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ISSN 2675-6218
OSCILAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO, UMIDADE RELATIVA E TEMPERATURA MÍNIMA DO AR EM
BARBALHA – CE, BRASIL
PRECIPITATION OSCILLATION, RELATIVE HUMIDITY AND MINIMUM AIR TEMPERATURE IN
BARBALHA - CE, BRAZIL
Raimundo Mainar de Medeiros1, Romildo Morant de Holanda2, Wagner Rodolfo de Araújo3, Luciano Marcelo Falle
Saboya4, Moacyr Cunha Filho5, Manoel Vieira de França6, João Carlos Montenegro Coutinho Junior7
Submetido em: 17/10/2021
Aprovado em: 27/11/2021
e211876
https://doi.org/10.47820/recima21.v2i11.876
RESUMO
As oscilações são conhecidas da dinâmica climática, e o impacto produzido por esse fenômeno,
mesmo dentro do esperado pode ter reflexos significativos nas atividades humanas. O trabalho tem
como objetivo analisar as oscilações da precipitação, umidade relativa e temperatura mínima do ar,
enfocando tais variações como um meio para compreender futuras mudanças. Utilizaram-se dados de
precipitação, temperatura mínima do ar e umidade relativa do ar mensal e anual no período de 1973 a
2014. Precipitações pluviométricas irregular podem causar ocorrência de veranicos, ou seja, chuvas
com distribuição espacial e temporal irregulares, provocando déficits hídricos no solo, tendo efeito
direto nos cultivos agrícolas, como redução no desenvolvimento da planta, abortamento e queda das
flores, enchimento dos grãos ou até mesmo a perda total da plantação. A temperatura mínima da área
de estudo demonstra mudanças nas suas oscilações no período da madrugas, deixando o tempo
mais instável e aquecido pela madrugada na última década. As flutuações da temperatura mínima do
ar decorrem dos sistemas sinóticos atuantes na época do período chuvoso e do período seco, tal
como dos impactos no meio ambiente, e estas flutuações podem estar relacionadas com os fatores
provocadores e/ou inibidores dos índices pliviometricos interregionais. A umidade relativa do ar
poderá ser um contribuinte ativo ou passivo da degradação e desertificação do solo, isto porque com
outros elementos meteorológicos beneficiando ou desfavorecendo o ressecamento e o desfragmento
do solo, ela pode contribuir para o aumento ou redução dos focos de incêndios e da qualidade do ar.
PALAVRAS-CHAVE: Variabilidade climática. Trimestre mais úmido. Média mensal e anual
ABSTRACT
Oscillations are known from climatic dynamics, and the impact produced by this phenomenon, even
within expectations, can have significant consequences on human activities. The work aims to analyze
the fluctuations of precipitation, relative humidity and minimum air temperature, focusing on such
variations as a means to understand future changes. Precipitation, minimum air temperature and
monthly and annual relative humidity data were used for the period 1973 to 2014. Irregular rainfall can
cause the occurrence of dry spells, that is, rainfall with irregular spatial and temporal distribution,
causing water deficits in the soil, having a direct effect on agricultural crops, such as reduction in plant
development, abortion and fall of flowers, grain filling or even the total loss of the plantation. The
minimum temperature in the study area demonstrates changes in its oscillations in the early morning
period, leaving the weather more unstable and heated by dawn in the last decade. The minimum air
temperature fluctuations result from the synoptic systems acting during the rainy and dry periods, as
well as from the impacts on the environment, and these fluctuations may be related to the factors that
provoke and/or inhibit the interregional plyviometric indices. The relative humidity of the air can be an
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
3 Universidade Estácio de Sá - UNESA
4 Universidade Federal de Campina Grande UFCG
5 Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
6 Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
7 Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
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Raimundo Mainar de Medeiros, Romildo Morant de Holanda, Wagner Rodolfo de Araújo, Luciano Marcelo Falle Saboya,
Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
active or passive contributor to soil degradation and desertification, because with other meteorological
elements benefiting or disfavoring soil dryness and defragmentation, it can contribute to the increase
or reduction of fire and air quality.
