquização entre as espécies estudadas para determinar as espécies mais
relevantes na área, as quais serão estabelecidas como espécies-chave para a recuperação
(CHAVES et al., 2013).
É necessário determinar quantas e quais espécies devem ser selecionadas para
a recuperação. Dentre as espécies selecionadas, é importante inserir as espécies mais
relevantes do ecossistema de referência.
Salomão et al., (2018) consideram que as
espécies selecionadas para a recuperação devem refletir a estrutura diamétrica do total de
espécies que compõem o fragmento florestal. Desta forma, o presente estudo teve como
objetivo avaliar a diversidade ecológica e a estrutura horizontal e diamétrica da vegetação
arbórea, visando a determinação de espécies estruturantes (espécies-chave) para a
recuperação de duas áreas degradadas pela mineração de seixo em diferentes tempos de
pousio pós exploração em comparação a uma floresta secundária adjacente, em Capitão
Poço-PA, Amazônia Oriental, Brasil.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Caracterização da área de estudo
O estudo foi conduzido em uma empresa de extração mineral de seixo e areia,
onde foram utilizadas três áreas de diferentes estágios sucessionais, sendo duas áreas de
exploração de seixo e um fragmento florestal, localizados no município de Capitão Poço,
PA (1º34´21,85´´S; 47º06´39,91´´W). O solo natural predominante na área é o Latossolo
Amarelo Distrófico e o Latossolo Amarelo Álico de textura média. O clima predominante é o
Ami, de acordo com a classificação de Köppen (PACHECO e BASTOS, 2001).
As coletas de dados ocorreram nos dias 14 e 15 de agosto de 2019, com uma área
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
216
de aproximadamente 15,56 ha, apresentando um fragmento florestal (FLO), o qual não
foi submetido à exploração mineral, uma área explorada há 48 meses antes do presente
estudo (AD48) e uma área explorada 18 meses antes do presente estudo (AD18). Cada
uma das três áreas em estudo possui, aproximadamente, 5 ha. A Figura 2 apresenta
imagens das três áreas em distintos momentos antes de ocorrer a exploração (Figura 2-I),
após a exploração da área degradada 48 meses (Figura 2-II) e após a exploração da área
degradada 18 meses conforme (Figura 2-III).
Figura 1 - Imagem das três áreas, antes das explorações, área da exploração com 48 meses e área de
exploração 18 meses pós-exploratória.
2.2 Implantação de parcelas e inventário florestal
Foram implantadas, de forma sistemática com espaçamento de 50 m entre as
parcelas, um total de 15 parcelas nas 3 áreas, sendo 5 parcelas amostrais implantadas
em cada uma das três áreas de estudo área. O processo de amostragem adotado foi o
sistemático. O método de amostragem utilizado foi o de área fixa. Foram utilizadas parcelas
retangulares de 10 x 50 m para a mensuração de indivíduos arbóreos com DAP > 5 cm,
e subparcela de 10 x 10 m, para medição de indivíduos com 5cm > DAP > 1,5 cm, e
subparcela de 1 x 2 m para identificação de plântulas pertencentes a regeneração natural
com altura abaixo de 1,3 m não ocorrendo a medição do DAP dessas espécies. Para cada
indivíduo arbóreo, foi procedida a medição da circunferência à altura do peito (CAP) medido
à 1,3 m do solo para depois encontrar o (DAP) das espécies, bem como sua identificação
pelo identificador parabotânico.
2.3 Variáveis analisadas
2.3.1
Diversidade, Concentração e equabilidade de espécies
Para todas as áreas, foi determinada a diversidade de espécies por meio do cálculo
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
217
do Índice de Shannon-Weaver, o qual considera a abundância ou densidade das espécies,
como expresso abaixo:
Em que:
ni = número de indivíduos da espécie i;
Ln = Log Neperiano;
N = número de indivíduos total da amostra.
Também foi determinado o índice de concentração de Simpson, o qual avalia a
probabilidade de, no mínimo, dois indivíduos pertencerem a uma mesma espécie dentro de
uma parcela amostral. Este índice será determinado pela fórmula abaixo:
S´ = ∑pi²
Em que:
S´ = índice de Simpson;
pi = abundância proporcional dos indivíduos da espécie i.
2.3.2
Índice de Valor de Importância
Para todas as 3 áreas estudadas, determinaram-se três atributos estruturais, visando
quantificar a estrutura horizontal das espécies florestais presentes nas áreas:
A frequência absoluta (FAbs) e frequência relativa (FRel).
Em que:
FAbs = Frequência absoluta da espécie “i”;
Nesp = Número de parcelas em que a espécie “i” ocorre;
FRel = Frequência Relativa;
FEsp = Soma das frequências absolutas de todas as espécies;
Npar = Número Total de Parcelas.
A Abundância Absoluta (AbAbs) e Abundância Relativa (AbRel) expressas pelas
fórmulas:
Em que:
AbAbs = Abundância Absoluta da espécie “i”;
Nind = Número total de indivíduos da espécie “i”;
AbRel = Abundância Relativa;
∑AbsEsp = Número total de indivíduos inventariados.
A Dominância Absoluta (DAbs) e a Dominância Relativa (DRel) expressas pelas
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
218
fórmulas:
Em que:
DAbs = Abundância absoluta da espécie “i”;
G = Área Basal da espécie “i”;
DRel = Dominância Relativa da espécie “i”;
GTotal = Área Basal de todas as espécies inventariadas.
Após a determinação de todos os atributos acima, foram determinados, para cada
espécie, o Índice de Valor de Importância (IVI).
Com o cálculo deste índice, realizou-se a hierarquização das espécies, com a
determinação das 7 espécies mais relevantes. Além disto, as espécies foram separadas
de acordo três níveis de relevância. Para tanto, determinou-se a amplitude de relevância,
subtraindo-se o maior IVI pelo menor IVI. Tal valor de amplitude foi dividido por três classes
de forma igual. Cada classe representou o nível de relevância: classe I, de baixa relevância,
classe II, de média relevância e classe III, de alta relevância, conforme metodologia descrita
por Salomão et al. (2018).
2.3.3
Distribuição Diamétrica
Realizou-se a distribuição de frequência do Diâmetro à Altura do Peito (DAP) para
determinação da estrutura diamétrica geral de cada área. Para a FLO, também considerouse o comportamento diamétrico das espécies com alta e média relevância (Classes II e
III) conforme Salomão et al. (2018), das espécies mais relevantes a fim de verificar se a
estrutura diamétrica das mesmas se aproxima da estrutura diamétrica geral do fragmento
florestal.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as espécies, a que apresentou a maior área basal foi a Tapirira guianensis,
possuindo 15,517 m2 ha-1. Quanto à frequência das espécies na FLO, as espécies Inga
alba, seguida de Lacistema aggregatum, Casearia arborea (Rich.) Urb., Cupania sp. L,
Licania canescense, Lecythis lúrida, foram as que possuíram os maiores valores (Tabela 2).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
219
FRAGMENTO FLORESTAL (FLO)
Espécie
g²ha-1
(m²ha-1)
F%
Tapirira guianensis Aubl.
15,517
Inga alba
5,080
Vismia guianensis (Aubl)
Lacistema aggregatum
A%
D%
IVI
GE
4,0
2,6
25,7
32,3
Pioneira
5,0
13,4
7,7
26,1
Pioneira
8,021
3,0
6,7
13,3
23,0
Pioneira
2,606
5,0
9,8
3,8
18,6
Pioneira
Casearia arborea (Rich.) Urb.
2,743
4,9
9,8
3,6
18,4
Secundária Inicial
Lecythis lúrida
2,009
4,9
5,7
2,9
13,6
Secundária Tardia
Cupania L.
1,074
4,9
5,7
0,9
11,6
Secundária Tardia
Licania canescens
1,512
4,9
2,6
2,5
10,0
Secundária Tardia
Gustavia augusta
1,419
3,0
6,7
0,2
9,8
Climax
Eugenia bracteata
1,271
4,0
3,6
1,8
9,4
Climax
Virola sebifera Aubl.
1,645
3,0
3,4
2,7
9,1
Climax
Neea floribunda P. & E.
1,636
3,0
3,1
2,7
8,8
Pioneira
Himatanthus sucuuba
2,503
3,0
1,3
4,16
8,4
Pioneira
Myrcia tomentosa
0,862
3,0
4,9
0,4
8,2
Climax
Stryphnodendron pulcherrimum
2,703
3,0
0,8
4,5
8,2
-
Dipteryx odorata
2,170
3,0
1,6
3,6
8,1
-
Tapura guianensis
0,727
3,0
0,8
1,2
5,0
-
Talisia esculenta
1,007
2,0
1,3
1,7
4,9
Pioneira
Inga sp.
1,030
2,0
0,5
1,7
4,2
Pioneira
Trisodium spruciano
0,459
2,0
1,3
0,8
4,0
-
Tabela 1 - Área basal (g2 ha-1), frequência (Freq), abundância (Abun), dominância (Domi), índice de
valor de importância (IVI), grupo ecológico (GE) das 20 espécies de FLO mais relevantes.
A espécie mais relevante de acordo com o IVI foi a T. guianensis com 32,3, Inga alba
com 26,1 e Vismia guianensis com 23,0, mostrando a relevância dessas espécies e sua
importância ecológica para o fragmento florestal. T. guianensis por apresentar esse maior
valor mostrando assim a sua importância para a recomposição do fragmento florestal.
Outra espécie que teve destaque foi I. alba a qual possui ampla distribuição geográfica por
todo território brasileiro, tendo uma copa robusta ajudando no sombreamento de espécies
intolerantes ao sol e seus frutos são comestíveis e muito apreciados pela fauna (LORENZI,
2008).
Ao classificar as espécies de FLO com base no grau de relevância, observou-se que
apenas as 7 espécies mais relevantes apresentaram nível de relevância considerada alta
e média (Tabela 2).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
220
Classes de IVI
Relevância
Nº de Espécies
0,000 ─│10,318
Baixa
40
10,318 ─│20,635
Média
4
>20,635
Alta
3
Tabela 2 – Classes de relevância para as espécies florestais presentes em FLO, de acordo com o
Índice de Valor de Importância (IVI).
Essas 7 espécies seriam as espécies recomendadas para o plantio em área
degradada, seguindo o padrão de escolha de espécies utilizado por outros estudos, como
o de Salomão et al. (2018). Na AD18, houve ocorrência de apenas duas espécies. Em
relação a área basal, a Solanum crinitum foi a espécie que possui a maior área basal com
0,072 m² ha-1, obtendo também destaque nos demais parâmetros como maior frequência,
abundância e dominância, além de obter os maiores valores de (IVI) 274,835 conforme a
Tabela 4.
ÁREA DEGRADADA 18 MESES-AD18
Espécie
g²ha-1
(m²ha-1)
F%
Cochlospermum orinocense
0,012
16,7
4,6
Solanum crinitum
0,072
83,3
95,5
A%
D%
IVI
GE
4,0
25,2
Pioneira
96,1
274,8
Pioneira
Tabela 3 - Parâmetros avaliados na área degradada (18 meses), área basal (g2/ha), frequência (Freq),
abundância (Abun), dominância (Domi), índice de valor de importância (IVI) e grupo ecológico (GE).
O gênero Solanum foi o que obteve os maiores valores absolutos e relativos de
densidade, frequência, IVI na área do remanescente florestal. Na AD48 das espécies a que
possuiu uma maior área basal com 0,166 m2 ha-1 foi a Cecropia pachystachya. Portanto
essa espécie foi a mais relevante na área possuindo os maiores valores de índice de valor
de importância (IVI) 151, 311 em seguida pode-se notar que a espécie Vismia guianensis
também obteve destaque na sua área basal com 0,117 m2 ha-1 sendo a segunda espécie mais
relevante na área possuindo o segundo maior IVI com 106,463 a mesma obteve frequência
das espécies similar Cecropia pachystachya enquanto que nos outros parâmetros foi a
segunda mais expressiva na área em relação a abundância 36,54% e dominância 33,56%.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
221
ÁREA DEGRADADA 48 MESES-AD48
Espécie
g²ha-1
(m²ha-1)
F%
A%
D%
IVI
GE
Cecropia pachystachya Trécul.
0,166
36,4
55,8
59,2
151,3
Pioneira
Solanum crinitum
0,091
27,3
7,7
7,3
42,2
Pioneira
Vismia guianensis (Aubl)
0,117
36,4
36,5
33,6
106,5
Pioneira
Tabela 4 - Parâmetros avaliados na área degradada (48 meses), área basal (g2/ha), frequência
(Freq), abundância (Abun), dominância (Domi), índice de valor de importância (IVI), índice de valor de
cobertura (IVC) e grupo ecológico (GE).
Por outro lado, à espécie Solanum crinitum foi a que possuiu os menores parâmetros
analisados tanto para os parâmetros de estrutura horizontal como IVI, enquanto que seus
valores de IVI 42, 226, mostrando baixa relevância na área diferente do que ocorreu na
AD18 onde os valores dessa mesma espécie foram altos, isso pode ter relação com o tempo
de pousio da área, onde a AD48 com mais tempo de pousio respondeu negativamente a
este parâmetro enquanto que a com menor tempo obtiveram melhores valores. Ao analisar
a estrutura da comunidade arbórea de um remanescente florestal. Donadio et al. (2009)
encontraram valores diferentes de IVI e IVC para a espécie Cecropia pachystachya, onde o
IVI foi de 2,8 seguido pelo IVC de 1,2 sendo valores inferiores aos encontrado no presente
trabalho.
