Books by Tatyana de Alencar Jacques
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Social da Universidade Federal de San... more Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Social da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do
Grau de Doutor em Antropologia Social. Orientador: Prof. Dr. Rafael José de Menezes Bastos.
Esta é uma etnografia de Descobrimento do Brasil (1937), de
Humberto Mauro, um filme em preto e branco, de uma hora de duração,
com poucos diálogos e percorrido de seu início ao fim por música de
Villa-Lobos. Organiza-se a partir de dois principais eixos de
investigação, quais sejam as técnicas de reprodução constituintes do
cinema e o som, sobretudo a música, do filme. Descobrimento do Brasil
passou por uma série de intervenções e restaurações, que garantiram sua
preservação, mas que também, em alguns contextos, implicaram em
dúvidas que põem em questão a legitimidade do filme que conhecemos
hoje. Partindo dessas questões, a tese aborda as técnicas de reprodução
que fundam a produção cinematográfica. Essas técnicas são tratadas
como próprias ao mundo moderno, caracterizado pela falência da
representação, ligada à perda da identidade e pelo advento do simulacro
– repetição já incidindo sobre repetição, diferença sobre diferença.
Articulando uma Antropologia da Técnica, busca-se produzir dados a
partir da investigação dos processos de elaboração de som e música e de
sua relação com a imagem em movimento. Para discutir hipóteses sobre
possíveis intervenções sofridas pela trilha musical do filme e propor
uma interpretação acerca das estratégias narrativas adotadas por Mauro,
elabora-se um quadro de decupagem analítica, por meio do qual se
busca constituir a partitura do filme. A tese também trata das quatro
suítes de Villa-Lobos, igualmente intituladas Descobrimento do Brasil,
que, supostamente, foram compostas para o filme. Descobrimento do
Brasil é ainda abordado enquanto versão do mito da Descoberta do
Brasil emergida em uma conjuntura particular, qual seja a Era Vargas,
relacionando-se às trajetórias de seus criadores e às formas específicas
com que eles respondem às possibilidades e políticas da época. Busca-se
tratar dessas questões por meio das revisões biográficas de Humberto
Mauro e de Villa-Lobos, também enfatizando como o filme é mediado
por relações de poder constituintes do tempo. Assim, para descrever sua
trajetória e seus ciclos de esquecimento e retomada, é desenvolvida uma
discussão sobre concepções de tempo, tendo a oposição entre as
compreensões do tempo como um ciclo, reversível, e como uma flecha,
irreversível, como eixo de análise. Busca-se, com isso, demonstrar o
caráter dinâmico do filme, que não apenas atravessa o tempo, mas o
constitui de forma particular, nem cíclica, nem linear, mas espiral.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Univer... more Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Rafael José de Menezes Bastos.
Esta é uma etnografia do universo do rock alternativo e das bandas independentes de Florianópolis (SC). Tem como foco as concepções musicais e discursos sobre música. Analiso o trabalho de 14 bandas, observando como estas se apropriam do rock e constituem estilos particulares a partir de um gênero de circulação global. Também analiso as relações destas bandas com a indústria fonográfica e o papel da tecnologia como constituinte do fazer musical. Trato o rock como um gênero musical vinculado a um conceito de arte e a uma estética específicos, ligados a um universo hedonista. O compartilhamento desta estética, assim como de uma ética, leva à configuração do que chamo de comunidade rock.
