Conference Presentations by Paula Fernandes da Silva
Silva, 2024
The article will present the location of the temples from which religious artifacts were seized b... more The article will present the location of the temples from which religious artifacts were seized between 1889 and 1946, and it will compare this mapping with canonical studies of the urban expansion of the city of Rio de Janeiro (Abreu, 1997). The Nosso Sagrado collection consists of 519 pieces captured by the Civil Police in religious temples of African origin, and composed the "Collection of Black Magic" listed as ethnographic heritage in 1938. The context of its creation and safeguarding refers to a period of religious persecution after the abolition of slavery in Brazil, when cultural practices of the Afro-Brazilian population were criminalized. Associated with crimes of "false medicine" and "sorcery," the casas de santo were repeatedly raided, while their leaders and sacred objects were seized. The geographical analysis of the police investigations linked to each of the pieces allows us to recognize the location of the religious houses that operated clandestinely, the recurrence of police raids at these addresses, the testimonies and arguments of defense of the religious, and the spatial strategies of these and their executioners, indicating dynamics of containment, coercion and resistance of the groups in the urban space. In the research, it can be recognized the dispersion of the casas de santo from the central area to the periphery, following the direction of the expansion of the metropolis, since part of the strategies of resistance of the persecuted social groups was the attempt to become invisible in the eyes of police institutions.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O trabalho proposto neste resumo foi concebido originalmente como dissertação de mestrado e visa ... more O trabalho proposto neste resumo foi concebido originalmente como dissertação de mestrado e visa debater a importância das relações raciais para a produção do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro no século XIX. A partir da tridimensionalidade do espaço social proposta por Henri Lefebvre (2013) – percebido, vivido e concebido – investigamos os processos espaciais responsáveis por mascarar as relações raciais na produção do espaço urbano desta cidade. Compreendemos que o racismo é uma “intenção, uma ordem sobre o espaço” (FERNANDES da SILVA, 2017), um mecanismo entranhado na sociedade brasileira que, ao longo da sua formação socioespacial, produziu um arranjo racista que poderia ser observado na paisagem, seja através do extermínio dos grupos racializados ou pela sua invisibilização. Entretanto, a importância de utilizar a produção social do espaço como referência teórica é estudar, para além das formas espaciais que nos apresentam a desigualdade
racializada de apropriação da cidade, os diversos “processos que constituem e constroem as formas percebidas na paisagem” (Idem). Lefebvre (2013) aponta que os enfrentamentos sociais de diferentes
sujeitos não produzem uma cidade complexa apenas no espaço do presente, mas que o conhecimento da produção do espaço teria um alcance tanto retrospectivo quanto prospectivo, permitindo conhecer
melhor como as sociedades geram seus espaços e seus tempos, ou seja, seus espaços de representação e suas representações do espaço. Dialogando com Abreu (2000), Vasconcelos (1999) e Werner (2012), as categorias de análise do espaço social podem viajar no tempo para compreender as “geografias do passado”.
Neste trabalho estudamos o branqueamento da cidade do Rio de Janeiro ao longo do século XIX e início do XX a partir do método sincrônico-diacrônico. No início do século XIX a cidade é retratada pelos
viajantes estrangeiros como majoritariamente negra: uma população numericamente expressiva e bastante representada, seja através do trabalho, da circulação pela cidade, ou das festividades.