No que se refere à diversidade e concentração de espécies, observou-se que a FLO
apresentou o maior índice de diversidade de Shannon (H’) 3,18 em comparação as demais
áreas de estudo, com isso, tanto a AD18 quanto AD48 possuíram diversidade de Shannon
(H’) bem inferior 0,19 e 0,89 respectivamente, no mais a AD48 o valor ficou próximo de 1
(Tabela 5).
Sistemas
H´ (Diversidade)
S´ (Concentração)
FLO
3,18
0,06
AD18
0,19
0,91
AD48
0,89
0,45
Tabela 5 - Parâmetros da diversificação das espécies nos diferentes sistemas.
Meira Neto e Martins (2000), também avaliaram a equabilidade de Pielou e esse
valor ficou entre 0,73 e 0,88 para as florestas semideciduais em Minas Gerais o mesmo
ocorrendo em floresta de transição. Kunz et al., (2008) e Ferreira Júnior et al. (2008)
encontraram valores de 0,5 a 0,85. Já a equabilidade (J) das áreas de estudo ocorreu
resultado inferior para AD18 com 0,27, enquanto que para e AD48 com 0,81 e FLO com
0,83 obtiveram resultados semelhantes dos autores. O valor de equabilidade de Pielou
encontrado em AD18 pode ser considerado relativamente baixo, comparado a outros
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
222
estudos realizados na Amazônia, porém os encontrados na FLO e AD48 encontram-se
entre 0,75 a 0,92 (KUNZ et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2008).
Quanto à distribuição diamétrica, para FLO, foram estimadas 724 árvores por
hectares distribuídas em oito classes de diâmetro (Figura 3-A). A maioria dos indivíduos
estava concentrados na primeira classe (5-10 cm), com 70,43% dos indivíduos a partir
do momento que foi ocorrendo um aumento nas classes de distribuição ocasionou um
decréscimo no número de indivíduos, apresentando um padrão típico em formato de ‘J’
investido. Estes resultados estão próximos aos encontrados por Rosa-Junior et al. (2015),
que estudaram a composição florística de remanescentes florestais em área de influência
do Reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) de Tucuruí, na região de Tucuruí, no Pará,
com indivíduos arbóreos com DAP ≥ 10 cm.
Figura 3 – Distribuição diamétrica do fragmento florestal (A), das 7 espécies mais relevantes do
fragmento (B), da área degradada de 18 meses (C) e da área degradada de 48 meses (D).
Salomão et al., (2018) após analisar todas as estruturas diamétricas das espécies
para determinação das espécies estruturantes para restauração de áreas mineradas,
observaram que tanto para as espécies estruturantes como para as demais espécies, as
distribuições diamétricas foram semelhantes entre si, validando a utilização destas espécies
como espécies estruturantes. Como constatado por Salomão et al., (2012) e Salomão (2015)
o conceito de espécie estruturante envolve duas características essenciais que se espera
daquelas espécies que serão selecionadas para compor o mix (cesta) de espécies para a
restauração florestal de precisão: refletir uma distribuição diamétrica dos seus indivíduos
semelhante àquela da floresta original e, apresentar uma composição florística, traduzida
pelas principais famílias e associações de gêneros, análoga àquela observada na florestal
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
223
original (anterior a supressão vegetal para a mineração).
Comparando a distribuição diamétrica tanto da AD18 como a AD48 a que se
aproximou mais do ‘J’ investido foi a AD18 podendo está relacionado a distribuição das
espécies na área, onde a AD18 possuiu maior concentração de indivíduos nas menores
classes da área. As 7, 10, 15 e 20 espécies mais relevante tiveram uma distribuição muito
próxima do ‘J’ investido, principalmente levando em consideração as 20 espécies que mais
que se aproximaram da distribuição diamétrica da FLO.
4 | CONCLUSÃO
As áreas degradadas (AD18 e AD48) estão distantes de FLO em relação à
Diversidade e Concentração e Distribuição Diamétrica, o que ressalta a importância de se
buscar intervir na área degradada e um período mais curto (AD18), uma vez que não houve
uma evolução considerável da regeneração natural na área degradada com período de
pousio mais longo (AD48). Recomenda-se a utilização das 7 espécies mais relevantes de
FLO para serem utilizadas a espécies a serem implantadas nas áreas mineradas. Deve-se
considerar os valores de IVI para determinar a proporção de sementes ou mudas a serem
produzidas de cada espécie, para semeadura ou plantio nas áreas degradadas, para fins
de restauração florestal.
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Capítulo 20
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
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Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 20
226
CAPÍTULO 21
CONTRIBUTO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA
NA GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS
NATURAIS PARA O DESENVOLVIMENTO, NO
DISTRITO DE MECUBURI, MOÇAMBIQUE
Data de aceite: 05/07/2022
Gestão, Comunidade,
Desenvolvimento.
Recursos
Naturais,
Alexandre Edgar Lourenço Tocoloa
Professor da UniLúrio Business School
1 | INTRODUÇÃO
Actualmente a problemática ambiental
RESUMO: A abordagem deste estudo tem como
tema contributo da participação comunitária na
gestão sustentável dos recursos naturais para
o desenvolvimento no distrito de Mecuburi.
Este tema tem a ver com a racionalidade
ou irracionalidade do actual modelo de
desenvolvimento, no que se refere a utilização
dos recursos naturais, concretamente no distrito
de Mecuburi, na província de Nampula. Além
disso, discute-se a participação das comunidades
e políticas que visam a preservação do meio
ambiente, tendo em vista a nova racionalidade
ambiental baseada especialmente nas aspirações
e nas estratégias produtivas das comunidades
locais. Objectivo do estudo é desenvolver um
programa de nível das comunidades locais, de
modo a permitir que a participação comunitária
contribua no desenvolvimento do distrito. No
estudo foi utilizado uma investigação acção,
quanto enfoque foi utilizada qualitativa, com 20
participantes, dos quais 7 são responsáveis da
comunidade 13 são membros que trabalham
na comunidade onde se extrai a madeira; que
lutam para que a extração de madeira tenha
um contributo na comunidade. E chegou – se
a conclusão de que a participação não é das
melhores, o modelo usado para tomada de
decisão não é adequado para comunidade.
PALAVRAS-CHAVE:
Participação,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
está a ganhar contornos irreversíveis, com
um processo extremamente acelerado pelo
uso desenfreado dos recursos naturais, a
preocupação em analisar a gestão comunitária
dos recursos naturais como contributo para
o desenvolvimento, tendo como referência a
sustentabilidade das comunidades. Nos vários
fóruns se tem incentivado cada vez mais a
gestão dos recursos naturais com participação
da comunidade.
Pelo facto das comunidades não saber
quem deve gerir os recursos, em princípio e
de se observar uma gerência não favorável por
parte de membros que compõem as instituições
do Estado, nomeadamente: a Agricultura e
Coordenação para a Acção Ambiental.
1.1 Problemática
A origem desta problemática se insere
na “insustentabilidade” ambiental do actual
modelo de desenvolvimento existentes em
várias comunidades. Isto se deve aos graves
problemas
ambientais
causados
pelo
uso
intensivo dos recursos naturais em várias
regiões do distrito de Mecuburi. Os modelos de
vida que se caracterizam a nível local pela base
Capítulo 21
227
no consumismo e na utilização desenfreada dos recursos naturais e ambientais, tem sido
uma preocupação na arena social e no seio das comunidades, o que provavelmente, pode
levar ao seu esgotamento em termos dos recursos naturais, sobretudo quando for a se
verificar a ausência da participação da comunidade nestes processos.
À que ter em conta que a problemática referente à participação das comunidades
nessa gestão dos recursos naturais não é algo novo, para o nosso fórum, a nível local e
nacional, o que nos remete a dizer que é também uma preocupação por parte dos órgãos
locais do distrito. Portanto, a tomada de decisões, tanto no que diz respeito a possíveis
utilizações dos recursos que estão à nossa volta como na busca de alternativas para os
problemas de gestão de recursos naturais que o distrito de Mecuburi está a enfrentar, é um
aspecto pertinente e problemático em termos de sua abordagem.
É preciso considerar que as estratégias de desenvolvimento endógeno deverão
levar em conta, tanto a geração actual, como as futuras. A interacção do proponente
deste estudo com o local da realização do mesmo e através dos resultados do diagnóstico
efectuado, proporcionou a informação de que os participantes têm conhecimento sobre os
conceitos relacionados a recursos naturais e avançam naturalmente os tipos que conhecem:
mandioca, amendoim, girassol, gergelim, mapira, arroz, batata-doce, milho, feijão-nhemba,
castanha, algodão, madeira, porco do mato, pala-pala, gazela, galinha do mato, elefante,
madeira, pau preto entre outros.
Existe noção de que gestão é controlo dos bens ou recursos existentes;
responsabilização sobre o que é da comunidade e tomada de decisão de tudo o que existe
nela. Ao falar da gestão também se referência o envolvimento de todos os membros da
comunidade na resolução de um dado problema, a partir de colaboração dos indivíduos
que têm o mesmo objectivo a alcançar. Os membros das comunidades têm a noção de
participação, que contribui para a evolução ou então o desenvolvimento da comunidade.
O conhecimento sobre a participação e gestão dos recursos, não obstante a situação de
formas ou estratégias de modo a fazer com que esta participação seja um contributo na
gestão sustentável dos recursos naturais. E chega-se a questão: como é que a participação
comunitária na gestão sustentável dos recursos naturais pode contribuir no desenvolvimento
do distrito de Mecuburi?
1.2 Objectivos
Neste estudo, temos um objetivo geral e dois objetivos específicos, dos quais vamos
mencionar em baixo.
1.2.1
O objectivo geral
Desenvolver um programa de nível das comunidades locais, de modo a permitir que
a participação comunitária contribua no desenvolvimento do distrito.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
228
1.2.2
Objectivos específicos
Para operacionalizar o objectivo geral estabeleceram-se os seguintes objectivos
específicos:
•
Explicar a participação da comunidade na gestão dos recursos naturais;
•
Propor estratégias para melhoria da participação da comunidade na gestão dos
recursos naturais de forma sustentável.
1.3 Questões de investigação
•
Como é feita a participação da comunidade na gestão dos recursos naturais?
•
Quais são as estratégias para melhoria da participação da comunidade na gestão dos recursos naturais de forma sustentável?
2 | METODOLOGIA DE PESQUISA
2.1 Investigação Acção
A investigação acção é considerada como modalidade de investigação aplicada
e inspirada no paradigma crítico em que o objectivo principal do investigador é intervir
directamente numa situação ou contexto e solucionar problemas reais, Sanches (2005).
Na visão de Ainscow (2000 cit em Sanches, 2005) a investigação-acção obriga a
que os próprios grupos-alvo “assumam a responsabilidade de decidir quais as mudanças
necessárias e as suas interpretações e análises críticas são usadas como uma base para
monitorizar, avaliar e decidir qual o próximo passo a dar no processo de investigação”, o
que aumenta a qualidade do processo e a eficácia do produto. É assim que a investigaçãoacção é uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos
campos da acção.
A opção pela investigação-acção neste estudo baseia-se na perspectiva envolvente
entre o investigador e o grupo alvo, à medida em que o próprio investigador faz parte dos
elementos que serão estudados ou onde ele é a pessoa que investiga e ao mesmo tempo
participa na investigação como objecto próprio. Pois a preocupação em solucionar um
determinado problema passa a ser a razão primordial da escolha deste tipo de investigação.
Esta ideia é sustentada pela autora Guerra (2000) que diz que as metodologias de
investigação-acção apresentam como elemento fulcral da estratégia de conhecimento a
relação entre o cientista e o seu objecto de estudo, tendo em vista a mudança de uma
situação dada para a outra colectivamente desejada.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
229
2.2 Técnicas de recolha, instrumentos e análise de dados
Tratando-se de uma investigação-acção, com enfoque qualitativo que utiliza colecta
de dados sem medição numérica para descobrir ou aprimorar perguntas de pesquisa no
processo de interpretação, (Sampieri, Collado, & Lúcio, 2013, p.33). Na pesquisa foram
usados conhecimentos adquiridos, bem como a revisão de várias bibliografias existentes e
disponíveis, análise documental.
As técnicas de colecta de dados utilizadas no estudo foram entrevista e observação;
caracterizaram-se com uso dos seguintes instrumentos: guiões de entrevista e ficha de
observação. Para este estudo o tipo de entrevista usado foi semiestruturada, que Amado
(2021, p.208) explica as questões derivam de um plano prévio, um guião onde define e
regista, numa ordem lógica para o entrevistador, o essencial do que se pretende obter,
embora, na interação se venha a dar uma grande liberdade de resposta do entrevistado.
Sabendo que a observação participante consiste na participação real do
conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. Com
uma forma distinta artificial, quando o observador si integra ao grupo com objectivo de
realizar uma investigação, (Gil, 2008, p.103). O guião de entrevista forneceu amplamente
conteúdos colhidos face a face, através do preenchimento do roteiro da entrevista e quanto
a observação na modalidade de observação participante caracterizou-se pelas notas de
campo através do uso da ficha de observação.
Os dados foram analisados de acordo com as categorias temáticas, construídas
a partir das informações colectadas, tendo em conta as perguntas específicas. Ao final
de cada categoria, foi apresentado um resumo com os principais aspectos analisados. A
técnica usada para analise dos dados foi analise de conteúdo. Amado (2021), analise de
conteúdo se insere no conjunto das metodologias de análise de dados na investigação social.
Uma serie de operações destinadas a construir uma grelha de análise, cuja a finalidade
é a observação do conteúdo, que cobre os processos tão diversos com elaboração de
conceitos e a interpretação dos resultados.
2.3 Participantes do estudo
Fizeram parte do estudo, cerca de 20 participantes da comunidade de Mecuburi,
tendo em conta os postos administrativos lá existentes. A escolha destes participantes
deveu-se a conveniência e intenção por parte do autor deste estudo, à medida em que
estes foram os privilegiados para o efeito.