Expressões- chave: rock independente, indústria fonográfica, concepções musicais.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by Tatyana de Alencar Jacques
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo: Esse artigo aborda a relação entre as Suítes do Descobrimento do Brasil, de Villa-Lobos, ... more Resumo: Esse artigo aborda a relação entre as Suítes do Descobrimento do Brasil, de Villa-Lobos, que recebem o ano de 1937 como data de sua composição, e a música do filme de Humberto Mauro de mesmo nome, que estréia nos cinemas em dezembro de 1937. Fundamentada na pesquisa em arquivos e na comparação da descrição deixada por Villa-Lobos e das partituras das Suítes, a hipótese aqui defendida é de que, ao contrário da informação compartilhada no meio acadêmico, as suítes não foram compostas para o filme, mas fruto de um longo processo de retomada e reelaboração de temas e ideias. Palavras-chave: Villa-Lobos. Suítes do Descobrimento do Brasil. Pesquisa em arquivos. Música para cinema. Análise musical.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo Esse texto é um convite à reflexão acerca da constituição da História da Música Brasileira... more Resumo Esse texto é um convite à reflexão acerca da constituição da História da Música Brasileira. Seu intuito é trazer à pauta a questão de que a escrita da história, incluindo aquela da música brasileira, consiste em um exercício de poder, normativo acerca das manifestações que serão consideradas legítimas. Assim, a proposta é a abordagem das narrativas aqui identificadas como Historiografia Clássica da Música Brasileira. Essas são narrativas de caráter global e panorâmico, que emergem, principalmente, a partir da década de 1940, fortemente delineadas pelo valores articulados pelo Modernismo, sobretudo, pelo intuito de confecção de uma arte e uma música nacional, pensada enquanto apropriação da música popular pelo grande compositor erudito. Assim, busco apontar como a historiografia da música brasileira é marcada por um ideal de síntese cultural profundamente eurocentrico, que também caracteriza uma série de grandes interpretações sobre o Brasil emergentes a partir, sobretudo, da década de 1930. O objetivo é evidenciar como a Historiografia Clássica da Música Brasileira se caracteriza não apenas pelo intuito de constituição da história e da linhagem que no campo artístico e intelectual define-se como Grande Música Ocidental, mas pela própria demarcação do que será percebido e tratado por música brasileira. Palavras-chaves: historiografia, história da música brasileira, constituição da música nacional.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Esse é um ensaio de caráter teórico, que discute a constituição de uma Antropologia da Música def... more Esse é um ensaio de caráter teórico, que discute a constituição de uma Antropologia da Música definida não por um objeto de pesquisa específico, mas por sua forma particular de produzir conhecimento. O objetivo é refletir sobre o que pode ser considerado trabalho de campo. Com isso, busco mostrar que o campo não consiste num tipo de lugar específico, mas que é o “olhar” articulado com toda a teoria da disciplina que constitui determinado fenômeno como campo.
Iniciarei meu texto traçando um histórico das principais questões que marcam a constituição da Antropologia da Música. Em seguida, abordarei a relação entre a análise de partituras e a Antropologia. Nessa parte, tratarei especificamente dos trabalhos de Menezes Bastos (1989,
1999) sobre a música Kamayurá e também abordarei brevemente algumas questões com as quais venho me deparando em minha pesquisa de doutorado, que tem por assunto a obra sinfônica Descobrimento do Brasil (1937) de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Partindo das questões suscitadas pela crítica da autoridade etnográfica e pela crise da representação, que marcam a Antropologia a partir da década de 1980, busco refletir sobre os limites, recursos e artifícios do
emprego de determinadas metáforas e categorias para apreender o fenômeno que percebemos como música. Com isso, a pesquisa contribui para a reflexão sobre a produção de conhecimento
a partir da articulação do conceito de música.
Palavras-chave: Antropologia da Música; trabalho de campo; análise musical.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Trato nesse ensaio de como a separação entre o mundo da natureza e o da cultura vem sendo abordad... more Trato nesse ensaio de como a separação entre o mundo da natureza e o da cultura vem sendo abordada pela Antropologia, sendo, ao mesmo tempo constituinte de sua forma de apreender o mundo. A principal ideia defendida é de que a dissolução da dicotomia natureza/cultura pode contribuir para a elaboração de uma abordagem antropológica mais reflexiva, mas ao mesmo tempo, deve ser tratada com cautela, pois pode gerar ambiguidades e paradoxos. Nesse sentido, pretendo evidenciar principalmente que a afirmação de que a natureza é socialmente constituída é tão social quanto a afirmação de que a natureza é objetiva e independente de nós. Inicialmente, buscarei contextualizar a discussão sobre a arbitrariedade da separação entre os domínios da natureza e da cultura dentro da dinâmica entre visões
intelectualistas e empiristas que fundamenta a matriz disciplinar antropológica. Em seguida, abordarei como alguns autores vêm demonstrando a arbitrariedade da dicotomia em questão. Também discutirei a questão no que concerne à abordagem antropológica da arte e a diferenciação entre os domínios do mito e do ritual, estrutura e performance. Por fim, tratarei de como a problematização da dicotomia natureza e cultura implica em reformulações da teoria e da metodologia antropológica.