KEYWORDS: Climatic variability. Wettest quarter. Monthly and annual average
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, vem-se observando uma crescente preocupação acerca das oscilações
climáticas, seus ciclos e as várias consequências que o clima pode estar acarretando a sociedade.
Outra questão discutida na mídia são os impactos provocados pelo homem ao meio ambiente, o qual
tem exercido uma considerável influência na variabilidade climática (MARENGO et al., 2006), pois a
atividade humana é um fator determinante no aquecimento terrestre. Em decorrência disso, são
levantadas questões que tentam explicar a relação do clima nas mais diversas esferas globais onde a
sociedade está incluída como na cultura, na economia, na saúde, dentre outros, possibilitando melhor
compreensão de como algum tipo de alteração climática pode influenciar no cotidiano da
humanidade.
O conhecimento histórico das condições climáticas é importante para efetuar o planejamento
dos cultivos e o manejo a ser realizado durante o ciclo das culturas, observando-se cuidadosamente
a variabilidade da precipitação e a intensidade da evapotranspiração, o que pode ser evitado, ou,
reduzindo ao máximo, a ocorrência de déficit hídrico (MARENGO et al., 2004).
As oscilações climáticas de uma região exercem importante influência nas diversas
atividades socioeconômicas, especialmente na produção agrícola. Sendo o clima constituído de um
conjunto de elementos integrados, determinante para a vida, este adquire relevância, visto que sua
configuração pode facilitar ou dificultar a fixação do homem e a ampliação de suas atividades nas
diversas regiões do planeta. Dentre os elementos climáticos, a precipitação tem papel preponderante
no desenvolvimento das atividades humanas, produzindo resultados na economia (SLEIMAN et al.,
2008).
A variabilidade climática de uma região exerce importante influência nas diversas atividades
socioeconômicas, especialmente na produção agrícola. Sendo o clima constituído de um conjunto de
elementos integrados, determinante para a vida, este adquire relevância, visto que sua configuração
pode facilitar ou dificultar a fixação do homem e o desenvolvimento de suas atividades nas diversas
regiões do planeta.
Por ser um país de grande extensão territorial, o Brasil possui diferentes regimes de
precipitação. De norte a sul encontra-se uma grande variedade de climas com distintas
características regionais. Na Região Norte do país verifica-se um clima equatorial chuvoso, com
chuvas na primavera, verão e outono, contudo na parte noroeste da região praticamente não se
observa estação seca. No Nordeste a estação chuvosa do semiárido apresenta índices
pluviométricos relativamente baixos, que se restringem há poucos meses, em geral três meses. A
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pluviometria representa o atributo fundamental na análise dos climas tropicais, refletindo a atuação
das principais correntes da circulação atmosférica. No município de Barbalha - CE especificamente,
as chuvas são fundamentais para o bom desenvolvimento do regime dos rios perenes, córregos,
riachos, níveis dos lagos e lagoas, bem como para a ocupação do solo, sendo imprescindível ao
planejamento de qualquer atividade o conhecimento da sua dinâmica e uma aplicabilidade deste
elemento ao setor agrícola e pecuário.
A maioria dos estudos sobre precipitação pluviométrica utiliza como método geral a definição
de tendências pluviométricas em longos períodos de tempo, para que se possa analisar a
variabilidade real dos valores médios, em conformidade com Figueiró e Coelho Netto (2004). Com
efeito, Ayoade (1983) destacou que os totais de precipitação são normalmente distribuídos, o que
permite uma análise mais confiável, exceto em áreas onde a precipitação anual seja inferior a 750
mm. Nesse sentido, a grande dificuldade de proceder tal análise residiria na escassez de dados
climáticos confiáveis, principalmente para longo período de tempo.