2.4 Caracterização do local de estudo
O estudo realizou-se no distrito de Mecubúri, que é um dos distritos da província de
Nampula, em Moçambique, com sede na localidade de Mecubúri. Tem limite, a norte com
o distrito de Namuno da província de Cabo Delgado, a oeste com os distritos de Lalaua e
Ribaué, a sul com o distrito de Nampula, e a este com os distritos de Eráti e Muecate. Este
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
230
distrito tem uma população total de 155 624. Com uma área de 7252 km², a densidade
populacional rondava os 21,46 habitantes por km², (INE; 2017).
O distrito está dividido em quatro postos administrativos (Mecubúri, Milhana, Muite e
Namina), compostos pelas seguintes localidades: Posto Administrativo de Mecubúri (Issipe;
Mecubúri; Momane; Nahipa-Marririmue; Natala-Popue); Posto Administrativo de Milhana
(Milhana); Posto Administrativo de Muite (Muite; Napai; Ratane) e Posto Administrativo de
Namina (Namina). A agricultura nesta comunidade é a actividade económica dominante e
envolve a maioria das famílias locais. As principais culturas alimentares do sector familiar
são: mandioca, mapira, milho, feijão-nhemba, amendoim, arroz e batata-doce. Castanha
de cajú, algodão, girassol, gergelim, amendoim, milho e feijão, são as principais culturas
comercializadas.
2.5 Limitações
As principais limitações são os baixos preços ao produtor, a incapacidade de
produzir excedentes suficientes, a falta de bens de consumo para comprar e o pequeno
número de compradores. Não existem sistemas formais de crédito implantados. Mecuburi
é acessível por transportes rodoviário e ferroviário e, em termos de telecomunicações por
telefone e rádio.
3 | FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Participação
A participação implica um envolvimento nos processos de tomada de decisões
relativo aos serviços e que a população se identifica as suas próprias necessidades e
os recursos para enfrentá-las, a partir da sua própria perspectiva em parceria com os
profissionais. Com o uso da perspectiva, acredita-se ainda que a participação comunitária
poderia ser uma fonte para corrigir as inequidades.
Para (Dálmas, 2001, p.26) menciona três metodologias de planejamento participativo
que anunciam as três linhas diferentes de ação que uma instituição pode assumir:
i. Planejar PARA a comunidade: o poder é exercido de maneira autocrática,
dominadora e até ditatorial. A participação da comunidade na preparação e
elaboração da organização é nula. No que se refere a execução, é imposta e de
modo idêntico quanto aos resultados. A gestão, neste modelo, é uma administração
ou direção exercida por alguém e não por todos.
ii. Planejar COM a comunidade: o poder esta em serviço. A participação da
comunidade, na preparação e elaboração do plano, é controlada. A execução do
plano acontece a partir do consenso e do resultado da negociação. Neste modelo
de planejamento existe cogestão. Há um pouco de participação da comunidade
através das pessoas mais ou menos representativas. Na realidade, a participação
é insignificante e pequena, às vezes, ilusória. Poder contínua nas mãos de poucos,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
231
que o controlam constantemente.
iii. Planejar DA comunidade: o poder é exercido como um serviço. A gestão é
da comunidade, e será chamada autogestão. A participação da comunidade na
preparação, na elaboração do planejamento, em sua execução e em resultado
é co – responsável e de comunhão. Este modelo é ideal de planejamento de
participação e de gestão. Só assim poderá acontecer a participação comunitária
para a transformação social em favor da justiça, da fraternidade e da libertação total.
A participação deve ser também entendida como acto e efeito de um processo em
que a sociedade civil, a sociedade política e a sociedade económica tenham tomado uma
decisão em conjunto, à medida em que este conjunto significa o envolvimento de todos os
actores na resolução de um problema, (Garcia & Parra, 2002; Freitas, 2008).
3.2 Comunidade
A palavra comunidade evoca sensações de solidariedade, vida em comum,
independentemente de época ou de região. Hoje em dia seria o lugar ideal onde se
almejaria viver, um esconderijo dos perigos da sociedade moderna. Como nos mostra
(De Brito, et al 2015; Valá, 2009), comunidade produz uma sensação boa por causa dos
significados que a palavra ‘comunidade’ carrega: é a segurança em meio à hostilidade. Na
comunidade os fins são racionalmente sustentados por grande parte de seus participantes.
A comunidade só existe propriamente quando, sobre a base desse sentimento da situação
comum, a acção está reciprocamente referida e na medida em que esta referência traduz
o sentimento de formar um todo e ela caracteriza-se por parentesco; vizinhança; e ou
amizade. O parentesco relaciona-se aos laços de sangue e à vida comum em uma mesma
casa, mas podem não se limitar à proximidade física. Este sentimento pode existir por si
mesmo com o afastamento físico, entretanto, as pessoas sempre estarão à procura da
presença física e real da família.
A vizinhança caracteriza-se pela vida em comum entre pessoas próximas da qual
nasce um sentimento mútuo de confiança, de favores. Dificilmente se mantém sem a
proximidade física. A amizade está ligada aos laços criados nas condições de trabalho ou
no modo de pensar. O termo comunidade tem sido frequentemente utilizado por sociólogos
para caracterizar uma forma fundamental de agrupamento primário.
Embora as comunidades não sejam homogéneas ou harmónicas e possam conter
divisões internas, o ‘sentimento de nós’ que as caracteriza lhes proporciona uma identidade
social comum e a obtenção de lealdades que transcendem as exigências de muitos outros
grupos. A mesma comunidade pode conter identidades múltiplas, e esta pluralidade é a
fonte de tensão e contradição, tanto na auto-representação quanto na acção social.
3.3 Gestão Comunitária de Recursos Naturais
A gestão comunitária de recursos naturais diz respeito às formas de como as
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
232
comunidades devem fazer face ao uso dos seus próprios recursos, tendo em conta à sua
própria sustentabilidade.
Na visão de Dista & Nhancale (2009, cit em Matakala e Mushove, 2001) afirmam que
A gestão dos recursos naturais pelas comunidades locais ou o Maneio
Comunitário dos Recursos Naturais (MCRN) é uma estratégia adoptada pelo
governo para a implementação do objectivo social da política e estratégia
de florestas e fauna bravia para simultaneamente melhorar as condições da
vida da comunidade rural, assegurar a gestão participativa e sustentável
dos recursos naturais, com vista à redução da pobreza. Este instrumento
surgiu oficialmente em 1997. Assim, o MCRN pode ser definido como sendo
o controle e uso dos recursos junto dos povoados pelas comunidades locais
para o seu próprio benefício e sustentabilidade dos recursos a longo tempo,
(p.3).
Para Ferrão (2010), o quadro legal de suporte ao MCRN melhorou muito desde o
início da implementação de iniciativas de maneio comunitário com a aprovação da: Lei
do Ambiente (Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro), Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei n.º
10/99, de 7 de Julho) e o seu regulamento, Diploma Ministerial 93/2005 (mecanismos
de canalização dos 20% das taxas de exploração florestal e faunística as comunidades
locais); etc. Esta é uma ideia que se devia efectivamente operacionalizar, o que de certa
forma não se verifica pela usurpação dos benefícios da comunidade por parte de alguns
representantes da comunidade assim como dos governos locais. Para neutralizar esse
conflito de interesses, seria necessário: o aumento da participação local; a aceitação
de que se tracem os objectivos dos programas sem se recorrer, necessariamente, a
uma abordagem comunitária imposta; uma abordagem menos radical, que poderia ser
designada como via intermediaria, onde se reconciliariam os objectivos de preservação e
de conservação para fins de exploração.
A organização da comunidade em grupos de interesse para exploração de
alternativas de geração de rendimentos baseados nos recursos naturais deveria ter se
mostrado como uma das formas mais eficazes para a gestão. A questão candente no
âmbito da gestão comunitária de recursos naturais repercute-se na dependência directa
dos recursos florestais e faunísticos pelas comunidades rurais para o suporte das suas
necessidades básicas de subsistência e melhoria dos rendimentos familiares que, ora,
produz benefícios tangíveis como uma alternativa viável que deveria promover a gestão
sustentável dos recursos naturais e permitir uma melhoria na qualidade de vida das famílias
abrangidas pelas mesmas.
Para (Dista & Nhancale, 2009) afirmam que
os grandes constrangimentos na implementação das iniciativas de MCRN,
reside essencialmente no facto das comunidades locais ainda não estar
a usufruir efectivamente dos benefícios do seu envolvimento no maneio
comunitário, pela fraca capacidade das instituições locais em liderar o
processo. (p. 3)
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
233
A gestão comunitária dos recursos naturais tem como objectivo permitir maior
participação das comunidades locais no maneio e uso sustentável dos recursos naturais,
assim como dos seus benefícios; promover a utilização sustentável dos recursos pelas
comunidades locais; reduzir os actuais conflitos e os que possam advir da conservação,
através da integração do desenvolvimento local no maneio dos recursos, assim como da
criação dos benefícios locais; melhorar o nível de vida das comunidades rurais através do
uso sustentável dos recursos naturais. Porém, devido a diversos constrangimentos tais
como: a falta de conhecimento ou práticas de gestão sustentável dos recursos naturais
de forma espontânea, sem bases científicas, falta de tecnologias e recursos financeiros
dificultam sobremaneira a adopção da gestão comunitária dos recursos naturais.
A participação das comunidades na gestão dos recursos naturais aparece expresso
pela primeira vez na política e estratégia de desenvolvimento de florestas e fauna bravia
(resolução n.º 8/97, de 1 de Abril), que apresenta como um dos objectivos a necessidade
de aumento da participação da população rural e comunidades como agentes directos
no maneio integrado, protecção contra as queimadas, uso e conservação dos recursos
florestais e faunísticos, Dista & Nhancale (2009).
A gestão de recursos desemboca na abertura de espaço para que as comunidades
locais possam tornar-se concessionárias, estabelecendo os direitos e deveres dos
concessionários e das comunidades na exploração dos recursos naturais, promovendo
a auscultação das comunidades antes da implantação de empreendimentos económicos
capazes de afectar o uso e aproveitamento dos recursos naturais da região. Lembre-se
que gestão comunitária dos recursos naturais pode ser aplicada em qualquer região, isto é,
a gestão comunitária não pode ser vista sob ponto de vista restrito a áreas com menor ou
maior interesse de exploração. O que tende ficar é esta consciencialização da partilha de
benefícios derivados da gestão comunitária de recursos naturais.
3.4 Desenvolvimento Sustentável
Para Veiga & Zatz (2008, p.10) afirma que “a preocupação com a degradação da
natureza não é um fenómeno recente, surgiu em 1872, nos Estados Unidos, do Yellowstone
como uma das atitudes pioneiras de preservação, o que hoje vulgarmente é conhecido
como desenvolvimento sustentável”.
Desenvolvimento Sustentável é um modo de desenvolvimento capaz de responder
às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de crescimento das gerações
futuras, (Rodrigues, 2009). Recentemente este conceito, tornou-se um princípio, segundo
o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não
pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, o que requereu
a vinculação da sustentabilidade no longo prazo, um “longo prazo” de termo indefinido, em
princípio.
Sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade de o ser humano
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
234
interagir com o mundo preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos
naturais das gerações futuras. O Conceito de Sustentabilidade é complexo, pois atende
a um conjunto de variáveis interdependentes, mas podemos dizer que é a capacidade de
integrar as questões sociais, energéticas, económicas e ambientais, (Rodrigues, 2009).
3.5 Desenvolvimento Endógeno
O termo desenvolvimento é um conceito que envolve mudanças qualitativas no
modo de vida das pessoas e caracteriza-se pela transformação de uma economia arcaica
em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do
conjunto da população, (De Souza, 2007).
Já, Gómez, Freitas & Callejas (2007) avança que
o autêntico desenvolvimento é fundamentalmente equilibrado e integral,
abrange tanto ao sector económico como o político, o social, o educativo e o
administrativo, e inscreve-se num espaço democrático. Compreende não só a
satisfação das necessidades básicas (alimentação, saúde, habitação…) mas
também o aumento dos níveis de vida (trabalho, educação, cultura…) e as
condições de emancipação e liberdade (económico social). (p.35)
No que diz respeito ao desenvolvimento endógeno, ele está relacionado a melhoria
do bem-estar da população, verificado a partir de indicadores de educação, saúde, renda,
pobreza, etc. Sobre o conceito de desenvolvimento endógeno, convém antes trazer a ideia
de desenvolvimento local, isto é, como tem sido percebido, para depois entrar na senda do
desenvolvimento endógeno.
Valá (2009) afirma que
o conceito de desenvolvimento local surge do entendimento de que o meio
rural, exactamente por não ser apenas agrícola, engloba também as pequenas
cidades que apesar de constituírem o espaço urbano estão, via de regra,
essencialmente ligadas ao meio rural, dele dependendo para sobreviver e
para ele prestando todo o tipo de serviços. (p.283)
Valá (2009) considera o desenvolvimento endógeno como um processo sustentado
de aproveitamento das oportunidades e capacidades locais, mesmo que com aporte de
recursos externos pressupõe a participação de todos os actores sociais, económicos,
públicos e privados. Desenvolvimento endógeno não implica ausência de elementos
externos, pois o processo de desenvolvimento pressupõe um diálogo constante entre
elementos internos e externos. De um lado os actores locais se apropriam de componentes
“globais” (cultura, signos, tecnologia, conhecimento, etc.), num processo permanente de
desconstrução ou reconstrução. De outro, o local oferece seus “produtos” ao global que
assim se apropria desses elementos.