Palavras chaves: teoria antropológica; natureza e cultura; intelectualistas e empiristas.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo Este trabalho trata do rock no Brasil e da lógica de agrupamento social em torno desse gên... more Resumo Este trabalho trata do rock no Brasil e da lógica de agrupamento social em torno desse gênero musical, que tem como eixo principal o compartilhamento de uma ética e de uma estética específicas. Busco ressaltar as tensões entre os valores e visões de mundo ligadas ao rock e o intuito de construção de uma identidade nacional. Para isso, faço um pequeno histórico do rock no Brasil, buscando evidenciar como a tensão em torno da identidade nacional é constitutiva do gênero no país. Em seguida, a noção de identidade é problematizada e contraposta à constituição do que chamo de " comunidade rock " , um agrupamento instável e em fluxo que segue uma lógica relacional de identificação. A instabilidade observada na comunidade rock, também está ligada à fluidez dos gêneros musicais, tratados como redes globais que são localmente apropriadas e transformadas em emblemas identitários. O rock é percebido como um gênero que circula entre diversas culturas, sendo constantemente recriado e ressignificado. Essa ressignificação, no entanto, é condicionada por características musicais, articuladas de forma a expressar visões de mundo. A relação entre visões de mundo e características musicais aponta para a ligação entre ética e estética. O estilo é, então, tratado como uma forma de discurso. Com isso, a originalidade dos grupos de rock torna-se um valor central, pois a própria música, e não um discurso verbal, traz em sua forma a visão de mundo que serve de cimento para o agrupamento social. Os grupos de rock devem criar o território simbólico que constituirá a comunidade. Tendo isso em vista, busco abordar a relação entre forma e conteúdo no que concerne as categorias musicais próprias ao rock, tratando das categorias ruído e peso. Essas categorias apontam para o desejo de ruptura com uma ordem racionalizada, seja musical ou social. Com a ênfase no prazer de tocar e na criatividade em detrimento da técnica, o rock questiona a estética da tradição musical moderna. A rejeição da música racionalizada é também a rejeição do comportamento racionalmente orientado. É devido ao abandono de um discurso marcado pelo racionalismo e pela lógica da dominação que articulo a idéia de transfiguração do político para tratar do gênero musical rock. A partir do potencial da música em expressar visões de mundo, proponho, finalmente, que ela seja percebida como uma espécie de metáfora do social.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Résumé : Cet article développe la problématique des relations entre le rock et l’identité nationa... more Résumé : Cet article développe la problématique des relations entre le rock et l’identité nationale brésilienne. Il résume l’arrivée du rock au Brésil et l’émergence de sous-genres du rock brésilien. Il a pour but de déconstruire l’idée d’identité nationale et de voir comment le rock est lié à des formations sociales qui n’ont rien à voir avec les frontières délimitées par les États et qui suivent une autre logique de regroupement. L’objectif est également d’approcher les valeurs particulières mises en jeu dans la création musicale et la liaison du
rock avec une esthétique du sensible et du quotidien. Pour finir, nous développons l’idée de la musique en tant que forme d’articulation d’un discours non verbal qui indique la transfiguration du politique.
Mots clés : rock au Brésil, forme musicale, vision du monde, transfiguration du politique.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Neste artigo, trato da dinâmica entre a formação de redes globais de troca de informações configu... more Neste artigo, trato da dinâmica entre a formação de redes globais de troca de informações configuradas a partir do gênero musical rock e das significações específicas que estas redes recebem na cidade de Florianópolis (SC). Busco mapear a comunidade rock de Florianópolis a partir da idéia de neotribalismo de Maffesoli (2000 e 2005) e de uma noção particular de arte. Descrevo o trabalho de algumas bandas desta cidade, observando como elas configuram seus estilos particulares a
partir da apropriação e da ressignificação de diferentes subgêneros de rock.