A temperatura é um dos mais importantes elementos meteorológicos, pois traduz os estados
energéticos e dinâmicos da atmosfera e consequentemente revela a circulação atmosférica, sendo
capaz de facilitar e/ou bloquear os fenômenos atmosféricos (DANTAS et al., 2000). Os seres vivos
que povoam o planeta vivem adaptados à energia do ambiente. Além da variação diária, a
temperatura varia também ao longo do ano, conforme a disposição da terra e da radiação solar.
Assim, verifica-se que a temperatura do ar tem um efeito claro no desenvolvimento dos seres vivos,
animais e vegetais, sendo necessária a utilização de métodos de estimativas de temperatura
confiáveis e seguros para que se possa trabalhar com informações precisas.
A temperatura do ar exerce influência sobre diversos processos vitais das plantas, como a
fotossíntese, respiração e transpiração, refletindo no crescimento vegetal e, sobre os estádios de
desenvolvimento das culturas (LUCCHESI, 1987; LUCCHESI 2011). Os valores das temperaturas do
ar máximas e mínimas estão associados à disponibilidade de energia solar, nebulosidade, umidade
do ar e do solo, vento (direção e intensidade) e a parâmetros geográficos como topografia, altitude e
latitude do local, além da cobertura e tipo de solo (OMETTO 1981; PEREIRA et al., 2002).
Atualmente, não é consenso na comunidade científica que as mudanças climáticas globais
sejam oriundas das atividades antropogênicas, segundo Molion (2008). Todavia, as mudanças
climáticas em escala regional e local são bem documentadas, o exemplo mais significativo ocorre no
ambiente urbano, no qual diversos estudos têm mostrado que as cidades criam um clima típico,
decorrente dos diferentes tipos de uso e ocupação do solo (OFFERLE et al., 2005; COUTTS et al.,
2007; ALVES; SPECIAN, 2009).
Medeiros et al., (2013) analisaram a variabilidade climática da umidade relativa do ar e da
temperatura máxima do ar na bacia hidrográfica do Rio Uruçuí Preto – PI, como resultado, afirmam
que as temperaturas máximas anuais aumentaram durante o período analisado, podendo acarretar
vários problemas socioeconômicos, bem como, para a saúde humana. A partir dos dados, verificaram
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Raimundo Mainar de Medeiros, Romildo Morant de Holanda, Wagner Rodolfo de Araújo, Luciano Marcelo Falle Saboya,
Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
que a umidade relativa do ar está diminuindo ao longo da série estudada, fato que pode estar
relacionado com o aumento da temperatura e consequentemente com uma maior evaporação das
águas. Sobre os totais pluviométricos anuais, nota-se que os valores estão aumentando
gradativamente, sendo que esse aumento pode estar relacionado com o aumento da temperatura,
que faz com que se tenha uma maior evaporação e consequentemente uma maior precipitação.
Um importante instrumento para a regulação do clima urbano, principalmente no controle da
poluição atmosférica, na amenização da temperatura, no aumento da umidade, são as áreas verdes
que proporcionam uma melhoria da qualidade de vida vegetal e animal, segundo os autores Souch e
Grimmond (2006); Zoulia (2009) e Shashua-Bar et al. (2010).
Medeiros et al. (2014) avaliaram as variabilidades climáticas em Brasília-DF, onde utilizaramse dados de temperatura máxima do ar, umidade relativa do ar e totais pluviométricos mensais e
anuais no período de 1980 a 2012. Como resultado, afirmaram que as temperaturas máximas anuais
sofreram aumentos e a umidade relativa do ar está sofrendo redução ao longo da série estudada, os
totais pluviométricos anuais, nota-se que os valores estão aumentando gradativamente, sendo que
esse aumento pode estar relacionado com o aumento da temperatura, que faz com que se tenha
uma maior evaporação e consequentemente uma maior precipitação.