Neste contexto, (Touraine, 1997 cit em Borba, Gomes e Trujillo, s/a) afirma que
o desenvolvimento endógeno tem como ponto de referência as características
socioculturais, ecológicas e, por que não dizer, económicas locais como
suporte na hora de estabelecer relações onde ele cobre um re-direcionamento
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
235
no sentido de qualquer processo de câmbio social. (s/p)
Reitera-se que o desenvolvimento endógeno não significa ausência de elementos
externos; significa localização do desenvolvimento. Pois, é aquele que entende e fomenta
a capacidade localizadora dos actores locais. Sobretudo é um processo social em que as
pessoas progressivamente percebem que tem um maior controle sobre a direcção de suas
vidas, num esforço para expressar e fazer valer, dentro de um contexto global e articulandose com ele, a peculiar qualidade de seu lugar de vida, tanto na sua vertente de recursos
naturais e humanos como na vertente de controle do processo de desenvolvimento. Um
processo que pode reverter e modificar a vida dos membros da comunidade, si for bem
implementado.
O externo se incorpora ao endógeno quando tal assimilação respeita a identidade
local e, como parte dela, a auto-definição de qualidade de vida. O potencial endógeno estaria
associado então ao conjunto de recursos disponíveis localmente (naturais e culturais) que
podem ser potencializados para promover o desenvolvimento local. O desenvolvimento
endógeno inclui a determinação local das opções, um controle local sobre o processo e
a retenção dos benefícios deste desenvolvimento no local. O desenvolvimento endógeno
pode revitalizar e dar uma nova dinâmica aos recursos locais, que de outra forma poderiam
tornar-se supérfluos.
A participação de todos os actores sociais passa necessariamente por um processo
de mobilização de energias sociais, de recursos e de potencialidades locais, a fim de se
poder implementar mudanças que elevem oportunidades sociais e condições de vida num
plano local, tendo em conta a participação da sociedade no processo de tomada de decisão.
O novo paradigma de desenvolvimento regional endógeno, está no facto de que o
modelo de desenvolvimento passa a ser estruturado a partir dos próprios actores locais e
não mais pelo planejamento centralizado, (Valá, 2010). No desenvolvimento endógeno é
necessário usar o modelo de baixo para cima, partindo de potencialidades socioeconómicas
originais do próprio local, ao invés de um modelo de desenvolvimento imposto de cima
para baixo pelo poder central do Estado. Os factores do crescimento do desenvolvimento
endógeno são: educação, saúde e segurança alimentar; ciência e tecnologia ou pesquisa
e desenvolvimento; informação e conhecimento; instituições públicas e privadas; meio
ambiente.
4 | RESULTADOS
Os resultados deste estudo foram apresentados de acordo com a perspectiva
investigação acção e foram analisados e interpretados com base nos dados colhidos, com
principal objectivo de identificar as oportunidades e potencialidades na comunidade em
estudo. Os dados foram apresentados e organizados em categorias permitindo análise da
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
236
problemática identificada.
4.1 Categoria 1 - Recursos Naturais
Na categoria recursos naturais, consideramos a subcategoria culturas alimentares,
em que seis dos participantes explicam que estes são conjunto de alimentos que se produz,
tais como mandioca, amendoim, girassol, gergelim, mapira, arroz, batata-doce, milho,
feijão-nhemba, castanha, algodão. Porém, na mesma categoria de recursos naturais, doze
dos participantes afirmam que é tudo aquilo que provém da natureza, como o caso de
madeira. Ainda, dois dos participantes disseram que os recursos naturais também podem
ser considerados como o conjunto de animais que existem: porco do mato, pala-pala,
gazela, galinha do mato elefante.
Como se pode constatar, há evidências do que seja do conhecimento dos membros
da comunidade sobre recursos naturais, à medida em que a comunidade explicou o
significado que têm sobre os recursos naturais, que não estão a ser protegidos e foram ao
encontro das perspectivas abordadas por vários autores, como Conant & Fadem (2013) é
necessário proteger os recursos naturais para todos, porque eles são escassos e podem
acabar.
4.2 Categoria II – Gestão Recursos Naturais
Nesta categoria pretendeu-se saber como tem sido feita na comunidade a gestão
destes recursos, onde sete dos participantes entendem a gestão como controlo dos bens
existentes à nossa volta é razoável. Ainda neste ponto a gestão tem sido compreendida
por treze dos participantes como responsabilizar-se sobre o que é da comunidade, tomar
decisão de tudo o que existe, o que não si verifica nas suas comunidades.
Ora, todos os entrevistados, vinte participantes do estudo afirmaram que pese
embora tenham o conhecimento prévio do que seja gestão e do que seja recursos naturais,
estes participantes não são informados sobre o processo de exploração dos seus recursos
na comunidade e nem têm tido com clareza o bónus de 20% da exploração da madeira,
pau preto para fins da comunidade. Este posicionamento faz com que de certa forma os
participantes estejam em constante alerta como forma estratégica de proteger os seus
recursos. O que significa não tem controle dos seus recursos e nem participam na tomada
das decisões, em outras palavras a participação da comunidade na tomada de decisão não
é de baixo para cima mas sim de cima para baixo, conforme defende (Dálmas, 2001; Freitas,
2008) a participação da comunidade é tomar parte em, que corresponde ao modelo de baixo
para cima (botton-up), que cria espaços participativos de base que permitem a tomada de
decisões, a gestão e administração de recursos e decisões de tal modo que a participação
facilita o envolvimento da comunidade com o seu próprio progresso e desenvolvimento.
Este modelo entende a participação como um elemento de transformação onde todos
têm um papel protagonista de modo que possibilita um desenvolvimento participativo da
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
237
população. O que não si verifica nessa região.
Para Conant & Fadem (2013), a maneira como usamos os recursos naturais afecta
a nossa vida, todos temos algum papel a desempenhar na proteção, preservação e partilha
destes recursos. Infelizmente, os recursos naturais não são partilhados igualmente entre
todos. Os pobres usam o mínimo e os ricos usam a maior parte. É frequente as empresas
poderosas, os governos e os militares terem boa parte dos recursos naturais. Até dentro
de uma única comunidade, as pessoas mais ricas usam mais recursos naturais do que as
pessoas mais pobres. Com frequência, os pobres são forçados a lutarem entre si pelo que
sobra. Esta distribuição injusta traz graves problemas para os pobres. Tal como disse o
líder indiano Mahatma Ghandi: “Há o suficiente para a necessidade de cada um, mas não
para a ganância de cada um”.
4.3 Categoria III – Participação da Comunidade
Os resultados referem que nove participantes explicaram que a participação para
eles é o envolvimento de todos os membros da comunidade na tomada de decisão. Os
outros onze participantes responderam que a tomada de decisão por indivíduos que têm
o mesmo objectivo a alcançar na comunidade, é a melhor. O que si verifica é a maior
parte dos que tomam decisão não são da comunidade e os da comunidade que participam
nesse fórum são poucos representas dos membros de várias comunidades do distrito, em
que fórum de tomada de decisão é composto por trinta membros dos quais quatro são
representantes da comunidade, que são os chefes dos postos administrativos.
Os participantes também, afirmaram que através dos problemas de não participarem
na tomada de decisão da comunidade, conseguiram criar associações, isto é, através
daquilo que nós aprenderam na ajuda mútua entre todos, já tem pequenas associações
que velam pelos assuntos deles dentro da comunidade; outros participantes avançam como
contributo a existência de vários grupos com actividades desportivas, recreativas, e xitiques
mensais, são de carácter importante para a participação dos membros da comunidade nos
encontros.
O envolvimento da comunidade na gestão dos recursos naturais é quase que
inexistente, visto que, não uma directriz que orienta com que os membros da comunidade
sejam envolvidos nesse processo. Porém o envolvimento carece do interesse do membro
na gestão comunitária dos seus recursos. Podemos perceber que nesta comunidade, na
gestão dos recursos naturais, a comunidade não é envolvida e nem a própria comunidade
conhece a importância e o dever dela poder participar neste processo. Conforme (Dálmas,
2001), aqui verifica – se a planificação PARA.
4.4 Categoria IV – Desenvolvimento Local
Nesta categoria sete participantes consideram como desenvolvimento quando
conseguem ter clientes para os seus produtos; outros sete participantes avançam
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
238
indicadores de casas melhoradas, uma vez que eles afirmam que: hoje nós já temos as
nossas casas cobertas de chapas de zinco e argamassadas, conseguimos ter uma latrina
melhorada o que não tínhamos antes; conseguem depositar vários montantes de dinheiro,
nos grupos de Xitique, grupo de Poupança, na Mpesa e na Emola para guardar para o
seu negócio ou para resolver situações de emergência na sua família e os restantes seis
participantes referiram a possibilidade de conseguirem alimentar os seus filhos e ter a
certeza de que amanhã irão todos alimentar-se, que já é um passo de melhoria das nossas
vidas.
Para Valá (2012), a ideia de que as localidades, dispõem de um conjunto de recursos
económicos, humanos, institucionais, ambientalistas e culturais que constituem o seu
potencial de desenvolvimento endógeno. Procurando aproveitamento das oportunidades
e capacidades locais, mesmo que com suporte dos recursos externos, e pressupõe a
participação de todos actores sociais, económicos, públicos e privados. O que explica
que os membros da comunidade, já conseguem explorar alguns serviços que alguns
anos atras não conseguiam. Nesse aspectos a comunidade evoluiu e si percebem que
o desenvolvimento local esta chegar aos poucos para migrar para o desenvolvimento
endógeno.
4.5 Identificação das potencialidades e necessidades da comunidade
Nesta comunidade há potencialidade de: percepção conceptual dos diversos tipos
de recursos naturais pelos membros da comunidade; participação dos membros das
comunidades em diversas actividades: desportivas, recreativas e os xitiques mensais;
caracterização de desenvolvimento pelos membros da comunidade. Na comunidade há
necessidades: conhecimento de processos de gestão dos recursos naturais pelos membros
da comunidade; aprofundamento da estratégia de gestão pelos membros da comunidade;
e identificação de locais específicos para realização de actividades de treinamento/
capacitação; aplicação do modelo de desenvolvimento endógeno.
4.6 Desenho da proposta de melhoria
No que concerne ao desenho da proposta de melhoria opta-se fundamentalmente,
antes de tudo, apresentar os objectivos, as actividades e o processo de monitorização
da intervenção. Através de estratégias sendo feitas de forma regular de 3 em 3 meses,
conforme a tabela abaixo:
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
239
Objectivos
Sensibilizar a
comunidade
em matéria de
desenvolvimento
sustentável
Capacitar a
comunidade em
matéria de gestão de
recursos naturais
Actividades
Identificar especialistas
para a sensibilização e
capacitação
Dar palestras
em matéria de
desenvolvimento
sustentável a 20
pessoas.
Dar capacitação em
matéria de gestão de
recursos naturais a 20
pessoas.
Fontes de
Verificação
Resultados
Esperados
Listas de
presença
Sensibilizadas
20 pessoas
Lista de
presenças
Ficha de
colecta de
dados
Relatórios das
actividades
Capacitadas
20 pessoas
Meios
Pagamento de
especialistas,
Aparelhagem de
som, Cartazes,
Folhetos,
Marcadores,
Apagadores,
Canetas, Flip
Chart, Blocos
de notas,
Aluguer de sala
de formação,
Alimentação.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em jeito de conclusão, a participação não é das melhores, uma vez que junto com
os vinte participantes que fizeram parte deste estudo, pelas suas respostas apresentadas
percebeu – se que participação é muito pouca no processo de tomada de decisão,
aumentado a favor de melhorar a participação comunitária na gestão sustentável dos
recursos naturais para o seu contributo no desenvolvimento do distrito de Mecuburi, por
exemplo com aplicação da proposta de melhoria sugerida pelo autor do estudo.
O estudo constatou que de facto houve carência de aprovação de decisões tomadas
pelos membros da comunidade referentes a participação, a gestão sustentável e gestão
dos recursos naturais, que não são elementos similares, mas que nalgum momento se
complementam. Assim a comunidade participa em alguns fóruns de tomada de decisão
com um número reduzido de participantes e os seus votos tem sido muito poucos que
as vezes fica difícil as opiniões deles serem aprovadas, é necessário rever o sistema de
participação nos fóruns de tomada de decisão para que eles pudessem se solidificar e as
suas opiniões poderem passar.
A proposta de melhoria não é se não o resultado das expectativas da comunidade para
recuperar as tomadas de decisões na comunidade, através de aquisição de conhecimentos
de modo a fazer face a gestão desenfreada e não participativa dos recursos naturais da
comunidade. Espera-se com estes e vários conhecimentos dados por eles sirvam de reflexão
para que os membros da comunidade vejam as suas opiniões valorizadas e aplicadas nas
suas comunidades, quer dizer que seja aplicado o modelo de desenvolvimento endógeno.
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Marimbique e L. Ussivane.