Palavras-chaves: rock independente, gêneros musicais, ressignificação,
neotribalismo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
RESUMO: Partindo de uma etnografia do rock independente da cidade de Florianópolis, SC, este arti... more RESUMO: Partindo de uma etnografia do rock independente da cidade de Florianópolis, SC, este artigo trata das concepções artísticas e visões de mundo dos músicos que integram este universo, tendo como foco a constituição dos estilos de suas bandas e seu processo de composição musical. A elaboração destes estilos age no sentido de configurar um território simbólico demarcado por uma percepção de mundo hedonista, que se opõe à racionalização da sociedade moderna e que é expressa não por um discurso verbal articulado, mas por uma forma específica de
criar música.
PALAVRAS-CHAVE: Rock independente; concepções musicais; estilo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
RESUMO: Partindo de uma etnografia do rock independente da cidade de Florianópolis (SC), este art... more RESUMO: Partindo de uma etnografia do rock independente da cidade de Florianópolis (SC), este artigo trata das concepções artísticas e das relações com a indústria fonográfica e com o mundo do trabalho dos músicos que constituem esse universo. Emerge dessas relações uma dicotomia entre o “puro” e o “impuro”, em que a “pureza” aponta para a inventividade, a espontaneidade e a autenticidade do músico, valores centrais no rock, enquanto a “impureza” refere-se às restrições que as necessidades financeiras imprimem à sua liberdade criativa e à impregnação da música pela comercialização. Relaciono a elaboração dessa dicotomia às análises adornianas sobre indústria cultural. Em seguida, apresentando algumas visões críticas quanto a essas análises, busco perceber a relação do rock com a tecnologia da indústria
fonográfica como algo constituinte do gênero.
PALAVRAS-CHAVE: rock independente, concepções musicais, indústria
fonográfica, tecnologia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Books by Tatyana de Alencar Jacques
Social da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do
Grau de Doutor em Antropologia Social. Orientador: Prof. Dr. Rafael José de Menezes Bastos.
Esta é uma etnografia de Descobrimento do Brasil (1937), de
Humberto Mauro, um filme em preto e branco, de uma hora de duração,
com poucos diálogos e percorrido de seu início ao fim por música de
Villa-Lobos. Organiza-se a partir de dois principais eixos de
investigação, quais sejam as técnicas de reprodução constituintes do
cinema e o som, sobretudo a música, do filme. Descobrimento do Brasil
passou por uma série de intervenções e restaurações, que garantiram sua
preservação, mas que também, em alguns contextos, implicaram em
dúvidas que põem em questão a legitimidade do filme que conhecemos
hoje. Partindo dessas questões, a tese aborda as técnicas de reprodução
que fundam a produção cinematográfica. Essas técnicas são tratadas
como próprias ao mundo moderno, caracterizado pela falência da
representação, ligada à perda da identidade e pelo advento do simulacro
– repetição já incidindo sobre repetição, diferença sobre diferença.
Articulando uma Antropologia da Técnica, busca-se produzir dados a
partir da investigação dos processos de elaboração de som e música e de
sua relação com a imagem em movimento. Para discutir hipóteses sobre
possíveis intervenções sofridas pela trilha musical do filme e propor
uma interpretação acerca das estratégias narrativas adotadas por Mauro,
elabora-se um quadro de decupagem analítica, por meio do qual se
busca constituir a partitura do filme. A tese também trata das quatro
suítes de Villa-Lobos, igualmente intituladas Descobrimento do Brasil,
que, supostamente, foram compostas para o filme. Descobrimento do
Brasil é ainda abordado enquanto versão do mito da Descoberta do
Brasil emergida em uma conjuntura particular, qual seja a Era Vargas,
relacionando-se às trajetórias de seus criadores e às formas específicas
com que eles respondem às possibilidades e políticas da época. Busca-se
tratar dessas questões por meio das revisões biográficas de Humberto
Mauro e de Villa-Lobos, também enfatizando como o filme é mediado
por relações de poder constituintes do tempo. Assim, para descrever sua
trajetória e seus ciclos de esquecimento e retomada, é desenvolvida uma
discussão sobre concepções de tempo, tendo a oposição entre as
compreensões do tempo como um ciclo, reversível, e como uma flecha,
irreversível, como eixo de análise. Busca-se, com isso, demonstrar o
caráter dinâmico do filme, que não apenas atravessa o tempo, mas o
constitui de forma particular, nem cíclica, nem linear, mas espiral.