O conhecimento da quantidade de vapor da água existente no ar é essencial em vários
outros ramos da atividade humana. Sabe-se, por exemplo, que a umidade ambiente é dos fatores
que condicionam o desenvolvimento de muitos microrganismos patógenos que atacam as plantas
cultivadas e a própria transpiração vegetal está intimamente relacionada com o teor de umidade do ar
adjacente. É conhecida a influência da umidade do ar na longevidade, na fecundidade e na taxa de
desenvolvimento de muitas espécies de insetos (NETO et al., 1976). A umidade atmosférica é um
dos parâmetros utilizados para definir o grau de conforto ambiental para pessoas e animais e para
um local em questão. Finalmente, para não tornar a lista de exemplos enfadonha, ressalta-se que a
manutenção da faixa ótima de umidade do ar constitui objeto de constante controle durante a
armazenagem de inúmeros produtos.
O município de Barbalha, assim como todo o Cariri cearense, destaca-se no semiárido
nordestino, devido, tanto pelas suas condições naturais subúmidas, decorrentes principalmente do
substrato geológico sedimentar quanto pela concentração populacional. Lima (2014) pondera que o
povoamento contemporâneo do Cariri Cearense teve seu início entre os séculos XVII e XVIII e o
processo de ocupação foi, a partir daí, mais intenso. Inicialmente, o uso foi principalmente para
criação bovina; posteriormente, visto a fertilidade do solo e recurso hídrico constante, propícios ao
plantio, assim como pelas divergências e incompatibilidade de uso entre agricultores e criadores, as
terras da região foram tomadas pela agricultura.
Matos et al., (2015) utilizaram dados de temperatura do ar mensais para o município de
Barbalha – Ceará e demonstraram que a elevação e a latitude são as variáveis fisiográficas que
explicam melhor a variação da temperatura do ar anual e que as variabilidades da temperatura média
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Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
decorrem dos sistemas sinóticos atuantes na época do período chuvoso ou seco tal como dos
impactos no meio ambiente.
A variabilidade climática é definida por Angelocci e Sentelhas (2007) “... como uma variação
das condições climáticas em torno da média climatológica”. O estudo da variabilidade “[...] dos
parâmetros climáticos, que podem ser constatadas dentro de um período de curto prazo, adquire
importância, uma vez que as condições climáticas, consideradas como elemento condicionador da
dinâmica do sistema ambiental, encontram-se diretamente ligadas aos processos hidrológicos que
envolvem a dinâmica de uma bacia hidrográfica” (STEINKE, 2004).
Objetiva-se a entender as oscilações e a variabilidade temporal da precipitação pluvial, da
umidade relativa do ar e da temperatura mínima do ar no município de Barbalha no período de 1973
a 2014. Visando a delimitação de regime que caracterize o trimestre úmido e quente para a área em
estudo, assim como demonstrar a variabilidade da precipitação, umidade relativa do ar e temperatura
mínima do ar mês a mês e anual.
MATERIAIS E MÉTODOS
O município de Barbalha, localizado no estado do Ceará, possui uma área de 479.184 km².
Seu posicionamento encontra-se entre os paralelos 7º18’18” de latitude sul e entre os meridianos de
39º18’07” de longitude oeste. Inserido na mesorregião Sul Cearense, na microrregião do Cariri, limitase com os municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha (Figura 1). Conta com uma
população de 55.373 habitantes, segundo o IBGE (2010), e uma densidade demográfica de 115,56
habitantes por km2 (IPECE, 2006). O município de Barbalha apresenta particularidades que justificam
a escolha, a qual se destacam as condições geoambientais e posterior às formas de uso e ocupação
do solo.
Figura 1. Mapa de localização da área de estudo
Fonte: Medeiros (2021).
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Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
O município destaca-se pela influência que recebe da chapada do Araripe, que de acordo
com Souza e Oliveira (2006) “O enclave da Chapada do Araripe/Cariri corresponde a uma das áreas
mais singulares dentre as áreas úmidas de exceção do contexto semiárido nordestino” e acrescenta
que as condições de úmidas ocorrem nas encostas e no pé-de-serra. Geologicamente, a chapada do
Araripe é composta por materiais pertencentes à bacia sedimentar do Araripe, que se expande pelos
estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Caracteriza-se como cidade de relevo bastante heterogêneo,
repleto de acidentes geográficos, próxima a um divisor de águas natural que é a Chapada do Araripe,
o que justifica a média pluviométrica de 1.160,1 mm, de acordo com Soares e Ribeiro (2006).