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Associados.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 21
241
CAPÍTULO 22
IMPORTÂNCIA, APROVEITAMENTO E
DIVERSIDADE DOS USOS DO BABAÇU (Orbignya
phalerata MART) NA REGIÃO DE IMPERATRIZ – MA
Data de aceite: 05/07/2022
Data de submissão: 23/06/2022
Bianca Soares da Silva
Engenheira Florestal
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão -UEMASUL
Imperatriz -MA
http://lattes.cnpq.br/2515095918763766
Luana Lima Azevedo
Engenheira Florestal
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão -UEMASUL
Imperatriz -MA
http://lattes.cnpq.br/6939928875318691
Bruno Araújo Corrêa
Mestre em Ciências Florestais
Universidade Federal de Lavras - UFLA
Lavras - MG
http://lattes.cnpq.br/7418652079620494
Paula Vanessa de Melo Pereira Aguiar
Engenheira Florestal
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão - UEMASUL
Imperatriz -MA
http://lattes.cnpq.br/6807292481971697
Cristiane Matos da Silva
Mestra em Engenharia de Barragens e Gestão
Ambiental
Professora Assistente I do Centro de Ciências
Agrárias – CCA
Universidade Estadual da Região Tocantina do
Maranhão – UEMASUL
http://lattes.cnpq.br/1545998658773030
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
RESUMO: O presente estudo teve como
objetivo obter conhecimento sobre a extração,
beneficiamento e produção dos derivados
do coco babaçu e sua importância social e
econômica, na comunidade Reserva extrativista
do Ciriaco. O estudo foi desenvolvido dentro da
Reserva Extrativista, uma área administrada pelo
ICMBio, que foi criada através do decreto nº. 534,
de 20 de maio de 1992, e está localizada entre os
municípios de Cidelândia e Imperatriz na região
Sul do estado do Maranhão. O procedimento
metodológico utilizado se pauta na pesquisa
bibliográfica sobre o tema em diferentes fontes,
tais como: livros, artigos, normativos, documentos
oficiais, entre outras, juntamente com a pesquisa
descritiva, a partir de um roteiro de observação.
Na Reserva Extrativista do Ciriaco, a coleta
e a quebra do coco ainda são feitas de modo
tradicional, uma vez que não há máquinas que
desempenhem esta função, os subprodutos do
babaçu fabricados pelas quebradeiras são o
óleo, azeite, o carvão e a farinha do mesocarpo.
O modo arraigado da coleta e da extração
do babaçu, dificulta o aumento da renda das
pessoas que dependem do extrativismo, apesar
de sobreviverem, poderiam alcançar outro
patamar financeiro, e consequentemente uma
melhoria na fabricação e na distribuição de óleos
vegetais.
PALAVRAS-CHAVE: Extrativismo, Quebradeiras
de coco, Sustentabilidade, Reserva Extrativista.
Capítulo 22
242
IMPORTANCE, USE AND DIVERSITY OF BABASSU USES (Orbignya phalerata
MART) IN THE REGION OF IMPERATRIZ – MA
ABSTRACT:The present study aimed to obtain knowledge on the extraction, processing
and production of coconut derivatives and its social and economic importance in the Ciriaco
Extractive Reserve community. The study was developed within the Extractive Reserve, an
area administered by ICMBio, which was created through decree no. 534, of May 20, 1992,
and is located between the municipalities of Cidelândia and Imperatriz in the southern region
of the state of Maranhão. The methodological procedure used for bibliographic research
on the subject in different sources, such as books, articles, normative, official documents,
among others, related to a descriptive research, based on an observation script. In the
Ciriaco Extractive Reserve, a collection and a coconut break are still done in a traditional
way, since it does not use machines that perform this function, the babassu byproducts
made by the broken ones are oil, oil or charcoal and mesocarp flour. The way to collect and
extract babassu extraction, make it difficult to increase the income of people who depend on
extractivism, despite survival, reach other financial levels and consequently an improvement
in the production and distribution of chemicals.
KEYWORDS: Extractivism, Coconut breakers, Sustainability, Extractive Reserve.
1 | INTRODUÇÃO
O babaçu é uma palmeira que gera um fruto chamado de coco babaçu, podendo
receber outras nomenclaturas como guaguaçu, uauaçu, gebara-uçu, coco-de-macaco,
coco-de-palmeira, coco-naiá entre outros (CARNEIRO et al., 2014; ARAÚJO et al., 2020;
SANTOS et al., 2021). Além disso, é considerada uma das mais importantes representantes
das palmeiras brasileiras, possuindo interesse ecológico, social e econômico, uma vez que
é produto de intensa atividade extrativista, por ser uma fonte crucial de bens e serviços de
subsistência para centenas de famílias rurais nos Estados do Maranhão, Tocantins, Pará e
Piauí (FERREIRA, 2011).
A cadeia produtiva do babaçu é uma das maiores do extrativismo vegetal no Brasil,
devido a ampla área de ocorrência da palmeira (13 a 18 milhões de hectares em 279
municípios, situados em 11 Estados), bem como das inúmeras potencialidades e atividades
econômicas que podem ser desenvolvidas a partir desta (NOLETO, 2012).
Zylberszt (2000) e Gouveia (2015) relatam que, o sistema tradicional de extração
das amêndoas babaçu através da quebra manual, diminui consideravelmente a oferta
de amêndoas às indústrias esmagadoras, e têm sido responsáveis pela baixa taxa de
aproveitamento do potencial de coco, pois apenas as amêndoas que correspondem a 7%
do peso seco do coco são aproveitadas, ficando no campo como resíduos 93% de material
que também poderiam ser usados para fabricação de subprodutos.
A provisão de serviços socioambientais por parte de povos tradicionais, reconhecendo
que determinadas áreas e tipos de uso do território precisam de incentivos e proteção
para que permaneçam gerando conjuntos de benefícios, funciona como um estímulo às
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
243
comunidades para que continuem usando, de forma sustentável, os territórios onde vivem
(REZENDE, 2020). Visando uma sustentabilidade entre explorar e preservar o ambiente
como um patrimônio natural e fonte de sustento para a população que depende deste
bioma.
O estudo em questão teve como objetivo a obtenção de conhecimento sobre a
extração, beneficiamento e produção dos derivados do coco babaçu e sua importância
social e econômica, na comunidade Reserva Extrativista do Ciriaco, visando detalhar a
produção dos produtos oriundos do coco babaçu, avaliar o escoamento desses produtos e
identificar os usos e produtos gerados a partir do beneficiamento do babaçu.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado na Reserva Extrativista do Ciriaco, uma área
administrada pelo ICMBio que foi criada por meio do Decreto nº. 534, de 20 de maio
de 1992, objetivando a proteção e conservação dos recursos naturais e dos costumes
locais de 350 famílias nos povoados de Ciriaco, Centro do Olímpio, Alto Bonito e Viração
(SANTOS; PIZZIO; RODRIGUES, 2021). Está localizada entre os municípios de Cidelândia
e Imperatriz na região Sul do estado do Maranhão, nas coordenadas: 05° 18’ 53” S e 47° 48’
35” O (Figura 1). Possui atualmente uma área de oito mil, cento e seis hectares, (8.106,00
ha) em média (ICMBIO, 2013).
Figura 1 - Mapa de localização da Reserva Extrativista do Ciriaco
Fonte: Autores (2021).
Segundo o MMA (2013), seu Bioma é 100% amazônico, possui relevo ondulado
(Chapada Alta) e os solos são do tipo LATOSSOLO VERMELHO e LATOSSOLO
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
244
VERMELHO Amarelo, o clima é sub-úmido, com precipitação de 60 a 1800 mm.ano-¹. Em
relação às características hidrológicas, o Rio Tocantins é o mais expressivo possuindo o
comprimento de 2.416 km.
A metodologia desenvolvida se baseou em pesquisas bibliográficas, que de acordo
com Santos (2006), é a busca em conjuntos de materiais escritos, que contém informações
já elaboradas e publicadas por outros autores. Sendo o tema pesquisado em diferentes
fontes, tais como: livros, artigos, normativos, e documentos oficiais. Com base nas
pesquisas, foi montado um roteiro de observação, que seria usado no trabalho de campo. O
trabalho de campo foi baseado em pesquisa descritiva, que segundo Santos (2006), é um
levantamento das características conhecidas, componentes do fato/fenômeno/problema.
Por tal motivo o pesquisador de dirigiu ao local pesquisado.
As visitas foram feitas em datas diferente, ao todo foram três. Duas das visitas
foram mediadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO),
a partir dos representantes do Polo de Imperatriz – MA e se deram nos meses de outubro
e novembro de 2017 para conhecer pessoalmente as quebradeiras de coco, a fábrica de
produção do óleo e do azeite de babaçu, a organização das quebradeiras de coco, e a
área de proteção federal. Bem como, onde foi possível acompanhar o processo de coleta,
quebra, armazenamento, e fabricação do azeite e óleo do coco babaçu, e a forma de
comercio utilizada comumente pelas quebradeiras de coco, respectivamente. A terceira
visita a RESEX do Ciriaco ocorreu em Junho de 2018, com o intuito de observar se houve
melhorias na forma de comercio dos subprodutos, aumento na produção e chegada de
novos investimentos na fábrica que produz os óleos. Cada mês houve apenas uma visita.
Todo o processo de coleta e fabricação dos subprodutos derivados do coco babaçu,
e a forma como foram comercializados, foram descritos e fotografados, para uma melhor
apresentação da importância que é o trabalho desenvolvido pelas quebradeiras de coco da
Reserva Extrativista.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A cadeia produtiva do babaçu e a obtenção de renda das quebradeiras de
coco
Na Reserva Extrativista do Ciriaco, a coleta e a quebra do coco babaçu não difere do
sistema tradicional, uma vez que não há máquinas que desempenhem está tarefa árdua.
O grupo de quebradeiras de coco, composto por dez mulheres se reúnem quase todos
os dias para fazerem a coleta e a quebra, no pátio da fábrica, que se encontra dentro da
Reserva. Utilizando materiais característicos, tais como machado e um porrete (Figura 2).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
245
Figura 2 – Quebradeiras de coco extraindo as amêndoas do babaçu
Fonte: Autores (2018).
Uma vez que as amêndoas são extraídas, elas são armazenadas em sacos de fibras
em local seco, e os resíduos advindos da quebra são deixados no pátio da fábrica em
uma área coberta, para que depois sejam queimados e virarem carvão (Figura 3). Para a
fabricação do óleo e do azeite de coco babaçu, o fruto passa por um processo de secagem
e picagem, para depois ser moído em uma mini-prensa na fábrica de beneficiamento da
Associação dos Trabalhadores Agro-Extrativistas da Reserva Extrativista do Ciriaco –
ATARECO (Figura 4).
Figura 3 – Armazenamento de resíduos da quebra do babaçu
Fonte: Autores (2018).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
246
Figura 4 – Máquina utilizada para moer as amêndoas.
Fonte: Autores (2018).
O óleo obtido é de coloração amarelo claro, e a partir do aumento de temperatura
do óleo é que se obtém o azeite, também sendo produzido na fábrica de beneficiamento.
Posteriormente o óleo é embalado em garrafas de vidro, sem rótulo, e conteúdo de 1L para
a venda, ao preço de R$20,00 por Litro (Figura 5).
Figura 5 – Óleo de babaçu, engarrafado.
Fonte: Autores (2018).
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
247
Os resíduos provenientes da quebra dão origem a vários outros subprodutos, dentre
eles o carvão, comumente usados em fogareiros artesanais (Figura 6). Os extrativistas
realizam a queima do endocarpo em tambores transformando-os em carvão e utilizando
em consumo próprio. Do mesocarpo as mulheres fazem uma farinha que serve tanto para
alimentação humana, como para a alimentação de animais. Não foi observada a presença
de artesanatos feitos pelas quebradeiras com o endocarpo.
Figura 6 – Carvão do babaçu.
Fonte: Autores (2018).
No trabalho realizado por Silva Saraiva et al. (2019), a cadeia produtiva do babaçu
da Reserva Extrativista do Ciriaco, não difere do presente estudo, onde a cadeia produtiva
pode ser esquematizada da seguinte forma (Figura 7):
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
248
Figura 7- Fluxograma da cadeia produtiva do babaçu na Reserva Extrativista do Ciriaco.
Fonte: Silva Saraiva et al. (2019).
Dentro da cadeia produtiva, constatou-se que a produção do óleo de babaçu é a mais
expressiva dentre os subprodutos fabricados pelas quebradeiras de coco. De acordo com
Silva Saraiva (2019) o que é produzido pelo grupo atualmente é destinado ao consumidor
final, nas cidades em seu entorno, como Imperatriz, Cidelândia, João Lisboa, Açailândia,
entre outras.
Para que o óleo e azeite cheguem ao seu destino, as quebradeiras contam com
o apoio de membros da ATARECO, para transportá-los até as cidades vizinhas, já que
algumas pessoas possuem um trabalho fora da reserva. No entanto é importante salientar,
que há a compra direta com elas, como fazem os visitantes da Reserva, sem a necessidade
de algum atravessador.
Portanto ao analisar a cadeia produtiva da Reserva, temos conhecimento de que por
mais antigo que seja o trabalho das quebradeiras, ainda é uma grande fonte de geração
de renda. Corroborando assim a conclusão de Moreira (2013) que afirma o quão forte é
presença do babaçu e seus subprodutos na vida das famílias tradicionais Maranhenses,
pois além de se fazer presente nas casas, nos utensílios domésticos e na alimentação
destas pessoas, é inquestionavelmente uma fonte geradora de divisas de grande potencial.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
249
3.2 A importância da valorização econômica e social do extrativismo do
babaçu
Em seu trabalho Saraiva et al. (2019) cita uma parceira da ATARECO com uma
empresa multiacional local, onde através da parceria foi possível a construção de uma
fábrica de beneficiamento na Reserva Extrativista do Ciriaco, assim aumentando a produção
de óleo, agregando valor aos produtos e aumentando a visibilidade dos produtos no
mercado, em especial para consumidor final. Diante desse fato, é nítido que com incentivos
e parcerias, o potencial de produção seria bem maior, uma vez que o trabalho totalmente
manual da colheita, quebra, e beneficiamento traz lentidão e quantidades menores de
produtos a serem vendidos.