Utilizaremos também corte sincrônico para reapresentar esta mesma cidade a partir de lugares retratados anteriormente após a Reforma Passos, sob o olhar de Augusto Malta. As representações do
espaço da primeira década do XX possuem elementos da paisagem europeia (jardins, boulevares, arquitetura neoclássica), população branca e bem vestida na área central, ambientes de lazer, e o que
mais contrasta com as representações do século anterior: a ausência da população negra. Para compreender os processos que reconfiguraram a cidade recorremos às práticas espaciais que restringiam o acesso e permanência da população negra à área central – o controle da circulação dos “suspeitos”, as interdições ao espaço e perseguições a práticas negras – e aos espaços de representação, práticas de resistência à ordem senhorial – manifestações culturais, fugas e enfrentamentos diários que a população negra encontrou como saída para recriação de novas formas
de viver na cidade.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O presente trabalho pretende pensar a circulação diferenciada dos grupos racializados no espaço u... more O presente trabalho pretende pensar a circulação diferenciada dos grupos racializados no espaço urbano, tendo como referência a cidade do Rio de Janeiro. Para tanto, tecerá pretende redirecionar o olhar sobre os conceitos de segregação sócio-espacial de base racial – buscando compreender os processos que instituíram espaços apartados entre negros e brancos na cidade –, assim como as críticas a esta concepção, compreendendo que estes processos não “congelam” os indivíduos em guetos, mas regulam sua circulação pela cidade. Por fim, proporá uma análise dos processos de produção e reprodução de práticas espaciais racistas à luz da teoria de produção social do espaço, de Henri Lefebvre (2013[1974]).
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo: As relações raciais são heranças do nosso passado escravocrata e colonial, e um elemento ... more Resumo: As relações raciais são heranças do nosso passado escravocrata e colonial, e um elemento organizador das relações sociais; dessa forma, é preciso pensar os processos de produção (e reprodução) do espaço também na perspectiva da raça. A segregação urbana é um indicador da produção desigual do espaço – os corpos (de múltiplas tonalidades) cumprem trajetórias diferenciadas no espaço, e isso não é coincidência. Neste sentido, pretendemos aqui fazer uma análise sobre um dos processos de produção desigual do espaço na perspectiva das relações raciais sob a lógica interseccional, no sentido de compreender o ordenamento territorial. Buscamos entender o papel do planejamento urbano na produção e reprodução de práticas espaciais racistas, e também para refletir sobre a semiografia das cores na cidade do Rio de Janeiro. Abstract: Race relations are heritages of our slaver and colonial past, and an organizing mechanism of social relations; in this way, it is necessary to think the processes of production (and reproduction) of space also in race perspective. Urban segregation is an indicator of unequal production of space – bodies (from different colors) circulate differently at space, and that is not coincidence. In this way, we intent here make an analysis of the production of space's processes under race relations perspective to understand territorial ordering. We seek to understand the role of urban planning in the production and reproduction of racist spatial practices.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by Paula Fernandes da Silva
Revista Educação Geográfica em Foco, Oct 26, 2021
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Anais do Uso Público em Unidades de Conservação, 2015
Unidades de Conservação são áreas delimitadas que têm como objetivo, entre outros aspectos, a pro... more Unidades de Conservação são áreas delimitadas que têm como objetivo, entre outros aspectos, a proteção da biodiversidade, dos recursos naturais ou de determinadas feições singulares, como é o caso da proposta de criação do Monumento Natural do Rio Samburá. Estudos recentes apontam que na bacia hidrográfica deste rio está contida a “nascente geográfica” do Rio São Francisco. A criação de unidades de conservação é fruto de esforços coletivos e discussões no interior da comunidade local, muita das vezes refletindo os interesses políticos de poder de determinada região, que influencia a expansão, redução ou até mesmo mudança na categoria de uma unidade de conservação, em questão. O presente artigo pretende discorrer sobre aspectos da história ambiental do Parque Nacional Serra da Canastra e os interesses que cercam a criação do Monumento Natural para a recém-descoberta nascente do Rio São Francisco. Entre eles, os possíveis motivos para a escolha deste tipo de unidade de conservação ao ...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Thesis Chapters by Paula Fernandes da Silva
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Geografia (POSGEO) da Universidade Federa... more Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Geografia (POSGEO) da Universidade Federal Fluminense como requisito final para obtenção do título de Mestra em Geografia.