Esta é uma etnografia do universo do rock alternativo e das bandas independentes de Florianópolis (SC). Tem como foco as concepções musicais e discursos sobre música. Analiso o trabalho de 14 bandas, observando como estas se apropriam do rock e constituem estilos particulares a partir de um gênero de circulação global. Também analiso as relações destas bandas com a indústria fonográfica e o papel da tecnologia como constituinte do fazer musical. Trato o rock como um gênero musical vinculado a um conceito de arte e a uma estética específicos, ligados a um universo hedonista. O compartilhamento desta estética, assim como de uma ética, leva à configuração do que chamo de comunidade rock.
Expressões- chave: rock independente, indústria fonográfica, concepções musicais.
Papers by Tatyana de Alencar Jacques
Iniciarei meu texto traçando um histórico das principais questões que marcam a constituição da Antropologia da Música. Em seguida, abordarei a relação entre a análise de partituras e a Antropologia. Nessa parte, tratarei especificamente dos trabalhos de Menezes Bastos (1989,
1999) sobre a música Kamayurá e também abordarei brevemente algumas questões com as quais venho me deparando em minha pesquisa de doutorado, que tem por assunto a obra sinfônica Descobrimento do Brasil (1937) de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Partindo das questões suscitadas pela crítica da autoridade etnográfica e pela crise da representação, que marcam a Antropologia a partir da década de 1980, busco refletir sobre os limites, recursos e artifícios do
emprego de determinadas metáforas e categorias para apreender o fenômeno que percebemos como música. Com isso, a pesquisa contribui para a reflexão sobre a produção de conhecimento
a partir da articulação do conceito de música.
Palavras-chave: Antropologia da Música; trabalho de campo; análise musical.
intelectualistas e empiristas que fundamenta a matriz disciplinar antropológica. Em seguida, abordarei como alguns autores vêm demonstrando a arbitrariedade da dicotomia em questão. Também discutirei a questão no que concerne à abordagem antropológica da arte e a diferenciação entre os domínios do mito e do ritual, estrutura e performance. Por fim, tratarei de como a problematização da dicotomia natureza e cultura implica em reformulações da teoria e da metodologia antropológica.
Palavras chaves: teoria antropológica; natureza e cultura; intelectualistas e empiristas.
rock avec une esthétique du sensible et du quotidien. Pour finir, nous développons l’idée de la musique en tant que forme d’articulation d’un discours non verbal qui indique la transfiguration du politique.
Mots clés : rock au Brésil, forme musicale, vision du monde, transfiguration du politique.
partir da apropriação e da ressignificação de diferentes subgêneros de rock.
Palavras-chaves: rock independente, gêneros musicais, ressignificação,
neotribalismo.
criar música.
PALAVRAS-CHAVE: Rock independente; concepções musicais; estilo.
fonográfica como algo constituinte do gênero.
PALAVRAS-CHAVE: rock independente, concepções musicais, indústria
fonográfica, tecnologia.
Social da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do
Grau de Doutor em Antropologia Social. Orientador: Prof. Dr. Rafael José de Menezes Bastos.
Esta é uma etnografia de Descobrimento do Brasil (1937), de
Humberto Mauro, um filme em preto e branco, de uma hora de duração,
com poucos diálogos e percorrido de seu início ao fim por música de
Villa-Lobos. Organiza-se a partir de dois principais eixos de
investigação, quais sejam as técnicas de reprodução constituintes do
cinema e o som, sobretudo a música, do filme. Descobrimento do Brasil
passou por uma série de intervenções e restaurações, que garantiram sua
preservação, mas que também, em alguns contextos, implicaram em
dúvidas que põem em questão a legitimidade do filme que conhecemos
hoje. Partindo dessas questões, a tese aborda as técnicas de reprodução
que fundam a produção cinematográfica. Essas técnicas são tratadas
como próprias ao mundo moderno, caracterizado pela falência da
representação, ligada à perda da identidade e pelo advento do simulacro
– repetição já incidindo sobre repetição, diferença sobre diferença.