Um fator que ainda forma um entrave para o extrativismo são os constantes conflitos
de terra em relação ao acesso aos babaçuais, entre quebradeiras e os donos das terras em
que os babaçuais se encontram. Um exemplo disso é o que acontece na Reserva Extrativista
do Extremo Norte do Tocantins, segundo Sousa e Oliveira (2017) até 2015 o Estado ainda
não havia regularizado a questão fundiária, inibindo o direito das quebradeiras de livre
acesso aos babaçuais por parte dos fazendeiros, apesar de a RESEX existir há mais de
24 anos. No entanto, por outro lado, como forma de incentivo o Estado havia investido na
construção de uma fábrica de beneficiamento para as famílias tradicionais e distribuído
recursos financeiros do Programa Bolsa Verde, para que as famílias continuassem extraindo
o coco, porém, em quantidades menores. Ou seja, a comunidade continua na quebra, sem
atingir seu real potencial, por motivos de ordem jurídica.
De acordo com Paes-de-Souza et al., (2017) o mercado nacional está em
desenvolvimento no segmento de óleos láuricos, e constitui-se atualmente como o principal
mercado para o óleo de babaçu, onde os maiores consumidores são as indústrias de
higiene e limpeza, que estão localizadas no Sudeste do País. O mercado de produção de
óleos do babaçu é concentrado nos Estados do Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí, sendo
assim, estas empresas poderiam se tornar compradores diretos das quebradeiras, porém,
não é o que acontece. Segundo DESER (2007) isso não acontece, pois há corretoras que
fazem o trabalho intermediando quebradeiras e grandes empresas.
Outro fator que inibe o crescimento da cadeia produtiva do babaçu é a necessidade
de recursos para investimentos em tecnologias, bem como a capacitação necessária para
manipular as tecnologias e o marketing dos produtos (PAES-DE-SOUZA et al., 2017).
4 | CONCLUSÃO
Analisando como um todo o fato de a cadeia de produção do babaçu começar
de modo arraigado, sem nenhuma ajuda de um maquinário que possa vir a agilizar o
processo de coleta, aliado ao modo como as amêndoas são extraídas manualmente pelas
quebradeiras, que em sua maioria são senhoras e a falta de investimentos tanto de órgãos
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
250
privados como públicos, dificulta o aumento da renda das pessoas que dependem do
extrativismo, apesar de sobreviverem, poderiam alcançar outro patamar na distribuição de
óleos vegetais, sobretudo como forma de obter produtos de forma sustentável, visto que as
reservas possuem normas que devem ser respeitadas.
REFERÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – DESER; SECRETARIA DE AGRICULTURA
FAMILIAR/MDA. A cadeia produtiva do babaçu: estudo exploratório. Convênio MDA 112/2006.
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FERREIRA, Antonio Marcos Neres. O total aproveitamento do coco babaçu (Orbignya oleifera).
2011. ix, 17f. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Universidade de Brasília, Brasília,
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INSTITUTO CHICO MENDES DE BIODIVERSIDADE. Resex Extrativista de Ciriaco. Brasília, DF,
2013. Disponível em < http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/
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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Unidade de Conservação: Reserva Extrativista
do Ciriaco. Brasília, DF, 2013. Disponível em < http://sistemas.mma.gov.br/cnuc/index.
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MOREIRA, Diógenes Canário. Importância econômico-social do babaçu para as comunidades
tradicionais do estado do Maranhão. 2013. 28f. Monografia (Pós-Graduação em Gestão Florestal)
– Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do
Paraná, 2013.
NOLETO, Rodrigo Almeida. A política Nacional da Sociobiodiversidade e a cadeia do babaçu. In:
CARRAZZA, L. R. et al. Manual Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Babaçu. Instituto
Sociedade, População e Natureza. Brasília – DF, p. 68, 2012.
PAES-DE-SOUZA, Mariluce; BORRERO, Manuel Antônio Valdés; DE SOUZA FILHO, Theophilo Alves.
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Porto Velho/RO. Revista de Administração e Negócios da Amazônia, v. 3, n. 2, p. 75-87, 2017.
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SILVA SARAIVA, Antonia Francisca da et al. CADEIA PRODUTIVA DO BABAÇU EM CIDELÂNDIA-MA:
UMA ANÁLISE A PARTIR DA ABORDAGEM DE CADEIA GLOBAL DE VALOR. Revista Brasileira de
Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 15, n. 2, 2019.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
251
SILVA, Antonio Joaquim da; ARAÚJO, José Luís Lopes; BARROS, Roseli Farias Melo de. O DESAFIO
DO BABAÇU (Orbignya Speciosa MART. EX SPRENG) NO PIAUÍ. Raega-O Espaço Geográfico em
Análise, v. 33, p. 44-74, 2015.
SOUSA, Dayane Rouse Neves; OLIVEIRA, Marcelo Leles Romarco de. Conflitos e Desafios de
populações tradicionais na Amazônia brasileira: o caso da Reserva Extrativista do Extremo Norte do
Estado do Tocantins. Mundo agrario, v. 18, n. 38, 2017.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 22
252
CAPÍTULO 23
LOS HUERTOS PERIURBANOS FAVORECEN
ESPACIOS DE RESISTENCIA, SAN FELIPE
ECATEPEC, SAN CRISTBAL DE LAS CASAS,
MÉXICO
Data de aceite: 05/07/2022
Cecilia Elizondo Amparo Vázquez García
ORCID 0000-0002-9422-152X
El Colegio de la Frontera Sur, Departamento
de Agricultura Sociedad y Ambiente, Grupo
Académico de Agroecología
RESUMEN: La agricultura familiar se basa
en conocimientos y técnicas desarrolladas
por generaciones, para establecer sistemas
de producción integrados con el propósito de
alcanzar autoabasto y mantener su subsistencia.
Para lograr soberanía alimentaria local, regional
y global se requiere comprensión profunda de los
agroecosistemas. Esta investigación se enfocó en
conocer los efectos de las políticas neoliberales
como la revolución verde, la expansión urbana
debido al crecimiento poblacional y cómo influye
la reducción de las áreas de producción en
la agricultura periurbana y principalmente las
formas de resistencia ante estas presiones del
sistema dominante. El huerto familiar en San
Felipe Ecatepec, Chiapas, México es un sistema,
con subsistemas, funciones, composición y
manejo. A través de la observación participante,
encuestas, colecta, herborización e identificación
de especies vegetales se conoció su diversidad,
usos y su riqueza. Se encontró un alto número de
especies, riqueza de alta a moderada, la superficie
oscila entre 600 m² y 2500 m². El Cultivar junto a
la casa permite tener alimentos sanos y frescos,
crear un espacio útil, productivo y conservar la
agrobiodiversidad. Es un agroecosistema donde
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
cada familia y sitio o huerto, interactúan con
otras familias y otros huertos, integrando saberes
locales, y ofreciendo un espacio de convivencia
familiar. Pueden considerarse espacios de
resistencia sustentadas en el conocimiento
tradicional, que contribuyen al control de sus
recursos, a la soberanía alimentaria individual y
colectiva.
PALABRAS CLAVE: Agricultura urbana;
soberanía
alimentaria;
agrodiversidad;
Agroecología.
PERI-URBAN FAMILY GARDENS FAVOR
SPACES OF RESISTANCE, SAN FELIPE
ECATEPEC, SAN CRISTBAL DE LAS
CASAS, MEXICO
ABSTRACT: Family farming is based on
knowledge and techniques developed by
generations, to establish integrated production
systems with the purpose of achieving selfsufficiency and maintaining their subsistence.
Achieving local, regional and global food
sovereignty requires a deep understanding of
agroecosystems. This research focused on
knowing the effects of neoliberal policies such
as the green revolution, urban expansion due
to population growth and how the reduction
of agricultural areas influences peri-urban
agriculture and determinate ways of resistance
in front of these dominant system pressures. The
family gardens in San Felipe Ecatepec, Chiapas,
Mexico are systems, with subsystems, functions,
composition
and
management.
Through
participant observation, surveys, collection,
and herbalization we identified plant species,
their diversity, uses and richness. We found a
Capítulo 23
253
high number of species, richness from high to moderate, and the home gardens surfaces
oscillating between 600 m² and 2500 m². Producing next to the house provides healthy
and fresh food, creates a useful, productive space and conserve agrobiodiversity. It is an
agroecosystem where each family and site or home garden interact with other families and
other home gardens, integrating local knowledge, and offering a space for family coexistence.
The home gardens can be considered spaces of resistance based on traditional knowledge, it
also contributes to the control maintenance of their resources, and to individual and collective
food sovereignty.
KEYWORDS: Urban agriculture; food sovereignty; agrodiversity; Agroecology.
INTRODUCCIÓN
Los sistemas alimentarios actuales, no son sostenibles, hablamos del modelo
agroindustrial, o modelo agroneoliberal, modelo intensivo, o llamada revolución verde que
ha imperado en nuestra región por décadas y que gobiernos neoliberales han impulsado
y defendido. Cooptados por grandes trasnacionales de la ingeniería genética agraria,
de las agroquímicas, con paquetes que incluyen insumos altamente tóxicos y semilla
transgénicas. Un comercio agrario, que favorece las ganancias de la agroindustria y la
dependencia de campesinos y campesinas de esos insumos y la pérdida de sus semillas
criollas, nativas resguardadas en algunos casos por siglos y por generaciones. Las
empresas agroalimentarias resultan ser las únicas beneficiadas del modelo agroindustrial y
su crisis. (FAO, 2014; Gómez Martínez, 2015).
Este modelo ha avanzado con ayuda de muchos gobiernos y administraciones o
instituciones públicas locales, regionales, estatales o internacionales, brindando prioridad a
la mercantilización de la agricultura y la alimentación. Modelo dinde la guía es el mercado,
las ganancias en base a la especulación y la maximización de los beneficios empresariales.
De esta manera las empresas son quienes determinan qué, cómo y cuánto se debe
producir, y consumir. En este modelo no hay lugar para tener en consideración elementos
como la salud, la nutrición, los valores bioculturales, el conocimiento tradicional, las
diferentes culturas, o las personas, y que ha empeorado durante los dos años de pandemia
del COVID-19 y la actual guerra en Ucrania 2022 (Escobar Moreno, 2006; Barzola, 2019;
GANESAN, 2020; MSCPI, 2021).
Además, es bien sabido que este modelo es responsable de alrededor de 1/3
de los gases de efecto invernadero; del 80% de las pérdidas de biodiversidad, y de la
agrobiodiversidad, porque de acuerdo con FAO citado por Goome 2008, se estima que
desde 1.900 se ha perdido el 75% de variedades vegetales y razas animales, que produce
lo conocido como un estrechamiento de la diversidad genética en que se basa nuestra
alimentación. Se contamina el suelo con el uso de agroquímicos altamente tóxicos como el
glifosato, el aire y el agua a donde escurren en acuíferos o cuerpos de agua superficiales.
Estos sistemas son mucho más vulnerables al cambio climático, además no han podido
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
254
resolver, a pesar de las promesas desde su implementación, el hambre en el mundo, y
mucho menos han solucionado la desnutrición, ya que este modelo (además de la utilización
de insumos tóxicos en la producción) ha favorecido el ultraprocesamiento de alimentos y
ha mantenido la inequidad social y la pérdida de valores culturales (Ceccon, 2008; Gómez
Martinez, 2015, Barquera et al. 2020; Benítez et al. 2020).
Sumando a lo anterior y a pesar de las estrategias de la producción de alimentos
desde hace setenta años, el modelo agroindustrial no logró solucionar el hambre en el
mundo. En 2019 se reportó que cerca de 690 millones de individuos sufren privación de
alimentos, es decir 8.9% de la población mundial, pero con la pandemia del COVID -19
aumento entre 83 y 132 millones de personas (FAO et al, 2020).
Por todo lo anterior es necesario considerar el derecho de los pueblos a definir y
tener el control de sus sistemas alimentarios y de producción de alimentos tanto a nivel
local como nacional (ALAI, 2016), y los huertos familiares en un sitio donde sus cuidadores
siguen produciendo y manteniendo las prácticas y conocimientos ancestrales.
De alguna manera es el reflejo de ese modelo de agricultura campesina que sigue
existiendo a pesar de todas las políticas que han intentado terminar con ellas. La misma
se basada en la fuerza de trabajo y organización familiar, uso de recursos y conocimientos
e instrumentos manuales que resiste el embate de esta agricultura agroindustrial y que
sobrevive por el trabajo de las familias. Esta agricultura ha sido marginada, poco apoyada
y desacreditada, y sin embargo es la que sostiene la alimentación a nivel mundial (Suárez
Carrera, 2016).
Esta agricultura está sostenida principalmente por población con menos de 5
hectáreas, que se dedica a la agricultura, jornaleo y otras labores asalariadas. La agricultura
es principalmente de temporal y destinada a producir para el autoabasto y productos para
el mercado nacional o de exportación.
Esta agricultura campesina originalmente mantenía la soberanía alimentaria,
históricamente fue y en algunas regiones sigue siendo, y en los huertos estudiados
pudimos encontrar que esta cultura resiste en cada uno de estos espacios. Interesantes
relatos pueden encontrarse en la investigación desarrollada por CONABIO 2022, sobre
el mantenimiento de la milpa por campesinos en 7 regiones diferentes de Chiapas, que
también son un importante ejemplo que presenta a la milpa como un espacio de resistencia
que mantiene conocimientos ancestrales, y protege las semillas nativas para que puedan
seguir siendo sembradas por generaciones.
Es la forma en que debe volverse a pensar en producir los alimentos de acuerdo
con las condiciones socioambientales específicas de cada lugar, y respetando los sistemas
naturales, las actividades sociales, culturales y tecnológicas que han practicado los
campesinos a lo largo de su historia (Nuñes 2000).