A área estudada está contida numa região bastante heterogênea, próxima dos centros
urbanos das cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte - CE, com áreas de vegetação nativa, e
áreas de agricultura irrigada. A vegetação nativa predominante apresenta porte e densidade baixas, o
solo possui áreas expostas, com tonalidade esbranquiçada. O município de Barbalha se desenvolveu
no vale do rio Salamanca, destacam-se os riachos do Ouro e o riacho Seco que compõem a
microbacia do rio Salamanca, esses riachos passam pela cidade de Barbalha e apresentam margens
ocupadas por ruas e residências.
Possui dois tipos principais de solo: latossolo e sedimentar, onde a principal elevação é a
serra do Araripe. A bacia sedimentar tem como característica a formação de aquíferos onde existem
várias fontes de água. A vegetação é bastante diversificada, apresentando domínios de cerradão,
caatinga e cerrado. Dentro de sua área encontra-se a Floresta Nacional do Araripe em conformidade
com Brandão et al. (2012).
Morfologicamente é uma feição geomorfológica alongada na direção EW, de topo plano
mergulhante suavemente para oeste e limitada por escarpas erosivas e íngremes, a chapada do
Araripe apresenta seu topo conservado, devido à drenagem inexpressiva na formação Exu que é
constituída de arenitos, com elevada permeabilidade e porosidade, justificando a infiltração das
águas precipitadas que alimentam os aquíferos que têm ressurgências na região do Cariri, segundo
Souza e Oliveira (2006). Seus rebordos apresentam-se fortemente dissecados, formando escarpas
erosivas, mais abruptas em (ASSINE, 2007). O relevo contribui para a ocorrência de chuvas
orográficas, caracterizado com uma área a barlavento. Segundo Magalhães (2006), que considera
que as massas úmidas provenientes do litoral chegam à região do Cariri pela calha do Rio Jaguaribe,
ao norte, ao encontrarem a barreira topográfica da Chapada do Araripe, essas massas ascendem,
resfriando-se e precipitando-se a barlavento.
A caracterização pedológica da área é influência pela geologia, geomorfologia e clima, onde
são encontrados vários tipos de solos nos municípios como: Latossolo Amarelo (localizado no topo
da Chapada do Araripe), Argissolos vermelho-amarelo, Neossolos litólicos e Neossolo Flúvico
(FUNCEME, 2006), esses tipos de solos são encontrados na vertente da chapada do Araripe, no
pediplano e nos cursos dos rios e riachos que formam a sub-bacia do Salgado.
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Raimundo Mainar de Medeiros, Romildo Morant de Holanda, Wagner Rodolfo de Araújo, Luciano Marcelo Falle Saboya,
Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da área de estudo é considerado do tipo
“As” – Clima tropical com estação seca de verão. De conformidade com Medeiros (2015) a
temperatura média anual de 25,6ºC, oscilando de 24,2ºC no mês mais frio (junho) a 27,3ºC nos
meses mais quente (outubro e novembro). A temperatura máxima anual é de 32,6ºC, sua amplitude
térmica anual (diferença entre a temperatura máxima e mínima) é de 11,2ºC. A insolação total anual
é na faixa de 2.859,9 horas e décimos, a cobertura de nuvem total anual é de 5,31 décimos, a
intensidade do vento anual é de 1,84 ms-1.
