Arquitecta Sílvia Leiria Viegas apresenta a sua tese de doutoramento sobre a capital angolana.
Luanda, Cidade (im)previsível vai ser debatida hoje às 17h30, em Lisboa, no auditório Adriano Moreira da sede da Sociedade de Geografia. Trata-se da tese de doutoramento da professora e arquitecta Sílvia Leiria Viegas, que estudou a situação habitacional da capital desde 2002, com foco nos musseques.
A conferência de hoje vai abordar também “a governação e transformação urbana e habitacional: paradigmas de intervenção e resistências no novo milénio”.
Segundo a investigadora, citada pela Lusa, o Plano Nacional de Urbanismo e Habitação quer construir novas casas para a população, mas não considera a classe mais carenciada, que é expulsa para longe do centro da cidade em função de novas construções.
“Tudo isto gera mais empobrecimento porque depois o governo não tem capacidade de implementar as suas próprias políticas e acaba por limpar terrenos e expulsar as pessoas que se encontram em zonas mais centrais para a periferia, a 40 quilómetros, o que corresponde a quatro horas de carro. As pessoas gastam assim grande parte do seu mísero ordenado nos transportes para chegar ao emprego”, afirmou.
Sílvia Leiria Viegas diz que as medidas tornam as pessoas mais pobres “em benefício dos interesses privados que querem construir em altura no centro da cidade”.
“São processos muito violentos e o governo não tem em conta as populações mais carenciadas. Em relação ao centro, o que se quer é um novo Dubai. É a ideia da verticalização. Muita coisa tem sido demolida porque associada à modernidade há a ideia de uma cidade vertical”.
Para a investigadora, esta questão tem a ver “não só com o direito à casa mas sobretudo com o direito à cidade e com tudo o que isso implica de benefício para as populações”.