El impacto de estos modelos mencionados, no ha dejado de lado al municipio de
San Cristóbal de Las Casas en Chiapas, México, en donde, además, la mancha urbana
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
255
y el desarrollo inmobiliario se ha extendido por el valle del Municipio. Lugar donde se
encuentra la comunidad de San Felipe Ecatepec. Esto ha ocasionado que haya aumentado
la demanda de servicios públicos, además de aumentar los grandes retos en lo ambiental
y social.
Los huertos, solares, o sitios (como se denominan en San Felipe Ecatepec) siguen
siendo en muchos lugares la fuente primaria de dotación de alimentos que satisfacen una
necesidad de la familia, es el recurso más cercano para sobrevivir ante el riesgo ambiental
y las contingencias o las variaciones del mercado, es decir, favorecen la soberanía
alimentaria (Mariaca, 2012). Los de San Felipe Ecatepec no son la excepción, mantienen
las prácticas de saberes locales, mantenimiento de agrobiodiversidad a través de una
producción diversificada y la autoproducción de alimentos. Y los mismos muestran su
resistencia ante el avance de las políticas públicas que han favorecido tanto el desarrollo
de la agricultura con insumos altamente tóxicos, como de las políticas de desarrollo
urbano que en detrimento de las tierras con potencial agrícola las terminan destinando a la
construcción de casas habitación.
Por este motivo, se realizó una investigación que pudiera identificar si existían
huertos familiares periurbanos, y si así era, conocer cómo desarrollan las actividades, y las
características de estos.
Se estudió al huerto familiar como un sistema con subsistemas que tiene funciones,
una composición y un manejo, el objetivo fue conocer la diversidad de especies que
manejan y los usos que tienen en los mismos en San Felipe Ecatepec. También se decidió
enfocar el trabajo de campo en observar la función social que representa el huerto en la
comunidad.
En este sentido desde el aspecto social, se pudo observar que, en este proceso de
crecimiento de las áreas urbanas y su presión sobre los sistemas rurales, la capacidad de
acción de los sujetos, y considerando la visión de las autoras Craviotti y Pardías (2012),
se pudo visualizar que se están generando formas de resistencia de carácter colectivo,
enraizadas en un conocimiento tradicional común y en redes sociales densas. En particular
porque la tierra es comunal y no la pueden vender a personas externa de la comunidad.
Esta resistencia se observa en la forma que se mantiene esta tradición de cultivar junto
a la casa. Esto lo continúan realizando a pesar de la presión de la expansión urbana y el
crecimiento poblacional que influye tanto en la agricultura, en los huertos familiares, como
en las áreas de producción de alimentos que son cada vez más reducidas y esto hace
que los productos agrícolas disminuyan. También esto ha llevado a las familias a verse
obligadas a incorporarse a las actividades urbanas para solventar sus necesidades, pero
persiste la cultura ancestral de mantener el huerto que los provee de alimentos frescos y
sanos.
Los resultados son un aporte relevante sobre los huertos peri-urbanos, que podrá
servir como base para futuras investigaciones que profundicen el tema. A la vez es un aporte
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
256
que puede servir de instrumento de toma de decisiones a diferentes niveles del sector
gubernamental, como por ejemplo del estado de Chiapas, o a la dirección de Desarrollo Rural
y la de Desarrollo Urbano del municipio, y del sector social como agricultores innovadores,
organizaciones o colectivos que estén trabajando con huertos y tianguis urbanos.
METODOLOGÍA
El área de estudio se ubica en la parte de la región fisiográfica Altos de Chiapas, en
la Región Socioeconómica V Altos Tsotsil Tseltal. Se ubica al Oeste, a unos cinco kilómetros
de San Cristóbal de las Casas, Chiapas, México (Camacho et al, 2007). Se encuentra a una
latitud 16°43´31.61N y de longitud 92°40´28.99´´O, y una elevación media de 2223m snm.
El relieve va desde los 1000m y hasta los 2800m sobre el nivel del mar y la Sierra
alta de laderas tendidas (76.77%), Meseta escalonada con lomerío (19.61%), Valle
intermontano (3.62%) y Sierra alta de declive escarpado (0%).
Los climas existentes en el municipio son: Templado subhúmedo con lluvias de
verano, más húmedo (82.05%), Semicálido subhúmedo con lluvias de verano, más húmedo
(12.47%), Templado húmedo con lluvias todo el año (5.47%), Cálido subhúmedo con lluvias
de verano y humedad media (0%) (INEGI, 2020).
La cobertura vegetal en el municipio es de Bosque de pino-encino y vegetación
secundaria.
Los tipos de suelos presentes en el municipio son: Luvisol (67.42%), Alisol (17.23%)
y Gleysol (2.05%)
El nombre original de San Felipe Ecatepec fue “Muk Ti Nam”, que quiere decir “a la
orilla de la laguna grande”. Cuando llegaron los conquistadores españoles en el S. XVI, el
lugar estaba habitado por personas pertenecientes al grupo originario Maya Tsotsil.
Para el desarrollo de esta investigación se utilizó la técnica de observación participante
(Amezcua, 2016): Primera etapa se visitó a la comunidad para hacer un reconocimiento
de la zona de estudio y entrar en contacto con las autoridades, se explicó los objetivos
de la investigación en una asamblea y se solicitó la autorización al comisariado comunal
para realizar el trabajo de campo, posteriormente se realizaron visitas subsecuentes para
conocer si existían huertos familiares, ubicarlos, y consultar a las familias que quisierran
colaborar. De esta forma se logró contar con 10 huertos para la realización del trabajo.
En la segunda Etapa se trabajó con sujetos clave y representativos, se les escuchó y
se verificó lo que mencionaban preguntándole a otro integrante de la familia o productor de
la comunidad, para obtener visiones diferentes y complementarlas. Se comparó los relatos
obtenidos con lo observado, y en el cuaderno de campo se registraban las observaciones,
percepciones y escenarios.
Se aplicaron cuestionarios a los dueños de los huertos, con preguntas cerradas y
abiertas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
257
Para calcular la riqueza de especies del huerto, se contaron los individuos, se utilizó
el índice de Margalef (IM), empleando la fórmula IM =(S-1) / LnN, propuesta por (Funes,
2009) que incluye especies de cultivos, árboles y animales domésticos. Donde: S=número
total de especies, N= número total de individuos de todas las especies, incluye animales,
cultivos, frutales y forestales.
Se registraron todos las especies de plantas presentes en los huertos familiares,
sus nombres comunes y usos: comestible, medicinal, forrajero, construcción, ceremonial,
combustible, cerco, ornamental y otros distintos, con la participación de las personas dueñas
de los huertos, se fotografiaron, se colectaron y herborizaron plantas presentes en el huerto
para posteriormente realizar su identificación (en el caso de aquellas que no pudieron ser
reconocidas en campo) por comparación, se utilizaron fotografías, material bibliográfico
especializado, aplicaciones disponibles en internet como: el índice internacional de nombres
de plantas (IPNI, 2022),Trópicos(ORG 2021) y Enciclovida ( CONABIO, 2016)
Finalmente se procedió a analizar la información obtenida, mediante los programas
Excel, con el programa Word se sistematizó la información cualitativa, se analizaron los
textos de las entrevistas.
RESULTADOS Y DISCUSIÓN
Figura 1. Huertos familiares, se muestran los subsistemas y sus relaciones. Elaboración propia 2022
En San Felipe Ecatepec se encontró que el subsistema familiar está conformado
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
258
por los siguientes tipos de familias: nuclear es la tradicional dos generaciones: padres
más hijos, extensa o compleja esta se conforma por tres o más generaciones padres,
hijos, abuelos y bisabuelos y monoparental madre más hijos (Roman et al. 2009). Las
personas que están a cargo de coordinar actividades de estos espacios son siete mujeres
y tres hombres, las edades oscilan entre los 44 y 70 años, la mayoría de los agricultores y
agricultoras estudió la primaria y la secundaría y los hijos e hijas de algunos productores
ya estudiaron la licenciatura, hablan solo español, nadie ha migrado a otro país, la religión
que profesan es la católica.
La casa donde viven es propia y están construidas de block y loza de cemento,
piedra y dos de ellas son de adobe de tierra con carrizo, tiene luz eléctrica, nueve tienen
agua de pozo y una persona compra agua de pipa, los diez huertos no tienen agua del
sistema potable y alcantarillado municipal (SAPAM), ocho cocinan con distintas fuentes
combustibles: gas butano, electricidad, leña, carbón y dos con gas butano y electricidad,
ocho cuentan con drenaje, una casa con fosa séptica y solo una familia utiliza letrina para
depositar los excrementos.
Las diez familias separan la basura orgánica y la inorgánica, los residuos orgánicos
se van al sitio o huerto y la inorgánica al camión recolector que circula por las calles
principales que están pavimentadas y las demás son de terracería.
Solo dos personas mencionaron que reciben apoyo, de programas gubernamentales
y siete tiene un ingreso económico del trabajo asalariado y tres del comercio local.
Las actividades que realizan las jefas, jefes de familia son las siguientes: trabajadora
doméstica, mecánico, en el sector hotelero en el área de lavado de manera eventual,
labores de albañilería, trabajos de carpintería, venta de productos preparados (hojuelas
y pastelitos), repostería, modista y elaboración de ceras con parafina adornadas, estos
empleos los realizan ya sea en la comunidad o en el municipio de San Cristóbal de Las
Casas Chiapas.
Las unidades domésticas cuentan con diferentes espacios, con distintos usos del
suelo y sistemas de producción, como milpas, hortalizas, acahuales, bosque, todo ello en
la parte trasera de la casa habitación, y en algunos casos rodeándola.
Todos estos elementos conforman el huerto familiar, que es lo denominado por ellos
como sitio, que lo describen como el lugar donde tienen sus árboles frutales, animales,
milpas, plantas de ornato, medicinales, entre otros.
La casa habitación se encuentra integrada y en interacción con el huerto o sitio, así
como con otros huertos o sitio, con el agroecosistema milpa, y ecosistemas como el bosque
templado de pino y encino, y con instituciones como la Agencia Municipal, la Comisaria, y
el mercado Fig. 1.
En estos agroecosistemas se encuentran plantas de ciclos corto: maíz (Zea mays),
haba (Vicia faba), frijol (Phaseolus vulgares), árboles frutales de hoja perene y caduca,
manzanilla tejocote (Crataegus mexicana), membrillo (Cydonia oblonga), cerezo (Prunus
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
259
serotina), aguacate (Persa spp), de usos múltiples: sauco (Sambucus mexicana), momo
(Piper auritum), izote (Yucca elephantipes), medicinales: chilchahua (Tagetes nelsonii),
hinojo (Foeniculum vulgare), diente de león-árnica (Taraxacum oficial), ornamentales,
encontramos cartuchos (Zantedeschia aethiopica(L)Spreng.), hortensia (Hydrangea
macrophylla (Thunb) Ser.), Amariles (Amaryllis spp), se menciona solo algunas sp presentes.
La tierra es comunal, la agricultura que practican es de temporal y las herramientas
que emplean para cultivar son herramientas manuales, la tierra destinada para el cultivo
es plana y solo dos huertos tienen una ligera pendiente, el menor de los predios tiene una
superficie de 600 m² y el mayor 2500 m². Con respecto a la riqueza en los diez huertos
familiares o sitios (como es denominado por la comunidad), se encontró que ocho de ellos
tienen una alta biodiversidad, y en los dos restantes es moderada Fig. 2.
Las plantas proporcionan alimentos, medicinas, combustible, además proporcionan
el oxígeno que respiramos, regulan la humedad, contribuyen en la estabilidad del clima, en
la figura. 3 y 4 se presenta el número de especies y los usos en los diez Huertos Familiares.
Es importante destacar que esta investigación se desarrolló durante los dos años
que duró la pandemia de COVID-19. Varias de las plantas del huerto fueron identificadas
por los y las entrevistadas para realizar remedios caseros que los apoyaron a sobrellevar
los contagios de la enfermedad. Por otro lado en todo momento las personas mantuvieron
las medidas sanitarias, lo mismo que en equipo de investigación para evitar contagios, y
a la vez se respetó las veces que nos pidieron que no querían que ingresáramos a sus
casas debido a que había familiares contagiados. Lo importante fue que en ninguna de las
familias que formaron parte del estudio, hubo decesos debido a la enfermedad. Podríamos
inferir que el estilo de vida, su relación con las plantas y la posibilidad de estar al aire libre
favoreció que el impacto de la pandemia fuera menor que en las zonas urbanas. Y eso, a
pesar de que las mismas familias se interrelacionan por diferentes motivos (trabajos, venta
de productos, entre otros) a las zonas urbanas.
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
260
Lo anterior se debe a que como se comentó, el crecimiento poblacional y la
expansión del área urbana impacta en la agricultura y en los huertos familiares, las áreas
destinadas para la producción de alimentos son cada vez más pequeñas y los ingresos
agrícolas se reducen. Por lo consiguiente las familias se ven en la necesidad de integrarse
a la dinámica urbana para la diversificación de ingresos monetarios; los cambios de uso de
suelo y mercado de tierras con fines habitacionales afectan en mayor medida a las tierras
agrícolas (Calderón-Cisneros y Soto-Pinto 2014).
Es importante mencionar que los huertos familiares de San Felipe Ecatepec siguen
interactuando con otros agroecosistemas y se infiere que es porque la tierra es comunal,
lo cual de cierta forma tal vez puede influir para que estos agroecosistemas prevalezcan.
El huerto familiar (hf9) maneja 152 especies, tiene una superficie de 600 m² c
y el mayor de 2500 m², tiene 39 especies, es decir que la cantidad de las mismas no
depende de la extensión de tierra, se encontró que ocho sitios o huertos tienen una alta
biodiversidad, dos con moderada, esto sí se relaciona de manera directa con el oficio al
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Capítulo 23
261
que se dedican, la disponibilidad de tiempo, la organización familiar, y en la cantidad de
especies que manejan.