Utilizaram-se dados de precipitação pluvial, umidade relativa do ar e de temperatura mínima
do ar da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) do período de 1973 a
2014, os dados foram trabalhados e geraram-se os valores mensais e anuais. Após as etapas acima
citadas, foram feitos testes de consistência para ver-se a confiabilidade dos dados gerados e das
informações que seriam passadas ou utilizadas para diversas finalidades, principalmente no setor
agropecuário, irrigação, lazer e da saúde. Para o município de Barbalha - CE a confiabilidade dos
dados é de 99%, com isto podemos trabalhar os dados mensais e anuais do referido município e terse a delimitação do seu trimestre mais úmido. Em relação ao trimestre mais úmido de umidade
relativa do ar, tal trimestre é também representativo para o período chuvoso que são os meses de
fevereiro, março e abril.
Os dados trabalhados estatisticamente foram gerados por Medeiros (2015), onde se calculou
as médias, os máximos e mínimos valores absolutos, desvio padrão em relação à média e seu
coeficiente de variância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 tem-se a variabilidade das oscilações das precipitações médias, máxima e
mínimas absolutas para o município de Barbalha – CE. A precipitação anual climatológica é de
1.064,3 mm do período de 1973 a 2014, a precipitação máxima e mínima absoluta registrada foi de
1.976,2 e 522,9 mm respectivamente. O quadrimestre chuvoso centra-se entre os meses de janeiro a
abril com oscilações de 178,3 a 239,9 mm. O quadrimestre seco está contido entre os meses de
junho a setembro com oscilações entre 3,9 e 19,3 mm. Nos meses de maiores índices pluviométricos
(dezembro a maio) chove 89,25% da precipitação histórica e nos meses de junho a novembro onde
ocorrem os menores índices pluviométricos chove 10,74% da precipitação histórica.
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Tabela 1. Representação dos valores da precipitação média, máxima e mínima absolutas (mm) para
o município de Barbalha – CE.
Meses/Parâmetros
Precipitação
máxima absoluta
Precipitação
Precipitação
média
mínima absoluta
Janeiro
513,3
78,3
38,6
Fevereiro
461,9
204,3
45,3
Março
593,8
239,9
32,3
Abril
533,8
185,4
20,3
Maio
267,9
57,7
0,0
Junho
157,3
19,3
0,0
Julho
238,9
18,5
0,0
Agosto
47,2
3,9
0,0
Setembro
49,0
7,1
0,0
Outubro
204,3
24,0
0,0
Novembro
182,9
41,6
0,0
Dezembro
333,9
84,3
0,0
Anual
1976,2
1064,3
522,9
Fonte: Medeiros, (2021).
A precipitação máxima e mínima absoluta registrada foi de 1.976,2 e 522,9 mm respectivamente, as
maiores intensidades de chuvas máximas mensais ocorrem nos meses de janeiro, março e abril, com 513,3;
593,8 e 533,8 mm. Os menores índices de precipitação mínima absoluta registrados ocorreram nos meses de
janeiro a abril com oscilações de 45,3 a 20,3.
Na Figura 2 tem-se a representação da precipitação climatológica, máxima e mínima absoluta para o
município de Barbalha – CE.
Observam-se as oscilações da precipitação média durante os meses em que seu trimestre chuvoso
centra entre fevereiro e abril e o seu trimestre seco ocorrem entre os meses de agosto a outubro. As
oscilações da precipitação máxima absoluta ocorrem entre os meses de dezembro a abril e entre os meses
de maio a novembro verificam-se as menores oscilações da precipitação máxima absoluta fator este que
conhecido com o período menos chuvoso. As variabilidades das oscilações mínimas absoluta da precipitação
ocorrem entre os meses de junho a dezembro, sendo os seus meses críticos, vale salientar que os meses de
janeiro a abril são os que apresentam os máximos dos mínimos absolutos.
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Figura 2. Representação da precipitação climatológica, máxima e mínima absoluta para o município de
Barbalha – CE.
Fonte: Medeiros, (2021).