A presente dissertação trata a questão racial como fio condutor para refletir sobre a produção do espaço urbano na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo central foi investigar, através de revisão bibliográfica, iconográfica e dados demográficos, a importância das relações raciais para as transformações urbanas implementadas na virada do século XIX para o XX criando um novo espaço social, o Rio de Janeiro da modernidade. Para isto o trabalho analisou a iconografia da primeira metade do século XIX, identificando qual paisagem urbana foi difundida pelos pintores europeus do período; delimitou as freguesias urbanas a partir de mapas históricos, identificando os marcos territoriais de antes e depois das intervenções urbanísticas; e espacializou os dados dos Censos de 1872 e 1890 por freguesia para compreender a densidade demográfica e composição racial da cidade. Através da interpretação desses dados, analisou-se a bibliografia da escravidão urbana para reconhecer tanto as práticas espaciais e a dinâmica do trabalho (racializado) na cidade, como as práticas de resistência à ordem escravocrata, e também as interdições espaciais promovidas para o controle da população negra – fosse ela escravizada ou não. Por fim, esta pesquisa comparou o cenário inicial com o quadro final das reformas que alteraram a cidade no início do XX: a partir de mapas e fotografias pode-se perceber a profunda transformação na paisagem da cidade e o apagamento da presença negra nos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Conference Presentations by Paula Fernandes da Silva
racializada de apropriação da cidade, os diversos “processos que constituem e constroem as formas percebidas na paisagem” (Idem). Lefebvre (2013) aponta que os enfrentamentos sociais de diferentes
sujeitos não produzem uma cidade complexa apenas no espaço do presente, mas que o conhecimento da produção do espaço teria um alcance tanto retrospectivo quanto prospectivo, permitindo conhecer
melhor como as sociedades geram seus espaços e seus tempos, ou seja, seus espaços de representação e suas representações do espaço. Dialogando com Abreu (2000), Vasconcelos (1999) e Werner (2012), as categorias de análise do espaço social podem viajar no tempo para compreender as “geografias do passado”.
Neste trabalho estudamos o branqueamento da cidade do Rio de Janeiro ao longo do século XIX e início do XX a partir do método sincrônico-diacrônico. No início do século XIX a cidade é retratada pelos
viajantes estrangeiros como majoritariamente negra: uma população numericamente expressiva e bastante representada, seja através do trabalho, da circulação pela cidade, ou das festividades.
Utilizaremos também corte sincrônico para reapresentar esta mesma cidade a partir de lugares retratados anteriormente após a Reforma Passos, sob o olhar de Augusto Malta. As representações do
espaço da primeira década do XX possuem elementos da paisagem europeia (jardins, boulevares, arquitetura neoclássica), população branca e bem vestida na área central, ambientes de lazer, e o que
mais contrasta com as representações do século anterior: a ausência da população negra. Para compreender os processos que reconfiguraram a cidade recorremos às práticas espaciais que restringiam o acesso e permanência da população negra à área central – o controle da circulação dos “suspeitos”, as interdições ao espaço e perseguições a práticas negras – e aos espaços de representação, práticas de resistência à ordem senhorial – manifestações culturais, fugas e enfrentamentos diários que a população negra encontrou como saída para recriação de novas formas
de viver na cidade.
Papers by Paula Fernandes da Silva
Thesis Chapters by Paula Fernandes da Silva
A presente dissertação trata a questão racial como fio condutor para refletir sobre a produção do espaço urbano na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo central foi investigar, através de revisão bibliográfica, iconográfica e dados demográficos, a importância das relações raciais para as transformações urbanas implementadas na virada do século XIX para o XX criando um novo espaço social, o Rio de Janeiro da modernidade. Para isto o trabalho analisou a iconografia da primeira metade do século XIX, identificando qual paisagem urbana foi difundida pelos pintores europeus do período; delimitou as freguesias urbanas a partir de mapas históricos, identificando os marcos territoriais de antes e depois das intervenções urbanísticas; e espacializou os dados dos Censos de 1872 e 1890 por freguesia para compreender a densidade demográfica e composição racial da cidade. Através da interpretação desses dados, analisou-se a bibliografia da escravidão urbana para reconhecer tanto as práticas espaciais e a dinâmica do trabalho (racializado) na cidade, como as práticas de resistência à ordem escravocrata, e também as interdições espaciais promovidas para o controle da população negra – fosse ela escravizada ou não. Por fim, esta pesquisa comparou o cenário inicial com o quadro final das reformas que alteraram a cidade no início do XX: a partir de mapas e fotografias pode-se perceber a profunda transformação na paisagem da cidade e o apagamento da presença negra nos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.