Los huertos o sitios, son considerados como espacios de resistencia desde el
aspecto social, porque contienen el proceso de crecimiento de las áreas urbanas y su
presión sobre los sistemas rurales, la capacidad de acción de los sujetos está generando
formas de resistencia de carácter colectivo, enraizadas en un conocimiento tradicional
común y en redes sociales densas (Craviotti y Pardías, 2012). También, Gallar y Vara
(2010), en diferentes lugares de España, identificaron que los huertos en las ciudades
representan, un proceso colectivo de resistencia y articulación de propuestas alternativas
de alimentación. Aunque hace referencia a la resistencia y la reivindicación del espacio de
agricultura urbana (paisaje, territorio, modo de producción, forma de vida, etc).
También se vincula a un movimiento vecinal contrahegemónico desde el
cuestionamiento del control de la necesidad de subsistencia por parte del sistema
agroalimentario globalizado y la recuperación de los satisfactores para la realización de
las necesidades humanas como resistencias cotidianas en la consecución y producción de
alimentos. De modo que, dentro de los elementos de resistencia para la sustentabilidad, la
agroecología es el enfoque teórico que guía estas líneas acerca del manejo ecológico de los
recursos naturales, la cuestión ambiental, la ecología política y las dimensiones técnicas,
económicas, sociales y culturales del cambio social hacia una sociedad más sustentable.
Por otro lado, en Argentina, aunque a gran escala y relacionado a la mercantilización
del agro y la resistencia contra el extractivismo agrícola sojero en Argentina, Barzola 2019
identifica como la resistencia del colectivo “Malvinas Lucha por la Vida” se enfrentó a la
multinacional Monsanto y logró expulsarla de su territorio. Esta experiencia de lucha y
resistencia contribuyó a poner de manifiesto la crisis del modelo civilizatorio y productivo,
lo que condujo a la comunidad a revalorizar no sólo su territorio, sino también a plantear
la necesidad de un modelo alternativo de agricultura que sea respetuoso de la soberanía
alimentaria de los pueblos.
De esta manera vemos como a pequeña o mediana escala, la resistencia ante el
modelo agroindustrial o las políticas neoliberales de las últimas décadas de más de medio
siglo de implementación, puede generar el mantenimiento o rescate de los sistemas de
producción de alimentos saludables que respeten los ciclos de la naturaleza y las relaciones
ecosistémicas.
CONCLUSIONES
Los huertos familiares de San Felipe Ecatepec son la fuente primaria de alimentos
sanos. Los mismos no se encuentran aislados, están interactuando con otros subsistemas,
estos agroecosistemas periurbanos son productivos y altamente diversos, contribuyen en
la conservación la agrobiodiversidad e influyen en a la soberanía alimentaria de las familias
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Capítulo 23
262
que viven en zonas periurbanas. La tierra es comunal y de cierta forma ha favorecido en la
permanencia de estos sistemas de producción.
En este proceso de crecimiento de las áreas urbanas y su presión sobre los sistemas
rurales, la capacidad de acción de los sujetos está generando formas de resistencia de
carácter colectivo, enraizadas en un conocimiento tradicional común y en redes sociales
densas. En particular porque la tierra es comunal y no la pueden vender a personas externas
de la misma. Esta resistencia se observa en la forma que se mantiene esta tradición de
cultivar junto a la casa, como un mecanismo que los ayuda a enfrentarse al modelo de
desarrollo hegemónico predominante.
Esto lo continúan realizando a pesar de la presión de la expansión urbana y el
crecimiento poblacional que influye tanto en la agricultura, en los huertos familiares, como
en las áreas de producción de alimentos que son cada vez más reducidas y esto hace que
los productos agrícolas disminuyan. También esto ha llevado a las familias a incorporarse a
las actividades urbanas para solventar sus necesidades, pero persiste la cultura ancestral
de mantener el huerto que los provee de alimentos frescos y sanos.
Si bien existen varias prácticas agroecológicas que se implementan a diferentes
cultivos y contribuyen a la producción y el consumo de alimentos sanos, también ayuda a
revertir las causas de bajo rendimiento, y de altos costos de insumos.
Es un sistema productivo que puede ser considerado como espacios de resistencia,
sustentado en la cultura o el conocimiento tradicional, donde las familias amplían el control
de sus recursos, tanto individuales como colectivos. El espacio del Huerto familiar también
sirve de lugar de encuentro de la familia donde comparten horas de plática, de trabajo
conjunto, consumo de alimentos, y de ocio. Sin embargo, hay un factor tradicional que pone
en riesgo este sistema agroecológico, la repartición de la tierra en herencia, amenaza que
ha sido reportada desde principios del Siglo XX por FAO (2002). Pero esa parte debería ser
la base para estudios futuros, que puedan dar seguimiento a esos procesos.
GRACIAS
La primer autora agradece al Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACYT)
por la “Beca Nacional (Tradicional) 2020-1”, al Colegio de la Frontera Sur (ECOSUR) por
la oportunidad de formar parte de su programa de la Maestría en Recursos Naturales y
Desarrollo Rural y a las personas de San Felipe Ecatepec que me permitieron conocer
sus Huertos y aprender las actividades que realizan en estos espacios. La autora de
correspondencia agradece a Amparo Vázquez Martines, su dedicación y esfuerzo para
haber podido realizar esta investigación a pesar de la pandemia COVID-19.
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263
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Capítulo 23
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SOBRE OS ORGANIZADORES
RAISSA RACHEL SALUSTRIANO DA SILVA-MATOS: Graduada em Ciências Biológicas
pela Universidade de Pernambuco - UPE (2009), Mestre em Agronomia - Solos e Nutrição
de Plantas pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (2012), com bolsa do CNPq. Doutora
em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB (2016), com bolsa da CAPES.
Atualmente é professora adjunta do curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias
e Ambientais (CCAA) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Tem experiência na
área de Agronomia, com ênfase em fitotecnia, fisiologia das plantas cultivadas, propagação
vegetal, manejo de culturas, nutrição mineral de plantas, adubação, atuando principalmente
com fruticultura e floricultura. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0720581765268326
EDSON DIAS DE OLIVEIRA NETO: Graduado em agronomia pela Universidade Federal
do Maranhão – UFMA (2018) com bolsa PIBIC, mestre em produção vegetal (2021) e
atualmente doutorando em agronomia pela Universidade Federal do Piauí – UFIPI ambos
com bolsa CAPES. Tem experiência em agronomia com ênfase em fertilidade do solo,
irrigação, fertirrigação, propagação vegetativa, substratos alternativos e fruticultura. Atua
principalmente com fertilidade do solo, adubação e nutrição de plantas. Lattes: http://lattes.
cnpq.br/0352200936030311
JANAIANE FERREIRA DOS SANTOS: Graduada em Agronomia pela Universidade Federal
do Maranhão (UFMA) do Centro de Ciências de Chapadinha- CCC (2021). Atualmente faz
parte do Programa de Residência em Fruticultura no Leste Maranhense da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA). Têm experiência em agronomia, com ênfase nas áreas de
fruticultura, floricultura, produção de mudas e substratos alternativos. Lattes: http://lattes.
cnpq.br/9678500549107690
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Sobre os organizadores
266
ÍNDICE REMISSIVO
A
Abóbora 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 96, 97, 98
Acupuntura 119, 120, 121
Adsorção 42, 43, 47, 48
Adubação 17, 19, 20, 21, 22, 23, 27, 28, 29, 30, 33, 37, 39, 41, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49,
50, 51, 205, 266
Adubação fosfatada 28, 37, 41, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 50, 51
Adubação nitrogenada 17, 19, 20, 22, 46
Agricultura orgânica 177, 178, 212
Agronegócio 18, 107, 108, 109, 112
Alternativas à carne 128, 129
Análise do escore 122
Análises 22, 31, 45, 63, 64, 142, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 154, 159, 168, 171,
172, 189, 229
Autonomia 107, 108, 109
B
Baixo valor comercial 142, 143, 144, 145, 146, 147, 149, 150, 152
Bem-estar 110, 119, 121, 128, 129, 130, 131, 134, 137, 164, 235
Bioestimulantes 1, 14
Bioma pampa 183, 186, 187, 190, 195
Biotecnologia 123, 142, 144, 176, 177
Bolinhos condimentados 142, 144, 145, 147, 148, 150
Bombeamento 52, 53, 54, 61
Bovinos 123, 124, 127, 129, 142, 150, 153, 154, 195
C
Calidad comercial 73, 75, 78
Camada fina 85, 87, 88, 98
Canavial 17, 18, 19
Capitão Poço-PA 214, 215, 216
Carne de ovina 156
Carne in vitro 128
Carneiro hidráulico 52, 53, 54, 59, 60, 61
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Índice Remissivo
267
Componente arbóreo 192, 195, 199, 212
Comunidade 132, 196, 201, 205, 222, 224, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 236, 237,
238, 239, 240, 242, 244, 250
Condimentos 143, 145, 148, 151, 152
Consumidores 75, 124, 129, 130, 144, 177, 179, 180, 250
Cultura do milho 41, 42, 43, 44, 48, 50
Cumaru 198, 199, 200, 201, 203, 206, 207, 208, 209, 211, 212, 213
D
Defensivos químicos 177, 178, 179, 181
Densidad de plantación 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80, 81, 83, 84
Desempenho 17, 43, 93, 97, 109, 119, 120, 121, 124, 125, 127, 158
Desenvolvimento 18, 19, 20, 21, 27, 29, 33, 34, 39, 44, 46, 47, 49, 51, 62, 63, 87, 98, 104,
107, 109, 111, 112, 115, 120, 124, 125, 127, 128, 129, 130, 133, 134, 135, 138, 142, 151,
164, 168, 169, 174, 175, 200, 205, 206, 207, 212, 227, 228, 234, 235, 236, 237, 238, 239,
240, 241, 250, 251
Diferentes temperaturas 85
Direito agrário 107, 108, 110, 117
E
Empreendimento rural 199
Equinos 119, 120, 121
Espécies chave para recuperação 215
Espécies vegetais 183, 193, 194, 216
F
Farinha da casca de maracujá 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175
Fertilidade 19, 29, 50, 123, 124, 125, 126, 215, 266
Fertilización 1, 2, 3, 4, 10, 13, 15, 16
Fitofisionomia 183, 190
Fitossociologia 23, 197, 214
Fontes de gordura 156, 158, 162, 163
Fósforo 3, 9, 15, 30, 32, 34, 36, 41, 42, 43, 46, 47, 48, 49, 50, 51
G
Gengibre 27, 28, 29, 30, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 40
Gestão 52, 109, 111, 112, 114, 115, 116, 117, 130, 196, 212, 224, 225, 227, 228, 229, 231,
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Índice Remissivo
268
232, 233, 234, 237, 238, 239, 240, 241, 242, 251
Glycine max 17, 18
H
Humus líquido 1, 3, 8, 9, 11, 12, 13
Humus sólido 1, 7, 8, 12, 13
I
Inventário expedito 183, 193
Inventário florístico 183, 190
J
Jurídico 107, 108, 110, 111, 128
M
Maracujá do mato 168, 169, 170
Matéria orgânica 18, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 40, 43, 65, 99, 103, 160
Micro-organismos 142, 143, 146, 147, 151, 152
Miosatélites 128, 134, 135
Moçambique 227, 230, 241
Modos de aplicação de adubos fosfatados 42
N
NH4NO3 17, 18
Nutrição 22, 40, 42, 50, 123, 124, 125, 126, 130, 163, 164, 169, 175, 176, 266
P
Parâmetros físico-químicos 143, 147, 152
Participação 163, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236, 237, 238, 239, 240
Passiflora cincinnata 167, 168, 174
Plantio florestal 199, 210
Portainjerto 73, 75, 76, 81
Produto funcional 168
Proteína animal 128, 133
Q
Qualidade 62, 69, 70, 71, 72, 85, 86, 102, 105, 112, 121, 124, 126, 131, 133, 134, 142, 143,
144, 149, 151, 153, 154, 155, 156, 158, 159, 160, 164, 165, 166, 178, 180, 181, 182, 205,
207, 208, 224, 229, 233, 236
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Índice Remissivo
269
R
Recuperação de áreas mineradas 215
Recursos naturais 200, 225, 227, 228, 229, 232, 233, 234, 235, 236, 237, 238, 239, 240,
241, 244
Reflorestamento 199, 206
Regeneração natural 202, 203, 215, 216, 217, 224, 226
Rentabilidade 52, 200
Resíduo de fruta 168
Revisão de literatura 101, 119, 120, 124, 126, 130, 176
Revisão narrativa 177, 179
Rural 17, 39, 51, 52, 53, 61, 105, 107, 108, 109, 110, 111, 113, 116, 130, 142, 144, 176,
177, 198, 199, 202, 205, 210, 212, 214, 233, 234, 235, 241, 251, 257, 263, 264
S
Saudáveis 31, 130, 169, 177, 178, 180
Secador 85, 88, 97, 170
Secagem 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 97, 98, 160, 246
Semente 85, 87
Silvicultura tropical 199
Soja 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 87, 98, 154
Solanum lycopersicum L. 73, 74, 81, 82, 84
Sustentabilidade 52, 112, 124, 134, 200, 212, 225, 227, 233, 234, 235, 240, 241, 242, 244
T
Taxa de concepção 122, 123, 126
Tempo de pousio 215, 216, 222
Tomate 15, 16, 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84
V
Variedad 2, 8, 10, 11, 73, 75, 76
Z
Zea mays L 41, 42, 43, 50
Zingiber officinale 28, 29, 39, 40
Ciências agrárias: Conhecimento e difusão de tecnologias 2
Índice Remissivo
270