Na tabela 2 tem-se a representação dos valores das umidades relativa do ar média, máxima e
mínima absolutas para o município de Barbalha – CE. Os valores médios têm sua flutuação mínima nos
meses de agosto, setembro, outubro e novembro oscilando entre 50,6 e 55,5%. Os meses de fevereiro a
maio, que correspondem aos meses mais úmidos da área em estudo oscilam de 74,9 a 81%. A média anual
da umidade relativa do ar é de 66%. Observando a tabela 1, nota-se que os valores da umidade relativa
máxima fluem entre 70,6 e 93,2%, estas flutuações ocorrem devidas às atividades de eventos isolados
seguidos de chuvas.
A variabilidade da umidade relativa do ar mínima flui entre 37 e 73,1%, estas flutuações de mínimos
valores são provocadas pela inibição ou falha nos transportes de umidade e vapor e consequentemente a
ausência de chuvas.
Tabela 2. Representação dos valores das umidades relativa do ar média, máxima e mínima absolutas para o
município de Barbalha – CE.
Meses/Parâmetros
jan
UR média
71,6 78,1 81,0 80,0 74,9 67,6 62,5 55,5 50,6 52,3 55,5 60,7
66,0
85,8 93,2 88,8 91,0 88,1 82,8 79,0 74,1 70,6 76,2 83,2 77,9
82,1
58,3 65,2 73,1 71,6 58,1 53,0 46,2 40,6 38,4 37,0 40,7 46,8
55,0
UR máxima
absoluta
UR mínima
absoluta
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
anual
UR = Umidade relativa do ar
Fonte: Medeiros, (2021).
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OSCILAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO, UMIDADE RELATIVA E TEMPERATURA MÍNIMA DO AR EM BARBALHA – CE, BRASIL
Raimundo Mainar de Medeiros, Romildo Morant de Holanda, Wagner Rodolfo de Araújo, Luciano Marcelo Falle Saboya,
Moacyr Cunha Filho, Manoel Vieira de França, João Carlos Montenegro Coutinho Junior
Na Tabela 2 tem-se a representação da umidade relativa do ar climatológica, máxima e
mínima absoluta para o município de Barbalha – CE.
Observam-se as oscilações da umidade relativa do ar média durante os meses em que seu
trimestre mais úmido centra entre fevereiro e abril e o seu trimestre seco ocorrem entre os meses de
agosto a outubro. As oscilações da umidade relativa do ar máxima absoluta ocorrem entre os meses
de novembro a maio e entre os meses de junho a outubro verificam-se as menores oscilações da
umidade relativa do ar máxima absoluta, fator este que coincidem com o período menos chuvoso. As
variabilidades das oscilações mínimas absoluta da umidade relativa do ar ocorrem entre os meses de
junho a dezembro, sendo os seus meses críticos de agosto a outubro, vale salientar que os meses de
março e abril são os que apresentam os máximos dos mínimos absolutos.
Figura 3. Representação da umidade relativa do ar climatológica, máxima e mínima absoluta para o
município de Barbalha – CE.
Fonte: Medeiros, (2021).
Da análise dos dados de umidade relativa do ar representativos da área em estudo na
distribuição média mensal e anual, foi possível estabelecer o trimestre mais úmido que ocorre nos
meses de fevereiro a abril; A delimitação do trimestre úmido para a área estudada assemelha-se aos
regimes observados por Strang (1972) para a precipitação. Tal delimitação caracteriza a ação
predominante dos sistemas principais que atuam na geração da estação chuvosa.
Na Tabela 3 tem-se o demonstrativo das representações dos valores das temperaturas do ar
mínima média, máxima e mínima absoluta para o município de Barbalha – CE.
A temperatura mínima média do ar oscila entre 19,3°C no mês de julho a 22°C no mês de
dezembro com sua temperatura mínima anual de 20,8°C, seu trimestre mais frio são os meses de
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junho, julho e agosto com oscilações entre 19,3 e 19,6°C, os meses de novembro, dezembro e
janeiro registram-se as mínimas mais elevadas com flutuações entre 21,6 a 22°C. A variabilidade da
temperatura máxima da mínima absoluta oscila entre 21,2 e 24°C, as oscilações das temperaturas
mínimas absolutas ocorrem entre 16,9 no mês de agosto a 20,1°C no mês de janeiro. Destaca-se
que nos meses de setembro a janeiro que as madrugadas estão mais quentes que o normal.