racializada de apropriação da cidade, os diversos “processos que constituem e constroem as formas percebidas na paisagem” (Idem). Lefebvre (2013) aponta que os enfrentamentos sociais de diferentes
sujeitos não produzem uma cidade complexa apenas no espaço do presente, mas que o conhecimento da produção do espaço teria um alcance tanto retrospectivo quanto prospectivo, permitindo conhecer
melhor como as sociedades geram seus espaços e seus tempos, ou seja, seus espaços de representação e suas representações do espaço. Dialogando com Abreu (2000), Vasconcelos (1999) e Werner (2012), as categorias de análise do espaço social podem viajar no tempo para compreender as “geografias do passado”.
Neste trabalho estudamos o branqueamento da cidade do Rio de Janeiro ao longo do século XIX e início do XX a partir do método sincrônico-diacrônico. No início do século XIX a cidade é retratada pelos
viajantes estrangeiros como majoritariamente negra: uma população numericamente expressiva e bastante representada, seja através do trabalho, da circulação pela cidade, ou das festividades.
Utilizaremos também corte sincrônico para reapresentar esta mesma cidade a partir de lugares retratados anteriormente após a Reforma Passos, sob o olhar de Augusto Malta. As representações do
espaço da primeira década do XX possuem elementos da paisagem europeia (jardins, boulevares, arquitetura neoclássica), população branca e bem vestida na área central, ambientes de lazer, e o que
mais contrasta com as representações do século anterior: a ausência da população negra. Para compreender os processos que reconfiguraram a cidade recorremos às práticas espaciais que restringiam o acesso e permanência da população negra à área central – o controle da circulação dos “suspeitos”, as interdições ao espaço e perseguições a práticas negras – e aos espaços de representação, práticas de resistência à ordem senhorial – manifestações culturais, fugas e enfrentamentos diários que a população negra encontrou como saída para recriação de novas formas
de viver na cidade.
A presente dissertação trata a questão racial como fio condutor para refletir sobre a produção do espaço urbano na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo central foi investigar, através de revisão bibliográfica, iconográfica e dados demográficos, a importância das relações raciais para as transformações urbanas implementadas na virada do século XIX para o XX criando um novo espaço social, o Rio de Janeiro da modernidade. Para isto o trabalho analisou a iconografia da primeira metade do século XIX, identificando qual paisagem urbana foi difundida pelos pintores europeus do período; delimitou as freguesias urbanas a partir de mapas históricos, identificando os marcos territoriais de antes e depois das intervenções urbanísticas; e espacializou os dados dos Censos de 1872 e 1890 por freguesia para compreender a densidade demográfica e composição racial da cidade. Através da interpretação desses dados, analisou-se a bibliografia da escravidão urbana para reconhecer tanto as práticas espaciais e a dinâmica do trabalho (racializado) na cidade, como as práticas de resistência à ordem escravocrata, e também as interdições espaciais promovidas para o controle da população negra – fosse ela escravizada ou não. Por fim, esta pesquisa comparou o cenário inicial com o quadro final das reformas que alteraram a cidade no início do XX: a partir de mapas e fotografias pode-se perceber a profunda transformação na paisagem da cidade e o apagamento da presença negra nos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.