Inocentes

Inocentes surgiu dos Restos de Nada e dos cadáveres dos condutores de outras duas bandas que eu acho que sem querer querendo acabei citando. Enfim, o baixista e cantor da Condutores e da ex-Restos Clemente, junto com outros dois ex-parceiros da Condutores e mais um baterista alugado, decidiram seguir com um novo projeto, chamado Inocentes porque era o que diziam o tempo todo que tomavam enquadro e porrada dos puliça pelo visual de imbecil que usavam em SP em plenos anos 1980. Tem uns que dizem que na verdade vinha de uma música de um dos precursores do punk, o inglês John Cooper Clarke, mas eles nem ouvir disco daqueles cantos se pá conseguiam.

No ano seguinte se juntaram a mais duas bandinhas, Cólera e Olho Seco, pra participarem de uma coletânea chamada "Grito Suburbano", que viraria a primeira bolacha gravada por bandinhas punks do Bostil, ainda que tendo de juntar três pra conseguir fazer um disco só (pague 3 leve 1, parece a Black Friday no Bostil!).

Depois viria um documentário chamado Garotos do Subúrbio do Fernando Meirelles, outro doc aí que eu esqueci o nome porque ninguém liga pra cineasta ruim ou desconhecido, e mais outro, O Começo do Fim do Mundo, um festival do caralho no SESC Pompéia que juntou tanta banda que parar pra ouvir tudo cê vai ficar é doidão.

Diferente de tantas bandinhas de punk que se recusavam a fazer parte do Verão de 1982, a Inocentes decidiu invadir a porra toda e se embandeou pro Circo Voador, o que deu uma notoriedade do caralho pra eles ao ponto de lançarem o LP Miséria e Fome. Quer dizer... QUASE lançarem. A censura vetou literalmente O DISCO TODO e aí tiveram de se autocensurarem em três músicas e lançarem só um EP com elas três. Essa merda, mais outras coisas, levou a banda a morgar em 1983, mas em 1984 o Clemente reiniciou a banda querendo ser os novos Ira!, só que versão punk rock hardcore/pós-punk.

Com a ajudinha do Branco Mello dos Titãs, os caras conseguiram de vez fazer a alegria do Dado Dollabella e se venderam pra Warner, lançando três disquinhos lá: Pânico em SP (quando o Ghostface tentou fazer uma chacina por lá), Adeus Carne (quando viraram veganos) e um troço lá chamado pelo nome da banda somente e que... era uma bagunça do caralho, até rap tinha no meio, além deles peladões na capa, parecendo que queriam ser os primeiros punks da história a posarem pra G Magazine (chupa Roger!).

A banda acabou metendo o pé da Warner depois dessa atrocidade sonora e desde então, dos anos 1990 pra cá, vive só de curtos momentos de fama momentânea só entre a turminha de coturnos, jaquetas e piercing na boca achando que alguém ainda se importa com porra de movimento punk. Ah é, tem o Dado Dollabella, esse se importa sim...