Tabela 3. Representação dos valores das temperaturas do ar mínima média, máxima e mínima
absoluta para o município de Barbalha – CE.
meses/parâmetros
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
Set
out
nov
dez
anual
Temp. média
21,6
21,3
21,3
21,1
20,4
19,6
19,3
19,4
20,2
21,3
21,9
22,0
20,8
22,9
22,8
22,9
22,9
22,2
21,7
21,2
21,3
21,8
22,9
23,8
24,0
22,4
20,1
19,8
19,9
19,2
18,1
17,2
17,8
16,9
18,8
19,7
19,7
19,6
19,1
Temp. máxima
absoluta
Temp.mínima
absoluta
Temp. = Temperatura
Fonte: Medeiros, (2021).
Na figura 3 tem-se a Representação da temperatura mínima média do ar histórica, máxima e
mínima absoluta para o município de Barbalha – CE.
A temperatura média mínima mais elevada ocorre entre os meses de outubro a janeiro e suas
médias mínimas menos elevadas fluem nos meses de junho, julho e agosto. Por analogia observa-se
o mesmo comportamento para as ocorrências das temperaturas máxima e mínima absoluta da área
em estudo.
Figura 4. Representação da temperatura mínima média do ar histórica, máxima e mínima absoluta
para o município de Barbalha – CE.
Fonte: Medeiros, (2021).
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CONCLUSÕES
Precipitações pluviométricas irregulares podem causar ocorrência de veranicos, ou seja,
chuvas com distribuição espacial e temporal irregulares, provocando déficits hídricos no solo, tendo
efeitos diretos nos cultivos agrícolas, como redução no desenvolvimento da planta, abortamento e
queda das flores, enchimento dos grãos ou até mesmo a perda total da plantação;
A elevação e a latitude são as variáveis fisiográficas que explicam melhor a variação da
temperatura média do ar na área de estudo;
A temperatura mínima demonstra mudanças nas suas oscilações no período da madrugas,
deixando o tempo mais instável e aquecido pela madrugada na última década;
Os resultados apresentados indicam possíveis variações climáticas na temperatura mínima
do ar e na umidade relativa do ar, apontando para tendência de condições mais quentes e chuvosas;
As flutuações da temperatura mínima do ar decorrem dos sistemas sinóticos atuantes na
época do período chuvoso e do período seco tal como dos impactos no meio ambiente e estas
flutuações podem estar relacionadas com os fatores provocadores e/ou inibidores dos índices
pliviometricos interregionais;
O estabelecimento dos regimes úmidos é importante para estudos de previsão do tempo e
principalmente para o planejamento da irrigação, agropecuária, contribuindo para informações ao
homem do campo na hora do preparo das terras para o plantio, evitando desta forma que ele plante
em época não adequada, evitem desperdícios e prejuízos, e ainda tenham condições adequadas
para lucratividade e rendimentos agrícolas. No planejamento urbano visa eventos extremos de
enchentes, alagamentos, inundações, transbordamentos de lagos e lagoas. Tais delimitações dos
trimestres mais úmidos e as informações das épocas de menores umidades relativas do ar serviram
de alerta as autoridades federais, estaduais e municipais além dos tomadores de decisões, para um
melhor planejamento; Os períodos úmidos transformam as áreas com possibilidades de focos de
queimadas e incêndios em áreas verdes e benéficas à produção de pastagens e grão.
A umidade relativa do ar poderá ser um contribuinte ativo ou passivo da degradação e
desertificação do solo, isto porque com outros elementos meteorológicos beneficiando ou
desfavorecendo o ressecamento e o desfragmento do solo, ela pode contribuir para o aumento ou
redução dos focos de incêndios e da qualidade do ar.
Destaca-se a importância desse estudo pela possibilidade de gerar subsídios para criação de
medidas mitigadoras para a área de estudo.
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