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Da hypothesis à Thesis

2015, Revista Thésis

Editorial do primeiro número do periódico Thésis, revista da ANPARQ.

Luiz Amorim, Marcio Cotrim, Rachel Coutinho e Xico Costa U ma revista é um desejo antigo da ANPARQ. Desde 2009, quando ocorreu o 1º Seminário Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (1º SeNAU), a intenção de criá-la se fez constante, como observado no capitulo II do seu estatuto, que trata das finalidades: “estimular e difundir os estudos, a pesquisa e o avanço do conhecimento na área de Arquitetura e Urbanismo”; “promover a divulgação de estudos e informações referentes à sua área de atuação”; “e divulgar e produzir trabalhos técnico-científicos, através de publicações especializadas”. Apesar das evidentes sobreposições, se considerarmos que estimular, difundir e divulgar são os verbos-chave do texto que define as finalidades da associação e que os três estão associados ao labor editorial, não é de estranhar que a criação de uma revista seja algo esperado e celebrado por nós: pesquisadores, professores, arquitetos e urbanistas. * Luiz Amorim, Marcio Cotrim, Rachel Coutinho e Xico Costa. Em agosto de 2012 foi criada uma comissão responsável por viabilizar o projeto editorial da revista , da qual fizeram parte os quatro editores* que agora assinam esse primeiro editorial. Consideramos que a revista deveria, mais do que estimular, difundir e divulgar, ser o lócus de reflexão sobre a produção dos programas de pós-graduação da área de arquitetura e urbanismo; nossa própria produção. Ou seja, criar as condições para uma reflexão sobre nossas limitações, nossos desafios e pretensões. Tais propósitos estruturam seu primeiro número. A partir deste é possível, tal como um problema, persegui-lo sem a certeza de solucioná -lo, assim como uma hipótese, uma hypothesis. REVISTA THÉSIS | 01 Janeiro / Junho 2016 5 EDITORIAL Revista ou Cadernos da ANPARQ sempre nos pareceu um nome inadequado para descrever tal propósito. O nome da revista teve por inspiração a sugestão dada por Antônio Agenor Barbosa à Abílio Guerra – Em tese, depois simplificada, por sugestão de Luiz Amorim, para Tese em sua grafia grega – Θεσις ou Thésis. A palavra também está associada à Thésis a deusa primordial da criação na mitologia grega. Thésis, portanto, pretende ser o lócus da criação. Superado esse ponto crucial, os esforços foram depositados na definição da sua estrutura editorial e do seu projeto gráfico. Foram definidas quatro seções, cada qual com objetivos e produtos específicos: [Ensaios] é destinada a divulgar a produção originada de pesquisas acadêmicas; [Arquivo] abriga textos clássicos, de notória relevância para a cultura arquitetônica, ainda não traduzidos para a língua portuguesa; [Recensão] é destinada à publicação de resenhas de documentos científicos relevantes, como livros publicados no Brasil e no exterior, e dissertações e teses defendidas em universidades nacionais e estrangeiras; e [Passagens] é uma entrada [ou uma saída] para narrativas experimentais que explorem velhas e novas linguagens em insights sobre a arquitetura, a cidade e o urbanismo. Nossa hypothesis é que a intercessão entre as quatro seções seja o lócus de reflexão e criação, como posto nos parágrafos anteriores. Oferecemos, portanto, o encontro entre a produção científica acadêmica – caracterizada pelo rigor metodológico e pela busca pelo ineditismo, e as narrativas experimentais desvinculadas de objetivos precisos, passando pela revisão dos discursos do passado e do presente. O projeto gráfico da revista e da página web, criado pela parceria entre a None Design Gráfico e a Labasoft, buscou sobrepor ao Open Journal System (OJS) – eficiente no que diz respeito às exigências da academia – máscaras que tornassem as interfaces mais amigáveis e a navegação mais prazerosa. Em certo modo, pode ser entendida como a síntese gráfica da hypothesis exposta acima. Este Número 01 tem um caráter piloto e é resultado das decisões exclusivas dos editores. Gleice Elali e Maísa Veloso, apresentam o número a partir de suas experiências na ANPARQ, percorrem os dez primeiros anos da associação, de sua fundação até o III Enanparq e traçam os “desafios futuros” que a associação e a área deverão enfrentar. Exigem uma postura mais ativa e crítica. 6 REVISTA THÉSIS | 01 Janeiro / Junho 2016 EDITORIAL Anthony Vidler e Fernando Lara ocupam a seção Ensaios da revista. Vidler autorizou, generosamente, a publicação da palestra Design from the air: Le Corbusier over Brazil to Rem Kollhaas over Nigeria, proferida em setembro de 2012 na FAU-UFRJ, no Rio de Janeiro, como convidado para o II Enanparq. Lara, indicando a mudança de rumo no foco de suas pesquisas, aponta para a necessidade de, em um âmbito latino-americano, darmos menor atenção para o processo de concepção dos projetos e maior atenção para o arcabouço institucional que sustenta tal projeto e tal obra. Segundo ele não há “nada mais urgente na agenda política da profissão”. O artigo Space Syntax - publicado originalmente no periódico científico Environment & Planning B, em 1976 por Bill Hillier, Adrian Leaman, Paul Stansall e Michael Bedford - inaugura a seção Arquivo. Edja Trigueiro e Diógenes Pereira fizeram um trabalho meticuloso de tradução do texto que fundamenta a teoria da lógica social do espaço, sintetizada por Bill Hillier e Julienne Hanson no livro The social logic of space (1984). Agradecemos o Professor Bill Hillier por autorizar sua tradução e publicação. [Recensão] é inaugurada com resenhas de documentos que receberam o Prêmio ANPARQ 2014 de tese e livro autoral. Frederico de Holanda escreveu a resenha da tese intitulada A noção de “ambiente” em Gustavo Giovannoni e as leis de tutela do patrimônio cultural na Itália, de autoria de Renata Campello Cabral. A investigação doutoral foi desenvolvida sob a orientação dos professores Carlos Roberto Monteiro de Andrade, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU -USP), e Andrea Pane, da Università degli Studi di Napoli Federico II. Gustavo Rocha-Peixoto e Anat Falbel escreveram sobre Roberto Segre e o livro de sua autoria sobre o Ministério da Educação e Saúde, agraciado com prêmios editoriais concedidos no Brasil e no exterior. Finalmente na seção Passagens, Abílio Guerra nos oferece uma cidade que fala de maneira surpreendente; uma cidade sublinhada, sobreposta a outra, colada sobre muros, portas de ferro, postes, calçadas, árvores; aderida a suportes taticamente frágeis, que permitem um discurso sempre renovado e atualizado. Enquanto Luciana Crepaldi foi convidada para realizar uma série de fotografias da cidade de Barcelona, com a única condição de inspirar-se nos Trabalhos das Passagens, de Walter Benjamin. REVISTA THÉSIS | 01 Janeiro / Junho 2016 7