Articulando uma Antropologia da Técnica, busca-se produzir dados a
partir da investigação dos processos de elaboração de som e música e de
sua relação com a imagem em movimento. Para discutir hipóteses sobre
possíveis intervenções sofridas pela trilha musical do filme e propor
uma interpretação acerca das estratégias narrativas adotadas por Mauro,
elabora-se um quadro de decupagem analítica, por meio do qual se
busca constituir a partitura do filme. A tese também trata das quatro
suítes de Villa-Lobos, igualmente intituladas Descobrimento do Brasil,
que, supostamente, foram compostas para o filme. Descobrimento do
Brasil é ainda abordado enquanto versão do mito da Descoberta do
Brasil emergida em uma conjuntura particular, qual seja a Era Vargas,
relacionando-se às trajetórias de seus criadores e às formas específicas
com que eles respondem às possibilidades e políticas da época. Busca-se
tratar dessas questões por meio das revisões biográficas de Humberto
Mauro e de Villa-Lobos, também enfatizando como o filme é mediado
por relações de poder constituintes do tempo. Assim, para descrever sua
trajetória e seus ciclos de esquecimento e retomada, é desenvolvida uma
discussão sobre concepções de tempo, tendo a oposição entre as
compreensões do tempo como um ciclo, reversível, e como uma flecha,
irreversível, como eixo de análise. Busca-se, com isso, demonstrar o
caráter dinâmico do filme, que não apenas atravessa o tempo, mas o
constitui de forma particular, nem cíclica, nem linear, mas espiral.
Esta é uma etnografia do universo do rock alternativo e das bandas independentes de Florianópolis (SC). Tem como foco as concepções musicais e discursos sobre música. Analiso o trabalho de 14 bandas, observando como estas se apropriam do rock e constituem estilos particulares a partir de um gênero de circulação global. Também analiso as relações destas bandas com a indústria fonográfica e o papel da tecnologia como constituinte do fazer musical. Trato o rock como um gênero musical vinculado a um conceito de arte e a uma estética específicos, ligados a um universo hedonista. O compartilhamento desta estética, assim como de uma ética, leva à configuração do que chamo de comunidade rock.
Expressões- chave: rock independente, indústria fonográfica, concepções musicais.
Iniciarei meu texto traçando um histórico das principais questões que marcam a constituição da Antropologia da Música. Em seguida, abordarei a relação entre a análise de partituras e a Antropologia. Nessa parte, tratarei especificamente dos trabalhos de Menezes Bastos (1989,
1999) sobre a música Kamayurá e também abordarei brevemente algumas questões com as quais venho me deparando em minha pesquisa de doutorado, que tem por assunto a obra sinfônica Descobrimento do Brasil (1937) de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Partindo das questões suscitadas pela crítica da autoridade etnográfica e pela crise da representação, que marcam a Antropologia a partir da década de 1980, busco refletir sobre os limites, recursos e artifícios do
emprego de determinadas metáforas e categorias para apreender o fenômeno que percebemos como música. Com isso, a pesquisa contribui para a reflexão sobre a produção de conhecimento
a partir da articulação do conceito de música.
Palavras-chave: Antropologia da Música; trabalho de campo; análise musical.
intelectualistas e empiristas que fundamenta a matriz disciplinar antropológica. Em seguida, abordarei como alguns autores vêm demonstrando a arbitrariedade da dicotomia em questão. Também discutirei a questão no que concerne à abordagem antropológica da arte e a diferenciação entre os domínios do mito e do ritual, estrutura e performance. Por fim, tratarei de como a problematização da dicotomia natureza e cultura implica em reformulações da teoria e da metodologia antropológica.
Palavras chaves: teoria antropológica; natureza e cultura; intelectualistas e empiristas.
rock avec une esthétique du sensible et du quotidien. Pour finir, nous développons l’idée de la musique en tant que forme d’articulation d’un discours non verbal qui indique la transfiguration du politique.
Mots clés : rock au Brésil, forme musicale, vision du monde, transfiguration du politique.
partir da apropriação e da ressignificação de diferentes subgêneros de rock.
Palavras-chaves: rock independente, gêneros musicais, ressignificação,
neotribalismo.
criar música.
PALAVRAS-CHAVE: Rock independente; concepções musicais; estilo.
fonográfica como algo constituinte do gênero.
PALAVRAS-CHAVE: rock independente, concepções musicais, indústria
fonográfica, tecnologia.